A busca incessante do homem por suas origens tem contado com o
apoio dos mais diversos ramos da ciência. Nesta verdadeira força-tarefa, a arqueologia ocupa posição de destaque.
Este trabalho tem por objetivo apontar a participação da arqueologia na
formação do entendimento acerca da evolução humana. Não tem a pretensão de esgotar o tema, mas relacionar as principais pesquisas arqueológicas e sua contribuição para desvendar a odisseia humana.
As primeiras contribuições
Como é sabido, a arqueologia foi, em seus primórdios, forjada pelo
trabalho apaixonado de amadores e curiosos. Foram esses homens que tiveram a coragem e ousadia de contrariar as ideias criacionistas, propondo um novo olhar sobre a origem humana.
Em 1655, após estudar algumas pedras curiosamente lascadas, o
francês Isaac de La-Peyrére publicou um livro chamado “Prae-Adamitae”, em que defendia que as pedras que encontrou tinham sido trabalhadas por humanos anteriores a Adão. Não é preciso dizer que a obra causou um grande alvoroço, vindo a ser queimada publicamente em Paris um ano depois.
As pedras estranhamente trabalhadas continuaram a ser descobertas,
bem como, ossos humanos misturados a ossos de animais já extintos. As respostas ousadas, que contrariavam as ideias religiosas dominantes à época, também insistiam a surgir.
Em 1970, o inglês John Frere encontrou artefatos de pedra e ossos de
animais que já não existiam em um mesmo estrato. Concluiu que os artefatos foram fabricados por homens em um passado remoto. Não recebeu a mínima atenção.
Jacques Boucher de Perthes, funcionário aduaneiro francês realizou
escavações em Abbeville, na França, onde encontrou grande quantidade de artefatos em sílex. Passou então a colecionar e catalogar aqueles artefatos que tinham sido visivelmente trabalhados pelo homem. Jacques Boucher de Perthes se convenceu de que seus achados eram a prova da existência de homens primitivos, muito mais antigos do que se imaginava. Em 1838 e 1839 apresentou suas pesquisas a duas sociedades científicas francesas. A rejeição que recebeu não o impediu de publicar os resultados de sua pesquisa em uma obra de cinco volumes.
Todas as pesquisas realizadas no mesmo sentido esbarravam na
concepção que se tinha da pouca antiguidade da Terra, baseada nos escritps bíblicos. Porém, gradualmente foi se percebendo o que as rochas estavam dizendo sobre o planeta. O inglês Charles Lyell foi um dos tradutores das rochas e com sua obra “A prova geológica da antiguidade do homem” revolucionou o entendimento sobre o tema, influenciando um jovem chamado Charles Darwin.
Em 1859, Charles Darwin publica sua obra “A origem das espécies”, em
que apresenta ao mundo sua teoria da seleção natural. Alguns anos depois, em 1863, Thomas H. Huxley publica “O lugar do homem na natureza”, em que trata da questão do desenvolvimento do homem, fazendo comparações entre as anatomias de humanos e macacos.
Estas publicações revolucionárias, aliadas as descobertas de fósseis de
hominíneos pela Europa e na Ilha de Java, Indonésia, fizeram com que a comunidade científica cedesse e começasse a repensar a origem da humanidade. É neste cenário que o século XIX se encerra.
As descobertas na África
Na alvorada do século XX se acreditava que a humanidade teria tido sua
origem na Europa. Porém, os próximos capítulos na corrida em busca do parente humano mais distante provariam que essa ideia estava equivocada.