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La Precarización del
trabajo en América Latina
Perspectivas del Capitalismo global
Editora Praxis
2009
Copyright do Autor, 2009
Conselho Editorial
Prof. Dr. Antonio Thomaz Júnior – UNESP
Prof. Dr. Ariovaldo de Oliveira Santos – UEL
Prof. Dr. Francisco Luis Corsi – UNESP
Prof. Dr. Jorge Luis Cammarano Gonzáles – UNISO
Prof. Dr. Jorge Machado – USP
Prof. Dr. José Meneleu Neto – UECE
Prof. Dr. Vinício Martinez - UNIVEM
Produção Gráfica
Canal6 Projetos Editoriais
www.canal6.com.br
E17
Economia, sociedade e relações internacionais: pers-
pectivas do capitalismo global / organização de: Francis-
co Luiz Corsi, José Marangoni Camargo, Marcos Cordei-
ro Pires e Rosângela de Lima Vieira – Londrina: Praxis;
Bauru: Canal 6, 2006.
228 p. ; 21 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 85-99728-12-1
CDD 301
9 Apresentação
Ricardo Antunes
11 Introducción
Claudia Figari y Giovanni Alves
151 Las relaciones de teletrabajo: una encrucijada jurídica entre las tendencias labora-
les protectorias y reformistas
Paula Lenguita
5
207 Organización de la producción, imposición de sentidos corporativos y resistencias: el
caso de una empresa automotriz
Marcelo Hernández y Cristian Busto
253 Alcances y límites políticos de la lucha gremial: un análisis comparativo entre traba-
jadores petroleros y siderúrgicos
Nuria I. Giniger y Hernán M. Palermo
6
L as investigaciones realizadas en la Argentina y su publi-
cación fueron financiadas por los siguientes proyectos
UBACYT, con sede en Facultad de Ciencias Sociales, Uni-
versidad de Buenos Aires: “Dispositivos de control social en
contextos de modernización empresaria. Conflictividad la-
boral, negociación e imposición/lucha de sentidos” (S808),
programación científica: 2006/09, dirección: Claudia Figari;
“TICs y Relaciones Laborales” (S607), Programación científica:
2008/10, directora Paula Lenguita; “Procesos de socialización y
disciplina en trabajadores jóvenes. Las relaciones laborales en
el sector servicio y comercio” (S815), programación científica:
2006/09, director: Juan Montes Cató.
7
Apresentação
Ricardo Antunes
UNICAMP – Brasil
E sse livro organizado por Giovanni Alves e Claudia Figari oferece um de-
senho de alguns dos mais importantes temas presentes nos estudos do
trabalho na América Latina dos dias atuais.
Sua contextualidade é dada pelo cenário marcado pela mundialização
do capital e suas complexas repercussões no mundo do trabalho. Seus temas
perpassam desde a constatação das mais diversas formas e mecanismos de pre-
cariedade do trabalho até a compreensão de alguns elementos constitutivos da
nova morfologia do trabalho em seus novos e multifacetados desenhos.
Reconhecem e tematizam a recente crise estrutural do capitalismo,
bem como as práticas das corporações em seus modos de garantir a disci-
plinarização do trabalho; exploram o estudo crítico dos sistemas de “metas
e competências” que pautam o universo empresarial, bem como os avanços
e limites da ação sindical e as ações de resistência e rebeldia, dentre outros
tantos pontos que são investigados empírica e analiticamente nos textos que
compreendem a coletânea.
O resultado oferecido é um inventário crítico dos estudos do trabalho,
em sentido amplo, em diferentes territórios do mundo laboral latinoameri-
cano (com destaque para algumas experiências no Brasil e Argentina), pro-
curando apreender as formas de sobrevivência dos espaços de trabalho rede-
senhados a partir da nova divisão internacional do trabalho vivenciada nas
últimas décadas.
Se o mundo taylorizado e fordizado caracterizou o universo do trabalho
ao longo do século XX, tanto no cenário industrial e de serviços, o objetivo
da melhor investigação, hoje, é conhecer o que é novo e o que se mantém no
universo produtivo atual, depois do monumental processo de reestruturação
9
produtiva do capital nesta fase de financeirização e crise, onde a desmedida do
capital aflora em sua monumental irracionalidade societal.
Bastaria tão somente citar a amplitude da desregulamentação do traba-
lho e os níveis de desemprego em escala global, ambos acentuando ainda mais
os elementos constitutivos desta lógica destrutiva hoje vigente. O resultado é
um quadro de precariedade sem paralelos em toda a história recente do ca-
pitalismo, que os textos presentes nesta coletânea possibilitam uma melhor
compreensão.
10
Introducción
Claudia Figari
Giovanni Alves
11
intercambios realizados en Brasil y Argentina ha fructificado en este libro
que aúna las investigaciones que venimos desarrollando desde el Grupo de
Pesquisa Estudios de la Globalización de la UNESP (Marilia, San Pablo) y
la RET – Rede de Estudios del Trabajo – www.estudosdotrabalho.org (Brasil-
Argentina), y desde el Ceil-Piette del Conicet de Argentina y la Facultad de
Ciencias sociales de la Universidad de Buenos Aires –UBA-.
El libro expresa un esfuerzo por reflejar los aspectos estructurales que
matrizan las formas contemporáneas de la precarización en algunos países de
la Región. Pero también se nutre del análisis en contextos situados en el nivel
de los espacios laborales donde se despliega el proceso de trabajo.
Algunos artículos enfatizan en las modalidades que asumen los dis-
positivos de control laboral empleados por las corporaciones, los propósitos
que persiguen las lógicas de formación empresarial, la gestión de las compe-
tencias, que propician el desarrollo de nuevas matrices de disciplinamiento
cultural/laboral. La esfera del dominio capitalista en su expresión concreta se
expone también en dialéctica con las acciones de resistencia que anidan en la
recomposición de un sindicalismo de base en los lugares de trabajo.
Las formas capitalistas contemporáneas requieren focalizar tanto en
el análisis crítico de actividades tradicionales (la siderurgia, la industria
automotriz, neumáticos, la producción de hidrocarburos, transporte) como
de otros sectores emergentes (teletrabajo) o bien escasamente analizados en
profundidad desde las Ciencias Sociales del Trabajo (educación, salud). En
el primer caso, la apuesta no es menor al pretender someter al análisis las
expresiones que cobra el aggiornamiento de las formas de dominación sobre
el trabajo y los movimientos en lucha que reconocen la disputa tanto con el
accionar patronal, el sindicalismo corporativo y las políticas gubernamenta-
les. En el segundo caso, el desafío ha sido visibilizar actividades escasamente
estudiadas, que demandan ampliar la mirada respecto a las diferentes expre-
siones en que se concreta la opresión y la lucha.
12
1
A crise estrutural
e reconfiguração do
capitalismo global
Francisco Luiz Corsi1
13
A crise estrutural e reconfiguração do capitalismo global
operações foi de cerca de US$ 3 trilhões. Em 2001, foram aprovados US$ 2.405
trilhões de financiamentos imobiliários, sendo que desse montante US$ 190
bilhões (8,6% do total) representavam títulos subprimes. Cinco anos depois,
o montante de financiamento atingiu US$ 3.580 trilhões, sendo US$ 600 bi-
lhões em títulos subprimes (20,1% do total). 80,5% destes títulos foram secu-
ritizados. Em 2006 já existiam evidências de graves problemas no setor de fi-
nanciamento imobiliário, dado os altos índices de inadimplência. O aumento
da oferta de imóveis levou a queda dos preços, que exacerbou a inadimplência
e gerou a crise2. A exacerbação da inadimplência evidenciou que bancos, fun-
dos de investimento e pensão e companhias de seguros poderiam estar com
suas carteiras carregadas de títulos “podres”. A crise aberta em agosto de
2007 foi uma crise anunciada (COSTA, 2007; PINHEIRO, 2007a e b; BELLU-
ZZO, 2007; CHESNAIS, 2008; BORÇA JR. e TORRES FILHO, 2008).
Existem hoje nos EUA cerca de 12 trilhões de dólares em empréstimos
imobiliários, sendo parte considerável desse montante constituída de títulos de
solvência duvidosa. Para fugir do risco, os bancos e as instituições de crédito
imobiliário norte-americanas securitizaram esses títulos. Os títulos hipotecá-
rios foram agrupados com outros títulos de dívidas (cartão de crédito, credito
automotivo etc.), compondo novos títulos com variados graus de risco. Dessa
forma, buscava-se dissolver o risco. Esses títulos foram tomados como base
para o lançamento de derivativos, que foram vendidos para outros bancos e
para os fundos de investimentos pelo mundo todo. Muitas dessas instituições,
que adquiriram esses derivativos, utilizaram esses títulos como garantia de ou-
2 Cada vez mais tomadores de hipotecas imobiliárias ficaram em situação difícil, pois os
empréstimos eram tomados a juros flutuantes, que variavam ao longo do contrato. Al-
guns contratos estabeleciam períodos de carência e outros prestações inicialmente mais
baixas, que aumentavam depois de determinado período de tempo. Muitos devedores,
quando se viam diante de prestações mais altas, contornavam a situação tomando no-
vas hipotecas com base na elevação dos preços dos imóveis, com as quais saudavam as
hipotecas anteriores e voltavam a pagar prestações mais baixas por um novo período.
Também incrementavam o consumo com a diferença entre os recursos obtidos com as
novas hipotecas e os pagamentos relativos às velhas. Com o aumento da inadimplência,
os bancos retomavam cada vez mais imóveis e os colocavam novamente a venda, o que
resultou no incremento da oferta e na queda de preços. A queda de preços inviabilizava
a tomada de novas hipotecas e, portanto, levou milhares a situação de inadimplência.
Estava quebrado o circuito que sustentava o crescimento do mercado imobiliário e a es-
peculação que o acompanhava (BRENNER, 2006; BORÇA Jr. e TORRES FILHO, 2008).
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Francisco Luiz Corsi
3 Detalhada descrição dos complexos mecanismos financeiros que criaram uma ca-
deia especulativa apoiada em títulos de financiamento subprime pode ser encontrada
em Borça Jr. e Torres Filho (2008) e Freitas e Cintra (2008).
4 Entre julho de 2007 e março de 2008, os bancos de investimentos dos EUA sofreram
perdas de 175 bilhões de dólares em seus patrimônios. Na Inglaterra, a insolvência do
Northerm Rock, importante banco hipotecário, gerou uma corrida aos bancos, o que
obrigou o governo a injetar 60 bilhões de libras no sistema, a declarar que os depósitos
estavam garantidos e a estatizar a instituição. Outros governos europeus tiveram que
seguir o exemplo britânico nas semanas e meses que se seguiram. No início da crise, os
governos dos países mais ricos lançaram pacotes de socorro que totalizaram 390 bilhões
de dólares. Em março, o Federal Reserve (FED) concedeu linha de crédito de US$ 29 bi-
lhões para JP Morgan Chese adquirir o Bear Stearns, que tinha quebrado. Nesse mesmo
mês, os bancos centrais da Europa, Japão e EUA injetaram mais 200 bilhões de dólares
no sistema para impedir o colapso da liquidez. Em julho de 2008, o governo norte-ame-
ricano, salvou da falência as agências Fannie Mae e Freddie Mac, que juntas possuíam
carteiras imobiliárias da ordem de US$ 5trilhões (40% do mercado de hipotecas), inje-
tando US$ 200 bilhões. Essas agências acabaram sendo estatizadas em setembro, devido
a continua deterioração da situação financeira. Nesse mês, o Lehman Brothers pediu
concordata. Em seguida, foi a vez da American Interregional Group (AIG) receber US$
85 bilhões para continuar operando e passou a ser controlada pelo governo, que ficou
15
A crise estrutural e reconfiguração do capitalismo global
com 80% de suas ações. Logo depois, o JP Morgan e o Bank of America adquiriram, com
ajuda do FED, o Washington Mutual e o Meril Lynch respectivamente. Diante do quadro
catastrófico, o governo Bush lançou um pacote de emergência de USS$ 700 bilhões para
salvar o sistema bancário e para compra de títulos imobiliários ilíquidos. O pacote não
foi suficiente para acalmar os mercados. Em janeiro de 2009, o Bank of America preci-
sou de mais 117, 2 bilhões de dólares e Citigroup, após anunciar perdas de 8,29 bilhões,
dividiu suas operações em duas. A queda das ações dos bancos norte-americanos e
europeus foi generalizada depois dessas notícias. As ações do Barclays, um dos bancos
mais afetados da Inglaterra, despencaram 25%. Hoje, o Citi vale 10% de seu valor de
um ano atrás. Na Alemanha, vários bancos tiveram que ser socorridos. Estima-se que
os bancos alemães tenham cerca de 400 bilhões de dólares em títulos “podres”. Não por
acaso acabou de ser aprovada lei que confere poder ao governo alemão de estatizar os
bancos. O recém-eleito Barak Obama lançou pacote de estímulo à economia e ajuda
aos bancos de 789,5 bilhões de dólares. Inúmeros governos também laçaram amplos
programas de obras em infra-estrutura, aumento do salário desemprego e elevação dos
gastos sociais na tentativa de deter o progresso da crise. Estima-se que os 21 países mais
desenvolvidos do mundo farão um estímulo fiscal da ordem de 2 trilhões de dólares, o
que acarretará, sem dúvida, deterioração das contas públicas. Essas iniciativas tornaram
letra morta o cânone liberal de auto regulação da economia pelo mercado. Apesar de to-
das essas iniciativas, a crise não parece amainar, o que levanta dúvidas quanto a eficácia
das estratégias keynesinas para “salvar” o capitalismo (BLACKBURN, 2008; BORÇA JR.
e TORRES FILHO, 2008; Folha de São Paulo, B7, 18/01/2009 e B4 e B5, 08/02/2009) .
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de pensão, dos fundos mútuos e das Cias. de seguros, como também do setor
produtivo por falta de recursos para capital de giro e investimentos. Além
disso, muitas grandes empresas especulam nos mercados de ações, de títulos
e de câmbio e têm tido pesadas perdas. Bancos e empresas faliram e continu-
arão a quebrar. Nos países que estão no epicentro da crise o risco de um colap-
so do setor financeiro não está descartado. Apesar do relativo deslocamento
da valorização do capital fictício da produção de valor, as esferas produtivas
e financeiras continuam firmemente articuladas. A crise financeira rapida-
mente se desdobrou em crise econômica, sobretudo devido à forte redução do
crédito5. Ao atingir a produção a crise ganha nova dinâmica. As quedas na
produção, no emprego e nos investimentos alimentam a crise, que se propa-
ga e se aprofunda. A elevação do desemprego vai alimentar o processo, pois
muitos tomadores de empréstimos desempregados não terão condições de
5 A economia dos EUA começou a desacelerar em 2007, quando o PIB cresceu 2,0% contra
2,8% do ano anterior. Em 2008, o PIB cresceu 1,3%, sendo que o PIB retrocedeu 6,2% no
último trimestre em relação ao ano anterior. Estima-se uma retração de 2% em 2009. A
zona do Euro, que tinha crescido 2,7% em 2007, cresceu 1,0% em 2008 e a previsão do
FMI é que a região tenha uma retração de 2,0% em 2009. O Japão apresentou resultados
mais negativos, em virtude, sobretudo, da queda das exportações. Em 2007, cresceu 2,4%
e no ano seguinte -0,3%. No último trimestre de 2008, o PIB apresentou uma retração de
12,7% , o pior resultado desde 1974. As previsões não são alentadoras. Estima-se uma re-
tração de 2,6% do PIB em 2009. Os países do Leste europeu também sofrem com a desva-
lorização acentuada das moedas, a falta de crédito, o incremento da dívida externa, a fuga
de capitais e a queda na atividade econômica. Recentemente, Hungria, Letônia e Ucrânia
tiveram que pedir socorro ao FMI. O desempenho econômico os países em desenvolvi-
mento da Ásia também se deteriorou. A China cresceu 13,0% , em 2007, e 9%, em 2008.
No último trimestre deste ano, o PIB cresceu 6,8%. A Índia cresceu, em 2008, 7,3%, con-
tra 9,3% no ano anterior. No geral, os países em desenvolvimento da Ásia sofreram uma
desaceleram de 2,8% do crescimento do PIB entre 2007 e 2008. A situação deteriorou-se
bastante no último trimestre. A Coréia apresentou um crescimento negativo do PIB de
5,6% nesse período e Cingapura -3,7%. A América Latina também sofreu os impactos
da crise. Seu PIB, que cresceu 5,7% em 2007, desacelerou e cresceu 4,6%, em 2008. O
desemprego cresceu, acompanhando a redução da produção. Estima-se que na China
20 milhões perderam o emprego nos últimos seis meses. O desemprego generalizado
acarretará, sem dúvida, uma deterioração dos padrões de vida da classe trabalhadora em
escala global e alimentará a própria crise. O comércio mundial cresceu 4,1% em 2008,
uma queda de 3,1% em relação ao ano anterior (FMI, 2009; CEPAL, 2009a; FOLHA DE
SÂO PAULO, B3, 31/01/09; B4-B5, 25/02/09).
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9 No escopo do presente artigo não é possível desenvolver esse ponto. A esse respeito
ver, entre outros, Fiori (1999) e Corsi ( 2007).
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América Latina, pelo menos até o início da década de 1980. Os casos do Brasil
e da Coréia do Sul, apesar de suas inúmeras peculiaridades, são ilustrativos.
Enquanto o Brasil, que tinha alcançado um patamar de desenvolvimento su-
perior ao coreano, entrou em uma fase de crise e estagnação a partir dos anos
1980, o país asiático conseguiu lograr um salto qualitativo no seu desenvolvi-
mento, que possibilitou uma inserção dinâmica na nova fase de mundializa-
ção do capital (COUTINHO,1999). O governo coreano e as classes dominantes
locais souberam aproveitar essas “brechas” abertas na economia mundial que
possibilitavam o desenvolvimento de penas algumas regiões periféricas10.
Não obstante as diferenças nacionais, o elevado crescimento dos países em
desenvolvimento da Ásia baseava-se, em geral, em projetos de desenvolvimento
inspirados no modelo japonês, marcado por ampla ação estatal na economia
e estratégias de crescimento voltadas para as exportações. Outros elementos
importantes eram a superexploração da força de trabalho e o uso intenso de
modernas tecnologias. Padrão de desenvolvimento que inicialmente abarcou os
chamados tigres de primeira geração (Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong
Kong) e depois alcançou outros países da região, como Malásia, Tailândia e In-
donésia, no que Palma (2004), entre outros, denominou do padrão de desenvol-
vimento dos “gansos voadores”. Todavia, a experiência chinesa merece algumas
qualificações, pois suas especificidades são marcantes, em virtude sobretudo
10 O relativo sucesso da Coréia, pelo menos até a crise de 1997, em termos de cresci-
mento econômico, capacitação tecnológica, inserção dinâmica na economia mun-
dial, relativa autonomia na definição da política econômica e melhora em alguns
indicadores sociais se deve tanto as certas circunstâncias históricas e geopolíticas
favoráveis quanto às políticas econômicas adotadas e ao papel do Estado como co-
ordenador e fomentador do desenvolvimento. Esse salto qualitativo foi alcançado ao
longo da décadas de 1970 e 1980, antes, portanto, da desregulamentação da econo-
mia verificada a partir do início dos anos 1990. A reforma agrária, a reforma edu-
cacional, os pesados investimentos em educação e pesquisa tecnológica, a posição
estratégica na Guerra Fria, que garantiu a ajuda e o acesso privilegiado ao mercado
norte-americano, os fortes vínculos com a economia japonesa em termos de créditos
e fornecimento de tecnologia, particularmente na crucial década de 1980, a cons-
tituição de grandes grupos nacionais de porte global, as políticas de incentivo às
exportações, o fato do processo de industrialização ter iniciado quando da reorgani-
zação da economia mundial no pós-guerra e a ação do Estado como demiurgo do de-
senvolvimento constituem, uns mais outros menos, nas determinações que explicam
o fato da Coréia ter aproveitado a ‘brecha” histórica aberta na economia mundial.
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forças políticas internas. Dessa forma, a política econômica é determinada pelos in-
teresses das classes dominantes nacionais. Isto, porém, não significa qualquer forma
de isolamento ou hostilidade em relação ao capital estrangeiro, que é bem vindo e
considerado importante para financiar, pelo menos em parte, o desenvolvimento,
embora a penetração de empresas multinacionais sofra algumas restrições, preferin-
do-se associações com empresas nacionais públicas ou privadas.
12 A existência de capital supérfluo, que encontra dificuldade de valorizar-se na produ-
ção, gera um excesso de capital na forma dinheiro que busca valorizar-se no mercado
financeiro a partir da especulação. Quando o capital fictício se desloca muito das
condições reais de valorização mais cedo ou mais tarde esse capital tem que ser des-
valorizado para recompor as próprias condições de valorização.
13 Nos países desenvolvidos, as taxas de lucro caíram de cerca de 17%, no início da dé-
cada de 1970, para menos de 10% em meados da década seguinte, quando passaram
a subir até a segunda metade dos anos 1990, mas sem atingir o patamar anterior a
crise. Os investimentos caíram até o início dos anos 1990 e subiram a partir de então.
O investimento bruto doméstico nos EUA, entre 1990 e 2004, cresceu de 895 bilhões
de dólares para 1,836 trilhão de dólares (CHESNAIS, 1998,17-18; LEIVA, 2005, 64).
14 Esse processo já podia ser detectado na década de 1980. Segundo Chesnais (1998,
p.14), a formação bruta de capital fixo do setor privado dos países da OCDE cresceu
em média por ano, entre 1980 e 1992, 2,3% enquanto que os estoques de ativos finan-
ceiros 6% no mesmo período.
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15 Chesnais (2005, p. 58 )assinala: “Boa parte da explicação desse resultados[o lento cres-
cimento global desigual] encontra-se do lado da repartição, em suas duas determinações
– divisão entre salários e lucros, e no interior dos lucros, entre a parte não distribuída e
reinvestida e a parte distribuída em juros, dividendos e ‘restituição do valor’ para os acio-
nistas, notadamente pela recompra de ações. O investimento é a variável determinante
do crescimento no longo prazo. No setor privado, ele é financiado pelos lucros retidos.
A taxa de lucro necessária para a realização das normas do ‘valor por acionista’ conduz
à rejeição de todos os projetos de investimento que garantirão a taxa exigida. No mo-
mento em que a participação dos salários nos resultados da produção se reduz e a parte
os rendimentos reservada aos investimentos também diminui, a taxa de investimento é
duplamente atingida – pela desaceleração do consumo dos assalariados e pela reduzida
propensão a investir A taxa de crescimento é lenta e o desemprego aumenta”.
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16 “Em 1996, o valor (em dólares) das exportações mundiais cresceu 56,7%, nos pa-
íses desenvolvidos cresceu 46,6%, no Sudeste da Ásia 132,7% e na China 178,0%.
No mesmo período, o valor (em dólares) das importações dos países desenvolvidos
cresceu 38,6%, no Sudeste da Ásia 130,6% e na China 193,2% [...] Estes dados reve-
lam o rápido aprofundamento da divisão de trabalho entre os países desenvolvidos
e a periferia chinesa e do SE asiático. Enquanto os primeiros exportam produtos que
incorporam tecnologia de ponta, os últimos vedem produtos industriais ’maduros’
tecnologicamente, inclusive muitos em que o uso ainda intensivo de mão-de-obra
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A crise estrutural e reconfiguração do capitalismo global
região, que tinham atrelado suas moedas à norte-americana e com isso am-
pliaram suas exportações, particularmente para os EUA. Ou seja, observava-
se forte articulação entre essas economias e a norte-americana. O Japão tam-
bém teve papel central para o bom desempenho desses países ao transferir
tecnologia e ao intensificar seus investimentos na região, sobretudo na Coréia
do Sul e na China. As transferências de tecnologias, os IED e as importações
japonesas tornaram o Japão no centro da economia regional (PALMA, 2004).
Nesse contexto, o acirramento da concorrência intercapitalista na região
seria um dos fatores fundamentais da crise. A economia japonesa, estagnada
em virtude da valorização do yen e do estouro da bolha especulativa com ações
e imóveis em 1989 teve um alívio momentâneo com a valorização do dólar a
partir de 1995, que decorria, em parte, dos volumosos fluxos de capitais para
os EUA, atraídos pelas possibilidades de especulação no mercado de capitais
e com títulos da dívida pública, pois estava em curso febril especulação com
as ações das empresas da chamada nova economia. As exportações japonesas
cresceram e estimularam a retomada da atividade econômica. Mas essa reto-
mada impactou negativamente diversas economias em desenvolvimento da
região, pois muitas delas tinham atrelado suas moedas ao dólar agora mais
valorizado, o que reduziu a competitividade de seus produtos. Passaram a
enfrentar crescente competição dos produtos japoneses.
Ao mesmo tempo, esses países eram cada vez mais pressionados pela con-
corrência dos produtos da China, que tinha desvalorizado o yuan em 50% em
1994 e a partir daí estabilizado o câmbio. O elevado volume de investimento
na região, induzido pela abundância de capitais e pela acirrada concorrência,
elevou a capacidade produtiva do setor manufaturado em escala mundial, ve-
rificando-se ampliação da capacidade ociosa. Em conseqüência do excesso de
oferta, da concorrência acirrada e dos aumentos de produtividade, os preços
dos produtos manufaturados caíram 2,6% em 1996 e 7,3% no ano seguinte. Os
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A crise estrutural e reconfiguração do capitalismo global
a crise. Logo em seguida a crise atingiu Taiwan, Singapura, Hong Kong e Coréia.
A queda da bolsa de Hong Kong, que sofreu forte ataque especulativo, levou a
uma queda generalizada das bolsas na região e no mundo, com forte repercus-
são na América Latina (CHESNAIS, 1998).
A crise mudou de patamar ao atingir a Coréia, país com uma econo-
mia industrial sólida e superavitário em termos comerciais. Uma onda de
falências atingiu importantes chaebols coreanos, que não conseguiram hon-
rar suas dívidas em decorrência do declínio do valor de suas exportações. A
crise rapidamente se espalhou. A inadimplência levou os fundos e os bancos
a cortar suas aplicações e empréstimos, retirando-se dos mercados em crise.
Os resultados imediatos foram a queda dos preços das ações e fortes pressões
para desvalorizar a moeda, alvo de movimento especulativo. Para evitar a
fuga de capitais e a desvalorização, o banco central queimou reservas e elevou
a taxa de juro, o que atingiu em cheio o setor financeiro e desencadeou um
processo de inadimplência no setor, o que por sua vez aprofundou ainda mais
a fuga de capitais e o declínio das ações e dos preços dos ativos em geral. A
crise do setor financeiro alimentou a crise do setor produtivo (BRENNER,
2003; CHESNAIS, 1998; KRUGMAM 1999).
No final de 1997, estimava-se que as dívidas duvidosas somavam na re-
gião cerca de 1 trilhão de dólares, dos quais cerca de 200 bilhões correspon-
diam às dívidas coreanas. O socorro do FMI e dos bancos internacionais, com
um pacote de emergência de cerca de 100 bilhões de dólares, impediu que a
crise se alastrasse de modo incontrolável para o resto do sistema. No entanto,
a postura do FMI, ao impor medidas fiscais e monetárias restritivas, contri-
buiu para aprofundar a crise na região, que se estenderia pelos anos seguin-
tes. O preço pago pela Coréia foi alto. O FMI, representando o interesse do
capital financeiro, impôs uma ampla abertura à economia, comprometendo
a sua experiência de desenvolvimento relativamente autônoma. (BRENNER,
2003; CHESNAIS, 1998).
A crise no Leste Asiático atingiu diretamente a incipiente recuperação
japonesa, pois a região tinha grande importância comercial e financeira para
o Japão ao absorver parcela ponderável das exportações e IED japonês. O Ja-
pão mergulhou novamente na recessão. A crise abriu, contudo, novas possibi-
lidades para a China, que manteve um alto grau de autonomia na determina-
ção de sua política econômica. A taxa nominal de câmbio em relação ao dólar
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A crise estrutural e reconfiguração do capitalismo global
* The federal part of local, state, and federal debt includes only that portion held by the
public. The total debt in 2007 when the federal debt held by federal agencies is added is
$51.5 trillion.
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A crise estrutural e reconfiguração do capitalismo global
22 A zona do Euro cresceu em média, entre 2001 e 2003, 1,2% ao ano. O PIB real japonês
cresceu em média no mesmo período 1,15% ao ano. Os países em desenvolvimento
da Ásia sofreram uma suave desaceleração. O crescimento médio anual do PIB real
foi de cerca de 7%. A China manteve suas elevadas taxas de crescimento. Esses dados
sugerem relativo deslocamento das economias dos países em desenvolvimento da
Ásia em relação ao desempenho da economia norte-americana já naquela época, em-
bora não tenha ocorrido propriamente uma recessão nos EUA, mas sim uma desace-
leração no crescimento. O caso da América Latina foi distinto. A região apresentou
uma retração considerável no período. O crescimento médio anual PIB da região foi
de 0,13%. (CEPAL, 2005, p. 85; FMI, 2006, p. 209-216).
36
Francisco Luiz Corsi
23 “O crescimento das despesas militares foi responsável por um aumento total de, no
máximo, 0,75% do PIB em 2001 e 2002”(BRENNER, 2006, p. 131).
24 Em 2002, a margem de capacidade ociosa na indústria manufatureira norte-ameri-
cana era de cerca de 30%, sendo que nos setores produtores de semicondutores e de
componentes eletrônicos era de 35% e no setor de telecomunicações 50%. Essas mar-
gens de capacidade ociosa obstavam a retomada dos investimentos do setor indus-
trial, particularmente nos ramos de alta tecnologia, os mais dinâmicos da economia
dos EUA (BRENNER, 2003).
37
A crise estrutural e reconfiguração do capitalismo global
38
Francisco Luiz Corsi
27 O PIB real dos EUA cresceu 2,5% em 2003, 3,6% em 2004, 3,1% em 2005, 2,9% em
2006 e 1,9% em 2007(FMI, 2008).
28 A China, hoje, é a maior detentora de títulos púbicos norte-americanos, cerca de 1
trilhão de dólares.
29 Os relativamente baixos preços das importações norte-americanas contribuem para
impedir a elevação da inflação e, portanto, possibilitam a política de juros baixos e
expansão do crédito e do gasto púbico. Fundamental para o crescimento econômico,
sustentado, em grande parte, em de bolhas especulativas
39
A crise estrutural e reconfiguração do capitalismo global
Considerações finais
40
Francisco Luiz Corsi
41
A crise estrutural e reconfiguração do capitalismo global
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44
2
A experiencia da precarização
do trabalho e a redundância
salarial no Brasil
Notas teórico-críticas
Giovanni Alves
Introdução
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Notas teórico-críticas
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Notas teórico-críticas
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O homem thompsoniano
(sujeito/agente de classe)
Sujeito Agente
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Notas teórico-críticas
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Notas teórico-críticas
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Gráfico 1
Total de Greves no Brasil
(1985-1999)
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Notas teórico-críticas
Gráfico 2
Grevistas no Brasil
Média mensal por Ano
1985-1999
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Notas teórico-críticas
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Notas teórico-críticas
O espectro da redundância
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Figura 1
Taxa de desemprego total – Região Metropolitana de São Paulo (1985-2001)
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Notas teórico-críticas
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é, o setor público, por conta das demandas sociais crescentes, não conseguiu
ser “enxugado” de forma significativa pelas gestões neoliberais. Entretanto, em
contrapartida, buscou-se precarizar o estatuto salarial do emprego público (o
crescimento de 50% nas contratações assalariadas sem carteira e o recurso aos
serviços terceirizados, que cresce também de forma significativa no período,
embora não seja discriminado entre setor privado e setor público, atestam com
vigor, a tese da precarização paulatina do emprego público na RMSP).
De fato, no período da década de 1990, estamos diante de uma tendência
de degradação do estatuto salarial (vide Tabela 1) que coloca no horizonte de
experiências da classe dos trabalhadores assalariados, a perspectiva (ou expec-
tativa) da precarização do trabalho. Na verdade, a “experiência da precarização
do trabalho” diz respeito não apenas a ocorrências que atingem hic et nunc (aqui
e agora) o estatuto salarial de homens e mulheres assalariados, mas envolve ex-
pectativas socialmente postas pelo desenvolvimento do mercado de trabalho.
Tabela 1
Salário mensal médio segundo setores de atividade econômica
Região Metropolitana de São Paulo (em reais de janeiro/2000)
Setores 1989 1999 Variação (em%)
Total dos Empregados (1) 1.020 828 - 18,8
Indústria 1.163 967 -16,8
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A experiencia da precarização do trabalho e a redundância salarial no Brasil
Notas teórico-críticas
Jornada de Trabalho
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A experiencia da precarização do trabalho e a redundância salarial no Brasil
Notas teórico-críticas
Considerações Finais
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67
3
Prácticas corporativas
empresariales y disciplinamiento
social/cultural:
desnaturalización y crítica a la
pedagogía empresaria
Claudia Figari
Introducción
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desnaturalización y crítica a la pedagogía empresaria
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1 Para Norbert Elías las formas del control externo se apoyarán en variadas autocoac-
ciones, es allí que cobran sentido las autorreferencias entre la sociogénesis y psico-
génesis. La educación y los aprendizajes en los anclajes institucionales constituyen
aspectos nodales en la internalización del control.
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4 Como postula E. Hobsbawn (1964), las reglamentaciones del vagabundeo, así como
la apropiación de todo medio de producción se constituyen en condiciones funda-
mentales para imponer como único medio de sobrevivencia el trabajo en la fábrica.
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Conclusiones
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Prácticas corporativas empresariales y disciplinamiento social/cultural:
desnaturalización y crítica a la pedagogía empresaria
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93
4
A reestruturação produtiva e
o imbróglio das competências
Roberto Leme Batista1
1 Roberto Leme Batista – doutorando em Ciências Sociais pela UNESP-Marília, prof. As-
sistente no Departamento de História da FAFIPA/Paranavaí – rlbatista07@uol.com.br
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O autor segue suas análises pondo ênfase à mudança radical que traz
a “lógica competência” focada no indivíduo em relação à qualificação, cujo
modelo se fundava no posto de trabalho, ou seja, à forma como essa se confi-
gurava no taylorismo-fordismo. Nesse sentido, afirma:
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Uma análise de todo esse imbróglio que atinge o mundo do trabalho, re-
batendo sobre o complexo social educação não pode deixar de estabelecer seu
vínculo com o complexo de reestruturação produtiva, que tem no toyotismo
seu momento predominante. Pois, a ideologia das competências aproxima-se
da qualidade total, já que ambas exigem um novo perfil de trabalhador que
deve ser polivalente e multifuncional, possuidor de comportamentos e atitu-
des capazes de levá-lo a agir com “autonomia” diante da realidade em geral.
Segundo Alves (2007) é no contexto da globalização como mundialização do
capital que se desenvolve o regime de acumulação flexível, fundado no complexo
de reestruturação produtiva, cujo ‘momento predominante’, de caráter organiza-
cional, é caracterizado por um ‘novo modelo produtivo’, o toyotismo.
Cito Alves (2007, p. 245):
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A reestruturação produtiva e o imbróglio das competências
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121
5
Introducción
123
Los espacios de trabajo como configuración de relaciones de poder.
La dialéctica entre control y resistencia
poder. Para lograr reconstruirlas contamos con dos conceptos que expresan
la naturaleza de esa relación: control y resistencia. Se trata de conceptos que
conllevan en sí mismos la idea de interdependencia que los aleja de interpre-
taciones esencialistas. Lógicamente puede abstraerse uno de otro (a través de
un ejercicio analítico), pero sus límites se funden.
En este artículo nos interesa estudiar ambos conceptos para poder cons-
truir una herramentaje que permita analizar los fenómenos acaecidos en los
lugares de trabajo en tanto producto de relaciones de poder, de sus distribucio-
nes y fluctuaciones. En términos temáticos el campo de preocupaciones en que
se inscribe el texto es el de la comprensión de las formas contemporáneas de
explotación laboral y el de las respuestas de los trabajadores a esas condiciones.
124
Juan Montes Cató
1 Nos dice Sierra Álvarez (1990: 10) “Desarraigar, movilizar, atraer pasan así a cons-
tituirse en objetivos prioritarios de las estrategias patronales, en puntos fuertes de
sus prácticas. A ello se unirá bien pronto otro: el de fijar de nuevo a las poblaciones
movilizadas; fijarlas al trabajo, soldarlas a la fábrica”. De ahí la máxima sintética:
desarraigar para arraigar, movilizar para fijar.
2 Se trata de un sistema de producción manufacturera basada en el trabajo a domicilio.
El control por parte de los comerciantes se ejercía únicamente sobre el producto y no
sobre los elementos del proceso de trabajo o los sistemas y técnicas de producción.
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Los espacios de trabajo como configuración de relaciones de poder.
La dialéctica entre control y resistencia
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Los espacios de trabajo como configuración de relaciones de poder.
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Los espacios de trabajo como configuración de relaciones de poder.
La dialéctica entre control y resistencia
5 Por las exigencias constitutivas de la lógica del capital, la función directiva de las
empresas debe conseguir la continua activación de los medios de producción me-
diante la transformación efectiva y permanente de la fuerza de trabajo en trabajo
productivo. Castillo Mendoza (1991), siguiendo los planteos de Gaudemar (1991),
sostiene que es preciso una constante búsqueda y aplicación de los métodos más
idóneos para conseguir la mayor adecuación laboral posible de los trabajadores, así
como la neutralización de aquellas prácticas que pudieran afectar la consecución de
las previsiones establecidas.
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Los espacios de trabajo como configuración de relaciones de poder.
La dialéctica entre control y resistencia
sociales del trabajo a las necesidades del capital expresadas en una cuádruple
exigencia: permitir la continuidad del poder, obtener los máximos resultados
productivos, facilitar la minoración de los costes y lograr un control efectivo
del trabajo” (Gaudemar, 1981b: 43).
132
Juan Montes Cató
o hacer competente a los sujetos con los recursos y medios para obtener ese
objetivo. En el discurso managerial se lo utiliza en ambos sentidos pues enfa-
tiza la idea de otorgamiento por parte de la gerencia hacia los trabajadores de
determinados recursos para cumplimentar los objetivos empresariales y a su
vez, señala que el poder original reside en la propia gerencia (Lahera Sanchez,
2004). Lo que se busca a través de este supuesto aumento de la participación
y la delegación en la toma de decisiones es aumentar el compromiso de los
trabajadores e interiorizar los valores de la empresa alimentando la imagen
del trabajador-propietario.
La búsqueda de un compromiso moral se expresa claramente con las po-
líticas de calidad de producto y de proceso –total quality management, TQM-
. Estas incentivan la movilización y participación de los trabajadores creando
la ilusión de un mayor poder sobre los destinos organizacionales. A través del
aseguramiento y certificación de la calidad las empresas buscan configurar un
tipo de orden en la producción que permita legitimar disciplina y mejorar el
control de los trabajadores por medio de dispositivos participativos acordes
con los principios de lealtad con la empresa (Willmott, 2001). En este sentido la
participación pregonada por los empresarios entiende que los trabajadores de-
ben hacerse partícipes e implicarse en los valores y normas de la nueva cultura
organizativa de calidad, participando de los objetivos de la empresa mediante
su aceptación y afirmando la voluntad de actuar para su consecución (Lahera
Sanches, 2000). Por su parte para lograr la participación resulta vital la “im-
plicación entusiasta” con los valores que determina la organización de manera
que se tienda al autocontrol. La concreción de esta nueva forma disciplinaria de
autogestión individual supone la colonización de otro aspecto de su dimensión
afectiva, en este caso, de sus almas (Elmes y Smith, 2001).
Los refinados dispositivos de control en el trabajo están fundados y legi-
timados en el renovado lenguaje de la calidad y la implicancia que en muchos
casos supone la asignación de funciones de supervisón y vigilancia entre tra-
bajadores de un mismo equipo de trabajo (Garrahan y Steward, 1992; Sewel y
Wilkinson, 1992; Wright y Edwards, 1998; Fernández Steiko, 2001).
Lo que constituye una innovación es que las técnicas empleadas no están
solo dirigidas a buscar una aceptación de las normas empresariales sino que
el complemento fundamental a esta cuestión de la búsqueda del consenso por
parte del empresario es una mayor participación del obrero en los vínculos en-
133
Los espacios de trabajo como configuración de relaciones de poder.
La dialéctica entre control y resistencia
tre los que se mueva la empresa y una contribución activa de aquél en el logro
de los objetivos empresariales. La implicación entendida como un alto nivel de
participación e involucramiento, puede generar un “sentido de propiedad y res-
ponsabilidad en los empleados y, consecuentemente, surge un mayor compro-
miso con la organización y una menor necesidad de sistemas de control directo”
(Calvo Ortega, 2001: 211). El trabajador implicado es el que de forma directa
o indirecta se encuentra identificado y fidelizado con la empresa en la que se
desempeña. Con estas técnicas el empresario no necesita apelar solamente a
métodos coercitivos para motivar y mantener la fuerza de trabajo disciplinada,
pues lo logra gracias a la implicancia, el consenso necesario para mantener al
trabajador ligado “voluntariamente” al proceso de trabajo. Lo que se espera es
un compromiso subjetivo, una implicación asumida como normalidad. En este
sentido la dominación en los espacios laborales opera en base a la utilización
permanente de la creatividad y de la subjetividad del trabajador que permite el
establecimiento de estructuras participativas. La dominación tiende a interio-
rizarse de modo que se crea un sentimiento de responsabilidad personal sobre
los destinos de la organización. En su extremo puede llegar a crear un “régimen
inculpatorio” en cuanto se culpabiliza al trabajador en términos individuales
por no alcanzar los objetivos fijados (Calvo Ortega, 2001).
Por otra parte, la ruptura de los vínculos horizontales entre trabajadores
se ve incentivado por la noción de cliente interno. El conflicto en cuanto con-
tracara de la disciplina es reemplazado por otras nociones que hacen hincapié
más en la idea de desacuerdos personales que en contradicciones estructura-
les, sometiendo así a los trabajadores a un entramado compacto que consolida
la dominación pues se basa en aspectos de orden material y simbólico.
Esta perspectiva está vinculada con lo que sostiene Dunlop (1978) en cuanto
que las relaciones industriales se desarrollan dentro de un marco armónico, don-
de el conflicto laboral constituye una manifestación superficial y secundaria; lo
que cuentan son las reglas en un contexto dado de relaciones industriales.
Kerr, Dunlop y otros (1967: 37) plantean que “el descontento de los tra-
bajadores, reflejado en formas explosivas de protesta, tiende a alcanzar su má-
ximo en las etapas iniciales de la industrialización y a declinar a medida que
los trabajadores se acostumbran más a ella (…) el trabajador aclimatado, más
familiarizado con las modalidades de la fábrica, con mayor comprensión de
los fundamentos de su trama de reglas, más conciliado con la vida fabril” es el
134
Juan Montes Cató
modelo de fuerza de trabajo en que están pensando estos autores. Las huelgas,
por lo tanto, obedecen a reacciones de índole irracional frente al proceso de
industrialización. En la medida en que los obreros se hacen más disciplinados
el uso de la huelga declina y deja lugar a formas institucionalizadas como pro-
cedimientos de queja, de resolución de conflictos, de mediación y arbitraje dis-
minuyendo así su potencial revolucionario. En la medida en que los sindicatos
son reconocidos cada vez más como elementos funcionales del sistema, “menos
necesario sería el uso del conflicto como medio táctico de presión para obtener
beneficios de la contraparte. Las huelgas se convertirían así en un fenómeno
transitorio dentro del proceso de negociación, cuya función se reduce a llamar
la atención sobre los puntos débiles del sistema de regulación de las relaciones
industriales, actuando como una especie de válvula de escape (de la tensión y
presión) y de seguridad para el mantenimiento del equilibrio general del siste-
ma. Por consiguiente, la conflictividad laboral sería cada vez más controlada y
regulada sindical y patronalmente” (Dithurbide Yanguas, 1999: 163).
Un rasgo importante de esta perspectiva es su concepción cerrada del
sistema de relaciones industriales, en particular de la empresa en la cual los
trabajadores y empleadores se relacionan de forma continua y en busca de
objetivos comunes. La organización económica se presenta como un sistema
que procesa imputs (factores de producción) para la producción de un outputs
(resultados) necesarios para el sistema social más amplio6. Los roles organi-
zan el sistema y le asignan su configuración contribuyendo de ese modo al
equilibrio del sistema. De esta manera, las relaciones establecidas es entre
roles y no entre sujetos, se trata de relaciones sistémicas más que de relaciones
sociales. En este marco la empresa se proyecta como un gran equipo que logra
su unificación gracias a un sistema institucionalizado de valores que trabaja
conjuntamente para el bien común. La empresa es así conceptualizada como
una “unidad cultural”.
135
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la colaboración permanente entre las partes. Los conflictos pueden ser conte-
nidos y canalizados recurriendo a medios institucionales adecuados de nego-
ciación. Esto llevó a centrar el análisis de esta corriente sobre la negociación
colectiva, en las instituciones más formales de canalización del conflicto. A
pesar que varias de las críticas han estado destinadas precisamente a que esta
corriente deja de lado las innumerables negociaciones de carácter informal,
uno de los principales rasgos y de ahí su limitación a la hora de explicar la
dinámica del conflicto, es que centran su atención preponderantemente en el
conflicto que surge del choque de organizaciones formalmente instituidas7.
De ahí que este enfoque centre la atención en las instituciones formales y
sostenga que los conflictos inevitables surgidos de las relaciones laborales pue-
den matizarse apelando a medios institucionales adecuados. El conflicto no es
ciertamente patológico para este enfoque, sino que existen grupos que expe-
rimentan conflictos entre sí y que las instituciones apropiadas pueden encau-
zarlos por canales pacíficos. El problema reside en pasar de la valoración de su
base material a la valoración de cómo organizarlo y encauzarlo. Este enfoque ha
derivado en dos tendencias: a) concentrar la mirada más en los posibles medios
que canalicen el conflicto que en su propia naturaleza y b) sobreestimar el valor
de la negociación colectiva de trabajo como instrumento de resolución y dejar
de lado otros recursos de poder puestos en juego en las relaciones de trabajo,
como por ejemplo la acción en el campo político (Edwards, 1990).
Para Edwards, a su vez, el enfoque pluralista “no aborda el problema de
la naturaleza o de la base del conflicto; se limita a centrar la atención en lo que
sucede cuando ya se han articulado expresiones organizativas del conflicto”
(1990: 9). El problema que subyace a los enfoques pluralistas es que equiparan
el conflicto con las manifestaciones observables de descontento y no preten-
den identificar las bases de aquél con independencia de cualquier indicador
observable concreto. Pero otro problema a la hora de comprender el conflicto
es suponer que existen grupos de trabajo como entidades pre-establecidas de
antemano, en lugar de considerar las condiciones que permiten el desarrollo
de esos colectivos.
7 Esto se ve agravado si se define a la organización solo como aquellas que están for-
malmente constituidas, como los sindicatos, dejando de lado los comités de empresa
e incluso grupos de trabajadores que cuentan con una importancia significativa a la
hora de comprender la dinámica, origen y desarrollo de un conflicto.
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radica en que permite establecer una conexión entre la base del conflicto y los
comportamientos concretos. Infiere que por detalladas que sean las reglas,
normas e instrucciones, ningún empleador puede prever todas las eventuali-
dades, ni describir exactamente la forma en que debe actuar en cada caso. En
este sentido, existe una indeterminación del contrato de trabajo que se resuel-
ve en la interacción cotidiana. Precisamente en este proceso de interacción,
de negociación del esfuerzo, diría Baldamus, se extiende un área potencial de
conflicto en el proceso de producción
El planteo de Paul Edwards retoma esta preocupación por el estudio del
conflicto laboral más allá de las puras manifestaciones. De ahí que critique
aquellas perspectivas que solo pretenden clasificar las formas de conflicto sin
conectarlos con el contexto de producción y fundamentalmente con los com-
portamientos. Evidentemente, no existe correspondencia inmediata y directa
entre una acción como la ausencia injustificada y la idea subyacente de conflic-
to. La pregunta, en este sentido, es en qué medida estos episodios pueden afec-
tar la negociación del esfuerzo en un espacio laboral específico y de qué manera
los participantes perciben el sabotaje, ausencia injustificada, etc. como una ex-
presión del conflicto, poniéndose así en juego dos órdenes de cosas: el contexto
donde se despliegan las relaciones de trabajo y por otra parte, los significados
que poseen para los trabajadores y empresarios. Es decir, el comportamiento,
lo visible, no puede explicarse a través del estudio de lo manifiesto sino que
adquiere sentido a través del análisis del contexto social en que se produce y los
significados sociales que poseen para los sujetos participantes
Siguiendo el planteo desarrollado por Edwards, P. K. (1990) para sis-
tematizar analíticamente la complejidad que posee la cuestión del conflicto,
existen diferentes niveles de estudio. El primero, remite al nivel básico, deno-
minado antagonismo estructurado: existirá un antagonismo de estas caracte-
rísticas en todas las organizaciones de trabajo en las que la fuerza de trabajo
se materializa en la creación de un excedente (plusvalía) que pasa a manos de
otro grupo. A continuación resaltamos la organización de las relaciones labo-
rales en el centro de trabajo. En este momento “aparece la cooperación, pues
los empleadores necesitan persuadir a los trabajadores de que trabajen, para
lo cual no les basta con la coacción; análogamente los trabajadores no se en-
frentan totalmente a sus empleadores”. Finalmente, está el nivel del comporta-
miento concreto: qué formas de comportamiento son viables, hasta qué punto
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9 No se trata de las “pautas de indulgencia” a las que se refiere Gouldner (1954) cuando
aborda el tema de los mandos intermedios y los casos en donde se permiten ciertas
ilegalidades a cambio de mantener ciertos estándar de producción. Si bien denota
cierto arreglo informal, ambas partes conocen los términos y más difusamente los
efectos de la transacción.
143
Los espacios de trabajo como configuración de relaciones de poder.
La dialéctica entre control y resistencia
lidado a través del discurso empresarial. De ahí que existan instancias inter-
subjetivas reservadas para la resistencia. Basta recordar que la subjetividad
es el mismo terreno que están disputando las formas de control que buscan
la interiorización de la disciplina, por lo tanto no es extraño plantear que los
trabajadores también en ese plano llevan adelante acciones de oposición. Par-
ticularmente importante es este tema cuando se analizan espacios de trabajo
donde no se observan manifestaciones colectivas del conflicto. Aquí el plano
subjetivo constituye una herramienta para indagar la existencia de colectivos
más allá que logren expresividad manifiesta y abierta.
Sin lugar a dudas, los trabajadores ensayan formas de resistencia, pero
difícilmente las acciones individuales logran imponer un cambio en el orden
dispuesto por las dirigencias empresariales. Las estrategias que los obreros
despliegan para sortear los controles institucionales podrían intepretarse
como actos de resistencia pero incapaces de significar una real amenaza a la
estabilidad de los parámetros de productividad fijados por las empresas. To-
mando en cuenta que las acciones individuales o los trucos no logran generar
cambios significativos en las relaciones de trabajo, es que centramos muestra
atención en las acciones colectivas. La construcción de contradiscursos por
parte de los trabajadores constituyen las expresiones menos visibles del con-
flicto, pero fundamentales para proyectar acciones colectivas reivindicativas
de carácter confrontativo. Si la disciplina y el control operan en la subjetivi-
dad, afirmamos que las acciones de resistencia no son ajenas a este plano de
la vida laboral. De allí la importancia de estudiar la existencia de una cultura
de oposición. La existencia de esa tradición no es suficiente para detener los
embates de la empresa pero puede lograr construir algunas barreras para ja-
lonar una acción abierta.
144
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6
Introducción
151
Las relaciones de teletrabajo:
Una encrucijada jurídica entre las tendencias laborales protectorias y reformistas
152
Paula Lenguita
micos de estas tecnologías son los que también han condenado a la inconsis-
tencia histórica del teletrabajo (Lenguita, Miano, 2005).
Para comprende esa dependencia inicial entre el modelo de trabajo y la
expresión versátil de las tecnologías “de la distancia”, en principio, se puede re-
conocer un origen histórico afín. Ambas experiencias son fruto de los esfuerzos
empresariales por buscar salidas a los callejones económicos impuestos por la
crisis del setenta. Así, cobran vida como una alternativa combinada para dar
sentido a un cambio de estrategia organizativa, que abandonase el gigantismo
fabril de los años anteriores. Básicamente, los medios informáticos eran un alia-
do estratégico del nuevo rumbo al que se quiere conducir a la estructura organi-
zacional, porque ofrecen la infraestructura necesaria para segmentar el espacio
de trabajo en islas integradas por redes electrónicas de comunicación.
Sin embargo, el reconocimiento histórico de la dependencia que el teletra-
bajo tiene respecto al ritmo de desarrollo técnico no alcanza para explicar, en su
totalidad, el porqué de su inconsistencia conceptual en todos los campos y lati-
tudes. Por lo tanto, es preciso reconocer también cuál es el contexto económico
que ha dado sentido a su emergencia y desarrollo gradual. Para configurar esta
transición, en el sentido histórico desplegado por el teletrabajo, se recuperan ar-
gumentos tendientes a definir la política empresarial que lo ha hecho posible.
Bennett Harrison, en su obra “La empresa que viene. La evolución del
poder empresarial en la era de la flexibilidad”, rescata una mirada histórica
sobre la estrategia empresaria de segmentación laboral. Señalando que la hi-
bridación de modelos productivos diversos, incluso con superposición de sus
estructuras, condiciona la falta de liderazgo de alguno de ellos para asumir
una posición hegemónica, y así poder cerrar de una vez la página del tayloris-
mo, si bien reconoce que:
153
Las relaciones de teletrabajo:
Una encrucijada jurídica entre las tendencias laborales protectorias y reformistas
concreta frente a los diseños concentrados de la época fabril1. Por tal razón, da
sus primeros pasos en los Estados Unidos, tras la crisis del setenta. Más aún,
fue un ensayo de una logia empresaria, para idear un instrumento contra los
desequilibrios económicos de aquellos días, ofreciéndose como solución para
el abaratamiento de costos de mantenimiento empresarial.
Para situar la propuesta, Jack Nilles -quien llegó a ser considerado “el
padre del teletrabajo”- sostuvo, desde el principio, que se estaba frente a una
transformación de los parámetros concentrados de organización del trabajo.
Y, de tal manera, ideó un eslogan que ha logrado popularidad en los Estados
Unidos: “llevar al trabajo al trabajador y no el trabajador al trabajo” (Nilles,
1996). De tal manera, la primera definición, surgida en este ghetto de empre-
sarios, fue resonando bajo el símbolo de un “desplazamiento invertido”: del
trabajo al trabajador. Tanto es así que el término “telecommuting”, es decir,
teledesplazamiento en español, fue el que desde siempre se ha empleado para
designar el fenómeno en los Estados Unidos. En síntesis, la emergencia del te-
letrabajo es gestada entre las inquietudes empresariales por disponer de nue-
vos principios organizativos al capitalismo post-crisis, nuevos criterios que
básicamente afectan los costos ordinarios de mantenimiento empresario2.
Contrariamente a ese ideal, Bennett Harrison considera que, en la prác-
tica, las políticas empresarias no han sido homogéneas. Hallándose diferen-
cias significativas en la estratificación de las empresas: si bien las grandes
empresas fueron favorecidas por sus aciertos en la intensificación del recurso
informático, la reacción frente a la recesión no ha sido unánime hacia la adop-
154
Paula Lenguita
ción de redes de trabajo. Por ende, el autor no admite una relación “mecánica”
entre la crisis económica y la emergencia de los sistemas de producción seg-
mentados3.
Frente a esta evidencia empírica es posible sostener que, la estrategia
del teletrabajo ha debido soportar una serie de dilaciones. Retrasos que se ex-
plican en la todavía insuficiente respuesta ofrecida por los recursos técnicos
disponibles, y la configuración de un andamiaje organizativo que supliera las
estructuras tradicionales de las empresas. Si bien tras la crisis, los empresa-
rios ya advertían la necesidad de un cambio de rumbo productivo, la segmen-
tación laboral del teletrabajo debió esperar hasta la consolidación definitiva
de la rentabilidad técnico-operativa de la informática. En aquellos años de
apuestas germinales de empresarios norteamericanos aún no se habían dado
las condiciones infraestructurales suficiente como para poner en marcha al
teletrabajo. En síntesis, si bien el autor considerado es pertinaz en compren-
der la acción indirecta entre la crisis económica y la activación de estrategias
empresarias de segmentación productiva, es también propicio admitir que
entre una y otra manifestación existe un ciclo de largo plazo (tampoco sería
efectivo considerarlo a partir de la trayectoria interna de cada empresa, sea
esta transnacional, nacional, mediana o pequeña). Más aún, el autor admite
que entre sus registros existen empresas que al expandirse buscan el empleo
de fuentes externas de producción, con lo cual se podría seguir sosteniendo lo
dicho para el teletrabajo. Si bien las empresas tienen que adaptar sus recursos
frente a la recesión, esa acción todavía era gravosa y poco rentable en el me-
diano plazo. Por esa razón, los establecimientos que muestran un liderazgo
en este recambio productivo son los transnacionales, que tienen margen sufi-
ciente de inversión para asumir el riesgo financiero de este tipo de variación
organizacionales (así se puede dar el caso de otro tipo de estructuras que, sin
estas ventajas comparativas, opten por una salida a la recesión proclive a la
concentración más que segmentación productiva).
La ambigüedad conceptual, que caracterizo al fenómeno del teletrabajo
en las primeras dos décadas de desarrollo, es el resultado de una dependencia
3 Si bien como él mismo afirma, son las empresas transnacionales las que más se han
favorecido por el uso intensivo de los medios informáticos para el trabajo, es persis-
tente en sostener, en función de sus análisis, que tampoco estas compañías producen
“automáticamente” una reacción organizativa como ajuste frente a la crisis recesiva.
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156
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nal del Trabajo se vio exigida a calificar el carácter innovador del cambio en
curso, y lo hizo en los siguientes términos:4
Es una forma de trabajo donde la prestación se localiza en forma remota
de las oficinas centrales, produciendo una separación entre el trabajador y el
resto de los trabajadores de la empresa, mediante las nuevas tecnologías que
facilitan la comunicación (OIT, 1990:3)
Según dicha caracterización, para la OIT el teletrabajo afecta el espacio
de trabajo “distanciando” a los trabajadores. Pero, a su vez, ese alejamiento se
ve atenuado por los medios técnicos que “facilitan la comunicación”. Según
sostiene el organismo, en la década del noventa, el teletrabajo abandona su
dependencia hacia una tecnología que ya le había ofrecido todo sus encantos,
para volverlo definitivamente un trabajo a distancia distinto (cuya peculiari-
dad es derivada de la versatilidad y flexibilidad de recursos informáticos). El
teledesplazamiento de los primeros años de configuración fue perfeccionado
por medios instantáneos de intercambio, y ganó una singularidad que lo po-
pularizó, también en Europa, como telework.
Sin embargo, el carácter “flexible” adquirirá con el tiempo una conno-
tación distinta. No sólo se conformará al señalar la ductilidad de estas nuevas
estructuras de producción, sino también una maleabilidad entre los vínculos
laborales que materializa. Por esa razón, la década del noventa puede ser con-
siderada un punto de inflexión en la historia del teletrabajo, porque abando-
na las ambigüedades conceptuales de los primeros años y marca el inicio de
una nueva sinonimia: teletrabajo como un trabajo flexible a distancia, que
provocará nuevos debates y controversias ya no sólo entre los empresarios
(Lenguita, 2002).
En el desarrollo flexibilizador del teletrabajo, Europa ha ocupado un rol
fundamental. Además de un instrumento de política empresaria, esa región
ha mostrado cómo se puede utilizar esta variante productiva en tanto un me-
canismo de políticas de empleo. En comunión, una y otra estrategia, admiten
que se puede escribir todavía una nueva página sobre las formas de “flexibi-
lizar” al trabajo, y volver “empleable” aquello que el mercado desecha como
fuerza laboral. Sintéticamente, se pueden mencionar algunos programas de la
4 Se puede mencionar aquí un trabajo reciente del organismo que sigue sosteniendo la
misma definición, véase: Vittorio Di Martino, “El Teletrabajo en América Latina y el
Caribe”, Proyecto Puesta en Marcha del Teletrabajo, Ginebra, 2004.
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Unión Europea que han tomado como instrumento fundamental entre las po-
líticas de empleo al teletrabajo: el Libro Blanco en 1984 (titulado “Crecimien-
to, competitividad y empleo. Retos y premisas para entrar en el siglo XXI”),
el Informe Brangemann en 1994 (titulado: “Europa y la sociedad global de
la información. Recomendaciones al consejo Europeo”) y los proyectos más
recientes de ADAPT, HORIZON, NOW, entre otros5. Mientras las dos décadas
iniciales sentaron la base para una delimitación del propio sistema de trabajo,
las décadas precedentes han permitido insistir (con el auxilio de entidades
empresariales y gubernamentales de Estado Unidos y Europa) en una flexibi-
lidad “contractual”, tan urgente para imponer este modelo productivo6.
Tal como sugirió la OIT, en sus primeras intervenciones, la innovación
del teletrabajo afecta las relaciones laborales tradicionales, y lo hace a través
de una atomización de los trabajadores, individualizando los vínculos labora-
les. El aislamiento laboral así configurado es un riesgo poco denotado por los
programas especiales de la Unión Europea. Una individualización que puede
incluso afectar las garantías jurídicas de los teletrabajadores; una fragilidad
que ha sostenido las políticas de empleabilidad europeas, dándose un paso
activo sobre la validación de la flexibilidad laboral. Los contenidos de los pro-
gramas europeos muestran un traslado en los debates hacia el terreno nor-
mativo. De tal manera establecen un ordenamiento renovado sobre las for-
mulaciones del régimen laboral, afianzando las pretensiones de maleabilidad
laboral de los empresarios. En correspondencia con la estrategia de segmen-
tación productiva, en Europa el teletrabajo se ubicó entre los programas de
“modernización ocupacional”. Para la Comisión Europea de Política de Em-
pleo, el teletrabajo fue la herramienta de intervención privilegiada hacia los
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Para observar ese viraje, que denota preocupación por parte de los paí-
ses centrales, es posible reconstruir los cambios de temáticas impuestas en la
academia europea especializada. Un paso prioritario en esa historia lo dio la
noción de “empresa red”, celebre designación sobre los nuevos cambios pro-
ductivos (Castells, 1997), recientemente definida en los siguientes términos:
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17 Se señalan como indicadores de este proceso regresivo de regulación laboral los siguien-
tes momentos: el establecimiento del Decreto de Productividad y la Ley de Convertibi-
lidad, que impusieron todo un abanico de instancias de flexibilización contractual y sa-
larial del trabajo: con posiciones reaccionarias (por ejemplo, limitando las horas extras
y especiales) y imponiendo parámetros de aumento salarial con beneficios unilaterales
para el empleador; al ponerlo en relación con los márgenes de rentabilidad como único
parámetros de regulación, después de la ley de convertibilidad.
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18 Entre las posiciones críticas que se han considerado existe una perspectiva suma-
mente atenta a la relación de las reformas pasadas y las herramientas presentes para
hacer frente a las demandas modernistas de flexibilización laboral, véase: Graciela
Bensusán, “La distancia entre normas y hechos: instituciones laborales en América
Latina”, Revista del Trabajo N.2, MTSS, 2006, pp. 115-132.
170
Paula Lenguita
19 Sus aciertos jurídicos deben ser traducidos a otros ámbitos de las disciplinas del tra-
bajo, a fin de poner una atención común y plausible de comparar y delimitar el fenó-
meno en toda su extensión e implicancias, véase: Albert Recio, “La segmentación del
mercado de trabajo en España”, Faustino Migueles, Carlos Prieto (coord.) El empleo
en España, Madrid, Siglo XXI, 1999.
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Palabras finales
20 Montero, Cecilia, “La privatización de los sistemas de relaciones laborales”, III Congreso
Latinoamericano de Sociología del Trabajo, Buenos Aires, 17-20 de Mayo, 2000.
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Paula Lenguita
que supone una doble sujeción: sobre la dirección empresaria en términos es-
trictamente productivos y sobre la subordinación contractual respecto a una
empresa subcontratista. De tal manera, se observan dos elementos proble-
máticos: por un lado, el riesgo empresarial es trasladado al trabajador sin el
beneficio económico derivado y, por otro, la proliferación de formas “vulne-
rables” de trabajo a distancia que presentan como antecedente la precariedad
de los trabajadores a domicilio21. Lo formal no encuentra aquí un correlato
con la situación real de trabajo. Si bien, la individualización y deslaboralidad
de las relaciones de trabajo es un fenómeno que supera el caso del teletrabajo,
en él encuentra una manifestación paradigmática de su forma y contenido.
Por ende, es posible reconocer la necesidad de realizar modificaciones nor-
mativas que “modernicen” las relaciones de teletrabajo, pero sabiendo que
no se puede caer en una reformulación mecánica y despreocupada sobre el
contexto general de estas innovaciones.
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21 Existe un trabajo reciente que ofrece un recorrido general sobre la literatura acadé-
mica especializada en el tema de la “precariedad laboral” de nuevo tipo, en el cual
se incluyen estos dos factores mencionados, véase: Octavio Masa, “Trabajo precario:
notas para una aproximación conceptual”, Ana Drolas, Paula Lenguita, Juan Montes
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Planteamiento de la cuestión
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el caso de las empresas petroleras en bolivia
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de una parte, el ejercicio del poder (Marglin, 1977; Braverman, 1987; Linhart,
1978; Coriat, 1978) y de otra, la desigualdad en las condiciones laborales.
Este artículo, a la luz de las evidencias empíricas, vuelca una mirada crí-
tica tanto a las tesis que sostienen que han tenido lugar cambios profundos en
la división técnica del trabajo –es decir, que existe una fusión entre trabajo de
concepción y ejecución, o un proceso continuo de enriquecimiento del traba-
jo– (Veltz: 1993) como a las que no ven más que la reproducción de situacio-
nes anteriores bajo nuevas formas (Wood, 1993). Proponemos recuperar una
perspectiva que enfatiza en la imposibilidad de disociar los procesos de recua-
lificación –en plena era de la automatización– del marco de relaciones sociales
que, debido a su contenido de clase, son relaciones de explotación, hegemonía y
subordinación (Marx: 1985). Así, los procesos de recualificación producen, de
manera contradictoria, tanto espacios de fusión e integración del trabajo –con
miras al uso eficiente de la fuerza de trabajo– como también división y frag-
mentación del trabajo –para mantener el control jerárquico que caracteriza a
la organización de la producción capitalista–. Trataremos de mostrar cómo las
estrategias de gestión de la fuerza de trabajo de los managers de Chaco y Andina
reproducen la tensión entre eficiencia y control mediante la aplicación de sus
dispositivos de movilización y control de la fuerza de trabajo.
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dicada a la guía del proceso automatizado (núcleo duro), la empresa genera las
bases materiales que faciliten su implicación con los objetivos de la compañía
mediante la firma de contratos por tiempo indefinido, acceso a todos los bene-
ficios sociales y condiciones preferenciales de vida en los campamentos (Vatin,
1987). Paralelamente, con el objetivo de disminuir costos y fortalecer la cohesi-
ón de este núcleo duro, subcontrata fuerza de trabajo, que es el que realiza todas
las tareas auxiliares. Nuestro análisis se concentra en el grupo de trabajadores
del núcleo duro, quienes garantizan el flujo continuo del proceso y forman la
columna vertebral de la organización del trabajo en este tipo de industrias.
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nes de todos, con la excepción de la función del operador de sala, que sólo es
suplida temporalmente por el operador de pozos8.
La integración de tareas que requieren los procesos automatizados es
remarcada por un manager de Chaco:
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Se trata de encontrar los medios más adecuados para que los traba-
jadores compartan los objetivos de la compañía. Éstos son principalmente
económicos y son transmitidos a través de contenidos técnicos. Los objetivos
estratégicos generales se traducen en microobjetivos para que sean ejecutados
por estos grupos autónomos (Durand, 2004).
Estos dispositivos de movilización y control con los que las órdenes y
las prohibiciones parecen ser reemplazadas por procedimientos y principios
interiorizados de acuerdo con la lógica de la organización (De Gaulejac: 2005)
no están exentos de una racionalización e individualización sistemáticas de
las actividades que se desarrollan al interior de los grupos autónomos. Esta
individualización entra en tensión con la búsqueda de integración del tra-
bajo a través de la comunicación fluida (que es la condición de eficiencia de
los procesos automatizados). Existe un control burocrático (Edwards, 1979),
mediante un formulario de indicadores de gestión que individualiza a cada
miembro del grupo y que especifica el nombre, el número de tarjetas coloca-
das (que señalan la identificación de problema), el número de tarjetas retira-
das (que señalan que se le dio solución al problema). En el caso de las lecciones
de un punto11, además del número de lecciones impartidas, se identifica quién
dio la lección, se contabilizan las mejoras propuestas, las mejoras realizadas,
ASAS (identificación de incidentes) efectuadas por cada miembro del grupo.
Este instrumento de control que individualiza el desempeño laboral se
complementa con otro, el GD2 (Gestión del Desempeño 2) que consiste en un
formulario administrativo en el que se definen, individualmente, los objetivos
anuales de cada trabajador en relación con el crecimiento profesional y con
los problemas de la planta. En este formulario se especifican los indicadores
que medirán el logro de los objetivos. El GD2 es, entonces, una herramienta
de evaluación. Un operador de sala precisaba:
11 Se denomina así a las lecciones que se imparten a los operadores acerca del funciona-
miento de los equipos, en las instalaciones de la planta. Esta instrucción está a cargo,
generalmente, del grupo de obreros de mantenimiento.
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(De Terssac, 1992; Durand, 2004). Lo que queda por precisar es que esta res-
ponsabilidad o cooperación, que se adecua a las obligaciones implícitas de
una producción, se debe ajustar también a los intereses de clase de la patronal.
Esta situación produce la subordinación del trabajo al control burocrático y a
la jerarquía de los managers, como nos muestra la evidencia empírica.
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Se trabaja unas horas gratis, hay una parte de las horas de tra-
bajo que no nos pagan, hacemos horas de más y... ni siquiera
nos pagan la prima de producción...
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Pese a que este espacio laboral diferencia claramente a quienes dan ór-
denes y a quienes las ejecutan, las exigencias de la industria de procesos im-
ponen la discusión colectiva a fin de aportar soluciones a los problemas que
plantea el proceso productivo (De Terssac, 1992). En ausencia de una herra-
mienta de gestión como el TPM, las discusiones colectivas se realizan de ma-
nera informal entre los operadores y técnicos de mantenimiento (trabajadores
subcontratados) y los supervisores y encargados de Andina, para compartir
ideas, sacar conclusiones y proponer soluciones a los problemas. Los operado-
res se refieren a esta práctica de forma gráfica:
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Los operadores son los más afectados por el tipo de trabajo que
desarrollan. Muchas veces hay un paro de equipo, un desvío de
calibración en los equipos rotatorios. Cambios de equipos sin
que el operador sea comunicado; ese tipo de controversias se
producen por falta de comunicación, pese a que existen herra-
mientas para que no haya contradicciones, las responsabilida-
des están claramente definidas, pero en los hechos las contra-
dicciones surgen.
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zada– una nueva división del trabajo, entre quienes se dedican al tratamiento
de signos –es decir, los operadores– y quienes se dedican al tratamiento de
sentido –los encargados de campo– (Boyer y Durand: 1993).
Paradójicamente, la ausencia de un incentivo abierto a la autonomía co-
existe con una política de capacitación permanente, que adecua las cualifica-
ciones de la fuerza de trabajo a los requerimientos de la automatización. Los
cursos se llevan adelante en el tiempo de descanso de los trabajadores pero
son obligatorios. Un operador señala:
Sí, nos dicen bien claro, los que vienen a pasar cursos de capa-
citación, ellos nos dicen... “Nosotros venimos a pasar cursos de
capacitación para que ustedes sirvan a la empresa, la empresa
nos paga para que nosotros les enseñemos a ustedes y ustedes
tienen que servir a la empresa... tienen que saber cómo hacer...
La empresa no puede gastar en vano”.
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Consideraciones finales
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el caso de las empresas petroleras en bolivia
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producción, imposición de
sentidos corporativos y
resistencias: el caso de una
empresa automotriz
Marcelo Hernández y Cristian Busto
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Introducción
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el caso de una empresa automotriz
exclusivo al ritmo del despliegue capitalista sino también al tono de distintas ac-
ciones y expresiones de resistencia por parte de los trabajadores1.
En este sentido, sin desconocer la importancia que los años de dictadura
tuvieron en el disciplinamiento de la fuerza de trabajo en Argentina impo-
niendo como lógica de dominación el terror, se debe decir que es recién a
partir de los años 90 que la industria automotriz comienza a delinear y mate-
rializar novedosas2 estrategias de producción que se alejan del desarrollo de
tecnologías de innovación y/o adaptación de acuerdo a los modelos tradicio-
nalmente adoptados.
En efecto, durante estos años la industria automotriz fue una de las ra-
mas de actividad que mayor dinamismo alcanzó. Se instalaron distintas ter-
minales en el país y se desarrollaron estrategias de producción a nivel regio-
nal en consonancia al avance de la relación entre los países del MERCOSUR.
De este modo, es que la búsqueda de nuevos modelos de producción
coincide con el auge neoliberal local y con un contexto normativo favorable
a partir de leyes que fueron habilitando viejas y nuevas formas de flexibili-
zación y precariedad laboral. También con una realidad que paulatinamente
fue beneficiando al sector empresarial, en tanto contexto disciplinador del
factor trabajo, debido a las crecientes situaciones de inestabilidad laboral que
se iban expresando en la proliferación de trabajos precarizados, el aumento
de los índices de desocupación y el empeoramiento de las condiciones de vida
de amplios sectores de la sociedad.
Tales condiciones, pese a las variaciones del mercado y sus efectos sobre la
producción, fueron convergiendo y posibilitando considerables cambios en las
relaciones laborales y la organización de la producción a nivel de las empresas.
1 Dos ejemplos emblemáticos, expresión del modo en que muchas de estas acciones
de resistencia se han desarrollado y han sido resueltas, lo representan los casos de
comisiones internas desaparecidas por la dictadura militar, y la toma por parte de
los trabajadores de una de las plantas de producción de General Pacheco durante la
presidencia de Alfonsín (1985), la cual fue sofocada mediante una acción de desalojo
forzoso que contó con la participación de más de mil efectivos de seguridad.
2 Con “novedosas” queremos hacer referencia al desarrollo de estrategias de produc-
ción que se alejan, o presentan diferencias importantes, respecto a los procesos de
innovación y adaptación de acuerdo al modelo tradicionalmente adoptado por las
empresas automotrices transnacionales en nuestro país.
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3 Acuerdo firmado entre las empresas, el gobierno y los trabajadores (1991) que per-
mitió: a) la reducción de impuestos por parte del gobierno; b) reducción de techos en
reivindicaciones salariales por parte de los sindicatos; c) reducción en márgenes de
ganancias por parte de las concesionarias y d) reducción de los precios de los autos
por parte de las terminales.
4 La empresa americana Ford admitirá en diferentes documentos internos que el Ford
Production System (FPS) abreva en la fuente de la teoría toyotista como ejemplo de
empresa flexible basada en el Just in Time y en la calidad total como discursos fun-
damentales.
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En este período Ford decide el cierre de otra de sus plantas quedando so-
lamente con las correspondientes a Estampado, Pintura y Montaje. Además,
se consolida al interior de la firma el discurso y la introducción de criterios
organizativos toyotistas, dándose comienzo a las denominadas “áreas experi-
mentales de aplicación del Ford Production System –FPS”.
Cabe destacar, que en enero de 1999 se realizan 1440 “suspensiones”5, y
en el año 2002 se llevan adelante otras 200 suspensiones más.
Esta etapa encarna los años de mayor disciplinamiento laboral para la
imposición del Sistema Corporativo de Producción, situación que se verá re-
forzada y legitimada por un contexto de profunda inestabilidad social y eco-
nómica que golpea al país cuyo punto más álgido se alcanzaría con el estallido
social de diciembre de 2001.
5 De este modo fue presentado por el sindicato y la empresa, un acuerdo que al fina-
lizar el período de suspensión y los retiros voluntarios solo recuperó 48 de los 1440
puestos de trabajo.
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el caso de una empresa automotriz
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Por otra parte, es posible observar que la entrada al nuevo milenio sig-
nificó la consolidación de un nuevo sistema corporativo de producción para la
empresa estudiada, que se constituye como un modelo aggiornado del Toyota
Production System y que, a pesar de ciertas revoluciones tecnológicas, man-
tiene como criterio organizacional central la cadena de montaje diseñada a
principios del siglo XX por Henry Ford.
mas de actividad. Como casos testigo podemos remitirnos a los procesos de raciona-
lización laboral desarrollados, por ejemplo, en grandes empresas como YPF (véase:
Palermo, 2008) o SOMISA (véase: Soul y Palermo, 2008).
8 La palabra habitus, en este contexto, es utilizada en clave bourdiana refiriendo al siste-
ma de códigos y de disposiciones duraderas para actuar, sentir y pensar, adquiridas y
encarnadas por los agentes sociales a lo largo de las trayectorias sociolaborales. Estas
disposiciones duraderas son pasibles de ser analizadas en estas prácticas y representa-
ciones que los agentes sociales construyen frente a las condiciones sociales objetivas.
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Los circuitos S y P
9 Los grupos refieren a una forma organizativa al interior de la empresa que responde
a una parcelación de las tareas productivas para cada una de las líneas de producci-
ón. Como ejemplo ilustrativo, podría considerarse el equipo de 30 operarios que se
ocupa del armado del piso de la línea de vehículos X. Este colectivo de trabajadores
dedicados en su conjunto a una fase productiva del vehículo X, a su vez, también
estará organizado en su interior en distintos mini-grupos de trabajo que se ocuparán
de ejecutar las tareas específicas que prescribe el FPS.
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que describe los circuitos S y P (gráfico Nº1) observamos que cada grupo debe
responder ante el facilitador de la línea en la que está comprendido por todos
aquellos aspectos vinculados a la producción y, por otra parte, los mini-gru-
pos deberán dar cuenta a la cadena de agentes de control simbólico a través
de su “multiplicador”12, quien se reúne semanalmente con los otros multipli-
cadores y el coach de su elemento (figura a quien se le reportan las diferentes
actividades y trabajos realizados). Por su parte, el coach debe dar cuenta ante
el asesor de la planta y éste ante el asesor del centro industrial.
En la anterior forma de organizar la producción que esta empresa utili-
zó el supervisor de la línea era el “cuello de botella”, por él pasaban los roles de
disciplinamiento pero también todo el flujo de la información, tanto de arriba
hacia abajo como viceversa. En el gráfico siguiente (Nº 2) representamos el
circuito de control simbólico que pone en relación grupos, mini-grupos, ope-
rarios multiplicadores y mandos medios que asumen el rol de coachs.
12 Nombre asignado al operario que asume el rol de líder en los diferentes mini-gru-
pos.
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La operativa grupal
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13 Jerarquía tomada de las artes marciales (cinturón verde) que es utilizada para quie-
nes alcanzan esta distinción. Entre los operarios se han promovido algunos a esta
categoría, en cambio los Black Belt (cinturón negro) sólo son los mandos medios me-
dios y superiores. Es sujetos son capacitados en la teoría de seis sixma que supone la
utilización de métodos estadísticos y diversos formas de sistematización que apuntan
a la prevención de fallas, y disminución de costos.
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La evaluación
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El campo de disputas
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fisuras y con la total aceptación por parte de los operarios, proponemos leerlo
desde las diversas tensiones que lo constituyen.
Los diseños de la casa matriz se difunden a través de las distintas plantas
radicadas en el mundo, lo que significa que lo que encontramos efectivamente
en funcionamiento en las distintas terminales tiene que ver con las mediacio-
nes propias que describe cada caso en particular respecto a los procesos de
resistencia entre los distintos actores.
En nuestro caso, al momento de definir las resistencias, partimos de
afirmar que no es posible observar una oposición político-sindical manifiesta
contra el dispositivo de disciplinamiento expresado en el sistema corporativo
de producción instaurado.
En el sindicato (SMATA), al menos al nivel de sus máximos dirigentes,
ha existido plena conciencia de las políticas postuladas por las empresas du-
rante la década del `90, las cuales fueron oportunamente aceptadas y acom-
pañadas. Como muestra de ello podemos ver a partir de diferentes convenios
celebrados el modo en que se ha habilitado legalmente condiciones favorables
a la extrema flexibililzación de los trabajadores junto a procesos de terceri-
zación que han ido involucrando miles de puestos de trabajo en las grandes
empresas. En el caso de Ford, a diferencia, el sindicato ha mirado para otro
lado y se dejó correr la implantación del FPS bajo un convenio que no lo con-
templa14.
Esto significa que este grado de participación de los trabajadores como
una forma de colaboración no es reconocido según el convenio colectivo ac-
tualmente en vigencia; y, por otra parte, que más allá de las diversas medi-
das de fuerza que se han desarrollado históricamente, no se ha planteado en
ninguna ocasión una actitud de abstención, boicot o resistencia sindical a las
múltiples tareas que cotidianamente se realizan en nombre del sistema cor-
porativo. Tareas que además, implican sobre-trabajo y significaciones que de
modo sofisticado debilitan los colectivos de los trabajadores15
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presa reconoce, que son producto de las prácticas arriba mencionadas, y que
expresan acciones de tipo individual, discontinuas y de carácter actitudinal
fundamentalmente. Podemos afirmar de este modo, que desde el año 1996 el
FPS se ha ido imponiendo en tensión con las resistencias pero sin oposiciones
que hayan acabado con él o lo hayan dañado severamente.
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Organización de la producción, imposición de sentidos corporativos y resistencias:
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social do capital à época
contemporânea
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produtivo-social do capital à época contemporânea
2 A partir dos estudos de Marx, João Machado Borges Neto (2004) salienta que “a lei
do valor pode ser entendida a partir de três versões sucessivas, em que elas se tor-
nam progressivamente mais complexa. A versão mais simples é a de lei da determi-
nação do valor pelo tempo de trabalho. A segunda versão é a de lei da distribuição
do trabalho social (o que também pode ser interpretado como lei do equilíbrio na
distribuição do trabalho social). O exame do impacto da concorrência intra-setorial
entre os capitais na economia capitalista conduz à terceira versão da lei do valor,
como lei da minimização do tempo de trabalho abstrato. Desta forma, a lei do valor é
uma lei dinâmica, base das leis gerais de desenvolvimento da economia capitalista.
Finalmente, no plano internacional, a lei do valor se apresenta como lei da geração
de super-lucros e do aprofundamento das desigualdades” (Borges Neto, 2004: 143).
3 O conceito de trabalho flexível é reconhecidamente amplo. Contudo, estudos têm
mostrado que no caso brasileiro predominam as tendências flexíveis próximas àque-
las iniciadas no Japão na metade da segunda década de 1950. Sobre as múltiplas fa-
cetas da flexibilidade toyotista ver o estudo descritivo realizado por Benjamin Coriat
(1994). Como contraponto, para uma análise crítica desse processo de flexibilização
“japonês”, ver Satoschi Kamata(1985).
4 A Região do Grande ABC é formada pelos municípios de Santo André, São Bernar-
do do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da
Serra. Palco das greves de resistência ocorridas entre os anos de 1978 e 1980 contra
a política de arrocho salarial à época do regime militar, projetou no cenário político
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Com isso, temos que nada está dado por princípio; a classe operária,
por ser histórica, é algo mais complexo, pois é formada em meio às diferentes
concepções religiosas e de mundo. Suas ações “forjam” valores difusos, que,
premidos pelas contingências do cotidiano, não só são plurais, mas ainda,
passam por constantes realinhamentos e modificam-se de acordo com as cir-
cunstâncias, com a realidade objetiva.
Partindo da premissa analítica sugerida por Thompson (1987), faz-se
importante assinalar que, como parte de nossa contemporaneidade, ganha
relevância os estudos de Richard Sennett (1999), particularmente suas ins-
tigantes reflexões que procuram captar algumas das conseqüências pessoais
do trabalho no novo capitalismo quando indica-nos que:
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O metalúrgico jovem-adulto flexível do ABC paulista e o novo metabolismo
produtivo-social do capital à época contemporânea
8 No chão da fábrica são nítidos os conflitos ocorridos entre o antigo perfil operário,
em geral, participante ativo dos grandes movimentos grevistas de fins dos anos 70 e
início da década de 80 do século passado e o jovem-adulto flexível contemporâneo,
os “filhos da reestruturação”. Esses conflitos emergem e são parte do processo de
dissensão das formas correlatas de emulação, quando da introdução do conceito de
empregabilidade, que, exigindo dos operários um conjunto de atitudes pró-ativas,
engajamento no cumprimento das metas de produção e das melhorias contínuas,
encontram guarida e são incorporadas mais facilmente pelos segmentos mais no-
vos, em especial, nos instantes em que se procura de todas as formas sair o mais
rápido possível da “purificação” por que passam no período em que se encontram
no “purgatório”, fase de experiência, momento em que é testada sua capacidade de
permanecer trabalhando na empresa (Araújo, 2009).
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com seu cérebro livre (por meio da fuga imaginética durante o próprio tra-
balho) para refletir, inclusive sobre sua condição operária, as estratégias de
gestão de pessoal e de recursos humanos nesta época do trabalho flexível
procuram ocupar em tempo continuum a “mente” e o “coração” do operário,
induzindo-o ao trabalho participativo, o que implica, entre outras coisas, na
sua entrega “total” à nova lógica produtiva e racional do trabalho.
Dessa forma, o jovem-adulto flexível premido pelas contingências -
como a necessidade de ser efetivado no emprego -, suas iniciativas se identi-
ficam tão-somente com as necessidades de encontrar respostas aos dilemas
apresentados pelo contexto fabril, os quais, espraiando-se, intercruzam (re)
definindo as diferentes situações do seu modo de “vida just-in-time”: vida
“móvel”, vida em “trânsito”, motivada e repleta de atitudes que, ao fim, rever-
tem-se em prol do capital, seja no interior ou fora da fábrica.
São posturas que, atendendo às exigências da produtividade, tal qual
salienta Dejours (2000), refletem de modo contundente práticas de adesão
“voluntária” às inúmeras estratégias da “guerra sã”, que, fundamentada na
inquestionável necessidade de se preparar para o acirramento da competiti-
vidade, impõe que se aceitem as inconveniências decorrentes das circunstân-
cias dadas.
Nesse caso, o modo de vida da força de trabalho é definido pelas exigên-
cias dessa “guerra sem trégua”, que induz certos comportamentos, um “estilo”
de vida que mesmo fora da fábrica deve coadunar-se à lógica-necessidade do
capital, na medida em que “fazer a guerra não tem por objetivo unicamente
defender a própria segurança e sobreviver à tormenta [...] consiste em polir as
armas de uma competitividade que lhes permite vencer o concorrente” (De-
jours: 2000,14).
Essa ideologia da “necessidade”, exaustivamente difundida, quando in-
corporada pelo segmento jovem-adulto flexível, mobiliza-o de tal forma que
sua vida fora do trabalho praticamente inexiste enquanto tempo “seu”, uma
vez que as determinações cotidianas conformam-se enquanto um continuum
e indissociável tempo de trabalho que lhe ocupa a cabeça, atormenta-o, do-
mina-o integralmente.
A favor de nosso argumento, vejamos o que nos diz um jovem operário
ingresso na fábrica na primeira metade da década de 1990. Trata-se de um
operário que estudou três idiomas (inglês, alemão e francês), freqüentou o Se-
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nai na empresa, fez curso técnico em instituição pública e, por fim, formou-se
engenheiro em 2006. Sobre a correria do dia-a-dia, do seu modo de “vida just-
in-time”, Jorge nos informou, em depoimento coletado em janeiro de 2008:
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o conjunto da vida social. Sob a égide do trabalho flexível, por exemplo, não
há mais a antiga distinção, existente na época fordista, que procurava separar
o universo do “lar” e o da “produção”.
Hoje, tudo deve estar integrado à lógica flexível, pois as metas produti-
vas das empresas são também metas sociais: devemos todos, indistintamente,
sem exceções, estar comprometidos com o desenvolvimento da empresa e da
sociedade. Temos aqui uma das formas contemporâneas do metabolismo de
reprodução material e ideológica do capital, exaustivamente analisada por
Mészáros (2002).
Se por um lado as mudanças relacionadas ao processo de reestrutura-
ção da fábrica, mais precisamente a nova qualificação/polivalência operária,
são parte do mesmo movimento que introduziu a flexibilidade na estrutura
de comando da “nova empresa”, cabe destacar que, por outro, subsumido no
conceito de “colaboradores”, amplamente disseminado, encontramos refor-
çada a idéia de que, atuando em diferentes áreas, todos operadores, técnicos-
administrativos, executivos e aprendizes, sem nenhuma exceção, fazem parte
de uma equipe vencedora, na qual desempenham relevante papel na consoli-
dação e manutenção da liderança da empresa no mercado.
Atuando no sentido de introjetar/firmar a idéia de que é preciso “assu-
mir compromissos”, é revelador dessa tendência que em seus boletins a em-
presa aqui tomada como referência, se refira ao coletivo operário recorrendo
constantemente à expressão “nossos colaboradores”. Seguindo a lógica do dis-
curso colaborativo, é no depoimento do presidente da companhia no Brasil
que se encontra a seguinte afirmação:
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social desse novo “núcleo duro”, o operário flexível que emergiu da fábrica
reestruturada.
Trata-se de um novo segmento operário em processo de formação, cujas
atitudes frente às novas provocações do capital à época do trabalho flexível,
de muitas maneiras podem influenciar nos rumos da luta de classes no Brasil,
ou, quem sabe, também além mar.
Tal insinuação não parece exagerada se considerarmos que sua gênese
relaciona-se às mudanças que, globais e dialéticas, em sua múltipla processu-
alidade comportam a possibilidade de novas fraturas ou contestações sociais
por fora das regiões até então conhecidas como sendo o epicentro da luta en-
tre capital e trabalho, particularmente o velho continente.
Vemos, pois, que o perfil operário jovem-adulto flexível expressa um
segmento da nova composição metalúrgica cuja gênese, representando um
processo contraditório, torna-o portador de novas possibilidades, de novas
promessas, que em muito pode contribuir no avanço da organização operária
na sua luta contra a sanha capitalista.
Contudo, é preciso insistir na premissa de que o entendimento dos seus
novos significados históricos e sociais exige concebê-los como segmento do
proletariado em profundo processo de transformação. Trata-se de mudanças
que de fundo, alteram a maneira de ser/perceber-se da classe operária, mas
que não suplanta a forma-síntese da modernidade, a saber; as contradições e
as lutas entre capital e trabalho.
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10
Introducción
1 Hacia 2001, la Argentina vivió una de sus más profundas crisis económicas, sociales
y políticas. Este proceso fue acompañado con un crecimiento de las luchas de dife-
rentes sectores sociales, que salieron masivamente a las calles, fracturando algunos
consensos neoliberales.
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2 Al referiros a los tres espacios en los que puede iscribirse el conflicto gremial, no
estamos haciendo alusión a un desarrollo por etapas. Por el contrario, remarcamos
cualidades diferenciales del conflicto gremial, pudiendo interrelacionarse las tres di-
mensiones al mismo tiempo.
3 Ver Figari, Claudia y Palermo, Hernán M. (2009). “Prácticas hegemónicas, dispo-
sitivos de control laboral y valorización de la experiencia. El caso Repsol YPF”. En:
Revista Theomai, Estudios sobre Sociedad y Desarrollo, número 19, Buenos Aires, Ar-
gentina. (en prensa)
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1. El Villazo.
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22 La lucha desarrollada por la UOM de Villa Constitución entre 1989 y 1991 fue memo-
rable, sin embargo y a pesar del involucramiento de la comunidad, de la solidaridad
de artistas y de otros sindicatos y agrupaciones políticas y gremiales, el sostenimien-
to de las carpas por más de tres meses en la puerta de la fábrica (con 3300 trabajado-
res sin salario), se hizo muy dificultoso (entrevistas a dirigentes sindicales, 2007).
23 Durante todo el conflicto, todas las veces que hizo falta cambiar la gerencia de RRHH
y los negociadores, así como hacer intervenir empresas consultoras para habilitar el
diálogo con el sindicato, la empresa lo hizo.
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28 La creación de la empresa fue impulsada por un sector de oficiales del Ejército ar-
gentino que dinamizaron la intervención del mismo en la estructura productiva, con
objetivos vinculados a la soberanía nacional y la industrialización. La “autonomía
en la defensa nacional” y la “independencia económica” se constituyeron en fuertes
valores asociados a formas de intervención del Estado en la estructura productiva.
29 El surgimiento de YPF se vinculó con una fuerte retórica nacionalista y estatista
encarnado en gran parte en las facciones yrigoyenistas, tanto civiles como del
ejército. Su primer director fue el General Enrique Moscóni. Se organizó como
una empresa verticalmente integrada, y -- por las características de la explo-
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Esta práctica del sindicato expresa las políticas imperantes contra los
intereses de los trabajadores, en una acción gremial. Asimismo, el sindicato
impulsa los “emprendimientos”38, como forma de contener posibles resisten-
cias y garantizar que algunos trabajadores mantuvieran sus puestos de traba-
jo a través de la creación de empresas.
El proceso de privatización significó el despido de un gran número de
trabajadores. En toda la empresa, circunscripta en todo el territorio argenti-
no, se pasó de 50.000 trabajadores en el año 1991 a 7.000 en 1994.
Sin embargo, a pesar de las políticas empresarias y el accionar del sin-
dicato, este proceso tuvo acciones de resistencia de los trabajadores, muchos
de ellos excluidos de sus fuentes de empleo. Las expresiones de lucha de los
trabajadores de YPF frente a la privatización comenzaron a vehiculizarse por
fuera de la “fábrica” y fundamentalmente, por fuera del marco sindical del
SUPE. Es decir, comienzan a organizarse agrupaciones de ex trabajadores
de YPF pugnando por el mantenimiento de sus empleos. En un contexto de
avance de las políticas privatistas, “estalla” en 1991 en la ciudad de Ensena-
da, Pcia. de Buenos Aires, una de las primeras expresiones de lucha contra el
avance de los despidos: el “Ensenadazo”.
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2. De la fragmentación a la re-organización
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seguir siendo la única central obrera reconocida oficialmente, nucleando a los gre-
mios industriales y de servicios, con casi ocho millones de afiliados.
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de fábrica en la argentina
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1 Es importante señalar que estamos caracterizando una tendencia general que no ex-
cluye casos de fábricas en las que, durante la década del 90, se hayan dado procesos de
organización gremial y/o luchas al nivel del lugar de trabajo. Pero, en tanto tendencia
general, los 90 implicaron la consolidación de la despolitización del ámbito fabril. Una
forma en que este fenómeno se manifiesta es a través del, en extremo, bajo porcentaje
de empresas en las que existe representación gremial a nivel del lugar de trabajo. Según
la Encuesta de Indicadores Laborales (EIL) elaborada por el Misniterio de –Trabajo de
la Nación, sólo el 12,4% de las empresas cuentan con al menos un delegado (Trajtem-
berg et al., 2005). Lo que es lo mismo que decir que en casi 9 de cada 10 empresas no
existen delegados gremiales. Este proceso de desindicalización del lugar de trabajo, se
combinó con casos –como el de FATE que hemos estudiado en profundidad–, en los
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la argentina post devaluación
que, si bien el Cuerpo de Delegados y/o Comisión Interna se mantuvo, éstos operaron
como agentes de la despolitización a través de su transformación en “voceros” de la pa-
tronal frente a los operarios. Para un análisis de este proceso en la fábrica FATE, véase
“La debilidad de los punteros fabriles” en Varela, 2009.
2 El direccionamiento de la represión de la dictadura militar a las organizaciones de
base de los trabajadores ha sido analizada por Gilly (1990), como así también por
distintos trabajos específicos sobre la década del setenta como Insurgencia Obrera
en la Argentina 1969-1976. Clasismo, coordinadoras interfabriles y estrategias de la
izquierda de Ruth Werner y Facundo Aguirre (2007), La guerrilla fabril. Clase obrera
e izquierda en la Coordinadora de Zona Norte del Gran Buenos Aires (1975-1976)
de Héctor Lobbe (2006), Los compañeros. Trabajadores, izquierda y peronismo 1955-
1973 de Alejandro Schneider (2005), Los zapatos de Carlito de Federico Lorenz
(2007) dedicado a los trabajadores navales de la Zona Norte, particularmente los de
los Astilleros Astarsa.
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6 Este apartado no pretende ser una descripción detallada de los procesos de lucha
sindical de 2004 a 2007 sino un breve recorrido por los casos más relevantes para
señalar a qué nos referimos con el retorno de la política de fábrica.
7 Para un análisis del proceso en el subte, véase en este mismo libro el artículo de Patri-
cia Ventrici. Véase también el libro Experiencias Subterráneas. Trabajo, organización
gremial e ideas políticas de los trabajadores del subte (Castillo et al.,2007).
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9 Esta masacre fue producto del incendio de un taller textil en el barrio de Caballito en el
que los inmigrantes bolivianos estaban encerrados bajo llave en calidad de esclavos.
10 Se denomina “conurbano bonaerense” al Gran Buenos Aires, cuya Zona Norte cons-
tituye la mayor concentración fabril de la Argentina. Como afirma Pablo Ciccolella,
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“En los años sesenta y principios de los setenta, cerca del 50% de las inversiones
industriales se concentraban en la RMBA [Región Metropolitana de Buenos Aires,
NdeA]; en los años ochenta esa proporción cayó abruptamente al 20% y en los noven-
ta supera el 55%” (Ciccolella, 1999: 5). Dentro de estos porcentajes correspondientes
al conjunto de la RMBA, la Zona Norte absorbe más del 50% del total
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11 Véase los análisis de Claudio Lozano (2008), Eduardo Basualdo (2007) y Paula Bach
(2008) al respecto. Sintomáticamente, a inicios de 2007, el gobierno nacional, a tra-
vés del Secretario de Comercio, interviene el Instituto Nacional De Estadísticas y
Censos –INDEC–, que otorga las cifras oficiales de inflación, a partir de las cuales
el gobierno, los empresarios y la CGT acuerdan los topes salariales –y a partir de las
cuales se establecen los índices de pobreza e indigencia–.
12 Hacia fines de 2008 la dirección de la UTA organiza elecciones para Cuerpo de De-
legados que son denunciadas por sus irregulares por los delegados del subterráneo
ante el Ministerio de Trabajo. El Ministerio, sin embargo, falla a favor de la dirección
de la UTA. En la actualidad hay un Cuerpo de Delegados surgido de esa elección
que no es reconocido por la inmensa mayoría de los trabajadores; y otro Cuerpo de
Delegados “de hecho” constituido por los delegados desplazados. En febrero de 2009,
el Cuerpo de Delegados “de hecho” impulsó un plebiscito entre los trabajadores para
la conformación de un sindicato propio por fuera de la UTA. El resultado fue mayo-
ritariamente a favor.
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Gran La Plata que, luego de acampar frente a la planta en protesta por despi-
dos, tomaron la fábrica y fueron desalojados por un operativo policial de más
de 700 efectivos para una toma realizada por 18 obreros. Esto por mencionar
los casos más relevantes13.
Como hemos intentado mostrar a través de este breve recorrido por las
principales luchas de trabajadores ocupados, 2004 señala el año de un resur-
gimiento de luchas sindicales “desde abajo” que modificó sustancialmente el
escenario de la política gremial al interior de los lugares de trabajo. Más allá
de la especificidad de cada uno de estos procesos, tres son sus características
comunes. La primera es la aparición de una nueva generación de obreros jóve-
nes14 que son quienes encabezan esta recuperación de la militancia gremial en
los lugares de trabajo. Como señaló un miembro del Cuerpo de Delegados (no
reconocido por el sindicato) de Terrabusi, “jóvenes que se vuelven militantes
de sus derechos”. La segunda característica es el carácter opositor a las con-
ducciones sindicales a nivel nacional de estas nuevas organizaciones de base.
Y la tercera, la utilización de la asamblea de trabajadores como el ámbito de
toma de decisiones del colectivo obrero y la legitimación de la acción directa
como herramienta para la obtención de los reclamos. Al respecto, Celia Cota-
relo destaca lo siguiente,
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Fábrica y territorio
15 Como hemos señalado en otros trabajos –véase Varela, 2009–, este obstáculo epis-
temológico encuentra su origen en la adopción de la tesis del “fin de la sociedad
industrial”, a partir de la cual se consolidó una idea común a la multiplicidad de
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La ilusión de lo social
teorizaciones, la del fin del trabajo asalariado como relación social estructurante del
conjunto de relaciones sociales (y por ende, de sus antagonismos).
16 Véase “Americanismo y fordismo”, Gramsci 1984.
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ruta). Por otro lado, toda esta recuperación de la política “desde abajo” fue en
el marco del mantenimiento de un profundo rechazo a la actividad política en
general, y la partidaria, en particular. En este sentido, constituyó una repoliti-
zación acotada a lo social, como instancia legitimada de la militancia, frente a
una militancia política identificada con la corrupción, el arribismo, el enrique-
cimiento personal y en los barrios, fundamentalmente, el clientelismo político.
Daniel Bensaid denominó este proceso más general a nivel internacio-
nal como “ilusión social”.
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22 Como hemos dicho más arriba, ese reclamo estuvo presente entre los trabajadores
del subterráneo, los telefónicos y trabajadores del ferrocarril Metropolitano. Sólo en
los casos (subterráneo y ferrocarril) en que el reclamo nacido de los contratados, fue
incorporado como parte de la “agenda gremial” de los efectivos, el resultado fue la
efectivización y pase de convenio. En el caso de los trabajadores telefónicos, el resul-
tado fue más desparejo.
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23 Un caso en que el programa proyecta la política de base por fuera de los marcos de la
fábrica y de lo estrictamente gremial, es la definición por parte de la asamblea obrera
de la fábrica Zanon, de destinar mensualmente un porcentaje de la producción de
cerámicos, a los barrios populares o asentamientos de la zona. Con esta política, los
obreros de Zanon “capturan” un problema social como parte de su programa de fá-
brica. Otro caso, que aunque no se materializó en términos prácticos, implicaba una
dinámica similar fue lo que se denominó “campaña por las 6hs”, impulsada por el CD
de subte como fórmula para la reducción de la jornada laboral. Asimismo, el paro de
30 minutos del CD del subte en solidaridad con los aeronaúticos de LAFSA (ahora
LAN), constituyó, en esa práctica concreta, un “programa” cuyo eje estaba situado en
la solidaridad de clase más allá de la reivindicación sindical.
24 En la fábrica Terrabusi, cuya Comisión Interna es opositora a la dirección del sindicato,
se desarrolló una lucha en la que los operarios efectivos apoyaron el reclamo de los con-
tratados contra los despidos. Si bien, en dicha oportunidad lograron que los contratados
fueran efectivizados, fue un caso extraordinario que no volvió a repetirse en la planta.
25 A este respecto es importante señalar que el intento de rejerarquizar o revalorizar la
militancia política y político-partidaria ha comenzado a observarse, no como ten-
dencia general en las nuevas organizaciones de base de los trabajadores, sino por el
contrario, como apelación cada vez más frecuente “desde arriba”. El conflicto entre
las patronales del campo y el gobierno nacional ha abierto la puerta a un intento de
legitimación de la disputa entre programas políticos que compiten por el poder del
Estado. Esto se ha expresado en el llamado manifiesto, tanto de un lado como del
otro, a que “los jóvenes se involucren en política”. El advenimiento de la crisis inter-
nacional y la consolidación de la división entre el gobierno y el bloque de la oposición
sojera, ha profundizado esta tendencia “desde arriba”.
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la argentina post devaluación
ración de la política – como indicador de una ruptura con lo “viejo”–, con as-
pectos de continuidad del rechazo de la cuestión política que se consolidó en
los 90. En tal sentido, este proceso forma parte de lo que podemos denominar
un ciclo de repolitización parcial del conjunto de las clases subalternas, ciclo
que se despliega a partir de la crisis de 200129 (aunque tiene su comienzo en
forma fragmentaria en la segunda mitad de los noventa en las puebladas y
surgimiento de organizaciones piqueteras en el interior del país).
29 Denis Merklen (2005) plantea una periodización de la nueva politicidad de las clases
populares que va desde 1983 hasta 2003. Consideramos que esta periodización pre-
senta algunas dificultades. En primer lugar, toma como punto de inflexión el retorno
de los gobiernos constitucionales. Si bien este hecho es de innegable importancia
para el ejercicio de la política (por ejemplo para la legalidad de los partidos políti-
cos), no presenta por sí solo una reversión del proceso comenzado con la dictadura
militar. Por el contrario, la politicidad que se manifiesta a partir de 1983 tiene el sello
de la derrota que significó de dictadura militar para el conjunto de las clases subal-
ternas, y no el sello de su reversión. En segundo lugar, al abarcar desde 1983 hasta
el 2003 como un solo período, desconoce la importancia de las jornadas de 2001 en
Argentina y lo que éstas implicaron para la politicidad de los sectores populares. Por
último, es llamativo que el fin del período sea el año 2003, y que Merklen no refiera
a los procesos de organización dentro de los lugares de trabajo que comenzaron a
hacerse visibles en 2004, como el caso de subte –por poner el ejemplo más renom-
brado–. Consideramos que esta ausencia en su periodización responde al obstáculo
epistemológico de disociación entre barrio y fábrica.
30 Vale aclarar, a los efectos de evitar falsas antinomias, que señalar un ciclo de despoli-
tización no significa, de ningún modo, negar resistencias atomizadas o lo que podría
denominarse “microrresistencias fragmentarias” tanto en los barrios como en las fá-
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Paula Varela
durante la década del 90, en las “fábricas tumba” a nivel fabril y en los barrios
asistencializados o “instituciones totales de la miseria” (Grimson, 2003) a nivel
de los barrios de desocupados. Tomamos estas dos imágenes (“fábricas tumba”
e “instituciones totales de la miseria”) como expresión de los dos extremos com-
plementarios de un mismo proceso de despolitización que abarca al conjunto
heterogéneo de trabajadores en Argentina (aquellos que mantuvieron su empleo
en las fábricas y aquellos que quedaron desocupados).
La crisis de 200131 marcó una ruptura con este ciclo de despolitización, y
el comienzo del actual ciclo de recuperación parcial de la política “desde abajo”.
Este nuevo ciclo presenta dos momentos y una dinámica. Un primer momento
que transcurre desde de 2001 hasta 2003, y que denominaremos el momento
territorial de lo social, en el que la repolitización se expresó, fundamentalmen-
te, en el surgimiento y expansión de las organizaciones piqueteras32. Las fábri-
cas recuperadas, que también fueron parte de este primer momento, si bien no
constituyen un proceso de características territoriales, tampoco constituyeron
un proceso fabril generalizado aunque, en algunos casos, logró adquirir centra-
lidad política regional, como el caso de Zanon en la provincia de Neuquén.
El segundo momento de este ciclo de repolitización comienza en 2004
con la emergencia de las luchas de los trabajadores asalariados y constituye lo
que denominamos su momento sindical.
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la argentina post devaluación
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Paula Varela
33 Paradójicamente, esta relegitimación de la acción directa fue utilizada por las clases
dominantes del sector agropecuario para realizar el lock out patronal en el denomi-
nado “conflicto del campo” de marzo a junio de 2008.
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la argentina post devaluación
34 Aizicson (2007), Rebón (2007) y Meyer y Chávez (2008) también destacan este punto
en su análisis de la experiencia de Zanon bajo gestión obrera.
35 A partir de la huelga de 4 días llevada adelante por el Cuerpo de Delegados del Sub-
terráneo de Buenos Aires y del surgimiento de otros sectores (en los servicios) que
realizaban medidas de fuerza por fuera de las direcciones sindicales a nivel nacional,
la prensa escrita comenzó a hablar de “sindicalismo de base” para designar el nuevo
fenómeno.
36 Hablamos de clientelización peronista, no porque consideremos que no ha sufrido
el mismo proceso la política referenciada en el radicalismo, sino porque nos concen-
tramos en el partido que ha sido, históricamente, la referenciación política de la gran
mayoría de trabajadores en nuestro país; es decir, el peronismo.
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nivel extra fábrica. Pues bien, el año 2002 mostraba los más altos índices de
desocupación de la historia de nuestro país, y la sedimentación en el tiempo
(con altos grados de eficacia) de la desindicalización de los lugares de trabajo.
La politización territorial se encontró, objetivamente, con una fuerte frontera
entre la fábrica y el barrio; y subjetivamente, sin una estrategia política por
parte de las organizaciones de desocupados, para perforar esas fronteras38.
A su vez, cuando en 2004 comienza la repolitización en los lugares de
trabajo, alentada por el crecimiento del empleo y por la política gubernamen-
tal-sindical, la crisis en Argentina había comenzado a cerrarse sobre la base
de la devaluación y el proceso de reconstitución de las instituciones del régi-
men política (principalmente la presidencial), y tuvo como política expresa
sacar a los piqueteros de la calle a través del doble movimiento de cooptación
y criminalización. Por su parte, los organismos sindicales de base que co-
menzaron a gestarse no tuvieron una política activa hacia el movimiento de
desocupados, a excepción de algunos casos aislados como la política de la Lis-
ta Bordó del ex ferrocarril Roca, que realizó medidas conjuntas con organiza-
ciones piqueteras de la zona sur, a través de lo cual, lograron la incorporación
de desocupados al plantel del ferrocarril.
Es en este sentido que hablamos de discordancia de los tiempos, como el
desfazaje entre un momento y otro de la repolitización. Pero esta discordancia
no habla sólo de las temporalidades del proceso en sí mismo, sino también de
un efecto de consolidación de la semblanza de división absoluta entre el ter-
ritorio y la fábrica, entre desocupados (devenidos “excluídos”) y trabajadores
ocupados. Si el ciclo de despolitización (el neoliberalismo) instaló como senti-
do común una fuerte frontera entre ocupados y desocupados, la discordancia
de los tiempos en el proceso de repolitización, reforzó esa frontera, al tiempo
que mostró su naturalización, incluso en sectores de la izquierda militante
que dicotomizaron su práctica sindical de la territorial.
Esto es lo que constituye el cuarto rasgo de este ciclo de repolitización:
su confinamiento, en tiempos discordantes, al barrio y a la fábrica como ter-
ritorios dicotomizados39; es decir, como terrenos corporativizados. Un rasgo
38 La consigna de “trabajo genuino” que fue fuerte en las primeras expresiones piquete-
ras en el interior del país, como Cutral-Co, en las expresiones generalizadas en 2001,
se transformó más en una consigna en el papel, que una búsqueda en la acción.
39 Esta dicotomía tuvo su expresión y fue, a su vez, reforzada por la producción do-
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minante en ciencias sociales que disoció el “mundo del trabajo” y los fenómenos de
protesta y acción colectiva.
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la argentina post devaluación
Un rastro en la historia
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Interrogantes finales
43 Para un lista de todas las coordinadoras existentes en el país, véase Werner y Aguirre,
2007, capítulo XI.
44 Véase Federico Lorenz (2007).
45 Véase Lobbe (2006), Werner y Aguirre (2007).
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la argentina post devaluación
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12
La construcción de
la representación gremial
y la resistencia en el
espacio de trabajo
la trayectoria política-organizativa del cuerpo
de delegados del subterráneo de Buenos Aires
Patricia Ventrici
Introducción
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1 Entre 1990 y 1991, año en que comienzan los ajustes de personal, se despidieron
cerca de 1.000 trabajadores. Al 1º de enero de 1994, la plantilla de empleados de las
cinco líneas del subte era de 3.980, para noviembre de 1996 era de 2.500, incluyendo
al personal del ferrocarril Urquiza. Actualmente, con la ampliación de las líneas exis-
tentes y la creación de una nueva (la H) el número de trabajadores del subterráneo
alcanza los 4.500.
2 En septiembre de 1994 se firma un nuevo convenio colectivo de trabajo con la UTA
(nº 121) en el que se introducen una serie de pautas que delinean categorías laborales
notablemente polivalentes, normándose que el trabajador debe ejecutar (o estar en
condiciones de) diferentes tareas, ya sea del mismo nivel de calificación o de otro
(Vocos, 2007).
3 Entrevista a delegado del subte, sector Talleres.
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El hito fundacional
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boletera que había sido despedida en mayo del 97 y por quien se había llevado
adelante el segundo paro a la empresa, una indemnización del 160% a cambio
de su renuncia. La aceptación de esta oferta por parte de la trabajadora tuvo un
fuerte impacto negativo, desmoralizador, entre sus compañeros, cuyos efectos,
en cierta medida, se pusieron de manifiesto en el siguiente conflicto. En abril
de 1999, la empresa decide sancionar con el despido a un conductor de la línea
D por haber chocado un coche a partir de un fallo causado por un desperfecto
técnico de la formación. La respuesta fue la misma que en las dos ocasiones an-
teriores, es decir, la huelga exigiendo la reincorporación, pero la empresa tuvo
una reacción mucho más ofensiva, enviando telegramas de despido a doscientos
trabajadores que habían participado de la huelga. Luego de la intervención del
Ministerio de Trabajo y el dictado de la conciliación obligatoria, el consorcio
ofrece anular los despidos masivos pero sostener el despido del conductor, que
había iniciado el conflicto. La mayoría de los delgados, afines a la UTA decidió
someter a una consulta en las urnas la aprobación o no de ese acuerdo, y el voto
de los trabajadores convalido el canje.
A pesar de que indudablemente dentro del proceso de construcción de
la organización, los conflictos del año 1997 son asumidos como los hechos
bisagra, que sitúan el punto de partida de un camino ascendente en el logro
de mejoras en las condiciones de trabajo, los tres años posteriores dejan entre-
ver un período de cierto retroceso en cuanto a la capacidad política por parte
de los delegados y activistas independientes. Este reflujo, además de verse
plasmado en el despido del 99, se cristalizará en la firma, ese mismo año, del
Convenio Colectivo de Trabajo, en el cual la UTA acordará con la empresa, de
manera inconsulta, la incorporación y sobre todo la anulación de ciertas cláu-
sulas antes vigentes, que abrieron el camino a la flexibilización de las tareas
y la extensión de la jornada a ocho horas, además de pactar la instalación de
máquinas expendedoras de boletos.
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Las elecciones del 2006 demuestran que el proceso cristalizado en las eleccio-
nes del 2000 fue ratificado en el 2004. La lista 1 logra menguar todo atisbo de
oposición en el 2006 tanto en el subte como en el premetro. La sola excepción
es el taller Polvorín donde en ambas elecciones ganó la Lista 2. Si bien esto es
importante en cuanto se refleja en la obtención de dos delegados, en la com-
posición del cuerpo representa un porcentaje muy bajo y por lo tanto detenta
escasas posibilidades de incidir en las tácticas y estrategias de este órgano.
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los representantes del CD, al punto de decirles que les tendía “un puente de
plata” y que lo supieran aprovechar. La lectura política de los delegados es que
la debilidad estructural con la que el kirchnerismo había llegado al poder ese
mismo año y por tanto, su necesidad imperiosa de consensuar y sumar secto-
res a la negociación para evitar un escenario de conflicto, terminó siendo un
factor determinante para decidir la confrontación a favor del reclamo de los
trabajadores. A la estrategias institucionales se sumaron también protestas en
actos oficiales del Gobierno de la Ciudad, escarches y jornadas de agitación
en el subte en las cuales llegaron a participar más de cuatro mil personas
convocadas por organizaciones de desocupados que acompañaban el planteo
de la reducción de la jornada de trabajo como una de las respuestas posibles
al crecimiento disparado de la desocupación. Prácticamente un año después
de vetada la ley, el 5 de septiembre del 2003 se consigue la firma del retorno
a la jornada de 6 horas por parte de Oficina de la Policía de Trabajo para el
área de túneles y talleres, al tiempo que se crea una comisión de investigación
para determinar si efectivamente existían condiciones de insalubridad en el
sector. Se trataba de una conquista parcial, porque la disposición excluía al
sector de boleterías, Premetro y algunos talleres, dejando a un total de casi
600 personas fuera de la resolución. A partir de entonces se inicia un tercer
período en el conflicto enfocado hacia la implementación efectiva de la norma
y la extensión de su alcance a todas las áreas. En un primer momento, ante
la negativa de la empresa a reorganizar la planificación horaria, el CD decide
impulsar la aplicación unilateral de la disposición, respaldándose en presen-
taciones legales hechas en base al decreto promulgado. Como cuenta una de
las delegadas:
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apelar y todas las Cámaras por las que pasó no hacen más que
ratificar nuestra insalubridad.10
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Uno de los tantos modos de interrogar a este caso, para intentar dar
cuenta de algunas de las razones de su excepcionalidad, puede vincularse a la
relación entre el desarrollo de estas acciones de resistencia y las característi-
cas de la dinámica interna de la organización gremial, preguntándonos cómo
incide el tipo de construcción de la representación sindical de base en la con-
figuración de los procesos de conflictividad en el espacio de trabajo. Frente
a este interrogante creemos que una de las principales claves interpretativas
reside en el modelo de vinculación entre las bases y los delegados, asumien-
do que, en este caso, tiene lugar un proceso por el cual las relaciones entre
trabajadores-delegados-dirigencia sindical se modificaron constituyendo una
nueva configuración de los vínculos que determinan el “campo sindical” que
resignificó y potenció el alcance de las prácticas de resistencia. En función de
esto, hay algunos rasgos de la construcción política de esta organización de
base que resulta interesante resaltar. Los delegados y activistas del CD reivin-
dican como prácticas distintivas, en las cuales se funda su legitimidad entre
los trabajadores, la dinámica asamblearia y de intercambio permanente entre
representantes y representados y la independencia con respecto a la empre-
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a construcción de la representación gremial y la resistencia en el espacio de trabajo
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Introdução
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3 Por classe para si designamos relações que vão para além das relações com os meios de
produção. Trata-se da consciência da situação de classe, que possibilita agir de acordo
com um interesse de classe, fundado em experiências compartilhadas, vividas e per-
cebidas. Tal capacidade da classe para si envolve capacidade de mobilização política e
cultural para passar da submissão para a subjetivação negando a ordem dada.
4 Quando nos referirmos à “classe” enquanto descrição da posição na divisão social
do trabalho, como maioria estatística que vive da venda de sua força de trabalho, e
não enquanto agente político dotado de capacidade de transformação da sociedade
em contraposição a ordem burguesa (como forma de diferenciação nestes sentidos
específicos), colocaremos tal categoria entre aspas. (ALVES, 2007).
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A Greve de 1978
hierárquica do trabalho “[...] que tira o seu sustento única e somente da venda do
seu trabalho e não do lucro de qualquer capital; [aquela classe] cujo bem e cujo sofri-
mento, cuja vida e cuja morte, cuja total existência dependem da procura do trabalho
e, portanto, da alternância dos bons e dos maus tempos para o negócio, das flutua-
ções de uma concorrência desenfreada”.
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6 Porém cabe considerar que, mesmo entrando em greve em conjunto, não havia uma
articulação tática e política entre as greves. As demanda dos trabalhadores fabris e
suas formas organizativas são variáveis, não se trata de um todo homogêneo, altera-
se significativamente sua organização, coesão e combatividade. Embora possa-se di-
zer que o substrato da greve era comum, marcado pela rebeldia imediata com adesão
massiva e progressiva.
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A greve de 1979
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A greve de 1980
Uma outra resposta do Governo Ditatorial foi definir uma nova política
salarial, com regime diferenciado de aumentos, com conseqüente diferencia-
ção de salários e correções periódicas. Com isso visava-se impor mais obstá-
culos à mobilização operária, o que por sua vez deveria reduzir os motivos e
as possibilidades de greve, pois dificulta-se a mobilização coletiva da catego-
ria. Ainda, com a política salarial do Governo, o operariado não poderia mais
definir seus próprios reajustes. Com isso, seria possível também desassociar
os aumentos de lucros do patronato, fruto do bom desempenho do setor, da
obrigatoriedade dos reajustes salariais dos operários. Facilitaria a acumula-
ção de capital dos industriais.
Porém, para surpresa do Governo Militar e do patronato industrial, a
proposta não teve aceitação no ABC paulista. Tendo como substrato as pa-
ralisações de 1978 e a Greve Geral Metalúrgica de 1979, estes resolvem dar
inicio novamente a uma campanha em separado da Federação dos Metalúr-
gicos do Estado de São Paulo (presidida por Joaquinzão pelego7) e do restante
dos metalúrgicos do interior. Esta mobilização dos metalúrgicos do ABC foi
pautada em um amplo processo de discussão, até 30 de março 1980, onde se
decidiu pela greve geral, foram realizadas cerca de 300 assembléias prepara-
tórias, onde se discutiu a construção da pauta e formas de mobilização, como
a “Comissão dos 400” eleita a partir das fábricas, ela deveria ser o centro po-
lítico da greve.
7 Pelego é um pedaço de pele de carneiro que é utilizado entre o arreio e as costas dos
animais de montaria. Os sindicalistas pelegos são aqueles que buscam impedir que
sua base, os trabalhadores, entrem em conflito com o patronato.
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10 Por emancipação política entende-se as lutas sociais que se colocam a tarefa de lutar
por demandas sociais sem buscar transformar a ordem social-política e a divisão
social do trabalho, a emancipação humana seria única forma de dissolver a sociedade
de classes e extinguir a propriedade privada (MARX, 2009).
11 Além de Lula e Fernando Henrique Cardoso (FHC), dentre os mais destacados desta
campanha está Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, Euclides Scal-
co e Leonel Brizola, entre outros. Por isso não nos parece equivocado afirmar que os
metalúrgicos do ABC deixam de ser os principais protagonistas das lutas na década
de 1980. A pequena burguesia retorna à cena política e conduz todo o País por uma
via de conciliação de classes. Restabelece-se a democracia, mas sem descaracterizar
o abismo entre ricos e pobres no Brasil. Sem realizar a reforma agrária, educacional,
tributária, administrativa, urbana ou estabelecer controle sobre as remessas de lu-
cros ao exterior, etc.
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Fonte: Jornal “Diário do grande ABC, 20/12/1989: 23/12/1989. Apud ALMEIDA 1996
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dos partidos de esquerda, os sindicatos mesmo os de herança mais combativa
passam a diagnosticar uma nova onda de refluxo no movimento sindical, bus-
cando, cada vez mais, ações “propositiva” e de “concertação social”. Com isso,
também os sindicatos tendem a optar, com mais facilidade, por uma postura
de negociação, ao invés do confronto com o capital, até mesmo o sindicalismo
dos metalúrgicos do ABC paulista, que se constituía como o mais organizado e
combativo do país segue a conciliação com o capital. Uma vez desarticulado o
movimento dos trabalhadores, com a “captura” dos trabalhadores e sindicatos
para o interesse do capital, somado ao acelerado aumento do índice de desem-
prego, tem-se um enfraquecimento amplo dos obstáculos aos novos padrões de
exploração e lucratividade que o capital pretendia impor.
Assim, as reformas neoliberais atingem categorias assalariadas impor-
tantes do Brasil, como o caso dos metalúrgicos, base do sindicalismo organi-
zado no país. Nesse sentido a reestruturação produtiva, somada ao neolibera-
lismo, acaba por constituir uma investida do capital na produção, debilitando
as condições de articulação e de vida da classe trabalhadora, pois estabelece
novos níveis de precariedade no mundo do trabalho, além disso, debilita-lhes
também a capacidade organizativa.
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Considerações finais
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14
Trabalhadores da Educação
Física no segmento fitness
em contexto de explosão da
precarização do trabalho
Álvaro de Azeredo Quelhas1
Introdução
O início dos anos 1970 demarcou a eclosão de uma nova crise do capita-
lismo em escala mundial2, após um longo período de acumulação de capitais,
experimentado no pós II Guerra Mundial, durante o apogeu do fordismo e
das teses keynesianas. Em resposta a esta crise, se observou um movimento
de reorganização do capital e de seu sistema ideológico e político de domina-
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Trabalhadores da Educação Física no segmento fitness em
contexto de explosão da precarização do trabalho
3 Aqui entendida como uma empresa privada que presta serviços na área de condicio-
namento físico, iniciação e prática esportiva. Em 1970, eram cerca de 1.000 unidades,
passando, em 2005, para aproximadamente 20.000 (BRASIL, 1971; COSTA, 2005).
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Álvaro de Azeredo Quelhas
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contexto de explosão da precarização do trabalho
de crise pela diminuição na taxa de lucro5, aquela parte do valor total da mer-
cadoria em que se incorpora o sobretrabalho ou trabalho não remunerado
(MARX, 2001).
A tendência à queda da taxa de lucro é para Marx a lei mais importante
da moderna economia política e essencial para compreender as relações mais
difíceis no modo de produção capitalista. Foi Marx quem descobriu suas de-
terminações no caráter contraditório do próprio capital, permitindo com suas
formulações, compreender porque o mesmo sistema é capaz de desenvolver
de forma ilimitada as forças produtivas, ao mesmo tempo em que engendra
barreiras e obstáculos ao seu desenvolvimento (DANTAS, 2007; ROSDOLSKY,
2001). Sendo a crise um aspecto estrutural, a resposta do capital tem o intuito
de barrar a queda tendencial da taxa de lucro6 e recuperar os seus ganhos.
Segundo Carcanholo (2008), a reestruturação produtiva e o neolibera-
7
lismo são duas interfaces de uma mesma resposta do capital à sua própria
crise. Por um lado, o processo de reestruturação produtiva se encarregou da
rotação do capital, enquanto o neoliberalismo, como aspecto político, ideoló-
gico e econômico, teve o papel de garantir as condições de lucratividade: (a)
interna - pela desregulamentação e flexibilização dos mercados, principal-
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Álvaro de Azeredo Quelhas
8 O Brasil, segundo Borges & Pochmann (2002), é apontado nos relatórios da Organi-
zação Internacional do Trabalho (OIT) como um dos recordistas mundiais em des-
regulamentação na década de 1990: (1) possibilidade de remuneração variável, via
participação nos lucros e resultados ou por meio de negociação na empresa; (2) am-
pliação das possibilidades de uso do contrato de trabalho por tempo determinado em
qualquer atividade da empresa; (3) desistência da Convenção 158 da OIT que obriga
justificar, por escrito, os motivos das demissões; (4) criação do contrato de trabalho
em regime de tempo parcial, com redução proporcional do salário e do tempo de
férias; (5) suspensão temporária do contrato de trabalho; (6) regulamentação das
cooperativas que foi absorvido pelo patronato e serve para evitar os encargos das leis
trabalhistas; (7) alteração de pagamento de horas extras, com o fim do adicional de
100% sobre a hora normal e com a criação do Banco de Horas.
9 Em termos de desempenho econômico, a década neoliberal no Brasil (anos de 1990),
teve um baixo dinamismo que se refletiu negativamente em diversos setores (CANO,
2000): (a) a participação da indústria de transformação no PIB caiu para 20%, cifra
similar deixada por Vargas na primeira metade da década de 1950; (b) a produção de
bens de consumo não-duráveis foi 30% menor em 1998 em relação a 1989 no ramo
têxtil, com fechamento de 43% de suas tecelagens e 32% de suas malharias. No ramo
de vestuário e calçados, no mesmo período, houve redução de 42%; (c) a indústria
mecânica do setor de bens de capital produziu em 1998, 18% a menos do que em
1989 e 25% a menos do que em 1980.
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13 De acordo com Horta (1994), a criação de uma escola padrão de formação na área da
Educação Física, consolidava uma postura intervencionista dos militares na socie-
dade, que desde o final da década de 1920, haviam intensificado suas preocupações
com a educação física como instrumento de “revigoramento da raça” e de “prepara-
ção física do futuro soldado”.
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23 Uma orientação postada na Revista Fitness Business Latin América (2006), veículo de
comunicação do empresariado do segmento fitness, simboliza bem a precariedade
do trabalho no segmento. Sob o título “Socorro, estou devendo!”, são apontadas as
seguintes orientações para controlar os custos: (1) reduzir o número de aulas,
se necessário for; (2) mesclar profissionais experientes com professores
iniciantes (salários menores e mais propensos a assimilar a cultura da
academia); (3) propor metas e premiar quem obtiver os melhores resul-
tados.
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contexto de explosão da precarização do trabalho
ram por várias academias de ginástica, o que denota uma alta instabilidade e
rotatividade no emprego. A baixa remuneração foi apontada como o principal
motivo para esta rotatividade no emprego. A grande maioria dos entrevista-
dos trabalhou e ainda trabalha sem carteira de trabalho assinada, e apenas
um deles tem o valor registrado em carteira igual ao valor efetivamente pago,
enquanto para os demais o valor registrado é menor que o recebido. Apesar de
não receber férias e décimo-terceiro salário, uma entrevistada relatou que as-
sinava o recebimento destes. Os contratos de trabalho são firmados em horas-
aula e com valores muito baixos. Segundo um dos entrevistados, a proposta
para assinatura de sua carteira de trabalho como instrutor de atividades fí-
sicas era no valor de R$2,31 (dois reais e trinta e um centavos), fato relevante
para demonstração da precarização destes trabalhadores, visto que se fossem
registrados como professores e representados pelo sindicato dos professores
do município (Juiz de Fora/MG) receberiam por hora-aula, um valor em tor-
no de R$15,00 (quinze reais).
A jornada diária de trabalho chega a se estender das seis e trinta da
manhã às vinte e duas horas, visto que, a remuneração é feita por hora/aula
o que leva ao fracionamento da jornada ao longo do dia em mais de um lo-
cal de trabalho, implicando em vários deslocamentos. Uma das entrevista-
das tinha carga horária semanal de cinqüenta e três horas e outra, chegou a
ministrar aulas durante treze horas em alguns dias. A jornada de trabalho é
ampliada pelo tempo de elaboração das aulas, apesar deste não ser remune-
rado. O sistema de rodízio de professores nos finais de semana, realizado em
algumas academias, faz com que uma das entrevistadas fique sem folga por
várias semanas. Ao longo da jornada de trabalho, não existem pausas para
que os professores possam se alimentar, e mesmo que houvesse não é possível
se alimentar nesse intervalo, pois não há locais em que os professores possam
se alimentar nas academias. É comum os professores se alimentarem no des-
locamento entre os locais de trabalho ou em pequenos lanches fora do local
de trabalho, quando estes se revezam.
O desgaste físico provocado pelo trabalho é bastante elevado, conforme
os depoimentos dados à pesquisadora. Vários professores relataram que ao
longo da jornada de trabalho, costumam ministrar um elevado número de
aulas, de diversas modalidades de ginástica, que resultam em grande desgas-
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Álvaro de Azeredo Quelhas
Considerações finais
383
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Precarização do
que já é precário
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Tabela I4
Especialidades médicas no SUS do Estado do Ceará
Quantidade de vínculos
Especialidade médica na especiliadade Percentual
Médico em saúde da família 1.704 14,47%
Médico clínico geral 1.624 16,65%
Médico ginecologista e obstetra 1.092 11,20%
Médico pediatra 1.011 10,37%
Médico oftalmologista 479 4,91%
Médico ortopedista e traumatologia 439 4,50%
Médico anestesiologista 394 4,04%
Médico radiologista 322 3,30%
Médico cirurgião geral 261 2,67%
Médico psiquiatra 218 2,23%
Médico de medicina intensiva 191 1,95%
Médico cardiologista 179 1,83%
Médico otorrinolaringologista 162 1,66%
Médico urologista 138 1,41%
Médico dermoatologista 125 1,28%
Médico nefrologista 125 1,28%
Médico neurologista 124 1,27%
Outras4 1.791 13,71%
TOTAIS 9.749 100,00%
Fonte: DATASUS, 2008. Elaboração própria.
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de pacientes, mesmo que fiquem por poucos dias no serviço e encontrem me-
canismos de substituição, como subcontratar outros médicos mais jovens,
recém-formados para lhes substituir ou, simplesmente, faltam ao trabalho,
deixando várias pessoas à espera nas filas.
Conforme a pesquisa, identificamos o fato de que os médicos itinerantes
chegam a percorrer, em casos extremos, de 400 a 500 km de distância em
viagens de um município a outro. Levando-se em consideração o tempo gasto
nestas viagens, constar-se-ía que, em média, estes médicos passam de quatro
a cinco horas se deslocando de uma localidade a outra (sem considerar o tem-
po de retorno para os locais de partida inicial). O tempo perdido no trajeto e
o cansaço da viagem repercutem na qualidade do atendimento, portanto pre-
carizam o sistema da saúde do local ao qual ele está vinculado. Sendo assim,
as distâncias percorridas pelo profissional colocam-se como segundo fator de
precarização do sistema de saúde, a partir do trabalho médico.
Tendo dificuldade de deslocamentos, os absenteísmos são fatores de
grande repercussão na qualidade do atendimento. Portanto, a ausência recor-
rente de um profissional médico é o terceiro fator de precarização do sistema
de saúde. A precariedade dos contratos e a não-garantia dos direitos traba-
lhistas estão entre as queixas mais comuns dos médicos (MACIEL et al, 2006:
87). Enfatiza:
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Telma Bessa Sales, Regina Heloisa Mattei de Oliveira Maciel
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