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P. Qual é a forma?
R. Devem ser proferidas pela pessoa que batiza e ao mesmo tempo que derrama a água
sobre a cabeça do que recebe o Sacramento.
R. Qualquer homem ou mulher que saiba fazer e tenha a intenção de fazer o que faz a Igreja.
R. Faz com que o homem passe a ser filho de Deus e herdeiro do Céu, e que se apaguem
todos os pecados, o original e os atuais, caso seja adulto.
R. A alma fica adornada pela graça, virtude e dons celestiais, e, Ademais, se lhe imprime
caráter.
R. Não, porque Deus quer que o batizado esteja sujeito a eles, para que seja humilde,
exercite as virtudes e tenha um contínuo testemunho do pecado original.
R. A seguir e imitar A Jesus Cristo, a professar sua fé e a observar sua santa lei, mesmo com o
risco, se necessário, de perder a vida, como fizeram tantos mártires.
P. E a que coisa renunciaste?
R. Renunciei a Satanás, a todas as suas obras e a todas as suas pompas, por meio de meus
padrinhos.
R. Sim, porque Deus nos recebeu à sua amizade e graça com esta condição.
P. Por que não se deixam entrar os bebês no templo antes que se batizem?
A íntima união da natureza divina e natureza humana, o Verbo feito carne, é o feito radical
do Cristianismo. Toda a religião deve descansar nesta união, e estar inteiramente penetrada
das consequências que dela emanam: em cada uma de suas partes, deve descobrir-se um
luminosíssimo reflexo da encarnação.
O Verbo eterno veio ao mundo para criar uma nova ordem de coisas fundada em sua
Encarnação, isto é, na mediação visível da Verdade que, segundo a expressão de Bossuet,
veio habitar pessoalmente entre os homens; e para este fim fundou uma Igreja, em cuja
palavra se encarnou sua Doutrina, assim como que sua Graça nos Sacramentos.
Os Sacramentos são, portanto, como os órgãos divinos da Encarnação: por seu meio, se
particulariza em cada um de nós a encarnação divina em Jesus Cristo, convertendo-se assim
todos os fiéis, juntos com seu divino Mediador, em um só Corpo místico, no qual: Ele vive
neles, e eles n’Ele.
A alma humana é como um instrumento de música, cujas cordas são os diversos preceitos da
moral evangélica. Estas cordas, por si mesmas não podem dar som algum; é preciso dar-lhes
tensão. Para isso, é necessário apoiá-las e ajustá-las a um sábio mecanismo de cavaletes e
alavancas, que são os dogmas: o temor, a esperança, o amor, o arrependimento, acessos ao
diapasão celeste, pela fé na queda, na Encarnação, na Redenção, no Céu, no inferno, no
juízo. Eis aí o instrumento disposto, e perfeitamente temperado. E, não obstante, ainda
permanece mudo. Falta algo. Que lhe falta, pois? A chave, o arco, isto é: a Graça, os
Sacramentos: o Batismo, a Penitência, a Eucaristia, a Unção suave do Espírito Santo! Então,
somente então, a alma humana produzirá sons divinos... Então vereis e ouvireis milagres de
harmonia! A humanidade, e por ela o mundo, essa miserável humanidade, inteiramente
desmontada e discordante, que estava espalhada em restos, nos quais não se compreendia
nada de sua primitiva grandeza, se permuta nas celestes mãos de Jesus Cristo naquela
famosa Lira de Orfeu da qual nos falou a fábula, cujos milagrosos acentos tinham o poder de
domesticar as feras e mover os bosques. Eis aí como a fábula se tornou realidade, nas divinas
mãos d’Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.
P. Que é a Confirmação?
R. É um Sacramento que nos fortalece na fé, e nos dá o Espírito Santo com todos os seus
dons.
P. Quais são?
R. As seguintes: “Selo-te com o sinal da Cruz, e confirmo-te com o crisma da saúde, em nome
do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
P. Que significa a cruz que o Bispo faz nos que confirma?
R. Fortifica ao cristão para que não tenha medo de confessar a fé em Jesus Cristo: arma-lhe
com a Santa Cruz, tornando-o soldado do Salvador, e conferindo o Espírito Santo.
R. Para que entenda que que melhor sofrer qualquer afronta que abandonar a fé de Cristo.
R. Para que tenhamos quem nos ajude a viver cristãmente e a confessar a fé de Cristo.
R. Sim, contraem no primeiro grau com os que apadrinham, e de segundo com os pais deles.
Os inimigos da fé se acercam de nós e multiplicam seus golpes. Saí das trevas do medo e do
pecado para combater com cossas armas de luz! Valor! Soldados de Cristo, guerra a Luzbel!
Confiai em Deus, em frente!
P. Que é a Penitência?
Graça com que se nos perdoam as culpas passadas e nos preserva das vindouras.
R. Um pesar sobre todos os pesares de ter ofendido a Deus, por ser quem é, com propósito
de confissão e emenda.
R. Que ao que verdadeiramente a tem (caso seja impossível se confessar) são perdoados por
Deus todos os pecados mortais, mesmo que sejam inúmeros, coisa que a atrição não faz.
P. Que é a atrição?
R. Um pesar de ter ofendido a Deus por medo do castigo na outra vida, ou pela feiura do
pecado, com o propósito de confissão e emenda.
R. A fazer um detido exame deles e a dizê-los todos, sem deixar de confessar nenhum.
P. E se na hora da morte se encontrar sem nenhum sacerdote que lhe absolva, há de dizer os
pecados aos leigos?
R. Não, mas é bom diante deles dar mostras de dor e pedir confissão.
P. E se o perigo não dá lugar, e o doente se encontra em pecado mortal, que remédio para
não se condenar?
P. Que é a satisfação?
P. E a medicinal?
A confissão, pois, deve ser inteira, sincera e clara: é inteira quando, depois de um prolixo
exame de consciência, o penitente se acusa, pelo menos, de todos os pecados mortais que se
lembra, junto com o número e as circunstâncias necessárias. A confissão é sincera quando o
penitente se acusa segundo se crê réu diante de Deus, sem calar nada, sem dissimular nada,
sem escusar nada com vãos protestos. Há! Não são poucos os que, conhecendo bem a
espécie, o número e a gravidade de seus pecados, por falsa vergonha, por soberba ou
obcecação e vãos respeitos, ou por inspiração de Satanás, se deixam seduzir; e, contra a voz
de sua consciência, se declaram ao confessor menos culpáveis do que são na realidade
diante de Deus.
R. O pão e o vinho.
R. Jesus Cristo, que, sendo Deus onipotente, pode fazer o que quiser.
R. Sim, porque permanecem os acidentes, que são: cor, odor e sabor, mas sem a substância.
R. Sim, porque Jesus cristo tanto está numa pequena parte da hóstia como na hóstia inteira.
R. Sim, pois Nosso Senhor disse: Se não comerdes da carne do Filho do Homem e não
beberdes seu sangue, não tereis vidas em vós.
R. O desejo da Igreja é que se comungue com frequência, porque este Sacramento sempre
causa muitos bons efeitos nos que o recebem dignamente.
R. Muitos: nos une a Jesus Cristo; alimenta-nos e restaura as forças perdidas da alma;
aumenta a Graça santificante e o fervor da caridade.
R. Nos enche de doçuras espirituais; nos livra de tentações; nos perdoa os pecados veniais e
nos dá auxílios par não cair nos mortais.
R. Não ter comido nem bebido coisa alguma desde a meia noite anterior à Comunhão; a não
ser que se comungue por Viático. [Esta prescrição é antiga. Paulo VI estabeleceu outro
tempo, embora muitos padres incentivem manter três horas de jejum].
P. Aquele que se encontra em pecado mortal, e quer comungar, que deve fazer?
R. Que o cristão deve estar perfeitamente instruído de modo que, antes de receber a
Eucaristia, saiba refletir três coisas: quem vem, a quem vem e para que vem.
R. Eu pecador, etc...
P. Quando o sacerdote tem a Santa Forma na mão, e a apresenta ao povo para que a adore,
que se deve dizer:
R. Três vezes: “Dominus non sum dignus ut intres sub tectum meum... etc..”.
R. Permanecer um bom tempo na Igreja dando graças a Deus, pedindo-lhe graças e rogando
pelos vivos e pelos defuntos.
Nosso Divino Redentor, para manifestar-nos que havia sido escutada pela Trindade
Santíssima a quarta prece da Oração que Ele mesmo ensinou aos seus Apóstolos, instituiu,
na véspera de sua morte, o Sacramento da Eucaristia. Oh!, divina manifestação do Deus de
amor!
Uma alma tem fé; Jesus Eucarístico lhe abre os olhos sobre os mistérios ante os quais
prostrava humildemente sua razão e sem que ela possa todavia compreender, os vê melhor,
se prende a eles e os ama com santa paixão. Então, é quando vemos o pobre mendigo, o
homem sem letras, a filha do povo, cantar com os anjos do Céu hinos tão místicos e sublimes
que eclipsam a ciência dos teólogos.
Meu Jesus!
É o Pão da Vida, porque repara e previne os estragos da morte que nos assedia e excita,
aumentando nosso amor, a atividade fecunda de nossas virtudes.
É o Viático, porque conforta e consola a nossa alma na difícil e triste viagem que conduz a
seu fim.
É a Comunhão, porque nos une a Deus o mais intimamente possível nesta vida transitória,
consuma aqui embaixo, na igualdade e na fraternidade, a unidade do Corpo místico, do qual
nós somos os membros.
É o Pão dos Anjos, porque dá à Igreja da terra o mesmo soberano Bem com que se alimenta
eternamente a Igreja do Céu.
É, por fim, a Eucaristia, isto é: a boa graça, a ação de graças, porque nela se recebe o próprio
Autor da graça, e é sua Pessoa a única coisa digna que podemos oferecer a Deus para dar-lhe
verdadeiras graças por todos os imensos benefícios que nos dispensa.
Ah, leitores! Vos admirais diante das obras mestras das mãos humanas, e não quereis se
separar delas, para não interromper tão grata contemplação; tantas e tais são as sedutoras
belezas que nelas descobris! Que fareis, pois, diante da Obra mestra de Cristo? Escutai-me:
não é uma admiração platônica o que deve causar em vós esta excelsa Maravilha, mas uma
veneração profunda plena de amor e reconhecimento. E não é de pé que deveis render
homenagem, mas de joelhos, e com rosto no pó!, exclamando com lágrimas de gratidão:
Veneremur cernui.
P. Qual é a forma?
P. Qual é o ministro?
R. Com o aumento da graça santificante e por meio de alguns auxílios especiais que Deus dá
ao enfermo.
P. É lícito diferir a Extrema Unção até que o enfermo tenha perdido a consciência a fim de
não o angustiar?
R. Como os eclesiásticos se dispõe para receber este Sacramento, devem ser mais
particularmente instruídos; entretanto, todos os fiéis devem também ser instruídos sobre
ele.
P. Que interesse poderão ter os fiéis em ser instruídos sobre um Sacramento que não
receberão jamais?
R. Esta instrução lhes será muito útil por três razões: Primeira, para fazer-lhes respeitar mais
o Sacramento da Ordem, e aos que estão condecorados com Ele. Segunda, para incliná-los a
tomar parte durante as quatro Têmporas do ano com suas orações e jejuns na ordenação
dos Ministros da Igreja, e para estimulá-los a pedir a Deus que sejam estes Ministros
segundo o desejo do Sagrado Coração. E, terceira, para fortalece-los contra muitas falsas
máximas espalhadas pelo mundo em relação à entrada no estado eclesiástico e às funções
ligadas a ele.
P. Qual é o primeiro?
P. Qual é o segundo?
R. É a maior dignidade sobre a terra. E Jesus Cristo disse que quem ouve aos seus Ministros,
ouve a Ele; e que os despreza, a Ele mesmo despreza.
P. Imprime caráter?
R. O desejo de procurar mais e mais a glória de Deus, e a saúde das almas, e, por isso, deve
ser chamado por Deus o que abraçar tal estado.
Entre todos os Sacramentos, não há nenhum cuja administração seja tão solene como a do
Sacramento da Ordem. A Consagração de um Sacerdote é uma festa onde a Igreja ostenta
todas as riquezas de sua liturgia. Paralelo aos ritos do Sacrifício Eucarístico, marcha o ato
sublime, de onde sai transformado o homem que deve presidir os Santos Mistérios e dar ao
povo cristão as coisas sagradas.
Nenhuma sociedade, que quer viver e viver bem, pode escapar à necessidade de ser
governada por um poder, autor da sua perfeição. Ora, Jesus Cristo, já o dissemos,
criou uma sociedade viva à qual prometeu dias eternos, e, entre os nomes que lhe
deu, há um que não somente supõe a constituição de uma autoridade, senão que nos
revela a forma que deve ter. Jesus Cristo chama sua Igreja de “reino”.
Este reino fora já previsto pelo profeta: “O Senhor, dizia ele, deu ao filho do
homem o poder, a honra e o direito de reinar. Servi-lo-ão todos os povos, todas as
tribos, de todos os lugares e de todas as línguas. O seu poder é um poder eterno que
ninguém poderá tirar-lhe, e o seu reino, um reino imortal que ninguém poderá
corromper”1. Autor da Igreja, cujos elementos escolheu e agregou banhando-os no
rio de vida que flui dos seus membros transpassados e do seu coração violentamente
aberto pelo soldado do Gólgota, Jesus Cristo é o rei natural da sociedade que criou.
Não o rei de um dia, como os monarcas famosos que fundam um império e que,
feridos pela morte, deixam escapar de suas mãos quase inertes a vara do mando,
entregando ao seu sucessor a honra e o encargo de presidir aos destinos de uma obra
em favor da qual já nada podem. A morte do Cristo é o último golpe que dá à sua
obra para a concluir, bem como à consagração solene dos seus direitos; o seu
sepulcro é o berço de uma vida nova, mediante a qual toma eterna posse do real
poder que o profeta lhe prometeu em nome de Deus.
Compreendei bem este mistério, senhores, o Cristo é um rei eterno, é ele
mesmo que governa a sua Igreja. Oculto como misteriosa providência no mundo que
obedece às suas leis, vê numa só ideia todas as províncias do seu vasto reino, conta
os seus vassalos, impõe-lhes a sua vontade, penetra-os da sua graça, reúne-os numa
mesma comunhão de fé e de práticas religiosas, esclarece o seu espírito, dirige os
seus costumes, corrige os seus desvios e preserva-os do erro, sustenta-os nas
perseguições; numa palavra, cumpre a promessa feita à sua Igreja na pessoa dos
seus Apóstolos: “Ecce ego vobiscum sum usque ad consummationem saeculi – Eis
que estou convosco até a consumação dos séculos” (São Mateus, XXVIII, 20).
1
Dedit ei (Deus potestatem et honorem, et regnum, et linguae ipse servient: potestas eius potestas
aeterna, quae non auferetur; et regnum quod corrumpetur. (Daniel, VII, 14)
A imutabilidade e a infalibilidade são coisas muito grandes para que Deus as
prodigalizasse a todos os governos. Reservou-as unicamente para a sua santa
monarquia. É imutável na sua existência, infalível no exercício do seu poder: a Igreja
Católica.
“Quem vos escuta, escuta-me”. Logo, a Igreja tem o direito de ser escutada, como
o Cristo deve ser escutado. Mas, como estabelecer esta paridade, pondo uma Igreja
falível em face de um Cristo infalível?
2
Isaías, VIII, 9.
3
Marcos XVI, 17.
Sendo conferido à Igreja por um ato divino, o privilégio da infalibilidade
explica-se suficientemente pelo admirável acordo do seu procedimento histórico com
a sua afirmação. Mas como se explica o ato divino? Jesus Cristo conferindo a
infalibilidade à sua Igreja, quis conferir-lhe um dom puramente gracioso? Não,
senhores; era um dom necessário, um dom sem o qual o fundador da sociedade cristã
teria procedido como um operário imprevidente.
Quem acreditar será salvo, quem não acreditar será condenado 4, disse o
Salvador, que, deste modo, fez depender a nossa salvação ou eterna desgraça da
nossa fé! Há nada mais grave? Quando se trata de tão alto interesse, não tenho o
direito de exigir da bondade de Deus todas as garantias, para conservar pura a
minha fé? Se se trata de adquirir conhecimentos humanos ou de receber um
conselho que dirija a minha consciência em alguma empresa em que está interessada
a minha fortuna, posso contentar-me com a confiança que me inspira um homem
sábio e honesto. Tenho a esperança de que ele não se engana e não me quer enganar.
E, não sendo assim, a minha desgraça não é irreparável; em todo o caso, não é
eterna. Mas, trata-se das minhas relações com Deus e de saber o que ele quer que eu
creia e pratique, e se o meu destino eterno depende da minha fé e das obras com que
a exprimo, tenho necessidade de uma confiança absoluta naquele que deve instruir-
me. E pois que Deus se oculta para deixar a outros a sua palavra, é de necessidade
que esta palavra proceda de uma autoridade não sujeita a erro. Não, eu não posso
crer que Deus, que é bom e que me dá um tão grande testemunho da sua bondade
em seu Filho Jesus Cristo, imolado pela minha salvação, queira suspender sobre a
minha cabeça a terrível questão de vida ou de morte, sem me dar o meio infalível de
a resolver. Não posso crer que ele encarregasse a Igreja de abençoar o meu berço,
dirigir a minha vida e abrir a minha campa, deixando-me a possibilidade de uma
dúvida legítima sobre a incorruptível retidão da sua ciência e do seu querer. Se eu
pudesse dizer: “Enganar-me-á a Igreja?” não podia trabalhar na minha salvação
com esse temor santo que procede da desconfiança de mim mesmo, mas que é
temperado pela minha confiança absoluta na autoridade que me guia. O terror viria
de vorá, um terror louco, que depressa degeneraria em desespero. Bem o disse eu:
chamar-me, em tais condições, a fazer parte de uma sociedade cristã, seria, da parte
de Cristo, um alto malfazejo, pois que me argumentaria os nossos ônus naturais sem
me dar meio algum de cumprir as obrigações que nos impõe.
4
Mateus XVI, 16.
sobre as causas maiores em que estão empenhadas a fé, os costumes, a salvação da
sociedade cristã.
Fora as definições de fé e moral, assim como leis, para toda a Igreja (veja três
postagens anteriores), o Papa é homem como vós. Todos os dias fere o peito e diz com os
mais humildes cristãos: Peccavi. O respeito da sua alta dignidade, o majestoso isolamento
a que essa dignidade o condena, a constante lembrança de Deus que ele representa, a
necessidade profundamente sentida de unir a autoridade da virtude ao poder do soberano
mando, a unção do sacramento que faz do episcopado o estado dos perfeitos, a graça que
Deus proporciona à sublimidade e à extensão dos seus deveres, tudo tende a preservar o
Vigário de Cristo dessas quedas vergonhosas, e desgraçadamente muito frequentes, nas
quais se revela a extrema miséria da natureza humana. Todavia esse homem, tão grande
e tão protegido, não é impecável. Pode desonrar a tiara e afligir a Igreja com escândalos
tanto mais funestos quanto é certo que parte de um lugar onde não se ouvem senão lições
de santidade. Certamente que a mais vulgar honestidade nos deve inspirar o horror das
calúnias interessadas, inventadas pela heresia e impiedade para desconceituar o soberano
poder da Igreja, mostrando-o nas mãos duma longa série de prevaricadores; certamente
que a piedade filial não nos permite renovar, sob pretexto de sermos fiéis à verdade
histórica, o crime de Cam, publicando sem razão as faltas dos que foram os pais da família
do Cristo; mas, a prudência e a lealdade cristã nos proíbe também essas apologias
exageradas que contestam ou dissimulam fatos incontestáveis, e tendem a provar que a
impecabilidade se assentou com a soberania da cadeira de São Pedro. Houve maus papas,
não tenho nenhuma dificuldade em o confessar, porque o seu pequeno número faz avultar
o grande número dos que foram bons, virtuosos, santos, e as suas faltas convertem-se em
argumento do seu poder divino. As prevaricações dos reis têm muitas vezes arrastado as
monarquias à sua ruina. E a Igreja pôde sofrer prevaricações da parte dos que a governam,
mas nunca as potências do inferno comprometeram a sua indestrutível existência. Se o
Cristo consente por vezes em ser representado por um homem perverso, é para melhor
nos fazer ver como sabe, na corrupção do vício, preservar da corrupção do erro a cabeça
augusta que realiza a unidade da sua obra e preside à vida da sociedade cristã. Nenhum
dos monarcas espirituais que afligiram a Igreja com os seus escândalos lhe ensinou falsos
dogmas ou uma moral pervertida.
Por muito desfigurada que seja pelo pecado, a cabeça da Igreja, divinamente
protegida, conserva, pois, o seu soberano e infalível poder sobre todo o corpo místico do
Cristo. Não digais, senhores, que esta cabeça é monstruosa, e que a sua autoridade
exagerada diminui a autoridade do episcopado e dos Concílios. Sob o governo supremo
do chefe da Igreja, os bispos continuam sendo o que o Espírito Santo quis que fossem:
verdadeiros pastores, destinados a apascentar a governar o rebanho que lhes está confiado;
mandatários diretos de Deus, cujo múnus não se pode destruir; verdadeiros juízes,
chamados a deliberar e pronunciar sentenças em todas as causas que interessam à fé e aos
costumes; colaboradores obrigados e sempre respeitados, do grande rei a que assistem, e
não comissários que arbitrariamente se podem suprir, simples conselheiros cujas ordens
podem suprimir-se. Bem longe de eliminar o episcopado, o papado afirma solenemente a
sua autoridade e os seus direitos, chamando-o em seu auxílio sempre que é necessário
conhecer melhor a verdade, fazê-la resplandecer com mais brilho, impô-la mais
fortemente, fulminar o erro com uma suprema maldição que o marque na fronte com o
sinal de Caim, à vista de todo o mundo, manifestar a poderosa vitalidade da Igreja, para
confundir os lúgubres profetas de Satã que, de tempos a tempos, anunciam a sua morte
próxima5.
Aquele que é a Providência dos passarinhos dos campos, e dos lírios que esmaltam os
prados, quer ser mui particularmente o Deus das famílias numerosas.
A besta humana, quando se separa de Deus, age mais baixo e vergonhosamente que todos
os outros animais.
Com esses artifícios satânicos do aborto, ultrajando a lei de Deus, tortura a consciência de
sua temerosa companheira, se não consegue adormecê-la com infames mentiras, tornando-
a cumplice de sua horrenda iniquidade
A Graça, aperfeiçoando o amor natural, torna-o sábio, paciente, justo, misericordioso, puro,
e fiel aos seus deveres; une tão perfeitamente os corações dos cônjuges, que nada, nem
ninguém, pode os separar.
Muitas infelizes filhas de família não sabem resistir à pressão do que se conhece com o nome
de “conveniências sociais”, e, enganadas com vagas promessas de uma religiosidade
acomodada e sem regras definidas, resignam-se a esta classe de matrimônios mistos, que
aliam sua fé à incredulidade, fantasiando que, por amor, chegarão a conquistar para a Graça
de Deus o rebelde coração de seus esposos. Mas, ah! Não tardam muito em ser castigadas
por ter prestado seu concurso à profanação de um Sacramento e persuadir-se de que sua
união é incompleta.
Sob o império de leis que separam o contrato civil do matrimônio religioso, inclina-se a
considerar o Sacramento como uma bonita formalidade, da qual se poderia prescindir
absolutamente, se não fosse pelo que dirão.
5
Tantum abest ut summi Pontificis potestas officiat ordinariae et immediatae illi episcopali jurisdictionis
potestati, qua Episcopi, qui positi a Spiritu Sancto in apostolorum locum, successerunt, tanquam veri
pastores assignatos sibi greges, singuli singulos, pascnt et regnunt, ut eodem a supremo et universali
Pastore asseratur, roberetur ac vindicetur, secundum illud sancti Gregorii Magni: "Meus honor est honor
universalis Ecclesiae; meus honor est fratrum meorum solidus vigor. Tum ego vere honoratus sum, cum
singulis quibusque honor debitus non negatur." (Concil. Vatic. Consitut. dogmatica, De Ecclesia Christi,
cap. II)
Episcopi in conciliis non consiliarii sunt, non consultores, sed veri judices; atque praeclare a Bellarmino
dictum de conciliis Ecclesiae, concenssum episcoporum esse verum concenssum judicium. (Card. Seglia.
Inst. juris publici praenot., § 35)
Veritas ipsa clarius renitescit et fortius retinctur, si illa quae jam prius fides per Pontificem docuit, et quae
Deus nostro ministerio docuerat etiam fratrum firmantur consensu. (S. Leo. Mag. Epist. ad Theod.)
Preparam-se ao matrimônio, não como para receber um Sacramento, mas como para uma
festa.
A lei divina é sábia, pois é lei de progresso e perfeição; a lei divina é justa, porque castiga
como merecem os que profanaram o matrimônio.
Vós provareis ao mundo, muito mais que com discursos, com livros e com tratados, que o
matrimônio, com seus austeros deveres e suas Graças, é um grande Sacramento:
Sacramentum hoc Magnum est.
Para campanha de divulgação colocar a ideia seguinte: o povo fala em família tradicional, mas
essa vida luxuriosa de hoje não tem nada de tradicional. Tradicional é o modo de viver que fala
este livro.