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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE
a FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
FACULDADE DE MATEMÁTICA

PABLO SOUZA DA SILVA

MÉTODOS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS PARA


RESOLVER PROBLEMAS DE OSCILAÇÕES

MARABÁ
2018
PABLO SOUZA DA SILVA

MÉTODOS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS PARA RESOLVER


PROBLEMAS DE OSCILAÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade de Matemática da Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará, como parte
dos requisitos para obtenção do grau de Li-
cenciatura em Matemática. Área de concen-
tração: Matemática Aplicada.

Orientador: Prof. Dr. Francisco Ferreira de


Sousa

MARABÁ
2018
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Biblioteca II da UNIFESSPA. CAMAR, Marabá, PA

Silva, Pablo Souza da


Métodos de equações diferenciais ordinárias para resolver
problemas de oscilações / Pablo Souza da Silva ; orientador,
Francisco Ferreira de Sousa . — 2018.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade


Federal do Sul e Sudeste do Pará, Campus Universitário de
Marabá, Instituto de Ciências Exatas, Faculdade de Matemática,
Curso de Licenciatura Plena em Matemática, Marabá, 2018.

1. Equações diferenciais. 2. Matemática – Estudo e ensino. 3.


Osciladores harmônicos. 4. Laplace, Transformadas de. I. Sousa,
Francisco Ferreira de, orient. II. Universidade Federal do Sul e
Sudeste do Pará. III. Título.

CDD: 22. ed.: 515.35


Elaborado por Nádia Lopes Serrão
Bibliotecária-Documentalista CRB2/575
PABLO SOUZA DA SILVA

MÉTODOS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS PARA RESOLVER


PROBLEMAS DE OSCILAÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade de Matemática da Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará, como parte
dos requisitos para obtenção do grau de Li-
cenciatura em Matemática. Área de concen-
tração: Matemática Aplicada.

Orientador: Prof. Dr. Francisco Ferreira de


Sousa
Aprovado em: 12 de março de 2018.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Francisco Ferreira de Sousa


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Prof a. Prof. Dr. Narciso das Neves Soares


Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa)

Prof. Me. Raimundo Mangabeira da Silva Neto


Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa)
4
AGRADECIMENTOS

Durante essa trajetória, tive a oportunidade de ter o apoio e o carinho de


diversas pessoas que com certeza deixaram preciosas marcas em minha vida, como os pro-
fessores Narciso Soares com suas incrı́veis reflexões sobre a vida que muito me ensinaram,
o professor Pedro Cruz com o seu grande companheirismo e dedicação aos seus alunos, os
professores Rigler, Mangabeira e Claudionei que muito contribuı́ram em minha formação
e com minhas concepções. Sobretudo dedico grande agradecimento ao meu professor ori-
entador Francisco de Souza, que além de orientador, foi um ótimo amigo durante todo
esse perı́odo incentivando e ensinando não só para a trajetória acadêmica, mas no amplo
contexto da vida.
Não posso deixar de agradecer aos meus amigos de turma que nunca deixaram
que o desânimo me tomasse, e me impulsionaram aos passos que tenho seguido, são vali-
osos os sentimentos que guardo por todos. É imprescindı́vel que eu ressalte meus amigos
Arlêto (Dadá), Jorge, Alan que desde o inı́cio da minha vida acadêmica estão comigo fa-
zendo de meus dias melhores e todos(as) os(as) outros(as) que me proporcionaram muitos
momentos de felicidade.
Meus mais sinceros agradecimentos a minha incrı́vel famı́lia, em especial a
minha tia Wanderleia que cuidou de mim como um filho durante esses quatro anos em
Marabá, a minha mãe querida que nunca deixou que me faltasse amor e carinho, ao meu
pai que muito me ensinou sobre a vida e que muito admiro.
Guardo comigo grande grande agradecimento à minha vó Cecı́lia que sobrevive
eternamente inclusive nos nossos corações e ao esposo de minha mãe Diony que é grande
amigo que sempre esteve junto e presente em nossas vidas. Agradeço ainda, minha mara-
vilhosa irmã Larissa e meu irmão Matheus e claro, minha sobrinha Valentina que fazem
de meu universo, um maravilhoso lugar. Não posso deixar de agradecer meu tio Geraldo
e a tia Lucinete que muito me deram carinho e aos meus amados primos quase irmãos
Yuri, Tatiane e Uriel, os quais tenho muito amor.
Finalizo meus agradecimentos mostrando minha imensa gratidão a Jesus.
RESUMO

Alguns fenômenos fı́sicos podem ser compreendidos através de modelos matemáticos, cir-
cuitos elétricos, decaimento radioativo, movimento de um projétil, que são temas abor-
dados fundamentalmente na mecânica clássica. Abordaremos nesse trabalho definições,
teoremas e conceitos da perspectiva das equações diferenciais de segunda ordem (EDO),
sobretudo homogêneas e não homogêneas, estudaremos as caracterizações de uma equação
diferencial, os possı́veis tipos e as múltiplas formas de solução para as equações em questão.
Far-se-á necessária essa abordagem, pois trataremos basicamente do sistema massa-mola
amortecido sujeito a uma força externa periódica, estudaremos o comportamento desse
sistema através de suas equações diferenciais, bem como as soluções possı́veis. Avalia-
remos alguns resultados através de um estudo gráfico-comparativo das soluções de uma
EDO homogênea, que representa um oscilador harmônico amortecido, e outra não ho-
mogênea, que descreve um oscilador harmônico amortecido forçado, trataremos o mesmo
problema não homogêneo através das condições iniciais fazendo uso da transformada de
Laplace.
Palavras-chave: Equações diferenciais de segunda ordem. Osciladores harmônicos. Sis-
temas transientes.
ABSTRACT

Some physical phenomenon can be understood through mathematical models, electric


circuits, radioactive decay and projectile movement, which are topics approached in the
classical mechanics. In this work, definitions, theorems and concepts through the perspec-
tive of the differential equations of second order (EDO) are going to be studied, especially
homogeneous and non-homogeneous. We seek to examine the characterizations of a diffe-
rential equation, its possible types and the multiple ways of solving this kind of equation.
This approach makes itself necessary since we are going to analyze the cushioned molar
mass exposed to a periodic external force. We aim to study the behavior of this system
from the differential equations, as well as its possible solutions. We also seek to evalu-
ate some results through a graphic-comparative study of the solutions of a homogeneous
EDO that represents a cushioned harmonic oscillator, and another one, non-homogenous,
that describes a forced cushioned harmonic oscillator. Our goal is to treat the same
non-homogeneous problem through the initial conditions using the Laplace transform.
Keywords: Differential equations of second order. Harmonic Oscillators. Transient
Systems.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Sistema massa-mola sem atrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18


Figura 2 – Sistema massa-mola com atrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 3 – Gráfico do oscilador harmônico amortecido crı́tico dado por x(t) . . . . . 22
Figura 4 – Gráfico do oscilador harmônico amortecido supercrı́tico dado por x(t) . . 23
Figura 5 – Gráfico do oscilador harmônico amortecido subcrı́tico dado por x(t) . . . 24
Figura 6 – Gráfico do oscilador harmônico amortecido supercrı́tico forçado dado por
x(t) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 7 – Gráfico do oscilador harmônico amortecido crı́tico forçado dado por x(t) . 32
Figura 8 – Gráfico do oscilador harmônico amortecido subcrı́tico forçado dado por
x(t) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
SUMÁRIO

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2 Equações diferenciais de segunda ordem . . . . . . . . . . . . . . 12
2.1 Equações lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.2 Equações homogêneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2.1 Coeficientes constantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.1.1 Raı́zes distintas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2.1.2 Raı́zes iguais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2.1.3 Raı́zes complexas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.2 Oscilador harmônico simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2.3 Oscilador harmônico amortecido . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2.3.1 Raı́zes iguais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2.3.2 Raı́zes distintas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2.3.3 Raı́zes complexas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3 Equações não homogêneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3.1 Coeficientes constantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3.1.1 Método de determinação dos coeficientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.4 Oscilador harmônico amortecido forçado . . . . . . . . . . . . . 28
3 Transformada de Laplace e o oscilador harmônico . . . . . . . . 31
3.1 Problemas de valor inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2 Oscilador harmônico amortecido forçado: Um problema de va-
lor inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Apêndice A – Existência e Unicidade . . . . . . . . . . . . . . . 40
10

1 Introdução

Em 11 de março de 2011 o terremoto Tohoku no leste do Japão, com magnitude


de 9,0 na escala de Richter provocou a morte de cerca de 11.063 civis e danos em 130
edifı́cios. A ação da natureza diversas vezes é provocadora de grandes incidentes fatais,
outro ocorrido desta realidade foi furacão Katrina, ocorrido em 2005, umas das 5 maiores
calamidades naturais já ocorridas nos Estados Unidos.
O meio que vivemos nem sempre é uma habitação plácida, a Terra possui
seus fenômenos próprios, seus comportamentos naturais que nem sempre estamos aptos a
compreender ou até mesmo resistir, a movimentação das placas tectônicas, a orientação
dos ventos, e outros adventos da natureza terrestre. No entanto, aprendemos a conviver
com todas essas ações naturais, adaptamo-nos, embora ainda sejamos hostis com a própria
natureza.
Nosso meio possui comportamentos muitas vezes imprevisı́veis, como por exem-
plo, a previsão do tempo de longo perı́odo, da mesma forma os terremotos que são de
difı́cil identificação prévia. Um dos maiores motivos do avanço cientı́fico foi o instinto de
conservação da humanidade, a necessidade de compreender a natureza e prevê-la motivou
o surgimento de diversos campos cientı́ficos.
A grande dificuldade enfrentada pela humanidade, é o fato da natureza ter uma
complexidade na sua comunicação própria, possui padrões e uma certa ordem algumas
vezes verificáveis. Modelos, fórmulas e até simulações tentam facilitar o entendimento
dela, algumas vezes prosperam, mas em sua maior parte tratamos como desconhecido o
que nossa ciência ainda não possui ferramentas de sistematização.
A matemática e várias outras ciências surgiram com a necessidade de ex-
plicações e justificativas para diversos fenômenos naturais quando não, para solucionar
problemas que subsidiam necessidades humanas.
O rigor matemático fez-se fundamental para a compreensão de fenômenos,
a ciência potencializou-se com a interdiciplinarização dos campos cientı́ficos, as áreas
do conhecimento deixaram de ser estudadas de forma isolada. Tornou-se inconveniente
estudar Biologia sem conhecer os fenômenos fisico-quimicos, ou estudar Quı́mica ou Fı́sica
sem os artifı́cios da Matemática.
Logo iniciaram a corrida pelas interpretações de fenômenos matematicamente,
desde o mais simples ao mais complexos. No século XVI, duas grandes figuras foram
fundamentais para o desenvolvimento das ciências da natureza, foi Isaac Newton (1642-
1727) e Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), esses possibilitaram a sistematização do
cálculo diferencial e desde então o infinito passou a ser melhor estudado, agora existiam
ferramentas para a compreensão das variações infinitesimais. Além disso, Leibniz desen-
dy
volveu talvez a primeira técnica para resolução das equações do tipo = g(x)h(y). Há
dx
conflitos em afirmar quem exatamente propôs primeiro os conceitos do cálculo diferencial,
11

alguns acreditam que Newton publicou primeiro, mas que Leibniz já havia desenvolvido
essas definições de forma bem mais avançadas antes mesmo que Newton. Pouco depois
desses acontecimentos foi o momento dos Bernoulli, em 1694, que resolveram a equação
diferencial homogênea pelo método de Leibniz conhecido por separação de variáveis. Os
irmãos Bernoulli continuaram em suas contribuições para a ciência.
Logo surgiram algumas equações mais simples que podiam descrever alguns
fenômenos, como a lei de resfriamento. Mas foi com Joseph-Louis, Conde de Lagrange
(1736-1813) que iniciou estudos de sistemas de equações diferenciais que dependiam de
mais de uma variável e assim trouxe o conceito de coordenadas generalizadas para os
estudos das equações diferenciais.
Inicialmente inferimos sobre o terremoto Tohoku, esse causou grandes danos
à região, essa mesma que como forma preventiva elabora pesquisas e ações para ame-
nizar os efeitos destrutivos das ações da natureza. Com o estudo das oscilações em
Equações Diferenciais, elaboraram modelos capazes de subsidiarem informações para cons-
truções adaptadas a grandes vibrações. Essas elaborações foram responsáveis pela sobre-
vivência de diversos civis, pois grande parte dos prédios apenas sofreram danos moderados,
pouquı́ssimos foram destruı́dos por completo por conta de sua estrutura adaptada para
esse tipo de fenômeno.
Estudos meteorológicos também buscam avanços na previsão de tempestades
como forma impedir ou reduzir os danos sociais, as Equações Diferenciais são fundamentais
nesse avanço. Outras implicações das equações são na Economia, como os estudos de
mercado, juros e crescimento populacional.
Nesse trabalho haverá dois principais capı́tulos, no segundo capı́tulo, discutire-
mos as equações diferenciais de segunda ordem homogêneas, ainda nessa sessão, trazemos
as técnicas de solução de equações diferenciais com coeficientes constantes e daremos con-
tinuidade resolvendo o problema da mecânica clássica, o oscilador harmônico simples com
amortecimento e sem amortecimento.
Ainda no capitulo dois trataremos das equações diferenciais não homogêneas
e finalizaremos resolvendo o problema do oscilador harmônico amortecido forçado. No
capı́tulo três faremos um estudo das definições e dos teoremas da transformada de Laplace
e ainda estudaremos um problema de valor inicial do oscilador forçado.
12

2 Equações diferenciais de segunda ordem

Equações são expressões que apresentam uma ou mais incógnitas, elas po-
dem descrever modelos e comportamentos, as Equações Diferenciais Ordinárias (EDO)
não são diferentes, embora apresentem peculiaridades em suas resoluções, apresentam
também incógnitas, que nesse caso serão “famı́lias”de curvas. Quando a expressão apre-
senta apenas variáveis independentes de apenas uma variável, podemos chama-lá de EDO,
não obstante, podemos chama-las de Equações Diferenciais Parciais quando elas apresen-
tarem mais de uma variáveis independentes distintas. As EDO de segunda ordem são
equações do tipo:
y 00 (t) = f (t, y(t), y 0 (t))

Podemos descrever alguns exemplos,

d2 y dy
(1 − x2 ) − 2x + α(α + 1)y = 0
dt2 dt
Equação de Legendre de ordem α

x2 y 00 + x0 y 0 + (x2 − µ2 )y = 0

Edo de Bessel de ordem µ > 0

d2 y dy
m 2
+ λ + ky = 0
dt dt

Equação de um sistema mecânico amortecido

∂ 2φ ∂ 2φ ∂ 2φ
+ 2 + 2 =0
dx2 dy dz

Equação de Laplace

2.1 Equações lineares

Toda Equação Diferencial Ordinária de segunda ordem escrita nessa forma

A(t)y 00 + B(t)y 0 + C(t)y = D(t)

é chamada linear. Sendo A(x) 6= 0, então

B(t) 0 C(t) D(t)


y 00 + y + y=
A(t) A(t) A(t)
13

B(t) C(t) D(t)


onde p(t) = ; q(t) = e r(t) =
A(t) A(t) A(t)

y 00 + p(t)y 0 + q(t)y = r(t) (1)

Teorema 2.1 (Existência e Unicidade) O problema de valor inicial


(
y 00 + p(t)y 0 + q(t)y = r(t)
y(t0 ) = y0 , y 0 (t0 ) = y00

para p(t),q(t) e r(t) funções contı́nuas em um intervalo aberto I contendo t0 tem uma
única solução nesse intervalo.
A demonstração desse teorema consta em SANTOS (2011) e no Apêndice A
desse trabalho. Nesse trabalho trataremos de forma especı́fica das equações lineares,
mas temos também as Equações Diferenciais não Lineares, essas apresentam maiores
particularidades em suas resoluções, alguma não podem ser resolvidas apenas analisadas
de forma qualitativa ou através de métodos numéricos. Em BOYCE (2000) há um capı́tulo
dedicado a esse tipo de equação, que são definidas não lineares por não apresentarem
os mesmos pontos de estabilidades em uma vizinhança admitida nos seus problemas de
valores iniciais.

2.2 Equações homogêneas

Teremos uma equação homogênea quando o termo r(t) da equação (1) for
identicamente a zero (r(t) ≡ 0) na forma

y 00 + p(t)y 0 + q(t)y = 0 (2)

Teorema 2.2 (Principio da superposição) Se as funções y1 (t) e y2 (t) forem soluções


da equação (2), então a função Y (t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t), onde c1 e c2 são constantes
arbitrárias também é solução da equação.
Demonstração 1 Temos que

y100 (t) + p(t)y10 (t) + q(t)y1 (t) = 0 (3)

e
y200 (t) + p(t)y20 (t) + q(t)y2 (t) = 0 (4)

pois y1 (t) e y2 (t) são soluções da equação diferencial. Mostremos que Y (t) também é
14

solução, então
Y (t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t) (5)

Y 0 (t) = c1 y10 (t) + c2 y20 (t) (6)

Y 00 (t) = c1 y100 (t) + c2 y200 (t) (7)

então
Y 00 + p(t)Y 0 + q(t)Y = 0

c1 y100 (t) + c2 y200 (t) + p(t)(c1 y10 (t) + c2 y20 (t)) + q(t)(c1 y1 (t) + c2 y2 (t)) = 0

c1 [y100 (t) + p(t)y10 (t) + q(t)y1 (t)] + c2 [y200 (t) + p(t)y20 (t) + q(t)y2 (t)] = 0

pelas equações (3) e (4) afirmamos então que

c1 .(0) + c2 .(0) = 0

Portanto, Y (t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t) é solução da equação (2).



y (t) y (t)
1 2
Definição 2.1 (Wronskiano) A expressão y1 (t)y20 (t)−y10 (t)y2 (t) ou 0 é cha-

y1 (t) y20 (t)
mada de wronskiano das funções y1 (t) e y2 (t) e é indicado por

W (t) = W [y1 (t), y2 (t)](t)

Teorema 2.3 Se y1 (t) e y2 (t) forem soluções da equação homogênea y 00 +p(t)y 0 +q(t)y = 0
em um intervalo α < t < β e

y2 (t)y10 (t) − y20 (t)y1 (t) 6= 0

então
Y (t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t)

é a solução geral da equação homogênea.


Veja a demonstração desse teorema em MACHADO (2012)

2.2.1 Coeficientes constantes

Algumas equações são de difı́cil resolução, algumas, inclusive apenas podem


ser solucionadas por métodos numéricos mais particulares, não daremos ênfase nesses
casos, nos concentraremos apenas na resolução de Equações lineares de segunda ordem
com coeficientes constantes homogêneas na seguinte forma

ay 00 (t) + by 0 (t) + cy = 0 (8)


15

com a 6= 0
Vamos propor que a função y(t) = eλt é solução da equação diferencial, então

aλ2 eλt + bλeλt + ceλt = 0

eλt [aλ2 + bλ + c] = 0

como a função exponencial é diferente de zero, teremos

aλ2 + bλ + c = 0 (9)

tendo assim duas soluções



−b + b2 − 4ac
λ1 =
2a
e √
−b −b2 − 4ac
λ2 =
2a
Logicamente, de acordo com o discriminante b2 − 4ac, podemos ter duas raı́zes
distintas, uma única raiz ou duas raı́zes complexas conjugadas.

2.2.1.1 Raı́zes distintas


Quando temos b2 − 4ac > 0, então teremos duas soluções distintas para a
equação (9), lembrando que pelo princı́pio da superposição, se λ1 e λ2 são soluções de (8),
então a combinação linear delas, também é solução, ficando na forma

Y (t) = c1 eλ1 t + c2 eλ2 t

Exemplo:
y 00 + 5y 0 + 6y = 0

usando y(t) = eλt ficamos com

λ2 eλt + 5λeλt + 6eλt = 0

λ2 + 5λ + 6 = 0

as soluções são λ1 = −2 e λ1 = −3, portanto temos a solução geral da equação diferencial


é construı́da na seguinte forma

Y (t) = c1 e−2t + c2 e−3t


16

2.2.1.2 Raı́zes iguais


Para esse caso, temos que b2 − 4ac = 0, então teremos uma raiz de multiplici-
−b
dade dois na forma y(t) = eλt tal que λ = . Nesse caso, devemos ter alguns cuidados,
2a
pois de acordo com o teorema (2.3), o wronskiano de nossas soluções deve ser diferente
de zero. Verifiquemos isso para as soluções y1 (t) = eλt e y2 (t) = eλt :

W (t) = y1 (t)y2 (t) −0 y1 (t)y2 (t) = 0

observamos que o wronskiano é igual a zero, o que faz ser impossı́vel formarmos uma
combinação linear com as soluções da equação.
Então, busquemos uma segunda solução no tipo y(t) = u(t)eλt , em que λ = −b
2a
para a equação (??), tendo

y 0 (t) = u0 (t)eλt + u(t)λeλt (10)

y 00 (t) = u00 (t)eλt + u0 (t)λeλt + u0 (t)λeλt + u(t)λ2 eλt (11)

Substituindo (10) e (11) em (8)

aeλt (u00 (t) + u0 (t)λ + u0 (t)λ + u(t)λ2 ) + beλt (u0 (t) + u(t)λ) + ceλt u(t) = 0

a(u00 (t) + 2u0 (t)λ + u(t)λ2 ) + b(u0 (t) + u(t)λ) + cu(t) = 0

u00 (t)a + u0 (t)(2λa + b) + u(t)(aλ2 + bλ + c) = 0

essa ultima expressão pode ser satisfeita, pois a única solução para (2λa+b) e (aλ2 +bλ+c)
−b
é λ = , ficamos então com
2a

u00 (t)a = 0 ⇒ u00 (t) = 0

pois, a 6= 0. Podemos resolver facilmente, usando a notação de Leibniz

du
=h
dt

ou ainda
dh d2 u
= 2 =0
dt dt
então
h(t) = c

que implica em
du
=c
dt
17

com c constante. E por fim,


u(t) = ct + k

tal que k é constante de integração. Lembrando que estávamos procurando uma solução
nessa forma y(t) = u(t)eλt , então ficamos com a seguinte solução

y(t) = (ct + k)eλt

ou
y(t) = cteλt + keλt

Exemplo:
y 00 − 2y 0 + y = 0

usando y(t) = eλt ficamos com

λ2 eλt − 2λeλt + eλt = 0

λ2 − 2λ + 1 = 0

a solução é λ1 = 1 de dupla multiplicidade, portanto temos a solução geral da equação


diferencial é construı́da na seguinte forma

Y (t) = c1 et + c2 tet

2.2.1.3 Raı́zes complexas


Em algumas particularidades, teremos para a equação (9) um discriminante
negativo e assinto obtendo duas soluções conjugadas na forma complexa λ = α ± iβ,
usando a solução elementar dada, ficamos com:

Y (t) = c1 e(α+iβ)t + c2 e(α−iβ)t

podendo ser escrita na seguinte forma

Y (t) = c1 eαt e−iβt + c2 eαt e+iβt

usando a formula de Euler eiθ = cosθ + isenθ

Y (t) = c1 eαt [cos(βt) − isen(βt)] + c2 eαt [cos(βt) + isen(βt)]

Y (t) = eαt [c1 (cos(βt) − isen(βt)) + c2 (cos(βt) + isen(βt))]

Y (t) = eαt [c1 cos(βt) − c1 isen(βt) + c2 cos(βt) + c2 isen(βt)]


18

Y (t) = eαt [(c1 + c2 )cos(βt) + i(c2 − c1 )sen(βt)]

Exemplo:
y 00 + 4y = 0

usando y(t) = eλt ficamos com


λ2 eλt + 4eλt = 0

λ2 + 4 = 0

essa equações possuem duas soluções do tipo λ1 = 2i e λ2 = −2i, portanto

Y (t) = c1 e(2t)i + c2 e(−2t)i

podendo ser escrita na seguinte forma

Y (t) = c1 (cos2t + isen2t) + c2 (cos2t − isen2t)

Y (t) = (c1 + c2 )cos2t + sen2t(c1 − c2 )i

Y (t) = C1 cos2t + C2 sen2t

2.2.2 Oscilador harmônico simples

Observemos um modelo tradicional da mecânica clássica que é o Oscilador


Harmônico Simples (OHS), esses problemas em várias situações podem ser tratados através
de equações diferenciais de segunda ordem, pois na sua composição está envolvido a ace-
leração do sistema e essa aceleração pode ser expressa como a segunda derivada da posição,
donde temos uma equação diferencial de segunda ordem. Vejamos o esquema: Considere-

Figura 1 – Sistema massa-mola sem atrito


-k(x-l)i

m
k
l
Fonte: Arquivo pessoal criado pelo Corew Draw

mos que o peso está em uma superfı́cie ideal, o que propicia a oscilação de nosso interesse,
também consideremos que a mola está fixa em uma extremidade e sua massa é desprezı́vel.
Note que ` é a posição de equilı́brio da massa, portanto, quando realizada uma deformação
na mola, a força agindo na massa será de sentido contrário (negativa) à deformação,a ten-
dencia do movimento é para a posição inicial da massa na qual a mola tem comprimento
`. Pela lei de Hooke temos que a força é igual a variação negativa do deslocamento da
19

massa multiplicada por uma constante elástica,

F = −k(x − l) (12)

Sabendo que
F = ma

ou ainda
d2 x
F =m 2 (13)
dt
de (12) ficamos com
d2 x
m + k(x − l) = 0
dt2
fazendo a mudança de variável para X = x − l, ficamos com

d2 X
m + kX = 0
dt2

dividindo nossa equação por m, ficamos com

d2 X k
2
+ X=0
dt m

k
definindo a constante w02 = e reescrevendo a equação anterior, temos
m

d2 X
2
+ w02 X = 0 (14)
dt

note que a equação (14) trata-se de equação diferencial homogênea com coeficientes cons-
tantes que trabalhamos na sessão (2.2.1). Para encontrar a solução desta equação, faremos
uso da solução do tipo exponencial

X(t) = eλt

fazendo as derivadas sucessivas e as devidas substituições, ficamos com a seguinte equação


caracterı́stica
λ2 + w02 = 0

que tem como soluções λ1 = i0 e λ2 = −i0 , portanto da sessão (2.2), temos a seguinte
solução geral,
(−iw )t
X(t) = c1 e(iw0 )t + c2 0

podemos reescrever essa solução na seguinte forma

X(t) = (c1 + c2 )cos(w0 t) + i(c1 − c2 )sen(w0 t)


20

Notemos que essa solução possui parte real e imaginária, como o problema
trata de um sistema real, com soluções reais que dependem do tempo, não há necessidade
de considerarmos a parte imaginária, por isso, podemos fazer a seguinte manipulação
trigonométrica, chamando as contantes (c1 + c2 ) = a1 e i(c1 − c2 ) = a2 para uma solução
mais satisfatória, ficamos com

X(t) = a1 cos(w0 t) + a2 sen(w0 t)

ainda buscando reduzir a expressão, lembremos que cos(a−b) = cos(a)cos(b)+sen(a)sen(b),


buscando aplicar essa operação em nossa solução, chamemos a1 = Acosφ e a2 = Asenφ

X(t) = Acosφcos(w0 t) + Asenφsen(w0 t)

em outros termos
X(t) = Acos(w0 t − φ)

lembremos que inicialmente chamamos X = x − l, portanto

x(t) = Acos(w0 t − φ) + l (15)

2.2.3 Oscilador harmônico amortecido

Nesse outro caso de oscilador, teremos o conceito de força dissipativa em que


há atrito proporcional à velocidade, dessa forma,


− dx
f atrito = −C (16)
dt

o termo amortecido se dá, pois o efeito dissipativo faz que a oscilação tenda a estacionar.

Figura 2 – Sistema massa-mola com atrito

-k(x-l)i

f =-yv
atrito
m
k
l
Fonte: Arquivo pessoal criado pelo Corew Draw

A partir da figura (2), notemos que as forças que atuam no corpo são a força
da mola e a força de atrito dissipativa, dessas informações elaboramos um modelo ma-
temático. Note que a força de atrito faz que a massa perca energia de oscilação de forma
21

contı́nua até que sua velocidade seja nula. Fazendo a resultante das forças teremos


− →
− →

F = f atrito + f mola

d2 x dx
m 2
= −C − k(x − l)
dt dt
dividindo toda a equação por m, temos

d2 x C dx k
2
=− − (x − l)
dt m dt m

ou então
d2 x C dx k
2
+ + (x − l) = 0
dt m dt m
podemos definir X = x − l, assim

d2 X C dX k
+ + X=0
dt2 m dt m

k C
definimos algumas constantes como, w02 = e = 2b e assim ficamos com
m m

d2 X dX
2
+ 2b + w02 X = 0 (17)
dt dt

que se trata de uma equação com coeficientes constantes, sua equação caracterı́stica é

λ2 + 2bλ + w02 = 0

suas raı́zes são q


λ1 = −b + b2 − w02
q
λ2 = −b − b2 − w02

Agora avaliemos as três possibilidades dessas raı́zes, distintas, iguais e comple-


xas já estudadas na sessão (2.2.1).

2.2.3.1 Raı́zes iguais


Para o caso em que b2 −w02 = 0, portanto w1 = w2 = −b. A solução da equação
(17) fica na seguinte forma
X(t) = c1 e−bt + c2 te−bt

lembremos que, dada a condição para soluções iguais, temos b2 = w02 , portanto a equação
solução fica
2
X(t) = e−w0 t (c1 + c2 t)
22

lembrando que chamamos X = x − l, então

2
x(t) = e−w0 t (c1 + c2 t) + l

Figura 3 – Gráfico do oscilador harmônico amortecido crı́tico dado por x(t)

Fonte: Arquivo pessoal plotado via GeoGebra.

Chamamos esse tipo de oscilação de amortecimento crı́tico, pois observando


na figura (3), note que no intervalo dado, teremos uma sutil oscilação, e posteriormente
uma rápida tendência para x = 0.

2.2.3.2 Raı́zes distintas


A partir das duas soluções da equação caracterı́stica na sessão (2.2.1), a solução
geral da equação diferencial será
√ √
b2 −w02 )t b2 −w02 )t
x(t) = c1 e(−b+ + c2 e(−b−

poderı́amos fazer algumas manipulações e denotarmos essa solução em termos de cosseno


hiperbólico. O gráfico dessa oscilação é apresentado na figura (4), chamamos por oscilação
supercrı́tica, pois observando, fácil é possı́vel notar que se trata de uma curva exponencial
de rápido decaimento.
23

Figura 4 – Gráfico do oscilador harmônico amortecido supercrı́tico dado por x(t)

Fonte: Arquivo pessoal plotado via GeoGebra.

2.2.3.3 Raı́zes complexas


Na sessão (2.2.1) estudamos a solução de equações diferenciais em a equação
caracterı́stica possui raı́zes complexas, temos a seguinte forma

x(t) = c1 e(−b+iβ)t + c2 e(−b−iβ)t

manipulando, ficamos com


x(t) = Ae−bt cos(βt − δ)

Esse tipo de oscilação é nomeada por subcrı́tica, notemos na figura


(5) grandes oscilações inicialmente que tende para x0 = 0

2.3 Equações não homogêneas

São as equações lineares que apresentam a forma da equação (1)

y 00 + p(x)y 0 + q(x)y = r(x) (18)

com r(x) não nula


Teorema 2.4 Seja yp (t) solução da equação (18) e sendo y1 (t) e y2 (t) soluções da equação
homogênea correspondente. Então a solução geral da equação não homogênea é

y(t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t) + yp (t)


24

Figura 5 – Gráfico do oscilador harmônico amortecido subcrı́tico dado por x(t)

Fonte: Arquivo pessoal plotado via GeoGebra.

Sendo assim, podemos escrever a solução geral de (10) através de uma da soma da
solução da EDO homogênea correspondente com uma solução particular da equação não
homogênea yp (t).
Demonstração 2 Sabendo que y(t) é solução geral da EDO homogênea correspondente
e yp (t) é solução da equação diferencial não homogênea, então mostremos que Y (t) =
y(t) − yp (t) é solução da equação (2).

y 00 + p(t)y 0 + q(t)y = 0

ficamos com

(y(t) − yp (t))00 + p(t)(y(t) − yp (t))0 + q(t)(y(t) − yp (t)) = 0

y 00 (t) − yp00 (t)00 + p(t)y 0 (t) − p(t)yp0 (t) + q(t)y(t) − q(t)yp (t) = 0

[y 00 (t) + p(t)y 0 (t) + q(t)y(t)] − [yp00 (t)00 + p(t)yp0 (t) + q(t)yp (t)] = 0

assim mostramos que Y (t) = y(t)−yp (t) é solução da equação (2) e recorrendo ao teorema
(2.3) sabemos que Y (t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t), então

Y (t) = y(t) − yp (t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t)

ou então
y(t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t) + yp (t) (19)
(1)
Teorema 2.5 (Princı́pio da superposição para equações não homogêneas) Seja yp (t)
25

(2)
solução da equação y 00 +p(t)y 0 +q(t)y = r1 (t) e yp (t) é solução de y 00 +p(t)y 0 +q(t)y = r2 (t)
então
yp (t) = yp(1) (t) + yp(2) (t)

é solução de y 00 + p(t)y 0 + q(t)y = r1 (t) + r2 (t).


Demonstração 3 Mostremos para

yp00 + p(t)yp0 + q(t)yp = r1 (t) + r2 (t)

yp(1) (t)00 + yp(2) (t)00 + p(t)yp(1) (t)0 + p(t)yp(2) (t)0 + q(t)yp(1) (t) + q(t)yp(2) (t) = r1 (t) + r2 (t)

[yp(1) (t)00 + p(t)yp(1) (t)0 + q(t)yp(1) (t)] + [yp(2) (t)00 + p(t)yp(2) (t)0 + q(t)yp(2) (t)] = r1 (t) + r2 (t)

r1 (t) + r2 (t) = r1 (t) + r2 (t)


(1) (2)
pois yp (t) é solução de y 00 +p(t)y 0 +q(t)y = r1 (t) e yp (t) é solução de y 00 +p(t)y 0 +q(t)y =
r2 (t).

2.3.1 Coeficientes constantes

Esse métodos será para as equações ay 00 + by 0 + cy = r(x), tal que a, b e c são


constantes e a 6= 0. Teremos três condições para r(x) para que usemos essa ferramenta,
esse método pode ser verificado em com mais detalhes em BASSALO (2010)

2.3.1.1 Método de determinação dos coeficientes


a. r(x) = a0 + a1 t... + an tn de forma que a0 , a1 , a2 , ..., an ∈ R, para esse caso deverá se
buscar uma solução particular nessa forma

yp (x) = tφ (a0 + a1 t... + an tn )

em que φ é o menor inteiro não negativos que garanta que nenhuma parcela de yp
seja solução da equação homogênea correspondente.
b. r(x) = (a0 +a1 t...+an tn )eαt de forma que a0 , a1 , a2 , ..., an , α ∈ R, para esse caso deverá
se buscar uma solução particular nessa forma

yp (x) = tφ (a0 + a1 t... + an tn )eαt

em que φ é o menor inteiro não negativos que garanta que nenhuma parcela de yp
seja solução da equação homogênea correspondente.
c. r(x) = (a0 + a1 t... + an tn )eαt cosβt ou r(x) = (a0 + a1 t... + an tn )eαt senβt de forma que
a0 , a1 , a2 , ..., an , β, α ∈ R, para esse caso deverá se buscar uma solução particular
26

nessa forma

yp (x) = tφ [(a0 + a1 t... + an tn )eαt cosβt + (a0 + a1 t... + an tn )eαt senβt]

em que φ é o menor inteiro não negativos que garanta que nenhuma parcela de yp
seja solução da equação homogênea correspondente.
Exemplo para o tipo a:
y 00 + 5y 0 + 6y = 3t

já resolvemos a equação homogênea associada dessa equação anteriormente, encontramos


as seguinte solução geral
y(t) = c1 e−2t + c2 e−3t

agora nos resta encontrar uma solução particular para r(t) que é um polinômio de grau
um, logo observamos que a solução particular é do tipo a

yp (t) = t0 (a0 + a1 t) = (a0 + a1 t)

escolhemos φ = 0 pois as soluções da equação homogêneas não correspondem com as


soluções para o valor escolhido. Devemos agora substituir nossa solução particular na
equação do problema dado, dessa forma

yp00 + 5yp0 + 6yp = 3t

0 + 5a1 + 6(a0 + a1 t) = 3t

0 + 5a1 + 6a0 + 6a1 t = 3t

dessa ultima, concluı́mos que 6a1 = 3 e 5a1 + 6a0 = 0 então

1
a1 =
2

e
5
a0 = −
12
portanto nossa solução particular fica na seguinte forma

yp (t) = a0 + a1 t

5 t
yp (t) = − +
12 2
adicionando essa parcela na solução geral da equação homogênea correspondente, ficamos
com
5 t
y(t) = c1 e−2t + c2 e−3t − +
12 2
27

Exemplo para o tipo b:


Para facilitar a exemplificação usaremos a mesma equação do exemplo diferente
apenas no segundo membro da igualdade, isto é

y 00 + 5y 0 + 6y = te−5t

vemos que r(t) é uma função produto que uma delas é polinomial e a outra uma expo-
nencial, o que faz dessa uma função do tipo b. Sua solução geral da homogênea associada

y(t) = c1 e−2t + c2 e−3t

agora procurando uma solução particular de r(t) na forma

yp (t) = tφ (a0 + a1 t)e−5t

tomemos φ = 0, pois não teremos solução semelhante às da homogênea associada, então

yp (t) = (a0 + a1 t)e−5t

substituindo na equação do exemplo proposto e fazendo algumas simplificações ficamos


com
−5a1 + 6a1 t + 6a0 = t

portanto
1
a1 =
6
e
5
a0 =
36
a solução particular fica
t 5
yp (t) = e−5t + e−5t
6 36
somando a solução geral da homogênea associada, concluı́mos da seguinte forma

t 5
y(t) = c1 e−2t + c2 e−3t + e−5t + e−5t
6 36

Exemplo para o tipo c:


y 00 + 4y = 2sen2t + t

primeiramente resolvemos as equação homogênea associada o que fizemos na sessão 2.2.1,


encontramos pois a seguinte solução

y(t) = C1 cos2t + C2 sen2t


28

agora encontremos a solução particular do tipo a e c (pois é uma soma de tuas parcelas
que se caracterizam um como uma função trigonométrica e outra como uma polinomial)
para r(t) = 2sen2t + t

yp (x) = tφ (a0 + a1 t... + an tn ) + tφ [(b0 + b1 t... + bn tn )eαt cosβt + (a0 + a1 t... + an tn )eα tsenβt])

yp (x) = tφ (q0 + q1 t) + tφ [(b0 )cos2t + (a0 )sen2t])

agora precisamos propor um valor para φ de forma que os valores obtidos não coincidam
com os valores da solução homogênea, notemos que se tomarmos φ = 0 na solução par-
ticular do tipo c, teremos combinações lineares de senos e cossenos e coincidirı́amos com
nossas soluções da equação associada, portanto tomemos φ = 1 e para a solução do tipo
a, tomemos φ = 0, pois não temos funções polinomiais na solução da homogênea, assim

yp (x) = q0 + q1 t + b0 tcos2t + a0 tsen2t

yp0 (x) = q1 + b0 cos2t − 2b0 tsen2t + a0 sen2t + 2a0 tcos2t

yp00 (x) = −4b0 sen2t − 4b0 tcos2t + 4a0 cos2t − 4a0 tsen2t

substituindo na equação dada

−4b0 sen2t−4b0 tcos2t+4a0 cos2t−4a0 tsin2t+4(q0 +q1 t+b0 tcos2t+a0 tsen2t) = 2sen2t+t

−4b0 sen2t + 4a0 cos2t + 4q0 + 4q1 t = 2sen2t + t

−4b0 = 2

4q1 = 1

a0 = q 0 = 0

então temos a solução particular na seguinte forma

t t
yp (x) = − cos2t
4 2

adicionando na solução geral da equação diferencial homogênea correspondente ficamos


com
t t
y(t) = C1 cos2t + C2 sen2t + − cos2t
4 2

2.4 Oscilador harmônico amortecido forçado

Em alguns casos, o oscilador estará sujeito à forças externas a ele, o provoca


fenômenos interessantes como o de ressonância. Estudamos na sessão (2.2.3) o oscilador
29

harmônico amortecido, que tem a seguinte equação

d2 X dX
2
+ 2b + w02 X = 0
dt dt

agora, implementemos a força externa que atua sobre o oscilador, nessa forma

Fext = F cos(ω1 t)

ficamos com uma equação diferencial não homogênea dessa forma

d2 X dX
2
+ 2b + w02 X = F cos(ω1 t) (20)
dt dt

Já sabemos a solução homogênea dessa equação, são as três possı́veis discutidas
na sessão (2.2.1). Na sessão (2.3) estudamos a resolução de equações não homogêneas,
caracterizamos ela como do tipo c. Assim temos uma solução particular na forma

Xp (t) = Asen(ω1 t) + Bcos(ω1 t)

Xp0 (t) = ω1 Acos(ω1 t) − ω1 Bsen(ω1 t)

Xp00 (t) = −ω12 Asen(ω1 t) − ω12 Bcos(ω1 t)

fazendo as substituições, ficamos com

− ω12 Asen(ω1 t) − ω12 Bcos(ω1 t)+


2bω1 Acos(ω1 t) − 2bω1 Bsen(ω1 t)+
ω02 Asen(ω1 t) + ω02 Bcos(ω1 t) = F cos(ω1 t)

[ω02 A − 2bω1 B − ω12 A]sen(ω1 t) + [2bω1 A − ω12 B + ω02 B]cos(ω1 t) = F cos(ω1 t)

ou ainda

[A(ω02 − ω12 ) − 2bω1 B]sen(ω1 t) + [B(ω02 − ω12 ) + 2bω1 A]cos(ω1 t)] = F cos(ω1 t)

igualando os termos, ficamos com

B(ω02 − ω12 ) + 2bω1 A = F (21)

A(ω02 − ω12 ) − 2bω1 B = 0 (22)


30

Da equação (27), tiramos


A(ω02 − ω12 )
B= (23)
2bω1
e substituindo (25) em (2.4), achamos

F = 2bω1 A − ω12 B + ω02 B

F = 2bω1 + A(ω02 − ω12 )B

da equação (20) sabemos que

(ω02 − ω12 )2 + 4b2 ω12


F =A
2bω1

2bω1 F
A= (24)
4b2 ω12 + (ω02 − ω12 )2
substituindo (17) em (16), ficamos com

F (ω02 − ω12 )
B= (25)
4b2 ω12 + (ω02 − ω12 )2

agora que temos os valores dessas duas constantes, voltemos à nossa solução particular

Xp (t) = Bcos(ω1 t) + Asen(ω1 t)

fazendo algumas manipulações, substituindo os valores, temos a seguinte expressão

2bω1 F F (ω02 − ω12 )


Xp (t) = sen(ω1 t) + cos(ω1 t) (26)
4b2 ω12 + (ω02 − ω12 )2 4b2 ω12 + (ω02 − ω12 )2

obtendo essa expressão, notamos que alguns termos são apenas constantes, portanto, para
melhor comodidade nas interpretações das soluções, façamos as seguintes manipulações
algébricas definindo os seguinte valores

(ω02 − ω12 )
cosθ = p
4b2 ω12 + (ω02 − ω12 )2

2bω1
senθ = p
4b2 ω12 + (ω02 − ω12 )2
agora usemos essas duas expressões na equação (19), reescrevemos como

F
Xp (t) = p [senθsen(ω1 t) + cosθcos(ω1 t)]
4b2 ω12 + (ω02 − ω12 )2
31

F
Xp (t) = p cos(ω1 t − θ) (27)
4b ω1 + (ω02 − ω12 )2
2 2

do teorema (2.4) sabemos que somamos essa solução particular à solução homogênea
associada e teremos a solução geral da equação diferencial na foma

x(t) = xh (t) + xp (t)

Essa demonstração pode também ser verificada em TEIXEIRA (2008) e MA-


CHADO (2012).Temos portanto três possı́veis soluções para esse oscilador amortecido
forçado. Para o oscilador harmônico supercrı́tico descrito na figura (6), a linha ponti-
lhada é o gráfico apresentado na sessão ( 2.2.3.2).

Figura 6 – Gráfico do oscilador harmônico amortecido supercrı́tico forçado dado por x(t)

Fonte: Arquivo pessoal plotado via GeoGebra.

Lembremos de nossa força externa associada ao oscilador, era dada por uma
função cosseno Fext = F cos(ω1 t), notemos que quanto maior de o valor de t, mais o
gráfico se parece com o gráfico da força externa que associamos ao sistema que é uma
função cosseno. O mesmo acontece com o oscilador crı́tico na figura (7). E não é diferente
com o oscilado subcrı́tico na figura (8).

3 Transformada de Laplace e o oscilador harmônico

São diversas as técnicas para solução de equações diferenciais, algumas técnicas


tratam de soluções gerais, outras buscam soluções particulares para equações, os proble-
mas da Fı́sica, podem geralmente ser estudados a partir de certas condições iniciais. Com
a transforma de Laplace podemos fazer observações acerca de vários problemas, como por
32

Figura 7 – Gráfico do oscilador harmônico amortecido crı́tico forçado dado por x(t)

Fonte: Arquivo pessoal plotado via GeoGebra.

Figura 8 – Gráfico do oscilador harmônico amortecido subcrı́tico forçado dado por x(t)

Fonte: Arquivo pessoal plotado via GeoGebra.

exemplo, dando X(0) = 0 e X 0 (0) = 0. Nos atentemos a alguns teoremas e definições


pertinentes ao tema.
Definição 3.1 Seja F (t) uma função que depende de t, tal que t > 0. Então, a transfor-
mada de Laplace de F (t), denotada por LF (t) é definida por
Z ∞
L{F (t)} = f (s) = e−st F (t)dt (28)
0
33

Dizemos que a L{F (t)} existe se a integral (22) converge para algum valos de
s, caso contrário L{F (t)} não existe. Se uma função que depende de t é indicada por
uma letra maiúscula f (t), g(t), h(t),etc., a transformada de Laplace da função é denotada
por letra minúscula que dependem de s, respectivamente, F (s), G(s), H(s),etc.
Podemos fazer uso da transformada de Laplace para resolver problemas de
valor inicial dado por
ay 00 + by 0 + cy = f (t)

y(0) = y0 , y 0 (0) = y00 ∀a, b, c ∈ R


O processo consiste em transformar a equação diferencial em uma equação
algébrica e resolvê-la . Em seguida, transformamos a solução da equação algébrica na
solução da equação diferencial.
Teorema 3.1 (Linearidade) Se a transformada de Laplace de f (t) é F (s), para s > a1 ,
e a transformada de Laplace de g(t) é G(S), para s > a2 , então para quaisquer constantes
α e β vale a igualdade

L{αf + βg}(t) = αL{f }(t) + βL{g}(t) = αF (s) + βG(s)

para s > max{a1 , a2 }


Demonstração 4
Z ∞
L{αf + βg}(t) = e−st (αL{f }(t) + βL{g}(t))dt
0

Z ∞ Z ∞
−st
L{αf + βg}(t) = α e L{f }(t)dt + β e−st L{g}(t))dt
0 0

L{αf + βg}(t) = αF (s) + βG(s)

Chamamos uma função por seccionalmente contı́nua ou contı́nua por partes


num intervalo [a, b], se o intervalo pode ser subdividido em uma quantidade de intervalos
finitos em cada um dos quais a função é contı́nua e tem limites, à direita e à esquerda,
finitos.
Quando acontecer da função crescer rapidamente, ela pode não ter transfor-
mada de Laplace. Isso acontece para f (t), para as quais existem M > 0 e k > 0 tais
que,
|f (t)| < M ekt

para t > 0.
Chamamos por funções admissı́veis as funções seccionalmente contı́nuas que
satisfazem a propriedade anterior. Se duas funções admissı́veis tem a mesma transformada
de Laplace então as mesmas são iguais, com as restrições das descontinuidades.
Teorema 3.2 (Teorema de Deslocamento) Seja a uma constante. Se a transfor-
34

mada de Laplace da função f : [0, ∞) → Re F (s), para s > c, então a transformada


de Laplace da função
g(t) = eat f (t) é G(s) = F (s − a)
para s > a + c
Demonstração 5
Z ∞ Z ∞
−st at
G(s) = e e f (t) = e(a−s)t f (t) = F (s − a)
0 0

Teorema 3.3 (Injetividade) Dadas duas funções f (t) e g(t) ambas admissı́veis se
L{f (s)} = L{g(s)}
para s > a, então
f (t) = g(t)

exceto possivelmente nos pontos de descontinuidade.


Podemos verificar mais discussões acerca desse teorema em SANTOS (2011) e
SPIEGEL (1965).Do teorema (4.0.2) podemos afirmar que se F (s) é a transformada de
Laplace de uma função admissı́vel f (t) e essa função está bem definida em um intervalo
[a, b], exceto possivelmente nas descontinuidades e dizemos que f (t) é a transformada de
Laplace inversa de F (s) e escrevemos

L{F −1 (s)} = f (t)

3.1 Problemas de valor inicial

Inicialmente discutimos sobre a resolução de equações diferenciais fazendo uso


da Transformada de Laplace, para tratarmos desse assunto, temos a necessidade de enun-
ciarmos dois teoremas
Teorema 3.4 Seja f : [0, ∞) → R uma função admissı́vel e contı́nua.
a. Se f 0 (t) é seccionalmente contı́nua, então

L{f 0 (s)} = sF (s) − f (0),

em que F (s) é a transformada de Laplace de f (t).


b. Se f 0 (t) é admissı́vel e contı́nua e f 00 (t) é seccionalmente contı́nua, então

L{f 00 (s)} = s2 F (s) − sf (0) − f 0 (0),

em que F (s) é a transformada de Laplace de f (t)


Demonstração 6
35

a. Provaremos para o caso de f 0 (t) ser contı́nua


Z ∞
0
L{f (s)} = e−st f 0 (t)dt
0

Z ∞
0 −st
L{f (s)} = e f (t)|∞
0 − (−s) e−st f (t)dt
0
0
L{f (s)} = −f (0) + sF (s)

b. Provaremos para o caso de f 00 (t) ser contı́nua


Z ∞
00
L{f (s)} = e−st f 00 (t)dt
0

Z ∞
00 −st 0
L{f (s)} = e f (t)|∞
0 − (−s) e−st f 0 (t)dt
0

L{f (s)} = −f (0) + sL{f 0 (t)}


00 0

L{f 00 (s)} = −f 0 (0) + s(−f (0) + sF (s))

L{f 00 (S)} = −f 0 (0) − sf (0) + s2 F (s)

3.2 Oscilador harmônico amortecido forçado: Um problema de


valor inicial

Já solucionamos esse problema na sessão (2.4), agora nos propomos através
da transformada de Laplace resolver um caso particular do oscilar amortecido forçado.
Sabendo pelo teorema de existência e unicidade, dado as condições iniciais do sistema,
obtemos uma única solução para o oscilador. Considere X(0) = 0, X 0 (0) = 0 e a equação
(20)
d2 X dX
2
+ 2b + w02 X = Fext
dt dt
de forma que b = 3, w0 = 4 e a força externa seja 32sen2t, e então temos a equação

d2 X dX
2
+6 + 16X = 32sen2t
dt dt
Aplicando a transformada de Laplace no problema, pela propriedade de line-
aridade, segue que

(L{X 00 (s)}) + 6(L{X 0 (s)}) + 16L{X(s)} = 32L{sen2t}


64
(−X 0 (0) − sX(0) + s2 x(s)) + 6(−X(0) + sx(s)) + 16x(s) =
s2+4
36

aplicamos as condições X(0) = 0 e X 0 (0) = 0 e a equação fica

64
s2 x(s) + 6sx(s) + 16x(s) =
s2 + 4

64
x(s)(s2 + 6s + 16) =
s2+4
64
x(s) =
(s2 + 4)(s2 + 6s + 16)
Agora nos basta encontrar a transformada de Laplace inversa do problema e encontramos
a solução para a equação, consultemos MORAIS (2013), na seguinte forma

64
x(s) =
(s2 + 4)(s2 + 6s + 16)

1
X(t) = L− {x(s)} = 64L−
(s2 + 4)(s2 + 6s + 16)
Podemos usar a soma de frações parciais para manipular o segundo membro da equação,
e assim obter a soma de duas frações, dessa forma

64 As + B Cs + D
= 2 + 2
(s2 2
+ 4)(s + 6s + 16) s +4 s + 6s + 16

64 = (As + B)(s2 + 6s + 16) + (Cs + D)(s2 + 4)

64 = s3 (A + C) + s2 (6A + B + D) + s(16A + 6B + 4C) + (16B + 4D)

E assim obtemos o seguinte sistema





 16A + 6B + 4C = 0,



4B + D = 16,


 A + C = 0,



6A + B + D = 0.

4 8 4 16
As soluções são, A = − , B = , C = e D = , e assim as frações parciais ficam
3 3 3 3
4 8 4 16
64 − s + s +
2 2
= 32 3 − 3
2
3
(s + 4)(s + 6s + 16) s +4 s + 6s + 16

e então

64 4 s 4 2 4 s+3 4 7
2 2
=− + 2 + + √
(s + 4)(s + 6s + 16) 3 (s + 4) 3 s + 4 3 (s + 3) + 7 3 7 (s + 3)2 + 7
2 2
37

64 4 s
X(t) = L− { } = L− {− +
(s2 2
+ 4)(s + 6s + 16) 2
3 (s + 4)

4 2 4 s+3 4 7
+ + √ }
3 s + 4 3 (s + 3) + 7 3 7 (s + 3)2 + 7
2 2

64 4 4 4 −3t √ 4 −3t √
L− { } = − cos2t + sen2t + e cos 7t + √ e sen 7t
(s2 + 4)(s2 + 6s + 16) 3 3 3 3 7
portanto
4 4 4 √ 4 √
X(t) = − cos2t + sen2t + e−3t cos 7t + √ e−3t sen 7t
3 3 3 3 7
38

4 Considerações finais

Apresentamos algumas das formas de solução de problemas com equações diferenciais de


segunda ordem, há vários problemas da mecânica que estão associados a este tipo de
equação devido a aceleração estar presente nesses sistemas, pois é a segunda derivada da
curva que representa posição em função do tempo. Os osciladores apresentados podem
ser tratados de outras várias formas, como por exemplo em um sistema de acoplamento
entre os objetos em vibração.
O ensino de Matemática na modernidade está fortemente voltado para a com-
preensão de nossas realidades através da linguagem própria desenvolvida nesse campo
cientı́fico, os atuais modelos educacionais fortemente defendem a interdisciplinaridade en-
tre as os temas abordadas na escola, para isso faz-se essencial o amplo conhecimento
matemático desenvolvido nos cursos de graduação e nos cursos de pós-graduação para
que seja possı́vel estabelecer conexões entre esses temas escolares.
No curso de graduação de Licenciatura em Matemática o estudo de Equações
Diferenciais Ordinárias é essencial para a compreensão dos fundamentais mecanismos
da Fı́sica e dos modelos matemáticos através da abstração dos teoremas nos sistemas
concretos. O professor de Matemática, deve ainda, compreender a necessidade dessa
abstração e dos modelos matemáticos na construção do pensamento abstrato, aritmético
e algébrico.
Os temas abordados em Equações Diferenciais são fundamentais também nos
cursos de graduação em Fı́sica, desde as ideias elementares da mecânica clássica ao
princı́pios da Fı́sica moderna. Grande parte dos modelos fı́sicos podem ser expressos
através de modelos de equações diferenciais. Também na engenharia são diversos os pro-
blemas solucionados através de métodos numéricos para equações diferenciais.
Poderı́amos nos estender dissertando sobre as áreas da ciência que fazem uso
das Equações Diferenciais, mas o campo é tão vasto e amplo que precisamos ainda destacar
as possibilidades de estudos ainda não descritos na literatura, existem múltiplos problemas
que se limitam a soluções numéricas e particulares, alguns outros ainda não permitem
soluções gerais e generalizações.
39

Referências

BASSALO, José Maria Filiardo. Fı́sica Matemática. São Paulo: Livraria da Fı́sica:
Casa Editorial Maluhy, 2010.

BOYCE, William E. Equações Diferenciais Elementares e Problemas de


Valores de Contorno. Rio de Janeiro: Livros Tecnicos e Cientı́ficos Editora S.A, 2000.

MACHADO, Kleber Daum. Equações Diferenciais Aplicadas. Ponta Grossa:


Todapalavra, 2012.

MORAIS, Sâmila Cruz. Transformada de Laplace e Aplicações. (Trabalho de


Conclusão de Curso), Universidade Federal do Pará), 2013.

SANTOS, Reginaldo de Jesus. Introdução as Equações Diferenciais Ordinárias.


Belo Horizonte: Imprensa Universitária da UFMG, 2011.

SPIEGEL, Murray R. Coleção Schaum:Transformadas de Laplace. Tradução de


Roberto Ribeiro Baldin. São Paulo: McGraw-Hill Book Co, 1965.

TEIXEIRA, Fernanda Luiz. Modelos Descritos por Equações Diferenciais.


Dissertação de Mestrado – Universidade Estadual Paulista, 2008.
40

Apêndice A – Existência e Unicidade

Teorema .1 (Existência e Unicidade para Equações de 1◦ ordem) Considere o


problema de valor inicial
 dy = f (t, y),

dt (29)
y(t ) = y .
0 0

∂f
se f (t, y) e são contı́nuas no retângulo
∂y

R = (t, y) ∈ R2 |α < t < β, e δ < y < γ

contendo (t0 , y0 ), então o problema (29) tem uma única solução em um intervalo
contendo t0 .

Demonstração 7 Defina a sequencia de funções yn (t) por


Z t
y0 (t) = t0 , yn (t) = y0 + f (s, yn−1 (s))ds, para n = 1, 2, ...
t0

Como f (t, y) é contı́nua no retângulo R, existe uma constante positiva b tal que

|f (t, y)| ≤ b, para (t, y) ∈ R

Assim
|y1 (t) − y0 | ≤ b|t − t0 |, para α < t < β.
∂f
Como é contı́nua no retângulo R, existe uma constante positiva a, tal que
∂y

|f (t, y) − f (t, z)| ≤ a|y − z|, para α < t < β e δ < y, z < y.

Assim
Z t
|y2 (t) − y1 (t)| ≤ |f (s, y1 (s)) − f (s, y0 (s))|ds
t0
Z t Z t
|t − t0 |2
≤a |y1 (s) − y0 |ds ≤ ab |s − t0 |ds = ab
t0 t0 2
41

e
Z t
|y3 (t) − y2 (t)| ≤ |f (s, y2 (s)) − f (s, y1 (s))|ds
t0
Z t t
|s − t0 |2 |t − t0 |3
Z
2
≤a |y2 (s) − y1 (s)|ds ≤ a b ds = a2 b
t0 t0 2 6

Vamos supor, por indução, que

|t − t0 |n−1
|yn−1 (t) − yn−2 (t)| ≤ an−2 b
(n − 1)!

Então
Z t
|yn (t) − yn−1 (t)| ≤ |f (s, yn−1 (s)) − f (s, yn−2 (s))|ds
t0
Z t
≤a |yn−1 (s) − yn−2 (s)|ds
t0
Z t
|s − t0 |n−1 |t − t0 |n
≤a an−2 b ds = an−1 b (30)
t0 (n − 1)! n!

Estas desigualdades são válidas para α ≤ α0 < t < β 0 ≤ β em que α0 e β 0 são tais que
δ < yn (t) < γ sempre que α0 < t < β 0 . Segue-se de (2) que
∞ ∞
X X an−1 (β − α)n
|yn (t) − yn−1 (t)| ≤ b
n=1 n=1
n!

que é convergente. Como



X
yn (t) = y0 + (yk (t) − yk−1 (t)),
n=1

então yn (t) é convergente. Seja

y(t) = lim yn (t)


n−→∞

Como m m
X X ak−1 (β − α)k
|ym (t) − yn (t)| ≤ |yk (t) − yk−1 (t)| ≤ b
k=n+1 k=n+1
k!

então passando ao limite quando m tende a infinito, obtemos que



X ak−1 (β − α)k
|y(t) − yn (t)| ≤ b (31)
k=n+1
k!
42


Logo dado um  > 0, para n suficientemente grande, |y(t) − yn (t)| < , para α0 < t < β 0 .
3
Daı́, segue-se que y(t) é contı́nua, pois dado  > 0 para s suficientemente próximo de t,
 
temos que |yn (t) − yn (s)| < e para n suficientemente grande |y(t) − yn (t)| < e
3 3

|y(s) − yn (s)| < , o que implica que
3

|y(t) − y(s)| ≤ |y(t) − yn (t)| + |yn (t) − yn (s)| + |yn (s) − y(s)| < 

Além disso para α0 < t < β 0 , temos que


Z t Z t Z t
lim f (s, yn (s))ds = f (s, lim yn (s))ds = f (s, y(s))ds
n−→∞ t0 t0 n−→∞ t0

pois, por (29), temos que


Z t Z t
| f (s, yn (s))ds − f (s, y(s))ds| ≤
t0 t0
Z t
|f (s, yn (s)) − f (s, y(s))|ds
t0
t ∞
ak−1 (β − α)k
Z X
≤ |yn (s) − y(s)|ds ≤ ab(t − t0 )
t0 k=n+1
k!

que tende a zero quando n tende ao infinito. Portanto


Z t
y(t) = lim yn (t) = y0 + lim f (s, yn−1 (s))ds =
n−→∞ n−→∞ t0

Z t Z t
= y0 + f (s, lim yn−1 (s))ds = f (s, y(s))ds
t0 n−→∞ t0

Derivando em relação a t esta equação, vemos que y(t) é solução do problema de valor
inicial. Agora, suponhamos que y(t) e z(t) sejam soluções do problema de valor inicial.
Seja Z t
u(t) = |y(s) − z(s)|ds
t0

Assim, como
Z t Z t Z t Z t
0 0
y(t) = y (s)ds = f (s, y(s))ds, z(t) = z (s)ds = f (s, z(s))ds
t0 t0 t0 t0
43

então
Z t Z t
0 0 0
u (t) = |y(t) − z(t)| ≤ |y (s) − z (s)|ds = |f (s, y(s)) − f (s, z(s))|ds
t0 t0
Z t
≤a |y(s) − z(s)|ds
t0

ou seja,
u0 (t) ≤ au(t)

Subtraindo-se a au(t) e multiplicando-se por e−at obtemos

d −at
(e u(t)) ≤ 0, com u(t0 ) = 0
dt

Isto implica que e−at u(t) = 0, sabendo que u(t) ≥ 0 e portanto que u(t) = 0, para todo t.
Assim y(t) = z(t), para todo t.

Teorema .2 O problema de valor inicial



X 0 (t) + A(t)X(t) + F (t),
(32)
X(t ) = X (0)
0

Suponha que aij (t), fi (t) sejam as funções contı́nuas num intervalo I = [a, b] contendo
t0 . Então o problema (32) tem uma única solução no intervalo I.

Demonstração 8 Defina a sequencia X (k) (t) por


Z t
(0) (0) (k) (0)
X (t) = X , X (t) = X + (A(s)X (k−1) (s) + F (s))ds, para k = 1, 2, ...
t0

Assim, cada componente X k (t) é dada por


Z t Xn
(k) (0) (k−1)
xi = xi + ( aij (s)xj (s) + fi (s))ds
t0 j=1

Sejam M, N > 0 tais que

|aij | ≤ M, para i, j = 1, 2, ...n e t ∈ I (33)

(1) (0)
|xi − xi | ≤ N, para i = 1, 2, ...n e t ∈ I
44

Então
n
Z tX
(2) (1)
|xi (t) − xi (t)| ≤ |aij (s)||x1j (s) − x0j |ds
t0 j=1
n
Z tX
(1) (0)
≤M |xj (s) − xj |ds ≤ nM N (t − t0 )
t0 j=1

n
Z tX
(3) (2) (1)
|xi (t) − xi (t)| ≤ |aij (s)||x2j (s) − xj (s)|ds
t0 j=1
n
Z tX n Z
X t
(2) (1) 2
≤M |xj (s) − xj (s)|ds ≤ nM N |s − t0 |ds
t0 j=1 j=1 t0

|t − t0 |2
≤ n2 M 2 N
2

Por indução

n
Z tX
(k+1) (k) (k−1)
|xi (t) − xi (t)| ≤ |aij (s)||xkj (s) − xj (s)|ds
t0 j=1
n
Z tX n Z t
(k) (k−1)
X |s − t0 |k−1
≤M |xj (s) − xj (s)|ds ≤M nk−1 M k−1 N ds
t0 j=1 j=1 t0 (k − 1)!
|t − t0 |k
≤ nk M k N
k!
(k)
Usando o argumento de que xi (t) é uma sequencia convergente. Seja

(k)
xi (t) = lim xi (t)
k→∞

Também temos que se xi (t) é contı́nua, vale a relação


Z t Xn Z t Xn
(k−1)
lim ( aij (s)xj (s) + fi (s))ds = ( aij (s)xj (s) + fi (s))ds
k→∞ t0 t0
j=1 j=1

Assim
Z t Xn
(k) (0) (k−1)
xi (t) = lim xi (t) = xi + lim ( aij (s)xj (s) + fi (s))ds =
k→∞ k→∞ t0 j=1
Z n
t X Z t Xn
(0) (k−1) (0)
= xi + ( aij (s) lim xj (s) + fi (s))ds = xi + ( aij (s)xj (s) + fi (s))ds
t0 k→∞ t0
j=1 j=1

Derivando em relação a t esta equação vemos que xi (t) é solução do problemas de valor
45

inicial. Agora mostremos a unicidade, para isso, seja X(t) e Y (t) duas soluções do
problemas de valor inicial (32). Então

Z(t) = X(t) − Y (t)

é solução do problema de valor inicial (32) com X (0) = 0 e F (t) = 0. Assim temos que
mostrar que Z(t) = 0, para todo t.
Rt
Seja u(t) = t0 (|z1 (s)| + ... + |zn (s)|)ds. Como
Z t Z t
z1 (t) = z10 (s)ds, ..., zn (t) = zn0 (s),
t0 t0

então por (33) temos


Z t
|z1 (t)| + ... + |zn (t)| ≤ (|z10 (s)| + ... + |zn0 (s)|)ds
0
n X
Z tX n Z t
≤ |aij (s)||zj (s)|ds ≤ nM (|z1 (s)| + ... + |zn (s)|)ds = nM u(t),
0 i=1 j=1 0

para t ∈ I, ou seja,
u0 (t) ≤ nM u(t).

Multiplicando a inequação acima por e−nM t obtemos

d −nM t
(e u(t)) ≤ 0, com u(t0 ) = 0.
dt

Isto implica que u(t) = 0, para todo t, e portanto Z(t) = 0, para t ∈ I.

Teorema .3 (Existência e Unicidade para Equações de 2◦ ordem) O problema


de valor inicial 
y 00 + p(t)y 0 + q(t)y = r(t),
y(t ) = y , y 0 (t ) = y 0 .
0 0 0 0

para p(t), q(t) e r(t) funções contı́nuas em um intervalo aberto I contendo t0 tem uma
única solução nesse intervalo.

Demonstração 9 Sejam x1 (t) = y(t) e x2 (t) = y 0 (t). O problema de valor inicial é


equivalente ao problema 
X 0 (t) + A(t)X(t) + F (t),
X(t ) = X (0)
0
46

em que

0 1 x (t) 0 y
1 0
A(t) = , X(t) = F (t) = e X (0) = 0 .

−q(t) −p(t) x2 (t) f (t) y0 (t)

A conclusão segue do teorema (.2)

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