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DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

AGRAVO DO ARTIGO 557 DO CPC EM AGRAVO DE INSTRUMENTO


Nº 0007838-09.2011.8.19.0000
AGRAVANTE: PETRÓLEO BRASILEIRO S. A. - PETROBRÁS
AGRAVADO: MARCILIO DA COSTA RAMOS
RELATORA: DES. NANCÍ MAHFUZ

Agravo do artigo 557 do CPC em agravo de instrumento. Ação


indenizatória. Projeto GNL E GLP. Impacto ambiental. Município
de Magé-RJ. Decisão da Relatora que negou seguimento ao agravo de
instrumento da ré, ora agravante. Decisão do Juiz que admitiu como
prova emprestada, a prova pericial utilizada nos autos do inquérito
civil público instaurado pelo Ministério Público Federal e não acolheu
a preliminar de inépcia da petição inicial. Alegação da agravante de
que a produção de tal prova viola o princípio do contraditório e da
ampla defesa e que a petição inicial é inepta, em decorrência do alto
grau de abstração e generalidade, dificultando a sua defesa. Rejeição
da preliminar de inépcia da inicial que deve ser mantida, por
atendidos os requisitos do artigo 282 do CPC. Prova pericial produzida
em inquérito civil público, que pode ser aproveitada como documento,
desde que contraposta com os demais elementos dos autos,
Jurisprudência do STJ. Prova importante para a análise das alegações
da parte autora, haja vista ter sido realizada em ação civil pública
proposta pelo MPF para defesa dos pescadores do Município de Magé,
considerando que a agravante nela figurou como um dos réus, sendo o
ora agravado pescador artesanal naquele Município, até porque o Juiz
é o destinatário das provas. Argumentos da agravante que não
merecem prosperar. Mantida a decisão agravada. Recurso não
provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos do agravo


inominado no agravo de instrumento Nº 0007838-09.2011.8.19.0000
em que é agravante PETRÓLEO BRASILEIRO S. A. - PETROBRÁS e
agravado MARCILIO DA COSTA RAMOS.

ACORDAM

Os Desembargadores da Décima Segunda Câmara Cível do


Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, em negar provimento
ao recurso, nos termos do voto da Relatora, por unanimidade.

Assinado em 15/09/2014 16:13:20


NANCI MAHFUZ:000007292 Local: GAB. DES(A). NANCI MAHFUZ
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VOTO

Trata-se de agravo inominado interposto em face da decisão


de fls. 519/522, que negou seguimento ao agravo de instrumento
interposto pela parte ré, ora agravante.

Inconformada, a parte ré, ora agravante, interpôs o presente


recurso às fls. 531/548 pleiteando a reforma da decisão.

Não merece reforma a decisão agravada, pois a decisão


esgotou a matéria, e seus fundamentos merecem ser mantidos.

Constou na decisão:

“Trata-se de agravo de instrumento interposto contra a decisão do


Juízo da 49ª Vara Cível da Comarca da Capital que, em ação de
indenização por perdas e danos cumulada com lucros cessantes,
proposta pelo ora agravado sob a alegação de que é pescador
artesanal e que obra realizada pela PETROBRÁS, ora agravante, no
Projeto GNL e GLP, no Município de Magé, teria paralisado a pesca,
admitiu a prova pericial utilizada nos autos do inquérito civil público
de número 1.30.020.000044/2009-53, como prova emprestada,
pois tendo o fato ocorrido já há algum tempo, qualquer prova técnica
hoje somente poderia ser realizada de forma indireta e não acolheu
a preliminar de inépcia da petição inicial, ao fundamento de que a
petição inicial preencheu todos os requisitos exigidos pelo art. 282
do CPC, ressaltando que está mais do que pacificado na doutrina e
na jurisprudência que o pedido de dano moral pode ser feito de
forma genérica, podendo o mesmo ser arbitrado pelo Juízo.
Alega a agravante que a prova emprestada não pode ser usada,
pois foi produzida em inquérito civil público presidido pelo Ministério
Público, que é um procedimento administrativo de natureza
inquisitorial, prévio e formalmente previsto em lei, que não se
submete aos princípios da ampla defesa e do contraditório,
previstos no inciso LV do artigo 5º da Constituição da República,
acrescentando que não houve nos autos do inquérito civil, bem como
na ação pública culminada, a realização de perícia de qualquer
natureza, tratando-se de meros indícios, não existindo, portanto,
prova emprestada a ser utilizada neste Juízo, tratando-se de ato
inútil para a declaração do direito alegado pelo autor, e que,
ademais, deixou a decisão de observar o disposto nos artigos 125,
12ª Câmara Cível- Agravo do artigo 557 do CPC em agravo de instrumento 0007838-
09.2011.8.19.0000
Relatora Des. NANCÍ MAHFUZ (ECP)
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II c/c 130 do CPC. Sustenta, ainda, a existência de inépcia da


inicial, verificando-se, de plano, a dificuldade manifesta para o
perfeito exercício da defesa em decorrência do alto grau de
abstração e generalidade presente na petição inicial, tendo o
agravado se limitado a uma meia dúzia de afirmações genéricas.
Informações do Juízo às fls. 514/515, informando que a agravante
cumpriu o disposto no art. 526 do CPC e que a decisão foi mantida.
Não foram apresentadas contra-razões.
É o relatório.
Trata-se de agravo de instrumento interposto em face de decisão
que, em ação de indenização proposta pelo ora agravado em face
da ora agravante, por danos sofridos, na qualidade de pescador no
Município de Magé-RJ, em decorrência dos empreendimentos
denominados PROJETO GNL e PROJETO GLP, que trouxeram
imenso impacto ambiental, rejeitou a preliminar de inépcia da inicial
e admitiu o pedido de prova emprestada requerido pelo agravado.
As razões recursais não merecem acolhimento.
Examinando-se, inicialmente, a preliminar de inépcia da inicial, que
se encontra às fls. 21/29 destes autos, verifica-se não assistir
razão à agravante, estando claramente atendidos os requisitos do
art. 282, do CPC, pois especificados o fato e os fundamentos
jurídicos do pedido, além das especificações do pedido, o valor da
causa e as provas pretendidas.
Assim, deve ser mantida a rejeição da preliminar.
No que concerne à prova emprestada requerida pelo agravado,
verifica-se às fls. 42 que, para permitir a formação de uma
conclusão segura do Ministério Público Federal sobre o problema, foi
determinada pelo Procurador da República Lauro Coelho Júnior, fls.
42, a produção de laudo pericial através de dados obtidos
diretamente em Magé por profissional habilitado em antropologia,
sendo um dos itens a confirmação da ocorrência dos fatos da forma
narrada e as soluções propostas para a resolução do problema e
quais medidas aparentam ser suficientes para compensar de
maneira imediata os prejuízos atuais e futuros.
A doutrina somente admite a prova emprestada quando produzida
sob o crivo do contraditório.
Ocorre que a prova emprestada, ainda que produzida no âmbito
administrativo, sem a observância do contraditório e da ampla
defesa, é espécie de prova documental de extrema valia para o
processo, se considerados os princípios da economia e celeridade
processual, evitando-se a repetição de atos já anteriormente
praticados, e, também, a impossibilidade de nova colheita, diante

12ª Câmara Cível- Agravo do artigo 557 do CPC em agravo de instrumento 0007838-
09.2011.8.19.0000
Relatora Des. NANCÍ MAHFUZ (ECP)
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da situação fática e atual, devendo, obviamente, ser contraposta


com os demais elementos dos autos.
Nesse sentido, jurisprudência do STJ:
“PROCESSO CIVIL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – INQUÉRITO CIVIL –
VALOR PROBATÓRIO.
1. O inquérito público é procedimento facultativo que visa colher
elementos probatórios e informações para o ajuizamento de ação
civil pública.
2. As provas colhidas no inquérito têm valor probatório relativo,
porque colhidas sem a observância do contraditório, mas só devem
ser afastadas quando há contraprova de hierarquia superior, ou
seja, produzida sob a vigilância do contraditório.
3. A prova colhida inquisitorialmente não se afasta por mera
negativa, cabendo ao juiz, no seu livre convencimento, sopesá-la,
observando as regras processuais pertinentes à distribuição do
ônus da prova.
4. Recurso especial provido.
5. (REsp 849841/mg, Rel. Ministra ELIANA CALMON,
SEGUNDA TURMA, julgado em 28/08/2007, DJ 11/09/2007 p.
216).”
Além do mais, trata-se de prova realizada em ação civil pública
proposta pelo Ministério Público Federal destinada a resguardar os
direitos fundamentais dos pescadores artesanais da Praia de Mauá
e adjacências, localizada no Município de Magé-RJ, condição
comprovada pelo ora agravado, na qual figura como um dos réus a
ora agravante, sendo incontestável a importância desta prova
documental para auxiliar a análise a ser realizada pelo Juiz
monocrático, principalmente em relação aos danos alegados pelo
agravado.”

Nada há a acrescentar.

Assim, a decisão agravada não merece reforma.

Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao agravo


do artigo 557 do CPC.

Rio de Janeiro, 10 de junho de 2014.

Des. NANCÍ MAHFUZ


Relatora
12ª Câmara Cível- Agravo do artigo 557 do CPC em agravo de instrumento 0007838-
09.2011.8.19.0000
Relatora Des. NANCÍ MAHFUZ (ECP)

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