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XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

Geotecnia e Desenvolvimento Urbano


COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018

Aterro Estruturado com Colunas de Jet Grouting e Reforçado com


Geossintéticos: Caso de Obra do Encontro de Ponte sobre o Rio
Curimataú, BR-101/RN
Raymison Rodrigues Cardoso
UFRN, Natal, Brasil, raymisonrc@hotmail.com

Fagner Alexandre Nunes de Franca


UFRN, Natal, Brasil, fagneranfranca@gmail.com

Enio Fernandes Amorim


IFRN, Natal, Brasil, enio.amorim@ifrn.edu.br

Alexandre da Costa Pereira


IFRN, Natal, Brasil, alexandre.pereira@ifrn.edu.br

Tenório José de Brito


UFRN, Natal, Brasil, tenoriobrito@gmail.com

Caroliny Azevedo Gonçalo Silva


UFRN, Natal, Brasil, Caroliny_azevedo@hotmail.com

RESUMO: O presente trabalho pretende contribuir para um melhor conhecimento da técnica


de aterros sobre solos moles reforçados com colunas de jet grouting, bem como do seu
comportamento evolutivo no tempo resultante do processo de consolidação. O
comportamento da obra foi analisado no período pós-construtivo. Neste trabalho foi
promovida a execução de processo de extração de testemunhos em algumas colunas de jet
grouting com a finalidade de obter corpos de prova, e assim, a resistência mecânica do
material tratado através de compressão simples, que, no fim, coadunaram com a previsão de
projeto. O programa de monitoramento levou a conclusão que a obra tende a estabilidade. A
compressão simples dos corpos de prova levou a resultados de resistência maiores que os previstos
em projeto.

PALAVRAS-CHAVE: Estabilidade de aterro, Solo Mole, Jet Grouting, Reforço de Aterro,


Geossintéticos.

1 INTRODUÇÃO O método de reforço de solos moles através


de Plataformas de Transferência de Carga
A construção de aterros sobre solos moles (PTC) sobre colunas tem a vantagem de reduzir
sempre foi um desafio para a Engenharia os recalques totais e diferenciais, tanto na base
Geotécnica, pois existem várias questões como no topo do aterro, além de permitir o
relacionadas com a sua instabilidade global e aumento da garantia de estabilidade do aterro e
local, instabilidade de taludes, pressões laterais possibilitar sua construção numa única etapa,
e elevados recalques (totais e diferenciais) que evitando intervalos de tempo prolongados
se processam lentamente ao longo do tempo. (SANDRONI, 2006).
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Segundo Gangakhedkar (2004), a PTC 2 REVISÃO DA LITERATURA


convencional granular não-reforçada necessita
que as colunas sejam menos espaçadas e que 2.1 Plataforma de Transferência de Carga de
possuam uma maior área na base do aterro, para Geossintético sobre Estacas/Colunas
transferir maior carga do aterro para as colunas,
evitando deformações superficiais causadas O sistema de reforço de aterros por meio de
pelos grandes recalques diferenciais entre o uma plataforma de transferência de carga de
topo das colunas. A PTC com geossintético, geossintético sobre estacas é considerado uma
devido à sua maior eficiência na transferência boa solução de engenharia na garantia da
de todas as cargas do aterro para as colunas e à estabilidade da obra. Trata-se de um método
sua resistência à tração (na direção horizontal), que conjuga o método de reforço com
possibilita maiores espaçamentos entre elas não colunas/estacas (que utiliza o efeito de arco do
necessitando de colunas inclinadas nas zonas material granular do aterro) com o método do
mais laterais. Em resultado da elevada reforço de aterros com geossintéticos,
resistência à tração dos geossintéticos, a permitindo uma melhor transferência de cargas
introdução desses materiais sobre solos moles, para as colunas, melhorando, por sua vez, o
aumenta a capacidade de carga, a estabilidade comportamento global da obra, segundo
dos taludes, reduz os recalques diferenciais e ALMEIDA et al, (2007).
oferece resistência aos empuxos laterais nos Segundo Almeida e Marques (2014), aterro
limites do aterro. sobre elementos de estacas ou estruturado é a
Diversos tipos de colunas podem ser usados denominação genérica dada ao aterro suportado
no sistema de reforço com PTC, por exemplo, por estacas. Os aterros denominados
colunas de aço, colunas de madeira, estacas de estruturados são aqueles em que parte ou a
concreto pré-fabricadas, colunas de jet grouting, totalidade do carregamento devido ao aterro é
colunas de deep soil mixing, etc. A técnica de transmitida para o solo de fundação mais
jet grouting é uma técnica de injeção de solos competente, subjacente ao depósito mole. As
relativamente recente, que tem encontrado nos aplicações mais ajustadas para as PTC sobre
últimos anos uma grande aceitação em virtude estacas se encontram expostas na Figura 1.
da sua versatilidade e competitividade face a
outras soluções de colunas.
Sabe-se que a tarefa do engenheiro
geotécnico não se finaliza na fase de projeto,
pelo contrário, continua durante a execução do
aterro e após a sua conclusão, isso se faz através
do monitoramento e interpretação adequada da
instrumentação, visando comparar se os
cálculos e hipóteses de projeto se verificam na
realidade.
O objetivo deste trabalho é o de contribuir
para um melhor conhecimento da técnica de
aterros sobre solos moles reforçados com
colunas de jet grouting, comparando-se a
resistência mecânica do material tratado
através de compressão simples, que, no fim,
coadunaram com a previsão de projeto.
Figura 1. Aplicações da plataforma de transferência de
carga sobre estacas. Fonte: adaptado de Han e Gabr
(2002) pelo autor.
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2.3 Melhoria do solo com jet grouting mesmas condições que as colunas definitivas e
que permitirão aferir as características do
Uma vez que o jet grouting se trata de uma material tratado e, caso necessário, alterar os
técnica muito versátil de reforço de solos, ela valores dos parâmetros de procedimento
apresenta um elevado espectro de aplicação (MARQUES, 2008). A Figura 2. ilustra a forma
podendo ser empregado na construção de túneis, final de algumas colunas, evidenciando as
em escavações, fundações e reforço de dificuldades citadas anteriormente.
fundações, cortinas de estanqueidade de
barragens, consolidação de terrenos,
estabilização de taludes, selagem de aterros
constituídos por materiais contaminados, e
eventualmente, desempenhar simultaneamente
mais de uma função (MARQUES, 2008).
A técnica de jet grouting consiste na
melhoria das características geotécnicas do solo,
sem escavação prévia, através da injeção de
calda de cimento a altas pressões (de 20 a 40
MPa). Para tal, são utilizados um ou mais jatos
horizontais e verticais que, devido à sua energia (a) (b)
cinética, têm a capacidade de desagregar a Figura 2 – Comparação entre diferentes tipos de
grauteamento de solos. a) Colunas de “solocreto”
estrutura natural do terreno, misturando as formadas pelo método de jet grouting; b) Massa de solo
partículas de solo com calda de cimento. Deste tratada pelo método convencional de grauteamento por
processo resulta um material com melhores injeção a baixa pressão. Fonte: Berger (2017).
características mecânicas e de menor
permeabilidade do que o terreno original 2.3.2 Dimensão das colunas
(RIBEIRO, 2010).
Com base nos dados recolhidos nas várias
2.3.1 Características do terreno tratado aplicações práticas da técnica, vários autores,
propuseram gráficos que relacionam o diâmetro
A técnica de jet grouting resulta numa mistura das colunas com os parâmetros de procedimento
parcial do solo com calda de cimento, e não (MARQUES, 2008), sendo estes: as
numa substituição completa do solo, o resultado características do solo; a tipo de sistema de jet
final depende das características iniciais do grouting; a energia aplicada na desagregação do
terreno, da percentagem de substituição do solo, solo.
da uniformidade de execução do tratamento, Em qualquer tipo de solo, o sistema de jato
assim como dos parâmetros de procedimento, triplo permite obter diâmetros maiores que os
entre os quais a pressão, o caudal da calda de outros sistemas, seguindo-se o sistema de jato
injeção, a velocidade de subida da vara e a duplo e os menores diâmetros correspondem ao
velocidade de rotação. sistema de jato simples.
Portanto, é difícil conhecer com rigor as A influência do solo sobre o diâmetro da
características finais do solo tratado, coluna é uma das principais incógnitas da
nomeadamente, em termos da sua resistência à técnica de jet grouting (CARRETO, 1999). A
compressão, deformabilidade e resistência ao resistência oposta pelo solo é função da coesão
cisalhamento. Os valores estabelecidos em em solos coesivos e da compacidade em solos
projeto deverão ser confirmados através de um não coesivos.
controle na fase de obra, com a execução de um O diâmetro das colunas realizadas em solos
grupo de colunas de ensaio, realizadas nas não coesivos é superior ao das colunas
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efetuadas em solos coesivos, para o mesmo dimensionamento do sistema de jet grouting


valor do ensaio SPT e qualquer que seja o para algumas das suas possíveis aplicações,
sistema utilizado. Os limites máximos e como é o caso do reforço de fundações
mínimos de variação do diâmetro das colunas (MARQUES, 2008).
com o valor de NSPT são expressos nos Os fatores que principalmente influenciam a
gráficos das Figuras 3 e 4, cuja elaboração foi resistência mecânica das colunas de jet grouting
feita com base nos estudos de diversos autores, são os seguintes:
nomeadamente Tornaghi, Miki, Botto, Nisio e a • O solo “in situ”;
JJGA – “Japan Jet Grout Association” • O tipo de sistema de jet grouting usado;
(CARRETO, 1999). • O tempo de impacto do jato;
• A composição da calda de cimento.
Os solos arenosos apresentam maior
resistência que os solos coesivos quando
tratados pelo mesmo sistema de jet grouting.
Em solos coesivos quanto maior é o teor de
água natural do solo, menor é a resistência final
do material tratado.
Os diferentes sistemas de jet grouting
traduzem-se por diferentes percentagens de
substituição do terreno e de mistura do solo
Figura 3 – Limites máximos e mínimos do diâmetro de com a calda de cimento. Os valores de
colunas em solos não coesivos. Fonte: Carreto (1999). resistência obtidos variam, assim, de método
para método. Em solos arenosos os maiores
valores de resistência resultam da aplicação do
sistema de jato simples. Em solos coesivos, os
maiores valores de resistência resultam da
aplicação do sistema de jato triplo. O sistema de
jato duplo é geralmente o sistema em que se
obtém resistências mais baixas.
A resistência do material tratado, qualquer
que seja o tipo de solo, aumenta com o aumento
do tempo de impacto. Quanto maior é o volume
Figura 4 – Limites máximos e mínimos do diâmetro de de calda injetada por unidade de volume de
colunas em solos não coesivos. Fonte: Carreto (1999). material, maior é a resistência à compressão não
confinada do material.
Relativamente aos parâmetros de Quanto maior é a quantidade de cimento por
procedimento, com o sistema de jato simples, unidade de volume de material tratado, maior é
em qualquer tipo de solos, o diâmetro das a sua resistência. Quanto maior for a relação
colunas cresce com o aumento da pressão de água/cimento da calda, menor é a resistência do
injeção da calda. O aumento da velocidade de material tratado, devido à diminuição da
subida da vara resulta, naturalmente, numa quantidade de cimento aliada ao aumento da
diminuição do diâmetro da coluna. quantidade de água.
A dificuldade de previsão das características
2.3.3 Resistência mecânica do material tratado de resistência do material tratado é a grande
barreira que se coloca a maior utilização da
A resistência do solo tratado é um dos solução de jet grouting no reforço de solos. A
parâmetros mais importantes no previsão do valor de resistência à compressão
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simples é dificultada pela incerteza associada à resistência ao cisalhamento reduz a pressão


composição final do material, o que se deve às atuante no geossintético aumentando a carga
dificuldades de estimativa da quantidade de solo nas colunas. O apoio proporcionado pelo solo
tratado; à difícil quantificação do teor em água mole reduz também a carga no geossintético e,
do material tratado, função da água “in situ”, da consequentemente, a sua tensão devido à carga
relação água/cimento da calda, da drenagem de vertical (ABDULLAH, 2006;
água da coluna ou da ocorrência de GANGAKHEDKAR, 2004; HAN E GABR,
consolidação por ação do peso próprio do 2002 e RAO, 2006).
material tratado; e pela heterogeneidade deste, O mecanismo de transferência de carga do
que pode ter origem na heterogeneidade do corpo do aterro para as colunas foi denominado
próprio solo, na falta de controle dos parâmetros por Terzaghi (1943) como “efeito de arco do
de injeção ou na mistura insuficiente da calda solo” (Han e Gabr, 2002). Terzaghi (1943)
com o solo desagregado (CARRETO, 1999). descreveu este mecanismo como “um dos mais
Importa também referir, que a resistência ao universais fenômenos encontrados em solos
cisalhamento do solo, objeto de tratamento por tanto no campo como em laboratório”.
jet grouting é, em geral, assumida como sendo Durante e após a construção do aterro, o solo
igual a 10 a 15% da resistência à compressão de fundação consolida ocorrendo recalques
simples (CARRETO, 1999). diferenciais entre as colunas e o solo mole de
Apesar da dificuldade de caracterizar a fundação. Desenvolvem-se tensões de
resistencia do material tratado, Carreto (2000), cisalhamento no corpo do aterro, transmitindo,
através de diversos elementos bibliográficos, por efeito de arco, as tensões verticais para as
realizou uma síntese dos valores de resistência à colunas e reduzindo, por sua vez, a solicitação
compressão simples de diferentes materiais do solo mole.
objeto de tratamento por jet grouting, sem Os recalques diferenciais à superfície do
diferenciar o tipo de sistema utilizado. A Tabela aterro dependem do espaçamento entre colunas
1 expõe esta compilação. ou estacas. Para estes serem reduzidos o
espaçamento entre os elementos de reforço não
Tabela 1. Resistência à compressão de materiais tratados pode ser muito elevado. Para o efeito, a BS8006
por jet grouting. adaptado de Carreto (2000) pelo autor.
Tipo de solo – resistência à compressão simples (MPa) (1995) recomenda que a altura de aterro não
Autores/data A/C Argila
orgânica
Argila Silte Areia Cascalho deve ser inferior a 0,7 vezes o espaçamento
Baumann et al. 1:1,5 - - 6 a 10
10 a 14 12 a 18 entre maciços de encabeçamento para estacas
(1984)
1:1,0 - - 3a5 5a7 6 a 10
em matriz quadrada.
Teixeira et al.
(1987)
- 0,5 a 2,5 1,5 a 3,5 2 a 4,5 2,5 a 8 - O uso de geossintético na base do aterro tem
Paviani
- - 1a5 1a5 8 a 10 20 a 40
o objetivo de aumentar a transferência de carga
(1989)
Welsh e Burke
do aterro para as colunas, traduzindo-se numa
- - 1a5 1a5 5 a 11 5 a 11
(1991)
redução das tensões totais e diferenciais, tanto
Guatteri et al.
(1994)
- - 0,5 a 4 1,5 a 5 3a8 -
na base como no topo do aterro. Deste modo, a
JJGA
(1995)
- 0,3 1 1a3 - - transferência de carga deve-se ao efeito de arco
do solo, à tensão na plataforma de transferência
de carga e à concentração de tensões devido à
2.4 Mecanismos de transferência de carga
diferença de rigidez entre o solo e as colunas. A
grandeza de cada componente depende de
O material do aterro entre as duas colunas tem
vários fatores: do tipo de material de aterro, da
uma tendência de se mover para baixo devido à
rigidez à tração do reforço, do módulo de
presença de solo mole debaixo do aterro. Este
deformabilidade, do diâmetro e espaçamento
movimento é parcialmente impedido pela
das colunas, etc. (RAO, 2006).
resistência ao cisalhamento (τ) do corpo do
aterro acima das colunas. O desenvolvimento da
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3 CASO DE OBRA: INTERVENÇÃO aumentar a resistência do conjunto solo-


estrutura. Para isso optou-se pela solução de
O estudo de caso se passa em um encontro de melhoramento por colunas de jet grouting,
ponte próximo à cidade de Canguaretama, no executadas em forma de malha sob o aterro.
vale do Rio Curimataú, região de solo mole,
durante as obras de construção da duplicação da 3.2 Sondagens a Percussão com
BR-101/RN. A solução utilizada para Determinação do NSPT e Teor de Matéria
estabilidade da obra foi o de aterro estruturado Orgânica (TMO).
sobre solos moles com colunas de jet grouting e
reforçado com geogrelhas. A campanha de investigação complementar no
Na oportunidade, é discutido o desempenho segmento entre as estacas 1187+0,00 a
do aterro sobre solo mole através do 1194+15.00, ver Figura 5, objetivaram a
monitoramento, com a instalação de identificação da solução de projeto, com base
instrumentos de controle para acompanhar o nas informações das condições estruturais para
desempenho da camada mole e do maciço, a também subsidiar o dimensionamento dos
evolução dos recalques e os deslocamentos investimentos necessários para recuperação do
horizontais que tem a finalidade de prevenir de trecho e compreenderam a execução de serviços
algum problema que venha afetar a estabilidade técnicos especializados de ensaios geotécnicos
do aterro. Foi verificado, também, a resistência para a determinação de propriedades de solos
a compressão simples das colunas de jet moles, necessários para a proposição de solução
grouting por duas formas de coletas de corpos de engenharia para intervenção no depósito de
de prova do solo tratado. solos moles visando a sua estabilização.
O aterro sobre solo mole estruturado com Após observadas diversas ocorrências de
colunas de jet grouting e reforçado com trincas e/ou rupturas do pavimento entre as
geogrelhas foi executado na obra de duplicação estacas 1187+0,00 a 1194+15.00, o consórcio,
da BR-101/RN, cujos serviços consistiram na analisando as possíveis causas dessas
duplicação da rodovia, onde a pista projetada ocorrências, chegou-se a conclusão da
tem 11,2 m de largura útil e a pista existente, necessidade de execução de uma técnica de
10,5 m de largura útil. As duas pistas estão tratamento para o solo mole da região, a fim de
separadas por um canteiro central com 6,0 m de garantir a estabilidade do pavimento rodoviário
largura. O projeto de tratamento de solo mole a longo prazo, tendo sido escolhida a técnica de
foi destinado para a recuperação do pavimento colunas de jet grouting, segundo
da pista projetada. (CONSTRAN/GALVÃO/CONSTRUCAP,
2016).
3.1 Descrição da Obra de Intervenção Observa-se nos perfis de conteúdo de matéria
orgânica na Figura 6 que o registro mais
A observação de diversas ocorrências de trincas importante ocorre entre 10 e 20 m de
e rupturas do pavimento entre as estacas profundidade, coincidindo com a ocorrência em
1187+0,00 a 1194+15.00, da BR101/RN profundidades de menores valores para o NSTP e
(próximo a cidade de Canguaretama/RN), com valores mais elevados para o teor de
somado ao fato de existir uma espessa camada umidade do solo, coincidindo com as
de solo mole sob o traçado, levou o consórcio profundidades das amostras estudadas para a
contratado para execução das obras a verificar a determinação dos limites de Atterberg,
necessidade de novo tratamento do solo. Para considerando-se os valores de limite de liquidez
evitar o rompimento do aterro e garantir a (LL) maior do que 50%, com as amostras que
estabilidade da via, limitando o valor de têm a profundidade de 14,8 m, e os valores do
recalque máximo remanescente foi necessário limite de plasticidade (LP) onde essa
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característica foi de aproximadamente 42%,


indicando potencial importante da utilização de
informações da determinação de matéria
orgânica para aplicação em estudos geotécnicos
para projeto de tratamento do solo.

Figura 6. Perfil para o teor de matéria orgânica. Fonte


Pereira et al. (2016).

Neste trabalho foi promovido a execução de


sondagem rotativa em 5 (cinco) colunas de jet
grouting com a finalidade de obter corpos de
provas e, assim, a resistência mecânica do solo
tratado através de compressão simples, que tem
como referência a norma técnica da ABNT
Figura 5. Perfil geotécnico 1. (NBR 5739 – 2007), cujos dados seguem na
Tabela 2.
Pereira et al. (2016) concluíram que os perfis
obtidos para o teor de umidade e matéria Tabela 2. Resultados de ensaios de compressão simples
orgânica, associados à definição da estratigrafia do solo tratado obtidos a partir de corpos de prova
de depósito, constituíram um trabalho exumados por sondagem rotativa e do refluxo do material
importante para a compreensão do problema tratado.
RCS RCS (no % de
Nº da
geotécnico ocorrido no aterro rodoviário sobre coluna
Z (m) (sondagens Z (m) refluxo) redução de

solos moles no vale do rio Curimataú. rotativas) (MPa) (MPa) RCS

303 10-12 4,15 NT 6,86 39,46

3.3 Controle de Qualidade das Colunas de 310 10-12 4,51 NT 7,48 39,71

jet grouting 312 12-14 3,85 NT 7,02 45,12

Em fase de projeto foram definidos quais os 315 10-13 4,85 NT 6,42 24,40
parâmetros fundamentais a serem objeto de 355 11-13 4,23 NT 7,90 46,42
controle de qualidade para garantia do sucesso NT – Nível do terreno natural
da solução projetada e implementada. A
execução das colunas de jet grouting na
plataforma rodoviária foi precedida da execução Da Tabela 2. tem-se a cota de profundidade a
de 15 (quinze) colunas testes, que qual cada corpo de prova foi exumado na
possibilitaram avaliar aspectos de projeto como coluna representada por Z (m). A Resistência à
a pressão de injeção e verificar se o Compressão Simples-RCS estão lançadas na
dimensionamento empírico de projeto está coluna RCS (sondagens rotativas) e a
apropriado. Resistência à Compressão Simples (dos corpos
de prova moldados no refluxo) foram lançadas
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na coluna RCS (no refluxo). A porcentagem de sobre solo mole, uma vez que, esses corpos de
redução da resistência à compressão simples prova apresentam menor resistência a
dos corpos de prova exumados das colunas de compressão simples e ao cisalhamento quando
jet grouting em relação ao material de refluxo comparados aos corpos de prova submetidos
estão registradas em % de redução de RCS. aos mesmos ensaios, porém coletados no
A Figura 7 exibe detalhe da localização das refluxo do material tratado.
colunas que tiveram corpos de prova exumados
por sondagem rotativa. 3.4 Instrumentação e monitoramento

O programa de monitoramento de recalques do


aterro de encontro da cabeceira norte da ponte
sobre o Rio Curimataú, foi realizado através do
acompanhamento topográficos de placas de
recalque instaladas sobre o topo da camada de
brita, após a execução das colunas de jet
grouting. Dessa forma foi possível acompanhar
a reconstituição do aterro e pavimento e o
comportamento da solução quanto aos recalques
obtidos. A Figura 8 mostra a locação das placas
de recalque e inclinômetros. O monitoramento
ocorreu entre os dias 19 de dezembro de 2016 a
8 de agosto de 2017, totalizando
aproximadamente 8 meses de monitoramento.
Tendo em consideração as características da
obra, as leituras dos aparelhos instalados
ocorreram com uma frequência não inferior a
Figura 7. Detalhe da localização das colunas que tiveram uma vez por mês.
corpos de prova exumados por sondagem rotativa.

Da análise da Tabela 2 chega-se a conclusão


de que não basta usar o material de refluxo para
verificação da resistência mecânica do solo
tratado, pois, conforme provado, ao se realizar
verificações com sondagem rotativa exumando
corpos de prova das colunas encontra-se uma
redução da resistência a compressão simples
quando comparado ao material de refluxo
chegando a ser de 39,02 % menor a média desse
parâmetro, no caso estudado.
Esse trabalho prova que nas obras com uso
de colunas de jet grouting deve-se efetuar a
exumação de corpos de prova em cota do perfil
geotécnico com a presença de solo mole Figura 8. Planta com locação das placas de recalque – PR
contendo o maior teor de umidade e matéria e inclinômetros (Inc. S2-1, S3-1 e S4-1).
orgânica, caso esteja presente, para verificação
da resistência à compressão simples do material 3.4.1 Resultados da instrumentação
tratado com a técnica de injeção de calda de
cimento para garantia da estabilidade do aterro As Figuras 9 e 10 apresentam a evolução de
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recalques ao longo dos oito meses de desenvolimento de empolamento que é efeito da


monitoramento topográficos das placas de técnica de substituição parcial do solo pelo
recalque, PR, e do inclinômetro S3-1 instalados método do jet grouting.
na cabeceira norte da ponte sobre o Rio
Curimataú.

E1187+10 Ldir
Placas de Recalque
E1187+10 Lesq
0,015
E1188+10 Ldir
0,01
E1188+10 Lesq
0,005
E1189+10 Ldir
0
E1189+10 Lesq
Recalque acumul ado (m)

-0,005
-0,01 E1190+10 Ldir

-0,015 E1190+10 Lesq

-0,02 E1191+10 Ldir


-0,025 E1191+10 Lesq
-0,03 E1192+10 Ldir
-0,035 E1192+10 Lesq
-0,04
E1193+10 Ldir
-0,045
E1193+10 Lesq
-0,05
E1194+10 Ldir

E1194+10 Lesq

Recalque Máximo
Data

Figura 9. Evolução de recalques ao longo do tempo


(Cabeceira Norte). Fonte: Consórcio
Constran/Galvão/Construcap (2017).

Pode-se observar que o comportamento da


curva tempo x recalques tende a estabilidade, e
sendo o início do monitoramento (após Figura 10. Inclinômetro S3-1. Fonte: Consórcio
execução do Jet grouting), dado a partir do dia Constran/Galvão/Construcap (2017).
26/11/2017, este procedimento deve ser
contínuo até a estabilização do aterro. Ocorre Os deslocamentos horizontais são inferiores
que foi identificado um ponto (PR na a 5 mm.
E1193+10, lado esquerdo) com comportamento
discrepante ou anômalo, que necessitam de
investigação específica. Pode-se entender que a 4 CONCLUSÕES
causa tanto pode estar relacionada com a
possível deficiência do próprio processo de Em PTC a carga materializada pela construção
instrumentação como devido à presença de do aterro é transmitida para as colunas,
bolsões de turfa ou a elevados teores de matéria essencialmente, através de três mecanismos: a
orgânica prejudicando a execução de algumas mobilização do mecanismo de efeito do
das colunas realizadas. Portanto, excetuando-se arqueamento no corpo do aterro, a transferência
a PR na E1193+10, lado esquerdo, tem-se um de cargas através das geogrelhas e a
bom comportamento da solução em jet transferência de carga para um solo de
grouting, com os recalques situando-se no resistência competente. Foi verificado que não
intervalo inferior a 15 mm. As placas de basta usar o material de refluxo para verificação
recalques da estaca 1193+10, lado direito, e da resistência mecânica do solo tratado, pois
1991+10, lado direito, recalcaram um pouco conforme provado, quando se faz verificações
mais ficando próximo da faixa de 22,5 mm (na com sondagem rotativa exumando corpos de
última leitura), ainda assim cerca de metade do prova das colunas encontra-se uma redução da
máximo admissível de 50 mm. Percebe-se o resistência a compressão simples quando
XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018

comparado ao material de refluxo chegando a 20/12/2017).


ser de 39,02 % menor a média desse parâmetro. British Standard 8006. (1995). Code of Practice for
Strengthened/Reinforced Soils and other Fills, British
Diante desse contexto, pode-se inferir que as Standards Institution.
análises voltadas para o desempenho mecânico Carreto, J. (1999). Jet Grouting A Problemática do
e funcional do aterro rodoviário em estudo, Dimensionamento e do Controlo de Qualidade.
através da solução de plataforma de Dissertação de Mestrado, Universidade Nova de
transferência de carga pelo método de solução Lisboa.
Carreto, J. (2000). Jet Grouting. Uma técnica em
de tratamento de solo mole por jet grouting desenvolvimento. VII Congresso Nacional de
combinado com o monitoramento de Geotecnia, Faculdade de Engenharia da Universidade
deslocamento horizontal e de recalque, resultou do Porto, 1043-1054.
em um comportamento com tendência adequada Consórcio Constran/Galvão/Construcap (2016). Projeto
a garantir a estabilidade do aterro, mas com Executivo de Engenharia para Restauração com
Melhoramentos.
necessidade de monitoramento contínuo até a Consórcio Constran/Galvão/Construcap (2017). Relatório
comprovação do atendimento ao desempenho Final - Projeto Executivo de Engenharia para
esperado do sistema a médio/longo prazo. Por Restauração com Melhoramentos da BR 101/RN.
fim, entende-se que é preciso avaliar as obras Gangakhedkar, R. (2004). Geosynthetic Reinforced Pile
Supported Embankments. Dissertação de Mestrado,
construídas para fazer projetos ainda melhores.
University of Florida.
Han, J., Gabr, M.A. (2002). Numerical Analysis of
Geosynthetic-Reinforced and Pile-Supported Earth
AGRADECIMENTOS Platforms over soft soil. Journal of Geotechnical and
Geoenvironmental Engineering, 01/2002, 44-53,
128(1), ASCE.
Os autores agradecem a Universidade Federal e
Marques, D.A.O. (2008). Reforço de Solos de Fundação
o Instituto Federal do Rio Grande do Norte, com Colunas de Jet Grouting Encabeçadas por
bem como, o apoio conferido pelo Geossintéticos. Dissertação de Mestrado, Faculdade
Departamento Nacional de Infraestrutura de de Engenharia da Faculdade do Porto.
Transportes, pela viabilização e autorização Pereira, A. C., Cardoso, R. R., Nicácio, L. de A.,
Assunção, E. M. (2016). Análise de Perfis de
para divugação concedida que privilegiaram a
Conteúdo de Matéria Orgânica em Depósito de Solos
transmissão do conhecimento e o Moles no Vale do Rio Curimataú com Ocorrência em
desenvolvimento da sociedade. Obra Rodoviária na Duplicação da BR-101/RN.
COBRAMSEG 2016 – Congresso Brasileiro de
Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica, Belo
Horizonte, Minas Gerais, Brasil. ABMS, 2016.
REFERÊNCIAS Ribeiro, A.L.S. (2010). Técnica de tratamento de solos –
Jet Grouting. Acompanhamento de um caso real de
Abdullah, C.H. (2006). Evaluation of Load Transfer estudo – Cais de Santa Apolónia e Jardim do Tabaco.
Platforms and Their Design Methods for Dissertação de Mestrado, Universidade Técnica de
Embankments supported on geopiers. Dissertação de Lisboa.
Doutoramento, University of Wisconsin. Rao, K.N. (2006). Numerical Modeling and Analysis of
Almeida, M.S.S., Ehrlich, M., Spotti, A.P., Marques, Pile Supported Embankments. Dissertação de
M.E.S. (2007). Embankment supported on piles with Mestrado, University of Texas at Arlington.
biaxial geogrids. In Proceedings of the Institution of Sandroni, S.S. (2006). Sobre a prática brasileira de
Civil Engineering – Geothecnical Engineering 160, projeto geotécnico de aterros rodoviários em terrenos
Outubro, 185-192. com solos muito moles. In Anais do III
Almeida, M. S. S.; Marques, M. E. S. (2014). Aterros Congresso Luso-Brasileiro de Geotecnia, Volume
sobre solos moles: projeto e desempenho. 2ª edição único, Curitiba, 1-20.
revista e atualizada. São Paulo: Oficina de Textos.
Berger, B. Jet grouting. Catálogo Bilfinger Berger
Foundation. Disponível em
http://www.spezialtiefbau.bilfingerberger.de/C125713
0005050D5/vwContentByKey/N276DL83645GPERE
N/$FILE/Jet%20Grouting.pdf. (acesso em

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