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Ave Maria

Ficha técnica
«CAVALEIRO DA IMACULADA»
Av. Camilo, 240 — 4349-014 PORTO
Paginação: Cavaleiro da Imaculada
Impressão e acabamento: HUMBERTIPO — Artes Gráficas, Lda.

Índice
1 - Ave-Maria
Ave
Maria
2 - Cheia de graça
Imaculada
3 - O Senhor é convosco
O sim que muda o mundo
Bendita porque acreditou
5 - Bendito o fruto do vosso ventre Jesus
Amor e adoração
6 - Santa Maria
O caminho na fé
7 - Mãe de Deus
Mãe da Igreja
8 - Rogai por nós pecadores
Advogada e Auxiliadora
9 - Agora e na hora da nossa morte
Agora
...e na hora da nossa morte
Que corpo?
10 - Amen
11 - Apêndice
O ROSÁRIO DA VIRGEM MARIA
Oração pela paz e pela família
Os Mistérios do Rosário
Mistérios da alegria (gozosos)
1.º A Anunciação do Anjo Gabriel a Maria
2.º A Visitação de Maria à sua prima Isabel
3.º O Nascimento de Jesus em Belém
4.º A Apresentação de Jesus no Templo
5.º A Perda e o Encontro de Jesus no Templo entre os doutores
Mistérios da luz (luminosos)
1.º Baptismo de Jesus no Jordão
2.º Auto-revelação nas bodas de Caná
3.º Anúncio do Reino de Deus com o convite à conversão

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4.º A Transfiguração
5.º Última Ceia e instituição da Eucaristia
Mistérios da dor (dolorosos)
1.º A oração de Jesus no Horto das Oliveiras
2.º A Flagelação
3.º A Coroação de espinhos
4.º O Caminho de Jesus para o Calvário
5.º A Crucifixão e Morte de Jesus
Mistérios da glória (gloriosos)
1.º A Ressurreição
2.º A Ascensão
3.º A Descida do Espírito Santo (Pentecostes)
4.º A Assunção de Maria
5.º A Coroação de Maria, no Céu
12 - Orações diversas
Sinal da Cruz
Pai Nosso
Avé Maria
Glória ao Pai
Salvé-Rainha
Oração de S. Bernardo a Nossa Senhora
Consagração a Nossa Senhora
Ladainha de Nossa Senhora

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Apresentação
Quem fala ou escreve sobre Nossa Senhora é como uma pessoa que entra num jardim
para colher um ramo de flores que outros cultivaram. Talvez terá êxito se as dispuser
de um modo mais valioso, mas as flores serão sempre as mesmas: maravilhosas e
perfumadas.
Nestas páginas, tentaremos recolher algumas dessas flores e dispôlas segundo as
palavras da Ave-Maria.
Na primeira parte está a explicação de toda a oração da Ave-Maria, que tantas pessoas
recitaram ao longo dos séculos e continuam a rezar devotamente. Apesar de tão
antiga, conserva a frescura de uma declaração de amor filial que se faz a uma mãe
bondosa.
Na segunda parte recolhemos algumas das muitas orações marianas. Julgamos que
assim ajudamos os nossos leitores a terem à mão estas orações que fazem parte do
tesouro dos cristãos.
Leie e divulgue este livrinho, editado sem fins lucrativos. Para si pedimos a bênção de
Maria, a cheia de graça.

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1 - Ave-Maria

A Ave-Maria é uma das primeiras orações que aprendemos em criança: uma oração
simples e pura, como a água de uma nascente. Trazemo-la nos lábios nos momentos
de alegria ou de tristeza, de dúvida e de agradecimento. Até aqueles que perderam a
fé, muitas vezes não deixam de dizer a Ave-Maria. Pois, vem-lhes a recordação deles
próprios quando estavam junto da mãe, e ela lhes pegava nas suas pequenas mãos, no
meio das suas, para a oração da noite.
Depois do Pai Nosso, que nos foi ensinado pelo próprio Jesus, a Ave-Maria é
certamente a oração mais bela e preciosa.
Onde se podem encontrar palavras mais justas, mais verdadeiras e mais santas para
dizer a Maria, do que aquelas que o Evangelho refere como tendo sido ditas pelo Anjo
e por Isabel?
Mas quem é que teve a ideia de juntar as palavras da saudação do Anjo, às da
saudação de Isabel? Quando é que lhe juntaram a invocação da segunda parte e quem
é o seu autor? Não o sabemos, mas de uma coisa temos a certeza: o autor desta
oração não foi uma só pessoa. Foi o Espírito Santo que ajudou e guiou o povo de
Deus a criar a Ave-Maria e a escolheu de entre uma imensidão de outras possíveis

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orações.
Ave
Ave é uma palavra latina que quer dizer: «Eu te saúdo» e que podemos traduzir pelo
nosso tradicional: Salvé. Todas as línguas têm as suas expressões próprias para saudar
alguém. Nós dizemos hoje em dia: «Bom dia, boa noite», os hebreus diziam e ainda
dizem: «Shalom, a paz esteja contigo», e os gregos diziam: «Kaire», que quer dizer:
«Alegra-te».
Kaire Maria: são estas duas palavras que constituem o documento mais antigo,
conhecido por nós, de uma invocação a Maria. Estão inscritas numa coluna de uma
igreja sinagoga, construída em Nazaré, no final do século II, depois de Cristo.
Lucas escreveu o seu Evangelho em grego e usou a palavra Kaire. A sua intenção foi
usar aquela expressão para transmitir o significado de alegria, mais do que uma
simples saudação. Como se o Anjo quisesse dizer: «Alegra-te, Maria, porque a
salvação está próxima; alegra-te porque as promessas estão a cumprir-se». Qualquer
destes «alegra-te» tem um significado messiânico. Lucas apresenta Maria como a filha
de Sião, personificação do povo escolhido que espera o Messias.
O profeta Zacarias, pensando na vinda do Messias Rei, tinha anunciado: «Alegra-te,
filha de Sião, exulta, filha de Jerusalém! Eis que vem ter contigo o teu rei» (Zc 9, 9).
E três séculos antes, o profeta Sofonias usou palavras semelhantes: «Alegra-te, filha
de Sião, exulta e grita de alegria, Israel» (Sof 3, 14).
Cada vez que dizemos: «Ave-Maria», entramos, desta maneira, no mundo da
Anunciação e dizemos: «Eu te saúdo, Maria, eis-me aqui diante de ti, como uma
criança diante da sua mãe: só tu me escutas e me respondes. E eu digo-te novamente:
Alegro-me contigo, Maria, porque o Senhor, o meu Salvador, está contigo».
E Maria responde-nos: «Alegra-te, tu também, meu filho, porque o Senhor está
contigo, ele veio por tua causa».
Maria
«O Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a
uma virgem, desposada com um homem da casa de David, chamado José. E o nome
da virgem era Maria» (Lc 1, 26-27).
Todas as vezes que lemos esta encantadora página do Evangelho, nós sentimos que,
com o anúncio daquele nome, teve início a nova história da humanidade.
Qual é o significado do nome Myriam, ou Mariám como escreve Lucas? Para os
antigos mais que para nós hoje em dia a escolha do nome tinha um significado de
presságio, de destino ou adivinhação: queria exprimir o destino daquele ou daquela que

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o recebia, qual a sua missão.
Maria, Myriam em aramaico (a língua que Jesus falava), significa «grande senhora»,
«princesa».
Mas é muito provável que o nome Maria seja derivado da língua egípcia. Na verdade,
a primeira vez que o nome Maria aparece na Bíblia, é para indicar a irmã de Moisés e
de Aarão, nascida como eles durante o cativeiro no Egipto. Moisés e Aarão são dois
nomes egípcios: por isso, é lógico pensar que também a sua irmã Maria tenha recebido
um nome egípcio.
Myriam, em egípcio, tem o significado de «Amada por Deus».
Neste caso, também no nome da jovem hebreia, que Deus escolhera para ser a mãe
do Messias, estava assinalado o seu maravilhoso destino, a sua missão, a sua
grandeza: Maria, a amada por Deus.
Continuemos a pronunciar sempre com amor este nome abençoado que recebeu em si
o mistério daquela que deu a carne e o sangue ao Filho de Deus, mas que é a nossa
mãe puríssima!

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2 - Cheia de graça

«O Anjo aproximando-se dela disse: “Eu te saúdo, ó cheia de graça, o Senhor está
contigo”» (Lc 1, 28).
Ao longo dos tempos, Maria foi sendo invocada com os mais belos títulos, que o amor
dos devotos ia sugerindo. Contudo, nenhum título se igualará àquele que o Anjo da
Anunciação lhe deu: cheia de graça.
É o próprio Deus que lhe manda chamar assim.
Quando começa a amanhecer, o nevoeiro que emerge do solo provoca uma luz
dourada no horizonte.
A Virgem Maria não conheceu a noite: quando o Anjo a saúda: «cheia de graça», ela é
já um brilho de luz.
Deus assim o determinou.
O Amor escolheu-a para lhe dar «o supremo ofício e a dignidade de Mãe de Deus».

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Ele a «adornou desde o primeiro instante da sua concepção com o esplendor de uma
santidade absolutamente única» (LG 56).
Na Bíblia fala-se em outros testemunhos, nos quais Deus reserva e consagra ainda no
seio materno aqueles que destinará a uma missão importante.
Do profeta Jeremias leiamos o que o Senhor lhe disse: «Antes que eu te formasse no
seio materno, eu te conheci, antes que tu conhecesses a luz, eu te consagrei» (Jer 1,
5); assim aconteceu a Isaías (Is 49, 1), a Sansão (Jz 13, 5), a Paulo (Gal 1, 15), a
João Baptista que recebeu o Espírito Santo ainda no seio da sua mãe (Lc 1, 15.41).
Por isso, era mais necessário e conveniente que Maria, por ter sido destinada à missão
mais importante de todas, fossem desde o primeiro momento da sua existência —
«cheia do Espírito Santo e feita nova criatura» (LG 56).
Consagrada assim para ser toda e somente do Senhor, Maria estava na condição ideal
para responder «com todo o ânimo e sem peso algum de pecado» (LG 56), ao convite
de Deus que a chamava para ser a Mãe «d’Aquele que tira o pecado do mundo».
Imaculada
Nós exprimimos este privilégio com as palavras «Maria é a Imaculada Conceição, a
toda santa e imune a todo o pecado, também original, por ter sido redimida de modo
preventivo, em vista aos méritos de Jesus Cristo, seu Filho». É este o dogma que o
Papa Pio IX proclamou, em 8 de Dezembro de 1854.
O facto de a Maria ter sido aplicado, em antecipação, o valor salvífico do sacrifício do
Calvário, demonstra a bondade de Deus, mas conserva-a inserida na universalidade da
Redenção.
Um teólogo moderno escreve sobre isto, uti-lizando o raciocínio de Duns Scoto,
teólogo franciscano do século XIII: «Existem dois tipos de resgate: o primeiro consiste
em pagar o resgate de um homem que está prisioneiro: esta é a redenção libertadora; o
segundo consiste em pagar o resgate, fazendo-se escravo, até que aquele esteja pago:
esta é a redenção preservadora... Para preservar a sua Mãe do pecado original que
enquanto filha de Adão tinha de padecer, Jesus aplicou-lhe antecipadamente os seus
méritos. Fazendo isto, Jesus Cristo foi para ela o redentor, de um modo mais pleno:
longe de ela ser diminuída, a excelência da Redenção ficou assim acrescida do
privilégio mariano». (Cf. X. Le Bachelet, DAFC, art. Marie, III, 1265).
Em Maria somos, doravante, a obra-prima da graça de Deus. Paulo VI, no discurso da
clausura do Concílio Vaticano II (8 de Dezembro de 1965), exclamava assim:
«Imaculada! Tu és pura, és maravilhosa, és perfeita: és a Senhora, a verdadeira e ideal
mulher; a criatura na qual a imagem de Deus se reflecte com uma limpidez absoluta,
sem nenhuma desfocagem, como devia ter sido toda a criatura humana».

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Deste modo, Maria é «a filha predilecta do Pai e templo do Espírito Santo» (LG 53):
ela foi desde sempre o objecto da predilecção de Deus, desde sempre foi amada por
Deus, desde sempre é invocada pelos seus favores. Esta frase exprime melhor o
significado da palavra grega kecharitoméne, usada pelo evangelista Lucas, que nós
traduzimos por «cheia de graça».
Maria soube corresponder com uma fidelidade generosa à predilecção de Deus; não se
serviu da plenitude de graça que lhe estava a ser dada, mas disse sempre «sim» ao
amor de Deus. Da Anunciação ao Calvário, em toda a sua vida não pediu a Deus a
menor prova de amor, nem se sentiu abandonada por Ele. «Como os olhos da serva
estão nas mãos da sua senhora», assim também os seus olhos estiveram
constantemente postos no seu Senhor, para fazer sempre a sua vontade.
Maria «cheia de graça» é a demonstração daquilo que Deus faz quando encontra uma
alma disponível. Ela foi em antecipação aquilo que nós devemos ser: puros, tendo sido
«escolhidos antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis na sua
presença» (Ef 1, 4).
Ela é como uma verdadeira mãe que chama e ajuda os seus filhos no caminho da
santidade. Paulo VI escreveu: «Ela que foi liberta do pecado, conduz os seus filhos a
lutar com energia contra o pecado» e incentiva-os a «defender em si próprios o estado
de graça, isto é de amizade com Deus, de comunhão com Ele, a serem uma habitação
do Espírito» (MC 57).
O baptismo foi a nossa imaculada Conceição, que nos tornou «cheios de graça».
Assim, peçamos a Maria para o vivermos com empenho.

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3 - O Senhor é convosco

Mais do que qualquer outra criatura, Maria teve Deus próximo de si, desde o seu
nascimento.
Para ela preparava-se uma proximidade total e inimaginável. O seu corpo imaculado
estava destinado a ser a Arca de Deus, a morada física do Deus feito homem.
Contudo, Maria não o sabia.
Quando o Anjo lhe disse: «O Senhor está contigo», ela, que conhecia bem as
Escrituras, percebeu que aquelas palavras são as que precedem o anúncio duma
vocação ao serviço do Senhor, para uma missão importante para os destinos do povo.
Assim também se iniciava a vocação de Abraão: «Não temas: Eu sou o teu escudo»,
deste modo lhe falou o Senhor (Gen 15, 1). E a Moisés, enviado a libertar o seu povo:
«Eu estarei contigo» (Ex 3, 12).
O mesmo aconteceu a Josué, a Gedeão, a Jeremias, a David e a muitos outros

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chamados para uma missão de salvação. Deus repete sempre: «Eu estarei contigo,
para que tu possas compreender para o que foste destinado».
Isto é um projecto de salvação que se demonstra ao longo dos séculos através da
fidelidade imutável de Deus, face à incerteza e aos esquecimentos do povo que Ele
escolheu e amou.
Mas um pequeno resto do povo permaneceu fiel, «os pobres de Javé», que continuou
a colocar a sua esperança no Senhor.
Na plenitude dos tempos, que já chegou, e para colaborar no novo projecto do seu
amor que salva, desta vez, Deus não chama um rei, um libertador, um profeta: chama
uma humilde jovem de Nazaré, numa pequena aldeia perdida nos montes da Galileia:
Maria.
E, porque o seu coração não vacilava sobre o peso daquele anúncio, foi-lhe garantida
a ajuda e a força: «O Senhor está contigo».
Deus já estava com Maria, já a tinha escolhido, já tinha feita uma aliança com a Filha
de Sião que era «a primeira entre os humildes e os pobres do Senhor, que com fé
esperavam e receberam d’Ele a salvação» (LG 55): mas quis a sua adesão pela fé e
pela esperança.
Em todas as ocasiões, quando Deus fala com as suas criaturas, respeita a resposta
dada pela sua liberdade.
O sim que muda o mundo
Maria, ao sentir-se chamada «cheia de graça» para uma missão, da qual não conhece
os objectivos, «ficou perturbada... e perguntava que significado teria aquela
saudação». O seu «não» seria temor, surpresa, uma procura interior de uma
explicação para aquela inesperada revelação.
«Mas o Anjo disse-lhe: “Não temas, Maria! Porque achas-te graça diante de Deus.
Conceberás e darás à luz um filho, ao qual chamarás Jesus. Será grande e será
chamado Filho do Altíssimo”» (Lc 1, 29-32).
«Conceberás um filho...»: Maria conhece assim aquilo que Deus queria dela. É virgem
e noiva: mas não pede um sinal, dispõe-se a dizer o seu sim, questionando somente o
modo de como tal pode ser feito: «Como é possível? Pois não conheço homem».
O Anjo acalma-a, permanecerás virgem: «O Espírito Santo descerá sobre ti, e te
cobrirá a sombra do Altíssimo. Aquele que nascer será santo e será chamado Filho de
Deus» (Lc 1, 35).
Jovem mulher, rica de fé, pede-se-te para acreditares que o Deus de Moisés e dos
seus antepassados, o Eterno, o Único, o Imutável terá um Filho sobre a terra, e que tu

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serás a sua mãe. O que será de ti? Quem poderá acreditar em semelhante
maternidade? E José? Momentos dos quais depende a salvação do mundo.
«Ó Virgem, escreve São Bernardo, apressa-te a responder. Ó rainha, diz aquela
palavra esperada pelo céu e pela terra. O próprio Senhor a espera» (Mis. 4, 8).
Maria acredita e oferece-se a Deus, numa doação total. «Eis aqui a serva do Senhor,
faça-se em mim segundo a vossa palavra» (Lc 1, 38).
São as palavras mais belas que uma criatura jamais disse ao seu Criador. São as
palavras da fé, da disponibilidade, do amor: são o resumo da vida de Maria. «O
Senhor está contigo», tinha-lhe dito o Anjo, e Maria respondeu: «Eu estou com Ele e
só com Ele, para sempre. Sem ele não poderei viver».
Como uma luz, a neblina ou a sombra descem sobre uma pessoa sem a ferir; como o
orvalho fecunda a terra sem destruí-la, assim o Espírito desceu sobre Maria.
E o Filho será seu. Porque «a Deus nada é impossível».
Quando na oração nós dizemos a Maria: «O Senhor é convosco», ela responde-nos:
«O Senhor também está convosco, meus filhos. Não é só um desejo, é para vós o
anúncio de uma missão. Deus quer precisar de ti para continuar a sua história de
salvação, espera pelo vosso sim. Não vos deixeis intimidar com as vossas limitações:
Jesus prometeu estar convosco até ao fim do mundo» (cf. Mt 28, 20).
Peçamos a Maria que nos ajude a acolher o Senhor com o seu grande amor, para
levá-lo, como ele fez, a todos quantos o esperam hoje em dia.
4 - Bendita sois vós entre as mulheres

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Naqueles dias, Maria dirigiu-se para a montanha em direcção a uma cidade de Judá.
Entrando na casa de Zacarias, saudou Isabel. Apenas Isabel tinha ouvido a saudação
de Maria e o menino saltou-lhe no ventre. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e
exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu
ventre!» (Lc 1, 39-42).
É este o grito de alegria de Isabel «cheia do Espírito Santo» (Lc 1, 41).
É a sua resposta à saudação de Maria que tinha entrado em sua casa para lhe dizer:
«Isabel, também eu vou ser mãe! Cumpriu-se o que estava prometido, aquilo que os
profetas tinham anunciado, que os nossos pais guardaram através dos séculos, está
aqui no meu seio».
Para dar esta notícia à sua idosa parente e para ajudá-la, Maria veio quase a correr
(Lc 1, 39), atravessando montes, desde Nazaré na Galileia, até Ain Karem, nas colinas
da Judeia, separadas por cerca de cem quilómetros.
Uma viagem longa e cansativa, andando a pé e na caravana, guardando no coração
um grande segredo.
Mas, agora, o anúncio que novos dias chegaram, porque Deus se fez homem, no seio
de uma jovem de Israel, não terminará jamais. Será cantado pelos anjos em Belém, e
ressoará ao longo dos tempos em todos os lugares do mundo pela voz daqueles que de

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Maria o acolheram.
Quando se tem Jesus consigo, sente-se impelido pela exigência de o levar aos outros,
sendo sempre este anúncio um motivo de alegria e fonte de salvação. «Eis,disse
Isabel, apenas a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, e o menino saltou de
alegria no meu ventre» (Lc 1, 44).
Isabel sabe que a maternidade é um mara-vilhoso dom de Deus, mas reconhece que a
maternidade de Maria é infinitamente maior: «Como é possível vir ter comigo a mãe
do meu Senhor?». Por que é que Maria vem servir-me? Eu é que teria de ir ter
contigo: pois aquele que trago no ventre está destinado a preparar o caminho ao teu
filho (Cf. Lc 1, 17).
Ele não é a luz: o meu filho vem para dar testemunho da luz (Jo 1, 8).
Bendita porque acreditou
Passados dois mil anos, repete-se o canto de bênção a Maria, iniciado à porta da casa
de Isabel. Nenhum outro nome, além do seu, é tão exaltado. Maria é, certamente, a
mulher e a mãe mais amada, a criatura mais celebrada e retratada na arte, na música,
na poesia.
Mas a Virgem é bendita, não pelos nossos louvores, mas porque acreditou. «Bendita
és tu — disse-lhe Isabel — porque acreditaste no cumprimento das palavras do
Senhor» (Lc 1, 45).
Todas as jovens hebreias sonhavam em poder contribuir para a realização da
promessa de Deus, mas a Virgem Maria, humilde, simples e pobre, nunca teria
imaginado que seria ela própria a dar cumprimento, de modo extraordinário, a todas as
bênçãos de Deus.
Ela, a mãe do Messias, teria um filho que «será grande e chamado Filho do Altíssimo:
o Senhor Deus lhe dará o trono do seu pai David e reinará para sempre sobre a casa
de Jacob e o seu reino não terá fim» (Lc 1, 32-33).
Que fé tão profunda era necessária para acreditar em coisas tão grandiosas!
Maria, no encontro com Isabel, ficou inundada de alegria, e quase maravilhada pela
grandeza daquilo que Deus operou nela, entoa o mais belo cântico de louvor a Deus
que jamais tinha sido pronunciado: o Magnificat.
«Quero louvar o Senhor por todas as suas obras. Deus é o meu Salvador: eu estou
cheia de alegria. Ele olhou para mim, a sua humilde serva: de hoje em diante todas as
gerações me chamarão bem-aventurada. Deus, que tudo pode, operou em mim gran-
des coisas, grande e santo é o seu nome» (cf. Lc 1, 46-49). Maria reconhece que todo
o seu bem, toda a graça, toda a sua grandeza é dom de Deus.

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Mas a Virgem não se limita a exaltar aquilo que experimentou em si própria: canta a
fidelidade de Deus às suas promessas, anuncia profeticamente a sua misericórdia para
os séculos futuros. Ele está sempre próximo dos humildes, dos fracos, dos oprimidos.
Deus agora escolhe-a para realizar os seus projectos de salvação, reduzindo à
impotência os opressores, os poderosos, os arrogantes e os sábios.
O Magnificat é o hino das graças que a Igreja entoa continuamente a Deus. A alegria
de Maria torna-se a alegria de toda a Igreja, que se sente salva e que neste tempo
descobre ser enviada a levar aos outros a alegria da salvação.
Na fé, no amor e na ardente esperança, Maria é a imagem da Igreja.
Ontem e hoje «bendita»
Desde os seus inícios, a jovem Igreja demonstrou afecto e devoção para com a Mãe
do Senhor. Pois, pelos seus lábios foi contada com fidelidade a narração do
nascimento e da infância de Jesus, conservando zelosamente aquela recordação; ela
tornou presente a experiência da manhã de Pentecostes. Desta forma, a Igreja soube
honrá-la nos seus ensinamentos, nas primeiras pinturas e desenhos das catacumbas e
nos mosaicos das primeiras basílicas.
Todas as vezes que queria reflectir sobre Cristo, encontrava-se também a falar dela,
da sua Mãe. Em Éfeso, por exemplo, sentia-se o dever de honrá-la.
Sempre que a Igreja anunciava Jesus aos seus novos discípulos, eles proclamavam-na
bendita por ela ser uma mãe para eles.
Nós, hoje em dia, continuamos o hino de bênçãos e de louvores dirigido a ela e que
foi cantado ao longo dos séculos. Reconhecemos que foi Deus quem a honrou
primeiramente, cumulando-a de todos os dons, porque os seus desígnios de salvação
deveriam passar através dela.
Prestando todo o nosso agradecimento a Nossa Senhora, sabemos muito bem que
«não podemos amar mais Nossa Senhora que ao Senhor» (Newman). A nossa
piedade filial para com ela, poderá ser um aspecto indispensável da nossa vida cristã.
Maria não foi só o caminho escolhido por Deus para Ele fazer-se homem, é,
sobretudo, o caminho para nós irmos até Deus, é «o caminho que nos conduz a
Cristo» (MC 32), o meio mais seguro de orientação para nos colocarmos ao serviço
do Senhor.
Deste modo, todos os encontros com Ela, transformam-se em encontros com o
próprio Cristo.
O Concílio afirma que é co-natural ao verdadeiro culto para com a Virgem Maria que
«ao ser honrada a Mãe (...), o Filho seja devidamente conhecido, amado, glorificado e
que sejam observados os seus mandamentos» (LG 66; MC 32); na verdade, «quando

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se reza e honra a Nossa Senhora, ela reenvia os crentes para o seu Filho, ao seu
sacrifício e ao amor do Pai» (LG 65).
Tenhamos presente o forte apelo dos Padres conciliares: «Aos fiéis... se recorda que a
verdadeira devoção não consiste, nem num estéril e passageiro sentimentalismo, nem
numa credulidade vã, mas que provém da verdadeira fé, que nos leva a reconhecer a
excelência da Mãe de Deus e nos incita a um amor filial para com a nossa Mãe, e à
imitação das suas virtudes». (LG 67).

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5 - Bendito o fruto do vosso ventre Jesus

O Evangelho segundo Mateus inicia-se assim: «Genealogia de Jesus Cristo, filho de


David, filho de Abraão». Continua, depois, com uma longa lista de nomes dos
antepassados de Jesus, terminando com estas palavras: «Jacob gerou José, esposo de
Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo» (Mt 1, 14).
Qualquer um destes nomes faz-nos entrar num mistério de fé e de amor.
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, que aceita ter uma família humana. Será hebreu,
descendente de Abraão, e pertencente à casa de David através de José. Sua mãe será
Maria de Nazaré.
Maria é a «virgem, noiva de um homem da casa de David, chamado José» (Lc 1, 10).
O anúncio do anjo mudou radicalmente a sua vida, pois será a mãe de Jesus. Assim
será chamada no Evangelho, na primeira comunidade cristã. Com ternura e
simplicidade será chamada: «a mãe».

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José é um homem justo que, depois do regresso de Maria de junto de Isabel, se sente
constrangido devido à maternidade da sua noiva.
Não duvida minimamente dela, porque a conhece muito bem e ama-a, mas no seu
amor e na sua fidelidade havia qualquer coisa, misteriosamente grande, que o levou a
tomar a decisão, com enorme angústia, de afastar-se dela, deixando-a livre, de «deixá-
la em segredo».
Mas o anjo do Senhor veio ter com ele, para lhe dissipar do coração todas as suas
dúvidas: «José, filho de David, não temas receber Maria por tua esposa, porque o que
está a ser gerado nela é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu chama-lo-
ás de Jesus: Ele salvará o seu povo dos pecados» (Mt 1, 20). Assim, foi destinada
para José uma missão muito importante.
Dar o nome equivale, na Bíblia, a exercer um direito de propriedade. José, ao dar o
nome a Jesus, em nome de Deus, exerce a sua paternidade. Recebendo-o em sua
casa, por ser o esposo de Maria, dá a Jesus, juridicamente, a descendência da casa de
David.
Desta forma se dava cumprimento às profecias; mas também estava escrito que o
Messias deveria nascer em Belém. José e Maria viviam em Nazaré. Assim, para
cumprir o decreto de recenseamento do imperador romano, percorreram a pé o
caminho entre as duas terras que distam uma da outra 130 km.
Amor e adoração
Será em Belém, a «casa do pão», que o mistério se começará a revelar. O evangelista
Lucas fala-nos com uma simplicidade comovente daquele momento central para o
qual converge o projecto de Deus e o desejo da humanidade: «Chegados àquele lugar,
cumpriram-se os dias do parto. Ali deu à luz o seu filho primogénito, o qual envolveu
em panos e o colocou numa manjedoura, por não haver lugar para eles nos albergues»
(Lc 2, 6).
«E o Verbo incarnou e habitou entre nós», Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro
de Deus verdadeiro.
Fruto do seio de Maria, «o seu filho primogé-nito não diminuiu a sua integridade
virginal, mas consagrou-a» (LG 57), porque «a Deus nada é impossível».
E, na gruta de Belém, o amor materno transforma-se em adoração. Só em Maria estes
dois sentimentos são coincidentes. Tentemos imaginar como ocorreu e como o soube
exprimir um escritor não-crente, num momento de sinceridade: «A Virgem está
enfraquecida, mas guarda o menino com uma ansiedade maravilhosa. Porque o Cristo
é seu filho, a carne da sua carne e o fruto das suas entranhas... E, naquele momento,
a tentação mais forte é acreditar que ele é Deus. Aperta-o nos seus braços e diz-lhe:

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“meu pequenino”. Mas noutros momentos, fica pensativa, cogitando: Deus está aqui,
ficando então presa por um temor religioso face àquele Deus que não fala, face àquele
menino que incute temor...
Mas eu penso que há noutros momentos, rápidos e passageiros nos quais ela sente ao
mesmo tempo que o Cristo é seu filho, o seu pequenino, e que continua a ser Deus.
Pega nele e pensa: “Este Deus é o meu menino. Esta carne divina é a minha carne.
Ele foi gerado em mim, tem os meus olhos e a forma da boca é igual à minha, é
parecido comigo. Ele é Deus e é parecido comigo”. Nenhuma outra mulher teve Deus
só para si, pode trazê-lo nos braços e cobri-lo de beijos, um Deus calmo que sorri e
que respira, um Deus que se pode tocar e que ri...» (Jean Paul Satre, Bariona).
«A Deus nada é impossível», repetiam Maria e José, enquanto que juntos adoravam
aquele menino: «Tu és o mais belo entre os filhos do homem, sobre os teus lábios
abunda a graça, pois Deus te abençoou para sempre» (Sal 44, 2).
«Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus».
Quando terminamos a primeira parte da Ave-Maria com este nome suave que é «mel
para a boca, melodia para os ouvidos, alegria para o coração, luz, alimento, remédio»,
como escreveu São Bernardo (Ct 15, 5), manifestamos em nós os sentimentos de uma
grande maravilha, admiração e reconhecimento pelo que Maria nos deu.
Renovemos, por meio de Maria, a nossa consagração a Jesus, Deus que salva: «Ao
nome de Jesus todos os joelhos se dobrem nos céus, na terra e nos infernos; e toda a
língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai» (Fil 2, 10). «Na
verdade não há outro nome dado aos homens, debaixo do céu, no qual possamos ser
salvos» (Act 4, 12).

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6 - Santa Maria

Invocamos Maria como toda santa, porque nela todas as virtudes e todos os dons do
Espírito foram manifestados com piedade. Por isso, é justo que — como Mãe do
Salvador — tivesse «dons consoantes a tantos ofícios» e fosse «adornada... dos
esplendores de uma santidade absolutamente única» (LG 56).
Não obstante, a sua santidade não foi só fruto dos dons de Deus, mas «de outros
frutos da contínua e generosa correspondência da sua livre vontade» (SM 4).
A sua santidade não foi uma santidade celeste, mas uma santidade humana que
amadureceu num caminho difícil de fé e numa caridade cada vez mais generosa,
através da doação de si própria a Deus, até à oferta — bem mais difícil de dar — do
seu único Filho na cruz.
Santos são aqueles que escutam a voz de Deus e a põem em prática, com perfeito

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amor, em todos os momentos.
Um dia, por entre a multidão, uma mulher proclamou bendita a mãe de Jesus, tendo
dito Jesus: «Mais benditos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam»
(Lc 11, 28).
Noutro dia, Jesus estava a falar às multidões e vieram dizer-lhe que a sua Mãe e os
seus parentes vieram vê-lo, mas ele «olhando à sua volta disse: Eis a minha mãe e os
meus irmãos! Aqueles que cumprem a vontade de Deus, são o meu irmão, irmã e
mãe» (Mc 3, 32-35).
Não temos dúvida de que os Evangelhos nos apresentam Maria como sempre atenta à
voz de Deus e completamente disposta a fazer, em todos os momentos, a sua
vontade.
Isto foi a razão principal da sua existência, mesmo nas provas mais duras, sendo fiel à
oferta que tinha feito de si própria a Deus: «Eis aqui a serva do Senhor: faça-se em
mim segundo a sua palavra» (Lc 1, 38). Maria tinha aceite que o projecto da sua
vinda fosse definitivamente cumprido, como ela tinha sonhado.
O caminho na fé
Para ela não foi fácil aceitar e viver, na sua vida, a Palavra de Deus: o seu percurso foi
um caminho longo e sofrido, na fé. Pensamos nela, muito jovem, envolvida de
imprevisto, no mistério de uma concepção tão extraordinária, só diante de questões
angustiantes: «Como contarei a José? Como enfrentarei a opinião das pessoas? Como
será no futuro? Sozinha? Com José? Em Nazaré?». O anjo sobre isto nada lhe disse.
Vemo-la na pobreza desconcertante da gruta de Belém, ajoelhada diante do seu Jesus,
ou a tremer de medo, fugindo da crueldade de Herodes, e ouvindo os gritos das outras
mães de Belém. «Uma espada de dor te trespassará a alma», tinha dito o velho
Simeão. Mas seria isto só o início? (Lc 2, 35).
E aquele episódio, misterioso e doloroso, do menino Jesus quando ficou no Templo de
Jerusalém, que lhe motivou inquietação a si e a José, e que a fez sofrer durante três
dias?
A Virgem Mãe repreendeu-o com doces palavras: «Filho, porque nos fizeste isto? Há
três dias que te procurávamos». Jesus responde, mas ela não compreende as suas
palavras, mas todavia escuta-as, guarda e medita no seu coração todas aquelas coisas
(cf. Lc 2, 48-51).
Mas a prova mais longa e mais difícil para a sua fé, foi aquela dos trinta anos de vida
oculta do seu Jesus, no silêncio e na monotonia dos dias todos iguais uns aos outros,
sem um sinal, uma novidade que viesse confirmar aquelas palavras cheias de luz da
Anunciação: «O teu filho será grande... o seu reino não terá fim» (Lc 1, 32).

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«Será grande!». Ele está ali com ela, silencioso, trabalha com José, ano após ano, não
faz nada de diferente nem de grande, ao contrário de João, o filho de Isabel, que anda
pelo deserto a fazer penitência.
E ela própria não tinha cantado: «Todas as gerações me chamarão bem-aventurada»?
Mas naquele momento já ninguém se lembra dela. Leva «uma vida comum aos
outros, cheia de solicitude familiar e de trabalho» (AA 4): recolhe lenha do bosque e
tira água do poço, mói o grão, amassa o pão, prepara a mesa, tece as túnicas do seu
filho com amor, participa com fidelidade na vida religiosa do seu povo. Nada de
excepcional.
Santa Maria continua a acreditar e a abando-nar-se com fé à vontade d’Aquele que a
chamou de «cheia de graça», mas que já não lhe fala, nem lhe dá sinais. Resta-lhe a
recordação daquele mês maravilhoso quando, com uma força infinita, sentiu que trazia
no seu corpo virginal «o Filho do Altíssimo», mas naquela altura tudo era novo para
ela, estava cheia de alegria pelo seu Deus e a sua alma escutava o Senhor.
Mas aqueles dias já estão tão longe! Contudo, a sua fé não diminuiu. «Feliz aquela
que acreditou» e que continua a acreditar e a amar, fazendo avançar as coisas da
sombra para a luz, na descoberta progressiva da identidade divina do seu Filho. E,
quando finalmente Ele inicia a sua missão pública, ela teve a certeza que a hora tinha
chegado e em Caná «provoca o primeiro dos sinais do Messias Jesus, pela sua
intercessão» (cf. LG 58) e faz com que os seus discípulos acreditem nele.
Novas provas terá a sua fé, quando na con-turbada peregrinação até ao seu Filho, ela
o vê cercado pela multidão e aclamado, mas incompreendido, caluniado, traído e
depois preso, coroado de espinhos e crucificado. Deu tudo dela própria, mas agora
quando tudo é mais difícil para ela, ela entrega o seu único Filho ao sacrifício. Mas
acredita e ama sempre, até por nós, e por aqueles pelos quais o seu Filho morre.
E fica nos três dias do seu sepulcro, a única Igreja que o espera com esperança.
A santidade de Maria foi a de «uma mulher forte que conheceu a pobreza e o
sofrimento, a fuga e o exílio», de uma mulher que «embora completamente
abandonada à vontade do Senhor, não foi uma mulher de uma religiosidade alienante,
mas uma mulher que não duvidou em proclamar que Deus veio para os humildes e
para os oprimidos e que derruba dos seus tronos os poderosos do mundo» (MC 37).
Assim Maria, desde o primeiro dia «com a sua acção a favor da fé na comunidade
apostólica» (MC 37), está presente na Igreja e caminha à frente do povo de Deus,
guiando e estimulando todos os seus filhos até à santidade.
Quando ela está com eles, estes acreditam, como os apóstolos em Caná; quando está
com eles, abre-se o seu coração ao Espírito Santo, como os apóstolos no dia de

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Pentecostes; quando está com eles, o seu sim «é para todos os cristãos uma lição e o
exemplo para fazer da obediência à vontade de Deus o caminho e o meio da própria
santificação» (MC 21).
A Igreja contempla-a como sua mãe, para ser como ela capaz de guiar até à santidade.

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7 - Mãe de Deus

Com este título extraordinário, chegamos ao coração da Avé Maria, à nascente da luz
que irradia a grandeza e os méritos de Maria. Estamos, agora, no fundamento da
nossa devoção por ela e da confiança na sua intercessão e auxílio.
«Terás um filho e Deus, o Omnipotente, o chamará de seu filho», foi isto que o anjo
lhe comunicou. Foi assim que Deus decidiu vir «habitar entre nós», não se
apresentando como um homem adulto, mas escolhendo uma mãe, para dela nascer,
fazendo-se menino como todos, para ser o rebento daquela planta que tentava salvar.
Veio como irmão, não como estranho.
Escreve o apóstolo: «Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu
Filho, nascido de uma mulher,... para que recebêssemos a adopção filial» (Gál 4, 4).
Foi assim que esta mulher foi um meio pelo qual Deus se fez homem e pode andar e
habitar no mundo. Maria não é mãe da divindade (seria absurdo pensá-lo), mas
também não é só a mãe do corpo de Jesus; o Filho de Deus é «fruto do seu ventre»
porque ela fê-lo existir de uma maneira nova, como homem novo, porque no
momento da concepção a natureza divina e a natureza humana ficaram unidas na
Pessoa do Verbo. Deus feito homem nasceu de Maria, por isso ela se chama
verdadeira Mãe de Deus.

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De resto, as nossas próprias mães não são só mães do nosso corpo, mas daquela
pessoa que dela nasce, com corpo e alma, ainda que a alma não tenha sido gerada por
ela, mas criada por Deus.
Isto é o significado do primeiro dogma mariano, proclamado no Concílio de Éfeso, no
ano de 431: Maria é Teotókos, Dei Genitrix, Mãe de Deus. Justamente a liturgia canta:
«Ela gerou aquele que a criou», e que Dante exprimiu na sua estupenda síntese:
«Virgem mãe, filha do teu filho».
Maria é, verdadeiramente, uma criatura humilde, finita, nascida no tempo, mas pode
chamar «Meu Filho» ao Criador. E Ele que é Infinito, Eterno; o verdadeiro Amor
eterno, a Palavra eterna de Deus, pela qual tudo foi criado pode chamá-la de «Mãe».
Dando o corpo ao Filho de Deus, Maria ligou-o ao género humano, como perfeito
Deus e perfeito homem. Jesus é o Mediador entre Deus e o homem, reconciliando as
duas partes, divididas pelo pecado humano — Ele é o Salvador. E Maria é a Mãe do
Salvador, Mãe de Cristo, Sacerdote e vítima, num sentido muito profundo como, por
exemplo, em que a minha mãe é chamada mãe de um sacerdote. Quando a minha
mãe me gerou, trouxe à luz um homem que só futuramente recebeu o chamamento de
Deus à vocação sacerdotal. A minha mãe poderia ter sido a mãe de um operário, ou
de um arquitecto, mas só depois da ordenação sacerdotal é que foi possível chamá-la
mãe de um sacerdote.
Por sua vez, Maria não poderia ter gerado outra pessoa que não o Salvador, tendo
posto todos os seus recursos espirituais e físicos sob a acção do Espírito Santo, para
acolher «no coração e no corpo o Verbo de Deus» (LG 53). Foi assim que Jesus
nasceu dela como Salvador, porque é nela e por meio dela que Ele se torna sacerdote
e vítima, o único Mediador entre Deus e o homem.
Assim, Maria, desde o início, «cooperou de modo especial na obra do Salvador, com
obediência, esperança e ardente caridade, para renovar a vida sobrenatural das almas.
Por isso, se tornou para nós uma mãe, no plano da graça» (LG 61).
Mãe da Igreja
A Liturgia diz-nos que Maria nos foi «dada como mãe dulcíssima sob a cruz de
Cristo». O principal fundamento bíblico desta maternidade espiritual é a passagem do
Evangelho de João: Chegada a hora de passar deste mundo para o Pai (Jo 13, 1)
«vendo junto dele a mãe e o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu
filho”» (Jo 19, 26). Naquele próprio momento, em que o amor e a fé de Maria são
postos à prova, Jesus entrega ao seu coração materno, através da pessoa de João,
todos aqueles pelos quais Ele morre. Na hora da cruz, Maria torna-se a nova Eva, a
mãe dos novos membros do povo de Deus.

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«Depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe”». Estas palavras são o testamento de
Jesus que está a morrer. Não querem só exprimir a sua preocupação de assegurar à
sua mãe o afecto e a protecção. No momento em que nasce a Igreja, através do
sacrifício redentor, ele quer dar à Igreja uma mãe que a ampare.
Maria acolhe com amor o dom da sua nova maternidade, a qual prolonga e transporta
o cumprimento da primeira: torna-se a Mãe da Igreja. Aceitando o sacrifício do Filho,
demonstra que não foi uma «mãe poupada pelo próprio Filho divino, mas uma mulher
que, com a sua acção, fortalece a fé da comunidade apostólica em Cristo, e assim a
sua função materna dilatou-se, tendo assumido sobre o Calvário uma dimensão
universal» (MC 37).
«Esta maternidade de Maria, na economia da graça, dura até aos nossos dias» (LG
62) e continua a cooperar no nascimento em Cristo de um número indeterminado de
filhos, para que «Ele seja o primogénito de muitos irmão» (Rm 8, 29) e ajuda-os a
crescer em estatura, afim de que sejamos «tudo em todos» (Col 3, 11).
Mãe de Deus, Mãe da Igreja, Maria é também a Mãe de todos os homens.
Não lhe chamamos mãe, porque nos deu a vida: Maria é a mãe por excelência de
todos os homens, porque nos deu Jesus que é «a vida do mundo» (Jo 9, 5), e basta
que alguém se abra para acolher esta vida que logo se torna seu filho.
O que é poderemos fazer de mais carinhoso e de mais justo para com Maria, que no
projecto de Deus foi pensada para ser a mãe, senão fazer como João que «a partir
daquele momento... recebeu-a em sua casa»? (Jo 19, 27).

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8 - Rogai por nós pecadores

Maria é a Virgem em oração. Ela aparece-nos assim, na visita a Isabel, quando louva e
canta a sua alegria pelas maravilhas que Ele operou nela e pelo seu povo.
Vemo-la assim em Caná «onde, manifestando ao Filho, com delicada imploração, uma
necessidade temporal, obtém um efeito de graça, no qual Jesus realiza o seu primeiro
sinal, confirmando os discípulos na fé» (MC 18); deste modo aparece com os
apóstolos no Cenáculo «assíduos à oração, com algumas mulheres e com Maria, a
Mãe de Jesus» (Act 1, 14).
Mas, é especialmente nos acontecimentos de Caná, iluminados por aquilo que Jesus,
no Calvário, disse a ela e a João, que a Igreja reconheceu uma revelação do papel
materno de Maria que intercede pelos seus filhos.
Jesus está com os seus discípulos na aldeia de Caná, na Galileia, para uma festa de

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casamento: «E com eles estava a mãe de Jesus». (Jo 2, 1).
Maria está presente, atenta e preocupada como uma boa mãe. Intervém, com a sua fé
em Jesus, para que a alegria daquela festa não fosse perturbada: «Não têm vinho»,
disse ao seu filho.
A resposta de Jesus, não admira — à primeira vista — pois trata-se de um filho a falar
para a sua mãe: «O que é nós temos a ver com isso, mulher? A minha hora ainda não
chegou» (Jo 2, 4). Era como se dissesse: «Não foi para isso que nós viemos aqui».
Maria não duvida, Jesus põe à prova a sua fé. Mas para remeter só a Ele a iniciativa,
disse aos servos: «Fazei tudo o que Ele vos disser».
E Jesus responde à oração e à fé da sua mãe, realizando o seu primeiro milagre.
Advogada e Auxiliadora
Foi através de Maria que nós recebemos Jesus. É por Maria que Jesus se manifesta
antecipando a sua hora, é pela sua intercessão que a alegria da festa pode continuar,
até aos nossos dias, para nós próprios.
Aquilo que fez uma vez em Caná, Maria con-tinua a fazê-lo ao longo dos séculos: reza
por nós, intercede por nós seus filhos, para que nunca falte o vinho da graça.
Disse o Concílio: «Elevada ao céu, ela não terminou esta missão de salvação, mas
com a sua multíplice intercessão continua a obter os dons da salvação eterna. Na sua
materna caridade ajuda os irmãos do seu Filho, ainda peregrinos e expostos aos
perigos, enquanto não chegam à pátria celeste. Por isso, a bem-aventurada Virgem é
invocada na Igreja com os títulos de Advogada, Auxiliadora, Amparo e Medianeira»
(LG 62).
Cem anos antes, Dom Bosco escrevera estas palavras: «Uma experiência de dezoito
séculos, faz-nos ver que Maria continuou, desde o céu, e com o maior sucesso a
missão de Mãe da Igreja e Auxiliadora dos cristãos, do que quando caminhava sobre a
terra».
Advogada e Auxiliadora, Maria envolve a nossa vida com o seu amor materno.
Mesmo que vivamos em anos difíceis e de inquietação, a fé na sua ajuda continua a
alimentar a nossa esperança.
Chegou até nós, desde os primeiros séculos do cristianismo, escrita sobre um papiro
egípcio do séc. III, uma antiga oração que, até hoje, com fé repetimos: «Sub tuum
praesidium... à vossa protecção nos acolhemos, ó Santa Mãe de Deus. Não desprezeis
as súplicas daqueles que vos imploram nas suas necessidades, mas livrai-nos sempre
de todo o mal, ó Virgem gloriosa e bendita».
Mas, qual será a primeira coisa a fazer para com Nossa Senhora? Dom Bosco sugeria

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aos seus jovens, o querer a graça da salvação, como o mais importante de tudo.
«Dizei todas as noites — recomendava com insistência — três Ave-Marias com a
invocação: “Querida Mãe, Virgem Maria, fazei com que eu salve a minha alma”».
É isto mesmo, na verdade, que nós dizemos com as palavras: «Rogai por nós
pecadores».
Reconheçamos a nossa situação de pecado e regressemos a Ela, a Imaculada, que viu
o terrível rosto do pecado reflectido no corpo ensanguentado do seu Filho no Calvário,
e peçamos-lhe que nos obtenha o perdão e a força para não voltarmos a pecar.
E Ela, que é o Refúgio dos pecadores e que cantou a infinita bondade de Deus e a
misericórdia que se estende «de geração em geração», se dirige ao seu Filho e por nós
suplica: «Cordeiro de Deus que tiras o pecado do mundo, tem piedade destes meus
filhos».
Assim, pela oração de Maria, «esperança e aurora da salvação para o mundo inteiro»,
poderemos estar confiantes em encontrar o Sol da justiça, o seu Filho que é a salvação
de todos os homens.

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9 - Agora e na hora da nossa morte

Agora
Quando pedimos à Virgem para que reze por nós «agora», estamos certos de estar a
pedir, juntamente com a graça espiritual, também tudo o que é bom para nós e útil no
plano material: a saúde, a libertação das dificuldades que nos oprimem, a paz, a
felicidade... tudo o que um filho que se coloca disponível à vontade de um bom Pai,
de forma a que nele se faça, como com Maria, a sua vontade.
A nossa Mãe sabe o que será melhor para nós e verdadeiramente necessário, obtendo-
nos sempre mais e melhor do que aquilo que pedimos.

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Recordemos sempre que toda a nossa oração deve ser feita em nome de Jesus, pois é
Ele o único Mediador, a única fonte da graça: Maria é a Mãe da Divina Graça, porque
a recebe do Senhor.
Por outro lado «toda a bondade da Bem-aventurada Virgem para com os homens, não
nasce da necessidade, mas do beneplácito de Deus» (LG 60) que desejou esta
«função subordinada de Maria... para que (vivamos) mais intimamente unidos ao
Mediador e Salvador» (LG 62).
Quando um menino quer abraçar o seu pai, este pode inclinar-se diante dele e tomá-lo
nos braços; mas se o menino pede à mãe para o levar até ele, isto não mostra menos
amor pelo pai que o recebe dos braços da mãe.
Diante de Nossa Senhora, sejamos como os meninos junto das suas mães e peçamos-
lhe que nos ajude a amar mais o Senhor.
...e na hora da nossa morte
Entre todas as horas da vida, não há nenhuma hora mais preciosa que a hora da
morte.
Com as últimas palavras da Ave-Maria nós colocamos nas mãos de Nossa Senhora
aquela hora decisiva.
Não é por medo, nem por tristeza quando pensamos na morte, pois nós acreditamos
que Jesus «venceu a morte e fez resplandecer a vida e a imortalidade por meio do
Evangelho... Verdadeira é esta palavra: “Se morremos com Ele, também com Ele
viveremos”» (2 Tim 1, 10; 2, 11).
Até nisto, Maria é para nós «sinal de esperança segura», pois aquilo que se realizou
nela está prometido para todos nós, o seu destino é também o nosso. Logo após a
morte, Maria foi associada em corpo e alma ao destino de Cristo ressuscitado: o seu
corpo não conheceu a corrupção do sepulcro.
É este o dogma da Assunção, proclamado pelo Papa Pio XII, a 1 de Novembro de
1950: «É verdade de fé, revelada por Deus, que a imaculada e sempre Virgem Maria,
Mãe de Deus, completado o percurso da sua vida terrena, foi elevada à glória celeste
com a alma e com o corpo».
Era justo que assim fosse. A Escritura diz que existe uma relação entre o pecado e a
morte na corrupção. (Rm 5, 12ss). Assim, o corpo imaculado de Maria que tinha
gerado o Senhor da vida e que não havia conhecido o pecado, não devia conhecer
nele o castigo da morte que é o «salário do pecado», nem a humilhação da
decomposição no sepulcro.
Jesus tinha rezado: «Pai, quero pedir-te por aqueles que me deste... para que

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contemplem a minha glória, aquela que me deste» (Jo 18, 24), e por isso, quis junto
de si a sua mãe, em corpo e alma, como a primeira que mostra o cumprimento do seu
plano de salvação.
Nós, que ainda esperamos, veremos depois, mas já é para nós motivo de alegria
recordar Maria, elevada ao céu, como a prova de que o nosso destino é o céu, a nossa
meta é lá, e que a estrada em que corremos, onde por vezes caímos, termina no
eterno.
Que corpo?
Desde sempre é fé da Igreja que Maria foi elevada em corpo e alma para a glória
celeste. É prova disso também o facto singular nenhum lugar da terra jamais
reinvidicou o privilégio de possuir qualquer relíquia do seu corpo, como acontece com
os apóstolos, em particular São Pedro.
Elevada sim, mas com que corpo?
Pensamos naquilo que dizem os Evangelhos acerca de Cristo ressuscitado: não é um
fantasma, é algo de muito real corporalmente. Maria Madalena confunde-o com o
jardineiro, os discípulos de Emaús caminham e falam com Ele sem o reconhecerem,
Tomé toca nas suas mãos, os apóstolos comem com Ele.
Tudo é assim natural, amigável, afectuoso, e tão real nestas aparições de Cristo
ressuscitado.
Também o corpo de Nossa Senhora ressuscitada e assumpta deve ser assim. Quando
apareceu a Bernardette e aos pastorinhos de Fátima, ou à pequena Marietta de
Banneux é sempre descrita como uma bela senhora. É gentil, afectuosa, fala a sua
língua, pede favores, pede também. A Bernardette disse: «Queres ter a gentileza de vir
aqui durante 15 dias?».
Nossa Senhora é uma mulher, uma mulher verdadeira. É nossa irmã e está no paraíso
em corpo e alma. Isto não quer dizer que viva num astro distante e que se move de
vez em quando para nos aparecer. Significa que está realmente viva, pre-sente e
operante na nova realidade pascal da Ressurreição, na plenitude da sua humanidade
glorificada.
A Assunção não a afastou de nós, tornou-a mais próxima.
Uma mãe, de resto, não pode estar longe dos seus filhos, vem ter com eles com
regularidade, caminha com eles, levanta-os se caem, apoia-os quando têm dúvidas.
O caminho com ela torna-se mais fácil e até o pôr do sol se faz mais luminoso.
Chegados ao final que o Senhor nos tenha destinado, repitamos uma vez mais, cheios
de fé: «Roga por mim Maria, agora e na hora da minha morte que se aproxima».

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Será ela a vir ao nosso encontro e a anunciar-nos o início daquele dia que não terá
uma noite: «Levanta-te — nos dirá — reveste-te de luz, porque chegou a tua luz. O
teu sol não se porá mais, porque o Senhor será a tua luz eterna. Terminaram os teus
dias de luto, vem, caminhemos na luz do Senhor». (Is 60, 1).

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10 - Amen

Assim é, assim seja: fé e esperança. O hino de louvor, entoado para aquela que se
proclamou «a serva do Senhor», terminou na contemplação do seu destino de
plenitude e de felicidade, exemplo daquilo que está reservado para todos aqueles que
são do Senhor.
Também isto nos diz que Maria não é a razão da nossa existência. A razão da nossa
existência é o Pai e o único caminho para o Pai é Cristo (cf. Jo 14, 4-11).
Mas, como poderemos deixar-nos «agarrar por Cristo», conformar a nossa conduta à
sua, de modo a termos em nós próprios os seus sentimentos? Como poderemos viver
a sua vida, possuir o seu Espírito?
«Se quisermos ser de Cristo — disse Paulo VI — devemos ser marianos, isto é,
devemos reconhecer o papel essencial, vital, providencial que une Nossa Senhora a
Jesus, e que nos abre o caminho que a Ele conduz».

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Quanto mais nos aproximarmos dela, tanto mais estaremos em estreita ligação com
Cristo.
Ela é o jardim e Jesus é a flor. Logo, todas as novas flores que nascem em Cristo, não
poderão ter outra terra, na qual crescer, senão Maria. Porque Maria é a imagem e Mãe
da Igreja que continuamente gera novos filhos.
Ela é a aurora, Jesus é o sol, e olhando para ela com «um espelho nítido e sagrado da
infinita beleza», seremos capazes de acolher a Cristo, luz do mundo.
Ela é «a primeira e mais perfeita criatura a seguir a Cristo» (MC 35) e para nós é um
modelo, o exemplo, a guia, a ajuda que não esmorece, a doce mãe que nos pega pela
mão e nos conduz ao seu Jesus, repetindo-nos: «Fazei tudo o que Ele vos disser» (Jo
2, 5).
É a última sua palavra que os Evangelhos nos transmitiram como seu testamento. Nós
acolhemo-la com alegria, porque temos a certeza de a poder alcançar lá onde Deus a
desejou. Entretanto, colocamo-nos
COM MARIA AO SERVIÇO DO SENHOR.

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11 - Apêndice

O ROSÁRIO DA VIRGEM MARIA


O Rosário da Virgem Maria, que ao sopro do Espírito de Deus se foi formando
gradualmente no segundo Milénio, é oração amada por numerosos Santos e
estimulada pela Igreja, como o afirma o Papa João Paulo II, na Carta Apostólica «O
Rosário da Virgem Maria», de Outubro de 2002.
Em Fátima, Nossa Senhora convidou, em todas as aparições, os pastorinhos a rezar o
terço do Rosário todos os dias, para alcançarem a paz para o Mundo e a conversão
dos pecadores. Foi um grande apelo que a Mãe de Deus deixou aos por-tugueses.
O Rosário, na sua simplicidade e profundi- dade, permanece, mesmo no terceiro
Milénio como uma oração de grande significado e destinada a produzir frutos de
santidade. Ela enquadra-se perfeitamente no caminho espiritual de um cristianismo
que, passados dois mil anos, nada perdeu do seu frescor original, e sente-se
impulsionado pelo Espírito de Deus a «fazer-se ao largo» para reafirmar, melhor
«gritar» Cristo ao mundo como Senhor e Salvador, como «caminho, verdade e vida»
(Jo 14, 6), como «o fim da história humana, o ponto para onde tendem os desejos da
história e da civilização».

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Com o Rosário, o povo cristão frequenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir
na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu
amor. Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a
recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor.
O Rosário situa-se na melhor e mais garantida tradição da contemplação cristã.
Desenvolvido no Ocidente, é oração tipicamente meditativa e corresponde, de certo
modo, à «oração do coração» ou «oração de Jesus» germinada no Oriente cristão.
Oração pela paz e pela família
A dar maior actualidade ao relançamento do Rosário temos algumas circunstâncias
históricas. A primeira delas é a urgência de invocar de Deus o dom da paz. O Rosário
foi, por diversas vezes, proposto pelos Papas como oração pela paz. Portanto não se
pode recitar o Rosário sem sentir-se chamado a um preciso compromisso de serviço à
paz.
Outra urgência de empenho e de oração surge de outra realidade crítica da nossa
época, a da família, célula da sociedade, cada vez mais ameaçada por forças
desagregadoras a nível ideológico e prá-tico, que fazem temer pelo futuro desta
instituição fundamental e imprescindível e, consequentemente, pela sorte da sociedade
inteira. O relançamento do Rosário nas famílias cristãs, no âmbito de uma pastoral
mais ampla da família, propõe-se como ajuda eficaz para conter os efeitos devastantes
desta crise da nossa época.
Os Mistérios do Rosário
O Rosário é um dos percursos tradicionais da oração cristã aplicada à contemplação
do rosto de Cristo. A repetição da Ave-Maria constitui o pano de fundo sobre a qual se
desenrola a contemplação dos mistérios; aquele Jesus que cada Ave-Maria relembra é
o mesmo que a sucessão dos mistérios propõe, uma e outra vez, como Filho de Deus
e da Virgem Santíssima».
Para que o Rosário possa considerar-se mais plenamente «compêndio do Evangelho»,
é conveniente que, depois de recordar a encarnação e a vida oculta de Cristo
(mistérios da alegria), e antes de se deter nos sofrimentos da paixão (mistérios da dor),
e no triunfo da ressurreição (mistérios da glória), a meditação se concentre também
sobre alguns momentos particularmente significativos da vida pública (mistérios da
luz). Esta inserção de novos mistérios, sem prejudicar nenhum aspecto essencial do
esquema tradicional desta oração, visa fazê-la viver com renovado interesse na
espiritualidade cristã, como verdadeira introdução na profundidade do Coração de
Cristo, abismo de alegria e de luz, de dor e de glória.
Mistérios da alegria (gozosos)

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O primeiro ciclo, o dos «mistérios gozosos», caracteriza-se de facto pela alegria que
irradia do acontecimento da Encarnação. Estes mistérios são meditados às segundas-
feiras e aos sábados.
1.º A Anunciação do Anjo Gabriel a Maria
Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?» O anjo
respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre
ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de
Deus. (Lc. 1, 34-35)
2.º A Visitação de Maria à sua prima Isabel
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de
Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto
do teu ventre.» (Lc. 1, 40-42)
3.º O Nascimento de Jesus em Belém
Quando os anjos se afastaram deles em direcção ao Céu, os pastores disseram uns aos
outros: «Vamos a Belém ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer.»
Foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura.
Depois de terem visto, começaram a divulgar o que lhes tinham dito a respeito daquele
menino. Todos os que ouviram se admiravam do que lhes diziam os pastores. (Lc. 2,
15-18)
4.º A Apresentação de Jesus no Templo
Simeão tomou-o nos braços e bendisse a Deus, dizendo: «Agora, Senhor, segundo a
tua palavra, deixarás ir em paz o teu servo, porque meus olhos viram a Salvação».
Seu pai e sua mãe estavam admirados com o que se dizia dele. (Lc. 2, 28-30.33)
5.º A Perda e o Encontro de Jesus no Templo entre os doutores
Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele
chegou aos doze anos, subiram até lá, segundo o costume da festa. Terminados esses
dias, regressaram a casa e o menino ficou em Jerusalém, sem que os pais o
soubessem. (Lc. 2, 41-43)
Mistérios da luz (luminosos)
Passando da infância e da vida de Nazaré à vida pública de Jesus, a contemplação
leva-nos aos mistérios que se podem chamar, por especial título, «mistérios da luz».
Na verdade, todo o mistério de Cristo é luz. Ele é a «luz do mundo» (Jo 8, 12). Estes
mistérios meditam-se às quintas-feiras.

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1.º Baptismo de Jesus no Jordão
Então, veio Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser baptizado por ele. João
opunha-se, dizendo: «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu vens a
mim?» Jesus, porém, respondeu-lhe: «Deixa por agora. Convém que cum-pramos
assim toda a justiça.» João, então, concordou. Uma vez baptizado, Jesus saiu da água
e eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir
sobre Ele. E uma voz vinda do Céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual
pus todo o meu agrado.» (Mt. 3, 13-17)
2.º Auto-revelação nas bodas de Caná
Ao terceiro dia, celebrava-se uma boda em Caná da Galileia e a mãe de Jesus estava
lá. Jesus e os seus discípulos também foram convidados para a boda. Como viesse a
faltar o vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: «Não têm vinho!» Jesus respondeu-lhe:
«Mulher, que tem isso a ver contigo e comigo? Ainda não chegou a minha hora.» Sua
mãe disse aos serventes: «Fazei o que Ele vos disser!» (Jo. 2, 1-5)
3.º Anúncio do Reino de Deus com o convite à conversão
Depois, abandonando Nazaré, foi habitar em Cafarnaúm, cidade situada à beira-mar,
na região de Zabulão e Neftali, para que se cumprisse o que o profeta Isaías
anunciara: Terra de Zabulão e Neftali, caminho do mar, região de além do Jordão,
Galileia dos gentios. O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz; e aos que jaziam
na sombria região da morte surgiu uma luz. A partir desse momento, Jesus começou a
pregar, dizendo: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu.» (Mt. 4, 13-
17)
4.º A Transfiguração
Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e levou-os, só a eles, a um
monte elevado. E transfigurou-se diante deles. As suas vestes tornaram-se
resplandecentes, de tal brancura que lavadeira alguma da terra as poderia branquear
assim. Apareceu-lhes Elias, juntamente com Moisés, e ambos falavam com Ele.
Tomando a palavra, Pedro disse a Jesus: «Mestre, bom é estarmos aqui; façamos três
tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias.» (Mc. 9, 2-5).
5.º Última Ceia e instituição da Eucaristia
Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e
deu-o aos seus discípulos, dizendo: «Tomai, comei: Isto é o meu corpo.» Em seguida,
tomou um cálice, deu graças e entregou-lho, dizendo: «Bebei dele todos. Porque este
é o meu sangue, sangue da Aliança, que vai ser derramado por muitos, para perdão
dos pecados. Eu vos digo: Não beberei mais deste produto da videira, até ao dia em

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que beber o vinho novo convosco no Reino de meu Pai.» (Mt. 26, 26-29)
Mistérios da dor (dolorosos)
Os Evangelhos dão grande relevo aos misté- rios da dor de Cristo. O Rosário escolhe
alguns momentos da Paixão, induzindo o orante a fixar neles o olhar do coração e a
revivê-los. Estes mistérios meditam-se às sextas-feiras.
1.º A oração de Jesus no Horto das Oliveiras
Depois afastou-se deles, à distância de um tiro de pedra, aproximadamente; e, pondo-
se de joelhos, começou a orar, dizendo: «Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice;
contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua.» Então, vindo do Céu, apareceu-lhe
um anjo que o confortava. (Lc. 22, 41-43)
2.º A Flagelação
Depois cuspiam-lhe no rosto e batiam-lhe. Outros esbofeteavam-no, dizendo:
«Profetiza, Messias: quem foi que te bateu?». Então, soltou-lhes Barrabás. Quanto a
Jesus, depois de o mandar flagelar, entregou-o para ser crucificado. (Mt. 26, 67-68.
27, 26)
3.º A Coroação de espinhos
Tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e uma cana na mão direita.
Dobrando o joelho diante dele, escarneciam-no, dizendo: «Salve! Rei dos Judeus!»
(Mt. 27, 29)
4.º O Caminho de Jesus para o Calvário
Jesus, levando a cruz às costas, saiu para o chamado Lugar da Caveira, que em
hebraico se diz Gólgota, onde o crucificaram, e com Ele outros dois, um de cada lado,
ficando Jesus no meio. Pilatos redigiu um letreiro e mandou pô-lo sobre a cruz. Dizia:
«Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.»(Jo. 19, 17-19)
5.º A Crucifixão e Morte de Jesus
Por volta do meio-dia, as trevas cobriram toda a região até às três horas da tarde. O
Sol tinha-se eclipsado e o véu do templo rasgou-se ao meio. Dando um forte grito,
Jesus exclamou: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.» Dito isto, expirou. (Lc.
23, 44-46)
Mistérios da glória (gloriosos)
O Rosário sempre expressou esta certeza da fé, convidando o crente a ultrapassar as
trevas da Paixão, para fixar o olhar na glória de Cristo com a Ressurreição e a
Ascensão. Estes mistérios meditam-se às quartas-feiras e aos domingos.

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1.º A Ressurreição
Como estivessem amedrontadas e voltassem o rosto para o chão, eles disseram-lhes:
«Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui; ressuscitou! Lembrai-vos
de como vos falou, quando ainda estava na Galileia, dizendo que o Filho do Homem
havia de ser entregue às mãos dos pecadores, ser crucificado e ressuscitar ao terceiro
dia.» (Lc. 24, 5-7).
2.º A Ascensão
Depois, levou-os até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os
abençoava, separou-se deles e elevava-se ao Céu. E eles, depois de se terem prostrado
diante dele, voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no
templo a bendizer a Deus. (Lc. 24, 50-53)
3.º A Descida do Espírito Santo (Pentecostes)
Viram então aparecer umas línguas, à maneira de fogo, que se iam dividindo, e poisou
uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a
falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem. Atónitos e
maravilhados, diziam: «Mas esses que estão a falar não são todos galileus? (Act. 2, 3-
4.7)
4.º A Assunção de Maria
Então, o Senhor Deus disse à serpente: «Por teres feito isto, serás maldita entre todos
os animais domésticos e entre os animais selvagens. Rastejarás sobre o teu ventre,
alimentar-te-ás de terra todos os dias da tua vida. Farei reinar a inimizade entre ti e a
mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta esmagar-te-á a cabeça e tu tentarás
mordê-la no calcanhar.» (Gen. 3, 14-15)
5.º A Coroação de Maria, no Céu
Filha, escuta, vê e presta atenção; esquece o teu povo e a casa do teu pai. Porque o
rei deixou-se prender pela tua beleza; ele é agora o teu senhor: presta-lhe homenagem!
(Sal. 45, 11-12)

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12 - Orações diversas

Sinal da Cruz
Pelo Sinal da Santa Cruz (9) Livrai-nos, Deus nosso Senhor (9) dos nossos inimigos
(9). Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amen.
Pai Nosso
Pai Nosso,
que estais nos céus
santificado seja o Vosso nome,
venha a nós o vosso reino,
seja feita a Vossa vontade
assim na Terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido

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e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.
Avé Maria
Avé Maria,
cheia de graça, o Senhor é convosco,
bendita sois vós entre as mulheres
e bendito é o fruto do Vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus
rogai por nós pecadores,
agora, e na hora da nossa morte.
Amen.
Glória ao Pai
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Assim como era no princípio,
agora e sempre.
Amen.
Salvé-Rainha
Salvé, Rainha, Mãe de misericórdia,
Vida, doçura, e esperança nossa, salvé.
A Vós bradamos, os degradados filhos de Eva,
A Vós suspiramos, gemendo e chorando,
Neste vale de lágrimas.
Eia, pois, Advogada nossa,
Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.
E depois deste desterro,
Nos mostrai Jesus,
bendito fruto do vosso ventre.
Ó clemente, ó piedosa,
ó doce Virgem Maria.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.

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Para que sejamos dignos das promessas
de Cristo.
A minha alma glorifica o Senhor *
E o meu espírito se alegra em Deus,
meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade
da Sua Serva: *
De hoje em diante me chamarão
bem-aventurada todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: *
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração
em geração *
Sobre aqueles que o temem.
Manifestou o poder do Seu braço *
E dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos *
E exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens *
E aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo, *
Lembrado da Sua misericórdia,
Como tinha prometido a nossos pais, *
A Abraão e à sua descendência para sempre.
Glória ao Pai e ao Filho *
E ao Espírito Santo,
Como era no princípio, *
Agora e sempre.
Amen.
Oração de S. Bernardo a Nossa Senhora

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Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles
que têm recorrido à vossa protecção, implorado a vossa assistência, e reclamado o
vosso socorro, fosse por Vós desamparado. Animado eu, pois, de igual confiança, a
Vós, Virgem entre todas singular, como a Mãe recorro, de Vós me valho e, gemendo
sob o peso dos meus pecados, me prostro aos Vossos pés. Não desprezeis as minhas
súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia e de
me alcançar o que Vos rogo.
Amen.
Consagração a Nossa Senhora
Ó minha Senhora! Ó minha Mãe, eu me ofereço a todos vós e, em prova de minha
devoção para convosco, vos consagro neste dia, os meus olhos, os meus ouvidos, a
minha boca, o meu coração e todo o meu ser. E porque sou vosso, ó incomparável
Mãe, guardai-me e defendei-me como coisa e propriedade vossa. Lembrai-vos que
vos pertenço, terna Mãe, Senhora nossa. Ah, guardei-me como coisa própria vossa.
Amen.
Ladainha de Nossa Senhora
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai do Céu, que sois Deus,
tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus,
tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus,
tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,
tende piedade de nós.
Santa Maria,
rogai por nós.
Santa Mãe de Deus,

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rogai por nós.
Santa Virgem das virgens,
rogai por nós.
Mãe de Jesus Cristo,
rogai por nós.
Mãe da divina graça,
rogai por nós.
Mãe puríssima,
rogai por nós.
Mãe castíssima,
rogai por nós.
Mãe Imaculada,
rogai por nós.
Mãe intacta,
rogai por nós.
Mãe amável,
rogai por nós.
Mãe admirável,
rogai por nós.
Mãe do bom conselho,
rogai por nós.
Mãe do Criador,
rogai por nós.
Mãe do Salvador,
rogai por nós.
Mãe da Igreja,
rogai por nós.
Virgem prudentíssima,
rogai por nós.
Virgem venerável,
rogai por nós.

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Virgem louvável,
rogai por nós.
Virgem poderosa,
rogai por nós.
Virgem benigna,
rogai por nós.
Virgem fiel,
rogai por nós.
Espelho de justiça,
rogai por nós.
Sede de Sabedoria,
rogai por nós.
Causa da nossa alegria,
rogai por nós.
Vaso espiritual,
rogai por nós.
Vaso honorífico,
rogai por nós.
Vaso insigne de devoção,
rogai por nós.
Rosa mística,
rogai por nós.
Torre de David,
rogai por nós.
Torre de marfim,
rogai por nós.
Casa de ouro,
rogai por nós.
Arca da aliança,
rogai por nós.
Porta do céu,

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rogai por nós.
Estrela da manhã,
rogai por nós.
Saúde dos enfermos,
rogai por nós.
Refúgio dos pecadores,
rogai por nós.
Consoladora dos aflitos,
rogai por nós.
Auxílio dos cristãos,
rogai por nós.
Rainha dos anjos,
rogai por nós.
Rainha dos patriarcas,
rogai por nós.
Rainha dos profetas,
rogai por nós.
Rainha dos apóstolos,
rogai por nós.
Rainha dos mártires,
rogai por nós.
Rainha dos confessores,
rogai por nós.
Rainha das virgens,
rogai por nós.
Rainha de todos os Santos,
rogai por nós.
Rainha concebida sem pecado original,
rogai por nós.
Rainha da Assunção,
rogai por nós.

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Rainha do Santo Rosário,
rogai por nós.
Rainha das Famílias,
rogai por nós.
Rainha da paz,
rogai por nós.
Cordeiro de Deus,
que tirais os pecados do mundo,
perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus,
que tirais os pecados do mundo,
ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus,
que tirais os pecados do mundo,
tende piedade de nós, Senhor.
V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas
de Cristo.
Oremos:
Senhor Deus, nós Vo-lo pedimos, concedei a estes Vossos servos, que gozem sempre
da saúde da alma e do corpo e, pela gloriosa intercessão da bem-aventurada Virgem
Maria, sejam livres da presente tristeza e alcancem a eterna alegria. Por Cristo Nosso
Senhor.
Amen.

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Índice
Ave Maria 2
Índice 2
Apresentação 4
1 - Ave-Maria 6
Ave 7
Maria 7
2 - Cheia de graça 10
Imaculada 11
3 - O Senhor é convosco 14
O sim que muda o mundo 15
Bendita porque acreditou 18
5 - Bendito o fruto do vosso ventre Jesus 22
Amor e adoração 23
6 - Santa Maria 26
O caminho na fé 27
7 - Mãe de Deus 30
Mãe da Igreja 31
8 - Rogai por nós pecadores 33
Advogada e Auxiliadora 34
9 - Agora e na hora da nossa morte 37
Agora 37
...e na hora da nossa morte 38
Que corpo? 39
10 - Amen 42
11 - Apêndice 45
O ROSÁRIO DA VIRGEM MARIA 45
Oração pela paz e pela família 46
Os Mistérios do Rosário 46
Mistérios da alegria (gozosos) 46
1.º A Anunciação do Anjo Gabriel a Maria 47
2.º A Visitação de Maria à sua prima Isabel 47

61
3.º O Nascimento de Jesus em Belém 47
4.º A Apresentação de Jesus no Templo 47
5.º A Perda e o Encontro de Jesus no Templo entre os doutores 47
Mistérios da luz (luminosos) 47
1.º Baptismo de Jesus no Jordão 48
2.º Auto-revelação nas bodas de Caná 48
3.º Anúncio do Reino de Deus com o convite à conversão 48
4.º A Transfiguração 48
5.º Última Ceia e instituição da Eucaristia 48
Mistérios da dor (dolorosos) 49
1.º A oração de Jesus no Horto das Oliveiras 49
2.º A Flagelação 49
3.º A Coroação de espinhos 49
4.º O Caminho de Jesus para o Calvário 49
5.º A Crucifixão e Morte de Jesus 49
Mistérios da glória (gloriosos) 49
1.º A Ressurreição 50
2.º A Ascensão 50
3.º A Descida do Espírito Santo (Pentecostes) 50
4.º A Assunção de Maria 50
5.º A Coroação de Maria, no Céu 50
12 - Orações diversas 52
Sinal da Cruz 52
Pai Nosso 52
Avé Maria 53
Glória ao Pai 53
Salvé-Rainha 53
Oração de S. Bernardo a Nossa Senhora 54
Consagração a Nossa Senhora 55
Ladainha de Nossa Senhora 55

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