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Invasão celular e Metástase

A metástase é a principal causa da alta mortalidade do câncer, sendo responsável por 90%
das mortes por esta doença. A metástase, hoje, é considerada o processo mais complexo
e menos compreendido do câncer.

Nas fases iniciais de múltiplas etapas de progressão tumoral, células de câncer se


multiplicam no local onde suas células antecessoras perderam o controle da proliferação. O
resultado normalmente aparece muitos anos depois, como uma massa tumoral primária.

O diagnóstico de doença metastática frequentemente representa a sentença de morte


para pacientes com câncer, já que os mecanismos pelos quais as células de câncer fazem
metástase de um tumor primário para locais distantes no corpo permanecem pouco entendidos.

Vista aqui, uma varredura de todo o corpo de um paciente com


metástase de linfoma não-Hodgking (NHL). Esta é uma imagem de CT
(tomografia de raios X computadorizada) dos tecidos do corpo (cinza,
azul) e PET (tomografia por emissão de pósitrons), na qual a tomada da
fluorodesoxiglicose marcada radiativamente (FDG) em vários tecidos
(amarelo) é detectada. A tomada de FDG indica regiões de alta atividade
do metabolismo celular. A atividade associada ao cérebro é normal.
Entretanto, a presença de numerosos sinais amarelos na região
abdominal indica múltiplas metástases NHL.

Os tumores promovem uma desregulação do metabolismo das


células, desviando a respiração aeróbia para a glicólise, de modo que as
células tumorais captam uma quantidade muito mais de glicose que as
células normais, e por isso marcam-se como as células nervosas, que também apresentam
grande captação de glicose.
Os tumores primários, em alguns órgãos, podem se expandir sem causar nenhum
desconforto no paciente, como no espaço peritoneal ou pleural, de modo que o início de
desconfortos e sintomas acontece já quanto a massa tumoral é extensa. Entretanto, outros
locais, como o cérebro, tumores pequenos já promovem o surgimento de sintomas, o que permite
o diagnóstico com o tumor relativamente pequeno. Mais cedo ou mais tarde, entretanto, em todos
os locais do corpo, tumores de tamanhos substanciais comprometem o funcionamento dos
órgãos nos quais surgiram e começam a provocar sintomas.

Em muitos casos, os efeitos na função do tecido normal vêm da pressão física exercida
pela expansão da massa tumoral. Em outros, células da massa tumoral primária invadem o tecido
normal adjacente e, assim, começam a comprometer funções vitais.

Apesar de insidiosos e corrosivos, os tumores primários são responsáveis


fundamentalmente por apenas 10% das mortes por câncer. Os 90% restantes de pacientes são
atacados por crescimentos cancerosos descobertos em locais distantes no seu corpo onde o
tumor primário surgiu. Essas metástases são formadas por células de câncer que deixaram a
massa tumoral primária e viajaram pelas estradas do corpo – sangue e vasos linfáticos – para
buscar novos locais, por todas as partes do corpo, onde possam fundar novas colônias.

Por razões que permanecem obscuras, tumores em certos tipos de tecidos têm uma alta
probabilidade de metástase, ao passo que, em outros tecidos, raramente ocorre metástase.
Depois que melanomas primários penetram a uma certa distância em direção ao tecido
subjacente à pele, a presença de metástase em locais distantes do corpo é quase uma certeza.
Ao contrário, carcinomas de células escamosas da pele e astrocitomas – tumores primários de
células da glia no cérebro – raramente desenvolvem metástase.

Em uma variedade de tipos de tumores humanos, a disseminação de células de câncer


através do corpo ocorre pelo tempo em que o tumor primário é primeiro detectado; no momento
do diagnóstico inicial, essas células espalhadas seriam não-aparentes, porque elas apenas
formam colônias de tumores pequenas – micrometástases.

A conexão entre tamanho do tumor e prognóstico da doença não é clara


Este gráfico de barras revela que, conforme aumenta o diâmetro de um câncer de mama
primário inicialmente diagnosticado aumenta a probabilidade de metástases distantes em
pacientes. Isso é indicado aqui como porcentagem de mulheres portadoras de tumores primários
de um dado tamanho que eventualmente desenvolvem metástases macroscópicas distantes.
Assim, a probabilidade de metástase
aumenta diretamente com o tamanho
do tumor primário; entretanto, este
tamanho não determina precisamente
a ocorrência ou não de metástase.
Hoje, se busca marcas moleculares
capazes de predizer o prognóstico
metastático de cada tumor.
Metástase: seed and soil hypothesis
Em 1889, Paget notou que a metástase ocorria mais frequentemente em certos órgãos
e propôs que esse fenômeno não era aleatório. Estudos sugeriram que a metástase era resultado
de sinalização entre a célula tumoral (semente) e o microambiente do órgão nos sítios de
metástase (solo). O microambiente, por exemplo, regula a angiogenese, um importante
componente da metástase.

Em 1980, Ian Hart e Isaiah Fidler revisam e testam a teoria:

 Células melanoma isoladas de metástases pulmonares metastatizam para o pulmão ou


fragmentos ectopicamente implantados do órgão, mas não para outros órgãos.

 Algumas células tumorais seletivamente metastatizam para regiões específicas de um órgão.

 Células tumorais se ligam preferencialmente ao endotélio do leito microvascular dos seus


respectivos órgãos alvos.

 Hipótese contrária: Anatomia vascular e a drenagem linfática como determinantes. Ex: câncer
de cólon e fígado.

 Marcação radioativa de células injetadas mostraram que elas ficam igualmente retidas na
microcirculação em tecidos que desenvolvem ou não desenvolvem metástases.

 Hoje buscam-se os mecanismos moleculares que determinam o tropismo e promovem


metástases.

A célula metastática não coloniza órgãos de maneira aleatória, ela atua como uma
semente que somente cresce em solo fértil. A célula metastática apresenta um tropismo para
determinado órgão alvo, com ainda especificidade de região no interior deste órgão.

Genes promotores e supressores de metástase


Mecanismos célula-autônomos: dependem de uma modificação interna da célula. Um
traço genético em organismos multicelulares nos quais apenas as células genotipicamente
mutantes exibem o fenômeno mutante.

Mecanismos não célula-autônomos: depende de mecanismos externos à célula, como


quimiocinas e citocinas. É um traço no qual células mutantes podem levar outras células com
genótipo normal a exibir o fenótipo mutante.

Em outras palavras, os termos se referem a efeitos de uma mutação em um fenótipo


particular. Se o fenótipo é restrito às células mutantes, o traço é considerado célula-autônomo.
Se o fenótipo mutante se estende para além das células mutados, o traço é dito como não célula-
autônomo.
Genes promotores de metástase: TGF-β, PTHrP outros fatores promotores de EMT,
metaloproteases, peq GTPases Rho-Rac-cdc42 e outros genes reguladores da migração
celular.

Genes supressores de metástase: os supressores de metástase variam de acordo com


o tipo de tumor. E-caderina (adesão celular), NM23 (Nucl dif Kin), TIMPs (inibidor de
metaloproteases), KAI1 b (antogonista EGF), KISS1 (melanoma).

Descoberta em zebra-fish: a tonicidade do liquido extracelular e sangue determinada a


malignização de células. A perda da função da ATP1b1a diminui a atividade da Na+K+ATPase,
levando à estresse hipotônico, que contribui para o desenvolvimento tumoral. A isotonicidade
do organismo inibe o desenvolvimento de tumor.

Trajeto de células de câncer de um tumor primário para um local de


metástase em potencial depende de uma série de passos biológicos
complexos

CASCATA DE INVASÃO METÁSTASE

1) Invasão localizada

2) Intravasão

3) Disseminação

4) Extravasação

5) Formação de micrometástases

6) Colonização

O passo inicial da invasão localizada permite às células do carcinoma in situ romperem


a membrana basal. Consequentemente, elas podem intravasar microvasos sanguíneos e
linfáticos. Esses vasos podem transportar as células de câncer para locais anatomicamente
distantes, em que elas podem ficar presas e subsequentemente extravasar e formar
micrometástases dormentes. Finalmente, algumas micrometástases podem adquirir a habilidade
para colonizar tecidos nos quais elas tenham chegado, permitindo a formação de metástases
macroscópicas. O último passo – colonização – parece ser o mais ineficiente de todos. A
pequena probabilidade de completar com sucesso todos os passos dessa cascata explica a baixa
chance de que uma única célula de câncer, deixando o tumor primário, se torne com sucesso
um fundador de uma metástase macroscópica distante
CARCINOMAS: INVASÃO E INTRAVASÃO

A grande maioria de tecidos epiteliais é construída de acordo com um conjunto comum


de princípios arquitetônicos – em muitos casos, folhas relativamente finas de células epiteliais
situadas sobre profundas e complexas camadas de estroma. Separando as duas, está o tipo
especializado de matriz extracelular (ECM) conhecido como membrana basal.

Por definição, carcinomas começam no lado epitelial da membrana basal e são


considerados benignos enquanto as células que os formam permanecerem nesse lado. Cedo ou
tarde, entretanto, muitos carcinomas adquirem a habilidade de penetrar a membrana basal, e
células cancerígenas individuais ou em grupo começam a invadir o estroma próximo. Essa
massa de células neoplásicas é agora reclassificada como maligna.

Uma vez presente no compartimento do estroma, células do carcinoma podem ganhar


acesso direto aos vasos sanguíneos e linfáticos, os quais são normalmente encontrados apenas
no lado do estroma da membrana basal. O contato próximo com os capilares fornece às células
tumorais acesso a nutrientes e oxigênio carregados pelo sangue. Além disso, suas propriedades
invasivas capacitam essas células de câncer a se moverem através das paredes e para dentro
do lúmen dos vasos sanguíneos e linfáticos. A invasão dos vasos é frequentemente chamada
intravasão.

Invadopódios

Secretam fatores de
colaboram para a intravasão,
sendo cooptados pelas
células tumorais.

CARCINOMAS: EXTRAVASAÇÃO

Ao contrário das células vermelhas e brancas do sangue, células do carcinoma são inapropriadas
a passarem através de muitos capilares, cujos diâmetros internos são extremamente pequenos para
acomodá-las. Capilares em geral têm entre 3 e 8μm, e células do sangue são bem adaptadas para
passarem através desses capilares. Eritrócitos, por exemplo, têm em torno de 7μm de diâmetro e são
facilmente deformáveis, facilitando sua passagem através dos capilares. Muitas células de câncer possuem
um diâmetro maior do que 20μm, e não são especialmente deformáveis. Além disso, as células do câncer
no sangue são cobertas por plaquetas, e seus diâmetros são efetivamente aumentados, ocorrendo um
bloqueio dos vasos mais largos do que capilares, isto é, pequenas artérias chamadas arteríolas. Entretanto,
muitos tipos de metástase de tumores humanos são encontrados em diferentes lugares do corpo, indicando
que frequentemente células de câncer têm sucesso em escapar dos pulmões e viajam para muitos outros
lugares do corpo, por mecanismos que podem incluir a perda de grande porção do citoplasma.

Uma vez alojadas em vasos sanguíneos de vários tecidos, células de câncer devem escapar do
lúmen desses vasos e penetrar nos tecidos que os rodeiam – o passo chamado extravasação. Esse
processo depende de interações complexas entre células de câncer e paredes dos vasos aos quais elas se
tornaram presas. Elas podem começar proliferando dentro do lúmen dos vasos, criando um pequeno tumor
que cresce e, por fim, destrói a parede do vaso adjacente.

Células em metástase ficam presas fisicamente ao capilar. Em minutos, um grande número de plaquetas se
tornou ligado a essas células de câncer, formando um microtrombo. Algumas dessas ainda não desgranularam ou
liberaram fatores de crescimento, proteases, etc. Células de câncer empurram para o lado células endoteliais em uma
parede de capilar, consequentemente alcançando contato direto com a base da membrana basal do capilar. Em um dia,
o microtrombo é dissolvido pelas proteases do sangue que são geralmente responsáveis por dissolverem coágulos.
Células de câncer começam a proliferar no lúmen do capilar. Dentro de alguns dias, algumas vezes cedo, células de
câncer rompem a membrana basal do capilar e invadem tecido parenquimal que as cercam.
CARCINOMAS: COLONIZAÇÃO

Uma vez que tenham chegado dentro do parênquima de um tecido, células de câncer
em metástase podem começar a formar uma massa tumoral nos seus novos locais encontrados,
o processo frequentemente chamado de colonização.

Esse passo é também um desafio – talvez o mais difícil de todos, ostensivamente porque
o ambiente do tecido estranho não dá às células de câncer fatores de crescimento e
sobrevivência familiares que permitem a seus progenitores crescer no tumor primário. Sem esses
diferentes tipos de suporte fisiológico, células em metástase podem rapidamente morrer ou,
quando muito, sobreviver por longos períodos como células únicas ou pequenos grupos de
células de câncer – então chamadas micrometástases – que podem apenas ser detectadas
microscopicamente e raramente aumentam de tamanho. Em geral, o número de
micrometástases no corpo do paciente com câncer excede muito aquele que cresceria o
suficiente (vários milímetros ou mais em diâmetro) para ser clinicamente detectável.

Essa baixa taxa de sucesso na formação de metástases, algumas vezes chamada de


ineficiência metastática, é o produto final da sequência de passos ineficientes que, juntos,
formam a cascata invasão-metástase.
Qualquer que seja sua natureza, micrometástases representam um perigo iminente, já
que com frequência estão presentes em um grande número por todo o corpo e poderiam irromper
anos após o câncer ser descoberto e curado.

Transição epitelial-mesenquimal e a perda associada da expressão de E-


caderina permite que células de carcinoma se tornem invasivas: o câncer
recapitula a embriogênese
Transição epitélio-mesenquima (EMT): Com o objetivo de adquirir mobilidade e
invasividade, células de carcinoma devem alterar muito o seu fenótipo epitelial, destacando-se
das camadas epiteliais, e sofrer uma drástica mudança – a transição epitelial-mesenquimal
(EMT). Perda da polaridade intrínseca da célula epitelial e junções celulares.

 Perda da adesão célula-célula

 Perda da polarização apical-basal

 Aumento da motilidade

Transição mesenquima-ameboide (MAT): células que perderam toda a polaridade são


caracterizadas como ameboides. Essas células podem se mover em direção a estímulos
quimiotáticos e são frouxamente aderidas á EMC, permitindo rápida migração.

Cells that partially


retain their polarity still
have a tail that contains
retraction fibres and a
front that contains stress
fibres and can form focal
adhesions. They can still
attach to the extracellular
matrix (ECM).
Conversely, cells
that lose all polarity are
characterized as
‘amoeboid’. These cells
can chemotax towards
stimuli and are only
loosely attached to the
ECM, allowing for rapid
migration.
Esse processo patológico é notavelmente similar às EMTs que ocorrem durante a
embriogênese inicial e a cicatrização do ferimento. Uma vez ainda, células epiteliais cessam a
expressão de proteínas marcadoras epiteliais e expressam proteínas mesenquimais em seu
lugar; ao mesmo tempo, tais células perdem sua morfologia epitelial e tomam a aparência de
fibroblastos. O programa complexo de reorganização celular exibido por células do carcinoma
invasivas depende da reativação de programas comportamentais latentes cuja expressão em
geral é confinada à embriogênese inicial e a tecidos adultos injuriados.

Versões normais e patológicas de EMT envolvem, além das alterações na forma e


aquisição de mobilidade, mudanças fundamentais no perfil de expressão gênica das células. A
expressão de E-caderina e citoqueratinas (filamento intermediário) – marcadores de células
epiteliais – é reprimida, enquanto a expressão de vimentina, um componente filamentoso
intermediário do citoesqueleto das células mesenquimais é induzida. Células epiteliais que
sofreram EMT frequentemente começam a produzir fibronectina, uma proteína da matriz
extracelular que é normalmente secretada apenas por células mesenquimais, como os
fibroblastos. Ao mesmo tempo, a expressão típica de marcadores fibroblásticos – N-caderina –
é frequentemente adquirida no lugar de E-caderina.

Twist induz a EMT, uma alteração na célula tumoral requerida para a migração e invasão.
Perda de E-Caderina e importação de beta-catetina para o núcleo

Em células epiteliais normais, β-catenina serve para ligar a cauda citoplasmática de E-


caderina, que forma junções aderentes com células vizinhas, ao esqueleto de actina. Ela também
funciona no citoplasma como uma chave intermediária na via de sinalização Wnt. A perda de E-
caderina da membrana plasmática libera moléculas de β-catenina, as quais poderiam então
migrar para o núcleo e associarem-se aos fatores de transcrição Tcf/Lef, consequentemente
induzindo a expressão de genes orquestrando o programa de EMT.

De todas essas proteínas, a molécula transmembrana E-caderina tem um papel


dominante influenciando o fenótipo em células epiteliais versus mesenquimais. Alguns
experimentos indicam que a simples supressão da expressão da proteína E-caderina faz com
que a célula adquira morfologia mesenquimal e aumento da mobilidade.

Em estudos adicionais de muitos tipos de células de carcinomas que perderam a


expressão de E-caderina, a reexpressão dessa proteína (feita experimentalmente pela
introdução de um vetor contendo E-caderina) suprime muito a invasividade e a disseminação de
metástase nessas células cancerosas. Ao mesmo tempo, essas diversas observações indicam
que os níveis de E-caderina são determinantes para o comportamento biológico das células de
câncer epitelial, e que o contato célula-célula construído por E-caderina impede a invasividade e
a metástase.

Como E-caderina, N-caderina que é produzida em seu lugar participa das interações
homofílicas, ou seja, liga-se a outras moléculas do mesmo tipo exibidas por células vizinhas.
Conseqüentemente, moléculas de N-caderina expressas na superfície de células de carcinoma
submetidas a EMT aumentam a afinidade dessas células de câncer por células do estroma
abaixo da camada de células epiteliais. Essa associação parece ajudar na penetração das
células do carcinoma no meio da população de células do estroma.

Precisamente a mesma dinâmica tem sido proposta para explicar como os melanomas
se desenvolvem: melanócitos normais expressam E-caderina, que conecta esses melanócitos
aos queratinócitos ao redor; células de melanoma – derivadas de melanócitos transformados –
expressam N-caderina, a qual facilita sua invasão no estroma da derme da pele e sua associação
com fibroblastos e células epiteliais. Parece que pontes intermoleculares formadas entre pares
de moléculas de N-caderina são mais frágeis do que aquelas formadas por homodímeros de E-
caderina. Isso ajuda a explicar por que moléculas de N-caderina na superfície celular favorecem
ativamente a mobilidade celular, com comportamento muito diverso de E-caderina, que funciona
imobilizando células dentro de camadas epiteliais.

Padrões de invasão: as células deixam o tumor primário e


se dirigem uma a uma em fila para a direita, esculpindo canais
através do estroma. Regioes escavadas da matriz indicam a
capacidade das células invasivas de secretar metaloproteases que
degradam a matriz. A tentativa de prevenção de metaste utilizando
inibidores de metaloproteases foi desastrosa – a célula tumoral
alteranava de migração mesequimal para migração ameboide, promovendo metastase ainda
mais rapidamente.

Colagenase: degrada colágeno IV. Uma fonte ainda mais importante de MMPs é a população
de macrófagos (Mφs) que é recrutada pelo estroma do tumor. Neste experimento de cultura in
vitro, a presença de MMP-2 foi medida em meio de cultura de Mφs que foram tanto cultivadas
sozinhas como cocultivadas na presença de duas linhagens de células de câncer de mama
humano – MCF7 ou SK-BR-3. Nenhum desses tipos de célula de câncer produziu níveis
significativos de MMP-2 por elas próprias, mas, na presença de Mφs, ambas fizeram com que a
produção de MMP-2 aumentasse 4 a 5 vezes; o aumento pôde
ser seguido pela indução da expressão de mRNA de MMP-2 por
Mφs. A liberação de MMP- aumentou a invasividade dessas
células de câncer de mama.
Degradação da
Actina em vermelho matriz em preto

Podossomas são pequenas protrusões focais da superfície celular que são exibidas por
muitos tipos de células e usadas por tais células para degradar áreas localizadas de matriz
extracelular (ECM) na sua vizinhança imediata. Podossomas são usadas por células de câncer
invasivas para controlar diretamente a degradação de ECM por toda margem dianteira da célula
invasiva; quando vistas nesse contexto, elas são algumas vezes chamadas “invadossomas”.

As células tumorais migram rapidamente in vivo sobre as fibras de colágeno. Elas


caminham 10 vezes mais rápido do que se estivessem se movendo em uma superfície 2D e 30
vezes mais rápido do que em redes 3D in vitro. Microscopias mostram que as células de
carcionoma se movem na matriz extracelular, que converge para vasos sanguíneos.
Heterogeneidade genética de micrometástases e a evolução da habilidade
de colonizar
Uma população de células do tumor primário geneticamente heterogênea inicialmente
formada dissemina micrometástases igualmente heterogêneas através do corpo do paciente com
câncer. O tumor primário é então removido cirurgicamente, deixando para trás apenas
micrometástases e criando o estágio da
doença residual mínima.

Após um período de anos, em um ou


outro local do corpo, um desses clones
celulares micrometastáticos adquire a
habilidade de colonizar, isto é, tornar-se uma
metástase macroscópica. Esta atua como
fonte de células que geram uma nova cascata
de disseminação metastática através do
corpo. Devido a essas novas células
dispersas que compartilham uma origem
clonal comum, as micrometástases formadas
a partir delas são geneticamente muito
similares. Além disso, as células em cada
uma dessas micrometástases secundárias
são favorecidas com a habilidade de colonizar
(já que todas derivam de um clone celular de
macrometástase que previamente adquiriu
essa habilidade), muitas delas podendo
crescer rapidamente, tornando-se
macroscópicas, clinicamente detectáveis, que
resultam em recidiva da doença.

O câncer parece produzir também micrometástases dormentes


(quiescentes), que não proliferam por um longo período de tempo.
Com base na existência de micrometástases dormentes, que persistem nesse estado
(sem crescer) por longos períodos, observou-se, em experimentos nos quais células de câncer
foram inicialmente marcadas por breve exposição a partículas contendo fluorescência, que essa
fluorescência persistia por períodos extensos dentro da célula, mas não afetava sua viabilidade.
Seguindo essa marcação, a concentração intracelular – intensidade dafluorescência das
partículas mortas – diminuiu em um fator de 2 a cada divisão celular; além disso, a intensidade
da fluorescência residual em células após um período extenso permitiu estimar quantas divisões
celulares ocorreram desde a marcação inicial.
Tais células de câncer marcadas foram introduzidas via circulação porta em
camundongos vivos, nos quais elas formaram grande número de micrometástase de célula
única. Onze semanas mais tarde, células de câncer foram
recuperadas desses camundongos, e muitas delas ainda
possuíam intensidade de fluorescência completa, indicando que
elas não se dividiram mesmo uma única vez desde que
chegaram nos camundongos. As células de câncer recuperadas
permaneceram capazes de proliferarem in vitro e foram hábeis
em formar novos tumores quando injetadas subcutaneamente
em outros camundongos.

Esse experimento mostra que células de câncer em metástase dramaticamente


permanecem viáveis por longos períodos em um estado dormente sem divisão, dentro de tecidos
diferentes.

A transição epitelial-mesenquimal é frequentemente induzida por sinais do


estroma
Existem razões para se acreditar que, durante o desenvolvimento de vários carcinomas,
o fenótipo EMT é adquirido reversivelmente, e que, uma vez que essas células tenham
completado os múltiplos passos de invasão e metástase, elas frequentemente revertem esse
fenótipo para um fenótipo mais epitelial.

Essa reversão sugere que EMT com frequência é disparada por sinais que células de
câncer possuem em um ambiente, mas não em outro. Então, células de carcinoma da linha de
frente invasiva do tumor primário poderiam receber sinais específicos do estroma reativo próximo
que foram desenvolvidos durante a formação desse tumor. Entretanto, uma vez que células de
câncer tenham deixado o tumor primário e se fixado em um sítio distante, elas poderiam receber
sinais do ambiente do estroma que não induziriam EMT. Na ausência desse contexto de sinais,
células de carcinoma poderiam passar pela transição mesenquimal-epitelial (MET) e reverter ao
fenótipo de seus ancestrais no coração do tumor primário.

De fato, técnicas histopatológicas tradicionais têm falhado em demonstrar EMT na


margem invasiva de carcinomas primários por uma simples razão: uma vez que células tumorais
passem por uma total EMT (i. e., perdem o traço epitelial e adquirem o mesenquimal) elas são
essencialmente indistinguíveis das células mesenquimais do estroma ao redor.

A expressão de αvβ6, um outro marcador de EMT, pode


ser vista apenas em uma fina camada externa de células
tumorais que estão em contato com o estroma associado ao
tumor.

A mais vívida demonstração da conversão de fenótipo


de células de carcinoma na margem invasiva do tumor vem do
uso de um anticorpo antivimentina específico humano, o qual
demonstra EMT na margem invasiva do tumor formado pelo
crescimento de células epiteliais mamárias humanas
transformadas experimentalmente como um xenoenxerto em um camundongo
imunocomprometido. O uso de anticorpos específicos humanos garante, nesse exemplo, que as
células expressando vimentina derivam das células de carcinoma humano positivas para
queratina, e não do estroma que as envolve, produzido pelo camundongo hospedeiro.

Essas e outras observações indicam que o envolvimento de certos sinais heterotípicos


originados no estroma reativo de carcinomas primários, vão de encontro a células neoplásticas
localizadas nas margens externas da massa de células epiteliais, e induzem estas células a
sofrer EMT.

 TGFβ: TGFβRI, TGFβRII


São fatores solúveis que se
 HGF - HGFR
ligam a receptores nas células tumorais
 EGF - EGFR
da margem de invasão. Eles compõem
 Laminina 2γ - EGFR o microambiente tumoral que favorece

 IGF-1 – IGFR
a transição EMT e a invasão.
Papel do TGFβ na indução de EMT

Em um conjunto de experimentos, a exposição a TGF-β, de células epiteliais mamárias


(MECs) de camundongos ras-transformados EpRas, resultou na perda progressiva da morfologia
epitelial e na redução de marcadores epiteliais, incluindo citoqueratinas e E-caderina. Ao mesmo
tempo, essas células transformadas adquiriram marcadores protéicos mesenquimais, como
vimentina, e assumiram a morfologia, semelhante à dos fibroblastos – todos os marcadores de
parede de EMT.

Uma vez que essas células ras-transformadas passaram por EMT, elas começaram a
produzir seu próprio TGF-β1; este, agindo via uma alça de sinalização autócrina, permitiu a
manutenção do seu fenótipo mesenquimal por longos períodos, mesmo quando o estímulo TGF-
β foi retirado do seu meio de cultura.

Fortes evidências de que TGF-β pode favorecer o comportamento celular maligno são
fornecidas por numerosos estudos, nos quais os níveis de TGF-β associado a tumor
(frequentemente TGF-β1) foram encontrados por elevar-se paralelamente ao aumento do grau
de invasividade e agressividade do tumor. De fato, altos níveis de TGF-β, em ambas, massa
tumoral e circulação geral, conferem um prognóstico ruim para o paciente com câncer.

O uso de um recptor de TGF-β do tipo II, negativo-dominante (dn) (que efetivamente bloqueia
sinalização via TGF-β autócrino), fornece mais uma evidência de que a sinalização via TGF-β autócrina por
células EpRas é requerida para a manutenção do seu estado mesenquimal. Quando essa sinalização é
bloqueada pela expressão do seu receptor, a aparência mesenquimal das células EpRas (esquerda)
desaparece, e elas assumem uma aparência epitelial (direita), indicando, como antes, que elas passaram
por uma transição mesenquimal-epitelial (MET)

TGF-α, agindo sozinho ou em conjunto com TGF-β, também parece ser um importante agente
para indução de EMT. No início da progressão tumoral, TGF-α com frequência é produzido por células
inflamatórias, como macrófagos. Nesse estágio, ele funciona por meio de seus receptores para ativar a via
de sinalização NF-κB em células epiteliais. TGF-β também ativa a via NF-κB em células epiteliais, como as
células epiteliais. Em vários tumores, TGF-α e TGF-β podem contribuir, em diferentes proporções, para a
manutenção da sinalização de NF-κB ativa. Essa sinalização parece ser crítica para a indução e
manutenção de EMT. Então, o bloqueio da sinalização NF-κB previne a expressão de seu programa EMT.
A via de sinalização de NF-κB e a indução de EMT Células da linhagem EpRas, originadas de células epiteliais
de mama de camundongo transformadas, foram tratadas com TGF-β (2a e 4a micrografias, linha superior). Isso
ocasionou a supressão da expressão da Ecaderina (rosa, 1a e 2a micrografias, linha superior), assim como uma indução
de vimentina (rosa, 3a e 4a micrografias, linha superior). Entretanto, quando a forma negativa-dominante de IκBα, que
bloqueia a sinalização de NF-κB, foi expressada nessas células (linha inferior), o tratamento com TGF-β falhou em
suprimir a expressão de E-caderina (rosa, 1a e 2a micrografias) e em induzir a expressão de vimentina (rosa, 3a e 4ª
micrografias). Isso indicou que a sinalização de NF-κB foi necessária para a indução de EMT nessas células.

Influência dos macrófagos

A influência dos macrófagos do estroma no comportamento invasivo e metastático das


células de câncer primário pode ser demonstrada pelo estudo de camundongos alterados
geneticamente, com a falta da habilidade em produzir o fator 1 estimulador de colônias (CSF-
1).

A ausência de CSF-1 e TAMs não tem efeito no crescimento do tumor primário, mas
esses tumores mostraram um comportamento benigno e não-invasivo, em contraste com
tumores que tiveram sucesso em recrutar TAMs. A influência desses macrófagos no
comportamento metastático é impressionante: sem TAMs, esses tumores de mama falham em
desenvolver metástase para os pulmões.

Como muitas células epiteliais, células de carcinoma expressam receptores de EGF, e a


ativação desses receptores por EGF faz com que adquiram mobilidade, invasividade, e secretem
CSF-1, que atrai e estimula macrófagos. Macrófagos respondem a CSF-1 por proliferação e
liberação de EGF, que, por sua vez, ativa células de câncer. Consequentemente, esses dois
tipos de células colaboram por estimulação recíproca uma à outra, produzindo um outro tipo de
alça de retroalimentação positiva.

Macrófagos rompem o
endotédio, facilitando a
intravasão da célula
tumoral.
Papel do Fator de Crescimento de Hepatócito (HGF) na invasão

HGF, outro ligante de origem estromal, é também capaz de induzir muitos dos atributos
de EMT em células epiteliais, as quais exibem Met, seu receptor cognato, na sua superfície.

O fator de crescimento de hepatócito (HGF), também conhecido como fator disseminador


(SF), é produzido por uma variedade de tipos de células estromais. Isso tem profundos efeitos
em células epiteliais que exibem seu receptor cognato, Met.

As células (de rim canino) no painel da esquerda foram crescidas em meio normal,
enquanto as células do painel da direita foram crescidas em meio com HGF/SF. Em cultura de
monocamada, essas células epiteliais normalmente formam conjuntos de células. Entretanto,
após o tratamento com HGF/SF, elas tornaram-se móveis e espalharam-se em muitas direções.
Quando introduzidas em géis de colágeno, células MDCK normalmente formam pequenas
massas esféricas (painel da esquerda). Entretanto, seguindo exposição com HGF/SF, essas
células crescem em processos longos invadindo o gel de colágeno ao redor.

CONCLUSÃO: os microambientes de células de câncer podem fundamentalmente


transformar o fenótipo de células, especificamente induzindo mudanças profundas no
comportamento celular, que compreendem EMT.
Reversibilidade da EMT
Modelo da reversibilidade da EMT: o estroma do tumor primário proporciona a EMT
promovendo a invasão e metástase, no entanto, uma vez estabelecida em um sítio de
mestástase deixam de receber supostos sinais do estroma do tumor primário indutores de EMT
e sofrem então a reversão – transição mesênquima-epitelial (MET).

Cada célula pode passar por uma EMT total, durante a qual ela perde toda a
característica epitelial, ou, alternativamente, pode passar apenas parcialmente por EMT, em que
algumas características epiteliais são retidas junto com novas mesenquimais adquiridas. Esse
comportamento poderia parecer incompatível com um aspecto observado frequentemente em
metástase humana: crescimentos secundários lembram, em nível histopatológico, o tumor
primário do qual foram originados. De fato, as células em tais metástases parecem ser tão
epiteliais no seu comportamento quanto a massa de células do tumor primário; ainda assim, elas
descendem de células invasivas que supostamente passaram por EMT com o objetivo de iniciar
a disseminação da metástase. Essa inconsistência é resolvida se assumirmos que EMT é
totalmente reversível, e que linhagens de células de alta malignidade com frequência passam
apenas transientemente através de um estado mesenquimal enquanto viajam do tumor primário
para o local da formação da metástase.
Exemplo 1: carcinoma colorretal

A liberação de enzimas degradativas, notavelmente metaloproteinases de matriz


(MMPs), é uma das muitas manifestações de EMT. Estas células em um carcinoma colorretal
primário mostraram expressão de ambas, citoqueratina 18 (vermelho) e uma proteína da
membrana basal (verde). Entretanto, na margem invasiva deste tumor, as células passaram por
uma EMT parcial, na qual elas degradaram a membrana basal adjacente enquanto ainda
expressavam citoqueratina 18, um marcador epitelial chave. Em uma metástase subseqüente
neste paciente, a qual presumivelmente descende de células que adquiriram invasividade na rota
da disseminação da metástase, as células formaram um crescimento, tendo, uma vez ainda, a
aparência histológica de célula do centro do tumor primário.

Silenciamento de Prrx1 causa reversão ao fenótipo epitelial

 A colonização metastática requer a repressão do indutor de EMT Prrx1.


EMTs são programadas por fatores de transcrição que orquestram passos-
chave na embriogênese

Snail é expressado primeiro na porção do ectoderma que é destinada a tornar-se


mesoderma seguindo a gastrulação. Durante a embriogênese, Snail, Slug e Twist convertem
células epiteliais em células mesenquimais migratórias que formam o mesoderma.

Quando monocamadas epiteliais são injuriadas experimentalmente, a expressão de


Slug é induzida nas células epiteliais sobreviventes na margem do ferimento, com o objetivo de
permitir que essas células adquiram mobilidade e migrem para o local da injúria. A expressão de
Slug ajuda a explicar como células epiteliais na margem de locais injuriados entram em EMT
transiente para a reconstrução de camadas de células.

A expressão do fator de
transcrição Slug é induzida
transientemente em uma monocamada
de queratinócitos feridos por raspagem
celular. Como visto nesta figura, 48 horas
após o ferimento, os queratinócitos na
margem do ferimento induzem expressão
de Slug (marrom-escuro), separando-se
da monocamada e começando a fazer
seu caminho para o local do ferimento
(parte inferior de cada painel) com o
objetivo de reconstruir uma monocamada
intacta. Por 96 horas, muitas dessas
células param de expressar Slug e se
tornam integradas na monocamada
contínua.
Os fatores de transcrição Snail-Slug parecem operar bastante como repressores de
transcrição. Então, ambos foram descobertos por serem hábeis em reprimir a transcrição do
gene de E-caderina. Como foi visto anteriomente, a perda da expressão de E-caderina pode,
por si só, originar células epiteliais que assumem muitas mudanças fenotípicas associadas a
EMT.
A análise da expressão demonstra que a expressão de Twist varia inversamente com
relação à expressão de E-caderina nesses carcinomas de mama humanos. Uma vez que Twist
pode reprimir a expressão do gene CDH1 250 vezes em cultura de células, Twist é o provável
responsável pela perda do mRNA de E-caderina, que é perdido preferencialmente nos
carcinomas lobulares invasivos mais agressivos de mama, mas está presente em níveis
significativos em carcinomas de ducto invasivos menos agressivos.

A expressão de Snail foi encontrada em ilhas de células de carcinoma do ducto mamário


humano que não expressam E-caderina. Slug tem também sido implicado na repressão da
expressão de E-caderina em cânceres de mama humano.

Significativamente, ambos, Twist e Slug, capacitam células a resistirem a apoptose e


anoikis e protegem células em metástase de alguns estresses fisiológicos que poderiam
normalmente causar sua morte antes de chegarem a tecidos distantes e formarem
micrometástases.

A expressão de Twist foi medida em


um grande grupo de melanomas por imuno-
histoquímica. Como visto neste gráfico de
Kaplan-Meier, aqueles pacientes cujos
tumores expressaram elevados níveis de
Twist ficaram em pior situação quando
comparados com aqueles cujos tumores
mostraram baixos níveis basais de Twist.

Similaridades entre a sinalização de EMT durante a embriogênese e progressão


tumoral. Cascatas de sinais de transdução que são responsáveis pela ativação da transição
epitelial-mesenquimal (EMT) em um modelo de carcinoma em bexiga de ratos (esquerda) e
durante a gastrulação primária na embriogênese de camundongos (direita) têm semelhanças
surpreendentes. Essas similaridades proporcionam apoio futuro para a noção de que o programa
EMT expressado por células de carcinoma invasivo representam uma reativação dos programas
biológicos celulares latentes, muitos dos quais são normalmente ativos em desenvolvimento
embrionário primário em mamíferos.
Células móveis podem usar vasos linfáticos para sair do tumor primário
Células móveis, após tornarem-se invasivas, entram nos vasos do sangue ou sistema linfático –
processo de intravasação –, se dispersam e, se sobreviverem aos rigores da viagem, finalmente fixam-
se em um tecido e permanecem a alguma distância do tumor primário.

A viagem pela circulação sangüínea é freqüentemente chamada espalhamento hematógeno e


depende do sucesso prévio da angiogênese pelo tumor. Isso enfatiza o fato de a angiogênese beneficiar
células de câncer em dois caminhos distintos. Por um lado, ela apoia a atividade metabólica requerida
por essas células para sobreviverem e proliferarem. Por outro lado, proporciona às células tumorais um
acesso direto para a dispersão pelo corpo.

A contribuição dos vasos linfáticos para a dispersão das células de câncer é, entretanto, menos
óbvia. Quase todos os tecidos do corpo carregam redes de vasos linfáticos que são responsáveis pela
contínua drenagem do fluido intersticial acumulado no espaço entre as células. Muitos dos vasos
convergem em um vaso abdominal principal que esvazia sua linfa na veia subclávia esquerda perto do
coração e, portanto, na circulação geral. Como consequência, células de câncer presentes nos vasos
linfáticos poderiam ocasionalmente entrar por essa conexão cruzada na circulação geral.

Células tumorais e companheiros estromais recrutados podem secretar VEGF-C, que dirige
linfangiogênese – a formação de novos vasos linfáticos. Apesar de acessos limitados devido ao
colabamento dos capilares linfáticos no interior da massa tumoral (pequena pressão hidrostática interna),
algumas células de câncer têm sucesso em entrar no sistema linfático. No caso específico de carcinoma
mamário, algumas células em metástase entram nos vasos linfáticos que diretamente drenam a glândula
mamária. Essas células de carcinoma vagantes são prontamente detectáveis nos ductos e nódulos
linfáticos, porque sua aparência difere muito das células linfoides que as cercam e elas expressam
proteínas epiteliais, como citoqueratinas, ausentes nos tecidos linfáticos. Análises histológicas dos
linfonodos drenantes são rotineiramente usadas para determinar se um câncer de mama primário
começou a despachar células metastáticas pioneiras para locais distantes no corpo. Nódulos linfáticos
representam “marcadores substitutos” de metástases por proporcionarem dados para diagnóstico e
prognóstico úteis sem estarem diretamente envolvidos no processo que leva à disseminação difundida
de células de câncer e doença metastática.

TROPISMO: vários fatores governam os locais nos órgãos em que células


de câncer disseminadas formam metástases
O crescimento de micrometástases (< 2 mm de diâmetro) em macrometástases (> 2 mm
de diâmetro) é claramente o passo-chave para determinar se a doença será metastática ou não.
Por exemplo, 30% das mulheres diagnosticadas com carcinomas de mama primários têm
milhares de micrometástases na sua medula, muitas compostas por células únicas ou pequenos
grupos de células. Ainda, apenas metade dessas mulheres sofrerá um relapso da doença
disparado por aparentes metástases macroscópicas. Claramente, a colonização é um processo
muito ineficiente, e a grande maioria das células que acabam formando pequenas
micrometástases nunca conseguem se adaptar de maneira adequada ao tecido no qual
chegaram, originando macrometástases.

Além disso, enquanto uma variedade de tipos de célula de câncer pode executar os
primeiros passos da cascata invasão-metástase de um modo muito similar, é provável que a
colonização por cada tipo celular de câncer proceda de modo muito diferente. Então, é
provável que a adaptação, com sucesso, de células de câncer de mama em metástase para a
medula óssea (a qual, por definição, permite que essas células colonizem a medula) envolva um
conjunto completamente diferente de mudanças celulares com relação àquele requerido para a
colonização da medula por células de câncer de próstata. Além disso, as mudanças requeridas
para as células de câncer de mama colonizarem a medula óssea são provavelmente muito
diferentes daquelas para a colonização com sucesso de cérebro e pulmão.

Um outro fator afeta essa dinâmica: diferentes tipos de células de câncer adquirem a
habilidade em colonizar um dado tecido com maior ou menor facilidade. Então, a habilidade
de células de câncer de próstata em fazer metástase para a medula parece ser muito mais
facilmente adquirida do que sua habilidade em colonizar fígado ou pâncreas. Isso sugere que o
programa de diferenciação de células epiteliais prostáticas normais exerce uma forte influência
na habilidade de células de carcinoma derivadas para fazer metástase em órgãos específicos.
Essa predileção para formar macrometástase em um outro ou órgão foi notada em
meados de 1889, pelo patologista britânico Stephen Paget. Ele propôs a hipótese da “semente
e solo”, na qual ele fez uma analogia da semeadura de células de câncer com a dispersão de
sementes de plantas. Após o estudo do curso clínico de 735 pacientes de câncer de mama,
Paget concluiu que o padrão da formação de metástases nessas pacientes não poderia ser
explicado por dispersão aleatória através do corpo nem por padrões de dispersão da mama
através da circulação geral. Ele então propôs que células de câncer em metástase (sementes)
encontrariam um local compatível apenas em certos tecidos, especialmente hospitaleiros (o
solo). Segundo Paget, “uma planta dá sementes, e tais sementes são carregadas em todas as
direções mas elas podem apenas viver e crescer se encontrarem um solo fértil”.

O modelo da semente e solo estabelece explicitamente que células de câncer


disseminadas são dispersadas “em todas as direções”, ou seja, por todo o corpo. Essa afirmação
traz à tona uma outra ideia: a razão pela qual muitos tipos de células de câncer formam
metástases em um órgão-alvo específico não é atribuída a sua migração direta ou
estabelecimento nesse órgão. Ao contrário, elas são dispersadas aleatoriamente, e apenas
aquelas células de câncer que conseguem chegar em um tecido hospitaleiro razoável obtêm
sucesso em sobreviver, formar micrometástases e, ocasionalmente, tendo aprendido como
colonizar, formar metástases macroscópicas. Células essencialmente idênticas disseminando
poderiam chegar, com uma mesma alta frequência, em outros órgãos, nos quais elas pereceriam
imediatamente ou sobreviveriam como micrometástases, sem ter sucesso em colonizar esses
locais.

A hipótese da semente e solo não pode, entretanto, explicar o padrão metastático de


todos os tipos de cânceres humanos. Ao contrário, em certos casos, a predileção em fazer
metástase em certos órgãos é provavelmente ditada pelo desenho dos vasos que conectam o
local do tumor primário e o local da metástase. Por exemplo, a forte tendência de células de
carcinoma de cólon em fazer metástase para o fígado poderia simplesmente refletir o fato de
elas deixarem o intestino via veia porta (que drena o trato gastrintestinal inferior e o baço) e, após
uma breve viagem, quase inevitavelmente tornarem-se alojadas nos capilares do fígado que são
alimentados por essa veia. Mesmo se células de câncer de cólon em metástase colonizam o
fígado com uma eficiência extremamente baixa, o número absoluto de células de câncer presas
no fígado garante que, com a passagem do tempo, um número substancial de metástases
apareceria nesse órgão-alvo.

A mesma lógica poderia explicar por que células de câncer de mama frequentemente
formam metástases em pulmões. Como no caso de células de carcinoma colorretal, células de
carcinoma mamário dispersas poderiam não encontrar os pulmões como um ambiente
especialmente hospitaleiro, e células de câncer individuais teriam uma baixa probabilidade de
colonizar pulmões com sucesso. Apesar disso, algumas metástases ao final se formarão lá,
simplesmente porque tantas dessas células permanecem fisicamente ligadas a esse tecido.

Essa lógica sugere que, em geral, a frequência de metástases para um órgão é


governada por dois parâmetros: a frequência em que células que fazem metástase são
fisicamente ligadas em um órgão, e a facilidade com a qual elas podem se adaptar ao
microambiente daquele órgão, colonizando-o então.

Há também indicações de que tecidos que não são normalmente locais hospedeiros para
colonização podem tornar-se por meio de processos patológicos específicos, como ferimentos
localizados. Isso sugere que áreas de inflamação crônica no corpo de um paciente com câncer
podem ocasionalmente tornar-se ambientes favoráveis para as células cancerígenas que sofrem
metástases, simplesmente porque oferecem um espectro de sinais mitogênicos e tróficos.

Ainda assim, outros mecanismos têm sido propostos para explicar o tropismo de tecidos
de células que sofrem metástase. Por exemplo, órgãos-alvo podem liberar mensagens
químicas específicas – os quimioatrativos, às vezes denominados quimiocinas – que podem
ativamente recrutar células cancerígenas dispersas para entrar nestes órgãos a partir da
circulação.

De acordo com outro possível mecanismo de tropismo metastático, os capilares que


formam a rede de vasos sanguíneos em vários tecidos expressam moléculas tecido-específicas
em suas superfícies luminais. Essas moléculas podem oferecer sítios de acoplagem específicos
para células cancerígenas que expressam certas moléculas de adesão, como integrinas, em
suas superfícies. Esse modelo é algumas vezes denominado de teoria do “código postal
vascular”. Esse modelo falha ao não levar em conta o fato de que células cancerígenas são
frequentemente rodeadas por nuvens de plaquetas capazes de bloquear a associação direta
entre a célula cancerígena e as superfícies luminais de células endoteliais.

 66% de metástases poderiam ser explicadas simplesmente pelos padrões de


fluxo sanguíneo entre o tumor primário e os locais de metástases observados

 20% dos casos, os microambientes especializados dos tecidos-alvo (em vez de


padrões de fluxos sanguíneos) aparentemente forneceram a explicação da
tendência de certos tipos de câncer a formar metástases macroscópicas nesses
tecidos

 14% dos casos, interações negativas (nas quais tecidos pareciam ativamente
repelir células cancerígenas vagantes) parecem explicar números abaixo do
esperado de metástases previstas pelos padrões de fluxo sanguíneo

Metástase para o osso requer subversão de osteoblastos e osteoclastos

Muitos dos tipos mais comuns de câncer que ocorrem no mundo ocidental – carcinomas
de pulmão, mama e próstata – mostram uma forte tendência a fazer metástase no osso.

A reciclagem do osso é executada pelos osteoclastos, que quebram ossos


mineralizados, e pelos osteoblastos, que os reconstroem. Os osteoclastos funcionam primeiro
desmineralizando o osso (dissolvendo seus cristais de fosfato de cálcio) e, em seguida,
degradando a matriz extracelular então exposta, que previamente formou a rede orgânica para
os cristais de fosfato de cálcio. Os osteoblastos rapidamente fazem a reconstrução, a qual
envolve a ligação de nova ECM e a deposição de cristais de fosfato de cálcio na matriz intersticial.

Muitos tipos de células de câncer em metástase são, por si próprias, incapazes de


remodelar a estrutura óssea. Ao contrário, elas manipulam e tiram partido desses dois tipos de
células presentes no osso com o objetivo de modificar sua forma.

 Células de câncer de mama ativam osteoclastos, resultando em metástase


osteolítica – literalmente, metástase que dissolve o osso.

 Células de câncer de próstata tendem, por outro lado, a ativar osteoblastos,


produzindo lesões osteoblásticas, nas quais ossos mineralizados são
realmente acumulados nas vizinhanças das metástases.

De fato, esses dois comportamentos representam os extremos de um contínuo, uma vez


que ambos os tipos de cânceres ativam osteoblastos e osteoclastos em uma maior ou menor
extensão.

Um importante indutor de diferenciação de osteoclasto é o ligante RANK (receptor


ativador de NF-kB), ou simplesmente RANKL. RANKL é produzido e exibido na superfície de
osteoblastos. Quando um precursor de osteoclasto exibe o receptor RANK, entra em contato
com um osteoblasto e suas moléculas RANKL de superfície celular; isso resulta na ativação de
receptores RANK do precursor de osteoclasto e sua maturação em osteoclastos funcionais. Ao
mesmo tempo, osteoblastos produzem um receptor solúvel, chamado osteoprotegerina (OPG),
que pode ligar RANKL e emboscá-lo antes que ocorra a ativação do receptor RANK na superfície
de precursores de osteoclastos. O resultado é o bloqueio da sinalização de RANKL-RANK e a
inibição da maturação dos osteoclastos. Ainda, o balanço entre sinais RANKL (estimuladores) e
OPG (inibidores) determina o estado de ativação dos osteoclastos.

ECM de osso é uma fonte não usual rica em fatores mitogênicos e tróficos que
permitem que muitos tipos de células de carcinoma se desenvolvam. Consequentemente,
provocando a desmineralização do osso, células de câncer ganham acesso à fonte de
fatores sequestrados na ECM do osso, usando-os para sua própria proliferação e
sobrevivência.

Células de câncer em metástase chegam ao osso através dos vasos que alimentam a
medula. Uma vez lá, elas aderem a células estromais especializadas que cobrem as superfícies
dos ossos na face da medula.

Lesões osteolíticas por câncer de mama

Células de câncer de mama em metástase, em particular, ao chegarem a osso,


revertem o comportamento característico de seus precursores normais (células epiteliais
mamárias, ou MECs).

 Durante a lactação, quando produzem leite, MECs formam pequenos sacos


(alvéolos) da glândula mamária, liberando o peptídeo relacionado ao
hormônio paratireoidal (PTHrP). PTHrP então viaja através da circulação dos
ossos, na qual dispara uma cadeia de eventos que encoraja a dissolução de
minerais do osso por osteoclastos. Isso resulta na mobilização de íons de cálcio,
que viajam pela circulação da glândula mamária, em que são incorporados no
leite por MECs.

Esse mecanismo normal de mobilização do cálcio é subvertido por células de câncer de


mama em metástases que se estabelecem em ossos.

Tendo se ligado às células do estroma que cobrem a superfície mineralizada do osso,


células de câncer de mama voltam ao hábito de MECs normais, liberando PTHrP. PTHrP, por
sua vez, impinge diretamente seus receptores exibidos por osteoblastos, causando a liberação,
por estas células, de RANKL. RANKL então induz a diferenciação de precursores de
osteoclastos em osteoclastos ativos. Osteoclastos ativados degradam osso mineralizado,
consequentemente liberando um suprimento rico em fatores de crescimento ligados à matriz
extracelular do osso.

Os fatores de crescimento liberados da ECM do osso, incluindo PDGF, proteínas


morfogenéticas do osso (BMPs), fatores de crescimento fibroblásticos (FGFs), fator de
crescimento 1 tipo insulina (IGF-1) e TGF-β, alimentando o crescimento adicional de células de
câncer de mama, induzindo-as a secretar mais PTHrP. Esse PTHrP produz mais osteólise pelos
osteoclastos, liderando um sistema de sinalização de autoperpetuação que tem sido chamado
de “ciclo vicioso”.

Esse ciclo sugere possíveis pontos de intervenção terapêutica. Os mais promissores


são drogas compostas como bisfosfonatos, que são ingeridos oralmente e tornam-se
adsorvidos aos cristais apatita que constituem a porção mineral do osso; moléculas de droga
podem persistir por longos períodos, como décadas ou mais. Quando os ossos contendo
bisfosfonatos são dissolvidos, mais tarde, por osteoclastos, estes são corrompidos pelos
bisfosfonatos liberados, o que os leva à apoptose. Ainda, bisfosfonatos são úteis para reduzir a
carga das lesões osteolíticas em pacientes com vários tipos de cânceres metastáticos.
Recentemente, derivados de osteoprotegerina (OPG), que poderiam também bloquear o “ciclo
vicioso”, foram encontrados em ensaios clínicos de fase inicial e reduziram substancialmente a
taxa de dissolução do osso em pacientes com mielomas e cânceres de mama metastáticos.

TGF-β e PTHrP têm papéis pivotais no ciclo vicioso de metástases osteolíticas de


câncer de mama

Células de câncer de mama que enviam metástase para os ossos produzem mais PTHrP
do que outras no mesmo animal que não enviam – uma reflexão sobre o fato de que certos
fatores de crescimento liberados da ECM do osso estimulam a produção de PTHrP por células
de câncer em metástase. O mais importante desses fatores derivados do osso é TGF-β, como
ilustrado por alguns simples experimentos. Em um deles, o receptor de TGF-β dominante-
negativo (que bloqueia a habilidade da célula em responder ao TGF-β) foi expressado em células
de câncer de mama humano. Cada célula cessa a produção de PTHrP e perde a habilidade de
produzir eficientemente metástase osteolítica no osso.

Lesões osteoblásticas induzidas por câncer de próstata

Como poderia ser predito, lesões osteoblásticas dependem de outros sinais – que ativam
osteoblastos mais do que osteoclastos. Nesse caso, a liberação por células de câncer
metastáticas do fator de crescimento chamado “endotelina-1” (ET-1) tem um papel dominante
na estimulação de osteoblastos e, ao mesmo tempo, reprimindo a atividade de osteoclastos.
Então, células de câncer de próstata de tumores primários liberam endotelina; desde que seu
receptor cognato seja também expresso por essas células de câncer, o resultado é uma alça
estimulatória de crescimento autócrino. Entretanto, quando essas células chegam na medula, a
endotelina que elas liberam também age via sinalização heterotípica para estimular osteoblastos,
criando lesões osteoblásticas características dessa malignidade.

Uso de arranjos de expressão para predizer a progressão da doença


De maneira Importante, essa assinatura de
expressão específica de metástases foi encontrada sendo
apresentada por um pequeno subgrupo de tumores
primários analisados inicialmente, sugerindo que isso
poderia ser usado para predizer tendências metastáticas
de outros grupos de tumores humanos

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