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1
Cum licentia Superioris Ordinis.
Grande Chartreuse,
8 de março de 2010.
Cultor de livros
Edição e publicação de livros
64 páginas e ilustrações a toda cor.
2
PRÓLOGO
Como é bom e precioso descobrir o valor dum tesouro antigo conservado em nosso patrimônio,
sua atualidade e fecundidade, fonte viva.
A cada tempo o Senhor nos concede o que mais nos convém. Hoje para alimentar nosso amor
pela oração ele nos sensibiliza para “a leitura orante da Bíblia” que nos conduz ao Senhor Jesus.
Compreendemos o valor e o gosto do modo de oração, simples, repetitivo, litânico, às vezes
chamado mantra.
O Rosário da Virgem Maria, forma de oração humilde e popular, contém e destaca estes valores.
Um dos caminhos de vivê-los é a oração do Rosário “com cláusulas” que foi cultivado na
tradição cartusiana e é recomendado pela Igreja.
“O baricentro da Ave-Maria, uma espécie de dobradiça entre a primeira parte e a segunda, é o
nome Jesus. Às vezes, na recitação precipitada, perde-se tal baricentro e, com ele, também a
ligação ao mistério de Jesus que se está a contemplar. Ora, é precisamente pela acentuação dada
ao nome de Jesus e ao seu mistério que se caracteriza a recitação expressiva e frutuosa do Rosário.
Já Paulo VI recordou na Exortação apostólica Marialis cultus o costume, existente nalgumas
regiões, de dar realce ao nome de Cristo acrescentando-lhe uma cláusula evocativa do mistério
que se está a meditar. É um louvável costume, sobretudo na recitação pública. Exprime de forma
intensa a fé cristológica, aplicada aos diversos momentos da vida do Redentor.”1
“A fim de favorecer a contemplação e para que a mente concorde com a voz, diversas vezes foi
sugerido pelos pastores e pelos estudiosos restabelecer o uso da cláusula, uma antiga estrutura do
Rosário que, aliás, nunca desapareceu completamente.
A cláusula, que se harmoniza bem com a índole repetitiva e meditativa do Rosário, consiste
numa proposição relativa que segue o nome de Jesus e relembra o mistério anunciado. Uma
cláusula correta, fixa para cada dezena, breve no enunciado, em conformidade com a Escritura e a
Liturgia, pode ser uma ajuda válida para a recitação meditativa do santo Rosário.”2
O subsidio que nos é oferecido é uma partilha da Família Cartusiana do tesouro conservado em
sua vida e tradição. São três exemplos do Rosário segundo a tradição das cláusulas.
A inserção, no ciclo dos mistérios, da nova série dos “mistérios da luz” pode ser uma
oportunidade e meio para retomar ou introduzir a oração do Rosário com cláusulas, ajudando a
compreender melhor a natureza e as possibilidades da oração do santo Rosário.
Como não podemos prestar atenção a tudo ao mesmo tempo, a oração do Terço é libertadora e
não só liberta da necessidade da dar atenção a cada uma das palavras recitadas, mas a oração em
cláusulas pode ajudar a superar o costume duma intenção em cada dezena, o que é válido, mas
que pode desviar a atenção do mistério.
O Rosário é uma oração contemplativa, contemplar Jesus nos seus mistérios com Maria. Sua
monotonia o enriquece e o próprio terço em nossas mãos nos amarra e nos liberta.
Além do ritmo de oração na vida cartusiana centralizado na Liturgia das Horas e na Missa de
Comunidade, quantos rosários na oração pessoal e privada foram e são rezados pelos Cartuxos
para eles e por nós Igreja de Jesus.
Apresento com alegria e segurança este modo simples e rico de orar.
1
Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariæ, João Paulo II. 16-10-2002.
2
Diretório sobre piedade popular e liturgia – Princípios e orientações. 17-12-2001.
3
4
1. UM CONVITE DA IGREJA AO ROSÁRIO DAS CLÁUSULAS
Toda oração do Rosário já é em si uma Lectio Divina, mas aquele que vai enriquecido por
cláusulas alusivas ao mistério contemplado acentua esse aspecto do Rosário. O Papa Paulo VI,
guiado pelo espírito do Concílio de voltar às fontes de inspiração de toda vida cristã, em relação
ao Santo Rosário, dirigiu à Igreja sua Exortação Apostólica Marialis Cultus em 1974, onde
dizia:
É coisa conhecida que, exatamente para favorecer a contemplação e para que a mente estivesse
sempre em sintonia com as palavras, se costumava outrora –e tal costume conservou-se em diversas
regiões– ajuntar ao nome de Jesus, em cada Ave-Maria, uma cláusula , que chamasse a atenção
para o mistério enunciado (nº.46).
Anos depois, em 2002, João Paulo II voltou sobre o mesmo tema na sua Carta Apostólica
Rosarium Virginis Mariæ, mas no Brasil tem sido pouco o material disponível sobre essa forma
de oração do Terço com cláusulas de passagens da vida de Cristo e de Maria que está nas
fontes de sua configuração. Que nós saibamos, em nossa língua, só se tem publicado um ótimo
opúsculo sobre este tema, o do jesuíta alemão, Karl Josef Klinkhammer 3.
Depois de várias petições que nos foram feitas a este respeito, desejamos colocar aqui umas
notas sobre a forma de rezar o Rosário com as cláusulas, acompanhadas das fórmulas originais,
bem como da forma utilizada em alguns paises de influência alemã e, por último, a forma
apresentada pelo monge cartuxo alemão, João Justo Landspérgio (†1489-1539).
Antes de mais, para valorizar melhor esta forma da reza do Terço, é bom analisar brevemente
o valor mesmo da oração cristã, para logo deter-nos em fazer um seguimento histórico do Terço,
de sua configuração, e de como começaram a utilizar-se e difundir-se ditas cláusulas a partir da
região do rio Reno.
3
O Rosário. O Terço. A sua origem e a sua intenção primordial. Secretariado Nacional do Rosário.
Fátima, 1998.
4
Stromata 7ª , 456b.
5
Sim, não somos anjos, Jesus mesmo o sabia e, por isso, além de nos ensinar que não devemos
multiplicar nossas palavras na oração, Ele mesmo nos ensinou a orar utilizando a oração vocal do Pai-
nosso. Quando rezamos esta fórmula, algumas vezes pode-nos atrair o seu conteúdo, ao pormenorizarmos
5
3. A SUAVIDADE DA ORAÇÃO LITÂNICA MEDITATIVA
Se agora passamos a deter-nos um pouco sobre como esta oração, ao mesmo tempo litânica e
meditativa, começou na Igreja, talvez tenhamos que remontar aos Padres do Deserto –alguns
dos quais não sabiam ler, ou não dispunham de uma Bíblia particular–; eles faziam às vezes sua
Lectio Divina de um modo semelhante a nosso Terço. Sem dúvida que eles não o conheciam
em sua forma atual, mas, na essência, praticavam algo semelhante sob forma de outras orações
monológicas, conjugando estas com a lembrança das passagens bíblicas que sabiam de cor.
Sobre este ponto, já Orígenes (†254) –cuja influência nos ascetas do Deserto do Egito foi muito
grande– alimentava a meditação da Sagrada Humanidade de nosso Senhor Jesus Cristo6.
Para fazer mais claro o dito dos Padres, basta recordar o que lemos num apoftegma, onde
Abba Isaac faz-nos uma belíssima descrição desta forma de orar assim:
Estava um dia na cela de abba Poimém, e vi-o em êxtase. Como tinha muita confiança com ele,
prostrando-me lhe supliquei: `Diz-me, onde estavas?´ Ele, muito à força, me respondeu: `Meu
pensamento encontra-se ali onde está Santa Maria, a Mãe de Deus, chorando sobre a cruz do
Salvador; e, por minha parte, quereria chorar assim todo o tempo7.
Fazer memória dos mistérios de Deus, tendo a imaginação ancorada com uma breve oração
vocal é o que vemos começar no Ermo, pois bem, não é isso essencialmente a oração do
Rosário? Do devoto abba Poimén e seus imitadores se poderia dizer que foram os pioneiros do
Rosário da Mãe do Deus.
cada uma de suas sete petições; outras, fica nosso coração unido ao Senhor numa serena contemplação de
atenção amorosa, enquanto os lábios e a imaginação –dum modo simples e indefinível– ficam
estabilizados pela reza material do Pai-nosso, como por uma âncora. Assim o assegurava o famoso monge
trapista, Dom Eugenie Boylan: De fato, parece que para certas almas, uma destas ocupações (vocais)
para as faculdades inferiores é uma condição necessária para o exercício da oração de fé. Por esta
oração é que uma alma que parece estar absorvida na oração vocal e na meditação é realmente elevada
a este grau de oração (contemplativa) ( A dificuldade de orar . Pág.66. Ed. Aster. Lisboa, 1957).
6
Assim o faz notar Andreas Heinz, no seu ótimo livro sobre o Terço, citando os estudos de H. de
Lubac. Cf. Louanges des Mystres du Christ. Histoire du Rosaire. Téqui. Paris, 1990.
7
Palavras dos antigos. Sentenças dos padres do deserto. Coleção: Oração dos pobres, Ed. Paulinas.
São Paulo, 1985.
8
Segundo A. Heinz, parece que a Ave-Maria de que temos notícia é a aparecida no canto do ofertório
da 4ª semana de Advento do antifonário de Compiègne, do século IX.Op. cit ., p.55.
9
Segundo Heinz, no século XIII foi proverbial entre os ingleses sua veneração ao Nome de Jesus e por
isso foram colocando no fim da primeira parte da Ave-Maria o nome de Jesus, ou Jesus Cristo. Op. cit.,
p.56.
6
rezado todo contínuo, ou numa terça parte, quer dizer, 50 Aves10, acompanhadas estas de vênias
e inclinações, de modo semelhante à reza coral. Em sua devoção a nossa Senhora, são
Domingos (†1221) parece que conheceu dito Saltério e que o difundiu, ainda que, para os
críticos isto não fique claro por falta de documentação11.
Em breve esta prática se desligou da liturgia das Horas e foi-se estendendo ao nível da oração
pessoal, fazendo-se popular. Assim, p.ex., autores como o cartuxo Hugo de Balmas, da primeira
metade do século XIII, encorajavam a recitar 40 ou 50 Aves-marias que iam divididas ao
chegar certo número –parece que com alguns Pai-nossos –; tudo em sinal de amor e espiritual
homenagem a nossa Senhora ( De triplici via ad Sapientia) 12.
Os mesmos monges Cistercienses começaram a unir a reza das Ave-marias com algum tipo
de meditação dos mistérios da fé, mas isto de forma esporádica.
O fato é que com o passar do tempo, dito Saltério começou a decair, até chegar a seu
ressurgimento nos séculos XIV-XV. Assim, as monjas cisterciense do mosteiro de Saint-
Thomas-sur-Kyll, de Tréveris, nos começos do século XIV, tinham elaborado uma oração
mariana de Aves seguidas de 99 cláusulas, que e ainda que não tenhamos documentação alguma,
acreditamos influenciaria nos cartuxos dessa mesma cidade, a Cartuxa de Santo Albano13.
10
Na Ordem Cartusiana, em concreto, a palavra Saltério significou sempre a recitação das 150 Ave-
marias, enquanto que o termo Rosário se utilizou para fazer referência às 50, com cláusulas ou não.
11
Karl Josef Klinkhammer, op.cit., p.3; A. Heinz, op.cit ., p.12.
12
Un Cartujo. El Santo Rosario en la Cartuja, p. 3.
13
Este texto foi encontrado faz pouco tempo e mostra como que acima das coincidências e influências
mútuas nas comunidades de então, o Espírito Santo ia conduzindo a piedade mariana para que se
centrasse cada vez mais na contemplação do Verbo Encarnado. Mosteiros como este de São Matias,
praticaram isoladamente a união da oração litânica da Ave-Maria com fórmulas da vida de Jesus e N.
Senhora, mas como afirma um cartuxo atual: Se bem algumas poucas casas de cistercienses usaram
algumas frases para associar as Aves com outras devoções antes que os cartuxos de Tréveris, foi só
esporadicamente. Por isso se pode afirmar que estes foram os inovadores ao difundi-las
sistematicamente (Cf. Landspergio, el Cartujo. Una Carta de Jesuscristo. Seguida del Rosário Rítmico
traducido por Lópe de Vega. Edição apresentada por um monge da Grande Chartreuse. Monte Carmelo.
Burgos, 2005, p.32; A. Heinz. Op. cit ., p. 59-68).
14
Há documentação de que entre 1396 e 1400 Henrique recebeu uma graça especial de Maria na qual
Ela o animava a dividir as 50 Aves em grupos de dez com um Pai-nosso (cf. Un Cartujo. El Santo Rosario
en la Cartuja, pp.8-10. Analecta Cartusiana, nº.103. Salzburg, 1983). Contudo, também há documentos
que provam que tal divisão se inspirava na realizada antes com o Saltério davídico (cf.A. Heinz, op.cit.,
pp. 23 ss).
15
Esta propagação era feita mediante a recomendação de duas obras dele: De commemoratione Rosarii
e o de meditações da: Vita D. N. Jesuchristi et Beatissimæ Matris ejus, sed meditaciones excerptæ ex Vita
Christi Ludolfi nostri (cf. El Sto. Rosario en la Cartuja, p.29).
16
A. Heinz, op.cit ., p.14, nota 6.
7
O dominicano Bem-aventurado Alano de la Roche (†1475), cheio de devoção pelo Saltério
de Maria –como ele preferia chamar esta devoção–, reduziu os mistérios considerados a um só
por cada 10 Aves, chegando deste modo à configuração atual do Santo Rosário. Isto trazia uma
inegável vantagem prática, a de poder reter mais facilmente de cor os mistérios contemplados.
Desde esse momento, seus coirmãos da Ordem dos Pregadores aplicaram-se com um especial
fervor a espalhar pelo mundo todo esta oração do Santo Rosário.
Rapidamente foram fundando-se as chamadas Confrarias do Rosário, para rezá-lo com mais
devoção. Foi nestas confrarias que nasceu a segunda parte da Ave-Maria –a de intercessão–,
numa data incerta, mas ao fim do século XIV tinha-se introduzido inclusive no Oficio Divino
do Rito Romano.
17
El Santo Rosario en la Cartuja. Op. cit ., p. 101.
18
Heinz é do parecer de que o rosário de Domingos tinha já essa divisão, com Pater-noster , no decurso
do século XV, partindo sua introdução possivelmente da mesma Cartuxa de Tréveris. Assim aparece num
ms do mosteiro beneditino de São Matias de Tréveris datado en 1559.Op. cit ., p.17.
8
Enquanto assim se faz, podemos permanecer unidos a Maria num sereno gozo (nos mistérios
gozosos), ou com um ânimo de compaixão (nos dolorosos), ou com uma alegria compartida
com Jesus e Maria (nos gloriosos), ou, por fim, sob os raios da suave luz divina (nos luminosos).
10. CONCLUSÃO
Em resumo, podemos dizer que dispomos de várias formas para rezar o Santo Rosário. A
alternância de um ou outro método permite-nos fazer uma Lectio orante com Maria. Lectio esta
19
VIA PULCHRITUDINIS. O caminho da beleza. Caminho privilegiado de evangelização e diálogo.
Assembléia Plenária dos Bispos. Cidade do Vaticano, 2006. Ed. Loyola. São Paulo, 2007.
20
Estes versos podem também ser cantados com uma melodia acorde; possivelmente, o mesmo
Landspérgio os compôs pensando nisso.
21
Eis a visão que teve Adolfo de Essen sobre a eficácia do Rosário, contado por Domingos de Prússia:
Viu dito Padre Cartuxo, entre outras coisas que lhe foram mostradas, como a Virgem Santíssima,
rodeada no Céu de toda a Corte celestial, cantava devotamente diante do Trono de Deus o Rosário
com as `fórmulas´, acrescentando ao final de cada uma delas um triunfal Aleluia. Ao pronunciar-se o
nome de MARIA, todos inclinavam a cabeça; ao nome de JESUS, dobravam o joelho, conforme as
palavras do Apóstolo: `Ao nome de Jesus, todos dobram o joelho no Céu, na terra e no inferno´.
Viu também a augusta assembléia dos eleitos darem graças a Deus Onipotente por todos os
benefícios concedidos e frutos alcançados mediante a reza do Santo Rosário; e como rogavam ao
Senhor com grande devoção e afeto por todos os que o recitavam, a fim de que se dignasse iluminá-los
e fortificá-los com uma graça especial em ordem a seu proveito espiritual, outorgando-lhes finalmente
a dita eterna. Viu, igualmente, inumeráveis coroas de flores imarcescíveis, resplandecentes e
perfumadas preparadas para aqueles que rezam o Rosário em louvor de Deus e de sua bendita Mãe, a
Virgem Maria.
Foi-lhe também revelado, de uma maneira muito certa, que quem, à imitação dos Santos do Céu
rezasse o Rosário com as inclinações e genuflexões aos santíssimos nomes de JESUS e de MARIA,
obteria uma completa remissão de seus pecados (cf. El Santo Rosario en la Cartuja. Op. cit . p. 20-21).
9
feita tanto na pedagogia do Cenáculo, como na do ingresso nesse quarto interior, onde Jesus
nos convida a entrar para orar (cf.Mt 6,6).
Que esta maneira de guardar em nosso coração a Palavra de Deus nos ajude a achar o nosso
descanso (cf.Mt 11,28) n’Aquele que é nosso Caminho, Verdade e Vida. Na corrente do Terço,
levemos a Jesus as nossas necessidades, as de todos os redimidos por sua morte e ressurreição;
levemos os desejos de louvor da Igreja e da humanidade inteira a seu Criador. Assim, em nosso
meio, seremos sempre missionários verazes com o apostolado de nossa oração e do testemunho
de vida em Cristo (cf.Gl 2,20), como o foi sempre a vida da Virgem de Nazaré.
Eis, pois, a excelência do Santo Rosário, ajustada sempre ao caminho do Evangelho pela
senda da psicologia mesma do ser humano que –como dizíamos mais acima– por meio do
cromatismo de umas notícias da vida Jesus Cristo que vemos, nos elevam ao conhecimento e
amor do Pai que não vemos (cf.Jo 14,9).
Para compreender mais ainda a eficácia desta oração simples realizada com Maria, basta-nos
com lembrar que Ela não pede nada ante a Trindade Santa a não ser no Nome de Jesus. Ele nos
prometeu que tudo o que pedíssemos ao Pai no seu Nome no-lo daria (cf.Jo 16,23b). João Paulo
II, ao recomendar a utilização das cláusulas, insistia precisamente no lugar central que tem este
Sagrado Nome no Rosário. Concluímos estas linhas com as palavras do saudoso Papa:
O baricentro da Ave-Maria –uma espécie de ligação entre a primeira parte e a segunda– é o
Nome de Jesus. Às vezes, na recitação precipitada, perde-se tal baricentro e, com ele, também a
ligação ao mistério de Jesus que se está a contemplar. Ora, é precisamente pela acentuação dada
ao Nome de Jesus e ao seu mistério que se caracteriza a recitação expressiva e frutuosa do Rosário.
Já Paulo VI recordou na Exortação apostólica `Marialis cultus´ o costume, existente nalgumas
regiões, de dar realce ao Nome de Cristo acrescentando-lhe uma cláusula evocativa do mistério
que se está a meditar. É um louvável costume, sobretudo na recitação pública. Exprime de forma
intensa a fé cristológica, aplicada aos diversos momentos da vida do Redentor. É profissão de fé e,
ao mesmo tempo, um auxílio para permanecer em meditação, permitindo dar vida à função
assimiladora, contida na repetição da Ave-Maria, relativamente ao mistério de Cristo. Repetir o
Nome de Jesus –o único nome do qual se pode esperar a salvação (cf.At 4,12)– enlaçado com o da
Mãe Santíssima, e de certo modo deixando que seja Ela própria a sugerir-no-lo, constitui um
caminho de assimilação que quer fazer-nos penetrar cada vez mais profundamente na vida de Cristo
( Rosarium Virginis Mariæ, nº.33).
Perseveremos em oração com Maria, a fim de ser com Ela louvor da glória da Santíssima
Trindade.
22
O título que poderíamos dar a esta pintura que preside a Capela adjacente ao Museu da Conrería, na
Grande Chartreuse (Grenoble), é o de: Virgem do Rosário do Reno. Por que?
Trata-se de um quadro a óleo que na parte inferior leva esta inscrição que, traduzida do latim, diz:
ENCARREGADO PARA [DEVOÇÃO] DOS VENERÁVEIS PRIORES DAS PROVÍNCIAS DA
BORGONHA E DE GENEBRA. [Ano de]1616 . Nele se representa os monges dessas províncias
cartusianas do rio Reno, onde nasceu o Rosário, dominando a cena principal a crucifixão de Jesus. Nossa
Senhora está aos pés da Cruz, com são João, enquanto que são Bruno e são Hugo (de Lincoln?)
congregam em torno do plano central a dezesseis monges cartuxos.
Descobrimos o especial aspecto mariano desta obra pelo fato de observar que os dezesseis monges
levam um terço pendente de seus cintos. O normal seria que o levassem dependurado só do flanco
esquerdo, mas não, também o levam do direito. São Bruno e São Hugo, como anteriores a ele não o levam.
10
EIS AQUI
TRÊS EXEMPLARES DO SANTO ROSÁRIO
SEGUNDO A TRADIÇÃO DAS CLÁUSULAS
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: ::::::::::::
I
ROSÁRIO COM AS CLÁUSULAS
DE
DOMINGOS DE TRÉVERIS23
Na época de Domingos não existia ainda a segunda parte da Ave-Maria –a de intercessão–, no entanto,
bem poderia acrescentá-la quem oferece este obséquio de devoção a nossa Senhora.
Contudo, tal contador não aparece nem na representação de são Bruno, nem na de são Hugo, pois
Bruno era, sim, de Colônia, mas teria sido um anacronismo colocar-lhe um instrumento de devoção
marial posterior a ele, falecido en 1101; são Hugo era francês, morto anos depois, em 1200.
23
Seguimos aqui as fórmulas originais editadas por K. J. Klinhhammer. Op. cit ., pp. 16-17. Devido à
antiguidade deste texto, começado a difundir-se sem a existência ainda da imprensa, e ao fato de que seu
mesmo autor dava uma ampla margem à piedade de cada pessoa no momento de utilizar as cláusulas (cf.
o texto da nota nº.17), não é de estranhar que existam várias versões muito semelhantes, mas com
diversos pormenores diferentes; assim, nos enunciados das cláusulas, umas estão mais extensas e outras
mais concisas.
11
13. AVE MARIA, ... JESUS, que São João batizou no Jordão. Amém.
14. AVE MARIA, ... JESUS, que Satanás tentou e não venceu. Amém.
15. AVE MARIA, ... JESUS, que anunciou ao povo o Reino dos Céus com os seus
discípulos. Amém.
16. AVE MARIA, ... JESUS, que curou muitos doentes com o poder de Deus. Amém.
17. AVE MARIA, ... JESUS, d e quem Maria Madalena lavou os pés com suas lágrimas,
enxugou-os com os cabelos e ungiu-os com perfume. Amém.
18. AVE MARIA, ... JESUS, que ressuscitou dos mortos Lázaro e outros. Amém.
19. AVE MARIA, ... JESUS, que foi transfigurado no Tabor diante dos seus discípulos.
Amém.
20. AVE MARIA, ... JESUS, que , no dia de Ramos, em Jerusalém, foi recebido com
grande pompa. Amém.
Glória ao Pai ...
Pai nosso ...
21. AVE MARIA, ... JESUS, que , na última ceia, deu o seu corpo aos discípulos. Amém.
22. AVE MARIA, ... JESUS, que rezou no Jardim das Oliveiras e suou gotas de sangue.
Amém.
23. AVE MARIA, ... JESUS, que se deixou prender, amarrar e conduzir de um juiz ao
outro. Amém.
24. AVE MARIA, ... JESUS, que muitas testemunhas acusaram falsamente. Amém.
25. AVE MARIA, ... JESUS, de quem a santa face foi escarnecida, velada e impressionada.
Amém.
26. AVE MARIA, ... JESUS, que , despojado de suas vestes, atado a uma coluna, foi
duramente golpeado. Amém.
27. AVE MARIA, ... JESUS, que foi cruelmente coroado de espinhos. Amém.
28 . AVE MARIA, ... JESUS, d iante de quem dobravam o joelho e adoravam com desprezo.
Amém.
29. AVE MARIA, ... JESUS, que foi condenado injustamente a uma morte ignominiosa.
Amém.
30. AVE MARIA, ... JESUS, que transportou a cruz sobre os seus santos ombros. Amém.
Glória ao Pai ...
Pai nosso ...
31. AVE MARIA, ... JESUS, que , ao voltar-se, te dirigiu a palavra, a ti sua mãe, assim
como a outras mulheres. Amém.
32. AVE MARIA, ... JESUS, que foi cravado na cruz pelas mãos e pés. Amém.
33. AVE MARIA, ... JESUS, que rezou por aqueles que o crucificavam, o torturavam e o
matavam. Amém.
34. AVE MARIA, ... JESUS, que disse ao bom ladrão: «Hoje mesmo estarás comigo no
paraíso». Amém.
35. AVE MARIA, ... JESUS, que te confiou, a ti sua mãe contristada, a João seu discípulo
bem amado. Amém.
12
36. AVE MARIA, ... JESUS, que gritou: «Meu Deus, meu Deus, porque me
abandonaste?». Amém.
37. AVE MARIA, ... JESUS, que quando disse «Tenho sede!» recebeu fel e vinagre. Amém.
38. AVE MARIA, ... JESUS, que disse: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito!».
Amém.
39. AVE MARIA, ... JESUS, que disse em último lugar: «Tudo está consumado!». Amém.
40. AVE MARIA, ... JESUS, que sofreu uma morte cruel por nós, pecadores. Amém.
Louvor a Deus! Amém.
Glória ao Pai ...
Pai nosso ...
41. AVE MARIA, ... JESUS, cujo lado foi perfurado, donde correu sangue e água. Amém.
42. AVE MARIA, ... JESUS, a quem, descido da cruz, tu recebeste sobre os teus joelhos,
como normalmente cremos. Amém.
43. AVE MARIA, ... JESUS, a quem homens justos e bons embalsamaram e sepultaram.
Amém.
44. AVE MARIA, ... JESUS, cuja alma santa desceu aos infernos e libertou os nossos Pais.
Amém.
45. AVE MARIA, ... JESUS, que ressuscitou dos mortos ao terceiro dia. Aleluia! Amém.
46. AVE MARIA, ... JESUS, que te alegrou com uma muito grande alegria, a ti e àqueles
a quem apareceu. Aleluia! Amém.
47. AVE MARIA, ... JESUS, que também, na tua presença, subiu ao céu e está sentado à
direita de seu Pai. Aleluia! Amém.
48. AVE MARIA, ... JESUS, que um dia julgará os vivos e os mortos. Amém.
49. AVE MARIA, ... JESUS, que enviou aos seus fiéis o Espírito Santo no dia de
Pentecostes. Amém.
50. AVE MARIA, ... JESUS, que te fez subir ao céu, a ti sua dulcíssima Mãe, para estar
com Ele, que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo agora e sempre. Amém.
Glória ao Pai ...
13
II
ROSÁRIO DAS CLÁUSULAS
NOS PAISES NÓRDICOS24
Os mistérios Luminosos de João Paulo II foram aqui acrescentados a partir das Cláusulas do mesmo
Domingos de Prússia, nós adicionamos o da mediação de Maria em Caná, que falta nas mesmas..
MISTÉRIOS GOZOSOS
Pai nosso ...
1.- AVE MARIA, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois Vós entre as mulheres e
bendito é o fruto de vosso ventre, JESUS, a quem, sem deixar de ser Virgem, concebeste do
Espírito Santo .- Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa
morte. Amém. (Repete-se 10 vezes).
2.- AVE MARIA, … JESUS, a quem levaste, ó Virgem, em tua Visitação . - SANTA MARIA...
(10 vezes).
3.- AVE MARIA, … JESUS, a quem, sempre Virgem, deste à luz em Belém.- SANTA
MARIA... (10 vezes).
4.- AVE MARIA, … JESUS, a quem apresentaste, ó Virgem, no Templo .- SANTA MARIA...
(10 vezes).
5.- AVE MARIA, … JESUS, a quem encontraste, ó Virgem, no Templo .- SANTA MARIA...
(10 vezes).
Glória ao Pai ...
MISTÉRIOS LUMINOSOS
Pai nosso ...
1.- AVE MARIA, … JESUS, a quem são João batizou no Jordão .- SANTA MARIA... (10
vezes).
2.- AVE MARIA, … JESUS, que por tua mediação transformou a água em vinho bom .-
SANTA MARIA... (10 vezes).
3.- AVE MARIA, … JESUS, que anunciou ao povo o Reino dos Céus com os seus
discípulos.- SANTA MARIA... (10 vezes).
4.- AVE MARIA, … JESUS, que foi transfigurado no Tabor diante dos seus discípulos .-
SANTA MARIA... (10 vezes).
5.- AVE MARIA, … JESUS, que na última ceia, deu o seu corpo aos discípulos .- SANTA
MARIA... (10 v.).
Glória ao Pai ...
MISTÉRIOS DOLOROSOS
Pai nosso ...
1.- AVE MARIA, … JESUS, que por nós suou sangue.- SANTA MARIA... (10 vezes).
2.- AVE MARIA, … JESUS, que por nós sofreu a flagelação .- SANTA MARIA... (10 vezes).
24
Traduzimos diretamente ao português do livro citado: El Santo Rosario en la Cartuja, pp.104-106.
Pode ver-se também em: Le culte de la très Sainte Vierge dans L’Ordre des Chartreux, por um Cartreux.
Enciclopédia Marie-Études de la Sainte Vier ge. T. II, p. 53. Paris, 1952.
14
3.- AVE MARIA, … JESUS, que por nós foi coroado de espinhos .- SANTA MARIA... (10
vezes).
4.- AVE MARIA, … JESUS, que por nós levou a Cruz às costas .- SANTA MARIA... (10
vezes).
5.- AVE MARIA, … JESUS, que por nós morreu crucificado.- SANTA MARIA... (10 vezes).
Glória ao Pai ...
MISTÉRIOS GLORIOSOS
Pai nosso ...
1.- AVE MARIA, … JESUS, que ressuscitou dentre os mortos.- SANTA MARIA... (10 vezes).
2.- AVE MARIA, … JESUS, que subiu aos Céus.- SANTA MARIA... (10 vezes).
3.- AVE MARIA, … JESUS, que enviou o Espírito Santo.- SANTA MARIA... (10 vezes).
4.- AVE MARIA, … JESUS, que te elevou à Glória, ó Virgem .- SANTA MARIA... (10 vezes).
5.- AVE MARIA, … JESUS, que te coroou, ó Maria, nos Céus .- SANTA MARIA... (10
vezes).
Glória ao Pai ...
15
III
HINO DE OURO
ou
ROSÁRIO RÍTMICO
Acreditamos que esta é a primeira versão em língua portuguesa do Rosário Rítmico, de Landspérgio (1490-1539).
Uma ótima introdução a dito Rosário, com uma edição crítica das traduções em verso de Pedro Manuel Deza (1583-
1635) e de Félix Lope de Vega e Carpio (1562-1635), pode ver-se no livro: Una Carta de Jesucristo. Seguida del
Rosario Rítmico de Lope de Vega, por um monge da Grande Chartreuse (Ed. Monte Carmelo. Coleção Sabiduría de
la Cartuja. Burgos, 2006).
(4)
PRIMEIRA DEZENA Jesus, que santificas o Precursor,
[Da criação à fuga ao Egito] visitando tua Mãe sua prima;
dá-nos do próximo estima
e de teu coração santo amor.
Pai nosso...
Aleluia. Ave-Maria ...
(1)
Jesus, do mundo Criador, (5)
que suportas os culpados; Jesus, a quem sem sofrer
faz-nos chorar os pecados a Virgem deu à luz em Belém;
e viver em teu temor. que nascendo em Ti, Sumo Bem,
morramos ao velho querer.
Aleluia. Ave-Maria ...
Aleluia. Ave-Maria ...
(2)
Jesus, tua Mãe livraste (6)
da culpa original; Jesus, celebram pastores
livra-nos de todo mal e anjos teu nascimento;
e que tua graça nos baste. com santo contentamento
demos-te sempre louvores.
Aleluia. Ave-Maria ...
Aleluia. Ave-Maria ...
(3) (7)
Jesus, a Virgem ditosa Jesus, Salvador glorioso,
te concebeu com fé ardente; circuncidado e ferido;
que a alma te conceba paciente, de nossa língua e sentido
casta, humilde e fervorosa. circuncida o vicioso.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
16
(8) (14)
Jesus, deram-te os Reis Jesus, oraste inflamado,
seus dons e adoração; ao mundo oculto vivendo;
cumpramos com perfeição viva o homem o vício vencendo
nossos votos e tuas leis. e a seus olhos desprezado.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
(9) (15)
Jesus, livre e apresentado, Jesus, foste no batismo
Redentor e redimido; Filho de Deus declarado;
faz que a Ti rendido Afunde o nosso pecado,
viva livre do pecado. em teu clemente abismo.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
(10) (16)
Jesus Menino, ao país egípcio Jesus, que a Satã venceste
fugiste do rei tirano; após longa abstinência;
que noss’alma, Rei soberano, para lhe fazer resistência,
sinta tua pena e fuja do vício. de jejum nos arma e veste.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
Glória ao Pai… (17)
Jesus, que sofres pregando
SEGUNDA DEZENA mil trabalhos por meu amor;
[Da vida oculta em Nazaré à entrada neles, meu doce Senhor,
triunfal em Jerusalém] Te sigamos sempre imitando.
Aleluia. Ave-Maria ...
Pai nosso...
(11) (18)
Jesus, em tua tenra idade, Jesus, que com tua virtude
serviu-te a Virgem com fineza; cegos saraste e entrevados;
faz que amemos por riqueza aos de culpas chagados
tua pobreza e simplicidade. dá-nos perfeita saúde.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
(12) (19)
Jesus divino, no Templo Jesus, por sua grande maldade
a Virgem te achou ensinando; aborreceu-te o mundo pagão;
sempre estejamos meditando dá-nos dele total aversão,
em tua doutrina e exemplo. e apreço de tua bondade.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
(13) (20)
Jesus, que à tua Mãe formosa Jesus, choraste em tua entrada,
serviste com sujeição; ao receberem-te com palmas;
faz sujeita à razão nunca altere nossas almas,
nossa vontade viciosa. feliz sorte ou desditada.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
17
Glória ao Pai…
(28)
TERCEIRA DEZENA Jesus, por mim condenado
[Da instituição da Eucaristia ao
à morte por traidor;
despojamento das vestes] dá-me eleja por melhor
o afeto mortificado.
Pai nosso...
Aleluia. Ave-Maria ...
(21)
Jesus, teu corpo em manjar (29)
nos dás, que a alma sustenta; Jesus, por ser tão pesada
teu amor, que tal obra inventa, a Cruz, ajoelhaste;
nos faça em Ti transformar. com o ver que a levaste,
fique a nossa suavizada.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
(22) (30)
Jesus, que sangue precioso Jesus, sendo desnudado,
suaste, orando obediente; aumentaram tua dor;
nosso espírito ore humildemente renova-nos em teu amor,
resignado e fervoroso. despojados do criado.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
(23) Glória ao Pai…
Jesus, qual manso cordeiro,
não despregaste teus lábios; QUARTA DEZENA
dá-nos silêncio de sábios, [Da crucifixão à ferida no lado]
afeto santo e verdadeiro.
Pai nosso ...
Aleluia. Ave-Maria ...
(31)
(24) Jesus, Rei, Pai e Amigo,
Jesus, teu rosto cuspido na Cruz foste cravado;
e ferido foi sem razão; a teu Coração Sagrado
dá-nos puro coração, junta e crava-nos contigo.
com tuas penas ferido.
Aleluia. Ave-Maria ...
Aleluia. Ave-Maria ...
(25) (32)
Jesus atado, o furor Jesus, com afeto terno
te açoitou de gente ingrata; rogas por teus ofensores;
a Ti, bom Senhor, nos ata dá aos nossos os favores
com os laços de teu amor. de teu amor e gozo eterno.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
(26) (33)
Jesus, coroado, meu Rei, Jesus, que propiciatório
com espinhos e escarnecido; foste para o bom ladrão;
que eu me sinta compungido dá-nos tua graça e perdão
pelas penas que te causei. e na vida o purgatório.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
(27) (34)
Jesus, por teu bom obrar Jesus, tua querida Prenda
te julgam como um ladrão; confiaste a João, teu amado;
faz que, com boa intenção, com seu maternal cuidado,
possamos os outros julgar. Ela nos reja e defenda.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
18
(35) (41)
Jesus, sentes, angustiado, Jesus, foste descravado
de teu Pai o desamparo; e em limpo sudário envolto;
como te custamos tão caro, o homem, de vícios solto,
que ninguém fique olvidado. viva em tua Cruz confiado.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
(36) (42)
Jesus, que tratado com desdém, Jesus, do Céu formosura,
fel te ofereceram, sedento; sepultado com olores;
do mal dá-nos aborrecimento de virtudes dá-nos flores,
e sede de justiça também. e em Ti mesmo sepultura.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
(37) (43)
Jesus, que com fortaleza Jesus, desces com vitória
deste fim à tua Paixão; a libertar os cativos;
dá esperança ao coração, dá boa morte aos vivos
fé, caridade e firmeza. e aos defuntos tua glória.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
(38) (44)
Jesus de minha vida, morto Jesus, tua Mãe dolorida,
por minhas culpas e faltas; chorava tua triste sorte;
vivamos em Ti, Tu nos bastas; mude-nos tua morte
de nosso naufrágio és o porto. e nos inflame tua vida.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
(39) (45)
Jesus, tua morte afrontosa Jesus, que a tua Mãe amada
de tua Mãe a alma transpassa; vistes já ressuscitado;
as nossas também abraça morra noss’alma ao pecado
de compaixão amorosa. e em Ti viva renovada.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
(40) (46)
Jesus, a lança do soldado Jesus, o Paraíso de Deus,
abriu teu sagrado peito; nos abriste na Ascensão;
faz que, com abraço estreito, com nobre voo, o coração,
vivamos em teu divino lado. te siga aos elevados céus.
Aleluia. Ave-Maria ... Aleluia. Ave-Maria ...
Glória ao Pai… (47)
Jesus, que do alto cume
QUINTA DEZENA teu Santo Espírito nos envias;
[Do descimento da Cruz ao Juízo final] faz que, a nossas almas frias,
limpe e abrase com seu lume.
Pai nosso... Aleluia. Ave-Maria ...
19
(48)
Jesus, que à Virgem pura
coroas de eterna glória; (50)
que seu amparo e memória Jesus, louvores te damos,
nos valham na morte dura. pois de tantos bens nos cobriste;
Aleluia. Ave-Maria ... guarda o justo, ajuda o triste,
e dá-nos o que esperamos.
(49)
Jesus, que virás na Parusia Aleluia. Ave-Maria ...
para dar cabais recompensas;
que choremos nossas ofensas, Glória ao Pai…
para ter-te propício em teu Dia.
Aleluia. Ave-Maria ...
ANTÍFONA
Jesus, atrai-nos com teu amor
e com tuas chagas de dor;
em nós, Senhor, permanece,
e ali reina e prevalece.
VERSÍCULO
V/. Das coisas desprendida,
a Ti fique a alma unida.
R/. Anima-nos, porque feridos,
e cura nossos sentidos.
ORAÇÃO CONCLUSIVA
Senhor meu Jesus Cristo, rogo-te por teu divino amor, pelas ânsias e dores de tuas santíssimas
chagas, pela efusão e derramamento de teu precioso Sangue e pela virtude de tua morte, que
tenhas misericórdia de tua Igreja, de minha alma e de todas as almas aflitas. Dá-me, Senhor, teu
perdão e graça, a perfeição de todas as virtudes, morte ditosa e eterna quietude. Amém.
25
Esta bela pintura parece haver sido inspirada –em sua composição– pelo mesmo Pe. Pedro Manuel
Deza, na época em que ele esteve na Cartuxa de Granada como Procurador, Vigário e, depois, Prior
(1624), junto ao monge que a criou, Frei João Sánchez Cotán. El Santo Rosario en la Cartuja. Op. cit.,
p.82.
20
ÍNDICE
Prólogo. 3
10. Conclusão. 9
21