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- conceito
A Sociedade Internacional de Continência (ICS) define prolapso genital com o
descenço de uma ou mais de algumas estruturas: da parede vaginal anterior (bexiga e/ou
uretra) e/ou posterior (reto/intestino delgado), assim como do ápice da vagina (intestino
delgado, útero ou cúpula vaginal após histerectomia). Embora não seja condição que
ameaça a vida, traz grande impacto psicológico, social e financeiro.
- fatores de risco
Vários são os fatores de risco: parto normal (um parto normal aumenta 7 vezes o
risco), gestação em si (2-3 vezes maior risco, mesmo sem parto normal), macrossômico
(3 vezes), história familiar (2-3 vezes, talvez relacionada à qualidade do tecido conjuntivo
familiar). Outros fatores não são independentes, mas, interligados como a idade, parto à
fórceps, índice de massa corpórea, idade avançada, comprometimento neuromuscular,
fatores raciais (menor incidência na raça negra), menopausa e doenças do tecido
conectivo.
a. aparelho de suspensão
1. fáscias viscerais:
Anterior: ligamentos pubovesicouterinos
Lateral: ligamentos de Mackenrodt
Posterior: ligamentos uterossacros e fáscia retovaginal
2. assoalho pélvico
Diafragma pélvico: m. elevador do ânus (com seus 3 ramos: pubococcígeo,
puboretal e íliococcígeo)
3. diafragma urogenital
Profundo: m. transverso profundo do períneo
Superficial: m. transverso superficial do períneo
m. bulbocavernoso
m. isquiocavernoso
b. aparelho de sustentação
1. fáscia endopélvica: folhetos derivados da fáscia transversal da parede
abdominal. Um folheto reveste a parede pélvica (parietal) e se une às fáscias
musculares, e o outro (visceral) recobre a vagina e o reto.
2. ligamentos uteropélvico e pubouretral
A integridade destes ligamentos é fundamental na continência, pois posicionam
adequadamente a uretra proximal e o colo vesical, além da uretra média em
relação à pube.
- teoria integral
Várias teorias tenta explicar o funcionamento dinâmico da musculatura, fáscia e
ligamentos pélvicos, sua relação com a anatomia dos órgãos pélvicos e genitais e a
continência urinária.
A teoria integral de Petros e Ulmstem explica que a vagina tem ligamentos que a
mantêm suspensa comprimindo a uretra. Durante a micção, a vagina é tracionada para
baixo e para trás ao mesmo tempo em que abre a uretra e entram em ação os
mecanismos para promover a micção. Após isto, os músculos tracionam a parede vaginal
anteriormente contra a uretra, fechando-a. Desta forma, vagina, fáscias, ligamentos,
musculatura, inervação devem estar agindo em conjunto para propiciar a continência.
Nesta teoria, a ideia é da transmissão da pressão para a uretra, permitindo a continência.
Na teoria dinâmica, a alteração anatômica dinâmica das estruturas pélvicas
permite a continência urinária, contudo, a transmissão da pressão é feita para trás, ou
seja, para o sacro.
- classificação
Segundo a classificação da Sociedade Internacional de Continência (ICS):
O examinador deve identificar o ponto de maior distopia pedindo a
confirmação da paciente, com esforço (Valsalva), inclusive de pé ou por meio de tração do
ponto máximo de prolapso.
Ponto fixo: o hímen passou a ser o ponto de referência e o prolapso
quantificado em centímetros a partir do mesmo. Se acima do hímen será negativo (-1,-2 e
-3 cm) e se abaixo será positivo ( +1, +2 e +3 cm).
Pontos de referência: dois pontos na parede anterior, dois na superior e
dois na posterior.
Ponto Aa (ponto A da parede vaginal anterior): Localizado três centímetros
para dentro do hímen na linha média da parede anterior da vagina. Sua posição varia de
-3 cm a +3 cm. Para sua determinação coloca-se marcação (régua) no ponto -3cm em
repouso e observa aonde ele se localiza quando paciente faz esforço.
Ponto Ba (ponto B da parede vaginal anterior): Representa o ponto de
maior prolapso na parede vaginal anterior. Na ausência de prolapso ele se localiza em -3
cm e se há prolapso total ele equivale ao comprimento vaginal total. Para sua
determinação utiliza-se espéculo de Sims para afastar a parede vaginal posterior e pede-
se para a paciente fazer esforço, sendo que o ponto que mais exteriorizou será o ponto
Ba.
Ponto C: Ponto mais distal do colo uterino ou da cúpula vaginal pós-
histerectomia. Para determinação de seu ponto passa-se especulo de Sims e localiza o
colo, encosta-se a marcação (régua) no colo e pede-se para a paciente fazer esforço.
Dessa forma determina-se até onde o colo vai em direção do hímen.
Ponto D: Localizado no fórnice vaginal posterior, no nível de inserção dos
ligamentos uterosacrais. Na ausência do útero este ponto é omitido. Ao se determinar o
fórnice posterior coloca-se a marcação e pede-se a paciente para que faça esforço e com
isso encontra-se o ponto D.
Ponto Ap: localizado na linha média da parede vaginal posterior, análogo do
ponto Aa.
Ponto Bp: representa o ponto de maior prolapso da parede vaginal
posterior, análogo do ponto Ba.
Comprimento vaginal total (cvt): medida da maior profundidade vaginal.
Para ser calculado não precisa da realização de esforço pela paciente. Diferencia-se do
ponto D por ser obtido em repouso enquanto o outro é medido sob esforço.
Hiato genital (hg): medida do meato uretral externo até a linha posterior do
hímen ou fúrcula. Medida determinada em repouso.
Corpo perineal (pb): medida da fúrcula até o centro do orifício anal.Também
não necessita de esforço da paciente para sua realização.
Após a determinação dos pontos, classificam-se os prolapsos em:
Estadio 0: ausência de prolapso. Os pontos Aa, Ap, Ba e Bp estão em
-3cm, e os pontos C e D estão entre o CVT e o CVT -2cm.
Estadio I: ponto de maior prolapso está localizado até 1 cm para dentro do
hímen (-1cm).
Estadio II: o ponto de maior prolapso está localizado entre -1cm e +1cm
(entre 1 cm acima e 1 cm abaixo do hímen).
Estadio III: o ponto de maior prolapso está a mais de 1 cm para fora do
hímen, porém sem ocorrer eversão total.
Estadio IV: eversão total do órgão prolapsado. O ponto de maior prolapso
fica no mínimo no comprimento vaginal menos dois cm.
Outra classificação utilizada é a de Baden e Walker, que é mais simples, levando
em consideração o órgão que prolapsou: uretrocele (uretra), cistocele (bexiga), prolapso
uterino (útero), enterocele (intestino) e retocele (reto) e prolapso de cúpula vaginal
(eritrocele). A classificação de Baden e Walker modificada é a de uso mais difundido em
nosso meio embora seja criticada por ser de mais difícil de ser comparada por
observadores diferentes. Além disto, muitas vezes, a diferenciação entre uma retocele e
uma enterocele é muito difícil, ou, até mesmo, impossível. Termos distintos são usados
para os diferentes compartimentos. A distopia da uretra e da bexiga, uretro ou cistocele,
seria classificada nos graus: 0, 1º, 2º, 3º e 4º grau. A distopia da parede vaginal posterior,
retocele e/ou enterocele, classificada de acordo com graus de gravidade: leve, moderada
e grave.
Já, o prolapso uterino é classificado em 1º, 2º e 3º graus, com o colo pinçado e
tracionado durante o exame genital. O grau 0 corresponde a ausência de prolapso, grau 1
quando o prolapso ocorre porém sem atingir o hímen, grau 2 quando o prolapso atinge o
hímen, grau 3 quando ultrapassa o intróito vaginal porém não é total, e grau 4 quando a
eversão é total. Contudo, esta classificação dificulta a comparação entre os vários
estudos, dificultando a correta evidência científica e a comparação com a classificação da
ICS.
- defeito anterior
Utilizando-se uma válvula de um espéculo para afastar a parede vaginal posterior,
assim podemos avaliar melhor o compartimento anterior.
Existem 3 defeitos no compartimento anterior que podem resultar em
cistouretrocele:
Defeito Central
Ruptura da fáscia pubocervical em sentido longitudinal debaixo da bexiga, ao
longo da parede vaginal anterior, resultando na herniação da bexiga através desta falha
tecidual.
Neste tipo de cistocele a rugosidade habitual da parede vaginal desaparece.
Quando este tipo de defeito é suspeitado podemos fazer o teste do catéter, que consiste
na introdução de sonda de nelaton vesical e palpação da base vesical e uretra onde
temos a sensação que existe apenas mucosa vaginal entre o dedo que examina e o
catéter, não se percebendo nenhuma outra estrutura mais consistente. Colocando-se uma
pinça de De Lee com as hastes abertas nos sulcos vaginais e empurrando-se a vagina
acima, se observarmos ao esforço da paciente a descida da parede anterior existe defeito
central.
Defeito lateral ou para vaginal
É resultado da separação da fáscia pubocervical da parede pélvica (arco tendíneo
da fáscia pélvica) é seguramente o tipo de defeito mais comum, na gênese da cistocele.
Este defeito pode ser uni ou bilateral. Repetido-se a manobra da Pinça de DeLee porém
colocando-a agora fechada na região central da parede vaginal anterior (sub-uretral) e
elevando-a se com o esforço a parede volta a descer temos um defeito paravaginal, uni
ou bilateral. Além disso, a palpação e lateralização da uretra durante esforço pode dar
uma idéia da existência do defeito paravaginal.
Defeito Transverso
É a separação da fáscia pubocervical do anel pericervical, levando à cistocele. O
colo vesical normalmente tem um bom suporte neste tipo de defeito, a base da bexiga
pode herniar obliterando o fundo vaginal anterior.
Este defeito não interfere com a mobilidade do colo vesical, sendo assim este tipo
de defeito não está relacionado à incontinência urinária e sim à dificuldade de
esvaziamento vesical.
A diferenciação entre estes três tipos de defeitos é importante para o planejamento
cirúrgico.
- defeito posterior
Procede-se ao exame conforme descrito acima apenas rodando-se a válvula do
espéculo para a parede anterior da vagina. Ocorre pela ruptura da fáscia retovaginal.
Retocele alta
A parede vaginal posterior é sustentada pela fáscia de Denonvillier ou septo reto
vaginal o qual se liga acima com a base do complexo cardino utero sacral e peritônio do
fundo de saco de Douglas e de cada lado com a fáscia do m. levantador do ânus, quando
a ruptura ocorre neste nível teremos uma retocele alta, a qual pode se associar à uma
enterocele.
Retocele baixa
Causada pela separação do septo reto vaginal do corpo perineal. Quando intacto,
o septo reto vaginal sustenta o fundo de saco e a parede vaginal posterior prevenindo a
formação de enterocele e retocele.
- defeito apical
Ruptura da inserção complexo cardinal útero sacral do anel pericervical levando ao
prolapso uterino ou de cúpula vaginal, por trás deste podemos ter uma enterocele.
Frequentemente o prolapso de cúpula vaginal está associado e escondido por uma
grande cistocele ou retocele, sendo uma ruptura do nível I.
Enterocele pode em geral ser diagnosticada por exame retovaginal e aparece
como um saco acima da retocele, quando se realiza a manobra de Valsalva o mesmo é
evidenciado. Elevando-se o útero ou a cúpula vaginal e deprimindo-se a parede posterior
enquanto a paciente faz força a enterocele salta no fundo de saco posterior.
O exame retal permite avaliar a existência de retocele, sentindo-se a frouxidão da
parede vaginal posterior e a procidência do reto para dentro da vagina quando se faz
força.
- defeito distal
Alargamento do hiato vaginal e destruição do corpo perineal. Ocorre nestes casos
uma destruição do corpo perineal, com mudança na orientação da placa dos elevadores e
eixo do útero apontando para o hiato, aumentando as chances de descenso.
Quando a retocele ocorrer por separação do corpo perineal do septo reto vaginal,
ocorre uma descida do corpo perineal ao esforço de mais de 3 cm por hipermobilidade.
O exame do corpo perineal é importante para se diferenciar uma retocele
verdadeira de uma pseudoretocele, à qual é causada por uma deficiência do corpo
perineal.
- diagnóstico
Pela simples inspeção dos genitais externos já podemos observar pela fenda
vulvar entreaberta, as paredes vaginais e em alguns casos, o colo uterino.
O prolapso pode ocorrer no compartimento anterior, médio ou posterior da pelve.
No compartimento anterior podemos encontrar prolapso da uretra, da bexiga ou de
ambos. Já no compartimento médio podemos encontrar o prolapso uterino, da cúpula
vaginal ou enterocele e no compartimento posterior o prolapso do reto.
Nos prolapsos em virgens e nulíparas, devemos excluir malformações,
principalmente a espinha bífida e agenesia sacrococcígea.
Para distinguir entre o defeito anterior central e para-vaginal, devemos-se elevar
os fórnices vaginais laterais utilizando-se, por exemplo, duas espátulas de Ayres. Se ao
levantarmos os fórnices laterais houver redução do prolapso estaremos diante de um
defeito paravaginal; permanecendo a procidência da parede vaginal anterior estaremos
diante do defeito central ou uma combinação de defeitos. Além disto, no defeito central
ocorre perda da rugosidade da vagina.
Nos casos de enterocele podemos distinguir pela palpação o peristaltismo
intestinal nos casos de prolapso completo e pelo desaparecimento das rugosidades da
parede vaginal posterior principalmente no seu terço superior. Já nos casos menos
evidente, podemos utilizar o toque bimanual, fazendo o toque retal e vaginal concomitante
confirma-se a presença de alças intestinais, pois, apenas na retocele o toque retal atingira
a área prolapsada.
Nos casos em que houver concomitância entre prolapso genital e disfunções
miccionais é imperativo a avaliação pelo estudo urodinâmico, pois, dependendo do
diagnóstico teremos que associar alguma técnica para correção da incontinência urinária
de esforço ou defeito esfincteriano. Cumpre salientar que nos casos de prolapsos genitais
acentuados a perda urinária pode estar mascarada pela obstrução mecânica do colo
vesical e para não sermos surpreendidos no pós-operatório com a paciente queixando-se
de perda urinária, é importante antes da cirurgia, pesquisar a eventual perda de urina com
redução do prolapso, seja manualmente ou com a utilização de pessários.