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Cristianismo primitivo

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Cristianismo primitivo é o nome dado a uma etapa da história do cristianismo de aproximadamente
três séculos (I, II, III e parte do IV), que se inicia após a Ressurreição de Jesus (30 d.C.)[1] e termina em
325 com a celebração do Primeiro Concílio de Niceia[2]. É tipicamente dividido em Era Apostólica e o
Período Ante-Niceno (desde a Era Apostólica até Niceia). A mensagem inicial do Evangelho foi
espalhada oralmente, provavelmente em aramaico[3]. Os livros do Novo Testamento Atos dos Apóstolos
e Epístola aos Gálatas registam que a primeira comunidade da igreja cristã foi centrada em
Jerusalém[4] e tinha entre seus líderes Pedro, Tiago, João, e os apóstolos.[5]

Os primeiros cristãos, como descrito nos primeiros capítulos dos Atos dos Apóstolos, ou eram judeus
ou eram gentios convertidos ao judaísmo, conhecidos pelos historiadores como judeus-cristãos[6].
Tradicionalmente, o Cornélio, o Centurião, é considerado o primeiro gentio convertido[7]. Paulo de
Tarso, depois de sua conversão ao cristianismo, reivindicou o título de Apóstolo dos Gentios[8]. A
influência de Paulo no pensamento cristão se diz ser mais significativa do que qualquer outro autor do
Novo Testamento[9]. Até ao final do século I, o cristianismo começou a ser reconhecido interna e
externamente como uma religião separada do judaísmo rabínico[10]. Como mostrado pelas numerosas
citações nos livros do Novo Testamento e outros escritos cristãos do século I, os primeiros cristãos
tinham como regra de fé e prática os ensinamentos da Bíblia judaica - Antigo Testamento[11], e em geral
eles liam ou a versão grega (Septuaginta) ou a tradução aramaica (Targum), boa parte da qual está
escrita em forma narrativa onde "na história bíblica Deus é o protagonista, Satanás (pessoas ou poderes
malévolos) é o antagonista, e o povo de Deus são os agonistas"[12][13].

Foi nesse período que o cânon do Novo Testamento foi desenvolvido, com as cartas de Paulo, os quatro
evangelhos, e várias outras obras dos seguidores de Jesus que também foram reconhecidas como
Escrituras Sagradas. Das cartas de Paulo, especialmente a de Romanos, os cristãos criaram uma
teologia baseada na obra expiatória de Cristo e na justificação pela fé. Essa teologia objetivava explicar
todo o significado e os objetivos da Lei Mosaica. A relação de Paulo de Tarso e o Judaísmo é ainda hoje
objeto de debates entre os cristãos protestantes, principalmente no que se refere a alteração do dia de
descanso do sábado para o domingo[14]. Os pais da igreja desenvolveram a teologia cristã e as bases
para a doutrina da Trindade.

Logo no começo, os cristãos sofreram perseguições esporádicas, porque se recusavam a adorar os


deuses romanos e homenagear o imperador como um ser divino. Eles são considerados mártires. No
século IV, Constantino aliou-se politicamente com o cristianismo e terminou com a perseguição aos
cristãos promulgando o Édito de Milão. O que começou como um movimento religioso dentro do
judaísmo do primeiro século tornou-se, até ao final deste período, a religião oficial do Império Romano.
Segundo Will Durant, a Igreja cristã prevaleceu sobre Paganismo porque oferecia uma doutrina muito
mais atraente e porque os líderes da igreja se dirigiam as necessidades humanas melhor do que seus
rivais[15]. O Primeiro Concílio de Niceia marca o fim desta era e o início do período dos sete primeiros
concílios ecumênicos (325 - 787). Foram três os historiadores que mais nos deixaram informações
sobre esse período: Lucas, Hegésipo e Eusébio.[16]

Índice
Primeiros anos
Ressurreição
Os Apóstolos
Comunidades
Crenças
Rituais
Debates e noções teológicas
Evangelhos e Cristo
Docetismo
Difusão e entrada no Império Romano
Catecumenato
Sacerdotes e ritos
Sexualidade
Mártires
Helenismo e Cristianismo
Pensamento teológico
Ortodoxia
Heresias
Montanismo
Bíblia

Mariologia Primitiva
A Conversão de Constantino
Édito de Milão
Concílio de Niceia
A Igreja primitiva
História da instituição
Ver também
Referências

Primeiros anos
Parte de uma série da
Ressurreição História da teologia
A ressurreição de Cristo é um dos fatos de maior
cristã
importância para os primeiros anos do cristianismo e, ao
mesmo tempo, o mais enigmático. Todos os evangelhos
falam do evento da ressurreição de Cristo e da aparição do
Messias diante dos discípulos três dias após sua crucificação.
De acordo com o evangelho de Lucas, Jesus teria aparecido
para os seus apóstolos um pouco além de Jerusalém, em
Emaús (Discípulos de Emaús). Mateus fala dum encontro de
Jesus e seus discípulos ocorrido na Galileia. Em Mateus,
Jesus teria aparecido para sua mãe e Maria Madalena
(Mateus 28:9). Em João ele apareceu para Maria Madalena Contexto

sozinha (João 20:14). Em Lucas, as mulheres não encontram Quatro marcas da Igreja
Jesus (Lucas 24). Paulo, que não conheceu Jesus, fala na sua Cristianismo primitivo · Cronologia
Primeira Epístola aos Coríntios de aparições a mais de História do cristianismo
quinhentas pessoas (I Coríntios 15:5-8) e não menciona o Teologia · Governo eclesiástico
encontro do túmulo esvaziado. Trinitarianismo · Não trinitarianismo
Escatologia · Cristologia · Mariologia
Ao que parece, nem todos os apóstolos estavam de acordo
Cânon bíblico: Deuterocanônicos e
em relação aos eventos, e é certo que Paulo criou uma
Livros apócrifos
verdadeira teologia da ressurreição a partir de reflexões
muito particulares. Ainda assim, uma vez admitidos no Visões teológicas da história
Cânon pelo magistério oficial da Igreja, os escritos de Paulo De Civitate Dei · Sucessão Apostólica
são tidos pelos fiéis como inspirados pelo Espírito Santo, Landmarkismo ·
sendo portanto seus ensinamentos legítimos na fé. De toda Dispensacionalismo·Restauracionismo
forma, mesmo que não possamos determinar exatamente o
Credos
que se passou na ressurreição, a crença no retorno de Jesus
foi essencial para modelar o cristianismo primitivo.[18] Credo dos Apóstolos · Credo niceno
Credo da Calcedônia · Credo de
Atanásio
Os Apóstolos
Patrística e Primeiros Concílios
Os apóstolos, discípulos de Jesus, acreditavam que tinham
recebido a missão divina de pregar seus ensinamentos. Além Pais da Igreja · Agostinho

disso, eles acreditavam possuir a inspiração do Espírito Niceia · Calcedônia · Éfeso

Santo que, de acordo com o evangelho de João, teria sido Desenvolvimento Pós-Niceno
enviado por Jesus Cristo aos apóstolos. Nos Atos dos
Heresia · Lista de heresias
Apóstolos, contudo, livro atribuído a Lucas, os apóstolos
Monofisismo · Monotelismo
recebem o Espírito Santo enviado diretamente por Deus
Iconoclastia · Gregório I · Alcuíno
após o Pentecostes.[19]
Fócio · Cisma Oriente-Ocidente
Não existem informações suficientes nos documentos Escolástica · Aquino · Anselmo
históricos sobre como funcionava a condução das primeiras William de Ockham · Gregório
comunidades cristãs. Embora um oficio correspondente ao Palamas
sacerdócio posterior possa ser identificado, é difícil Reforma
estabelecer como se organizava e como funcionava, por
Reforma protestante
exemplo, se era ou não hierarquizado. Os apóstolos,
Lutero · Melâncton · Calvino
"enviados" em grego, eram certamente os líderes
95 Teses · Justificação ·
proeminentes nessas comunidades. Pedro foi, sem dúvida, o
apóstolo mais influente nos primeiros tempos, mas Tiago, Predestinação
Paulo e João também tiveram um papel importante no Sola fide · Indulgência · Arminianismo
estabelecimento do primeiro cristianismo. Livro de Concórdia · Reforma Inglesa
Contrarreforma · Concílio de Trento

Comunidades Desde a Reforma

De acordo com o livro dos Atos dos Apóstolos foram cerca de Pietismo · Avivamento
três mil fiéis que se reuniram em torno de Pedro após o John Wesley · Grande Despertamento
Pentecostes. De acordo com Atos 2:43-47, todos os fiéis Movimento de Santidade
usufruíam de seus bens em conjunto e haviam coletivizado a Movimento Vida Superior
posse das coisas. Os relatos não deixam dúvidas de que os Pentecostalismo
primeiros cristãos se encontravam nos templos judaicos, e é Neopentecostalismo
provável que se reunissem para comer. Existencialismo
Liberalismo · Modernismo · Pós-
Pode-se indagar até que ponto essa descrição das primeiras modernismo
comunidades, realizada anos depois, não tenha sido Concílio Vaticano II · Teologia da
demasiado idealizada[carece de fontes?]. As passagens de Atos Libertação
responsáveis por caracterizar os primeiros cristãos Ortodoxia radical · Jean-Luc Marion
influenciaram o surgimento de diversas irmandades Hermenêutica ·
religiosas na Idade Média, como os franciscanos.[20] Desconstrução e religião

Em Jerusalém, as comunidades se expandiram rapidamente.


Portal do Cristianismo
O termo "igreja", que queria dizer reunião, era
frequentemente empregado pelos primeiros cristãos. No
começo, parece que Pedro liderou as decisões da igreja de
Jerusalém. Atos nos fala da nomeação de uma comissão de sete,
provavelmente os primeiros correspondentes dos posteriores
presbíteros.[21] O primeiro mártir cristão, Estêvão, morreu apedrejado,
o que provavelmente culminou com a primeira dispersão dos fiéis a
partir da Palestina para Damasco, Cesareia, Chipre e Antioquia. Uma
perseguição levada a cabo por Herodes Agripa I (sucessor de Herodes, o
Grande) por volta do ano 44 teve resultados semelhantes, contando
inclusive com a dispersão dos apóstolos. Tiago, também conhecido
como "Irmão do Senhor", se tornou líder da igreja em Jerusalém com a
saída de Pedro,[22][23] mas foi apedrejado cerca de 20 anos depois sob O Pentecostes, que dá
as ordens de Anás II, conforme nos relata Flávio Josefo. As Guerras início ao cristianismo
Judaicas coroaram essa sucessão de dispersões dos cristãos pelo primitivo.[17]
Império. Antioquia, capital da Síria, logo se tornou o principal foco
cristão do Império.

Crenças
Os primeiros cristãos acreditavam na ressurreição de Cristo
e no seu retorno ainda em sua geração, de acordo com o que
dizia a passagem de Marcos 13:30. Paulo, por exemplo,
acreditava que o retorno de Jesus Cristo aconteceria ainda
durante sua vida, como indica uma passagem em I
Tessalonicenses 4:16-18).[24]

Para os cristãos, Jesus era o Messias (por isso o chamam de


Cristo). É importante lembrar que o cristianismo nasce
primeiro como uma heresia dentro do judaísmo e seu
desenvolvimento é inegavelmente ligado a ele: a crença no
messias existia já na religião judaica e os livros proféticos
como Isaías (e mesmo outros não proféticos, como Salmos)
das Escrituras Sagradas foram associados ao advento de
Cristo. Nesse sentido, os cristãos se viam como uma Israel
renovada, e não abdicavam da promessa que Deus havia
feito (Romanos 9:6-8) aos hebreus no Antigo
Testamento[25].

Rituais Pedro em ícone do século VI


Dois rituais foram praticados com frequência pelos
primeiros cristãos: o batismo e a eucaristia. As raízes do
batismo podem ser encontradas na história de João Batista
(João 3:22) e também em outras passagens evangélicas
(Mateus 28:19). A Eucaristia, por sua vez, é uma repetição
do ato realizado na Última Ceia, mencionada nos
evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas.

Debates e noções teológicas


As primeiras discordâncias entre os cristãos diziam respeito
à questão dos cristãos hebreus e os cristãos helenistas. Com
efeito, uma questão que se coloca após a morte de Cristo é
se o gentio poderia ser diretamente convertido ao
cristianismo ou se deveria antes se tornar judeu. Como
A Ressureição de Cristo
sabemos pelos livros de Atos e pelas cartas de Paulo, além
das fontes romanas, o cristianismo estava se difundindo
rapidamente pelo território do Império Romano, o que significava que grandes somas de não cristãos
estavam sendo convertidos nessa época. Por essa razão, o tema era de extrema importância para o
proselitismo cristão. Ora, Pedro diz em Atos que Deus lhe havia demonstrado que o profano poderia se
tornar sagrado e afirmou que a verdade poderia ser revelada aos romanos não judeus. Esse debate
culminou com o Concílio de Jerusalém (c. 40), do qual participaram Paulo, Tiago, o Justo e Pedro, no
qual se decidiu que os gentios não deveriam ser convertidos ao judaísmo antes de se tornarem cristãos.
No entanto, nos escapa a verdadeira dimensão desse debate: a posição de Tiago, que parecia ser pró-
judaísmo, ia radicalmente contra a de Paulo, que defendia a conversão direta do gentio. Paulo reserva
grande parte de sua carta aos gálatas para discutir essa questão. Relatos parecem demonstrar que
Pedro sofreu influência de Tiago, adotando mais tarde uma posição pró-judaísmo (vide Incidente em
Antioquia)[26].

Quanto a Paulo, seus textos constituem grande parte o Novo


Testamento, sendo a Carta aos Cristãos Romanos (à Igreja
de Cristo em Roma), uma espécie de Evangelho de Paulo.
Paulo tinha formação teológica Judaica, seus ensinamentos
contêm forte influência dessa formação. Paulo tinha
preocupações distintas dos demais Apóstolos, porém não
distante do que Cristo mesmo pregava. Paulo, enquanto
missionário fundador de comunidades cristãs em grande
parte da Ásia Menor, apregoava um evangelho que podia ser
compreendido por povos até então politeístas. É importante
ressaltar que alguns dos temas preconizados por Paulo não
foram abordados nos evangelhos, isso em virtude de temas
mais específicos surgirem a medida que novos convertidos
se juntavam a igreja, com suas peculiaridades e culturas,
uma vez que os evangelhos contam a história de Cristo e seu imagem de São Paulo por El Greco

tempo, e ainda no âmbito do povo judeu, Paulo trata de


temas pontuais, com povos estranhos à cultura judaica dos evangelhos, não tendo, portanto, qualquer
contrariedade entre os ensinos Paulinos e os apóstolos.

As cartas de Paulo, os escritos cristãos, cujas datas dão mostras de ser as mais antigas, também falam
da necessidade de se demonstrar fé (Romanos 3:25-28) para receber a graça de Deus (Romanos 9:10-
24). Para explicar a ecclesia, Paulo se vale de uma alegoria segundo a qual a igreja é o corpo de Cristo,
cada comunidade compondo uma parte deste corpo (Efésios 1:22-23; Colossenses 1:18). Paulo
acreditava no julgamento final (II Coríntios 5:10) e na sujeição de tudo ao Deus criador (I Coríntios
15:20-28).

Em relação à natureza do Filho, Paulo associava Cristo à sabedoria e à inteligência divinas. Paulo,
combateu os chamados Gnósticos, do primeiro Século, que se infiltravam nas comunidades cristãs,
disseminando suas doutrinas, falando de conhecimento, inteligência e sabedoria. Por este motivo,
Paulo ensinou aos primeiros Cristãos sobre o perigo destas doutrinas, ensinando ainda que se
alimentassem das verdades de Cristo, nesta noção, sabedoria e inteligência de Deus. (I Coríntios 2:10-
11). O universo era centrado nele, uma vez que tudo havia sido criado por ele e por meio dele
(Colossenses 1:16)

Evangelhos e Cristo
O evangelho de Marcos parece ter sido escrito entre 75 e 80 na cidade de Roma. Lucas e Mateus foram
escritos provavelmente por volta da década de 90 na Síria, em Roma ou em Antioquia. O evangelho de
João foi escrito já no começo do século II, possivelmente em Éfeso. Todos foram baseados na tradição
oral daqueles que presenciaram os fatos narrados, ou que ouviram de quem haviam sido testemunhas
oculares dos fatos, nos casos de Marcos e Lucas. Os Evangelhos têm diferenças estéticas de escritas, por
se dirigirem a grupos étnicos e culturais distintos, porém com precisa semelhança contextual e
histórica. Mateus narra os acontecimentos à pessoas de língua Hebraica (ou Aramaica). Marcos para
Judeus de Língua Grega. Lucas narra para pessoas cultas e distintas. E por fim, João narra estes
acontecimentos aos Gentios, pessoas que não compreendiam nem tinham noção da cultura e religião
judaica.

Docetismo
No evangelho de João encontra-se uma passagem que tem sido interpretada muitas vezes como base da
teoria da Encarnação de Jesus (João 1 1:14). Essa era a teoria segundo a qual Jesus Cristo não teria sido
simplesmente um ser humano, mas metafisicamente ligado a Deus. É provável que alguns dos
primeiros cristãos tivessem radicalizado essa visão, a ponto de considerar Cristo como unicamente
divino (partilhando apenas a substância divina) e com uma aparência humana. Essa crença foi
chamada de docetismo. Um famoso docetista do século II foi Valentino[27].

Difusão e entrada no Império Romano


Paulo realizou diversas incursões em Roma, onde no ano 50
já existia uma importante comunidade religiosa cristã. Em
outras partes do Império Romano o cristianismo se tornava
cada vez mais popular[carece de fontes?].

O cristianismo passou a se diferenciar marcadamente do


judaísmo quando, por volta do ano de 90, surgiu o judaísmo
rabínico após a destruição do Segundo Templo.

O termo "religião das catacumbas" foi utilizado para Pedro e Paulo confrontam Simão
caracterizar a perseguição dos cristãos durante os impérios Mago diante de Nero em afresco
de Nero, Tito, Domiciano, etc. Pedro e Paulo provavelmente florentino
morreram durante as primeiras perseguições, mas pouco se
sabe sobre isso (veja Papado (Cristianismo primitivo)). Durante essa época, símbolos cristãos foram
desenvolvidos para comunicar secretamente as questões da fé. As conversões eram realizadas nas
cidades, e o termo pagão, derivado do latim paganus ("camponês"),[28] é provavelmente derivado do
fato de que a maior parte dos não convertidos durante o auge da difusão cristã eram os camponeses.

Com o crescimento das comunidades cristãs em Roma cresce também o número de críticos. Um
filósofo chamado Celso escreveu um livro chamado "A doutrina verdadeira" no qual criticava as
práticas cristãs e Jesus Cristo. Os intelectuais cristãos no império, como Clemente de Alexandria (ca.
150 - ca. 215) e Justino Mártir, além de Orígenes (ca. 185 - ca. 254), rebateram as críticas pagãs e
desenvolveram a teologia cristã. As piores perseguições aos líderes cristãos ocorreram no século II e III
(entre 303 e 305), sendo que as últimas foram conduzidas por Diocleciano (veja Perseguições de
Diocleciano) e Galério.

Catecumenato
No Império Romano surgiram os catecúmenos (em grego, ensinamento oral), que recebiam o
conhecimento cristão transmitido oralmente de geração em geração. Havia exigências para que um
gentio pudesse ser batizado, como o jejum e a oração. O catecumenato só era aberto àqueles que não
tinham profissões incompatíveis com a nova fé, como os comandantes militares, prostitutas e
adivinhos. Havia manuscritos para o ensinamento de catecúmenos, que se baseavam em perguntas
sobre a fé e orações. Era comum que o batismo fosse retardado. Essa prática tinha por base,
possivelmente, os ensinamentos de Paulo (Romanos 6:3). Acreditava-se que a falta após o batismo não
era perdoada, o que fazia com que todos preferissem se batizar já no fim da vida, visando se redimir dos
pecados.

Sacerdotes e ritos
Não se sabe exatamente como eram ordenados os sacerdotes
nos primeiros séculos cristãos dentro do Império Romano. No
Novo Testamento ouvimos falar de "bispos" e "presbíteros",
cuja tradução literal não esclarece muita coisa e cujas funções
permanecem enigmáticas. Alguns Pais da Igreja, contudo, nos
esclareceram o que entendiam pelo papel do bispo. O
Didaquê, documento anônimo do século II, diz que o bispo
era um sucessor dos apóstolos e líder da Igreja em cada
cidade. O bispo também podia ministrar a eucaristia e o
batismo, assim como os padres, com o requisito de que este
poder lhes tivesse sido delegado pelo bispo. Inácio de
Antioquia pensava na Igreja de acordo com as cidades nas
quais havia comunidades, sendo que cada cidade deveria ter
um bispo como líder proeminente.
Batismo em imagem cristã
No ano 321, o imperador Constantino promulga uma lei primitiva
ordenando que todos descansem no dia do sol domingo, dia
da semana que substituiu o sábado como dia santo apoiado na
razão da ressurreição de Cristo. Esse dia era guardado por todos os cristãos. A eucaristia era celebrada
no domingo, e nas quartas e sextas-feiras os cristãos deveriam jejuar. Leituras, orações e penitências
eram realizadas como parte das celebrações litúrgicas.

Nessa época, os cristãos passaram a utilizar códigos para expressar mensagens de fé, como o peixe (em
grego ikhtos), a pomba (Espírito Santo) e a fênix (ressurreição). Os enterramentos eram realizados em
catacumbas, pois os cristãos preferiam os enterramentos à cremação, uma vez que acreditavam na
ressurreição dos mortos.
Sexualidade
A atitude dos Pais da Igreja em relação às mulheres é similar às regras da lei judaica em relação ao
papel das mulheres no culto, embora a igreja primitiva permitisse a participação das mulheres no culto
— o que não era permitido na sinagoga (onde as mulheres ficavam restritas a uma área externa). A
Primeira Epístola a Timóteo ensina que as mulheres devem permanecer em silêncio durante o culto
público e não deveriam instruir os homens ou assumir autoridade sobre eles (veja Não permito à
mulher).

O Novo Testamento contém vários exemplos de mulheres líderes, incluindo a diaconisa Febe (Romanos
16:1-2), Priscila, missionária e mulher de Áquila (Romanos 16:3-5) e Lídia, responsável por uma casa-
igreja na cidade de Tiatira (Atos 16:14-Atos 15:40). Embora não tenham sido nunca ordenadas[29][30]
essas mulheres eram muito influentes e são ainda hoje veneradas. A imagem de Maria, mãe de Jesus,
foi tida sempre como a mulher ideal.

O mundo cristão, ao contrário do romano, era extremamente austero. Acreditava-se que o cristão
deveria ter um coração "simples" em oposição ao coração "duplo". Isso quer dizer que o coração cristão
deveria estar voltado apenas à comunidade e a Deus, sem espaço para os amores privados, cuja
manifestação maior era o sexo. Por estas razões, o sexo era desencorajado entre os primeiros cristãos,
embora não fosse proibido, desde que realizado para a reprodução. Apenas a monogamia era aceita. Os
sacerdotes não eram, igualmente, proibidos de manter relações amorosas ou de casar, mas o
comportamento do cristão exemplar evitava o coração duplo.[31]

Mártires
Sabemos que Estêvão foi o primeiro de uma série de mártires cristãos. As perseguições aos cristãos
levadas a cabo por líderes romanos foram essenciais para estabelecer no Cristianismo a tradição do
culto aos mártires. Os cristãos perseguidos, torturados e mortos pelos romanos por terem professado a
fé de Cristo eram respeitados como figuras sagradas. No século II, essa prática era extremamente
popular, e era comum que se comemorasse o dia de morte de um mártir. Durante os primeiros anos do
cristianismo se popularizaram as noções de santidade e as relíquia dos mártires. Em outras palavras, os
mártires eram tidos como santos, que de acordo com o pai da igreja São Jerônimo "não calam quando
mortos", mas "apenas dormem", e das partes de seus corpos se faziam relíquias, às quais eram
creditados poderes mágicos. Os relatos das vidas e mortes de santos parecem ter começado nessa
época, conhecidos por hagiografias.

Helenismo e Cristianismo
O mundo romano influenciou as ideias cristãs de várias maneiras. Em primeiro lugar, o neoplatonismo,
ideia de que os elementos do mundo material seriam hierarquicamente inferiores aos do mundo
espiritual, se integrou perfeitamente à filosofia cristã. O estoicismo foi outra filosofia (muitas vezes
funcionando como religião) que influenciou o pensamento cristão. Os estoicos eram austeros, e
acreditavam na virtude e na moral como elementos essenciais na vida. Suas crenças se fundam na
indiferença e afastamento das coisas mundanas.[32]
Pensamento teológico

Arquétipo cristão do Bom pastor.


Clemente de Alexandria, importante
"padre da igreja" Os Pais da Igreja foram importantes para fundar as bases do
pensamento teológico cristão. Suas filosofias foram
influenciadas pela filosofia e pelas religiões helenísticas.

Justino, um importante fundador da teologia cristã helenística, argumentava sobre as questões


religiosas com base no Logos, uma espécie de princípio ordenador do mundo já existente entre os
estoicos. De acordo com Justino "Aprendemos que Cristo é o primogênito de Deus e que é o Logos, do
qual participa todo o gênero humano" (Justino - Apol. Prima, 46).

Inácio de Antioquia foi o primeiro a se valer da glossolalia. Em oposição aos docetistas, ele desenvolveu
a ideia de que Cristo teria tido uma dimensão humana e outra divina. O Novo Testamento nunca
explicitou qual seria a substância de Cristo, e parece que os primeiros cristãos preferiram se afastar
desse tema, embora tenham sugerido inúmeras vezes a ligação íntima entre o messias e Deus. Inácio
estava convencido, contudo, que Cristo partilhava da substância divina, ideia que posteriormente
ajudaria a construir a noção de Trindade. Como escreveu Inácio, Cristo seria "Deus e Homem, em uma
só essência".

Orígenes conciliava a ideia de Logos e a revelação cristã. Para ele, as Escrituras Sagradas continham o
caminho para a iluminação, mas não eram facilmente interpretadas e não podiam ser compreendidas
em sentido literal. Para Orígenes, aqueles que tentavam interpretar as escrituras de forma literal eram
ignorantes, uma vez que o próprio Jesus apenas havia iluminado seus últimos discípulos na subida à
colina (Marcos 9). As escrituras eram limitadas por sua realidade histórica.

Clemente de Alexandria defendia a repartição dos bens entre os homens:

Deus criou o gênero humano para a comunicação e a comunhão de


“ uns com os outros, como ele, que começou a repartir do seu e a todos

os homens proveu seu Logos comum, e tudo fez por todos. Logo tudo
é comum, e não pretendam os ricos ter mais que os outros.
— Da homilia Quis dives salvetur? ("Que rico se salvará?"), baseada em Marcos
10:17-31, Clemente de Alexandria.
.

Irineu defendeu a importância do mundo material, a humanidade de Cristo e a continuidade do


cristianismo no judaísmo histórico. Também dizia que a igreja de Roma havia sido fundada por Paulo e
Pedro, e portanto tinha autoridade primária.

Ortodoxia
Consideraremos a voz da ortodoxia cristã a partir de três dos mais importantes e influentes pais da
igreja dos primeiros séculos do Cristianismo: Irineu de Lyon, Cipriano de Cartago e Tertuliano.

Irineu foi um dos líderes eclesiásticos mais importantes no século II. Bispo de Lyon, Irineu publicou
uma obra chamada Contra as Heresias, na qual criticava o ebionismo, o montanismo e o gnosticismo.
Irineu acreditava que o homem carregava o pecado original de Adão, mas que este havia sido perdoado
na ressurreição de Cristo. De acordo com o teólogo, Cristo havia restaurado a condição humana de
semelhança em relação ao criador. Da mesma forma, Maria havia restaurado a condição feminina ideal,
uma vez que Eva tinha caído em tentação. Assim como Paulo, Irineu acreditava no breve retorno de
Cristo. Até lá, o homem deveria manter a obediência à moral cristã, uma vez que fora a desobediência
responsável por sua queda.

Tertuliano foi estudante de Direito e conhecedor de filosofia, letras e história. Ele afirmava o
cristianismo como uma nova lei, sob a qual se colocava o fiel após o batismo. O batismo, segundo ele,
redimia os pecados anteriores do cristão. Na visão de Tertuliano, a Igreja é a única responsável por
interpretar as Escrituras, conduzir a comunidade e decidir sobre assuntos de fé (teológicos). Tertuliano
também acreditava que o homem deveria punir a si mesmo se quisesse buscar sua salvação pela graça.
Em relação à natureza do Filho, Tertuliano assumiu uma concepção que se tornaria a oficial, segundo a
qual "Todos [Pai, Filho e Espírito Santo] são um, por unidade de substância, embora ainda esteja
oculto o mistério da dispensação que distribui a unidade numa Trindade, colocando em sua ordem os
três, Pai, Filho e Espírito Santo; três, contudo,… não em substância, mas em forma, não em poder,
mas em aparência, pois eles são de uma só substância e de uma só essência e de um poder só, já que é
de um só Deus que esses graus e formas e aspectos são reconhecidos com o nome de Pai, Filho e
Espírito Santo" (Contra Práxeas). Desta forma, Jesus era caracterizado como tendo uma dupla
natureza, humana e divina, e o Filho, assim como o Espírito Santo, como emanações da divindade
maior, o Deus Pai.[33]

A retórica de Cipriano de Cartago foi essencial para a organização da Igreja antiga. Ele acreditava na
unidade da Igreja, assim como Deus era uno. Essa ideia seria transferida à Idade Média, cujos teólogos
e pensadores políticos defenderiam a unidade de um poder temporal (Império Universal) e a unidade
de um poder espiritual (Igreja Universal ou, como se dizia em grego, Católica), sempre em analogia à
unidade de Deus. Cipriano admite que os bispos fazem a unidade da igreja, e que são responsáveis por
conduzi-la. Dizia que Roma era a igreja principal, vinculada às missões de Pedro, que era tido como o
modelo de bispo. Embora apontasse o aspecto principal da Sé Romana, Cipriano não chegou a
desenvolver uma teoria sobre a autoridade de Roma sobre as outras sedes apostólicas, que só se
consolidaria séculos depois.

Heresias
É difícil estabelecer o que seriam as heresias nessa época. Tertuliano e Irineu, que representavam a voz
da "ortodoxia" em formação, criticavam noções presentes no gnosticismo, uma heresia surgida nos
primeiros séculos do cristianismo. Influenciados pelo zoroastrismo e o platonismo, os gnósticos
defendiam a supremacia absoluta do mundo espiritual em relação ao material e a existência de um
Deus mau (Demiurgo) responsável por todas as coisas ruins do mundo. Além disso, dividiam o mundo
espiritual em vários estágios controlados por muitas deidades menores (arcontes). Outras heresias,
como o ebionismo, defendiam que apenas os judeus poderiam se tornar cristãos, e que o cristianismo
existia como parte do Judaísmo. Marcião, um teólogo antigo, defendia que o Deus do Antigo
Testamento era cruel, ao contrário do Deus do Novo Testamento.

Montanismo
Montanismo era o nome pejorativo atribuído a um movimento religioso surgido a partir do
Cristianismo na Ásia Menor. Montano, o fundador do movimento, era um cristão que pensava ter
recebido uma missão divina por revelação poucos anos após a pregação de Cristo. Segundo sua
revelação, Montano seria o sucessor apostólico autêntico responsável por conduzir as comunidades
cristãs após Cristo. Os montanistas não acreditavam no perdão dos pecados após o batismo e eram
muito mais severos que os cristãos comuns.[34]

Bíblia
O Novo Testamento como conhecemos hoje foi
estabelecido apenas no século IV. Isso não quer dizer
que os pais da igreja não utilizassem manuscritos
antigos dos evangelhos e as cartas de Paulo para dar
base às suas teorias. Apesar de alguns estudiosos
apontarem Irineu como o responsável por atribuir a
autoria dos quatro evangelhos canônicos, é inegável,
que o cristianismo primitivo sempre aceitou tais
evangelhos como escritos pelos seus próprios autores
tradicionais, visto conhecê-los.[35]. Ao contrário do que
ocorreu com os evangelhos apócrifos, os quais foram
escritos de forma anônima a parti do século II. Apesar
disso, as atribuições de Irineu, sejam elas apenas
Códice Vaticano confirmatórias ou não, são admitidas até os dias de
hoje. As cartas de Paulo eram utilizadas entre os
primeiros teólogos, assim como as cartas de Clemente I, de Barnabé, Pedro, João e o Pastor de Hermas.
Atanásio de Alexandria foi o primeiro a escrever a relação dos 27 livros canônicos do Novo Testamento,
excluindo alguns dos documentos que eram utilizados nas igrejas antigas. O Concílio de Hipona
aprovou essa relação.

O Antigo Testamento foi adotado a partir de uma tradução para o grego de escrituras hebraicas antigas
chamada de Septuaginta. Entre os judeus, a Septuaginta era tida como uma tradução não muito segura.
O cânon judeu estabelecido pelo Concílio de Jamnia não correspondia aos livros da Septuaginta, que
tinha livros a mais (veja Tanaque). Os papas Dâmaso I e Inocêncio I determinaram que esses livros
extras seriam definitivamente associados ao Antigo Testamento no século V. Mas é importante notar
que profecias como a de Malaquias 4:5-6, com a qual termina o Antigo Testamento cristão, por
exemplo, não constituem o Antigo testamento hebraico, que terminaria em II Crônicas 36:23.

No século IV houve muita controvérsia em relação à autoria do livro do Apocalipse. Como, a princípio,
ele tinha sido creditado a João, muitos o incluíram no conjunto do Novo Testamento, mas Dionísio o
Grande, ao comparar o livro com o evangelho de João, chegou à conclusão de que a origem do livro não
era verídica (conclusão da qual partilham muitos críticos contemporâneos da bíblia).

Os manuscritos mais antigos do Novo Testamento que chegaram até nós foram o Códice Sinaítico e o
Códice Vaticano, que datam dos séculos IV e V.

Mariologia Primitiva
A primeira oração Mariana que temos é datada por volta de
250 até o final do século III e é chamada "Sub Tuum
Praesidium", uma prova clara do culto à Maria pré-
Niceia[36]. No Ainda no século II vemos um grande
desenvolvimento de Mariologia: Justino de Roma[37] e
Irineu de Lião[38] professam que Maria é a "Nova Eva", as
catacumbas pintam imagens de Maria com Cristo (a mais
famosa é a imagem presente na catacumba de Santa
Priscila, em Roma), e é escrito inclusive um "evangelho"
(considerado apócrifo) relatando sobre sua natividade e
vida antes do nascimento de Cristo (O nome deste
evangelho apócrifo é Protoevangelho de Tiago). Esse
apócrifo considerava Maria como a "Predileta de Deus" (cf.
Protoevangelho de Tiago, XIII,2) e aceitava sua perpétua Imagem de Maria com Jesus e um
virgindade. dos profetas, presente nas
Catacumbas de Santa Priscila em
Irineu aborda Maria com uma perspectiva maior: Enquanto Roma, datada entre o século II e III
Eva tornou-se a causa da morte da humanidade, Maria
tornou-se a "causa salutis" ("cauda da salvação") de si e de toda a humanidade[39], ressaltando seu
papel Co-Redentor. A mariologia de Irineu é extraordinária: Irineu acreditava que o "Novo nascimento"
do cristão ocorria no ventre da Virgem Maria[40], e que seu ventre "regenera os homens em Deus"[41];
Além disso, Irineu acreditava que Maria portou a Deus (cf. Irineu de Lião, Contra as Heresias, 5,9,1),
ressaltando sua maternidade divina.Ao afirmar que o Diabo não teria sido vencido completamente se
Jesus não tivesse nascido de Mulher, aborda Gênesis 3,15 com uma perspectiva de Maria (a mulher da
carta aos Gálatas) e Cristo como a Mulher e sua descendência[42]. No século IV também, na refutação
de São Jerônimo à Helvídio, Jerônimo cita Irineu como um dos ilustres homens que "expuseram as
mesmas explicações" dele com hereges do tempo (Ebião, Teódoto de Bizâncio e Valentino)[43]
confirmando a virgindade perpétua de Maria, embora em nenhuma de suas obras conservadas
possamos encontrar essa apologia.

Hipólito de Roma, no século III, chamada Maria de “Santa” (Hipólito de Roma, Contra Noto, 17; PG
10:825). Para ele, Maria e o Espírito Santo são a “madeira incorruptível”; que formou o corpo de Jesus;
a “arca de madeira incorruptível”: “A arca, que foi feita de madeira incorruptível (cf. Êx 25:10) era o
Salvador. A arca simbolizava o tabernáculo de seu corpo, que era imune à decadência
e não gerou nenhuma corrupção pecaminosa ... O Senhor não tinha pecado, porque em sua
humanidade Ele foi formado a partir da madeira incorruptível, ou seja, da Virgem e do Espírito
Santo, forrada dentro e fora como com o ouro mais puro da Palavra de Deus.” (Hipólito, no Salmo 22,
citado por Teodoreto, Dialogo 1; PG 10:610, 864-5).

Cipriano de Cartago interpretará Maria como a Mulher de Gênesis 3,15; já que vê nela a mesma
"Virgem" de Isaías 7,14[44]. Também, segundo Gregório de Níssa no século IV, que escreveu sobre a
vida de São Gregório Neocesareia (Taumaturgo), afirma que este santo que viveu no século III, teve
uma visão da Virgem Maria com João Batista[45]. Orígenes no século III também enche de louvores
Maria, afirmando sua virgindade após o parto[46] , Segundo o historiador Sozomeno, Orígenes aplicou
o título Teótoco (Mãe de Deus) à Maria (Hist. Eccl. 7,32) e no seu Comentário sobre o Evangelho de
João, escreveu: "Ninguém pode compreender o Evangelho se não reclinou sua cabeça sobre o peito de
Jesus e não recebeu dele Maria como mãe" (In Ioh. 1,6); Por fim, Orígenes põe na boca de Isabel as
palavras “Tu, minha Senhora” (Hom. ins. Lucam, hom. VII; PG 13,1902 D) à Maria. Isso tudo
evidencia um grande amor a figura de Maria, mesmo antes de Niceia.

A Conversão de Constantino
Um dos fatos mais importantes da História do Cristianismo foi a conversão do Imperador Constantino
no século IV ao cristianismo, e as implicações dessa conversão para o futuro do Império. Eusébio de
Cesareia, biógrafo do imperador, nos legou uma história de sua vida, na qual afirmava que Constantino
teria visto uma manifestação sagrada pouco antes de sua Batalha da Ponte Mílvia em 312 contra seu
rival Magêncio. Esse fato, aliado à vitória contra Licínio, fez com que o César se convertesse à fé cristã.

É inegável que a conversão de Constantino é um evento inesperado e de difícil explicação. Embora o


cristianismo tenha se difundido imensamente em seus primeiros anos, ele não representava
nenhuma porção significante do Império e, em Roma, pode-se dizer que havia cerca de apenas 30 mil
cristãos. Além disso, Constantino não veio da parte Oriental do Império, onde o cristianismo tinha mais
força.

Todos esses fatores apontam para uma conversão de Constantino profundamente arraigada no
elemento religioso. O sentimento de que era ajudado pelo Senhor Jesus Cristo certamente fez com que
Constantino abdicasse do paganismo para aceitar a nova religião cristã. Alguns autores preferem
pensar em Constantino como um brilhante maquinador político, que teria assumido a fé cristã tendo
por fito proezas políticas. Não obstante, como foi dito, o
cristianismo era pouco influente e o mais provável é que
tivesse trazido grandes problemas para o imperador, ao
contrário de benefícios de ordem administrativa. A fé de
Constantino é atestada por medidas como a proibição dos
sacrifícios aos deuses nas cerimônias oficiais (330), a
inscrição do nome do Cristo nos escudos dos soldados, a
inscrição de símbolos cristãos nas moedas imperiais, a
proibição de que suas imagens fossem mantidas em templos
pagãos e a sua interferência nas querelas das igrejas, com o
Primeiro Concílio de Niceia (25 de julho de 325).

Édito de Milão
O Édito de Milão foi uma lei promulgada pelo imperador
Constantino, em fevereiro de 313, que garantia a liberdade
de crença. Esse Édito garantia que todos os súditos do Aparição da Cruz a Constantino
império teriam o direito de professar suas fés livremente
mas, na prática, o imperador perseguiu muitas práticas
religiosas não cristãs e não ortodoxas, como o judaísmo, o arianismo e até mesmo práticas pagãs. A sua
promulgação está, indubitavelmente, associada à vitória do imperador sobre Magêncio no ano anterior.

Concílio de Niceia
O Primeiro Concílio de Niceia foi um concílio ecumênico da
qual participaram importantes líderes da igreja da época,
incluindo o imperador Constantino, visando debater temas
importantes, principalmente o arianismo e a organização
das igrejas.

No concílio, a doutrina ensinada por Ário e seus seguidores


foi condenada como herética, iniciando mais de um século
da chamada controvérsia ariana.

No Concílio de Niceia também se decidiu, pela primeira vez


de forma clara, sobre a organização das igrejas de forma
hierárquica, e sobre a ordenação dos padres e bispos.

A Igreja primitiva
Primeiro Concílio Ecumênico de
O termo Igreja Primitiva é utilizado para se referir a um Niceia
período histórico do cristianismo e da Igreja entre 33 -
325.[47][48] O termo Igreja Primitiva refere-se a instituição e
cristianismo primitivo às suas doutrinas. Neste período a Igreja estava engajada em diversas discussões
acerca dos conceitos cristãos. Inicialmente cinco cidades surgiram como importantes centros da igreja:
Roma, Jerusalém, Antioquia, Alexandria e Constantinopla.

A expressão "Igreja" (com I maiúsculo), se refere à Igreja como um todo, "igreja" (com i minúsculo) se
refere às comunidades de fé locais[49], essa distinção deve ser feita porque na Igreja Primitiva existia
total unidade entre os cristãos como uma única Igreja Católica (que é Universal em grego), mas para se
referir às comunidades cristãs locais se usa também o termo "igreja", como por exemplos as igrejas de
Jerusalém, Roma e etc. A unidade da Igreja é comprovada já em Atos dos Apóstolos, no episódio do
Concílio de Jerusalém, pois a igreja de Antioquia, de Corinto, de Éfeso mesmo estando separadas
geograficamente, não são independentes, tendo de acatar a decisão do concílio como uma só Igreja.

História da instituição
A Igreja Primitiva passou a se nomear Católica (que significa "Universal"), ainda no século I, o termo
foi utilizado pela primeira vez pelo Bispo Inácio[50] de Antioquia , discípulo do apóstolo João, que
provavelmente foi ordenado pelo próprio Pedro,[51] alguns historiadores sugerem que os próprios
apóstolos poderiam ter utilizado o termo para descrever a Igreja.[51] O termo Católica invoca o
princípio de que desde o começo a Igreja foi universal, aberta aos gentios, em 200 o termo já era
comumente utilizado.

Em 64 ocorreria o Grande incêndio de Roma, o imperador romano Nero culparia os cristãos por este
ato, e iniciaria a perseguição à Igreja, martirizando diversos cristãos notáveis tais como o Apóstolo
Pedro.[carece de fontes?] A perseguição continuaria até 313 quando seria publicado o Édito de Milão pelos
dois Augustos, o imperador ocidental Constantino, e Licínio, o imperador oriental. Este édito de
tolerância permitiu aos cristãos ter completa liberdade para praticar sua religião sem ser molestado,
iniciando-se a Paz na Igreja.

Ver também
Igreja Católica
Igreja Cristã Primitiva
Imagens no Cristianismo primitivo
Impacto do cristianismo na civilização
Papado no Cristianismo primitivo
Pentarquia
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

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Paulo de Tarso#Atribuição de suas obras [S.l.: s.n.]
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