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Informação turística e marketing

Módulo 1 – O fenómeno turístico

Módulo 1

O FENÓMENO TURÍSTICO

Curso Profissional: Técnico/a de Receção

Disciplina: Informação turística e marketing

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Informação turística e marketing

Módulo 1 – O fenómeno turístico

ÍNDICE

Apresentação e objetivos……………………………………………………………………………………………….2

1. Conceitos e Noções Básicas de Turismo…………………………………………………………………….…3


1.1. Conceito de Turismo…………………………………………………………………………………….…3
1.2. Turista e Excursionista………………………………………………………………………………….…4
1.3. Classificações de Turismo………………………………………………………………………………5
1.4. Aproximação Sistémica do Turismo…………………………………………………………….…10
2. Tipologias de Turismo……………………………………………………………………………………………..…14
2.1. Turismo de Recreio…………………………………………………………………………………….…15
2.2. Turismo de Repouso……………………………………………………………………………………..15
2.3. Turismo Cultural……………………………………………………………………………………………15
2.4. Turismo Desportivo………………………………………………………………………………………16
2.5. Turismo de Negócios…………………………………………………………………………………….16
2.6. Turismo Político…………………………………………………………………………………………….17
2.7. Turismo Étnico e de Caráter Social……………………………………………………………..…17
3. O Turismo no Mundo…………………………………………………………………………………………………..18
3.1. Evolução do Turismo e suas Características………………………………………………..…18
4. Os Impactos do Turismo…………………………………………………………………………………………..…24
4.1. Impactos Económicos……………………………………………………………………………………24
4.2. Impactos Sócio Culturais…………………………………………………………………………….…25
4.3. Impactos Ambientais…………………………………………………………………………………..…
33

Bibliografia……………………………………………………………………………………………………………………..3
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Apresentação

Este módulo representa a primeira abordagem ao fenómeno turístico, naquilo que se refere a
conceitos básicos e estruturantes de toda a atividade, desde a definição de turista, o objeto
central de trabalho na atividade turística, até conceitos mais complexos e que ajudam a

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compreender e a perspetivar o fenómeno das deslocações. Pretende-se ainda evidenciar os


diferentes impactos derivados da atividade turística.

Objetivos de Aprendizagem

 Reconhecer o conceito de turismo


 Identificar e diferenciar turista de excursionista
 Reconhecer e classificar as diferentes tipologias de turismo
 Compreender os impactos do turismo

1. Conceitos e Noções Básicas de Turismo

1.1. Conceito de Turismo

Turismo pode ser estudado e apresentado segundo diferentes abordagens, pois é um


fenómeno se encontra em constante evolução. Uma das abordagens mais usuais consiste em
apresentar o conceito com base na Procura e na Oferta.

Assim, baseado na Procura, o Turismo é:


 uma atividade relacionada com a deslocação de pessoas para fora das suas áreas
habituais de residência e trabalho, desde que essas mesmas deslocações não se
venham a traduzir em permanência definitiva na área visitada, as atividades realizadas
durante a estada e as facilidades criadas para acolher e entreter os turistas.

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Baseado da Oferta, o Turismo é:


 Composto por um agregado de atividades de negócios que direta ou indiretamente
fornecem bens ou serviços que suportam as atividades de lazer e negócio realizadas
pelas pessoas fora dos locais de residência habitual.

Vários estudos elaborados ao longo dos últimos anos sobre o turismo determinaram diversas
definições, mas segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT):

“ Conjunto de atividade desenvolvidas por pessoas durante as viagens em locais situados fora
do seu ambiente habitual por um período consecutivo que não ultrapasse um ano, por motivos
de lazer, de negócios e outros”

Analisando esta definição podemos concluir que esta atividade implica:


• A realização de atividade por parte de visitantes que saem fora do seu ambiente
habitual. Com exclusão da rotina normal de trabalho e das práticas sociais;
• Estas atividades implicam a viagem e, normalmente, algum meio de transporte para o
destino;
• O destino é o espaço de concentração das facilidades que suportam aquelas atividades.

1.2. Turista e Excursionista

A expressão turista é relativamente recente. Começou a ser utilizada no início do século XIX
para designar aqueles que “viajavam por prazer”. Mas, atualmente, a expressão turista tem um
sentido muito mais amplo.

A definição de turista ou de turismo não tem sido tarefa fácil nem pacífica em virtude da

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dificuldade em enquadrar no mesmo conceito realidades, por vezes, muito distintas mas com
pontos comuns inseparáveis e gerando fenómenos semelhantes mas nem sempre produzindo
resultados iguais. Surge aqui uma distinção importante. A distinção entre visitante e turista, que
habitualmente se confundem, mas que têm uma diferença essencial.

Os visitantes são todos os que chegam às fronteiras e, por isso, é habitual falar em
«chegadas», mas só são turistas os que permanecem mais de 24 horas.

A diferença entre eles não é meramente estatística: os excursionistas, que adicionados aos
turistas constituem o grupo de visitantes, não se utilizam dos alojamentos e limitam as suas
visitas à proximidade das fronteiras.

Pela definição das Nações Unidas, que é a normalmente seguida internacionalmente, verifica-se
facilmente que ela comporta os seguintes elementos na definição de turista:
 A deslocação de uma pessoa de um país para outro diferente daquele em que tem a
residência habitual;
 Um motivo ou uma razão de viagem que não implique o exercício de uma profissão
remunerada;
 Uma permanência no país visitado superior a 24 horas;
 A adoção do conceito de residência por contraposição ao da nacionalidade.

Chegados a este ponto é possível assentar nos seguintes conceitos de acordo com a definição
da ONU:
 Visitante – Pessoa que se desloca temporariamente para fora da sua residência
habitual, quer seja no seu próprio país ou no estrangeiro, por uma razão que não seja a
de aí exercer uma profissão remunerada.
 Turista - Visitante temporário que permanece no local visitado mais de 24 horas.
 Excursionista - Visitante temporário que permanece menos de 24 horas fora da sua

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residência habitual.

1.3. Classificações de Turismo

Deste modo, podem ter-se as seguintes classificações:

a) Segundo a origem dos visitantes


Atendendo ao facto de se atravessar ou não uma fronteira o turismo subdividir-se-á, de acordo
com as classificações metodológicas adotadas pela OMT e pelo Eurostat, em:

As três formas básicas podem ser combinadas de vários modos, resultando dessas combinações
as seguintes categorias de turismo:
• Turismo interior que abrange o turismo realizado dentro das fronteiras de um país e
compreende o turismo doméstico e o recetor;
• Turismo nacional que se refere aos movimentos dos residentes de um dado país e
compreende o turismo doméstico e o turismo emissor;
• Turismo internacional que, por abranger unicamente as deslocações que obrigam a
atravessar uma fronteira, consiste no turismo recetor adicionado do emissor.

Embora as referências ao turismo evidenciem, normalmente, o turismo internacional e, quase


sempre, seja este que vem à mente quando se fala em turismo, o facto é que os movimentos
turísticos no interior de cada país são, regra geral, de dimensão superior aos fluxos
internacionais.

Na atualidade, estima-se que o turismo internacional pouco ultrapasse as mil milhões de


chegadas de estrangeiros, aos países de todo o mundo, enquanto que a nível interno ou
números ultrapassam as 6.000 milhões de chegadas, ou seja, seis vezes mais. No entanto,

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pelos diferentes efeitos económicos que provoca, é, geralmente, dada maior ênfase e
importância ao turismo internacional.

De salientar que a expressão turismo abrange tanto o doméstico como o internacional.

b) Segundo a duração da permanência:


 Turismo de Passagem – Turismo itinerante caracterizado por um número reduzido de
noites (estada curta).
 Turismo de Permanência – A estada realiza-se no destino final da viagem e tem
maior duração.

Quer no turismo de passagem, quer no de permanência, o objetivo é atrair o maior número de


turistas pelo maior tempo possível. Para tal, os destinos têm que ser atrativos e criar condições
para que os turistas passem mais de uma noite.

A duração da permanência depende de:


• Duração das férias;
• País de origem;
• Objetivo da viagem;
• Condições existentes no local visitado (condições naturais, investimentos realizados,
capacidade criativa, ...);
• Motivações.

A capacidade de atração e retenção de uma região depende de muitos fatores, uns ligados às
condições naturais existentes (paisagem, fauna, flora, praias, termas, neve, …), outros aos
investimentos realizados (infraestruturas, alojamento, animação, parques de atração, …) e
outros, ainda, à capacidade criativa (demonstrações culturais, informações sobre a zona,
organização de atividades para entretenimento e ocupação de tempos livres).

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c) Segundo as repercussões na balança de pagamentos

As entradas de visitantes estrangeiros contribuem para a balança de pagamentos de um


país, na medida em que têm um efeito passivo sobre aquela balança por provocarem uma
saída de divisas, divide-se em:
 Turismo de Exportação – Venda de bens e serviços turísticos a turistas
estrangeiros (entrada de divisas externas). “Incoming”.
 Turismo de Importação – Os turistas saem para o estrangeiro e levam para lá
dinheiro nacional. “Outgoing”.

d) Segundo a organização da viagem

O turismo, interno ou internacional, de acordo com a forma como é organizada a viagem, pode
ser dividido em turismo individual e turismo coletivo ou de grupo.

Turismo Individual realiza-se quando alguém faz uma viagem cujo programa é fixado pelo
viajante, podendo modificá-lo livremente, com ou sem intervenção de uma entidade
distribuidora de viagens.

Turismo Coletivo/ de Grupo acontece quando uma agência de viagens ou operador turístico
oferece, contra o pagamento que cobre a totalidade do programa oferecido, a participação
numa viagem para um destino segundo um programa previamente fixado para todo o grupo.

São elementos deste tipo de viagem:


 organização prévia;
 oferta de um conjunto de prestações;
 preço fixo.

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As componentes da viagem são determinadas antes da sua oferta ao público integrando:


 um destino;
 meio de transporte;
 viagem de ida e volta;
 transfers dos pontos de chegada para o respetivo meio de alojamento e vice-versa;
 alojamento;
 alimentação;
 distrações e ocupação dos tempos livres;
 seguros;
 outras prestações particulares.

O turismo começou por ser fundamentalmente individual mas, sobretudo a partir da década de
sessenta, com o aparecimento dos voos fretados (charter flights), o acesso às viagens pela
generalidade das populações e a intervenção de organizações empresariais de grande
dimensão, as viagens organizadas passaram a ganhar cada vez maior importância.

e) Segundo a qualidade e caracterização socioeconómica

As disponibilidades económicas dos turistas podem ser responsáveis por uma procura diferente
dos locais de turismo, embora se tenha pleno conhecimento de que as condições económicas já
foram um condicionalismo mais limitativo do que o é na atualidade. No entanto continua a
fazer-se a seguinte divisão:
 Turismo de Minorias – Turismo individual ou formado por pequenos grupos
caracterizando-se por um princípio de seleção económica ou cultural.
 Turismo de Massas – Realizado por pessoas com menor nível de rendimentos,
viajando, na maioria, em grupos. O turismo de massas é mais barato porque se atingem
economias de escala.

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f) Segundo a natureza dos meios de viagem utilizados


 Turismo Terrestre – automóvel, autocarro ou comboio;
 Turismo Náutico – Barco, navios de cruzeiro;
 Turismo Aéreo – Avião;

A maioria dos turistas desloca-se de automóvel ou avião, embora as deslocações de comboio ou


barco também estejam a crescer em algumas viagens.

g) Segundo o grau de liberdade administrativa


Este critério resulta da diferenciação entre turismo dirigido e turismo livre, segundo as
regulamentações existentes nos países, quer emissores, quer recetores, quando limitam a
liberdade das deslocações de turistas ou lhes concedam inteira liberdade de movimentos.

Os países emissores, em situações de dificuldade das respetivas balanças de pagamentos ou


por razões políticas, podem limitar as saídas dos seus nacionais por vários meios: limitações na
aquisição de divisas; lançamento de impostos; obrigação de constituição prévia à saída, do
depósito de uma certa quantia de dinheiro; obrigação de vistos; restrições na concessão de
passaportes, etc.

Também os países recetores limitam, por vezes, sobretudo por razões políticas, as entradas de
estrangeiros ou as suas deslocações no interior do país. Há países que impedem as visitas a
certas localidades e, outros, que condicionam a passagem de visto, ou mesmo das entradas,
através de pesados procedimentos administrativos e, outras vezes, não permitem a entrada de
nacionais de países com os quais não mantêm relações diplomáticas.

No entanto, pelo reconhecimento da importância do turismo para a economia de cada país e


pelo facto de os turistas se revelarem extremamente sensíveis a todo o tipo de limitações,
assiste-se, cada vez mais, a um abrandamento dos condicionamentos às deslocações turísticas.

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1.4. Aproximação Sistémica do Turismo

As abordagens sobre o turismo podem ser muito diversas, como por exemplo:
a) meio de fuga da rotina diária e ocupação de tempos livres, tempo de lazer e de recreio;
b) fator de ocupação de espaço com implicações sociais, culturais e ambientais;
c) forma de gerar riqueza, aumentado oportunidades de emprego.

No entanto, e olhando para estas perspetivas, ambas respeitam apenas uma parcela da
atividade turística; são visões fragmentadas. De uma forma simples, pode-se dizer que a
atividade turística é um fenómeno que começa na deslocação de pessoas, com consequências
ambientais, sociais, culturais e económicas. Assim sendo, é necessário fazer-se uma
abordagem a todas estas componentes através de uma visão do turismo enquanto sistema.

Noção de Sistema
Interessa antes de mais saber o que se entende pela palavra “sistema”. Está-se perante um
termo que se aplica às mais diversas disciplinas (ex. sistema económico, sistema social, etc);
pode definir-se sistema como “conjunto de elementos inter-relacionados, coordenados de
forma unificada e organizada, para alcançar determinados objetivos”. Existe num sistema uma
forte relação entre os seus vários elementos, de forma que a modificação de um elemento
trará implicações a nível geral.

Analisando o turismo como sistema, chega-se à conclusão de que é uma atividade formada
por um conjunto de elementos que estabelecem conexões interdependentes entre si de caráter
funcional e espacial – de uma forma simples, tem-se as zonas de proveniência dos visitantes
(emissoras), as zonas de destino (recetoras), as rotas de trânsito e todas as atividades que
produzem os bens e serviços turísticos (atividade turística). Este conjunto é também
constituído por vários elementos que formam as estruturas internas do sistema (subsistemas).

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As zonas emissoras causam os fluxos turísticos, que são constituídos por pessoas que, nas suas
deslocações são influenciados por diversos fatores: rendimentos, condições de vida, tempo
livre, nível cultural, categoria social, etc. Nestas regiões, os fluxos desenvolvem-se em função
de uma diversidade de preceitos que influenciam e controlam a emissão turística: empresas de
transporte, agências de viagens, organismos de promoção e informação e outros.

Entre zonas emissoras e recetoras, os fluxos turísticos criam ligações, pela utilização de
transportes e estabelecimentos de restauração e de alojamento por parte dos turistas. Nas
regiões que os recebem, os turistas provocam também impactos de natureza sociocultural,
ambiental e económica – estes impactos vão fazer as autoridades estabelecer politicas e ações.

A emissão e receção de turistas são o resultado das relações entre os elementos que
constituem os sistemas emissores e recetores que formam subsistemas do turismo – “ a
relação turística é um sistema de sistemas” (Lainé, 1980).

A partir da identificação das componentes essenciais do turismo pode-se considerar que o


sistema funcional do turismo, ou seja, o conjunto dos elementos que determinam o
funcionamento do turismo e determinam o seu desenvolvimento, assenta na oferta e na
procura:

Características do Sistema Turístico:

- humano, espacial e temporal;


- aberto, que recebe influências de outros sistemas (ex. sistemas
Turismo é um económico e educacional)
sistema…
- caracterizado por conflitos e cooperações internas e externas;

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- composto por vários subsistemas;


- com perda de controlo e coordenação em vários dos seus
elementos constitutivos.

Componentes de um Sistema Turístico


Vista que está a complexidade e diversidade das inter-relações que se estabelecem no Sistema
Turístico, passa-se agora a conhecer as suas componentes:

 Procura Turística – constitui o sujeito de todo o sistema, tem origem no subsistema


constituído pelas zonas emissoras;
 Oferta Turística – constitui o objeto do qual fazem parte os centros recetores (os
destinos), os meios de deslocação que ligam procura à oferta (transportes), as
entidades que produzem bens e serviços (empresas), as entidades que garantem os
mecanismos de funcionamento e administração (as organizações) e os meios que
orientam e influenciam a procura (a promoção);
 Destinos – constituídos pelas localidades turísticas que dispõem de infraestruturas e
atrações capazes de ocasionarem a deslocação das pessoas;
 Transportes – garantem a ligação entre a residência e o destino; constituem um
subsistema complexo que integra as vias e meios de transporte, instalações dos locais
de partida e chegada e a organização dos mesmos.
 Informação e Promoção: conjunto de atividades, iniciativas e ações influenciam as
pessoas a tomar decisões sobre as suas deslocações e lhes transmitem conhecimentos
sobre as mesmas;
 Empresas e Serviços Turísticos: correspondem à prestação de alojamento,
alimentação, distribuição, diversões, animação e outros serviços usufruídos pelos
turistas.

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 Organizações: tem responsabilidade ao nível de garantir o funcionamento do sistema;


são formadas pelos serviços do Estado, autarquias, organismos públicos locais e
associações empresariais e profissionais.

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2. Tipologias de Turismo

A identificação dos tipos de turismo resulta das motivações e das intenções dos viajantes,
podendo selecionar-se uma enorme variedade, dada a grande diversidade dos motivos que
levam as pessoas a viajar.

Embora as razões que levam os homens a viajar sejam extremamente variadas e, muitas vezes,
se misturem na mesma pessoa, é possível distinguir certos tipos de turismo e agrupando por
afinidades os motivos de viagens, podem destacar-se os tipos a seguir:

2.1. Turismo de Recreio

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Praticado pelas pessoas que viajam para “mudar de ares”, por curiosidade, ver coisas novas,
desfrutar de novas paisagens, das atrações que oferecem os destinos turísticos.

Este tipo de turismo é peculiarmente heterogéneo porque a simples noção de prazer muda
conforme os desejos, o cunho, o caráter ou o meio em que cada pessoa vive.

2.2. Turismo de Repouso

Os viajantes pretendem obter um relaxamento físico e mental, um benefício para a saúde, o


recobro de uma cirurgia ou de uma doença ou a recuperação física ou emocional do desgaste
provocado pela agitação da vida moderna e intensidade do trabalho.

2.3. Turismo Cultural

Alguns autores estabelecem uma diferença entre «turismo cultural» e «turismo histórico»,
reservando o primeiro para as relações das pessoas com os estilos de vida old style e, o
segundo, para as atrações provocadas pelas “glórias do passado”.

Dada a impossibilidade de separar a cultura da história, incluem-se no turismo cultural, as


viagens provocadas pela motivação de ver coisas novas, de aumentar os conhecimentos,
conhecer a vida e os hábitos doutros povos, civilizações e culturas diferentes, do passado e do
presente, ou ainda a satisfação de necessidades espirituais (religião), participar em
manifestações artísticas e as viagens de estudo ou para aprender línguas estrangeiras.

Incluem-se neste grupo as deslocações organizadas pelas empresas para os seus


colaboradores, como prémio ou para participarem em reuniões ou encontros com outros que
trabalham em locais ou países diferentes: as chamadas «viagens de incentivo».

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Os centros culturais, os grandes museus, os locais onde se desenvolveram no passado as


grandes civilização do mundo, os monumentos, os grandes centros de peregrinação ou os
fenómenos naturais ou geográficos constituem a preferência destes turistas.

2.4. Turismo Desportivo

Estas deslocações são justificadas pela participação num evento desportivo. A motivação pode
ser ativa (participar num evento) ou passiva (assistir ao evento), mediante a atuação do turista.

Atualmente, a preferência pelas férias ativas assume uma importância crescente, o que obriga a
que os centros turísticos se equipem com meios adequados à prática desportiva.

2.5. Turismo de Negócios

As profissões e os negócios têm como consequência movimentos turísticos importantes e de


grande significado económico. Atualmente já se utiliza um termo especifico para designar este
conjunto de motivações, identificando-se um segmento MICE – Meetings, Incentives,
Congresses and Exhibitions ou RICE - Reuniões, Viagens de Incentivos, Congressos, Feiras e
Exibições).

Este tipo de turismo assume um elevado significado para os destinos visitados na medida em
que, por norma, as viagens são organizadas fora das épocas de férias, chamada época alta, e
pagas pela empresa, ou pela instituição a que os viajantes pertencem. Estes turistas possuem
elevado poder de compra, o que torna este tipo de turismo muito benéfico para a economia das
empresas turística e para os destinos.

2.6. Turismo Político

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Justificado pela participação em acontecimentos ou reuniões de caráter marcadamente político.


Representam um fluxo significativo de pessoas, já que por razões de promoção mediática estes
encontros trazem comitivas grandes de jornalistas e assessores dos políticos.

Tem características e efeitos semelhantes ao turismo de negócios e exige condições idênticas,


obrigatoriamente aumentadas de uma organização mais cuidada por razões diplomáticas, de
protocolo e de segurança.

2.7. Turismo Étnico e de Caráter Social

Viagens realizadas para visitar amigos, familiares e organizações, para participar na vida em
comum com as populações locais, as viagens realizadas por razões de prestígio social.

Alguns autores defendem a inclusão das visitas que os emigrantes fazem ao país de origem e
outros as viagens que têm por fim observar as expressões culturais ou modos de vida dos
“povos exóticos”, incluindo as visitas às casas dos nativos, observação de danças e cerimónias
bem como a possibilidade de assistir aos rituais religiosos ou culturais.

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3. O Turismo no Mundo

3.1. Evolução do Turismo e suas Características

Embora o turismo, tal como o definimos atualmente se tenha iniciado na segunda metade do
século XIX, constitui um fenómeno típico do século XX, especialmente se o considerarmos como
atividade económica e social.

O progresso deste século permitiu a democratização do acesso às viagens e o consequente


desenvolvimento de uma vasta rede de equipamentos destinados a apoiar o crescimento
sustentável desta indústria.

Considera-se ainda que o desejo de conhecer outros povos e estabelecer relações com outras
civilizações foi sempre uma constante na história do Homem, por motivos religiosos, políticos,
comerciais, de expansão territorial ou simples curiosidade, assim, a história do Homem está
profundamente ligada às deslocações e às viagens.

Do Século II a.C. ao Século XV d.C.


Os Gregos e Romanos, por serem grandes comerciantes viajam muito. Até ao início do século
XIX, o termo “turismo” não fazia sequer parte do vocabulário, contudo estas deslocações foram
a primeira forma de turismo.

As viagens eram, até esta época, difíceis e arriscadas, uma vez que as estradas se encontravam
em mau estado, os meios de transporte eram inadequados e existiam muitos perigos,
nomeadamente de cruzadas.

Na Antiguidade Clássica, os gregos faziam viagens para assistir, participar e usufruírem de


espetáculos culturais, cursos, festivais e jogos que eram uma prova do seu destaque perante as
outras categorias sociais.

A partir do século VI, começaram a ser registadas as peregrinações e viagens a Jerusalém e, no


séc. IX, foi descoberto o túmulo de Santiago de Compostela, em Espanha.

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As atividades comerciais na Idade Média eram constituídas em sua grande maioria pelas feiras,
que formavam verdadeira espécie de comércio internacional. Além do comércio, traziam junto
de si a cultura e política dos povos, tanto europeus como do Oriente.

Durante todo o século XIII e XIV, o que chamava a atenção dos habitantes eram os eventos,
visto que, no período de realização dos mesmos, as estalagens, pousadas e outros meios de
hospedagem ficavam lotados, gerando grande movimentação económica. Muitos, sem interesse
de realizar comércio, aproveitavam as feiras para passeio e como forma de descontração.

Do século XVI ao XVIII d.C.


A segunda metade do século XV e todo o século XVI é marcado pelo considerável aumento das
viagens particulares. Essas viagens tinham como objetivo a acumulação de conhecimento,
cultura, línguas e aventuras.

A partir de meados do século XVIII, produzem-se grandes mudanças, tanto do ponto de vista
tecnológico, como do económico, social e cultural que introduzem alterações significativas no
setor das viagens. É nesta época que se popularizam as viagens de recreio como forma de
aumentar os conhecimentos, procurar novos encontros e experiências.

Na segunda metade do século XVIII, algumas pessoas viajava por toda a Europa e realizavam
estadas de longa duração. Os diplomatas, estudantes e membros das famílias ricas inglesas
faziam a Grand Tour, viajando por Paris, Florença, Roma, Veneza, Alemanha, Suíça e
mediterrâneo.

Com a Grand Tour, nasce o conceito de turismo e, pela primeira vez, começam a designar-se as
pessoas que viajam por turistas, embora não se desenvolvesse da forma como o turismo é
conhecido atualmente.

Nesta altura, multiplicam-se os guias turísticos que fornecem informações e conselhos aos
viajantes. O vasto movimento dos ingleses para o continente europeu começou a influenciar o
desenvolvimento dos transportes, da hotelaria e da restauração.

Ainda no século XVIII ocorreu a “revolução termal”, quando a medicina comprova o valor da
água para a saúde. Nessa época houve uma intensa codificação de toda atividade lúdica e de

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recreação. Os jogos de sorte e azar ganham espaço cada vez maior na sociedade, conseguindo,
por fim, apoio estatal ao ter a sua legalização. Com a legalidade dos jogos de fortuna e azar
nascem os casinos.

Do século XIX ao séc. XX


O século XIX, marcado por um período de intensas transformações na economia, política e
sociedade em si, veio a representar para o turismo um verdadeiro avanço. Nesta época surge o
conceito formal de turista.

A melhoria na construção e manutenção das estradas, o desenvolvimento da ciência, a


revolução industrial, o aumento das trocas comerciais, o progresso nos transportes e a
generalização da publicação de jornais dão um novo impulso às viagens. Por volta de 1830,
surgem na Suíça os primeiros hotéis, que começam a tomar o lugar dos albergues e das
hospedarias.

Em 1841, nasce o turismo organizado com Thomas Cook. As suas iniciativas de criar viagens
organizadas marcaram uma das mais importantes etapas na história do turismo e estão na
origem do turismo moderno. Atualmente, a agência por ele criada continua a ser uma das
maiores organizações turísticas do mundo.

Também em Portugal nascem as primeiras agências de viagem, nomeadamente a Agência


Abreu, criada em 1840. Ao longo do século XIX, diversas foram as viagens realizadas, sempre
em busca de cultura e recreio, e os europeus passaram a visitar novos destinos. Observa-se,
neste período, um suave processo de democratização do turismo, ou seja, as viagens tornaram-
se mais acessíveis para o segmento da classe média da população.

Os comboios eram sinónimo de rapidez e elemento facilitador da atividade turística. Os navios


exerciam verdadeira atração sobre a população. Surge a classe média, com salários melhores e
maior possibilidade de gastos com entretenimento.

Na primeira década do século XX as inovações e transformações alteraram profundamente os


modos de vida, com a descoberta do telégrafo e do telefone, o alargamento da rede de
caminhos de ferro, a extensão das redes de estradas e o grande desenvolvimento industrial,

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associado à racionalização do trabalho e às reivindicações sindicais. O tempo de trabalho


diminui e alcança-se o direito ao repouso semanal, pelo que o conceito de lazer surge como
uma nova noção.

O turismo transforma-se num fenómeno da sociedade, influencia o comportamento das pessoas


e começa a alcançar uma importante dimensão económica. O reconhecimento da importância
do turismo leva à criação de diversas instituições governamentais com o objetivo de o promover
e organizar.

Entretanto, o avião e o automóvel fazem a sua entrada no mundo das viagens, embora de
utilização reservada às elites. Estavam, assim, criadas as condições para a universalização do
turismo e para o seu crescimento como atividade económica. Surgem, também, as primeiras
estruturas de turismo.

Contudo, a II Grande Guerra representou nova estagnação para o turismo mundial. Toda a
atividade turística foi paralisada em função da guerra, uma vez que a Europa, o maior centro do
turismo até então, era o palco principal das hostilidades. Durante este período, o turismo
praticamente desapareceu. Durante a guerra e o período de recuperação económica que lhe
seguiu, o turismo sofreu grandes dificuldades.

Depois, entre 1945 e 1973, o progresso científico e técnico levou a um desenvolvimento


económico e atinge-se a estabilidade política internacional.

Ao nível do turismo, identificam-se as seguintes alterações:


 Aumento do tempo livre (decorrente da diminuição do tempo de trabalho semanal e da
generalização das férias pagas);
 Aumento do rendimento disponível, que facilita a compra de viagens (adoção de
medidas sociais, como reformas, subsídios à família, pagamento de despesas com
doenças);
 Mudança das motivações, já que as pessoas passam a ter necessidade de compensar os
desequilíbrios psicológicos ligados à vida profissional através da evasão ao meio.

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Na década de 60 surgiram as primeiras operadoras turísticas, com pacotes partindo do norte


europeu, para a costa do Mediterrâneo. Na década de 70, a preocupação com o meio ambiente
tornou-se evidente, sendo necessário o cuidado e a preservação dos recursos naturais.

Os poderes públicos passaram a compreender o turismo não apenas numa perspetiva


económica, mas especialmente numa perspetiva social, política, ecológica, cultural e educativa.
Isto é, passa a ser entendido como uma forma de responder às necessidades humanas e
encetaram políticas de desenvolvimento de equipamentos e promoção do turismo dos nacionais
no interior dos seus territórios.

Foi assim que na segunda metade do século XX, a atividade turística se expandiu pelo mundo
inteiro e o número de agências de viagens aumentou consideravelmente.

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4. Os Impactos do Turismo

4.1. Impactos Económicos

Os principais impactos económicos do turismo centram-se em quatro aspetos:


a) Ganhos em moeda estrangeira;
b) Contribuição para as receitas do Estado;
c) Criação de emprego e rendimentos;
d) Contribuição para o desenvolvimento regional.

Ganhos em Moeda Estrangeira


Estes ganhos resultam das receitas obtidas através da venda de bens e serviços aos visitantes
não residentes no país de acolhimento.

Estas receitas podem ser realizadas em moeda forte, universalmente aceite e sem restrição de
câmbios ou em moeda fraca a qual por vezes é objeto de transferências condicionadas, não
contando com aceitação universal.

Pertencem ao 1º grupo os países desenvolvidos sob o ponto de vista económico como os


Estados Unidos e são as mais utilizadas no comércio internacional.

Contribuição para as Receitas do Estado


Os rendimentos do Estado provenientes do turismo podem-se classificar em dois grandes
grupos:
 Diretos
 Indiretos

Em alguns países, onde o Turismo tem um peso considerável como rendimento do Estado não
se efetuam contribuições diretas. Empresas e trabalhadores não são sujeitos a impostos. As
receitas são geradas de forma indireta através de taxas sobre bens e serviços.

Criação de Emprego e Rendimento


O emprego gerado pelo turismo pode ser direto ou indireto.
 Direto pode ser definido como um emprego criado especificamente pela necessidade de
satisfazer o setor turístico. Um exemplo óbvio desta situação é a criação de um emprego
num hotel.

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Módulo 1 – O fenómeno turístico

 Indireto é o caso do referido hotel poder socorrer-se de outras empresas que explorem
o setor da lavandaria ou dos transportes (táxis) o que representará a criação de postos
de trabalho de forma indireta.

4.2. Impactos Sócio Culturais

O Turismo é, sem dúvida, um agente de mudança, o que também se aplica aos aspetos
socioculturais.

Os turistas permanecem no país recetor por pouco tempo trazem consigo os seus valores e
expectativas.

Os turistas, sobretudo os que praticam um turismo de massas, viajam protegidos por uma
“bolha ecológica” (ecological bubble) – uma infraestrutura de facilidades baseada em standards
europeus que são criados até nos países mais pobres, que recria o meio ambiente e os
costumes do país de origem. Em muitos países estes turistas não demonstram sensibilidade
para com os habitantes locais, nem para com a sua cultura. Ofendem sem disso ter consciência.

Qualquer país que recebe grande número de turistas acaba por se confrontar com uma reação
a esta situação.

A reação pode assumir um de dois aspetos:


 Rejeição;
 Aceitação (também designada por efeito de demonstração);

Em ambos os casos torna-se problemático, o que levanta algumas questões:


 Os turistas desconhecem usos, costumes e tradições locais (sobretudo os turistas de
massas);
 Os turistas produzem transformações no comportamento da população local, levando
ao desaparecimento de comportamentos e hábitos seculares;
 Os turistas permanecem num local, por algum tempo, aproveitando os seus lazeres,
enquanto o residente não tem muitas vezes a eles acesso.

Índice de Irritação de Doxey e de Milligan

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Módulo 1 – O fenómeno turístico

O efeito de demonstração (demonstration effect) leva a profundas alterações na sociedade


recetora:
 Esperança por parte dos residentes de atingir o nível de vida dos visitantes;
 Mudanças no campo político, religioso e moral;
 Aumento da delinquência por aumentarem também as oportunidades para exercer essas
atividades;

Outras consequências sociais do turismo:


 Criação de um artesanato e de um folclore para turistas;
 Tráfego de objetos com real valor artístico;
 Comportamentos por parte dos visitantes que chocam profundamente os habitantes
locais (ex: sex-tours, comportamento agressivo, excesso de álcool);
 Imagem do país recetor dada pelo operador turístico considerada desprestigiante por
parte dos residentes;
 Barreira linguística.

Um dos fatores chave na relação residente / visitante pode ser o volume. Com o aumento do
volume de turistas (conceito desenvolvido por Doxey) à medida que os visitantes aumentam, as
comunidades poderão atingir um ponto a partir do qual a irritação aumenta.

Vejamos, então, de uma forma mais desenvolvida algumas das consequências sociais e
culturais que o Turismo poderá acarretar:

Impactos Sociais

Turismo e Conduta Moral: Prostituição:


O crescimento da prostituição em certas zonas turísticas deve poder explicar-se a partir das
seguintes hipóteses:
1. O processo turístico criou locais e ambientes que atraem prostitutas e os seus clientes:
“Sun, Sea, Sand and Sex”;
2. Pela sua natureza intrínseca Turismo quer dizer afastamento dos padrões puritanos do
quotidiano, sendo o anonimato assegurado pela distância do local de residência e pela
existência de dinheiro para gastar hedonisticamente. Estas condições conduzem a
sobrevivência e expansão da prostituição;
3. O Turismo proporciona oportunidades de emprego às mulheres o que lhes permite
usufruir de um melhor estatuto económico. Isto leva a uma liberalização de costumes

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Módulo 1 – O fenómeno turístico

que pode levar algumas à prostituição para manter ou incrementar o seu nível
económico;
4. O Turismo é evocado como pretexto para justificar uma mudança de padrões morais.

Crime:
Neste caso também se podem encontrar argumentos explicativos de uma possível ligação entre
o Turismo e o Crime.
1. A densidade da população durante a época alta;
2. A localização da estância em relação à fronteira internacional;
3. O rendimento per capita dos residentes e dos turistas apresentar grandes diferença o
que encoraja o roubo;

Os efeitos do Crime nas comunidades recetoras parecem ser:


1. Aumento de despesas com o policiamento durante a época turística;
2. Perdas monetárias por roubo, vandalismo, estragos de propriedade, crescimento do
mercado negro;
3. Aumento da tensão;
4. A presença visível das forças policiais em patrulhas a pé e em controlo de trânsito pode
conduzir a um falso sentimento de segurança.

Jogo:
A legalização do Jogo e a sua regulamentação foi feita com os seguintes objetivos:
 Gerar atividade turística;
 Gerar emprego e ativar a economia local;
 Aumentar as fontes de rendimento, através dos impostos lançados sobre esta atividade
e das condições em que se fazia a concessão de exploração.

Apesar das objeções levantadas pela policia local, pelas organizações religiosas e outros grupos
de pressão locais afirmando que esta nova situação atrairia as organizações criminosas tipo
Máfia, prostituição e violência.

Religião:
As peregrinações foram as viagens mais realizadas pelos homens desde a Antiguidade. As
peregrinações aos grandes templos egípcios e gregos foram relatadas pelos contemporâneos.
Mais recentemente tornaram-se famosas as viagens realizadas pelos muçulmanos a Meca e
Medina, pelos cristãos a Roma, Fátima, Lurdes e Santiago de Compostela.

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Módulo 1 – O fenómeno turístico

Os fiéis das grandes religiões ressentem-se, porém, das visitas realizadas pelos não crentes,
pelos turistas provenientes de espaços culturais e religiosos diferentes, acusando-os de
desvirtuarem a componente religiosa do local.

O Conselho Mundial das Igrejas em 1970 propôs que para obviar a violência dos impactos se
adotassem as seguintes medidas:
1. Educação da população local do país recetor. Incluiria uma reorientação das atitudes
para que desempenhassem o seu papel de forma responsável;
2. As igrejas e os países recetores devem manter relações que levem os visitantes a dividir
com os locais as ansiedades e problemas pessoais de forma amigável;
3. Assegurar aos turistas renovadas experiências como seres humanos, promover a
perceção das coisas menos percetíveis e promover uma renovação do pensamento
religioso.

Língua:
A língua é um instrumento de comunicação e parte dos atributos sociais e culturais de qualquer
povo.

Podemos avaliar os impactos do Turismo, neste domínio, tentando avaliar as relações entre o
crescimento turístico e as mudanças linguísticas ocorridas. Estas podem ocorrer pelos seguintes
motivos:

 Através das transformações económicas – os novos empregos associados ao


desenvolvimento turístico nem sempre são ocupados por naturais da região. Muitas vezes
regista-se uma forte imigração para ocupar esses cargos. Estes imigrantes exercem pressão nos
habitantes locais para falarem a sua língua;

 Através do “demonstration effect” – os residentes são muitas vezes levados pelos turistas a
interessarem-se por assuntos que ultrapassam os seus problemas locais. Aspirações de atingir
um estatuto idêntico aos turistas pode levar os residentes a adotarem a língua ou alguns
termos utilizados pelos visitantes.

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Módulo 1 – O fenómeno turístico

 Através do contacto social direto – este tipo de influência exige comunicação direta o que
ocorre sobretudo com os trabalhadores ligados a serviços com relação direta ou indireta com o
Turismo. Estes têm por vezes tendência para abandonar a sua língua materna e adotar a dos
turistas.

Saúde:
1. O desejo de melhorar a estada física, mantendo assim a saúde é uma motivação
importante para a prática do Turismo;
2. A qualidade da saúde pública do país recetor melhora e enriquece o produto turístico;
3. As doenças podem ser contraídas pelos turistas num local e transportado para outro,
por vezes para o país de origem.

Impactos culturais

Cultura: consiste num conjunto de modelos, explícitos e implícitos de e para comportamentos


adquiridos e transmitidos por símbolos, constituindo características de grupos específicos e
inclui os seus artefactos. O núcleo duro da cultura consiste em ideias tradicionais (derivadas da
sua história) e especialmente o valor que lhes é dado.

Assim, de acordo com esta definição a cultura é o elemento condicionante do comportamento.

As mudanças culturais são induzidas por fatores internos e externos à cultura. A mudança
cultural, que ocorreria mesmo na ausência do Turismo é resultado das seguintes relações:
 A modificação do nicho ecológico ocupado pela sociedade;
 O contacto entre duas sociedades com culturas diferentes;
 A evolução da mesma sociedade;

As mudanças culturais introduzidas pelo Turismo ligam-se com a segunda razão de mudança,
ou seja, o contacto entre duas sociedades com culturas diferentes. Os intercâmbios culturais
entre turistas e comunidade recetora contribuem para promover a compreensão mútua.

 O tipo de turistas – A tipologia de turistas de Cohen e de Plog, mais uma vez, ilustram a
forma como decorre as relações. Os alocêntricos ( Plog) e drifter’s e explorer’s desenvolvem
relações mutuamente enriquecedoras. A forma como este tipo de turistas encaram a
comunidade tentando conhecê-la e participar da sua vida é gratificante para ambas as partes.

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Módulo 1 – O fenómeno turístico

Psicocêntricos e “organised and individual man tourists” confinam o seu itinerário ao proposto
pelo Tour Operator e mantêm-se no seu ghetto onde tudo é familiar. Os contactos são formais
reduzidos à prestação de serviços e os próprios espetáculos culturais (música, dança) são feitos
para turistas, tal como o artesanato.

 O contexto temporal e espacial no qual têm lugar os contactos – a duração da estada, o


tempo de contacto entre os dois grupos, o espaço físico e social partilhado, a compatibilidade e
o desejo de ambos os grupos de dividir os seus valores, atitudes e experiências.

 O papel dos intermediários – alguns indivíduos da comunidade recetora desempenham o


papel de Interpretes ou Guias, ou seja, são os porta vozes da comunidade recetora. Têm a
grande responsabilidade de transmitir clara e concisamente os aspetos mais importantes da
região visitada.

Formas Materiais de Cultura:

Arte Popular:
Os antropólogos estão de acordo ao atribuir a mudança nas formas de arte tradicionais a três
razões fundamentais:
 Desaparecimento dos artesãos, dos modelos e das técnicas particularmente aqueles que
executavam peças com significado religioso e mítico;
 Crescimento da degeneração. Desenvolve-se um tipo de artefactos sem qualidade,
produzidos em massa (airport art);
 Por vezes a esta fase segue-se outra de regeneração com o aparecimento de artesãos
de talento que reintroduzem modelos tradicionais e de grande significado para a
comunidade como resposta e reação à fase anterior.

Gastronomia:
A cozinha tradicional das regiões recetoras tem sido secundarizada a favor da cozinha
internacional, embora nos últimos tempos os turistas tendam a desejar experimentar os pratos
locais. Mais uma vez isto também se prende com o tipo de turistas que visita determinada
região.

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Módulo 1 – O fenómeno turístico

Arquitetura:
A Arquitetura utilizada em grande número de estâncias é idêntica em qualquer parte do mundo
e inspira-se em modelos internacionais criados pela civilização ocidental em meados do século,
sendo em muitos casos imitações desvirtuadas desses modelos de modernismo ou mais
recentemente do pós-modernismo.

Vestuário:
A forma dos turistas se vestirem é por vezes considerada pouco respeitosa pela comunidade
recetora, sobretudo quando aqueles visitam lugares que a comunidade considera sagrados (ex:
proibições da Catedral de Sevilha).

O Turismo também teve um papel importante na reintrodução dos trajes típicos das regiões
recetoras. Os espetáculos para turistas ajudaram a manter esses elementos da cultura
tradicional.

Formas Não Materiais de Cultura:

Os turistas percecionam os países visitados através da imagem estereotipada e simplista que


lhe é transmitida pelas campanhas de marketing. Assim o país é visto em termos de pitoresco
superficial, exotismo predizível ou aspetos típicos e experiência da vida local de uma forma
altamente seletiva e episódica.

Quanto mais curta é a visita, maiores são as distorções. A expropriação da cultura local e a
exploração das populações locais representando ou retratando a sua cultura é um fenómeno
mundial.

4.3. Impactos Ambientais

O Turismo como outras atividades humanas, executadas em larga escala, podem ter
consequências adversas para a terra, a vegetação e a vida animal nos locais onde ocorrem.

Os problemas ambientais são agora temas centrais do planeamento, muito poucos projetos são
analisados, sem um estudo de impactos ambientais. A qualidade do meio ambiente é um
assunto central do desenvolvimento turístico pois o turismo depende de forma dramática

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Informação turística e marketing

Módulo 1 – O fenómeno turístico

daquele. Existe uma longa lista de danos ambientais causados pelos motivos mais diversificados
que adiante se analisam.

Tipos de Impactos Ambientais

Positivos:
 Conservação de áreas naturais importantes;
 Conservação de locais arqueológicos e históricos e de caráter cultural e arquitetónico;
 Melhoramento da qualidade ambiental;
 Aumento da atratividade ambiental;
 Melhoramento das infraestruturas;
 Consciencialização para os problemas ambientais.

Negativos:
 Poluição
Visual (arquitetónica);
Água, Ar, Sonora;
Congestão (veículos e pessoas);
Detritos;
Perturbação Ecológica;
 Catástrofes Naturais;
 Alteração dos Ciclos da Natureza;
 Problemas derivados do mau uso dos solos;
 Saturação populacional;
 Saturação dos serviços e equipamentos;
Degradação de locais históricos e arqueológicos.

Bibliografia

Batista, Mário, Turismo, Competitividade Sustentável, Lisboa, Verbo, 1997

Cunha, Licínio, Perspetivas e Tendências do Turismo, Lisboa, Edições Universitárias Lusófonas,


s.d.

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Módulo 1 – O fenómeno turístico

Cunha, Licínio, Introdução ao turismo, Ed. Verbo, 3ª edição, 2006

Ignarra, Luiz Renato, Fundamentos do turismo, Ed. Thomson, 2ª edição, 2003

Webgrafia

http://www.tursmodeportugal.pt

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