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Escola Secundária de Francisco Rodrigues Lobo

MACS - 10º Ano Outubro / 2010

Trabalho de Grupo sobre Sistemas de Votação

Proposta de Trabalho:

Lê o seguinte texto e vai respondendo às questões que te vão sendo propostas.

No fim da leitura, elabora em grupo, um pequeno relatório que contemple as respostas às questões
referidas (sempre devidamente justificadas) e uma reflexão sobre a importância do método
matemático escolhido na eleição de um candidato.

Bom trabalho!

 AS REGRAS DA MINORIA 
Era um desses sábados frios e claros de Fevereiro em que mesmo os Nova-Iorquinos ficam em casa,
rendendo-se ao tempo. Ecco veio receber-me à porta.
- Não quer uma chávena de chá? - perguntou-me, indicando o bule sobre a mesa. - Então leu as
notícias sobre o escândalo na votação do Congresso da Patagónia? - acrescentou, enquanto eu enchia a
chávena.
- Por alto - respondi-lhe. - Não dei muita importância a esse Congresso.
O Congresso da Patagónia é uma associação internacional de cientistas, burocratas do governo e
executivos empresariais consultores das Nações Unidas.
- Mas, meu caro professor - retorquiu Ecco -, é um exemplo gritante da falta de lógica da imprensa;
foi noticiado como tal, mas, na verdade, não houve qualquer escândalo.
- Quem lhe disse isso? - perguntei, surpreendido por Ecco poder ter alguns contactos no mundo da
política.
- É cá uma ideia - disse ele. - Olhe o que diz o Times: «Havia três candidatos à presidência do
Congresso, Guarez, Swenson e Libretti. Segundo fontes seguras, antes das eleições tanto Guarez como o
seu inimigo mortal Swenson eram ambos apoiados por mais de 40% dos membros do Congresso, o que
deixava a Libretti menos de 20% de apoiantes. Libretti era, assim, penalizado pela impressão que dá de
ingenuidade e de falta de visão. Contudo, Libretti ganhou as eleições. Observadores exteriores levantam a
hipótese de ter havido alguma manobra suja, mas os membros do Congresso recusam-se a comentar
estas opiniões.» Depois outros jornais pegaram na história e relataram-na como se os rumores de
corrupção na eleição fossem um facto assente. Acontece que tenho comigo o regimento interno do

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Congresso e estou convencido de que a eleição decorreu inteiramente de acordo com as regras. Veja,
professor, o regimento interno define que a disputa da presidência deve ser feita segundo uma série de
eleições, cada uma delas entre apenas dois candidatos. Assim, a primeira eleição pode ter oposto Guarez
a Swenson e a segunda o vencedor da primeira a Libretti, ou então a primeira eleição foi disputada por
Swenson e Libretti e a segunda opôs o vencedor da primeira a Guarez, ou, finalmente, Libretti e Guarez
confrontaram-se na primeira eleição. Em qualquer dos casos, houve duas eleições de um contra um.

1. Antes de continuar a ler, é capaz de explicar como é que Libretti poderia ter ganho as eleições
honestamente?

- O regimento muda todo o panorama - continuou Ecco. - Devido à inimizade entre Guarez e
Swenson, Libretti ganha sempre, qualquer que seja a ordem por que ocorram as eleições. Os apoiantes de
Swenson preferem-no a Guarez. Os apoiantes de Guarez preferem-no a Swenson. - Alguns dias depois o
Times publicava uma carta ao editor que expressava este mesmo argumento: era assinada, simplesmente,
por K. Arrow. A carta foi mesmo citada pelos novos serviços telegráficos. Pareceu-me ver nela o estilo de
Ecco. - Não, o mérito é todo de Arrow - disse simplesmente.
- Pressinto uma confissão na sua negativa - disse-lhe. - Bem, talvez seja - replicou, rindo. - Lembra-
se de como Kenneth Arrow abalou o mundo das ciências sociais com o tão citado teorema das
possibilidades? Entre outras coisas, o teorema mostra que as preferências da maioria podem ser
subvertidas por eleições em que mais de dois candidatos se defrontem simultaneamente. Arrow mostrou,
por exemplo, que, com certos esquemas eleitorais, um candidato que pudesse derrotar qualquer outro
numa eleição de um contra um - por vezes, chamado candidato de Condorcet - poderia, não obstante,
perder. Suponha que são três os candidatos, A, B e C; A está posicionado à direita, C à esquerda e B ao
centro. Se for utilizado um sistema de votação simultânea, os dois candidatos mais votados na primeira
volta defrontar-se-ão na segunda. Se o eleitorado estiver muito polarizado, como acontecia no Congresso
da Patagónia, B pode ser vencido na primeira volta. Contudo, B poderá vencer tanto A como C numa
disputa de um contra um. O protocolo eleitoral do Congresso da Patagónia foi estabelecido de forma a
garantir a vitória do candidato de Condorcet, se este existir. É evidente que se pressupõe que em cada
uma das eleições os eleitores votam de acordo com as suas preferências. A imprensa analisou os factos de
acordo com as regras de eleições em que os diferentes candidatos são votados simultaneamente, quando
não era esse o caso. Foi por isso que Libretti foi considerado como seguramente vencido.
Mal Ecco acabara de pronunciar estas palavras, ouvimos bater à porta.
António Libretti, o novo presidente do Congresso da Patagónia, não me provocou nada a impressão
de ser um homem de visão estreita. Pelo contrário, pareceu-me um homem com objectivos claros,
convincentemente justificados.

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- Assim, meus senhores - concluiu Libretti -, o que está em risco é o futuro da Amazónia e,
possivelmente, do nosso planeta. O projecto de lei que defendo, e que gostaria que fosse aprovado pelo
Congresso, limita o desenvolvimento nessa zona, enquanto as propostas alternativas conduzem todas à
invasão da floresta, invasão que dificilmente poderá ser detida.
Ecco aquiesceu com a cabeça, embora sem entusiasmo. - Sr. Libretti, esses objectivos são muito
válidos, e até os aprovo, mas o senhor disse que precisava dos meus serviços. Ora, sou tudo menos
angariador de votos.
- Eu sei, Dr. Ecco. Não se trata de angariar votos, mas de um problema lógico, que gostaria de
discutir consigo. Para começar, vamos designar todas as propostas por letras: A, B, C e D. A minha
proposta é a C. Das outras, prefiro A a D e D a B. O Congresso da Patagónia tem 100 membros, dos quais
17 partilham exactamente as minhas preferências, 32 preferem A a B, B a D e D a C, 34 preferem D a B, B
a C e C a A e os outros 17 preferem B a A, A a C e C a D.
- Resumindo, Sr. Libretti - disse Ecco -, o senhor acaba de descrever as preferências da seguinte
forma:
 C, A, D, B: 17 apoiantes;
 A, B, D, C: 32 apoiantes;
 D, B, C, A: 34 apoiantes;
 B, A, C, D: 17 apoiantes.
O primeiro grupo representa o senhor e os seus 17 apelantes, que preferem C a A, A a D e D a B, e
analogamente para os outros grupos.
- Sim, exactamente - disse Libretti. - Portanto, como pode ver, a minha posição tem pouco apoio
entre os membros do Congresso. Além disso, nem sequer posso votar. Mas tenho um privilégio que
espero usar a meu favor. O nosso sistema estipula que a proposta vencedora tem de ser determinada por
uma série de eleições de um contra um. Por exemplo, a primeira eleição deve opor A a B, a segunda o
vencedor a C, ou C a D, etc. Como é evidente, só o vencedor de uma eleição pode participar nas eleições
subsequentes, vencendo a proposta que resistir a este processo sucessivo de eliminações. Contudo, a
forma como decorrerem as eliminatórias pode afectar o resultado, como o senhor já concluiu da análise
que fez da minha eleição. - Ecco sobressaltou-se. Afinal, como teria Libretti sabido que era ele o
responsável pela análise da sua eleição? - Como presidente, tenho a prerrogativa - continuou Libretti - de
escolher a ordem pela qual serão efectuadas as eleições de um contra um.
- E o senhor pensa que há uma forma que dará a vitória à sua proposta? - perguntei eu. - Se
representasse a proposta B, poderia admitir que tivesse alguma esperança. Mas C? Numa eleição entre B
e C, B obterá 83 votos e ganhará. A proposta C não é, com certeza, um candidato de Condorcet.
- Se o senhor e o Dr. Ecco pensarem nisto, tenho a certeza de que descobrirão uma forma - disse,
voltando-se para mim e franzindo o sobrolho.

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2. Partindo da hipótese de que em cada eleição de um contra um todas as pessoas votam de acordo
com as suas preferências, haverá alguma sequência de eleições que assegure a vitória de C? Se houver,
qual é?

- Bem, Sr. Libretti, aqui tem a resposta - disse Ecco, entregando-lhe uma sequência de eleições de
um contra um. - Pode fazer aprovar a resolução para salvar a Amazónia. A justificação para esta resposta
reside no facto de não haver um candidato de Condorcet, sendo, assim, a ordem determinante.
- Óptimo - disse Libretti. - Só mais uma questão sobre este assunto: neste tipo de eleições é
tradição que seja o presidente a escolher os dois oponentes na primeira eleição, mas é a oposição que
escolhe o par que disputa a segunda. Neste caso, a oposição é constituída pelas pessoas cuja primeira
escolha é B ou D. A pergunta é a seguinte: se escolher o primeiro par e a oposição escolher o segundo,
posso garantir a vitória de uma das minhas duas primeiras escolhas, C ou A?

3. Pode assegurar a vitória de C ou de A se escolher o primeiro par de propostas e a oposição o


segundo? Recorde que as eleições subsequentes só podem ser disputadas por propostas vencedoras nas
eleições anteriores. Se a resposta for sim, diga que propostas devem ser oponentes na primeira eleição.
Tem de demonstrar que C ou A vencerão, qualquer que seja o par que dispute a segunda eleição. Se a
resposta for não, diga porquê.

- A tradição ainda é uma coisa maravilhosa - disse Libretti depois de ouvir a resposta de Ecco. Com
um sorriso nos lábios, apertou-nos as mãos e partiu.
- Bem - disse Ecco, virando-se para mim depois de Libretti ter saído -, será que os fins justificam os
meios, professor? Acabámos de fazer com que Libretti e a sua pequena minoria ganhem, subvertendo,
assim, o que deveria ser um processo democrático. Mas, no fundo, a causa de tudo isto é a regra singular
que rege as eleições de um contra um.

4. Mostre que tanto A como B, C ou D podem ganhar desde que escolha a ordem adequada.

- As pessoas, sem dúvida, subestimaram Libretti ao chamarem-lhe ingénuo - disse eu. - Ele está
disposto a recorrer à astúcia para obter o que quer, ainda que seja bom.
- Ou talvez eles atribuam um sentido mais profundo a ingénuo - disse Ecco. - Imagine o que
pensarão quando virem que Libretti usou uma vez mais o sistema de votação a seu favor. Poderá então
perder a sua frágil base de apoio. - Ecco deteve-se, com o queixo enfiado na palma da mão e os olhos
fixos no chão. - As pessoas podem pensar que está a abusar do poder e, assim, poderá perder a
popularidade. - Ecco sorriu e suspirou. - Se, pelo menos, a política fosse tão fácil de entender como a
matemática. (As regras da minoria, As Enigmáticas Aventuras do Dr. Ecco; Dennis Shasha, Gradiva, 1992)
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