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A ABRAPSO E O NÚCLEO-RN

Oficialmente criada em julho de 1980, a Associação Brasileira de Psicologia


Social (ABRAPSO) emergiu de um conjunto de preocupações de acadêmicos e
profissionais da área com as práticas e os rumos apresentados pela Psicologia social
desenvolvida até então. Foi fruto de um processo maior de questionamento sobre a
Psicologia Social vigente que, de modo geral, era vista como descontextualizada, a-
histórica e naturalizante de processos sociais. Resultou da demanda pela construção de
uma outra Psicologia Social; uma nova Psicologia Social, que estivesse pautada numa
postura crítica quanto a função social da ciência; que estivesse voltada para os
problemas centrais da sociedade brasileira; uma Psicologia social que fosse sustentada
por uma perspectiva crítica e transformadora, bem como por métodos de
intervenção psicossocial que, em última instância, estivessem comprometidos com a
emancipação e a autonomia das camadas menos favorecidas da população.

De lá pra cá, a ABRAPSO tem desenvolvido diversos trabalhos, fomentando


importantes espaços de interlocução e discussão, tais como os Encontros Nacionais e
Regionais, e a revista Psicologia & Sociedade. E são muitas as mentes e os braços que
constituem a associação, composta pela Diretoria Nacional, Vice-presidências
Regionais e Coordenações dos Núcleos.

Se inicialmente, a ABRAPSO ficou quase que exclusivamente concentrada no


eixo Sul-Sudeste, hoje ela encontra-se em todas as regiões, resultado de uma
progressiva integração que ainda está em curso. Subjacente a esse processo, há o
reconhecimento de que as propostas da ABRAPSO devem vir da base dos interessados
em Psicologia Social, presentes em núcleos.

Na esteira dessa movimentação e, sobretudo, guiados pelas ideias que estiveram


na origem da ABRAPSO, um grupo de docentes e estudantes criaram, em 2013, o
Núcleo Rio Grande do Norte da ABRAPSO. Trata-se um coletivo independente, não
representativo, sem fins lucrativos, que busca mobilizar e articular profissionais e
estudantes de Psicologia do RN para compreender e afetar criticamente a Psicologia
que se apresenta para a sociedade, provendo uma Psicologia contra-hegemônica.
Busca, ainda, mobilizar profissionais e estudantes de outras áreas, assim como demais
segmentos sociais para reflexão e modificação da nossa realidade.

Após seis meses de movimentação, o Núcleo-RN construiu coletivamente a sua


carta de princípios, que apresenta nossos posicionamentos ético-políticos e diretrizes
que orientam nossa atuação. O primeiro princípio que assumimos é a orientação para a
transformação social, o que implica superar o modelo societário atual. Tal princípio é
fundamento geral dos demais adotados pelo Núcleo e de todas as ações por nós
empreendidas, ainda que se reconheça as limitações impostas pelo atual contexto para a
sua concretização.

Os demais princípios norteadores do núcleo são:


a) Coletividade e Horizontalidade, entendidas como formas de organização que
consideram o potencial de todos os membros do núcleo em propor direcionamentos,
tomar decisões e contribuir com ações do núcleo, sem hierarquização. Adicionalmente,
valorizamos o Diálogo como posicionamento sobre o modo como definimos o que esse
coletivo propõe e defende, que assuntos realça e debate, e o modo como realiza suas
ações. Concretamente, esse princípio expressa-se, entre outras coisas, na
descentralização das decisões, atividades e tarefas em cada ação do núcleo.

b) A Amorosidade, como fonte da ética, é o sentimento que funda nosso compromisso


com a superação desse modelo societário que explora e oprime a maioria dos povos. A
ação para libertação e o profundo respeito à vida e ao outro são, para nós, um
posicionamento ético-político.

c) A Indignação, que se refere à garantia de que os sentimentos gerados pela estrutura


societária existente, com suas violências e opressões, não sejam destrutivos e
paralisantes, mas “movedores”, impulsionadores de movimentação e organização.
Assumimos, com esse princípio, o posicionamento de recusa do fatalismo e também da
resignação e submissão.

d) A Psicologia como instrumento para Emancipação humana, que norteia as ações


produzidas pelo núcleo, por considerar que a Psicologia pode servir para a prática das
liberdades coletivas, com vistas à instauração de uma sociabilidade cujas
potencialidades humanas sejam valorizadas.

e) A Formação política, que remete à necessidade de instrumentalização do próprio


coletivo e de profissionais e estudantes da área, para compreender as particularidades da
realidade social que se expressam no RN, sem perder de vista as relações com os
cenários nacional e internacional, assim como, o entendimento de que teoria e prática se
retroalimentam e são processos dialéticos. Este princípio é fundamental, pois subsidia a
Mobilização social, ou seja, a articulação do núcleo como movimento social que propõe
estratégias de resistência e proposição de outra realidade social.

f) O Respeito e a defesa da igualdade/diversidade, que possui uma aplicação prática,


na medida em que o respeito à diversidade em suas mais diversas esferas de vida deve
ser uma constante na atuação e na luta de psicólogos e psicólogas comprometidos com a
transformação social. Por sua vez, a igualdade nos dá o norte na busca pelo acesso de
todos e todas aos direitos humanos fundamentais.

Assim, orientados por tais princípios, um conjunto de ações tem sido


desenvolvido pelo núcleo, desde a aproximação com ações promovidas por outros
coletivos sociais - a exemplo da participação do Núcleo em ações da Frente contra a
Redução da Maioridade Penal – à construção de espaços de discussão sobre questões
atuais que afetam o contexto local e nacional, como o “Diálogos cotidianos” – que hoje
temos o prazer de retomar com um tema e com debatedores tão importantes para a
Psicologia. E aproveito a ocasião para convidar a todas e todos presentes a construir
coletivamente o nosso núcleo. Nossa próxima reunião de planejamento está prevista
para o dia XX de abril, às 19h, no setor II, sala A5. Somos um núcleo jovem e pequeno,
mas grande no desejo de construir uma Psicologia Social atenta ao problemas da nossa
sociedade.

Por fim, gostaria de terminar com uma citação bastante conhecida, porém não
menos importante para o núcleo e para o momento atual, do dramaturgo BERTOLT
BRECHT:

“Nada é impossível de mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E


examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o
que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão
organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve
parecer natural...”

Obrigada pela atenção.

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