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A VALORIZAÇÃO DA HISTÓRIA AFRODESCENDENTE E DE SUA CULTURA

MEDIANTE A LEI 10.639/03 NAS ESCOLAS BRASILEIRAS

Sabe-se que a escravatura negra no Brasil acabou, entretanto, a luta ainda continua,
visto que as diferenças existentes ainda são muitas, infelizmente. Sabe-se, também, que o
desrespeito aos valores culturais e a história de um grupo social é a principal forma de
opressão utilizada ao longo da história da humanidade. Sendo assim, ensinar história e
cultura de um povo é ensinar sua visão de mundo, os pensamentos e ações na perspectiva
desse povo.
A imagem que se tem do continente africano e de seus descendentes não é
relacionada com a produção intelectual nem com tecnologia, as ideias distorcidas
desqualificam a cultura negra e acentuam o preconceito até os dias de hoje.
O continente negro é parte integrante da História Contemporânea, porém os
currículos escolares são, em geral, organizados segundo uma visão eurocêntrica, de forma que
os valores políticos, culturais e religiosos das populações negras são colocados em segundo
plano. Eles não consideram que quase tudo que temos de ciência, religião, arte, filosofia são
baseados nos conhecimentos transmitidos pela civilização egípcia, que durante 40 séculos
surpreendeu o mundo com sua inteligência e sensibilidade.
O Brasil alardeia a imagem de um país em que prevalece a democracia racial uma
das maneiras de dizer que um problema não existe é empregar chavões pretensamente
cordiais, como se o país fosse uma espécie de paraíso étnico, apesar de todas as provas em
contrário. No caso da população afrodescendente brasileira, tanto a sua história de
discriminação e de exclusão a que foi submetida, quanto seu papel na construção da sociedade
é ignorado pelos conteúdos escolares.
Na maioria das vezes, quando se trata do continente africano, apenas um capítulo do
livro didático trata da escravidão, sem apresentar o negro como sujeito histórico, autônomo
capaz de organizar suas lutas e construir a história do país. As etnias convivem em harmonia
por aqui, porém a renda per capita média de negros é menos da metade da dos brancos. Há
mais analfabetos entre os negros e, em decorrência, eles têm mais probabilidade de serem
pobres, com chances remotas de ascensão social.

A educação é essencial no processo de formação e desenvolvimento de


qualquer sociedade e abre caminhos para ampliação da cidadania de um
povo. Nesse sentido, ao analisar os dados que apontam as desigualdades
entre brancos e negros na educação, constata-se a necessidade de políticas
específicas que revertam os atuais quadros. Os números são ilustrativos
dessa situação. Vejamos: pessoas negras têm menor número de anos de
estudo do que pessoas brancas (4,2 anos para negros e 6,2 anos para
brancos); na faixa etária de 14 a 15 anos índice de pessoas negras não
alfabetizadas é 12% maior do que o de pessoas brancas na mesma situação;
cerca de 15% das crianças brancas entre 10 e 14 anos encontram-se no
mercado de trabalho, enquanto 40,5% das crianças negras, na mesma faixa
etária, vivem essa situação. (BRASIL, 2005, p. 7).

O problema da exclusão social da população afro-brasileira está configurado na sua


ausência nas escolas, na representação estereotipada ou inexistente desse povo nos materiais
pedagógicos e na omissão do sistema educacional diante de atitudes preconceituosas e
racistas. Para superar distorções forjadas pelos preconceitos contra os negros o sistema
educacional necessita criar normas para elaboração de textos antirracistas, promover a
divulgação de materiais didáticos que valorizem a história e a cultura dos afro-brasileiros.
Assim, desde março de 2003, o governo federal, tentando corrigir essa dívida com os
afrodescendentes brasileiros, assumiu o compromisso de eliminar as desigualdades raciais,
dando um importante passo rumo à afirmação dos direitos humanos da população negra
brasileira. Sancionou a Lei 10.639/03, que alterou a Lei 9.394/96, tornando obrigatória à
inclusão no currículo oficial de ensino a temática "História e Cultura Afro-brasileira",
definindo o conteúdo do estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros no
Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a
contribuição do povo negro nas áreas sociais, econômicas e políticas pertinentes à história do
Brasil.
Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira serão ministrados no
âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística, de literatura e
histórias brasileiras. O documento também determina que a história da África seja tratada em
perspectiva positiva, não privilegiando somente as denúncias da miséria que atinge o
continente, mas a valorização da identidade negra.
Vale ressaltar que a referida lei não foi um produto da burocracia e sim do povo
brasileiro, é fruto de reivindicações e propostas do movimento negro que luta para ver
reconhecidos os direitos da população afro-brasileira durante muito tempo. Isto é, ao longo
dos anos educadores e organizações lutaram para aprovar, promover e produzir experiências
novas e uma pedagogia que fosse contra o racismo.
É uma ação afirmativa onde orienta o tratamento diferenciado, com intuito de
corrigir as marginalizações e as desvantagens criadas e mantidas por uma sociedade
excludente e discriminatória, baseia-se numa política de reparação, valorização e
reconhecimento da cultura, história e identidade negra. O que se propõe é uma educação com
a valorização da diversidade, com estratégias pedagógicas que supere a desigualdade étnica-
racial presente nas escolas brasileiras nos diferentes níveis de escolaridade, construindo novas
ideias de cidadania.
O estudo da cultura negra em sala de aula deve aprofundar-se nas causas e
consequências da dispersão dos africanos pelo mundo, abordando a história da África antes da
escravidão, enfocando as contribuições dos africanos para o desenvolvimento da humanidade
e as figuras ilustres que se destacaram nas lutas em favor do povo negro.
Os desagravos devem ser feitos para ressarcir os negros e seus descendentes dos
danos psicológicos, materiais, educacionais, sociais e políticos, sofridos no regime escravista.
É importante ressaltar que o estudo das heranças africanas, como os traços culturais, os
valores humanos, sua história e cultura, constroem a identidade dos negros fortalecendo a
autoestima e fornecendo informações e argumentos para confrontar o racismo.

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