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O CORPO DE CRISTO: A REALIDADE

Traduzido da versão Espanhola:


El Cuerpo de Cristo: La Realidad
Copirraite 1988 por: Libros CLIE - Espanha (Barcelona).

I . Vida e Consciência
1 - Consciência da Vida de Deus
2 - A Consciência do Corpo Como Um Aspecto da Consciência Vida
3 - O Ensinamento do Corpo Diante da Sua Realidade .

II . A Consciência do Corpo de Cristo


1 - Amar aos Irmãos
2 - Sem Divisões
3 - Evitar o Trabalho Independente
4 - Reconhecimento da Necessidade Da Comunhão Entre os Irmãos
5 - Aprender a Ser Um Membro
6 - Submeter-se À Autoridade

III· Mantendo-se Ligado Firmemente À Cabeça


1 . A Vida Procede da Cabeça
2 - Obedecer à Autoridade da Cabeça
3 - Estar Ligado à Cabeça - Cristo: A Condição Para
A Comunhão, Ajuste e Consolidação do Corpo
4 - A Obra da Cruz: A Condição Para Permanecermos Ligados à Cabeça e
Preservarmos a Comunhão do Corpo

IV- O Serviço de Um Membro


1- O Individualismo Deve Ser Tratado
2 - O Serviço de Um Membro é a Conseqüência do Quanto Ele Conhece ao Senhor

V -A Função e A Harmonia dos Membros


1 - A Função dos Membros
2 - A Obra de Desintegração de Satanás

IV- Obedecendo à Lei do Corpo de Cristo


1 - A Autoridade da Vida
2- Repartir Dons pela Imposição de Mãos
3 - A 0ração Com A Unção
4 - A Revelação que Paulo Recebeu ao Arrepender-se
5 - O juízo dos Irmãos

V- A Proteção, A Sujeição E A Provisão Do Corpo de Cristo


1 - A Proteção do Corpo
2 - A Sujeição Por Parte do Corpo
3 - A Provisão do Corpo

VIII· Três Princípios Fundamentais sobre O Viver no Corpo de Cristo


1-Minha Relação Com A Cabeça - Cristo: Sujeição
2-Minha Relação Com O Corpo A Igreja: Comunhão
3-Meu Lugar Como Membro: Serviço
VIDA E CONSCIÊNCIA 1
(Jo 1:4) (Rm 8:12) (1 Co 12:26)

Do ponto de vista humano, a vida parece ser bem intocável e bastante abstrata. Como se pode
apresentar a vida de maneira tal que as pessoas reconheçam o que de fato a vida é? Não podemos tomar
a vida como tal e explicá-la aos demais; tampouco podem os outros explicá-la para nós. Entretanto,
todos podemos conhecer e reconhecer esta vida ao sentirmos a consciência da vida, o que é para nós
muito mais substancial. Agora, do mesmo modo, a vida que Deus tem dado ao cristão também pode ser
conhecida pelo fato de ela ser consciente. Ainda que não possamos tomar na mão esta vida divina e
mostrá-la, tanto a nós mesmos como aos outros, contudo sabemos que temos esta vida nova porque
existe algo dentro de nós, algo de que somos conscientes, algo que é completamente novo.

1 - Consciência Da Vida De Deus

Depois que uma pessoa aceitou o Senhor, dizemos não somente que ela é salva, mas também que tem
sido regenerada. Isto significa que este homem agora tem nascido de Deus; que tem recebido uma nova
vida d'Ele. Entretanto, isto é algo difícil de explicar. Como ele sabe que tem a vida de Deus? Como
saberão os demais que ele tem a vida divina? Como saberá a Igreja que ele tem a vida de Deus? A
presença da vida divina é provada pela consciência desta vida. Se a vida de Deus está nele, ele também
deve ser consciente desta vida.

O que é a consciência desta vida? Um cristão que tem sido derrotado pelo pecado sente-se
profundamente afetado e intranqüilo. E isto é um aspecto desta consciência. Ele se sente intranqüilo
quando peca. Ele se dá conta imediatamente de que há um véu entre ele e Deus depois de haver pecado,
e perde seu gozo interior. Tais manifestações são aspectos da consciência desta vida, porque, visto
que a vida de Deus odeia o pecado, uma pessoa que tem a vida de Deus apresenta necessariamente uma
certa reação diante do pecado. O fato de possuir este sentimento da vida é prova de que se possui a vida.

Suponhamos que um homem diz ter confessado que é um pecador e que tem aceito o Senhor Jesus como
seu Salvador, porém não tem nenhum escrúpulo contra o pecado... Este homem tem nascido de novo?
Em tal caso, se ele comete um pecado, alguém tem que ir à sua casa e dizer-lhe que tem agido mal, antes
de que ele mesmo reconheça que de fato tem agido mal. Quando uma pessoa pergunta-lhe porque
cometeu o pecado, ele, em sua ignorância, responderá: "Por que não posso fazer isso?" Quando ele for
informado pela segunda vez que tem cometido outro pecado, confessará que tem feito algo equivocado.
Entretanto, não muito mais tarde, comete outro pecado e alguém se vê obrigado a informar-lhe da
transgressão, antes de que ele a reconheça. Neste caso, não é que ele não escute as palavras dos que lhe
informam; de fato, ele é muito obediente a este respeito. O problema está em que ele mesmo não tem
consciência espiritual. Pode-se dizer, portanto, que esta pessoa tem a vida de Deus, se ela não evidencia
reconhecimento espiritual e se são os demais que tem que sentir por ela? Se ele tivesse a vida de Deus,
teria consciência dela em si mesmo. É impossível que uma pessoa tenha a vida espiritual e não seja
consciente desta vida. A vida de Deus não é algo, nebuloso nem abstrato; é algo muito concreto e cheio
de substância. Como sabemos que tem substância? Porquê esta vida tem sua própria consciência.

Tendo a vida de Deus, a pessoa não somente se dá conta de seus pecados (o lado negativo), mas também
conhece a Deus (o lado positivo); porque o que recebemos não é o espírito de um escravo, mas o espírito
característico de um filho. Sentimos, de maneira natural, que Deus é acessível e que o chamar-Lhe "Aba,
Pai" é algo doce (Gl 4:6). O Espírito Santo dá testemunho a nosso espírito que nós somos filhos de Deus
(Rm 8:16). O conhecer a Deus como Pai é, portanto, a consciência interior desta vida divina.

Existem pessoas que possuem somente uma compreensão doutrinária; nunca têm se encontrado com
Deus; e portanto têm medo d'Ele, a Quem não podem tocar. Elas não têm nenhuma relação de vida com
Deus e o Espírito Santo não tem testificado a seu espírito que elas são filhos de Deus. Elas não podem
clamar desde seu espírito: "Aba, Pai". Estas pessoas oram, porém em sua oração nem sentem a distância
a que está o pecado, nem a proximidade a que está o Senhor. Elas não têm o sentimento de que o pecado
é horroroso, nem têm a intimidade de Deus. Elas não têm nenhuma relação com Deus porque ainda não
têm recebido a nova vida que vem d'Ele. Portanto, estas pessoas não sentem que Deus está perto, nem
tampouco sentem que Cristo já tirou o muro de separação entre elas e Deus. Em resumo, elas não têm a

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consciência de serem filhos de Deus. Elas podem até confessar que são cristãos, porém seu sentimento
diante de Deus não é suficiente. Ainda que com a boca digam "Pai nosso, Que estás nos céus", isto não
lhes produz nenhuma sensação. Somente a presença de uma tal consciência manifesta a existência da
vida. Agora, se nunca tem existido tal consciência, como se pode dizer que a vida divina está dentro
destas pessoas?

2 - A Consciência Do Corpo Como Um Aspecto Da Consciência Da Vida

Com respeito ao Corpo de Cristo é a mesma coisa. Muitos irmãos e irmãs perguntam: Como posso
afirmar que tenho visto o Corpo de Cristo? Em que me baseio para afirmar que tenho vivido a vida do
Corpo de Cristo?

Nossa resposta é fácil: Todos os que conhecem o Corpo de Cristo terão a consciência do Corpo de Cristo.
Se você tem verdadeiramente visto o Corpo, não pode senão ter a consciência do Corpo - porque a vida
em você é uma realidade e uma experiência, e esta consciência não pode deixar de manifestar-se. Você
percebe o Corpo de Cristo não só como um princípio ou como um ensinamento, mas também descobre
que o - Corpo de Cristo é algo consciente interiormente.

"De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se
regozijam" (1 Co 12:26). O sofrimento é uma sensação, assim como é o regozijo. Ainda que os membros
sejam muitos, a vida é uma, e também a consciência é uma.

Tomemos como exemplo a pessoa com uma perna artificial. Ainda que esta pareça quase igual à outra
perna, contudo ela não tem vida. Portanto, ela não tem consciência do Corpo; porque quando os outros
membros sofrem, esta perna artificial não sente nada, e quando os outros membros regozijam-se, a
perna artificial não compartilha do regozijo. Todos os outros membros têm o mesmo sentimento porque
possuem uma vida em comum. Somente a perna artificial não tem este sentimento, porque não tem vida.

Não se pode imitar a vida, nem é necessário tentar fazê-lo. Se existe vida, a imitação não é necessária; se
não existe vida, ainda assim é impossível imitá-la. A expressão mais distintiva da vida é sua consciência
de si mesma, o dar-se conta dela. Portanto, um cristão que vê a vida do Corpo terá inevitavelmente a
consciência do Corpo, junto com os outros membros do Corpo.

3 - O Ensinamento Do Corpo Diante Da Sua Realidade

Nos assuntos espirituais, o conhecer a doutrina sem ter consciência dela não serve de nada. Por
exemplo, alguém pode dizer que o mentir é um pecado que não se deve cometer porque outros lhe têm
dito que um cristão não deve mentir. O tema verdadeiro aqui não é se é certo ou errado mentir, mas
trata-se de saber se aquele que mente tem consciência de que mentiu quando diz a mentira. Se ele não
tiver consciência interior de que mentir é um pecado, então, por mais que confesse com a boca que
mentir é um pecado, esta confissão não lhe será de nenhuma utilidade. Este alguém pode dizer, por uma
parte, que a pessoa não deve mentir, porém, por outra parte, ele mesmo não cessa de mentir. O que é
especial daqueles que têm a vida de Deus é que, quando mentem exteriormente, sentem-se mal
interiormente - não porque saibam como doutrina que o mentir é errado, mas porque se sentem
intranqüilos interiormente quando mentem. Isto é o que realmente significa ser chamado cristão. O que
caracteriza o cristão é o ter presente esta consciência da vida da qual estamos falando. Aquele que não
tem vida e consciência interior não é cristão. As regras externas são meramente normas, não vida.

Digamos que seja completamente inadequado que alguém fale: "Eu conheço os ensinamentos do Corpo
de Cristo; portanto não devo me mover de maneira independente". Esta pessoa necessita ser consciente
interiormente deste ensinamento. Suponhamos que ela diga com a boca que não deve ser independente,
porém, quando atua de modo independente, ela mesma não se dá conta desta independência; com isto,
fica demonstrado que ela nunca tem visto de verdade o Corpo de Cristo. Isto não significa que ela não
tem ouvido os ensinamentos do Corpo de Cristo; simplesmente indica que não tem captado sua
realidade.

O ouvir os ensinamentos e o ver a realidade do Corpo de Cristo pertencem a duas esferas


completamente diferentes. O ouvir os ensinamentos do Corpo não é mais que a compreensão exterior
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de um princípio, enquanto que o ver o Corpo de Cristo produz sua consciência no interior. Isto é
semelhante à situação em que o mero escutar a doutrina da salvação dá à pessoa o conhecimento de
como Deus salva os pecadores, contudo é a aceitação interior do Senhor Jesus como Salvador o que cria
dentro da pessoa a consciência de Deus, assim como do pecado. Que grande diferença existe entre estas
duas coisas! Por conseguinte, não devemos menosprezar este assunto da consciência da vida (no
sentido de que se trata não tão somente de uma sensação exterior, mas também de um sentimento
interior). Uma consciência como esta é que é a expressão da vida. A presença ou ausência desta
consciência revela a realidade ou a falta de realidade que há no interior; e ilumina-nos acerca de se há
ou não a vida de Cristo no interior.

A consciência da vida é algo distintivo que permite você saber algo espontaneamente, sem
necessidade de ser informado. É demasiado tarde se você necessita que primeiro lhe informem algo,
para só então você se dar conta de tal coisa.

O que aconteceria se cada cristão necessitasse ser informado sobre o que é o pecado e o que não se deve
fazer? E, se acontecesse este caso, que seria se ninguém estivesse de acordo com você? O que
aconteceria se você se esquecesse do que lhe foi dito? Oh, vemos que o cristão não atua conforme o que
ouve dos demais, mas que é motivado pelo que está dentro dele. Dentro dele há uma vida - uma vida
interior, uma consciência interior. Vem do resplandecer da luz de Deus; vem da vida no interior e não da
informação exterior.

Quando nascemos de novo, recebemos uma vida muito real. Assim,que temos dentro de nós uma
consciência muito real. A realidade de uma tal consciência mostra a realidade da vida divina. Pedimos a
Deus que seja misericordioso conosco, e que sempre possamos tocar esta consciência da vida e
habitar ali. Também pedimos a Deus que nos conceda uma consciência rica, de modo que
possamos ter uma percepção sensível em todas as coisas; que nos demos conta de Deus, do pecado,
do Corpo de Cristo, e de todas as realidades espirituais. Que Deus nos guie no caminho e glorifique Seu
Próprio Nome!

A CONSCIÊNCIA DO CORPO DE CRISTO 2


(Rm 12:3-5)

No capítulo anterior, chegamos a entender um pouco a maneira na qual a consciência revela a vida.
Agora, continuaremos na mesma linha, para entendermos melhor o que é a consciência do Corpo de
Cristo.

1 - Amar Aos Irmãos

Primeiro, focalizemos desde o ponto de vista do amor. Uma coisa destaca-se de modo maravilhoso
quando meditamos neste versículo: "Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque
amamos os irmãos" (1Jo 3:14). Todos os que têm passado da morte para a vida amam-se. Todos os que
chegaram a ser membros deste mesmo Corpo espiritual amam-se. Um amor assim procede da vida e
surge espontaneamente. Poder-se-ia considerar uma pessoa como filha de Deus se, depois de ela
responder afirmativamente em uma reunião da Igreja que ela é cristã, e depois de haverem lhe
recordado que, como cristã, ela deve amar aos demais cristãos, esta pessoa dissesse “já que vocês dizem
que tem que ser assim, então começarei a amar os outros cristãos amanhã?”

Oh, vemos que todo aquele que verdadeiramente nasce de cima, e tem a vida de Deus, ama de maneira
espontânea a todos os que são membros, junto com ele, no Corpo de Cristo. Tanto se lhe recordam o fato
como se não, ele tem a consciência de amar aos irmãos. É inegável que ele necessite de que lhe recordem
muitas vezes que tem que amar aos irmãos. Entretanto, o recordarem-no disto não acrescenta nada ao
que já está dentro dele, mas sim torna mais fervoroso o que já está dentro dele. Se o amor de Deus está
presente em uma pessoa, o amor dos irmãos está ali. E se o amor de Deus está ausente, o amor entre
irmãos não está ali. Isto é, portanto, muito simples. Não se pode criar ou fabricar nada.

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Quando um crente conhece um outro que pertence a Deus, ama-o, de modo estranho, porém natural,
porque ele tem esta consciência interior dentro dele que deve mostrar-se em amor para com esta outra
pessoa.
Certa vez, um irmão em Cristo teve um filho. Perguntaram-lhe: "Agora que você é pai, você ama o seu
filho?" Sua resposta foi: "Uma semana antes de ser pai, pensei uma e outra vez como devia amar meu
filho! Porém, desde que meu filho nasceu, no momento em que o vi, meu coração foi a ele de modo
natural e singelo, e amei-o!" Vemos aqui como o amor humano surge de uma consciência interior, e não
se ensina a partir do exterior. De maneira parecida, todos os filhos de Deus que têm sido resgatados com
o sangue do Cordeiro, e recebem a vida de Deus e são batizados dentro do Corpo de Cristo, não podem
senão ser motivados, desde o seu interior, a amarem-se como membros de um mesmo Corpo.

Freqüentemente, quando você conhece alguém que é verdadeiramente do Senhor, vai-se o seu coração
em direção a ele enquanto você sabe que ele é cristão, tanto se ele vem de um lugar distante ou se é
conterrâneo seu, tanto se é muito culto ou pouco, sem distinção alguma enquanto a raça ou profissão. Se
você está no mesmo Corpo espiritual, você terá de modo normal este tipo de consciência.

2 - Sem Divisões

Alguém que tem visto o Corpo de Cristo, e que por conseguinte possui a consciência do Corpo,
sente-se destroçado por dentro quando faz algo que pode causar dissensão ou dividir os filhos de
Deus; porque ele ama todo o que pertence a Deus e não pode dividir Seus filhos. O amor é normal ao
Corpo de Cristo, enquanto que a divisão lhe é estranha; não importa por quantas razões levante-se uma
mão contra a outra, é impossível para elas romperem a relação entre as duas: A divisão é simplesmente
impossível.

Talvez uma pessoa sinta-se orgulhosa por ser um dos que têm deixado uma seita, e portanto declara
possuir o conhecimento do Corpo de Cristo. Entretanto, na realidade, o deixar uma denominação não
vem significar que alguém viu o Corpo de Cristo, e nem sequer indica isto. É certo que nem aquele
que discerne o Corpo está livre do denominacionalismo. Sendo assim, quem pode ter a pretensão de
achar que compreendeu o Corpo de Cristo pelo fato de ter deixado uma denominação? Exteriormente,
alguém pode ter deixado uma denominação, porém muitos estabelecem outra no lugar aonde vão. O ter
deixado a denominação apenas evidencia o seu próprio sentimento latente de superioridade; sem
chegar a compreender que todos os membros do Corpo são seus irmãos e irmãs, e que portanto todos se
amam. Por esta razão, demo-nos conta de que todo espírito sectarista, toda atitude que leva à
divisão, toda ação exterior ou pensamento interior que divide os filhos de Deus são sinais
evidentes de não se conhecer o Corpo de Cristo.

O Corpo de Cristo nos resgatará das seitas e do sectarismo; também nos resgatará do eu e do
individualismo. Quão triste é que o princípio de vida de muitos não seja o Corpo, mas o indivíduo!
Podemos descobrir este princípio do individualismo em muitas esferas. Por exemplo, em uma reunião
de oração, alguém pode orar só por sua conta, pois não consegue orar com os demais. Seu corpo físico
pode estar ajoelhado junto com os demais, entretanto sua consciência está limitada ao seu próprio ser.
Quando ele ora, quer que os demais lhe escutem; porém, quando os demais oram, ele não os escuta. Ele
não tem nenhuma resposta interior à oração do outro, e é incapaz sequer de acrescentar um "amém".
Sua consciência está desconectada da consciência dos demais. Portanto, ele ora suas próprias orações e
deixa que os outros orem as orações deles. Não parece haver nenhuma relação entre suas orações e as
dos demais. Quando ele chega à reunião, parece vir só com o propósito de pronunciar as palavras que
estão dentro dele, e depois sente que sua tarefa terminou. Ele não se importa com o encargo da oração e
nem com a consciência que os demais têm deste encargo. Esta é a regra do individualismo, não o
princípio do Corpo. De fato, ele não tem visto o Corpo, e portanto não pode cooperar com os demais
diante de Deus.

Às vezes, três ou cinco, ou até mesmo dez ou vinte irmãos, em uma reunião, falam cada um deles
somente daquilo que afeta a eles mesmos, sem se mostrarem interessados pelos assuntos do próximo e
nem por escutar o que os demais pensam. Ou, pode ser que, enquanto você ou outro irmão estejam
juntos com esta pessoa, ela fale animadamente de algo que lhe afeta durante um bom tempo, porém,
quando você ou os outros tomarem a palavra, ela apenas escuta, sem demonstrar tanto ânimo. Em

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coisas tão pequenas como estas, você pode ver se uma pessoa realmente tem discernido o Corpo de
Cristo.

A praga do individualismo pode crescer desde o simples fato de expressar o individualismo de


uma só pessoa até expressar o individualismo de um grupo de várias pessoas. Você pode ter
notado que na Igreja poderá haver três ou cinco, quem sabe até oito ou nove pessoas, que formarão um
círculo pequeno. Só estes poucos pensam o mesmo e “amam-se” uns aos outros. Eles não se enquadram
com os demais irmãos ou irmãs. Isto indica que eles tampouco têm percebido o Corpo de Cristo. A Igreja
é uma, ela não pode ser dividida. Se uma pessoa realmente tem conhecido o Corpo, não pode
reconhecer nenhum tipo de individualismo; ela não pode fazer parte de nenhuma facção ou
círculo pequeno.

Se você tem experimentado genuinamente o Corpo de Cristo, terá a consciência de que algo vai mal cada
vez que começa a mostrar o seu individualismo, e por certo lhe será impossível seguir. Ou se não, ou
você, ou vários outros, darem um passo equivocado, esta consciência do Corpo lhes recordará que assim
vocês se desconectam dos outros filhos de Deus, e desta forma ela impedirá vocês de seguirem. Existe
algo dentro de você que lhe freia, que lhe fala, admoesta, adverte, ou põe obstáculos. Esta consciência da
vida pode nos evitar toda mancha de tendência para divisão.

3 - Evitar O Trabalho Independente

Se tivermos consciência do Corpo, compreenderemos imediatamente que o Corpo é um. Deste modo,
aquele que está envolvido na obra espiritual não pode ser individualista. Para participar de
maneira adequada na obra do Senhor, é imperativo que tratemos este assunto da obra independente.
Segundo o que pensam algumas pessoas, alguém deve deixar a impressão de suas mãos sobre as coisas;
de outra forma considera que estas coisas não servem de nada. Tudo o que ele faz é considerado como
de valor espiritual; e tudo o que não é ele quem faz não tem valor nenhum. Quando ele prega e ninguém
é salvo, sente-se deprimido. Quando prega e as pessoas são salvas, mostra-se agradavelmente
surpreendido. Isto ocorre porque considera a obra como sua obra pessoal. Porém, no momento em
que os filhos de Deus percebem a unidade do Corpo, compreendem imediatamente a unidade da
obra. No instante em que vêem que o Corpo é um, são resgatados de seus esforços individuais, visto que
agora estão vendo que a obra é do Corpo. Isto não significa que a pessoa já não pode agir como
indivíduo. Mas simplesmente significa que já não pode considerar a obra como sua propriedade
exclusiva. Tanto se a obra é feita por ele ou não, isso não lhe preocupa mais; o que lhe preocupa agora é
que a obra seja feita.

Sendo cristãos, devemos admirar e buscar as coisas espirituais, porém não precisamos ter nenhuma
pretensão competitiva nem nenhum traço de inveja. Nossa atitude individual diante da obra
espiritual deve ser: O que eu posso fazer, espero que os outros possam fazer também; e o que eu
não posso fazer, espero que os outros possam fazer. Espero fazer mais, assim como espero que
outros possam fazer também. Quanto necessito dar-me conta de que eu não posso ser senão um
pequeno vaso na obra; eu não posso monopolizá-la. Não posso atrever-me a considerar a obra e o que
resulta dela como coisas minhas. Se insisto em que tudo tem de ser feito por mim, então não tenho
compreendido o Corpo. No momento em que capto o Corpo, dou-me conta de que tanto o meu labor
como o de outros são de proveito tanto para mim como para o Corpo. E que toda a glória seja do
Senhor e todas as bênçãos da Igreja.

O Senhor distribui Sua obra a todos, e cada um tem sua parte. Não devemos nos estimar mais do que
convém. Precisamos ser fiéis na parte que o Senhor tem nos concedido a cada um; porém, também
precisamos respeitar a parte que Ele tem concedido aos demais.

Muitos jovens possuem uma atitude competitiva em que sempre comparam o que têm com o que os
demais não têm, e não param de comparar o que eles mesmos não têm com o que os outros têm. De fato,
estas comparações são absurdas. Como podemos acrescentar uma cadeira a uma mesa? São uma ou
duas? Uma mesa mais uma cadeira equivale a uma mesa e uma cadeira. Se nos perguntam qual é
melhor, a mão ou o olho, não podemos senão responder que tanto a mão como o olho são bons. Aquele
que tem visto o Corpo dá-se conta da função de todos os membros. Ele olha para si mesmo como

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um entre muitos membros. Ele não se colocará em uma situação distintiva para comparar-se
favoravelmente com outros, nem para ocupar o lugar de outro.

Enquanto um cristão discerne interiormente o Corpo de Cristo, não pode justificar-se caso chegue a ser
orgulhoso ou invejoso, nem tem meios para ser assim. Visto que o Corpo é um, pouco importa se a obra
é feita por ele ou por outros. Tanto se a obra é sua como se é de outros, toda a glória vai ao Senhor e
todas as bênçãos vão à Igreja. Se alguém vê o Corpo de Cristo, haverá nele de maneira normal esta
consciência: Que o Corpo é um, e que por conseguinte a obra é uma.

4 - Reconhecimento Da Necessidade Da Comunhão Entre Os Irmãos

Aquele que vê o Corpo de Cristo não somente reconhece espontaneamente a insensatez da ação
independente, mas também reconhece a necessidade da comunhão. A comunhão não é um exercício
externo de intercâmbio social, mas e um requerimento espontâneo da vida do Corpo. O que os filhos de
Deus consideram, de modo errôneo porém tipicamente, é que a comunhão seja visitar as casas de alguns
irmãos e irmãs nas horas de folga e conversar um pouco. De fato, a comunhão significa o dar-me conta
de que o meu próprio ser é totalmente inadequado. Tenho grande prazer em fazer todas as coisas com
os outros membros do Corpo. Ainda que eu não possa reunir todos os irmãos e irmãs da Igreja para
fazer uma certa coisa, o que realmente posso fazer é realizar estas coisas com dois ou três irmãos ou
irmãs, conforme o princípio do Corpo.

Freqüentemente, precisamos aprender a comunhão por meio da oração, das tribulações, na busca da
vontade de Deus, nos planos para o nosso futuro, e aprender a comunhão com respeito à Palavra de
Deus. O que significa a comunhão é que, sabendo que não sou adequado no que se refere à oração, busco
a outros dois ou três que orem comigo. Eu sozinho sou incompetente para solucionar as
dificuldades, portanto peço a dois ou três irmãos para que juntos enfrentemos a situação. Eu sozinho
sou incapaz de conhecer a vontade de Deus, por conseguinte peço a ajuda de mais dois ou três. Eu
sozinho estou bastante confuso no que se refere a meu futuro, por conseguinte peço a dois ou três
irmãos e irmãs que, em comunhão comigo, decidamos o que devo fazer. Eu sozinho não posso
entender a Palavra de Deus, assim que agora estudo a Palavra de Deus com dois ou três irmãos e
irmãs. Em comunhão, reconheço minha insuficiência e incompetência, e também reconheço a
necessidade do Corpo. Confesso que sou limitado e inclinado a cometer equívocos; por isto rogo aos
irmãos e irmãs que têm discernimento espiritual que me ajudem (e não peço ajuda somente aos que se
mostram carinhosos para comigo). Não estou à altura, e portanto me é necessária a ajuda dos outros
irmãos.

O Corpo de Cristo é uma vida, e há portanto a participação de uma consciência. Você mesmo se dará
conta de que, sem a comunhão, não pode viver.

5 - Aprender A Ser Um Membro

Se uma pessoa tem consciência do Corpo, dá-se conta imediatamente de seu lugar no Corpo; isto é: Vê a
si mesma como um dos membros deste Corpo. Cada membro tem sua utilidade distintiva. Um
membro de um corpo físico diferencia-se de uma célula do corpo. O não ter uma célula não importa
muito, porém o não ter um membro do corpo é muito evidente. Certamente, a célula tem sua utilidade,
porém atente que a Bíblia, ao utilizar a analogia do corpo humano, diz que somos membros do Corpo de
Cristo, não células. Quão lamentável é que as condições de muitos cristãos sejam como as das células do
corpo humano, em vez de as de seus membros! Tal pessoa parece não ter nenhuma função específica no
Corpo de Cristo, nem tampouco desempenha sua tarefa. Em uma dada reunião da Igreja, não parece
acrescentar nada ao Corpo de Cristo, e sua ausência à mesma não parece indicar que falta algo ao Corpo.
Ela não tem desempenhado suas funções no Corpo porque nunca tem visto o Corpo. Quando está com
irmãos e irmãs, nunca conhece seu próprio serviço, nem tampouco se dá conta do que deve fazer. Ao
perceber o Corpo, não poderia senão considerar-se como membro. Ao perceber o Corpo, saberia que
este sofre e perde se ela não lhe proporciona vida.

Ninguém pode ser passivo em uma reunião. Cada pessoa é um membro do Corpo, e por conseguinte,
ninguém pode ir a uma reunião como um espectador passivo. Quando nos reunimos juntos, oramos

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porque nos damos conta de que somos membros mútuos do Corpo de Cristo. Tanto se é em voz alta ou
não, de todas as formas oramos porque queremos proporcionar vida ao Corpo.

Alguns cristãos são membros que proporcionam vida. Quando participam de uma reunião, ainda que
não abram a boca, apenas sua presença levanta a reunião porque proporcionam vida; estão ali
afugentando a morte. Uma vez que alguém discerne o Corpo de Cristo, não pode senão reconhecer-se
como membro do Corpo.

Visto que somos membros do Corpo de Cristo e cada um é uma parte do mesmo, devemos buscar de que
forma ajudar o Corpo para ele obter vida e força. Em toda reunião, ainda que não abramos a boca,
podemos orar de modo silencioso. Isto é consciência do Corpo. Se temos visto o Corpo, não podemos
dizer que somos uma pessoa sem importância. Em vez disto, diremos: Sou um membro do Corpo, e
portanto tenho um dever a cumprir; há uma palavra que tenho que pronunciar, há uma oração que
tenho que oferecer. Quando participo da reunião, devo fazer tudo o que Deus quer que eu faça. Não
posso permitir-me ser um mero espectador. São coisas assim que evidenciam que temos captado
verdadeiramente o Corpo. E enquanto todos estejamos funcionando, a vida da reunião junta afugentará
a morte. Muitas reuniões não evidenciam este poder de vencer a morte, porque existem muitas
pessoas que são somente espectadores.

6 - Submeter-se À Autoridade

Se você vê realmente o Corpo de Cristo, você é consciente da beleza dos filhos de Deus, do erro das
divisões, da necessidade da comunhão e da responsabilidade que você tem como membro do Corpo de
Cristo. Todos estes aspectos de que você se dá conta, você os capta por causa da consciência do Corpo. E
mais: À medida em que você se dá conta de que está no Corpo, você tem que se dar conta, do mesmo
modo, de que está sob a autoridade da Cabeça. Isto porque todo o que conhece a vida do Corpo de Cristo
e é consciente de ser membro do Corpo sentirá inevitavelmente a autoridade da Cabeça, a Qual é Cristo
Jesus, o Senhor.

Não só devemos nos submeter à autoridade direta da Cabeça, mas também temos que nos submeter à
autoridade indireta da Cabeça. A mão física está sob a autoridade direta da cabeça de meu corpo, porém,
quando movo o braço, a mão move-se junto com o braço porque a mão submete-se à cabeça através do
braço. Por conseguinte, aquele que vê o Corpo de Cristo vê também a autoridade que Deus tem
estabelecido no Corpo para que se submeta a ela.

Às vezes, quando alguém da Igreja diz para você fazer algo, você não considera isso como a vontade do
Senhor, mesmo depois de ter orado. Assim que você não faz o que lhe foi dito, e sente-se bem. Você sabe
que é correto escutar a Palavra do Senhor em vez da palavra do homem. Por outra parte, às vezes você
se dá conta de que, se você não escutar a seu irmão ou irmã, entrará em conflito com o Senhor. Tem lhe
ocorrido alguma vez, ou mesmo muitas vezes, em que você tem a impressão de que um ou mais irmãos
que conhecem o Senhor têm sido postos por Ele no lugar de autoridade, para representar Sua
autoridade, e que se você entra em controvérsia com eles, você entra em controvérsia com o próprio
Senhor? Se você verdadeiramente vê a autoridade da Cabeça, também reconhecerá que existem
um ou mais membros do Corpo que estão mais adiante do que você, e que você tem que aprender
a submeter-se. Deste modo, você não só reconhece a Cabeça, mas também reconhece aqueles a quem
Deus tem estabelecido no Corpo em representação da Cabeça. Se você estiver em conflito com eles,
também estará em conflito com Deus.

Se nossos olhos têm sido abertos pelo Senhor para reconhecermos o Corpo, também reconheceremos a
autoridade. Quando contemplamos o corpo humano, como é que trabalham todas as partes do mesmo
com tal harmonia que revelam que o corpo inteiro é um? É porque existe autoridade no corpo. Se não
houvesse autoridade, o corpo inteiro estaria em confusão. Suponhamos, por exemplo, que falte comida
ao estômago, porém, que a boca recuse-se a comer. O que acontecerá a este homem? Todo o corpo
sofrerá, embora somente uma de suas partes recuse-se a obedecer sua autoridade.

Vamos tomar um novo exemplo, o exemplo do câncer, o qual sabemos que é uma enfermidade muito
séria. Como se propaga o câncer pelo corpo? Isto acontece devido a algumas células que se
desenvolvem de maneira independente, e não conforme à lei do corpo. O corpo não necessita que
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elas sigam se desenvolvendo da forma em que o fazem, entretanto, estas células insistem em se
multiplicar de forma anormal. Elas absorvem elementos nutritivos que promovem sua multiplicação.
Elas só se preocupam com o seu próprio desenvolvimento; não se importam se, ao corpo, não é
necessário este tumor; não obedecem à autoridade do corpo, mas, por sua própria conta, atuam
independentemente. Porém, quanto mais crescem, mais prejuízos causam. Como resultado, bastam
umas poucas células que não respeitam à autoridade para causar a morte do corpo inteiro.

Fica claro, do que acabamos de observar, que a autoridade é a lei do corpo humano, e que a
desobediência é sintoma de enfermidade no corpo. Também opera este princípio no Corpo espiritual de
Cristo. Se uma pessoa não sabe o que é a autoridade, como pode dizer que conhece o Corpo de Cristo?
Vemos que aquele que conhece o Corpo pode discernir, mesmo quando somente três ou cinco pessoas
estejam reunidas, quem entre os que estão reunidos tem a autoridade; porque fica manifesta no meio
delas a autoridade da Cabeça, à qual elas têm que se submeter. Quão natural e quão precioso é que, no
corpo humano, os dedos submetam-se à munheca, a munheca ao braço, o braço ao ombro, e assim por
diante. E esta mesma beleza pode ser desdobrada no Corpo de Cristo.

Certos cristãos são tão pouco cuidadosos em sua ação e em sua fala que não escutam a ninguém.
Parecem considerar-se como maiores que os demais, a tal ponto que deixam de reconhecer que têm que
se submeter a alguém. Isto mostra que este crente nunca tem conhecido o freio do Corpo, nem nunca
tem se submetido à autoridade da Cabeça. Que Deus tenha misericórdia destes membros. Se o Senhor
tem nos tratado de modo genuíno, e se nossa carne tem recebido tais tratos a ponto de que a
coluna vertebral de nossa vida natural tem sido partida, reconheceremos imediatamente que
nem a mão nem a boca têm liberdade ilimitada - visto que tudo está sob o controle do Corpo - e
que não podemos deixar de submetermo-nos à autoridade que Deus tem posto no Corpo de Cristo.

Que não fiquemos meramente a nível doutrinário sobre este tema, mas que sejamos dirigidos por Deus
para conhecermos e experimentarmos o Corpo de Cristo! Que esta consciência do Corpo, em seus
muitos aspectos, sempre nos acompanhe, para que não façamos nada conforme a nossa própria vontade
nem vivamos de maneira pouco cuidadosa. Desta forma, receberemos amplas provisões para este
Corpo, e poderemos manifestar o Testemunho do Senhor.

MANTENDO-SE LIGADO FIRMEMENTE A CABEÇA 3


(Ef 1:22) (Ef 4:15,16) (Cl 2:19)

1 - A Vida Procede Da Cabeça

Para fazer de Cristo Cabeça de todas as coisas, Deus primeiro tem Lhe feito Cabeça da Igreja. Depois de
ser a Cabeça da Igreja, Cristo verá Sua autoridade estendida, mais tarde, a todas as coisas. Sua posição
futura no universo está relacionada estreitamente com Sua posição hoje na Igreja. Para que Cristo seja
Cabeça de todas as coisas, Deus quer que Ele seja primeiro entre Seus filhos - isto é, Cabeça da Igreja, a
qual é o Seu Corpo. Quão importante é isto!

Sendo Cristo a Cabeça da Igreja e a Igreja o Corpo de Cristo, todo o Corpo está concentrado na Cabeça.
Não há nada do Corpo que possa viver fora da Cabeça. Se o corpo humano é separado da cabeça, isto
significa automaticamente a morte do corpo. Todos os movimentos da pessoa são governados pela
cabeça. Quando a cabeça fica ferida ou perde em algo suas faculdades, as atividades do corpo ficam
paralisadas e o corpo acaba morrendo; porque a cabeça é o controle central da vida do corpo.

Ora, a Palavra de Deus declara que aquele que tem o Filho de Deus tem a vida (1Jo 5:12). Um cristão
recebe vida do Senhor Jesus, que é o Filho de Deus; entretanto, esta vida nunca deixa o Senhor. Aquele
que tem o Filho tem vida, porém esta vida, diz a Palavra de Deus, é no Filho (1Jo 5:11), e esta vida não
tem deixado nem por um momento ao Filho. Assim que, separados do Senhor Jesus, não podemos viver.

Entendamos bem que Deus não tem nos destinado uma quantidade pequena de Cristo, de modo que
pudéssemos tomar esta quantidade e apartarmo-nos do Próprio Cristo. Não, Deus tem nos dado Cristo
inteiramente, e tem nos ajuntado intimamente com Seu Filho. Todo o poder de nossa existência baseia-

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se em Cristo. No caso de que percamos comunicação com o Senhor por havermos O deixado, morremos
instantaneamente. Assim que, ainda que um cristão receba vida de Cristo, esta vida permanece no
Senhor. Temos recebido vida, entretanto esta vida e a Cabeça são inseparáveis. Ao aceitá-Lo, temos de
viver n'Ele. Ainda que O tenhamos recebido, todavia dependemos d'Ele. Por conseguinte, não podemos
ser independentes em nada. Somente o Senhor é a Cabeça, e Ele é o único recurso de nossa vida.
2 - Obedecer À Autoridade Da Cabeça

Cristo é a vida do Corpo; também é sua autoridade como Cabeça. Visto que a vida está n'Ele, a
autoridade também está n'Ele. Ele é nossa vida, portanto Ele tem autoridade; e quando nós obedecemos
Sua autoridade, temos vida. Portanto, se vemos o que é o Corpo de Cristo, não podemos evitar aceitar o
controle da Cabeça, visto que em um corpo seus membros não poderão mover-se conforme sua própria
vontade, mas conforme os mandamentos da cabeça. Se não existe ordem vinda da Cabeça, não pode
existir movimento no Corpo. Nenhum membro do Corpo pode tomar sua própria iniciativa, mas tem que
ser governado pela Cabeça. Onde existe vida, existe autoridade. A verdadeira autoridade é a vida. E visto
que o Senhor controla nossa vida, Ele tem autoridade sobre nós.

Todo aquele que tem confessado com sua boca que conhece a vida do Corpo deve se perguntar se tem se
submetido à autoridade do Senhor. O fato de alguém estar submisso ou não à autoridade da Cabeça
mostra se ele conhece ou não a vida do Corpo. A atitude de algumas pessoas diante da Palavra de Deus
é: "Isto é verdadeiramente o que o Senhor tem dito, porém eu creio que ... !" Quem permite a qualquer
um de nós dizer: "Porém..."? Quem nos dá autoridade para dizer: "Porém..."? No mundo, se alguém não
obedece à ordem de seu superior, é chamado de rebelde. Visto que Cristo é a Cabeça, e não nós, não
temos nenhum direito de não obedecer ao Senhor.

O que é que significa "seguir"? Seguir significa que o caminho pelo qual ando e o lugar aonde me
dirijo têm sido decididos por outro. Seguimos ao Senhor; portanto, não temos autoridade para decidir
nosso próprio caminho. O corpo, em sua relação com a cabeça, só pode obedecer e seguir. Se queremos
viver a vida do Corpo de Cristo, não podemos ter uma opinião pessoal, uma vontade egoísta ou
pensamentos egoístas. Só podemos obedecer ao Senhor e deixar que Ele seja a Cabeça. Somente o
Senhor está nesta posição; ninguém mais pode estar. Eu não posso ser a Cabeça, nem tampouco
ninguém mais da Igreja pode ser, porque o Corpo só tem uma Cabeça e está submetido a Esta Cabeça,
Que é Cristo. Portanto, todos temos que obedecer-Lhe.

Desgraçadamente, aparecem na Igreja muitas cabeças, muitos líderes humanos, muitos métodos e
regras do homem. Ocorre com muita freqüência que o homem aspira à autoridade. Deixando a Cristo
como Cabeça no céu, o homem quer ser cabeça na terra. Quando o pensamento da cabeça humana
coincide com o da Cabeça celestial, obedecemos a Cristo. Porém, quando a cabeça terrena está em
desacordo com a celestial, desobedecemos a Cristo. Quão equivocado é todo este sistema!

Você alguma vez tem dito ao Senhor: "Oh, Senhor, Tu és minha Cabeça. Eu não tenho o direito de decidir
nada, nem tenho a autoridade de escolher por mim mesmo. Salva-me de intentar ser a cabeça e salva-me
das pessoas que se erguem como cabeças"?

Cada um necessita aprender a aceitar os mandamentos de Deus. Cristo é a Cabeça, e portanto ninguém
pode seguir sua própria vontade. Ser submisso ao Senhor e render-se diante d'Ele devem constituir uma
experiência básica de todo cristão.

Aprendemos de Atos 2 que, quando Pedro proclamou o Evangelho, disse isto: "Esteja absolutamente
certa, pois... de que a Este Jesus, que vós crucificastes, Deus O fez Senhor e Cristo" (v.36). Ele abriu a
boca e declarou que Cristo é o Senhor. Cristo não só é Salvador, Ele primeiro é o Senhor. Necessitamos
que Cristo seja o nosso Senhor. E, visto que temos pecado, Ele também tem que ser nosso Salvador.

Atentemos à experiência de Paulo e sua conversão. Quando estava no caminho para Damasco, o Senhor
rodeou-lhe de luz. Então, Paulo perguntou: "Quem és Tu, Senhor?" (At 9:5). Paulo primeiro viu a Jesus
como Senhor, antes de crer n'Ele como Salvador. Oh, todos temos de chegar ao lugar onde podemos
dizer sinceramente: "Oh, Senhor, estou acabado. De agora em diante Tu és Quem me dirige, porque Tu
és o Senhor".

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3 - Estar Ligado À Cabeça - Cristo:A Condição Para A Comunhão, Ajuste E Consolidação Do Corpo

Demo-nos conta de que todos devemos nos manter ligados à Cabeça. Fazer isto significa reconhecer que
somente Cristo é a Cabeça. Significa uma obediência absoluta à Sua autoridade.

"Mas... cresçamos em tudo n'Aquele Que é a Cabeça, Cristo, de Quem todo o Corpo, bem ajustado e
consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada Parte, efetua o seu próprio
aumento para a edificação de si mesmo em amor" (Ef` 4:15,16).

Desta passagem, aprendemos que todos os membros do Corpo de Cristo estão bem ajustados e
consolidados entre si porque todos se mantêm firmemente ligados à Cabeça e vivem a vida do Corpo.
Isto não sugere que Deus quer que você preste atenção somente ao que está ao seu lado, mas sim que
Ele quer, acima de tudo, que você tenha uma relação adequada com o Senhor. Se você mantém uma
relação tal com a Cabeça, terá uma boa relação com os outros membros do Corpo. Todos os assuntos
entre seus irmãos e irmãs podem ser solucionados facilmente, se você pode submeter-se à
Cabeça. Se você não tem controvérsia com o Senhor, não terá problemas com nenhum irmão ou
irmã.

A possibilidade de você viver satisfatoriamente ou não a vida do Corpo está baseada na relação que você
tem com a Cabeça. Vejamos que não nos tornamos cristãos por causa de termos achado que os outros
cristãos são pessoas agradáveis, nem temos êxito como crentes por termos dominado com perícia uma
técnica cristã. Chegamos a ser cristãos porque conhecemos a Cristo. E a maneira em que continuamos
vivendo com êxito a vida cristã é a mesma maneira na qual nascemos como cristãos. Nascemos assim ao
termos uma relação com a Cabeça, e continuamos como cristãos ao mantermos uma relação adequada
com a Cabeça - a Qual é Cristo, o Senhor.

Isto não é para insinuar que os cristãos não necessitam da comunhão entre si; não, simplesmente afirma
que a comunhão entre os crentes está baseada sobre sua relação com Cristo. Necessitamos da comunhão
com os demais porque o Cristo que habita em mim e o Cristo que habita em você são inseparáveis. O
Cristo que habita em mim não é fragmentário, mas um todo - Cristo. Cristo em você é Cristo em mim -
Este é o Cristo que é a base de nossa comunhão. Além de Cristo, não temos nada com que ter
comunhão. Ainda que a educação que recebemos, o ambiente em que vivemos e o talento natural que
possuímos sejam diferentes, existe todavia uma coisa que todos temos em comum, que é o Cristo que
habita no interior. Visto que o Cristo em nós é o Mesmo, podemos ter comunhão uns com os outros.

Não é porque uma pessoa tenha uma certa habilidade ou um bom caráter, ou porque seja agradável ou
considerada, que você tem comunhão com ela. De maneira nenhuma. Se sua comunhão está baseada nas
pessoas, você não se mantém ligado à Cabeça - pelo contrário, sua comunhão será conforme a
comunicação que Absalão teve com o povo de Israel. Este tipo de comunhão separou o povo de Davi (II
Sm 15:1-17). É um comportamento parecido com este hoje em dia não significaria um manter-se ligado
à Cabeça.

A comunhão entre cristãos deve ser a que se relaciona com Cristo. Não temos base para a comunhão
fora da Cabeça. Nossa comunhão é normal e proveitosa se todos nos mantemos ligados à Cabeça. De
outra forma, a comunhão é deficiente. Até onde você chegará como cristão? Você seguirá ao Senhor até o
final? Se alguém voltar atrás e desviar-se, sua comunhão com ele não ficará afetada? Todos precisamos
seguir ao Senhor em todo o caminho para mantermos uma comunhão plena, a qual só se pode alcançar
com a ligadura firme à Cabeça por parte de todos.

4 - A Obra Da Cruz: A Condição Para Permanecermos Ligados À Cabeça E Preservarmos a


Comunhão Do Corpo

Quais são as condições para manter-se firmemente ligado à Cabeça? Por uma parte, precisamos deixar a
cruz tratar a fundo com a carne e sua vida natural e, por outra parte, temos que aprender a andar
conforme o Espírito. Desta maneira, desfrutaremos de uma comunhão do Corpo saudável. Sem o
tratamento da vida natural através da cruz, não podemos viver a vida do Corpo.

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O livro do Apocalipse revela uma companhia de pessoas que seguem o Cordeiro por todas as partes
aonde Ele for (14:13). Podemos dizer nós o mesmo, que seguiremos ao Cordeiro aonde quer que Ele vá?
Não esqueçamos que a cruz é o instrumento de comunhão. Ela trata com a nossa carne, desbarata a
vida de nosso eu, para que possamos seguir ao Cordeiro para onde Ele nos guiar. Se não temos
obstáculos diante do Senhor, não apresentaremos dificuldades à Igreja. Se nossa relação com a Cabeça
é reta, nossa relação com o Corpo será correta. Precisamos entender claramente que cada membro
tem uma relação direta com a Cabeça.

No corpo físico, por exemplo, se a mão esquerda ficasse ferida, seria a cabeça que ordenaria à mão
direita que a ajudasse. É assim também com o Corpo de Cristo. A relação que os membros têm entre si
passa em cada instante pela Cabeça. Quando um membro vai em ajuda de outro irmão, se ele se mantém
ligado à Cabeça, é pelo Senhor que ele vai, e não por causa da simples amizade humana. Ao mantermo-
nos ligados firmemente à Cabeça, evitaremos manter uma relação direta com quem quer que seja, e
deste modo não sentiremos preferência especial por certas pessoas. O agir de outro modo causará
divisão ou espírito partidarista.

Ora, Deus não permite a divisão ou as facções na Igreja. O que é uma facção? Uma facção fica formada
quando alguns cristãos estabelecem intercâmbio direto entre si, passando por cima da Cabeça.
Eles mantêm uma afinidade especial uns para com os outros, afinidade esta que não se origina na
Cabeça. Isto é uma facção. Entretanto, ainda pior que uma facção é uma seita. Algumas pessoas são tão
afins e tão atraídas umas pelas outras que formam um grupo sectário. Porém, se os irmãos ligarem-se
firmemente à Cabeça, seu coração será tão grande como o de Cristo, a Cabeça. Os irmãos têm que se
amar entre si; porém, este amor mútuo tem um fundamento que pertence ao Corpo inteiro de Cristo. O
amar-se entre si tem que incluir a todos os membros do Corpo. O que não chega aos limites exteriores
do Corpo não é permitido por Deus. Somente ao manterem-se ligados firmemente à Cabeça, os cristãos
podem se amar sem cair em facções e seitas.

O SERVIÇO DE UM MEMBRO 4
(Rm 12:4,5)

1 - O Individualismo Deve Ser Tratado

Quantos dos que somos cristãos sabemos que não apenas somos crentes mas também membros do
Corpo de Cristo? Precisamos entender que, na vida adâmica, não é só o pecaminoso ou o natural que
tem que ser tratado, mas o temperamento individualista também tem que ser tratado. O que significa o
caráter individualista da vida adâmica? É a atitude de vida que insiste em manter minha existência
independente, minha vida independente ou minha ação individual, como se eu fosse o único que vivesse
no mundo. Este tipo de vida dificulta-nos a entrada na realidade do Corpo de Cristo. Precisamos saber
que o oposto do Corpo é o indivíduo. Para que possamos entrar na realidade do Corpo, precisamos
ser salvos do individualismo.

O Corpo de Cristo não é somente um ensinamento. Necessita-se entrar no Corpo de Cristo pela
experiência própria. Todo aquele que não tem entrado não sabe o que existe dentro. Aquele que é salvo
pode distinguir facilmente quem é salvo ou não; de maneira parecida, aquele que já tem entrado nas
realidades do Corpo de Cristo pode também discernir facilmente se os outros tem entrado na realidade
do Corpo ou não. Quando você é salvo, não somente escuta a doutrina da salvação, mas também vê que
Cristo é a vida que vive a salvação em você. Na salvação, você entra em outra esfera. E depois de ter
estado nesta nova esfera, olhando para trás, você pode discernir facilmente a situação dos que não são
salvos. Do mesmo modo, os que vivem verdadeiramente no Corpo de Cristo podem dar-se conta, de
maneira viva, das condições de todos os que não têm vivido no Corpo. As pessoas podem entender o
Livro de Romanos e não ser salvas; de maneira parecida, os homens podem apreciar a Carta aos Efésios
e não conhecer o Corpo de Cristo. Quando você deixa o pecado e entra em Cristo, você é salvo. Porém,
você necessita ser resgatado do individualismo para entrar experimentalmente no Corpo de Cristo.

Deus permite-nos sermos indivíduos, porém não nos permite sermos individualistas. Antes de
entrarmos experimentalmente no Corpo de Cristo, estamos cheios de individualismo. Até mesmo nossa

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busca espiritual é motivada por esta característica. Por que buscamos a santidade? Para que eu mesmo
possa ser santo. Por que desejamos o poder? Para que eu possa pessoalmente ter poder. Por que
buscamos os frutos do labor? Para que eu, como indivíduo, possa desfrutar destes frutos. Por que
desejamos o Reino? Para que eu mesmo possa possuir o Reino. Tudo está relacionado com o "eu". Isto
não é o Corpo; isto é individualismo.

Da mesma maneira que Pedro, no dia de Pentecostes, salvou em um dia a três mil pessoas, eu sonho em
salvar a três mil em um dia para que eu também possa produzir muito fruto. Entretanto, precisamos
recordar que os outros onze apóstolos levantaram-se com Pedro. Queixaram-se invejosamente os
outros apóstolos dizendo que, se Pedro podia salvar a tantas pessoas, também eles deveriam fazer o
mesmo? Ou construiu Pedro alguma vez uma torre de orgulho, dizendo que ele podia salvar pessoas a
quem os outros não podiam salvar? Sabemos que tudo isto não ocorreu. Pois Deus não busca um vaso
individual mas busca um vaso corporativo. Se você vê verdadeiramente o Corpo de Cristo, não será
invejoso e nem orgulhoso. Tanto se a obra realizada é sua como se é feita por outros, não importa. Tudo
isto é assunto do Corpo; não há nada que seja puramente individual.

Portanto, devemos nos considerar não só como crentes, mas nos considerar ainda mais como membros.
Eu sou membro; portanto não sou a Unidade - nem sequer a metade - mas somente uma pequena parte
do Corpo de Cristo. É inegável que ver o Corpo e reconhecer-se como mais um membro é uma grande
salvação. Anteriormente, muitas coisas estavam centradas em torno de nosso ser individual. Tanto se
eram assuntos de trabalho ou da vida normal, tudo era muito individualista. No dia em que discernimos
o Corpo, fomos resgatados de maneira natural deste individualismo. Na salvação, primeiro vemos a
Cristo, e logo somos salvos. Da mesma maneira, primeiro vemos ao Corpo, e logo, de maneira natural,
somos resgatados do individualismo e chegamos a ser membros do Corpo na realidade. Não no sentido
de que digamos exteriormente que atuaremos conforme o princípio do Corpo quando uma situação se
apresentar, mas no sentido de atuarmos conforme o princípio do Corpo porque temos recebido a
revelação e temos entrado no Corpo de Cristo com a experiência. Tendo sido tratada a nossa vida
natural, damo-nos conta espontaneamente de que somos membros.

Como vivo na capacidade de um membro do Corpo de Cristo? Necessita-se tomar o Corpo como unidade
e limite de tudo o que faço e vivo. Na esfera física, quando a mão trabalha, não é a mão, mas o corpo, o
que trabalha; quando meus pés andam, não são meus pés, mas o corpo, o que anda. Um membro físico
nunca faz nada para si; tudo quanto faz é para o corpo. Também é assim na esfera espiritual. Todas as
ações de um membro do Corpo de Cristo são governadas pelo Corpo de Cristo, e não pelo membro
individual. Tanto se Deus põe-me em primeiro lugar como em último, não há diferença, para mim é
igual. Porque só o que não vê, não conhece ou não experimenta o Corpo de Cristo é que será orgulhoso
ou invejoso.

Precisamos nos dar conta da relação que existe entre o membro e o Corpo. Um membro não pode ser
um substituto do Corpo inteiro; entretanto, pode afetar o Corpo inteiro. A derrota pessoal e o pecado
pessoal influenciarão ao Corpo. O fracasso secreto de um indivíduo talvez não seja conhecido pelos
demais, porém é conhecido pelo diabo. A derrota secreta de uma pessoa talvez não seja percebida pelos
demais, porém os espírito malévolos o saberão. A derrota de um membro afeta a toda a Igreja. Por esta
razão, temos que buscar uma vida de amor, para o benefício do Corpo inteiro. Temos que buscar uma
vida santa; também em benefício do Corpo. Temos de querer o progresso espiritual; e também isto deve
ser em benefício do Corpo.

Perguntemo-nos com toda franqueza: Sou um individualista independente ou sou um membro do


Corpo? Sou só um crente ou sou também um membro? Sem dúvida, você é um cristão, porém, se você
não pode estar com outros por mais de cinco minutos sem ter algum tipo de problemas, ou sem se sentir
incompatível com os demais, como você pode demonstrar que vive como membro? O Senhor não está
satisfeito com este tipo de vida. Que Deus nos dê luz para que possamos ver claramente o Corpo de
Cristo. Depois de havê-lo visto, seremos resgatados de modo natural do individualismo, e viveremos
espontaneamente como membros.

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2 - O Serviço De Um Membro e a Conseqüência Do Quanto Ele Conhece Ao Senhor

Cada membro tem sua parte no serviço ao Corpo de Cristo. Todo aquele que pertence ao Senhor tem sua
função. Ele tem Cristo no interior, e o que ele tem em Cristo possui uma característica própria. E esta
característica que se reflete como o traço distintivo do serviço de alguém. Servir à Igreja é servir com o
que alguém possui de Cristo.

A parte do serviço que temos no Corpo de Cristo baseia-se em nosso conhecimento d'Ele. Entretanto,
este não é um conhecimento comum, porque o conhecimento comum acerca de Cristo não basta.
Somente um conhecimento específico de Cristo constitui um ministério específico no serviço do Corpo
de Cristo. Portanto, o serviço específico baseia-se no conhecimento específico do Senhor. Ao aprender
o que os outros não têm aprendido, você recebe do Senhor uma lição específica, e com este
conhecimento específico d'Ele, você pode servir.

No corpo humano, por exemplo, os olhos vêem, os ouvidos ouvem e o nariz cheira. Todos têm suas
próprias funções, e cada um tem sua posição. Ocorre de modo parecido com os membros do Corpo de
Cristo. Cada membro não pode ver e ouvir e cheirar; porém, cada membro tem sua habilidade especial.
A habilidade especial é, pois, o ministério de cada membro.

O que é o seu ministério especial? É aquilo que você aprende especialmente do Senhor; aquilo que você
recebe especificamente d'Ele. Somente um ministério específico pode servir à Igreja e fazer com que ela
cresça. Somente o que vem de cima pode fazer aumentar o Corpo. Tudo o que você aprende diante do
Senhor é o que você pode transmitir da vida da Cabeça ao Corpo e o que você pode suprir à Igreja, que
ela ainda não tenha. Deste modo, cada membro necessita buscar diligentemente do Senhor o que a
Igreja não possui, para assim transmitir isto ao Corpo de Cristo.

Hoje, o Senhor está buscando pessoas a quem se tenha dado vida, e por meio das quais se possa realizar
a obra do aumento da vida do Corpo. Estas pessoas são utilizadas para prover vida à Igreja, vida que ela
nunca tem conhecido, para acrescentar a medida da estatura do Senhor, e estas pessoas são os canais da
vida para o Corpo. É por meio delas que a vida que elas mesmas recebem do Senhor flui à Igreja, e faz
aumentar a estatura do Corpo de Cristo.

Servir ao Corpo de Cristo significa supri-lo com a vida que um membro recebe da Cabeça; isto é, o
membro provê a vida da Cabeça à Igreja. Quando os olhos de um membro vêem, o Corpo inteiro pode
ver. Em outras palavras, aquele membro do Corpo de Cristo que tem visão penetrante nas coisas
espirituais faz de si mesmo os olhos do Corpo, para assim dotar o Corpo de vista. As mãos não podem,
com seu sentido do tato, discernir o cheiro de algo; porém, o nariz sim, serve ao Corpo com sua
habilidade do olfato. Deste modo, o olfato faz-se o ministério específico do nariz para o Corpo. Também
os ouvidos servem ao Corpo, porém com a audição. Assim que a audição é o ministério específico
daquele membro do Corpo de Cristo, e ele se faz de ouvido ao Corpo. E o resultado da função de cada
serviço será o crescimento da força do Corpo, ocasionando-lhe maior conhecimento de Cristo. Deste
modo, o serviço ou ministério do membro é servir à Igreja com Cristo, e assim repartir Cristo aos
demais.

O serviço ao Corpo de Cristo baseia-se no conhecimento de Cristo; e este conhecimento vem da


experiência da vida, não da doutrina. O homem substitui com freqüência a vida pela doutrina ou
pelos ensinamentos. Isto é um grande equívoco, visto que a doutrina por si só não possui valor. As
pessoas podem ter ouvido um ensinamento, recitá-lo e até pregar sobre ele, porém seu entendimento
não tem sido aberto porque realmente não vêem. O conhecer um ensinamento não ajuda às pessoas.
Conhecer um ensinamento dá, no máximo, mais pensamento ao cérebro. Deus quer mostrar uma
doutrina com a vida. Portanto, Ele primeiro dá a vida e, depois, a doutrina. Isto é verdade desde o Antigo
Testamento até o Novo. Por exemplo: Deus conseguiu fazer que Abraão fosse o pai da fé. Todo aquele
que estuda a vida de Abraão vê a doutrina da fé. Ou, para dar outro exemplo, Abel deu-se conta de que
sem o sangue não se podia achegar-se a Deus. Assim que a vida de Abel representa o ensinamento de ser
justificado pelo sangue de Cristo (Rm 5:9).

No Novo Testamento, constatamos que ocorre o mesmo. Note que os Evangelhos precedem as Epístolas.
Os Evangelhos contam primeiro o que Cristo tem feito, e só depois as Epístolas explicam o que
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verdadeiramente resultou disto. Primeiro a experiência de Cristo, logo a doutrina de Cristo. Primeiro a
vida de Cristo, logo os ensinamentos de Cristo. Primeiro a vida, logo a doutrina. Primeiro um problema,
logo a solução. Primeiro uma experiência, logo o ensinamento.

Martinho Lutero passou e sofreu muitas tribulações, entretanto não conseguia a justificação. Até que um
dia Deus mostrou-lhe que a justificação é pela fé. Somente pela fé é que seria justificado. E, desde então,
apresentou o ensinamento da justificação pela fé. Primeiro a fé, logo a doutrina correspondente.

Não nos detenhamos examinando, analisando e investigando a doutrina. Todas estas atividades não são
senão caniços que não o sustentarão quando você se enfrentar com as dificuldades da vida real. É Deus
Que levará você. Primeiro a experiência, logo a doutrina.

Se uma pessoa não tem um conhecimento experimental de Cristo, esta pessoa não tem
ministério. É por ter recebido em vida algo particular d'Ele que se forma um ministério. A característica
de um membro é o ministério ou serviço deste membro. A mão, por exemplo, tem sua característica
particular; portanto é esta característica a que passa a ser seu ministério ao Corpo. Todo o sofrimento, a
disciplina ou as provas são utilizados por Deus para incorporar sua Palavra em nós, para que possamos
ter aIgo que oferecer à Igreja. Fora de Cristo, fora da vida, não existe nada de serviço para o Corpo de
Cristo. Cristo é a vida; é com Ele que provemos para a Igreja o que a edifica. Aquele que não tem vida
leva a morte a uma reunião de oração, ainda que só diga amém. O sentar-se com uma pessoa com
vida fará com que os demais sintam a vida que está nele. O quanto alguém conhece Cristo estabelece a
proporção de vida que este membro pode proporcionar à Igreja.

Hoje em dia, Deus busca a pessoas em quem possa depositar uma quantidade abundante da vida de
Cristo, para que elas passem esta vida a outros. A vida necessita de um canal. E Deus quer que o
homem seja este canal de vida. Ele utilizará o homem para transmitir vida ao Corpo de Cristo. Se
a vida não passa mais adiante através de você ou de mim, não poderemos prover vida aos demais, e a
Igreja ficará sem vida. Porque em vez de estendermos o suprimento de vida à Igreja, estendemos morte.

Não existe sequer uma derrota pessoal que não afete adversamente à Igreja. Em conseqüência, no
Corpo de Cristo, quando um membro sofre, todos os membros sofrem com este membro. Ainda que um
membro seja derrotado em sua própria casa, se, por exemplo, descuida da oração, todo o Corpo
sofrerá. Cada membro pode influenciar os demais. Assim, não vivamos para nós mesmos. Mantenhamo-
nos ligados firmemente à Cabeça e busquemos a comunhão. Antes de tomarmos certas decisões,
tenhamos comunhão. Tudo está no Corpo, por meio do Corpo e para o Corpo; não no indivíduo, nem
por meio do indivíduo, nem para o indivíduo. Que Deus faça com que vejamos o Corpo! Que Ele utilize
também nosso ministério para servir à Igreja, conforme nosso conhecimento verdadeiro de Cristo.

A FUNÇÃO E A HARMONIA DOS MEMBROS 5


(Rm 12:4,5) (Ef 4:12,13) (Ef 4:15,16)

1 - A Função Dos Membros

Para quem vive para o Senhor e tem sido resgatado do "eu", a parte mais importante de sua vida externa
é poder manifestar sua função na Igreja. É completamente certo que cada membro no Corpo de Cristo
tem seu lugar. Se você, como membro, deixa de desempenhar sua função, apenas mostra, exteriormente,
que não tem vivido para o Senhor e, interiormente, que não tem sido resgatado de si mesmo. Uma vez
sendo resgatado de si mesmo, você exibiria espontaneamente sua função particular na Igreja.

Você como irmão ou você como irmã têm uma parte, uma porção de uma dada função na Igreja. Por
mais que você sinta que tem sido resgatado de si mesmo e que vive pelo Senhor, seu sentimento não
somente é equivocado, mas também um engano, se você não manifesta sua função como membro da
Igreja. Se de fato você tem sido resgatado de si mesmo e verdadeiramente vive para o Senhor, uma coisa
em sua vida será segura: Você manifestará no Corpo aquela porção da função ou ofício especial que você
tem como irmão ou irmã.

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Nunca pense que a graça que você tem recebido seja tão insignificante a ponto de você não ter função na
Igreja. Se você é um membro, então você tem uma função definida. Não há ninguém que tenha a vida de
Deus que não seja um membro do Corpo de Cristo, e nenhum membro é tão pequeno que não tenha uma
função especial. Até mesmo o menor de todos os membros ainda assim tem sua função no Corpo, e esta
função particular não pode ser substituída por nenhum outro membro. Por menor que seja sua função,
ninguém pode substituí-lo. Nem a maior função do Corpo pode substituir a menor; ninguém pode tomar
o lugar de outro. Você não pode me substituir, nem eu a você. Oh, se nos déssemos conta disto,
saltaríamos de alegria!

Com relação a isto, note que os Evangelhos do Novo Testamento são escritos por quatro pessoas
diferentes. Quando você lê o Evangelho de Mateus, vê um aspecto de Cristo; ao ler o Evangelho de
Marcos, discerne outro aspecto de Cristo; ao ler o Evangelho de Lucas, manifesta-se ainda outro aspecto
da santidade de Cristo; e ao ler o Evangelho de João, você ainda tem outro aspecto da glória de Cristo. E
mais: Quando você lê as Epístolas de Pedro, você contempla o esplendor de Cristo; ao ler as Epístolas de
Paulo, existe ainda outra apresentação de Cristo; e ao consultar as Epístolas de João, você tem que
confessar que sua descrição da beleza gloriosa de Cristo excede tudo o que tem sido escrito.

De tudo isto, devo concluir que nosso Senhor é tão e de todas as nações para poderem expressá-Lo. Você
precisa entender que o fluxo de vida fluindo é a expressão de Cristo; e é no Corpo de Cristo onde se
manifesta esta vida em toda a sua beleza e glória variadas, por meio dos membros do Corpo.

Precisamos reconhecer que a vida é uma unidade inteira, porém que ela é expressada por meio de
vários ofícios ou funções que os distintos membros manifestam. Quando esta vida de Cristo flui aos
ouvidos, ali haverá audição; quando flui aos olhos, ali haverá visão; quando flui aos pés, poder-se-á
caminhar; quando flui à boca, poder-se-á falar; e quando flui aos dentes, haverá mastigação. Esta vida é
verdadeiramente uma, entretanto as funções são muitas; e ainda que sejam muitas funções, são todas de
uma mesma vida. O que flui dentro de você e dentro de mim é a mesma vida de Cristo, porém as funções
que operam em você e em mim são diferentes.

Com freqüência, o que um irmão faz, nenhum outro pode fazer da mesma maneira. Com respeito a um
assunto particular da Igreja, você precisa buscar a um irmão específico; enquanto que, com respeito a
outro assunto, você buscará a uma irmã específica. Basta mudar o irmão ou a irmã e o resultado será
que o assunto não será resolvido. Como membro particular no Corpo, você tem sua função específica. E
a função que opera em você, conforme a vida que flui em você, é algo que nenhuma outra pessoa
pode substituir. Por menor que você seja como membro, você tem o seu lugar.

Os irmãos podem provar a si mesmos neste aspecto de maneira muito fácil: Se hoje, em uma assembléia
local, você não tem manifestado ainda a sua função - e isto não por causa de que a sua função seja
pequena, mas sim porque a sua presença ou ausência nesta Igreja parecem-lhe opcionais - então isto é
prova suficiente de que você não vive exteriormente para o Senhor, e que interiormente a sua vida não
tem sido resgatada de si mesma. Isto é uma prova concreta.

2 - A Obra De Desintegração De Satanás

Necessitamos saber que, para propagar Seu Evangelho, fazer Sua obra, e cumprir Sua vontade na terra, o
Senhor precisa utilizar o Seu Corpo. Nem a Sua vontade nem o Seu caminho podem ser realizados por
uma só pessoa, visto que o Senhor não opera através de um homem mas através da Igreja. O vaso que
Deus utiliza é a Igreja, não um indivíduo. A vida e o poder de Cristo encontram sua manifestação mais
rica através do Corpo de Cristo.

Por esta razão, satanás esforça-se por conseguir a "desintegração" do Corpo de Cristo. Este chega a ser o
assunto que mais lhe interessa. Se nos dermos conta disso, reconheceremos quão séria é esta obra
satânica da "desintegração"; surgem a suspeita e o receio entre os irmãos e irmãs, criam-se facilmente
mal-entendidos. Isto é satanás realizando sua obra desintegradora. Um culpa a um irmão, e este último
murmura contra uma irmã. Entretanto, se o caso é investigado, não há nada que possa ser considerado
sério. Isto também é satanás realizando sua obra de esmigalhar o Corpo.

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Satanás induz os filhos de Deus a que se dividam; impulsiona-lhes a desintegrarem-se como Corpo. A
obra de Deus é fazer de nós um Corpo; porém a obra de satanás é a de despedaçar-nos. Satanás utiliza
nossa carne corrupta, nosso ser obstinado, e o mundo que cobiçamos para realizar sua obra de
destruição. Assim que, de fato, o problema não está em que nossa carne não tenha sido tratada, nem em
não havermos nos prostrado, nem tampouco em que vivamos conforme o mundo - mas baseia-se no fato
de que satanás utiliza estas debilidades nossas como instrumentos para a sua obra de esmigalhamento e
de divisão. Se deixamos que estes elementos permaneçam em nossa vida, damos lugar para que satanás
obtenha sua obra de desintegração.

Que idéia possuímos, de fato, da unidade? De maneira simples, a unidade é Deus Mesmo. Por que é
assim? Porque quando separamos as coisas que ficam fora de Deus e começamos a viver n'Ele, então
Deus que está em nós chega a ser a unidade. A unidade realiza-se quando Deus adquire o Seu lugar
absoluto em nós. Quando somente Ele é tudo, quando Ele enche tudo. Quando os filhos de Deus estão
cheios de Deus, harmonizam-se então uns com os outros.

De fato, satanás, em seus intentos de desintegrar-nos como Corpo, não necessita incitar a rebelião
através das opiniões e dissensões que possuímos; basta-lhe conseguir implantar alguma impureza em
nós ou outra coisa que ocupe o lugar de Deus. Vamos ilustrar isto: Você tem visto alguma vez como se
mistura o cimento? Se existe argila na areia, o cimento não se consolidará totalmente. Do mesmo modo,
para que satanás destrua nossa unidade no Corpo, ele necessita apenas derramar um pouco de lodo -
isto é, algo que é incompatível com a vida de Deus em nós - e nós, como Corpo, desintegrar-nos-emos. As
opiniões e as dissensões nem são necessárias, basta o derramamento de um pouco de lodo entre nós.
Continuamos tomando o pão e bebendo o sangue, porém, de todas as formas, podemos estar divididos.

O Corpo de Cristo não é basicamente uma doutrina, nem tampouco uma espécie de disposição, mas é
basicamente a vida. O que é a Igreja? A Igreja não é somente uma doutrina conforme as Escrituras; ela
tampouco é somente um método conforme as Escrituras; mas é basicamente uma vida, a saber, a
manifestação da vida de Cristo.

A unidade não se baseia em nada mais que a vida. Satanás só necessita misturar algumas impurezas em
nós e nos outros secretamente; de modo que, ainda que entre nós não exista a mínima discordância de
opiniões nem a menor indicação de dissensão, entretanto, sem saber, o Corpo está no processo de
desintegração.

Que o Senhor tenha misericórdia de nós e filtre de nós toda impureza! Oh, Senhor, pela cruz e o Espírito
Santo, filtra-nos e purifica-nos!

Quão evidente é que todos nós necessitamos investigar o lugar que têm nossas próprias inclinações e
desejos. Que lugar têm em nós nosso próprio objetivo? Que lugar em nós ocupa nossa própria obra? Ou
será que deixamos que a vida de Cristo ocupe o lugar absoluto dentro de nós? Oh, quanto necessitamos
voltar a Deus! Não necessitamos de um avivamento exterior. Só necessitamos de uma coisa, isto é,
voltar-nos interiormente a Deus e deixar que Ele nos limpe e purifique com a cruz e o Espírito Santo. Ao
sermos filtrados pela cruz e o Espírito Santo, oramos e esperamos que seremos limpados de todas as
impurezas que satanás tem misturado em nós. Que o Senhor tenha misericórdia de nós para que não
confiemos em nós mesmos, porque até mesmo o sentimento de ter razão pode ser utilizado por
satanás para realizar sua obra de desintegração!

Necessitamos de aprender a ir a Deus para obtermos iluminação, necessitamos de aprender a ir entre os


irmãos e irmãs para correção. Precisamos está dispostos a pagar o preço e aceitar o tratamento da cruz,
para podermos manifestar verdadeiramente nossas funções como membros da Igreja.

Não dizemos continuamente que amamos ao Senhor? Não dizemos que nos temos entregue a Ele? Então
não temos que nos conservar, nem tampouco temos que temer pagar o preço; mas temos que
permitir ao Senhor que nos limpe de todas as impurezas que são incompatíveis para que a vida de
Cristo possa ser expressada por meio de nós; e que possamos manifestar em nossa vida nossas funções
variadas como membros do Corpo, e que também possamos viver o testemunho do Corpo de Cristo.

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OBEDECENDO A LEI DO CORPO DE CRISTO 6
(At 8:4-8) (At 8:12) (At 8:14-17) (I Tm 5:22) (1 Tm 4:14) (2 Tm 1:6) (Tg 5:14-16) (At 9:3-17) (Mt
18:15-17)

Se queremos viver a vida do Corpo de Cristo, primeiro precisamos receber a revelação do Corpo de
Cristo. Sem esta revelação, nunca cessaremos de mover-nos de modo individual. Algumas pessoas
consideram que o ver o Corpo de Cristo não é nenhuma coisa surpreendente, porém demo-nos conta de
que não podemos pronunciar palavras vazias. Porque se alguém realmente tem percebido ao Corpo de
Cristo, deve reconhecer que o Corpo tem sua própria lei, na qual ele deve viver continuamente. Todo
aquele que tem visto a Cristo não confiará em suas boas ações para a salvação. Igualmente, uma pessoa
que diz ter visto o Corpo de Cristo e entretanto continua atuando de maneira independente, sem
manter-se ligado firmemente à Cabeça, nunca recebeu a revelação do Corpo. Porque, ao ter recebido
verdadeiramente esta revelação, estaria obrigada a mudar. Esta pessoa buscaria a comunhão e
aprenderia a submissão.

1 - A Autoridade Da Vida

Nenhum membro tem autoridade, porque a autoridade pertence somente à Cabeça. Seria um equívoco
se um membro alegasse possuir esta autoridade; um membro só tem a autoridade que a Cabeça tem lhe
delegado. E esta autoridade não é algo que dependa da posição, mas é algo totalmente da vida. Esta
autoridade não vem por meio da "nomeação", mas sim pelo "ser". Se um membro não é um olho, o Corpo
não pode estabelecê-lo como olho. Se não é mão, o Corpo não pode fazer-lhe mão ao nomeá-lo assim.
Um membro tem a autoridade de sustentar ou de ver somente porque tem a condição de sustentar ou
de ver. E visto que funciona de acordo com esta norma, os demais recebem ajuda.

E seria um equivoco se, em uma Igreja, a autoridade chegasse a ser um assunto de posição e não de vida;
se alguém fosse nomeado por sua posição social e não por sua espiritualidade. A Palavra de Deus
mostra-nos claramente que a autoridade está baseada na vida, e não na posição ou no ambiente social. A
autoridade fica estabelecida em uma pessoa mediante o seu viver, não por meio da nomeação.
Esta pessoa, em sua vida pessoal e corporativa, tem adquirido muitas experiências em afazeres e
assuntos práticos, e tem aprendido o que os demais ainda estão por aprender. No Corpo de Cristo, toda
autoridade vem da vida.

Ainda que, em uma assembléia local, Deus tenha a Sua nomeação, ainda assim esta nomeação não é
conforme a posição, mas conforme a vida. Quando a vida e a nomeação concordam, você deve se
submeter; de outro modo, a vida cessará em você e você será separado do Corpo - significando com isso
que você não se mantém ligado firmemente à Cabeça. Se algo faz mediação entre você e outro irmão,
você não pode dizer que tem uma relação normal com a Cabeça. Se você tem feito mal a outro membro
do Corpo, pode ser que você não se esqueça de nenhum ensinamento e pode ser que siga em sua obra de
ministério como antes, porém você perderá a Palavra da vida. Talvez, hoje, faça mais de três anos que
alguns irmãos já creram no Senhor. Porém, quanto progresso real eles têm feito? O mais lamentável é
que, ainda que pareçam ter aumentado sua cortesia e conhecimento, a vida do Corpo de Cristo não tem
aumentado neles.

Assim que, na Igreja, precisamos aprender a submetermo-nos uns aos outros. Se os membros não se
submetem mutuamente, a vida que se menciona em Romanos 8 não poderá manifestar-se. Pelo
contrário, os irmãos sentirão como se o ar fosse-lhes embora - eles apenas podem seguir de forma
exterior... Porém, aqueles que têm percebido o Corpo de Cristo consideram que a submissão é algo
jubiloso.

Em Atos 8, temos um caso que ilustra a lei do Corpo. Quando a Igreja de Jerusalém sofreu sua primeira
grande perseguição, todos os irmãos, com a exceção dos apóstolos, foram espalhados por todas as
partes. Aqueles que foram espalhados seguiram pregando a Palavra de Deus. Ora, Filipe não era
apóstolo, porque seu ministério em Jerusalém consistia em servir às mesas. Entretanto, havia muita vida
nele. Ele foi à cidade de Samaria e proclamou a Cristo às pessoas que ali havia. Operou sinais e muitos
espíritos imundos saíram e muitos paralíticos e coxos foram sarados. A cidade inteira estava cheia do

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som do Evangelho. E a Bíblia ressalta que "houve grande alegria naquela cidade" (v. 8) - indicando que
muitos creram.

Tendo sido utilizado tão poderosamente pelo Senhor, Filipe, se tivesse desejado, podia ter declarado
que, ainda que em Jerusalém era Pedro quem salvava almas, em Samaria quem salvava almas era ele
mesmo - Filipe. Filipe podia ter se considerado como um grande homem na história. Entretanto, depois
que Filipe havia pregado o Evangelho em Samaria, a experiência dos que foram salvos resultou diferente
da experiência dos que haviam sido salvos em Jerusalém - porque em Samaria o Espírito Santo não
havia descido sobre nenhum deles. Estes samaritanos haviam crido verdadeiramente e tinham sido
batizados no nome do Senhor Jesus, porém o Espírito Santo não descera sobre nenhum deles. Ora,
quando os apóstolos de Jerusalém ouviram isto, enviaram a Pedro e João até Samaria. Estes, depois de
sua chegada, oraram pelos novos convertidos para que recebessem o Espírito Santo. Os apóstolos
impuseram suas mãos sobre eles, e deste modo receberam o Espírito Santo.

Qual é o significado do fato de impor as mãos? O livro de Levítico diz-nos que, durante a oferenda de um
sacrifício, as mãos do que oferta ficavam postas sobre a cabeça do animal sacrificado. O que representa
este impor das mãos sobre o sacrifício? Somente aqueles touros sobre os quais se haviam posto as mãos
podiam ser sacrificados; nenhum outro touro do mundo podia ser dado em oferenda. Por quê?
Simplesmente porque o impor das mãos sobre o touro junta ao que impõe as mãos e ao touro, e faz
deles uma unidade. O touro toma o lugar daquele que o oferece. Ao ofertar o touro, o que dá a oferenda
não faz senão oferecer-se a si mesmo. Quando o touro é aceito, aquele que o oferece é aceito também.
Assim que o significado básico do impor das mãos é a união.

O Novo Testamento também menciona várias vezes o impor das mãos. Uma passagem da Carta a
Timóteo menciona-o assim: "A ninguém imponhas precipitada-mente as mãos. Não te tomes cúmplice
de pecados de outrem. Conserva-te a ti mesmo puro" (ITm 5:22). Visto que o impor das mãos é uma
união com o outro, se não houver o devido cuidado, ocorre como conseqüência que o que impõe as
mãos participa dos pecados dos outros. O impor das mãos significa a união, que, por sua vez, significa
comunhão. No Antigo Testamento, ao se estabelecer um rei ou um sacerdote, impunham-se-lhe as mãos
sobre a cabeça, assim como ungia-se-lhe com azeite. Por conseguinte, impor das mãos significa,
primeiro, levar as pessoas para debaixo da unção da Cabeça e, segundo, juntá-las na comunhão do
Corpo.

Hoje em dia, na Igreja, os apóstolos são os membros representativos do Corpo de Cristo. Eles também
representam a autoridade de Cristo. Quando os apóstolos impuseram as mãos sobre os crentes de
Samaria, deram-se conta de que estes agora estavam no Corpo. A partir do momento em que estes
crentes entraram no Corpo, o Espírito Santo desceu sobre eles.

Suponhamos que os que haviam sido salvos em Samaria tivessem recebido o Espírito Santo antes da
chegada dos apóstolos; Filipe poderia ter chegado à conclusão de que, se os apóstolos sabiam trabalhar
em Jerusalém, ele sabia como trabalhar em Samaria como conseqüência, os que se salvaram em Samaria
não haveriam se unido aos salvos de Jerusalém. Assim, pois, se tivesse sido dito que Jerusalém tinha a
Pedro e Samaria tinha a Filipe, isto teria destruído o princípio do Corpo. Porque, se tivesse sido este o
caso, a obra que Deus havia feito em Jerusalém e a obra que havia feito em Samaria teriam sido duas
obras distintas, e não uma só obra, sem diferença, embora em dois lugares distintos. Por esta razão, este
incidente em Samaria e importante, visto que fez com que os crentes de Samaria se dessem conta de que
não teriam a unção, exceto se eles se submetessem ao Corpo Único de Cristo. Eles precisaram esperar
até que os apóstolos chegassem de Jerusalém e impusessem-lhes as mãos; porque foi somente então que
o Espírito Santo desceu sobre eles.

Como temos necessidade de ver que o Espírito Santo é o Espírito do Corpo único, e não o Espírito de um
indivíduo. E visto que é assim, é basicamente equivocado buscar ao Espírito Santo em benefício de si
mesmo. Por que é que alguns são enganados? Por que, por exemplo, alguns crentes são os
recipientes de espíritos imundos? Por causa do individualismo - porque não têm percebido ao
Corpo. O tipo de vaso que o Senhor busca hoje em dia é corporativo, e não individual. A obra individual
e o fruto individual nunca podem satisfazer inteiramente o coração do Senhor, nem nunca tampouco
realizarão o propósito final de Deus. O princípio de impor as mãos deve estar em cada obra. Nesta

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imposição das mãos está o reconhecimento da comunhão. Na imposição das mãos está a confissão do
Corpo único.

"Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que
é perfeito, não lançando, de novo, a base do arrependimento de obras mortas e da fé em Deus, o ensino
de batismos e da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno" (Hb 6:1,2). Nesta
passagem, encontramos os seis assuntos que constituem a doutrina dos primeiros princípios de Cristo, e
estes seis podem se dividir em três grupos de dois princípios: O primeiro grupo inclui duas ações; o
segundo, dois testemunhos externos; e o terceiro, dois ensinamentos com respeito ao futuro. O
arrependimento de obras mortas e a fé em Deus são duas ações; o batismo e a imposição das mãos
representam dois testemunhos externos; e a ressurreição dos mortos e o juízo eterno formam dois
ensinamentos com respeito ao futuro. É interessante que, hoje em dia, não descuidamos de cinco destes
seis assuntos, porém não damos a devida atenção ao que trata da imposição das mãos. Ainda. Que a
Bíblia não nos dê nenhum mandamento específico sobre a imposição das mãos, não podemos negar que
as pessoas salvas na época apostólica recebiam a imposição das mãos imediatamente depois e serem
batizadas. O batismo é em direção a Cristo, a imposição de mãos é em direção ao Corpo. Na imposição de
mãos, o crente testifica com respeito à sua relação com o Corpo assim como à sua relação com Cristo. A
imposição de mãos fala do fato de que o crente tem que submeter-se à autoridade da Cabeça e não pode
atuar de forma independente, que ele tem que negar todo individualismo na obra, assim como na vida.

"De maneira que, se um membro sofre", disse Paulo, "todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado,
com ele todos se regozijam" (1Co 12:26). Com a imposição de mãos, um crente dá testemunho de ter
sido resgatado do individualismo e de ter entrado como membro do Corpo de Cristo. Quando uma
pessoa recebe a imposição de mãos, ela faz isso como sinal de querer ter seu lugar apropriado no Corpo.

2 - Repartir Dons Pela Imposição De Mãos

"Por esta razão, pois, te admoesto", disse Paulo a Timóteo, "que reavives o dom de Deus que há em ti
pela imposição das minhas mãos" (II Tm 1:6). Esta passagem significa que o dom de Deus que o jovem
Timóteo recebeu, quando experimentou a imposição das mãos, deveria ser recordado e avivado. E mais
ainda, em outra passagem, Paulo também disse o seguinte a Timóteo: "Não te faças negligente para com
o dom que há em ti, o qual te foi concedido mediante profecia, com a imposição das mãos do
presbitério" (I Tm 4:14). No ocorrido a que esta passagem se refere, o apóstolo e os anciãos haviam
repartido este dom a Timóteo por meio da profecia. O que reparte o dom certamente é a Unção divina.
Quando Paulo e os anciãos impuseram suas mãos sobre Timóteo e oraram, Deus deu a um deles uma
oração profética que predizia que tipo de pessoa seria Timóteo. E esta oração regulamentou a doação do
dom. Quando alguém que tem tido uma experiência profunda com o Senhor impõe suas mãos sobre os
demais, o conteúdo de sua oração será uma característica da pessoa que recebe a imposição das mãos.
Porque a autoridade da Cabeça é transferida por meio de um membro representativo, e assim se
concede um dom adequado ao que recebe a imposição das mãos.

Todos os que têm recebido a imposição de mãos devem ver que, desde aquele momento em diante, eles
chegam a ser parte do Corpo; daquele momento em diante, eles não buscarão a espiritualidade para seu
proveito pessoal, mas para o bem do Corpo. Daquele momento em diante, não há diferença, tanto se o
Senhor usa a eles como se usa aos outros. Eles não terão inveja quando outro membro for utilizado. Oh,
quantas obras são feitas a título pessoal! Oh, quanta busca é com vistas ao benefício espiritual pessoal!
Que Deus nos livre de tudo isto, assim como tem nos livrado do pecado!

3 - A Oração Com A Unção

"Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-
o com óleo em nome do Senhor" (Tg 5:14). Este versículo deve ser lido junto a uma passagem de 1
Coríntios 11: "Pois quem come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão
porque há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem" (vs. 29,30).

Existem muitas razões que explicam a enfermidade: Algumas se explicam por uma infração das leis
fisiológicas naturais, outras pela infração da lei do Corpo de Cristo. Se um cristão não discerne o
Corpo e não segue à lei do Corpo, ele sofrerá debilidade e enfermidade. Com uma enfermidade deste
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tipo, terá que pedir aos anciãos para que venham até ele. Estes anciãos são estabelecidos por Deus na
assembléia local. São membros representativos. Representam o Corpo de Cristo na localidade. Eles virão
e ungirão ao enfermo com azeite.

"É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla dos
seus vestidos" (Sl 133:2-VRC). No sacerdócio anterior, derramava-se o azeite sobre a cabeça de Arão, o
sumo sacerdote, e o azeite descia da cabeça até à orla das suas vestes. O Azeite de Deus está sobre a
cabeça de Cristo, porque ao Filho foi-Lhe concedido o Espírito Santo. Deste modo, os cristãos recebem a
unção debaixo da cabeça de Cristo, seu Sumo Sacerdote. Por que esta pessoa enferma pede aos anciãos
para que venham e unjam-na com azeite? Quando uma pessoa está enferma, você pode saber
imediatamente que enfermidade ela tem, se souber o medicamento que o médico tem lhe receitado.
Aqui na Carta de Tiago, o apóstolo diz-nos o que Deus tem receitado ao enfermo. O enfermo deve pedir
aos anciãos para que venham e unjam-no com azeite. A unção com azeite é aquilo que se tem receitado
para o seu caso de enfermidade. Então, por que esta receita? Porque ele tem perdido a Unção. Se
tivesse permanecido em seu lugar adequado como membro, não teria perdido a Unção e não
teria caído enfermo. Porém, por não ter discernido o Corpo, está enfermo. Sob estas circunstâncias,
que farão os anciãos? Porão o enfermo outra vez debaixo da autoridade da Cabeça e farão com que volte
à vida do Corpo. Se o crente vive no Corpo, não perderá a Unção; porém, se anda fora do Corpo, ou cairá
enfermo ou morrerá. Entendemos disto que agimos bem se discernimos verdadeiramente a vida do
Corpo e vivemos dentro do mesmo.

A enfermidade que se menciona em Tiago 5 é, pois, uma enfermidade especial. Como sei que e uma
enfermidade especial e não uma enfermidade comum? Sei porque no versículo seguinte o apóstolo
escreve: "E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-
lhe-ão perdoados" (v.15). Que pecado ele cometeu? Aqui, seu pecado deve ter sido o de deixar o Corpo
de Cristo. Se o pecado cometido fosse de natureza pessoal, tudo o que ele deveria fazer seria confiar no
Sangue precioso e, se fosse necessário, confessar seu pecado às pessoas afetadas, e tudo teria sido
solucionado; então, teria sido perdoado. Nesse caso, não teria necessitado que os anciãos chegassem e
ungissem-lhe com azeite para receber o perdão. A unção com azeite por parte dos anciãos não pode
tirar o pecado; é o Sangue de Jesus o que lava os pecados. De todos os modos, o que se escreve aqui e
que "Se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados"; e este perdão vem por meio da oração dos
anciãos. Deste modo, este pecado é diferente do pecado comum. Este é o pecado da desarmonia com o
Corpo. Este tipo de pecado não será perdoado mesmo que o próprio enfermo ore a Deus. Ele necessita
dos irmãos, necessita que os anciãos venham e orem por ele. Somente então será perdoado. Ele
necessita da ajuda dos demais.

O próximo versículo é muito especial: "Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos
Outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo" (Tg 5:16). Por que se
menciona aqui "Confessai os vossos pecados uns aos outros"? Simplesmente porque existe algo que não
vai bem no Corpo de Cristo, e portanto é necessário confessarem-se uns aos outros os seus pecados.

O enfermo tem que confessar seus pecados aos anciãos, e vice-versa. Isto nos mostra que, quando
um membro está equivocado, o Corpo inteiro é responsável. No Corpo de Cristo, se um membro está
enfermo, então os anciãos da Igreja inteira têm a responsabilidade. Talvez os anciãos não mostrem
suficiente amor ou cuidado. Todos têm que confessar este pecado. A pessoa enferma, certamente,
também deve confessar seu pecado - o pecado de ser independente e de manter-se sem comunicação
com o Corpo.

Eles não apenas devem se confessar uns aos outros, mas também devem "orar uns pelos outros"; os
anciãos orarão de novo pelos enfermos e os enfermos orarão pelos anciãos. Isto mostra suficientemente
a necessidade de amor e humildade na Igreja. Quando uma pessoa aparta-se assim do Corpo, ela não só
está enferma fisicamente, mas também está morrendo espiritualmente. Porque, quando alguém não está
em contato com o Corpo, está fora da Unção. Quão importante é que esta pessoa veja a necessidade de
voltar à Unção e ao Corpo!

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4 - A Revelação Que Paulo Recebeu Ao Arrepender-se

Atos 9 mostra-nos que, no tempo do arrependimento de Paulo, a revelação que ele recebeu possuía dois
aspectos. Ao avançar pelo caminho em direção a Damasco, uma luz do céu caiu sobre ele. Paulo caiu por
terra e ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, por que Me persegues?" O Senhor estava dizendo:
“Por que Me persegues?" Ele não estava dizendo: "Por que persegues aos que crêem em Mim" E assim,
Paulo perguntou: "Quem és Tu, Senhor?" Então, o Senhor respondeu: "Eu sou Jesus, a Quem tu
persegues" (vs. 33). Nesta ocasião, o Senhor mostrou a Paulo que todos os que crêem n'Ele são um com
Ele. Este foi o primeiro aspecto da revelação de Deus a Paulo, a saber, a íntima e indivisível Unidade
entre a Cabeça e o Corpo. Paulo foi o primeiro homem da Bíblia que viu o testemunho do Corpo de
Cristo. Ninguém pode tocar em um membro sem, por sua vez, tocar na Cabeça. Por esta razão, jamais
pensemos que podemos pecar contra nosso irmão sem pecarmos ao mesmo tempo contra Cristo.
Tenhamos sempre presente que quem toca no membro do Corpo, por menor que ele seja, toca também
na Cabeça do Corpo. O que é maltratado é o membro; porém quem sente é a Cabeça.

Paulo foi um homem a quem Deus utilizou muito. Entretanto, no caminho para Damasco, o Senhor disse
lhe: "Mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer" (v.6). O que o Senhor dizia
com isto era o seguinte: "Eu não lhe direi o que você deve fazer, mas outro lhe dirá". O Senhor utilizou
outra pessoa para comunicar a mensagem a Paulo. Esta é uma revelação do Corpo, e este segundo
aspecto da revelação de Deus a Paulo tem tanta importância quanto o primeiro. No primeiro dia da
salvação de Paulo, o Senhor revelou-lhe a lei ou o principio do Corpo. Ainda que Paulo tinha que ser um
vaso muito freqüentemente utilizado pelo Senhor, entretanto, o Senhor utilizaria outros para ajudarem
a Paulo. Deste modo, jamais pensemos que não precisamos depender dos demais, como se
recebêssemos tudo diretamente de Deus, somente e unicamente assim. Na verdade, isto não é para
ensinar-nos que devemos obedecer cegamente aos demais, mas sim é para advertir-nos que não
devemos exaltar-nos com o pensamento de que exclusivamente nós recebemos a Palavra de Deus, e
para advertir-nos que não podemos solucionar todos os problemas sozinhos.

Atentemos para o que ocorreu a Paulo: "Então, se levantou Saulo da terra e, abrindo os olhos, nada
podia ver. E guiando-o pela mão, levaram-no para Damasco. Esteve três dias sem ver, durante os quais
nada comeu, nem bebeu" (vs. 8,9). Paulo já havia entrado na cidade, porém durante três dias ninguém
veio dizer-lhe o que tinha que fazer. Que teria acontecido se Paulo tivesse ficado impaciente? Depois de
três dias, entretanto, Ananias chegou. Quem era este Ananias? Antes deste ocorrido, nunca havíamos
visto ou ouvido seu nome; e, ainda depois, nunca ouviremos nada mais dele. Ananias não era um homem
de fama, entretanto o Senhor dirigiu-o com autoridade e utilizou-o para ajudar um dos maiores
apóstolos. O entendimento de um grande apóstolo foi aberto não por si mesmo, mas sim por um irmão
que era pouco conhecido. Quando Ananias viu a Saulo (pouco depois conhecido como Paulo), pôs sobre
ele as mãos e disse-lhe: "Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o Próprio Jesus Que te apareceu no
caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo" (v. 17). O fato de
Ananias ter posto suas mãos sobre Paulo e chamado-o de "Irmão Saulo" foi para ensinar a Paulo o que é
o Corpo. E o fato de Paulo ter sido cheio do Espírito Santo foi para levá-lo para debaixo da Unção.

Muitas vezes, a direção do Espírito Santo em nós é conduzir-nos a aceitarmos a direção de outro irmão e
a ajuda dos demais. Se não aceitamos a ajuda do outro, perderemos muito do que o Senhor tem
destinado a nós.. Alguns cristãos decidem tudo com seu por seu próprio sentimento pessoal. Onde, pois,
fica o Corpo? Estes crentes vivem inteiramente na esfera individual; não vêem nem experimentam o
Corpo.

Os irmãos devem se lembrar de seu próprio passado e recordar quantas das ações que têm feito
pertenciam à esfera do Corpo. Cada um de nós precisa ver isto: Que eu sou membro, que estou
constrangido pelo Corpo, que receberei ajuda dos outros membros da Igreja; que Deus, agora mesmo,
está nos ensinando o que é o Corpo, a cada um de nós. Entretanto, qual é o tipo de pessoa que percebe
ao Corpo? É uma pessoa que busca a comunhão, que teme por saber que ela por si só se equivoca, e que
não se atreve a agir independentemente. Esta é a pessoa que tem percebido o Corpo.

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5 - O Juízo Dos Irmãos

As seguintes palavras de Mateus 18 são muito maravilhosas: "Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüi-lo
entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou
duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça" (vs.
15,16). O que se diz nesta passagem não é se você mesmo está se dando conta de que algo não está indo
bem; mas que, se dois ou três irmãos disserem que você tem pecado, então você deve ter pecado. A
ênfase está sobre se existe algo pecaminoso, e não se você sente que existe algo pecaminoso.

Suponhamos, por exemplo, que um irmão declare a você: "Você tem pecado contra mim em certo
assunto". Porém, você mesmo não tem se inteirado de que existe algo pecaminoso. Deste modo, você vai
orar. Depois de orar, você não tem consciência de nada pecaminoso. Assim, você vai e diz ao seu irmão o
seguinte: "Ainda que você diga que tenho pecado contra você, eu não vejo isso. Tenho orado, e contudo
não tenho consciência de ter lhe causado dano. Não oro de maneira descuidada. Tenho orado
verdadeiramente sobre este tema. Não tenho consciência de nenhum pecado. Não é que eu não queira
reconhecer um pecado; pelo contrário, tenho desejo de confessar qualquer pecado. Entretanto, não vejo
nenhum pecado aqui". O seu irmão, então, irá falar com outros irmãos. Depois de ouvirem o assunto,
eles virão a você todos juntos e lhe dirão que você tem pecado. Sendo uma pessoa humilde, você não se
negará a confessar o pecado; porém não pode confessar nesta situação, visto que não vê nenhum
pecado. Deste modo, você vai orar de novo, porém ainda não há nenhuma mudança no seu sentimento
interior acerca do assunto. Entretanto, o Senhor diz que se os seus irmãos juntos dizem que você tem
pecado, então você deve ter pecado, tanto se você vê isso como se não vê.

Outro versículo de Mateus 18 esclarece ainda mais este assunto. Ele nos mostra a razão pela qual devo
ter pecado, mesmo quando eu não sinto assim; ainda que os irmãos me digam que é assim. "Porque,
onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, ali estou no meio deles" (v. 20). Existem alguns que
tomam este versículo como uma promessa. Isto não está certo. O Senhor não nos dá este versículo como
uma base para pedirmos Sua presença. O que este versículo da Escritura diz é que, onde estiverem dois
ou três reunidos no nome do Senhor, ali Ele estará no meio deles.

O fato de estarem reunidos juntos no nome do Senhor significa o abandono do individualismo (isto é
que agora nada é conforme a um individuo em si ) e significa também posicionar-se sobre a base do
Corpo de Cristo. Visto que Cristo está em todos eles, então Ele está no meio deles. Onde dois ou três
negam-se a si mesmos e estão a favor de Cristo. O Senhor Se manifestará. A verdadeira harmonia
expressa o Corpo. Se nos encontramos sobre a base do Corpo de Cristo, então a autoridade do Senhor
está presente. Com Cristo no nosso meio, podemos representar o Corpo. E, portanto, quando outros
irmãos vêem o pecado que você mesmo não vê, você deve escutar aos dois ou três em vez de a si mesmo.
Isto não significa que você deve escutar cegamente às palavras dos demais. Somente se aqueles dois ou
três irmãos verdadeiramente negam-se a si mesmos e estão reunidos no nome do Senhor, então se pode
considerar sábio que você aceite o juízo deles em vez de confiar no seu próprio juízo.

Na Igreja, existem quatro classes de pessoas que representam o Corpo: 1 - Os apóstolos; 2 - Os


anciãos; 3 - Um crente individual enviado especialmente pelo Senhor, como foi o caso de Ananias que foi
enviado especificamente para falar a Paulo; e 4 - Dois ou três crentes que se negam a si mesmos e
reúnem-se no nome do Senhor. Estas quatro classes de pessoas representam o Corpo. No caso de que
você tenha cometido algum pecado, o Senhor pode lhe enviar um crente especialmente só para
informar-lhe sobre o seu pecado. Se você não escuta a um crente sozinho, este dirá isso a dois ou três
mais; e estes dois ou três crentes, por sua vez, virão falar com você. Se ainda assim você resiste e não
escuta, você necessita da ajuda dos anciãos. Você mesmo não pode se permitir atuar de forma
independente.

Em muitos assuntos que não você pode resolver, você necessita recorrer aos anciãos e aos apóstolos,
porque eles têm sido escolhidos especialmente pelo Senhor para representarem o Corpo. Os apóstolos e
os anciãos devem ser notificados com respeito a assuntos importantes, para que possam lhe ajudar em
caso de situações complicadas. Não temos de desprezar o Corpo nem tampouco os que o representam,
de outra forma, não poderemos viver a vida da Igreja. Que o Senhor nos dê não só a revelação do Corpo
para podermos ter o Testemunho do Corpo, mas também graça para submetermo-nos aos que
representam o Corpo.
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Depois que uma pessoa tem recebido a salvação, deve ser introduzida imediatamente na comunhão do
Corpo de Cristo. Que o Senhor nos capacite para obedecermos ao Corpo bem como para obedecermos a
Ele Mesmo. Que Ele nos salve da ação individual e independente e deixemos viver plenamente a vida do
Corpo de Cristo.

A PROTEÇÃO, A SUJEIÇÃO E A PROVISÃO DO CORPO DE CRISTO 7


(Ef 1:22,23) (Ef 4:16) (Ef 5:21) (Ef 6:10-18)

Neste capítulo, investigaremos mais alguns assuntos relacionados ao Corpo de Cristo. Os temas a serem
tratados são:
1- A proteção do Corpo;
2- A restrição ou sujeição do Corpo; e
3- A provisão do Corpo.

1 - A Proteção Do Corpo

Conforme temos visto, a Igreja é o Corpo de Cristo e cada cristão é membro deste Corpo. O Corpo de
Cristo não somente supre, mas também protege os seus membros. A proteção que o Corpo dá a cada
membro se percebe sobretudo nas batalhas espirituais. Esta proteção é de máxima importância. Uma
razão pela qual um filho de Deus é atacado pelo diabo é porque ele é demasiadamente
individualista e não tem a proteção do Corpo. Quão insensato e perigoso é que alguém se exponha
nos dias de conflito espiritual! Visto que esta pessoa não está sob a proteção do Corpo, satanás tem
oportunidade de atacá-la.

Temos de entender que as lutas espirituais pertencem à Igreja, e não a um indivíduo. A Epístola aos
Efésios é uma carta que trata do Corpo de Cristo. Em seu primeiro capítulo, esta carta fala de como Deus
tem nos abençoado com toda bênção espiritual nos lugares celestiais, para que possamos conhecer o
poder da ressurreição de Seu Filho. No mesmo capítulo, ela também mostra-nos que o Senhor Jesus é a
Cabeça da Igreja e que a Igreja é o Corpo de Cristo - o vaso que contém a Cristo. Quão rica é a Igreja ao
estar cheia de Cristo, o Qual enche tudo e está em todos! No segundo capítulo, Paulo explica-nos a
origem do Corpo de Cristo. Ainda que a Igreja seja tão rica, não deve esquecer-se de seu estado anterior.
Ela está em posse de tão rica posição porque a salvação de Deus redimiu-a de sua condição anterior. O
terceiro capítulo trata do mistério de Deus que revela que tanto os gentios como os judeus são levados
juntos para formar um novo homem em Cristo. O capítulo quarto revela que Deus fará crescer o Corpo
de Cristo e fará com que ele aumente gradualmente de estatura. E o capítulo cinco põe a ênfase em que
temos que aceitar a restrição do Corpo, visto que a Igreja é o Corpo de Cristo. E, finalmente, o capítulo
seis menciona a armadura do Corpo: "Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar
firmes" (v.11). Note que é "vós", no plural, e não "tu", no singular, quem têm que revestir-se de toda a
armadura de Deus. Esta armadura especial é para este Corpo especial. É verdade que cada membro tem
sua característica particular. Porém, somente ao ajuntar-se todas estas características particulares
pode-se, então, obter toda a armadura de Deus, a qual equipa o Corpo para as lutas espirituais.

Em vista deste fato, não nos esqueçamos de que esta armadura espiritual é dada à Igreja, e não a alguém
individualmente. Você, como indivíduo, não pode enfrentar-se com satanás. É necessária toda a Igreja
para tratar com o inimigo. O que você, como indivíduo, não pode ver e proteger, os outros membros
vêem e protegem. Satanás não teme a sua oração pessoal, porém treme verdadeiramente quando vários
irmãos oram juntos. Alguns membros do Corpo recebem fé em grandes proporções que, então, podem
utilizar como escudo para lhe proteger. Outros têm a Palavra de Deus em medida especial, e isto pode
servir como a espada do Espírito Santo. Quando um ou vários destes empunham a espada isto é, quando
ele ou eles utilizam a Palavra de Deus - isto serve para lhe proteger. Precisamos dar-nos conta de que a
luta espiritual é primordialmente uma luta em união; não é algo que você possa empreender por sua
própria conta. Se você for à luta sozinho, chamará a atenção de satanás e receberá o seu ataque
conseqüentemente.

Todo aquele que não tem visto o Corpo pensa que é competente para tudo e que ele mesmo é tudo. Tal
pessoa fica derrotada muito facilmente. Uma árvore só é desarraigada com facilidade da terra, porém

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um bosque inteiro de árvores não cede tão facilmente diante do vento. Satanás busca precisamente
estas pessoas solitárias e desabrigadas para atacá-las. Ele assalta os independentes e os isolados.
Porém, todo aquele que está sob o abrigo do Corpo de Cristo está protegido, porque o Corpo tem esta
função específica: Servir de abrigo protetor.

Satanás não pode atacar com preferência aos que gozam da proteção do Corpo. Porém, a pessoa que não
está sob cobertura está exposta a cair, caso ela seja atacada. Isto tem sido demonstrado inumeráveis
vezes com a experiência de muitos cristãos. Por exemplo, certa vez havia um irmão que padecia de má
saúde. Entretanto, isso era devido a que ele era um crente independente e isolado diante do Senhor.
Visto que ele não gozava da proteção do Corpo de Cristo, foi atacado por satanás, por causa de sua
confiança em si mesmo e sua auto-suficiência. Demo-nos conta de que nos expormos é arriscado, que a
confiança em si mesmo e a auto-suficiência são extremamente perigosas. Se nas lutas do mundo a
proteção é necessária para nós, quanto mais necessitamos de proteção nas lutas espirituais! Um bom
irmão que intenta atuar sozinho está metendo-se em sua própria armadilha.

Muitos fracassos e derrotas espirituais não podem ser atribuídos a outra razão que não seja o ter
estado sem a proteção do Corpo. Nós mesmos, cada um de nós, somos membros do Corpo e,
conseqüentemente, não podemos viver sem a proteção dos outros irmãos e irmãs. Até mesmo mãos de
Moisés necessitaram do Apoio de Arão e Hur (Ex 17:12). Se até Moisés Já necessitava do apoio de outros
membros, quanto mais nós!

As portas do Hades não podem prevalecer contra a Igreja. Isto foi o Próprio Senhor Jesus Quem
prometeu (Mt 16:18). Entretanto, nosso Senhor nunca prometeu aos filhos de Deus que eles podiam ser
independentes ou deixar a Igreja. A luta espiritual não é um assunto pessoal, mas é uma tarefa do
Corpo. E, portanto, para obtermos a proteção necessária, precisamos ir aos irmãos. Jamais pensemos,
em relação a nós mesmos, que somos individualmente competentes e que "bastam as minhas forças" -
porque esta vontade só significa que você inflige sofrimento a si mesmo.

Entretanto, como alguém pode confiar nos irmãos se sua vida natural não tem sido tratada? É evidente
que a pessoa cuja vida natural não tem sido tocada, nem pode confiar em Deus, nem nos irmãos.
Nenhuma pessoa que dependa de si mesma e seja orgulhosa pode andar junto com os irmãos. Deste
modo, Deus busca pessoas que conheçam as próprias fraquezas e que, por conseguinte, buscam a
proteção entre os irmãos. O vaso que Deus necessita é todo um Corpo composto dos que reconhecem
que são simplesmente membros individuais que necessitam da ajuda de todo o Corpo. Se alguém entre
os irmãos ou irmãs nunca se junta aos outros e sempre atua de acordo com sua própria vontade, este
cairá inevitavelmente.

Será que não há sequer um irmão ou irmã a quem você possa ir consultar? Será que verdadeiramente
não há ninguém com quem você possa orar? Deixe-me dizer a você que, se o Corpo perde você, você, por
sua vez, perde a proteção do Corpo e passa a estar exposto a grande perigo. Não seja descuidado, porque
até mesmo na luta terrena é necessária a proteção. Nas guerras terrenas, não buscar cobertura quando
se necessita dela é contrário a cada regra sensata de estratégia, e isto constitui uma perigosa paquera
com a morte. Como isto também é verdadeiro nas guerras espirituais! Se alguma vez você perde a
proteção espiritual e ainda assim não lhe ocorre nada, tenha por certo que é somente pela misericórdia
especial de Deus, e isto não evidencia, de forma alguma, que você seja conhecedor de estratégia
espiritual boa e sensata.

2 - A Sujeição Por Parte Do Corpo

Visto que somos simplesmente membros do Corpo de Cristo, nunca devemos pensar que cada um de nós
é o Corpo todo. Ao sermos membros individuais, temos que aceitar a sujeição por parte do Corpo. Se na
Igreja você é uma mão, você não apenas tem que ser feliz em ser uma mão, mas também tem que estar
contente em receber as limitações que vêm dos outros membros. Não deixe que a mão mova-se
independentemente. Cada parte do Corpo está sob as restrições do Corpo; nenhuma parte pode possuir
liberdades individualistas para si. Suponhamos, por exemplo, que agora você está em necessidade de
fazer uma viagem. Mesmo que um membro de seu corpo físico seja preguiçoso, não tendo desejo de
mover-se, ele está obrigado, de todas as formas, a ir com o corpo. É inconcebível que o corpo partisse e

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deixasse aquele membro preguiçoso em casa. É precisamente desta maneira que temos de ser membros
do Corpo de Cristo. Temos de estar bem unidos com os outros irmãos e irmãs.

A obra da cruz, além de levar-nos para dentro do Corpo, possui sua esfera de operações no Corpo
também. Se formos meramente "membros uns dos outros" tal como fazem os membros de uma
denominação, talvez não necessitaremos da cruz. Porém, se estamos unidos como irmãos em um
Corpo, a cruz é necessária. Porque a cruz despojará a você e a mim, despojará nossa vida natural,
nosso movimento independente, nosso ser ensoberbecido. A cruz é uma necessidade entre os cristãos, é
uma necessidade na Igreja. Tanto se ela nos agrada como se não nos agrada, devemos nos comunicar
com nossos irmãos e irmãs visto que estamos todos no mesmo Corpo. Ao estarmos no Corpo, temos
que aceitar as restrições. Nós não podemos nos permitir atuar por conta própria.

Ora, se não queremos ser membros do Corpo, realmente podemos buscar somente nossa própria
satisfação pessoal. Porém, se queremos ser membros, não podemos buscar unicamente nossa própria
satisfação. Se você e eu encontramos um irmão difícil de se conviver, então necessitamos
verdadeiramente da cruz nessas circunstâncias. Porque a cruz põe-nos à prova, a cruz removerá nossas
impurezas. Em resumo, precisamos ter as restrições do Corpo. Estas restrições impossibilitam toda ação
descontrolada. Elas nos recordam da necessidade da cruz. A menos que permitamos que a cruz faça uma
obra suficientemente profunda em nossa vida, não poderemos nos unir adequadamente a nossos irmãos
e irmãs.

Visto que cada cristão é um membro do Corpo de Cristo, por isso deve aceitar a sujeição e deve aprender
a levar a cruz. Alguns membros são altamente individualistas; este individualismo tão aguçado precisa
ser subjugado. Alguns lutam por sua singularidade, e esta singularidade também tem que ser corrigida.
Nenhum cristão na Igreja pode se orgulhar de sua dureza e singularidade. Na Igreja, tudo quanto seja
saliente, cortante, pontiagudo e penetrante deve ser deixado liso e polido.

Nas coisas espirituais, sabemos quanto dependemos dos outros membros, e ao sabermos isto,
conhecemos as restrições do Corpo. Alguns membros recebem de Deus o dom de operar milagres;
outros recebem a graça de pregar o Evangelho; e outros são dotados para serem mestres. Se você tem
sido escolhido para pregar o Evangelho, pregue-o com o coração cheio de gozo e vontade, e seja
bastante humilde para receber o ensinamento da Bíblia daqueles que têm o dom de ensinar. Se você tem
o dom de mestre, não se considere por este fato capacitado em todas as demais coisas. Você deve
respeitar e receber o dom e a obra dos demais. Também nisto precisamos aprender a submissão. O que
não podemos fazer, devemos deixar que os outros façam; e temos que aprender a aceitar a obra dos
outros como se fosse a nossa. Na obra espiritual, ninguém pode fazer tudo por sua própria conta.

Permita-me que eu lhe pergunte: Você tem alguma vez pedido a Deus que Ele lhe mostre qual é a sua
medida diante d'Ele? Você deve edificar conforme à medida que Deus tem lhe concedido. Isto é o que
você pode fazer, e você não deve se exceder. Verifique a sua própria medida e fique dentro desta
medida. Se você aceitar a limitação desta medida, não será tentado pela cobiça ou pela ambição.

A este respeito, atentemos ao que Paulo disse aos crentes de Corinto: "Nós, porém, não nos gloriaremos
sem medida, mas respeitamos o limite da esfera de ação que Deus nos demarcou e que se estende até
vós. Porque não ultrapassamos os nossos limites como se não devêssemos chegar até vós...não nos
gloriaremos fora de medida nos trabalhos alheios e tendo esperança de que, crescendo a vossa fé,
seremos sobremaneira engrandecidos entre vós, dentro da nossa esfera de ação, a fim de anunciar o
Evangelho para além das vossas fronteiras, sem com isto nos gloriarmos de coisas já realizadas em
campo alheio" (II Co 10:13-16).

O exceder minha medida significa entrar na esfera de outro. O exceder minha medida é empurrar e
lançar fora a outros. Tomemos consciência disto: Que a nossa entrega deve fazer-nos obedecer ao Corpo
com humildade assim como temos que obedecer a Cristo.

"Senhor, não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar", disse o rei Davi, "não ando à procura de
grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim" (SI 131:1). Estas coisas que são sublimes
ou demasiado grandes são assuntos que obrigam a pessoa a ultrapassar seus limites. Se todos os
membros de Cristo observarem esta regra - de não se aventurar em áreas que são demasiado grandes e
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demasiado sublimes para eles - todos poderemos edificar na medida devida de cada uma das nossas
respectivas partes, manifestando assim as funções de cada membro. Caso contrário, alguns na Igreja
monopolizarão e outros se absterão; e como resultado, a Igreja sofrerá perdas. Em vista disto,
permitamos que todos os crentes ocupem seus respectivos lugares no Corpo e aceitem suas restrições,
para que a Igreja não sofra dano algum.

3 - A Provisão Do Corpo

O Corpo possui um princípio inerente, que é a comunhão. A comunhão do Corpo significa não somente
receber, mas também prover. Se você se considera somente na posição daquele que recebe, e além disso
se considera que está agindo bem ao somente receber de modo quieto e de maneira ordenada, falta-lhe
a compreensão do significado da provisão do Corpo. Nesse caso, você também será uma carga ao Corpo,
uma aflição e um peso.

Recorde que a comunhão é a vida da Igreja, que a comunhão é um princípio inerente do Corpo. Cada
parte de nosso corpo físico forma parte do fluir constante da vida. Quando se isola uma parte do sistema
de comunicação do corpo, esta parte morre. Porém, quando uma parte está enferma, todas as partes do
corpo vêm ajudá-la e protegê-la. Agora, vejamos: Da mesma maneira que isto é uma lei no corpo físico,
também é uma lei no Corpo espiritual. A regra da vida da Igreja é, portanto, o princípio da provisão
mútua. E cada vez que um membro transgride esta regra, ele traz morte ao Corpo e faz de si mesmo uma
carga aos demais.

"Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro tem doutrina, este traz revelação,
aquele outra língua, e ainda outro interpretação. Seja tudo feito para edificação" (1 Co 14:26). Paulo
instruiu assim aos crentes de Corinto. Alguns vão a uma reunião na Igreja na posição de turista ou
espectador. Achegar-se desta maneira levará, sem dúvida, morte à reunião. Muitas vezes, sente-se a
morte nas reuniões na Igreja, uma morte que tem sido introduzida pelos que visitam as reuniões nesta
posição. Que isto não aconteça. Que haja uma provisão mútua entre os membros em todas as reuniões,
não só quando se parte o pão mas também no glorioso ministério da Palavra de Deus.

Semelhantemente ao corpo físico, todas as partes que são membros do Corpo espiritual de Cristo estão
em comunhão incessante uma com a outra; nenhuma parte pode ficar parada onde está. Se uma parte
deixa de comunicar-se, cessa o fluxo da vida de Deus e traz-se a morte ao Corpo. Nenhum membro pode
deixar de comunicar-se ou de participar na comunhão sem infligir dano à Igreja, nem tampouco nenhum
membro pode ser útil sem sentir a necessidade da provisão da Igreja. Alguns crentes, ao serem incitados
a fazer algo, tendem a retirar-se a sós. Assumem que, enquanto possuírem a intenção de ser espirituais,
tudo irá bem. Contudo, trate de crescer espiritualmente seguindo este método, e você verá o que
acontecerá: Não lhe será possível produzir fruto positivo, porque a vida deve fluir constantemente.
Nunca imagine que podemos ser espirituais ao apartarmo-nos e isolarmo-nos dos demais. E lembre-se
de que o vaso que Deus busca é o Corpo, não o indivíduo. Aquele que está isolado ou separado da Igreja
não poderá ir muito longe.

No dia em que o Senhor Jesus sentou-se perto do poço de Jacó em Samaria, Ele tinha fome e sede. Porém,
a mulher samaritana tinha mais sede que o Senhor. Deste modo, Ele lhe ofereceu água viva para
satisfazê-la. Quando os discípulos voltaram com a comida, Ele já não tinha fome (Jo 4:4-34). Deste
episódio na vida de nosso Senhor, aprendemos esta lição espiritual: Que aquele que serve a outros, para
que os tais não tenham sede, saciará sua própria sede; que aquele que aprende a levar a carga do outro
verá que sua própria carga será mais fácil de levar. Na obra espiritual, ninguém pode se retirar. "Meu Pai
trabalha até agora", disse o Senhor Jesus, "e Eu trabalho também" (Jo 5:17). Portanto, os cristãos devem
entregar sua provisão de vida em seu andar e agir cotidianos, assim como nas reuniões na Igreja.

Que Deus abra os nossos olhos para vermos o Corpo de Cristo, para que possamos receber a proteção e
a sujeição por parte do Corpo, assim como para provermos suprimento aos outros. Que Ele faça com que
vejamos que cada um de nós tem sua parte a desempenhar nas reuniões na Igreja. Pronunciar a palavra
"Corpo" só com os lábios não basta em hipótese alguma; o conceito do "Corpo" deve estar no coração e
tem que se manifestar na vida diária. Pois o Corpo de Cristo não é meramente um ensinamento, mas é
uma vida verdadeira que deve ser vivida.

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Se você pensa que pode viver sem a sujeição, a proteção e a provisão da Igreja, é evidente que você não
tem recebido a revelação do Corpo de Cristo. Depois de ter recebido a vida de Deus, você se sentirá
indubitavelmente seco se viver conforme a sua vida natural. De maneira parecida, depois de ter
recebido a revelação do Corpo de Cristo, você sentira a sua própria insuficiência se viver de forma
independente, se viver conforme o seu próprio ser natural.

Sem revelação sobre um certo ensinamento, você precisara agarrar-se de modo firme a este
ensinamento para não se esquecer dele. Porém, uma vez que você tenha a revelação deste ensinamento,
ele chega a ser tão natural em sua vida que você não necessita treinar mais ou esforçar-se para recordá-
lo. Vejamos um exemplo da esfera física: Os seus olhos piscam sem necessidade de recordarem-se disto;
os seus olhos abrem-se e fecham-se, de maneira automática, sem necessidade de reflexão mental. Isto
também é assim na esfera espiritual, por exemplo, com respeito ao Corpo de Cristo. Com a revelação
acerca do Corpo de Cristo, você sente a necessidade de experimentar o Corpo. Não lhe é necessário
aprender sobre o Corpo de memória, como um conceito ou como um ensinamento ou como uma lei
externa que necessita logo aplicar-se à prática. Aquilo que se faz conforme a uma lei externa é judaísmo
em sua natureza. E o que se faz por meio de recordar uma lei não é vida. Se nossa esfera interior tem
sido tocada pelo Senhor e nossos olhos interiores têm sido abertos para percebermos o que é o Corpo de
Cristo, simplesmente viveremos de modo natural em sua realidade.

Portanto, o que importa aqui é a necessidade da revelação. Deus quer restaurar a vida do Corpo, não os
ensinamentos do Corpo. O Corpo de Cristo é uma vida que necessita ser experimentada. Precisamos
entrar em sua realidade. E se vivemos na realidade do Corpo de Cristo, saberemos quão concreto ele é.
Não somente entenderemos seus princípios, mas também viveremos sua vida.

TRÊS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS SOBRE O VIVER NO CORPO DE CRISTO 8

Tem sido mostrado a nós, nos capítulos anteriores, que no Corpo de Cristo há muitos membros - e
entretanto todos estes membros são um só Corpo, cada um com seu lugar e função particulares; porque
Deus não tem feito a todos os membros iguais, mas tem feito a cada um diferente. Paulo deixa claro este
fato em Romanos 12: "Porque, assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os
membros têm a mesma função" (v.4). Porém, então, como podem todos estes membros, com suas
funções variadas, caberem e ficarem consolidados em um só Corpo? Esta é a pergunta sobre a qual
refletiremos aqui.

Ao responder esta pergunta, precisamos primeiro dar-nos conta de que existem três princípios
fundamentais que são indispensáveis para viver-se no Corpo de Cristo. O primeiro princípio governa a
relação entre a Cabeça e eu; o segundo governa a relação entre o Corpo e eu; e o terceiro governa o meu
lugar como membro.

1 - Minha Relação Com A Cabeça - Cristo: Sujeição

O significado de minha entrega cristã tem a ver com meu desejo de ser obediente ao Senhor. Não quero
ser livre, nem tampouco ser rebelde à autoridade. O primeiro princípio sobre o viver no Corpo de Cristo
é estar em sujeição à autoridade da Cabeça, visto que a existência mesma do Corpo com suas funções e
atividades variadas depende da autoridade. Quando o nosso corpo físico perde seu contato com a
autoridade da nossa cabeça, ele fica imediatamente paralisado. Aquela parte do corpo que não obedece,
esta é a parte que experimenta a paralisia. O corpo que não se sujeita aos mandamentos da cabeça é
apenas um corpo paralisado. Onde existe a vida, existe autoridade. É inconcebível negar a autoridade e
receber vida.

Todos os que estão cheios de vida têm sido obedientes à autoridade. Como, por exemplo, minha mão
física pode ter vida e ao mesmo tempo resistir ao controle da cabeça. Minha mão vive porque pode ser
comandada pela cabeça. O próprio viver da mão significa que minha cabeça é capaz de dirigi-Ia e utilizá-
la. O mesmo é válido com respeito à relação entre qualquer membro do Corpo de Cristo e a Cabeça. O
primeiro princípio para cada membro que vive no Corpo de Cristo, portanto, é obedecer ao Senhor que é

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a Cabeça. Se você ou eu não temos sido tratados até chegarmos ao ponto de tornarmo-nos obedientes,
então o que sabemos do Corpo é meramente doutrinário por natureza, e não um assunto de vida.

Que bênção é permitir que Deus trate nossa vida natural e promova nossa sujeição a Cristo, a Cabeça!
Devemos buscar a obediência diariamente. Não só precisamos buscar oportunidades que nos melhorem
espiritualmente para chegarmos a ser santos e justos, mas também precisamos buscar diante de Deus
cada oportunidade de obedecer, para que também aprendamos a obediência.

2 - Minha Relação Com O Corpo A Igreja: Comunhão

Nossa relação com a Cabeça é de sujeição, enquanto que nossa relação com o Corpo é de
comunhão. Entre os filhos de Deus, a comunhão não é somente um fato, mas também uma necessidade.
A vida do Corpo de Cristo descansa sobre a comunhão, porque, se não a tiver, o Corpo morrerá. O que é a
comunhão? É eu receber ajuda de outros membros - isto é comunhão. Por exemplo: No Corpo de Cristo,
talvez eu seja uma boca, e portanto posso falar diretamente. Porém, é necessária para mim a comunhão
com aquele membro que pode ser um ouvido, para que então eu possa ouvir; necessitarei também da
comunhão daquele que é um olho, para poder ver; necessitarei da comunhão daquele que é as mãos no
Corpo, para eu poder pegar as coisas; e também requererei a comunhão com aquele membro que
proporciona os pés ao Corpo, para eu poder andar. Portanto, e por meio da comunhão que recebo as
funções distintas dos outros membros e posso fazer com que tudo o que é seu seja também meu.

Alguns cristãos não entendem o princípio da comunhão. Querem buscar ao Senhor sozinhos e orar por
sua própria conta. São eles os que fazem todas as coisas. Não só querem ser uma boca, mas também os
ouvidos, as mãos e os pés. Não é assim com aqueles que reconhecem que eles mesmos são limitados e
insuficientes. Por meio da comunhão, estes recebem com regozijo, como se fosse seu mesmo, aquilo que
os outros têm.

O que é certo em relação à comunhão na esfera do ensinamento, de modo geral pode ser muito real na
esfera da experiência. Porventura, pode algum de nós dizer, de maneira sincera e verdadeira, que tem
orado verdadeiramente os trezentos e sessenta e cinco dias do ano, e que tem lido cuidadosamente a
Bíblia a cada dia? A experiência diz-nos que, por conseqüência de alguma debilidade espiritual ou outra
causa, não podemos evitar que um dia ou dois ao ano vejamo-nos incapacitados de orar ou ler a Bíblia
tal como deveríamos. Será por causa desta deficiência que devo sentir-me derrotado? Será por isto que
irei me abater? De maneira nenhuma. Porque pode acontecer que, em uma certa semana, na segunda-
feira, por exemplo, eu me sinta muito perto de Deus, e de terça a sexta-feira tudo siga normalmente;
porém, que chegando no sábado, eu nem ore nem leia a Bíblia como deveria, provavelmente devido ao
cansaço; mas, mesmo assim, eu não caia por incapacidade no sábado, nem tampouco me sinta pior do
que na sexta-feira; porque, por estranho que pareça, um poder parece sustentar-me ao longo do dia.
Ora, qual é a causa desta sustentação? Por acaso não é devido à provisão da vida do Corpo?

Muitos dos filhos de Deus podem testificar este tipo de experiência. E isto ocorre não somente uma ou
duas vezes, mas inumeráveis vezes. Conforme a nossa própria condição, somos débeis em extremo,
porém Deus nos sustenta. Como? Por meio da provisão mútua do Corpo de Cristo. Sem que nós nos
demos conta, outro membro do Corpo está orando, pedindo a Deus que conceda graça a todos os Seus
filhos. Deste modo, a vida flui de outro membro para nós, permitindo-nos manter-nos em pé. A vida do
Corpo pode fluir para nós e sustentar-nos.

3 - Meu Lugar Como Membro: Serviço

Se agora temos visto que a vida do Corpo é de comunicação de provisão mútua, também começamos a
dar-nos conta, diante de Deus, que não devemos ser simplesmente dos que consomem vida, mas, pelo
contrário, dos que provêem vida. Se existem poucos membros que provêem vida ao Corpo de Cristo, e
ao mesmo tempo existem muitos membros que estão apenas esperando receber a provisão de vida, a
força do Corpo ficará esgotada. Por conseguinte, temos que orar pelos demais. Deus utilizará nossa
oração para prover vida aos outros membros. Quando eles estiverem em necessidade, a vida fluirá até
eles.

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"De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se
regozijam" (1Co 12:26). Não se diz aqui que, se um membro sofre, todos os demais deveriam sofrer com
este membro; nem tampouco diz que, se um membro é honrado, os demais deveriam regozijar-se com
ele. A Palavra de Deus não diz que deveríamos ou que não deveríamos. Pelo contrário, a Palavra de Deus
declara claramente que, se um membro sofre, todos os demais sofrem de fato com este membro e que,
se um membro recebe honra, todos os demais regozijam-se de fato com ele. Este versículo explicará,
portanto, a origem dos sentimentos tão estranhos que freqüentemente temos. As vezes, não
entendemos porque, em uma certa ocasião, sentimo-nos aflitos, e entretanto dois dias depois este pesar
tem desaparecido. Permita-me dizer-lhe que isto se deve à relação que existe no Corpo de Cristo entre
os diversos membros.

Este fenômeno pode ser ilustrado por um incidente que ocorreu durante o grande avivamento de Gales.
Em uma região afastada, uma irmã orava com dois ou três outros cristãos. De maneira estranha, naquele
dia, ela sentiu o poder avassalador do Espírito Santo sobre si. Ela nunca havia tido uma experiência
parecida. Esta condição durou uns quatro ou cinco meses, período no qual, como conseqüência, foi-lhe
muito fácil estar em contato com Deus sem o menor esforço - como se o próprio céu. houvesse se
aproximado e estivesse ao seu lado. E assim seguiu até que, um dia, enquanto lia o jornal, Deus mostrou-
lhe que a provisão que havia recebido procedia maravilhosamente do avivamento. É isto precisamente o
que significa a Escritura quando diz que, se um membro é honrado, todos os demais regozijam-se com
ele.

Devemos, pois, ter boa consciência disto: Que o Corpo de Cristo é uma entidade viva, é uma vida
orgânica. Disse Paulo: "Preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do Seu
Corpo, que é a Igreja" (Cl 1:24). Visto que estamos em um Corpo que é único, podemos preencher o que
falta aos demais membros.

Deste modo, não é tão somente um assunto de sofrimento e regozijo, mas o assunto de que se trata é a
vida. Alguns são capazes de prover vida à Igreja; outros podem receber vida por meio da Igreja. Temos
que fazer com que esta vida flua nas duas direções: Por um lado, recebermos a provisão do Corpo
através da comunhão; por outro lado, como membros do Corpo, provermos vida a outros.

Não captemos o Corpo somente como um ensinamento ou uma forma de explicação. Que possamos nos
dar conta de que o Corpo de Cristo é uma realidade absoluta e de que todos os filhos de Deus são
membros uns dos outros - o que também é um fato irrefutável. E, conforme estas verdades, precisamos
receber ajuda dos demais com regozijo, assim como também devemos procurar ajudar sinceramente
aos outros irmãos e irmãs.

O Corpo de Cristo: A Realidade


Watchman Nee
CCC-Edições – 1998 1ª Edição

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