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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO
SÃO LUIZ

Atuação psicopedagogica no contexto escolar

RAFAEL BONFIM SILVA

Livramento de Nossa Senhora – BA


2018
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO
SÃO LUIZ

Atuação psicopedagogica no contexto escolar

RAFAEL BONFIM SILVA

MAGDA CHRISTIAN RIBEIRO

Livramento De Nossa Senhora-BA

Sete Lagoas-MG
2018
GLAUCYLENE LYS RIBEIRO

201
“Conhecimento não é aquilo que você sabe,
mas o que você faz com o que sabe”.
(Aldous Huxley)
RIBEIRO, Magda Cristian.Atuação psicopedagogia no contexto escolar
2017. 15.Trabalho de Conclusão de CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO SÃO LUIZ.LIVRAMENTO DE NOSSA SENHORA 2018.

Resumo: O Psicopedagogo é o profissional indicado para assessorar e


esclarecer a escola a respeito de diversos aspectos do processo de ensino-
aprendizagem e tem uma atuação preventiva. Na escola, o psicopedagogo poderá
contribuir no esclarecimento de dificuldades de aprendizagem que não têm como
causa apenas deficiências do aluno, mas que são consequências de problemas
escolares. Seu papel é analisar e assinalar os fatores que favorecem, intervêm ou
prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição. Propõe e auxilia no
desenvolvimento de projetos favoráveis às mudanças educacionais, visando evitar
processos que conduzam às dificuldades da construção do conhecimento.

Palavras-chave: Psicopedagogo, Aprendizagem, Importância, Instituições


acadêmicas, Família.

Summary: The Student is the professional appointed to assist and clarify the
school about various aspects of the teaching-learning process and has a preventive
action. At school, the student will be able to contribute to the clarification of learning
difficulties that are caused not only the student's weaknesses, but they are
consequences of school problems. Its role is to analyze and point out the factors that
promote or hinder, a good learning experience in an institution. Proposes and assists
in the development of projects favourable to educational changes to avoid processes
that lead to the difficulties of knowledge construction.

Keywords:Finance, learning, Importance, academic institutions, family.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................

2 DESENVOLVIMENTO ...............................................................................................
2.1.....................................................................................................................
2.2
2.3

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................

REFERÊNCIAS .............................................................................................................
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1 INTRODUÇÃO

Este estudo deu-se pela necessidade de analisar a importância do psicopedagogo


na escola. Embora seja uma profissão relativamente nova no Brasil, a
Psicopedagogia é uma profissão que é reconhecida não só institucionalmente, mas
também profissionalmente pela importância que tem na ação interativa junto aos
professores e alunos de forma a completar o ciclo de aprendizagem. Mas pode-se
sentir que embora haja uma grande necessidade do profissional e reconheçam esta
importância, ainda não existe um programa de contratação efetiva, pois se detecta
que as escolas não possuem em sua maioria a função de psicopedagogo e outras
estão com problemas sérios pela defasagem da relação ao número de alunos e pelo
sistema de atendimento fora da escola, o que quebra o elo de ligação e o
acompanhamento dos professores em relação aos alunos atendidos. O instrumento
para o desenvolvimento deste estudo foi a pesquisa bibliográfica. Espera-se com
este estudo conscientizar as autoridades da importância de se ter um
psicopedagogo na escola e que isso amplie o campo de trabalho, onde não só
beneficiará o profissional, mas também o aluno, no processo de aprendizagem.

O objeto de estudo da Psicopedagogia é sempre o sujeito aprendente e esta


aprendizagem está sempre relacionada com o próprio sujeito, com o sujeito e o
objeto, com o sujeito e o meio, portanto sistematicamente. Isto quer dizer que o
psicopedagogo está comprometido com qualquer modalidade de aprendizagem e de
ensino e não só a exercida na escola.

Na escola, a tarefa do psicopedagogo visa fortalecer a identidade da instituição, bem


como resgatar suas raízes, ao mesmo tempo em que procura sintonizá-la com a
realidade que está sendo vivenciada no momento histórico atual, buscando adequá-
la às reais demandas da sociedade.

A intervenção psicopedagogiavem no curso de sua história, acontecendo na


assistência às pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem, por meio do
diagnóstico e da terapêutica. Frente ao desempenho acadêmico insatisfatório e com
o objetivo de esclarecer a causa das dificuldades, os alunos são encaminhados ao
psicopedagogo, pelas escolas que frequentam. Desde o princípio, a questão é
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centrada no aprendente que não aprende. Agora, a atenção do psicopedagogo não


está centrada apenas no aprendente, mas no contexto em que se realiza a
aprendizagem.

A psicopedagogia institucional está atenta à compreensão dos mecanismos


inconscientes de uma organização, identificando sua rigidez, bloqueios e
possibilidades de aprender.

Ressalta Barbosa que "na instituição escolar, convive-se com o ensinar e com o aprender de uma
forma muito dinâmica, não sendo possível, na prática, haver uma intervenção que recaia somente
sobre o aprender".

Barbosa, ainda, complementa:


"Quando dizemos que a Psicopedagogia se preocupa com o ser completo, que aprende, não
podemos esquecer que faz parte da compleitude deste ser a capacidade de aprender em interação
com aquilo ou aquele que ensina; e que a ação de ensinar não é sempre exercida pelo professor,
assim como a de aprender não é de responsabilidade somente do aluno".
Foi a Argentina a maior influenciadora da Psicopedagogia brasileira,
notadamente a partir dos anos 60, momentos em que vários países latinos contavam
com governos ditatoriais e vivenciavam a lógica do medo e do silêncio em seus
territórios.

Por essa razão, a Psicopedagogia chegou até nós de forma clandestina, por
intermédio de seus exilados políticos (ANDRADE, 2004). Sob tais influências,
igualmente ao que ocorria naqueles países, a Psicopedagogia brasileira também se
construiu sob um enfoque médico-pedagógico e com uma natureza mais prática do
que acadêmica.

Anteriormente, o Brasil já tinha contado com uma iniciativa de trabalho


psicopedagógico de cunho mais preventivo, especialmente voltada para a relação
professor-aluno. Essa experiência ocorreu, conforme Masini ET. AL (1993), em
1958, com a criação do Serviço de Orientação Psicopedagógico ( SOPP) da Escola
Guatemala, na Guanabara (escola experimental do INEP – Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira/MEC), participando um
profissional da Pedagogia e outro da Psicologia.

Entretanto, a despeito dessa experiência, a literatura revela que a finalidade


que predominou na história antiga da Psicopedagogia brasileira foi a de atuar nos
problemas referentes às disfunções neurológicas ou, mais precisamente, naquilo
que foi denominado na época de "Disfunção Cerebral Mínima" (DCM). Essa
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tendência, fortalecida notadamente por volta da década de 70, ilustrava no momento


uma interpretação psiconeurológica do desenvolvimento humano, bem como
sustentava uma visão orgânica e patologica sobre os problemas de aprendizagem.

Sob essa perspectiva, tais problemas eram tratados como originários de


disfunções neurológicas tão pequenas que, por essa razão, acabavam não sendo
detectadas nos exames clínicos, embora provocassem alterações de
comportamento.

Foi sob essa herança conceitual médico-pedagógico que nasceram, na


década de 70, os primeiros cursos de Psicopedagogia no país, voltados
especialmente para complementar à formação do psicólogo e do educador. Em
princípios, a formação dos profissionais em Psicopedagogia se dava na Clínica
Médico-Pedagógico de Porto Alegre.

Posteriormente, foram criados alguns cursos de mestrados com área de


concentração em Aconselhamento Psicopedagógico (por exemplo, o da PUC-RS,
em 1972). Porém, somente em 1979, após quase vinte anos da efetiva prática em
psicopedagógico no Brasil, surgiu o primeiro curso de especialização em
Psicopedagogia do país, inicialmente chamado de Curso de Reeducação
Psicopedagógico. Ele foi criado no Instituto Sedes Sapiente (SP) e não era
legalmente reconhecido já que a referida Instituição preferiu abrir mão da validação
acadêmica de seus certificados em troca de poder exercer a prática da liberdade de
pensamento e de expressão multidisciplinar, formando profissionais comprometidos
com os direitos da pessoa humana (ANDRADE, 2004).

Diretamente do que costuma supor o senso comum, a Psicopedagogia não se


resume a uma fração da Psicologia, ou a parte da Pedagogia, ou a uma junção
reducionista entre Pedagogia e Psicologia. Antes disso, a Psicopedagogia é uma
área de conhecimento e de atuação profissional voltada para a temática da
aprendizagem ou, mais precisamente, para a temática do sujeito que aprende.

Em princípio, seu foco era as dificuldades de aprendizagem e o fracasso


escolar.
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Atualmente sua preocupação se volta, de fora mais abrangente, para a


compreensão do processo de aprendizagem, dentro ou fora do ambiente escolar,
considerando a influência dos fatores físico, emocional, psicológico, pedagógico,
social, cultural etc.

Durante muito tempo, contudo, conforme o apresentado foi o enfoque orgânico que
conduziu o desenvolvimento da história da Psicopedagogia pelo mundo. Tal
enfoque teve sua origem nas contribuições das ciências médicas e biológicas, que
classificavam rigidamente os seus pacientes, transferiu dos hospitais para as
escolas, orientando a utilização do termo "anormais escolares" (SCOZ, 1994).
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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 O Ambiente Escolar

A transmissão cultural se faz pela simples convivência entre as gerações.

Quando, porém os conhecimentos que devem ser transmitidos não são do domicilio
de todos e seu volume é suficientemente grande a ponto de levar o educador há
reservar um tempo necessário para aprendê-los, a transmissão cultural só torna
possível através de instituições organizadas denominadas escolas (MASINI, 1999).

Portanto, a escola tem funções sociais específicas, o que leva a ser um


espaço onde as atividades na maioria das vezes não correspondem à demanda da
sociedade.

Torna-se um ambiente artificial em que o professor seleciona o conteúdo que deve


ser transmitido e aprendido pelo aluno sem levar em conta as experiências, as
necessidades e aspirações deste. Ainda encontramos em muitas escolas, o aluno
como espectador passivo, pois não participa do processo de transmissão cultural,
sendo obrigado a aprender, muitas vezes, conteúdos culturais totalmente
desvinculados do contexto em que está inserido, portanto, pouco significativo para
ele (FAGALLI, 1993).

É preciso, pois, que o educador se atente de que somente fatos concretos


conhecidos do educando apresenta sentido para ele. É preciso transformar a escola,
de sistema fechado que é em um sistema aberto em constante interação com o
ambiente social a que pertence. "a educação é vista fundamentalmente como um
processo de vida pessoal, interpessoal e grupal, e o educador como facilitador deste
crescimento" (CANDAU, 1993).

O trabalho pedagógico deve ser orientado de tal modo que os


conhecimentos transmitidos se transformem em "ferramentas" de ação do educando
na vida social.
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Como essa tarefa, em face dos inúmeros obstáculos que se encontra ao tentar-se
implantar uma proposta de tal natureza, a escola acaba transformando-se numa
agência de informação, em detrimento da formação do educando (SISTO, 2002).

O campo de atuação até então discreto, pode ser classificado também como da
modalidade preventiva muito ampla e complexa, mas pouco explorada. Sobre o
trabalho psicopedagógico na escola muito há o que fazer. Grande parte da
aprendizagem ocorre dentro da instituição escolar, nas relações estabelecidas entre
professor e o aluno, entre o currículo, programas e conteúdo, e com o grupo social
escolar enquanto um todo é por isso que se propõe uma visão embasada no modelo
sistemático, onde as relações têm grande relevância (BASSEADAS, 1996).

Pensar a escola à luz da Psicopedagogia significa analisar um processo que


inclui questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de
vista de quem ensina e de quem aprende, abrangendo a participação da família e da
sociedade (MACHADO, 1997).

Historicamente, a intervenção psicopedagógico vem ocorrendo com


assistência às pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem. Diante do
baixo desempenho acadêmico, alunos são encaminhados pelas escolas, com o
objetivo de elucidar a causa de suas dificuldades.

O estudo psicopedagógico atinge plenamente seus objetivos quanto, ampliando a


compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem do aluno,
abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender as necessidades de
aprendizagem. Desta forma, o fazer pedagógico se transforma, podendo se tornar
uma ferramenta poderosa (WEISS, 1997).

A Psicopedagogia traz à tona, o encontro com o prazer de trabalhar, de


investigar, de aprender com os nossos alunos. Isso é a busca criativa que nos leva a
"de aprisionar" a inteligência, a tirar a criatividade do casulo, a desprender-se, deixar
solto o pensar, o conhecer e o crescer do ser humano. Assim reflete Fernández: na
aprendizagem, a primeira representação do conhecimento também pouco está
diferenciada do outro, mas implica um investimento primordial do conhecimento. Em
um momento posterior, serão investidos o ato de conhecer e de pensar e, a partir
daí, o conhecimento, diferenciando-o do seu portador. (FERNÁNDEZ, 2001).
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A intervenção psicopedagógico não pode configurar-se da mesma maneira


quando direcionada para o contexto escolar e quando oferecida a uma família; os
instrumentos e as estratégias utilizadas irão variar conforme a orientação esteja
direcionada a um adolescente ou a um trabalhador que, na sua maturidade, precisa
redefinir sua trajetória profissional. (SOLÉ, 2001, P.28).

A sala de aula é um espaço, por excelência, saudável onde o perguntar é


valorizado e o eleger é possível. Um ambiente que promove aprendizagens
significativas valoriza a relação professor-aluno e influencia o desenvolvimento do
pensar. Um ambiente aberto ao questionamento, ao diálogo, encoraja os alunos a
ser criativo e autônomo, ao contrário do ambiente autoritário cuja ênfase é sobre a
memorização (HILLAL, 1995).

2.2Definindo a Atuação Psicopedagógica

Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser


humano, o trabalho do Psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter
preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para solução dos
problemas. Com esta finalidade e em decorrência do grande número de crianças
com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a
escola, a intervenção psicopedagógica ganha, atualmente, espaço nas instituições
de ensino.

Com relação ao trabalho dos psicopedagogos na escola, Fernández ressalta que:


"[...] precisam utilizar os conhecimentos e a atitude clínica para situarem-se em outro lugar, diferente
ao que têm no consultório. A experiência de consultório pode servi-lhes muitíssimo para situarem-se
diante de professores, alunos e de si mesmos como alguém que propicia espaços de autoria de
pensamento. [...] o psicopedagogo é alguém que convoca todos a refletirem sobre sua atividade, a
reconhecerem-se como autores, a desfrutarem o que têm para dar. Alguém que ajuda o sujeito a
descobrir que ele pensa, embora permaneça muito sepultado, no fundo de cada aluno e de cada
professor. Alguém que permita ao professor ou à professora recordar-se de quando era menino ou
menina. Alguém que permita a cada habitante da escola sentir a alegria de aprender para além das
exigências de currículos e notas".

No entanto, o psicopedagogo nunca deve confundir "intervir" com "interferir". No


intervir a intenção é de ajudar a pensar para se alcançar a resposta. Já o interferir
está centrado na manipulação da ação do outro.

O papel do psicopedagogo escolar é muito importante e pode e deve ser


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pensado a partir da instituição, a qual cumpre uma importante função social que é
socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo, ou
seja, através da aprendizagem, o sujeito é inserido, de forma mais organizada no
mundo cultural e simbólico que incorpora a sociedade. Para tanto, prioridades
devem ser estabelecidas, dentre elas: diagnóstico e busca da identidade da escola,
definições de papéis na dinâmica relacional em busca de funções e identidades,
diante do aprender, análise do conteúdo e reconstrução conceitual, além do papel
da escola no diálogo com a família.

Na abordagem preventiva, o psicopedagogo pesquisa as condições para que se


produza a aprendizagem do conteúdo escolar, identificando os obstáculos e os
elementos facilitadores, sendo isso uma atitude de investigação e intervenção.

Trabalhando de forma preventiva, o psicopedagogo preocupa-se especialmente


com a escola, que é pouco explorada e há muito que fazer, pois grande parte da
aprendizagem ocorre dentro da instituição, na relação com o professor, com o
conteúdo e com o grupo social escolar como um todo.

Na visão de Fagali (FAGALI, 2002, p. 10) “... trabalhar as questões pertinentes


às relações vinculares professor-aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos,
integrando o afetivo e o cognitivo, através da aprendizagem dos conceitos, nas
diferentes áreas do conhecimento”.

O trabalho psicopedagógico terá como objetivo principal trabalhar os elementos


que envolvem a aprendizagem de maneira que os vínculos estabelecidos sejam
sempre bons. A relação dialética entre sujeito e objeto deverá ser construída
positivamente para que o processo ensino-aprendizagem seja de maneira saudável
e prazerosa. O desenvolvimento de atividades que ampliem a aprendizagem faz-se
importante, através dos jogos e da tecnologia que está ao alcance de todos. Com
isso, há a busca da integração dos interesses, raciocínio e informações que fazem
com que o aluno atue operativamente nos diferentes níveis de escolaridade. Por
isso, a educação deve ser encarada como um processo de construção do
conhecimento que ocorre como uma complementação, cujos lados constituem de
professor e aluno e o conhecimento construído previamente.

Solé (SOLÉ, 2000, p. 29) afirma que essa intervenção tem um maior alcance
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quando realizada no ambiente em que o aluno desenvolve suas atividades e por


meio das pessoas que, cotidianamente, se relacionam com ele, uma vez que os
processos de aprendizagem se relacionam diretamente com a socialização e
integração dos alunos no contexto sócio - educacional em que estes estão inseridos.

2.3 A Intervenção Psicopedagógico

No início de seu desenvolvimento, a Psicopedagogia se utilizava tão somente


de instrumentos de atuação diagnóstica, de intervenção e de prevenção vindos dos
campos médico e psicológico. Atualmente, entretanto, a referida área tem atuado a
partir de métodos próprios.

O trabalho com equipes provenientes da educação e da saúde continua


sendo muito privilegiado. Porém, a expectativa é a de que, na prática, o
psicopedagogo atue por meio de um olhar multidisciplinar.

A Psicopedagogia conta presentemente com duas fortes tendências de ação,


sendo a de caráter clínico e a de caráter preventivo. A atuação clínica caracteriza-se
por ter a finalidade de reintegrar o sujeito com problemas de aprendizagem ao
processo. Tal ação usualmente se dá em consultórios e hospitais, possuindo uma
conotação mais individualizada. Já a atuação preventiva tem a meta de refletir e
discutir os projetos pedagógico-educacionais, os processos didático-metodológicos e
a dinâmica institucional, melhorando qualitativamente os procedimentos em sala de
aula, as avaliações, os planejamentos e oferecendo assessoramento aos
professores, orientações etc. (FAGALI ET AL, 1993).

Geralmente, esse tipo de ação ocorre dentro da própria instituição (escola,


creche, centro de habilitação etc.), atuando, segundo Bossa (1994), em três níveis
de prevenção: o primeiro, que visa analisar os processos educativos para diminuir a
frequência dos casos de problemas de aprendizagem na instituição; o segundo, que
objetiva analisar e modificar os processos educativos para baixar e tratar os casos já
instalados no local; e o terceiro, que atua diretamente e de modo mais
individualizado (sob uma perspectiva mais clínica, inclusive) com os sujeitos com
problemas de aprendizagem, prevenindo-lhes o aparecimento de outros problemas.
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Nesse último caso, seu papel não seria o de eliminar os sintomas, agindo como um
"professor de reforço", ensinando de forma particular o conteúdo não aprendido. Ao
contrário disso, sua atuação seria a de diagnosticar e intervir no problema gerador
do referido sintoma.

Não obstante a distinção entre a atuação clínica e a preventiva constante da


literatura, há que se lembrar de que toda a ação psicopedagógico tem em si um
caráter clínico, localizado na atitude do profissional em investigar a situação como o
caso particular e único (BOSSA, 1994). Por outro lado, o trabalho clínico também
pode conter em si uma natureza preventiva: ao se tratar de determinado problema,
está se contribuindo para evitar outros.

Com base no Projeto de Lei 3.124/97 e nas discussões da Comissão de


Regulamentação e Cursos da ABPp, interpreta-se que, dentro desses espaços de
atuação, seriam atribuições e competências dos psicopedagogos:

• Intervenção psicopedagógico no processo de aprendizagem e suas


dificuldades, tendo por enfoque o sujeito que aprende em seus vários contextos: da
família, da educação (formal e informal), da empresa, da saúde;

• Realização de diagnóstico e intervenção psicopedagógico mediante a


utilização de instrumento e técnicas próprios de Psicopedagogia;

• Utilização de métodos, técnicas e instrumentos psicopedagógicos que


tenham por finalidade a pesquisa, a prevenção, a avaliação e a intervenção
relacionadas com a aprendizagem;

• Consultoria e assessoria psicopedagógico, objetivando a identificação, a


análise e a intervenção nos problemas do processo de aprendizagem;

• Supervisão de profissionais em trabalhos teóricos e práticos de


Psicopedagogia;

• Orientação, coordenação e supervisão de cursos de Psicopedagogia;

• Coordenação de serviços de Psicopedagogia em estabelecimentos públicos


e privados;

• Planejamento, execução e orientação de pesquisas psicopedagógicos.


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Conquanto seja possível dizer que há um consenso para o objeto central de


estudo da Psicopedagogia, a aprendizagem humana, o mesmo não pode ser dito
quanto aos caminhos de intervenção e de pesquisa sobre tal processo. Como
lembra Bossa (1994), a "concepção de aprendizagem é resultado de uma visão
de homem, e é em razão desta que acontece a práxis Psicopedagogia". Assim, a
concepção de aprendizagem, de homem e a qualidade da formação do profissional
determinam os diagnósticos e as intervenções nos problemas detectados, bem como
as pesquisas realizadas pelo psicopedagogo.

O psicopedagogo sabe que para aprender são necessárias condições cognitivas


(abordar o conhecimento), afetivas (estabelecer vínculos), criativas (colocar em
prática) e associativas (para socializar).

Deve-se estar atento frente às grandes mudanças que ocorreram nas propostas
educacionais. Atualmente, o conhecimento científico só tem sentido se for ligado ao
social, engajado ao cotidiano, onde através dele se possam encontrar soluções. A
reforma educacional brasileira é extremamente exigente. Os paradigmas dessa
reforma estão centrados na verdade aberta, no conhecimento múltiplo,
transdisciplinar. As mudanças não acontecem na mesma proporção, nem na mesma
velocidade. A apropriação leva um tempo até ser interpretada, compreendida e
colocada em prática. As mudanças (a introdução no novo) num ambiente escolar
têm que ser escalonadas e sucessivas, priorizando-se e hierarquizando-se as ações.

O velho paradigma de que muitos são oriundos apresenta uma escola cartesiana,
fragmentada, de pensamento dominante, com verdades absolutas (fechadas),
reprodução do conhecimento. O grande problema da escola é que ela dá um
conteúdo e exige resposta "única". Analogicamente falando, a escola procede da
seguinte forma: um grupo de crianças vai andando pela calçada e, de repente,
depara-se com um cavalete obstruindo a passagem. Daí, a escola adianta-se e retira
o cavalete do meio ou manda que todos passem por baixo. Agindo assim, não
permite que a criança descubra o que fazer para transpor o obstáculo. Ela poderia
ter a ideia de passar por baixo, escalá-lo, passar do lado, retirá-lo ou outras. No
entanto, a escola impede o aluno de levantar hipóteses, de transgredir. Existem
várias formas de se responder a uma questão ou vários caminhos de se chegar a
ela, pois não existem respostas "prontas".
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Para que o psicopedagogo realize um diagnóstico numa instituição escolar, sugere-


se que se observem as características organizacionais, bem como a abordagem da
cultura da escola.

Quando o psicopedagogo entra numa escola, muitas coisas têm que ser levadas em
conta, pois, por trás de uma fachada, pode-se encontrar uma escola
"desorganizada". Diretor pouco envolvido com o trabalho, professores pouco
motivados (dão aulas de acordo com o salário que recebem). Então, qual a cultura
que está por trás dessa situação? Situações assim, não são fáceis de perceber,
porque não são visíveis. Ou seja, as bases conceptuais da escola estão inseridas
numa zona de invisibilidade (não está explícito). Uma das bases é a "cultura", que
exprime valores, crenças e ideais de um grupo. Isso significa dizer, que as escolas
produzem uma cultura que lhe é própria. A cultura não é um sistema de ligações,
mas uma rede de movimentos, numa perspectiva interacionista.

Esse seria o primeiro passo a se tomar, ou seja, buscar a história dessa instituição
para procurar entender como acontece o seu movimento. O psicopedagogo tem que
tomar conhecimento do documento que dar o perfil que identifica a escola - o Projeto
Político Pedagógico (PPP), que é uma obrigação de toda escola. O PPP é quem
comanda a energia e a vida da escola. Os professores, principalmente, têm que
conhecê-lo, até para saber com o que eles estão compactuando.

Realizar o PPP de forma coletiva é trabalhoso: ouvir os outros, refletir com os outros.
O que de fato acaba acontecendo em muitas escolas é a direção convocar apenas a
equipe técnica para montar o PPP, sem a participação dos professores. Deve-se
romper com essa postura do trabalho "solitário". Tem-se que dar espaço para que
todos possam discutir, interagir, modificar, construir. Muitas vezes, até o diretor
resolve fazê-lo sozinho ou "copiar" de algum colega. Mas, se o PPP identifica a
escola, não poderá ser copiado, pois cada escola tem suas características próprias,
até mesmo o meio onde está inserida - a realidade de cada escola é diferente, tem
suas peculiaridades.

Quando o diretor da escola não sabe montar o PPP, poderá contratar um serviço de
assessoria, para orientá-lo na elaboração, através de dados e informações (filosofia,
meio em que está inserido, tipo de clientela que atende aspectos pedagógicos)
fornecidos de acordo com a realidade da escola. Sua estrutura física: prédio,
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dimensão e organização dos espaços, recursos materiais; estrutura administrativa:


gestão (direção), equipe técnica, corpo discente e docente, pessoal auxiliar,
tomadas de decisões, participação da comunidade, relação com as autoridades
centrais e locais (Secretarias de Educação); estrutura social: relação entre alunos,
professores e funcionários, responsabilidade e participação dos pais, democracia
interna, cultura organizacional da escola, clima social.

A modernização do sistema educativo passa pela descentralização e por um


investimento das escolas como lugar de formação.

De acordo com Nóvoa, o olhar centrado nas organizações escolares deve


contextualizar todas as instâncias e dimensões presentes no ato educativo. Para
haver a compreensão é necessário que haja contextualização. O contexto ajuda a
entender e a explicar o que está acontecendo.

Na perspectiva de Nóvoa, a capacidade integradora pode conceder à análise das


organizações escolares um papel crítico e estimulante, evitando uma assimilação
tecnocrática ou um esvaziamento cultural e simbólico.

Isso quer dizer que, quanto mais desintegrados forem os subsistemas, menos
entrosamento vai existir neles. Nesse clima de desintegração, vai acontecer
esvaziamento cultural e simbólico (empobrecimento e perda da capacidade de
simbolizar o conhecimento de outra forma, em outras situações), por exemplo,
quando o professor fica amarrado ao planejamento, bem como, quando ocorre uma
assimilação excessivamente tecnocrática (os diretores têm que tomar decisões
autoritárias).

Bassedas destaca que "é importante assinalar que em todos os sistemas abertos existem
sempre tendências contrapostas à estabilidade e à mudança".

Enfatiza, ainda, Bassedas que:


“Geralmente, os sistemas tentam manter um equilíbrio entre as tendências que produzem uma
transformação e aquelas que tendem à manutenção da estabilidade, com a finalidade de conseguir
uma homeostase, um equilíbrio que lhe permita “sobreviver”“.
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CONCLUSÃO

Portanto, o estudo psicopedagógico atinge seus objetivos quando, ampliando a


compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender
às necessidades de aprendizagem. Para isso, deve analisar o Projeto Político-
Pedagógico, sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que é valorizado
como aprendizagem. Desta forma, o fazer psicopedagógico se transforma podendo
se tornar uma ferramenta poderosa no auxílio de aprendizagem.

Alguns paradigmas existentes na escola devem ser repensados. A escola deve ter:
uma política de igualdade, que garanta oportunidades; ética da identidade, para
afirmar-se na sua individualidade e saber respeitar a diversidade do outro; estética
da sensibilidade, proporcionando o interagir. E é nesse contexto que entra o trabalho
do psicopedagogo como articulador e promotor de ações que gerem mudanças,
mesmo que de início sejam acanhadas, mas que, dentre outras, principalmente,
minimizem os problemas relativos à aprendizagem.

O psicopedagogo tem que se autorizar sair da acomodação e questionar os anseios


e as expectativas em relação à própria formação, ao seu trabalho, a sua vida.

Não existe atuação psicopedagógica na escola sem a postura do ouvir, do falar e do


propor. A intervenção do psicopedagogo tem que está regada do seu saber, da sua
criatividade, da sua perspicácia, para que tenha condições de adaptar o trabalho a
que se propõe, de acordo com as necessidades e possibilidades do contexto
educacional em que está atuando.

O psicopedagogo vai trabalhar de forma preventiva para que sejam detectadas as


dificuldades de aprendizagem, antes que os processos se instalem, bem como, na
elaboração do diagnóstico e trabalho conjunto com a família frente às ocorrências
provenientes das dificuldades no processo do aprender. No entanto, não se pode
falar em aprendizagem desconsiderando-se os aspectos relevantes na vida desse
aluno que se relaciona e troca, a partir do estabelecimento de vínculos.
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REFERÊNCIAS

Fonte: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/o-papel-do-
psicopedagogo-na-instituicao-escolar © Psicologado.com

FAGALLI, Eloísa Quadros e VALE Z. Psicopedagogia Institucional Aplicada: a


aprendizagem escolar dinâmica e construção na sala de aula. Petrópolis: Vozes,
1999.

FERNANDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas,


1990.

Os idiomas do aprendente: Análises de modalidades ensinante em famílias,


escolas e meio de comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2001.

MACHADO, A. M. Avaliação e fracasso: a produção coletiva da queixa escolar. In:


AQUINO, Júlio G. (Coord.). Erro e fracasso na escola: alternativas teóricas e
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Bossa NA. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto


Alegre: Artes Médicas; 1994.

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Bassedas E et al. Intervenção educativa e diagnóstico psicopedagógico. Tradução:


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