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Introdução
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Doutorando em História pela UFPR, bolsista do CNPq. Mestre em História pela UNESP.
Professor da UEMS. E-mail: roizd@uems.br
1.Problemas e desafios
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Fez os cursos de graduação e de pós-graduação, em nível de doutorado, na área de História
na Universidade de São Paulo, sob a orientação do pai, ao qual veio a substituir interinamente
a partir de 1952, na cadeira de História da Civilização Brasileira. Estudiosa do período colonial,
contribuiu para o conhecimento da pesca de baleias na costa litorânea da América Portuguesa,
quanto do abastecimento e da tributação do sal. Além disso, estudou, como o pai, a capitania
de São Paulo.
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Para os objetivos deste trabalho, não há como abordar pormenorizadamente a trajetória de
Alfredo Ellis Jr. Mas, de forma muito resumida, ele viveu entre 1896 e 1974, sendo o último
dos dez filhos de Alfredo Ellis (1850-1925), médico, cafeicultor, deputado federal e senador
durante a Primeira República. Cresceu na ‘tradicional’ fazenda cafeeira ‘Santa Eudóxia’ – que
faliria em 1918, e seria vendida no início de 1919. Viveu sempre em São Paulo, com exceção
de uma viagem feita durante a infância, e na companhia de seu pai, pela Europa. Estudou no
estado e formou-se em direito pela Faculdade do Largo São Francisco (que nos anos de 1930
seria agrupada à Universidade de São Paulo, na qual este seria professor, a partir do final da-
quela década), mas exerceu por pouco tempo o ofício da advocacia (em especial, após a venda
da fazenda, em que havia passado sua infância). Dedicou-se mais ao ofício de professor de
história, em escolas de São Paulo. Entre 1925 e 1930 foi deputado estadual por São Paulo,
em duas legislaturas, a última das quais, interrompida pelo início do governo provisório de
Getúlio Vargas. Foi em meio a essas circunstâncias que ele participou das revoltas de 1932
contra a federação, como voluntário da Liga de Defesa Paulistana, que defendia a liberdade e a
volta da autonomia para o estado de São Paulo. Ferido fisicamente e abalado psicologicamente
com a derrota da Liga no setor de Cunha, Ellis Jr. ainda enfrentaria forte perseguição política,
após os desdobramentos daqueles eventos. Após a Revolução, e em meio à luta para não ser
exilado, retorna ao magistério, lecionando no período diurno, no Liceu Pan-Americano e no
Ginásio Paulistano, além de escrever vários livros didáticos. Em 1934 é eleito novamente para
a Assembléia Legislativa de São Paulo, como deputado estadual pelo PRP, onde permanecerá
até 1937, quando se dará o golpe do Estado Novo. Em 1938 é indicado como interino da
cadeira de História da Civilização Brasileira, no lugar de seu antigo mestre Afonso de Taunay.
Em 1939, torna-se catedrático e lá permanecerá até 1952, quando se afastará por motivos de
saúde precária.
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Apesar de ter sido publicada nos final dos anos de 1990, continua sendo o único esboço
biográfico sobre o autor até aqui impresso, e também por esse motivo se justifique uma redis-
cussão da obra que, aliás, passou praticamente despercebida pela crítica quando foi publicada
– mesmo considerando a tiragem baixa de 500 exemplares, e saindo por uma editora pouco
conhecida, não se justificava uma recepção tão ínfima.
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Sua obra é composta pelos estudos: O bandeirismo paulista e o recuo do meridiano (1924);
Raça de Gigantes (1926); Confederação ou separação (1933); A nossa guerra. Estudo de synthese
critica político-militar (1933); Populações paulistas (1934); Pedras lascadas (1935); A evolução da
economia paulista e suas causas (1937); Meio século de bandeirantismo (1939); Panoramas históricos
(1946); O café e a paulistânia (1951); A economia paulista no século XVIII. O ciclo do açúcar, o ciclo
do muar (1952). Pelas biografias de: Amador Bueno; Raposo Tavares; Diogo Antônio Feijó;
o tenente-coronel Francisco da Cunha Bueno (seu avô) e do senador Alfredo Ellis (seu pai).
E pelos romances: A madrugada paulista, lendas de Piratininga (1934); O tigre ruivo (1934);
Jaraguá, romance de penetração bandeirante (1935); Amador Bueno, rei de São Paulo (s/d).
Como indicou na 68ª Sessão Ordinária de 4 de julho de 1935: “Não sou rico, nem recebi
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O conceito de intelectual a ser utilizado nesta pesquisa se restringe ao produtor de “bens
simbólicos” (participante ou não na arena dos debates políticos), envolvendo-se essencialmente
com a interpretação da realidade social e sendo um elaborador e divulgador de “visões de mun-
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Como indica Giselle Martins Venâncio (2006, p. 87-108), na extensa biblioteca de Oliveira
Vianna, que chegou a agrupar 4.161 exemplares de 3.949 títulos distintos, onde se destacavam
obras de Ciências Sociais (com 35 %) e Jurídicas (com 21% do total), também apareceriam
451 títulos em História do Brasil e Literatura de Viajantes, perfazendo 11,4% do total. Nessa
categoria, se apresentariam obras de Max Fleiuss, Felisberto Freire, Afonso Celso, José Maria
Bello, Alfredo Ellis Jr., Pedro Calmon, Caio Prado Jr. e Sérgio Buarque de Holanda. Nesse
grupo, haveria maior representatividade da obra de Alfredo Ellis Jr., com um total de 12 títu-
los, a maioria deles enviados pelo próprio autor. O que, para ela, corresponderia a uma ampla
relação de trocas, correspondências e comentários recíprocos.
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Para uma análise circunstanciada do período, ver: CAPELATO, 1981, 1989; FAUSTO,
1997; DE DECCA, 2004; GOMES, 1996, 2009.
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Apesar das críticas contundentes que Ellis Jr. efetuaria ao regime Vargas, como indica Boris
Fausto (2006), Vargas trouxe uma conduta mais ética para a presidência, lidando com maior
transparência o orçamento do Estado, e contribuiu diretamente para a promoção da industria-
lização, para a aprovação de leis e criação de novos ministérios. Para ele, Vargas soube conduzir
o país com austeridade, apesar do autoritarismo; “inaugurou no Brasil as presidências carismá-
ticas”; fez de si a imagem de uma época, a era Vargas, e de seu estilo de governar uma marca,
o populismo; fez o país entrar em novo patamar de desenvolvimento econômico, educacional
e social; e foi figura central mesmo quando não esteve no poder, por propiciar a criação de
partidos, pró e contra ele.
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Para maior detalhamento sobre sua obra e trajetória ver: ABUD, 1985; ELLIS, 1997; MON-
TEIRO, 2001; FERREIRA, 2002.
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Além desses dois textos, o autor se expressaria novamente sobre o tema em seu romance
histórico Jaraguá (1936), publicado em 1936, ao se voltar para as glórias do passado do ban-
deirante paulista.
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Antes de escrever esses textos, o autor já havia publicado no ano de 1922, Ascendendo na his-
tória de São Paulo; Novas bandeiras e novos bandeirantes e Alguns paulistas do século XVI e XVII. O
primeiro resultou de uma conferência proferida em 17 de junho de 1922, no Centro paulista no
Rio de Janeiro; os dois últimos foram apresentados no Congresso Internacional de História da
América realizado em 1922 no Rio de Janeiro. Em seguida foram publicados: O bandeirantismo
paulista e o recuo do meridiano (1924); Raça de gigantes (1926); e Pedras lascadas (1928).
Considerações Finais
Referências: