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D.

EMPRESARIAL – PONTO 2 (TRF 5ª)

1 Teoria geral dos títulos de créditos. Títulos de créditos: letra de câmbio,


cheque, nota promissória, duplicata. Aceite, aval, endosso, protesto, prescrição, Ações
cambiais.

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2 TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS

Título de crédito é um documento abstrato e cartular que representa o crédito,


permitindo maior circulação deste. Estão tratados junto com o Direito das Obrigações no artigo
887 e seguintes do CC. Representam obrigações de natureza pecuniária. Não se confundem com
a própria obrigação. As obrigações representadas em um título de crédito ou têm origem
extracambial, como é o caso das originadas de contratos, ou têm origem exclusivamente
cambial, como na obrigação do avalista.

 Conceito: documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele


mencionado (Vivante). Já para o CC, art. 887, “O título de crédito, documento necessário ao
exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os
requisitos da lei”.
Fala-se em circunstâncias especiais - atributos dos títulos de crédito - chamados de
negociabilidade, (facilidade de negociação), e executividade (maior eficiência na cobrança). Ou
seja, há um regime jurídico-cambial, que estabelece regras que dão à pessoa que detém
inicialmente o crédito (ou para quem o crédito é transferido), maiores garantias do que as do
regime civil.

 Fases do Direito Cambiário: (quatro)


 Período Italiano – até 1650: mercadores das cidades italianas / necessidade de
operar com moedas diferentes em praças diversas (letras de câmbio);
 Período francês: (1650 até 1848): surge o endosso / a letra de câmbio deixou de ser
instrumento de pagamento para instrumento de crédito.
 Período Germânico: (1848=1930): codificadas as normas disciplinadoras da cambial,
separando-as das normas de direito comum / proteção especial ao terceiro
adquirente de boa-fé, como forma de garantir a circulação do título.
 Período Uniforme: aprovação, em 1930, das leis uniformes genebrinas sobre letras
de câmbio e notas promissórias, e, em 1931, sobre cheques.

 Normatização: o CC/02 não está valendo para: letra de câmbio, nota promissória, cheque e
duplicata, porque o artigo 903 dispõe que das regras gerais ali dispostas estão ressalvadas as
leis especiais. Ou seja, o Código Civil não revogou as legislações anteriores, sendo que cada
título específico permanece com seu regulamento especial. As regras do CC/02 são supletivas às
leis especiais.
Ademais, as normas do CC/02 aplicam-se:
 aos títulos de crédito cuja legislação de regência não determine a aplicação
subsidiária da legislação sobre letra de câmbio e nota promissória ou de qualquer
outra lei sobre determinado título;
 aos títulos nominados, quando a lei de regência for silente sobre determinada
matéria, como, por exemplo, título escritural (art. 889, § 3º).
Comentando o art. 903 do CC, Tepedino (Código Civil Interpretado), afirma que há duas
possibilidades de interpretação do presente artigo:

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 o CC pretendeu regular os chamados títulos de crédito atípicos ou inominados, isto
é, aqueles que não encontram regulamentação expressa nas leis, fixando requisitos
mínimos dos títulos de crédito;
 o CC quis estabelecer uma teoria geral dos títulos de crédito, de modo que, quando
não são aplicáveis as normas constantes da legislação especial, seriam aplicáveis as
normas do CC. Crítica: quase todas as matérias que o CC regula já se encontram
previstas em leis especiais; regulou de forma contraditória em relação, por
exemplo, à proibição de aval parcial.
Fabio Ulhôa Coelho sustenta que as normas sobre títulos de crédito encontradas no CC
se aplicam apenas aos títulos que não possuírem na lei específica a definição das regras a aplicar
(art. 903). É o que ele chama de título de crédito não regulado. Observa, contudo, que não há
atualmente no direito brasileiro nenhum título em tais condições.
As normas do CC sobre títulos de crédito diferem-se das aplicáveis às letras de câmbio
quanto ao seguinte:
a) proibição das cláusulas de juros, “não à ordem”, e exoneração de despesas;
b) admissibilidade de títulos ao portador, se autorizado pela lei específica;
c) não-vinculação do endossante ao pagamento do título como regra;
d) não cabimento de aval parcial;
e) títulos nominativos são os emitidos em favor de pessoa cujo nome conste do
registro do emitente (art. 921), não se cuidando de identificação do credor no
próprio título, como ocorre com a letra de câmbio, mas sim em assentamentos
externos à cártula.
Em resumo, pode-se dizer que as normas relativas aos títulos de crédito trazidas no
CC/02 só serão utilizadas há hipótese em que não venham a contrariar a lei especial, e em
particular os tratados internacionais que disciplinam a matéria (Marcelo Bertoldi),
especialmente a lei uniforme de Genebra, traduzida no Decreto 57.663/66.

 Função dos títulos de crédito: a função primordial dos títulos de crédito é a mobilização do
crédito. Sua finalidade é a circulação. O título de crédito só é verdadeiramente tal quando
circula. Fora daí ele deve ser visto mais como documento, do que como título propriamente
dito. Essa visão, aliás, vem sido tida pela jurisprudência, que não mais aceita o documento
formal, como meio de o credor se beneficiar de uma situação de abstração ou autonomia. Assim
é que em muitos casos, demonstrado que o título foi criado não para atender sua função
primordial de circulação e mobilização do crédito, tem-se deixado de aplicar certos princípios
favoráveis ao credor.
Nessa linha, são conhecidos acórdãos que veem em notas promissórias emitidas
unicamente como garantia de certos contratos de financiamento, ou de abertura de crédito,
não mais um título abstrato, mas um documento representativo de um direito, para cujo
exercício se impõe a demonstração da origem do débito. Por exemplo: as notas promissórias
emitidas em branco pelos titulares de contas com cheque especial, modalidade do contrato de
abertura de crédito. A cártula é preenchida pela instituição financeira (tal prática é vedada –
Súmula 60 do STJ: “É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado
ao mutuante, no exclusivo interesse deste”), englobando todos os débitos constantes da conta,
com os encargos contratuais. Quando o banco executa apenas o título está, em verdade,
deixando de observar a sua função na tentativa de impedir ou dificultar ao extremo a defesa do
executado, pois que se executasse o contrato teria de anexar os demonstrativos contábeis.

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Por isso, muitos comercialistas não veem como incorretas decisões que não aceitam o
título para execução, exigindo a comprovação dos débitos mediante a anexação do contrato e
dos demonstrativos contábeis.
 Súmula 258 do STJ – A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito
não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.
 Súmula 233 do STJ - O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado do
demonstrativo do débito, não constitui título executivo extrajudicial, porquanto
carece da liquidez característica dos títulos de crédito.

 Princípios do direito cambiário:


a) Cartularidade (ou documentalidade ou da incorporação) (cártula = documento =
título): a obrigação deve estar representada por um documento cartular, ou seja, um
papel que especifica a obrigação. O exercício dos direitos representados por um título
de crédito pressupõe sua posse. Quem não se encontra com o título em sua posse, não
se presume credor. O princípio da cartularidade é garantia de que o sujeito que postula
a satisfação do crédito é mesmo o seu titular (É uma garantia de que o credor não
negociou o seu crédito.). Cópias autênticas não conferem a mesma garantia. Há, no
entanto, algumas mitigações ao princípio, como a possibilidade de executar o crédito
representado pela duplicata sem a apresentação do título em alguns casos (pela
necessidade prática de maior informalidade) e a disseminação informática de títulos de
crédito não cartularizados. O próprio CC, art. 889, §3º, o admite: “O título poderá ser
emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e
que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos
neste artigo”. Ainda, são implicações do princípio da cartularidade: i) a posse do título
pelo devedor faz presumir o pagamento; ii) só é possível o protesto mediante
apresentação do título; iii) só é possível a execução mediante apresentação do título.
b) Literalidade: toda e qualquer obrigação só é válida se estiver escrita na cártula, ou seja,
somente produzem efeitos jurídico-cambiais os atos lançados no próprio título de
crédito. A quitação deve estar representada por título. Atos documentados em
instrumentos apartados, ainda que válidos e eficazes entre os sujeitos diretamente
envolvidos (ex. aval concedido fora do título poderá ser tido como fiança), não
produzirão efeitos perante o portador do título, mas vigoram entre os signatários
originais como qualquer obrigação civil. Obs.: a quitação da duplicata pode ser dada em
documento em separado.
c) Autonomia: pelo Princípio da Autonomia das relações cambiárias, cada relação jurídica
existente no título é autônoma em relação a outra. Por consequência, quando um único
título representa mais de uma obrigação (do emitente, do avalista, do endossante e
outros) a eventual invalidade de qualquer delas não prejudica as demais. As implicações
do princípio da autonomia representam a garantia efetiva de circulabilidade do título de
crédito. O terceiro descontador não precisa investigar as condições em que o crédito foi
transacionado. O princípio da autonomia desdobra-se em dois subprincípios:
i. Abstração: o título de crédito se desvincula da relação causal-base que lhe deu
origem quando posto em circulação. Se houve algum vício na causa que originou o
título (ex: contrato de compra e venda declarado nulo), não haverá prejuízo às
obrigações nele constantes. A abstração somente se verifica quando o título circula
para um terceiro de boa-fé, que não tem ciência do defeito existente no negócio
que originou o título. Note-se que as relações causal e cartular não se confundem,
embora coexistam harmonicamente, porque a criação do título de crédito não

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implica novação no que se refere à relação causal, vez que esta não se extingue. A
relação causal enseja uma ação extracambiária, ao passo que a relação cartular
enseja uma ação cambiária. Além disso, observe-se que embora todos os títulos
sejam autônomos, alguns deles não são classificados como abstratos:
determinados títulos de crédito podem resultar de qualquer causa, mas dela se
libertam após a sua criação, o que não ocorre com os títulos causais (duplicata),
que, embora circulem, mantêm vínculo com a causa que os gerou. Por fim, há outra
teoria para a qual o título se diz abstrato se a lei que o tenha instituído não tenha
prescrito os negócios jurídicos que autorizam a sua emissão. Se a lei cria o título,
mas não menciona os negócios que autorizam a emissão, poderemos emiti-los
tendo em vista qualquer negócio lícito. Ex: cheque, nota promissória e letra de
cambio. Qualquer atividade licita é apta a permitir emissão do título.
ii. Inoponibilidade de exceções a terceiros de boa-fé (art. 17 da Lei Uniforme e art.
916 do CC): o executado em virtude de um título de crédito não pode alegar matéria
de defesa estranha à sua relação direta com o exequente, salvo provando a má-fé
dele. Ou seja, não pode lhe opor exceções pessoais (que tinha contra o antigo
credor), salvo se o terceiro for adquirente de má-fé. Se o título não circular, ele
está preso à relação causal.

 Natureza da obrigação cambial: várias teorias tentam explicar a natureza dos títulos de
crédito. São elas:
a) Teoria do Contrato com Incerta Pessoa: adotada por Savigny, seguido por Jolly,
Goldschmidt e Unger. Conforme seu enunciado, se contrata com alguém que não se sabe
quem é, só o vindo a saber no momento da apresentação do título, ou seja, quando da
sua exigibilidade. Nesse momento se descobrirá quem é o credor do título. Parte Savigny
da ideia de que quem emite o título geralmente o faz em massa, estando a posse de fato
sempre unida à presunção de propriedade.
b) Teoria do Germe: enunciada pelo famoso jurista Von Ihering, para esta teoria, o título
seria como um germe que surge em mãos do devedor, mas que se formava quando
circulava. O título só tem sentido para circular, é esse o seu objetivo, sua razão. O credor
é o último portador.
c) Teoria da Personificação do Título: formulada por Schweppe, declara que o título é
bastante em si, como se ele mesmo fosse o credor. Quando se assina um título, o
devedor passa para ele um pouco de si, de sua personalidade, credibilidade, imagem.
Como o título personifica o devedor, quem vai pagá-lo, paga a ele mesmo, ou seja,
quando se paga o título é porque se quer resgatá-lo, não importando nas mãos de quem
ele esteja. A pessoa se reintegrava com a aquisição do título que emitiu. Essa teoria foi
contestada sob o argumento de que não pode haver crédito sem credor, uma vez que as
coisas materiais não podem ser sujeito de direitos.
d) Teoria da Promessa Unilateral: segundo essa teoria, que tem como precursores Einnert
e Kuntze, o devedor promete sozinho, unilateralmente. Essa teoria inspirou um pouco o
pensamento moderno no sentido de que o título não é simples documento probatório:
a) é veículo de promessa; b) a promessa de pagamento é abstrata; independe da relação
fundamental; c) não se trata de contrato, mas de promessa unilateral. Assim, surgiu a
dúvida se o título é válido quando é emitido ou quando é criado, pois ele poderia ser
extorquido.

Fala-se, ainda, nas seguintes subteorias:

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i. Teoria da Emissão: abraçada por Stobbe e Windscheid, preconiza que o emitente
do título dele se desvincula quando o põe em circulação. Só após o abandono
voluntário da posse, seja por ato unilateral, seja por tradição, é que nasce a
obrigação do subscritor. Sem emissão voluntária não se forma o vínculo.
ii. Teoria da Criação: formulada por Siegel e Kuntze, defende que o direito deriva da
criação do título. A vontade do devedor já não importa para tal efeito obrigacional.
É o título que cria a dívida. Observa Rubens Requião que “a consequência da teoria
da criação é severa e grave. O título roubado ou perdido, antes da emissão, mas
após a criação, leva consigo a obrigação do subscritor”.
iii. Teoria do duplo sentido da vontade: segundo Vivante, autor dessa teoria, há dois
mundos, que não se comunicam: o mundo dos contratos e o mundo dos títulos. O
devedor fica no meio dos dois. Não se pode trazer o fato de um contratante ter
deixado de cumprir sua obrigação (no mundo dos contratos) para não pagar aquele
que lhe apresentou o título (no mundo dos títulos). Assim, em relação ao seu credor,
o devedor do título se obriga por uma relação contratual, motivo por que contra ele
mantém intatas as defesas pessoais que o direito comum lhe assegura; em relação
a terceiros, o fundamento da obrigação está na sua firma (do emissor), que expressa
sua vontade unilateral de obrigar-se, e essa manifestação não deve defraudar as
esperanças que desperta em sua circulação.

DOUTRINA PREDOMINANTE: A obrigação cambiária resulta de declaração unilateral de


vontade por parte do subscritor do título e não de contrato celebrado com o beneficiário.
No Direito Brasileiro o Código Civil Brasileiro incluiu os títulos ao portador entre as
Obrigações por Declaração Unilateral de Vontade. O art. 896 do CC reza que “o título de crédito
não pode ser reinvindicado do portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das
normas que disciplinam a sua circulação”. Essa norma adota a teoria da criação porque
considera legitimado o portador ainda que o título tenha sido posto em circulação sem ou contra
a vontade do emitente (mas de acordo com as normas que a disciplinam), dispondo da mesma
maneira que o artigo 26, al.2a da LUG.
Os devedores de um título de crédito, assim, são solidários. Essa regra encontra-se no
artigo 47 da Lei Uniforme de Genebra. O devedor solidário que paga ao credor a totalidade da
dívida pode exigir, em regresso, dos demais devedores a quota-parte cabível a cada um. Porém,
na obrigação cambial há hierarquia entre os devedores de um mesmo título. Em relação a cada
título, a lei irá escolher um para a situação jurídica de devedor principal, reservando aos demais
a de codevedores. Mesmo os codevedores só terão direito de cobrar dos codevedores que lhes
antecederam.

 Classificação dos títulos de crédito:


a) Quanto ao Modelo:
 Livres: cujo formato não segue um rigor absoluto. Ex.: nota promissória no
caderno.
 Vinculados: além dos requisitos, existe padronização (padrão normativamente
estabelecido). Ex.: cheque, duplicata.
b) Quanto à Estrutura:
 Ordem de Pagamento: ordem dada por uma pessoa (sacador) para que outro
(sacado) pague ao beneficiário (tomador). Ex.: letra de câmbio.

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 Promessa de Pagamento: relação direta entre o emitente e o beneficiário. Ex.:
nota promissória.
c) Quanto à hipótese de emissão: todo título advirá sempre de um negócio jurídico,
contudo haverá títulos em que esse negócio precisa ser comprovado para que o título
tenha existência válida. E é partir dessa ideia que surgem os títulos causais e não
causais:
 Causal: somente pode ser emitido para documentar determinadas operações.
Ex: duplicata (prestação de serviço e compra e venda). A lei indicou os negócios
jurídicos que autorizam sua emissão, razão pela qual a legislação cria o título e
também se encarrega de mencionar os negócios que autorizam sua emissão.
Exemplo: warrant (só pode ser emitido, se houver depósito de mercadorias nos
silos dos armazéns gerais), CCB (cédula de credito bancário: pode ser emitida se
houver mútuo bancário), duplicata (só pode ser emitida se houver compra e
venda mercantil ou prestação de serviços).
 Não-Causal (ou abstratos): pode ser emitido por qualquer causa, em qualquer
tipo de negócio. Ex.: cheque, nota promissória. Relembre-se que o título se diz
abstrato se a lei que o tenha instituído não indicou os negócios jurídicos que
autorizam a sua emissão, hipótese em que o referido título poderá ser emitido
tendo em vista qualquer negócio lícito. Ex: cheque, nota promissória e letra de
cambio. Qualquer atividade licita é apta a permitir emissão do título.
d) Quanto à Circulação: todo título é feito para circular, mas a forma de circulação varia
de título para título:
 Ao Portador: não consta o nome do beneficiário do direito nele incorporado. É
transmitido por mera tradição. Quem estiver portando a cártula e a apresentar
ao devedor será o legítimo credor. Como exemplo, pode ser citado o cheque até
o limite de R$ 100,00 (cem reais).
 Nominal: consta o nome do beneficiário. Pode apresentar-se sob a modalidade
à ordem (passíveis de serem transferidos por endosso) ou não à ordem
(transmitidos somente por cessão comum civil de crédito – nesse caso o cedente
se obriga apenas com o cessionário, não em relação aos posteriores possuidores
do título).
 Nominativo (art. 921, CC): “É título nominativo o emitido em favor de pessoa
cujo nome conste no registro do emitente”.

 Títulos cambiais e títulos cambiariformes: títulos cambiais, genuínos, são a letra de câmbio
e a nota promissória. Todos os demais títulos de créditos, como o cheque, a duplicata etc., são
considerados apenas assemelhados ou cambiariformes, conforme leciona Pontes de Miranda.
Contudo, as regras da letra de câmbio e da nota promissória aplicam-se aos títulos
cambiariformes, em tudo que lhes for adequado, inclusive a ação de execução.

 A informática e o futuro do direito cambiário: o meio magnético vem substituindo paulatina


e decisivamente o meio papel como suporte de informações. O registro da concessão, cobrança
e cumprimento do crédito comercial não fica, por evidente, à margem desse processo, ao qual
se refere a doutrina pela noção de desmaterialização do título de crédito.
É certo que as informações arquivadas em banco de dados magnéticos constituem a
base para a expedição de alguns documentos (em papel) relativos à operação (os bancos emitem

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documentos de quitação de dívida; os cartórios de protesto geram intimação ao devedor e
lavram o instrumento de protesto). Contudo, nenhum desses papéis é título de crédito.
Diante desse quadro, vale a pena conferir se são compatíveis os princípios do direito
cambiário com o processo de desmaterialização do título de crédito:
 O princípio da cartularidade: se o documento nem sequer é emitido, não há sentido
algum em se condicionar a cobrança de crédito à posse de um papel inexistente.
 O princípio da literalidade: não se pode prestigiá-lo, na medida em que não existe
mais o papel, a limitar fisicamente os atos de eficácia cambial.
 O princípio da autonomia das obrigações cambiais: apresenta-se compatível. Será a
partir dele que o direito poderá reconstruir a disciplina da ágil circulação do crédito,
quando não existirem mais registros de sua concessão em papel (cuidado: essa
análise parece um pouco parcial, já que há autores que admitem a modalidade sem
tantas ressalvas).

 Rigor cambiário: os títulos de crédito para valerem como tal devem obedecer a certos
requisitos legais.
A Súmula 387 do Supremo Tribunal Federal diz que “a cambial emitida ou aceita com
omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do
protesto.” (vide art. 891, CC/2002). Para protestar o título o credor de boa-fé deve ter efetuado
o preenchimento. Enquanto não for preenchido, o título não se torna exigível.
O Novo Código Civil adotou o princípio da liberdade de criação e emissão de títulos
atípicos ou inominados, resultantes da criatividade da praxe empresarial, com base no princípio
da livre iniciativa, pedra angular da ordem econômica (Constituição de 1988, arts. 1º e 170),
visando a atender às necessidades econômicas e jurídicas do futuro, tendo em vista a origem
consuetudinária da atividade mercantil.
a. Letra de câmbio
É um título de crédito clássico e comporta todas as características dos títulos de crédito.
É mais utilizada em negócios internacionais (comércio exterior) e no Brasil é substituída pela
duplicata. Está prevista no Decreto 57663/66 (Lei Uniforme de Genebra). O anexo I está em
vigor, sendo que o anexo II estabelece as reservas do que não vige no Brasil, devendo ser
aplicado o Decreto 2.044/1908.
A Legislação aplicável é o Decreto n. 57.663/66 – Lei Uniforme de Genebra, tratado
internacional que regula a matéria de forma específica.
Pode-se conceituar a letra de câmbio como uma ordem dada, por escrito, a uma pessoa,
para que pague a um beneficiário indicado, ou à ordem deste, uma determinada importância
em dinheiro. Ou seja, é um título de crédito por meio do qual uma pessoa (sacador) declara que
certa pessoa (sacado) pagará a certa pessoa (tomador ou beneficiário) uma quantia certa, num
determinado local ou data.
Assim, são elementos pessoais da letra de câmbio:
a) Sacador - eminente da letra de câmbio / quem dá a ordem de pagamento;
b) Sacado - quem recebe a ordem de pagamento;
c) Tomador - o beneficiário da ordem de pagamento.

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Observe-se, assim, que é possível que sacador e tomador sejam a mesma pessoa; é
possível que sacador e sacado sejam a mesma pessoa (nesse caso, a letra de câmbio acaba tendo
as mesmas funções de uma nota promissória, conforme art. 3º da Lei Uniforme).
E é possível até que sacador, sacado e tomador sejam a mesma pessoa (Marcelo
Bertoldi).

 Requisitos da letra de câmbio: trata-se de um título de modelo livre. Quanto ao aspecto


material, a letra de câmbio deve ser feita em papel; a forma mais comum são formulários já
prontos, em que basta preencher espaços vazios com as informações indicadas.
 Requisitos extrínsecos: são aqueles relativos à formalidade do título em si. Eventuais
falhas quanto a tais requisitos podem ser alegadas e opostas por qualquer devedor
contra qualquer credor. Ex: falsidade da cártula; adulteração, etc.
 Requisitos intrínsecos: são aqueles relativos à obrigação contida na letra de câmbio.
São os exigidos pelo direito para a validade de qualquer negócio jurídico. Referem-se
à capacidade das partes, ao consentimento, ao objeto e à causa da obrigação.
 Requisito essenciais: o art. 1º do Anexo I do Decreto n. 57.663/66 traz os elementos
que deve conter a letra de câmbio, sem os quais, o título não produzirá efeitos como
tal:
a. a palavra “letra” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada
para a redação desse título;
b. mandado puro e simples de pagar uma quantia determinada;
c. o nome daquele que deve pagar (sacado);
d. nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga (a Lei Uniforme veda
a emissão de letra de câmbio ao portador);
e. A indicação da data de emissão da letra (para averiguar a capacidade do emitente
e prazos para apresentação e vencimento);
f. A assinatura de quem passa a letra (sacador). É vedada a utilização de chancela
mecânica.

Além disso, a LUG considera requisitos não essenciais (art. 2º):


i. data de vencimento do título (na sua ausência o título é pagável à vista);
ii. lugar de pagamento (quando o título não especificar o lugar de seu pagamento,
será aquele mencionado ao pé do nome do sacado, que ao mesmo tempo será
tido como sendo seu domicílio);
iii. lugar de emissão (quando não houver, considera-se que a letra foi passada no
lugar designado ao lado do nome do sacador).

A LUG prevê também a possibilidade de inclusão de outras cláusulas:


 Cláusulas de juros: é permitida sua inserção nas letras pagáveis à vista ou a certo
termo da vista. Em qualquer outra espécie, tal cláusula será considerada como
não escrita. Para ser válida, ela deverá indicar a taxa, sendo os juros contados da
data da letra se outra data não for indicada.

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 Cláusula exonerando o sacador da garantia do aceite.

De acordo com a LUG, art. 9º, “O sacador é garante tanto da aceitação como do pagamento da
letra. O sacador pode exonerar-se da garantia da aceitação; toda e qualquer cláusula pela qual ele
se exonere da garantia do pagamento considera-se como não escrita”.

 Saque e aceite: saque é a própria criação da letra de câmbio, que vincula apenas o sacador
(emitente).
Assim, na época do saque, o ato ainda não vincula o sacado e o aceite é o ato que vincula
o sacado. É o ato formal segundo o qual o sacado se obriga a efetuar, no vencimento, o
pagamento da ordem que lhe é dada (art. 28). O aceite é formalizado com a assinatura do sacado
no título (art.25).
Quando o sacado aceita pagar, ele passa a ser o devedor principal, denominado de
aceitante, de modo que o sacador continua sendo devedor, mas não o principal.
O aceite na letra de câmbio é facultativo, porém irretratável, sendo que a sua recusa
gera o vencimento antecipado do título, podendo o tomador exigir do sacador o seu pronto
pagamento. Pode ainda haver a recusa parcial, que ocorre quando o sacado aceita a letra
parcialmente, podendo ser limitativo (do valor constante do título) ou modificativo (aceita
pagar, mas modifica alguns requisitos). Nestes casos, o aceitante se vincula ao pagamento do
título nos exatos termos de seu aceite, mas se opera o vencimento antecipado da letra de
câmbio, que poderá, por isto, ser cobrada de imediato do sacador. A única diferença entre a
recusa total e a recusa parcial, pois, relaciona-se à posição assumida pelo sacado, eis que no
primeiro caso, ele não assume obrigação cambial nenhuma.
A recusa do aceite deve ser comprovada pelo protesto do título (art.14). À vista do
protesto por falta de aceite, vencendo-se antecipadamente a letra, caberá ao portador o direito
de ação executiva contra o emitente da letra e os demais obrigados (endossantes e avalistas).
Entretanto, pode o sacador se prevenir quanto ao vencimento antecipado da letra:
colocando no título a cláusula não aceitável (cláusula non acceptable: art. 22 da Lei Uniforme),
que impõe ao tomador a obrigação de só procurar o sacado para o aceite na data do vencimento.
Existe ainda uma pequena variante da cláusula não aceitável, por meio da qual a letra pode ser
apresentada para aceite antes do seu vencimento, mas somente após uma certa data fixada
pelo sacador.
O ato de submeter a letra ao reconhecimento do sacado chama-se apresentação. Se o
sacado reconhecê-la, assinando a letra, torna-se aceitante, obrigado principal pelo pagamento.
O sacado somente vai assinar a letra se houver uma relação jurídica entre ele e o
sacador.
Vencida a letra, a apresentação não se faz mais para o aceite, mas simplesmente para
o pagamento, se o portador não decaiu de seus direitos.
A letra sacada à vista se vence no ato em que o portador a apresenta ao sacado. Ao
sacado é lícito pedir ao portador ou detentor que a letra lhe seja reapresentada uma segunda
vez no dia seguinte ao da primeira apresentação.
A Lei Uniforme admite o cancelamento do aceite, antes da restituição da letra, o que é
considerado, então, aceite recusado.
É inconstitucional a prisão prevista no artigo 885 do Código de Processo Civil, onde se
determina a citada medida para os casos de recusa na entrega da letra.

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Aceite por intervenção – a Lei Uniforme admite que, em certas condições, um estranho
à relação cambiária nela intervenha, para firmar o aceite pelo sacado. No caso o portador, em
consequência da recusa do aceite pelo sacado, tem o direito de usar do regresso contra o
sacador ou endossantes, exigindo deles o pagamento da letra, antes mesmo do vencimento.
Prorrogação do prazo de apresentação para aceite – a decadência ou perda de certos
direitos cambiários decorrem da não apresentação ou da tardia apresentação da letra. A Lei
Uniforme admite, assim, que, havendo caso fortuito ou força maior, possa ser prorrogado o
prazo de apresentação para aceite. Cessado o caso fortuito ou força maior, o portador deve
apresentar sem demora a letra para aceite, ou para pagamento.

 Formas de vencimento da letra de câmbio (art. 33):


a. à vista: vence na apresentação, que poderá ser feita dentro do prazo de um ano,
contado da emissão do título.
b. a dia certo: no dia que consta no título, que já está ali fixado.
c. a tempo certo da data (DO SAQUE): a data do vencimento será contada a partir do
saque (emissão)
d. a tempo certo da vista (DO ACEITE): o vencimento ocorre em um prazo previamente
indicado no título a contar do aceite.
VENCIMENTO EXTRAORDINÁRIO: é aquele que se dá com a interrupção do tempo por
fato anormal e imprevisto, nos casos arrolados no art. 19 do Decreto n. 2.044/1908: (i) falta ou
recusa do aceite; (ii) falência do aceitante. Nesses casos, a letra será considerada vencida
quando protestada.
OBS: A falência do sacador de uma letra não aceita também gera o vencimento
antecipado.

 Endosso: é o ato pelo qual o credor de um título de crédito com cláusula à ordem transmite
o direito ao valor constante do título a outra pessoa, sendo acompanhado da tradição da
cártula.
“A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que lhe são inerentes”
(Art. 893 CC).
Endossante – aquele que transfere por endosso.
Endossatário – aquele que recebe o título por endosso.
Em regra, enquanto o endossatário se torna novo credor da letra de câmbio, o
endossante passa a ser um de seus codevedores. Entretanto, se não for intuito do endossante
assumir a responsabilidade pelo pagamento do título, e com isso concordar o endossatário,
operar-se-á a exoneração da responsabilidade pela CLÁUSULA “SEM GARANTIA” (que apenas
o endosso admite).
O art. 914 do CC traz redação que isenta (em regra) o endossante de garantir o
pagamento do título. Vale repisar que esse dispositivo só é aplicável aos títulos de crédito não
regulados e, portanto, não é aplicável à letra de câmbio.

 Formalidade e Efeitos do Endosso: o endosso deve sempre constar do título (cartularidade


- art. 13, Lei Uniforme). Pode ser feito no verso ou no anverso no título. No verso, basta a simples
assinatura do endossante. No anverso, ele será completo quando contiver a assinatura do
12
endossante e uma declaração de que se trata de um endosso. Não é possível lavrar o endosso
em documento à parte ou concedê-lo por meio de instrumento público. Além disso:
 O endosso deve ser puro e simples. Considera-se como não escrita no endosso
qualquer condição a que se subordine o endossante (art. 12 da LU).
 É vedado o endosso parcial ou limitado, ou seja, aquele que diga respeito apenas a
parte do valor constante do título (art. 8º, § 3º, do Decreto n. 2.044/1908).
 O endosso pode ser em preto (indicando a pessoa a quem é transferido o título) ou
em branco (não indicando a pessoa a quem é transferido o título). Com o endosso
em branco, o título passa a ser ao portador, circulando pela simples tradição.
 Endosso próprio: transfere a titularidade do crédito e o exercício de seus direitos,
bem como obriga o endossante na qualidade de coobrigado. Súmula 475 do STJ:
Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe
por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou
intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e
avalistas.
 Endosso impróprio – não transfere a titularidade do crédito, mas apenas possibilita
ao detentor o exercício de seus direitos. O endossatário, no endosso impróprio, pode
exercer todos os direitos emergentes da letra de câmbio, exceto o de transferir a
titularidade do crédito, que remanesce nas mãos do endossante-mandante ou
caucionário. São espécies de endosso impróprio: a) Endosso-caução (endosso-
penhor, ou endosso-pignoratício) – títulos de crédito dados em garantia a outro
negócio. Não há a transferência do crédito. Trata-se de garantia. “Pague-se em
garantia”. Este somente é utilizado nos títulos a prazo (excluindo, portanto, o
cheque, que consiste em ordem de pagamento à vista). b) Endosso-mandato
(endosso por procuração) – quando o credor transfere para outra pessoa só o poder
de receber em seu nome: “Pague-se por procuração”; o mandatário somente vai
receber o valor e passar para o credor. Súmula 476 do STJ: O endossatário de título
de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto
indevido se extrapolar os poderes de mandatário.

Sobre a responsabilidade do endossante, na letra de câmbio, o endossante é


responsável pelo aceite e pagamento do título, salvo se registrar que endosso é sem garantia
– art. 15, da Lei Uniforme. O endosso vincula o endossante ao pagamento do título de crédito;
existe uma solidariedade cambial, que consiste no fato de quem paga poder cobrar tudo do
devedor principal.
O devedor, quando paga o título, só se libera se validamente efetuar o pagamento ao
portador legítimo. Considera-se legítimo possuidor o portador do título de crédito que prova
seu direito por uma série ininterrupta de endossos.
O protesto é ato necessário para garantir o direito de regresso contra os endossantes
e seus avalistas.

 Endosso X Cessão de Crédito. Ambos se caracterizam como atos transmissores da


titularidade de crédito, havendo, entretanto inúmeras diferenças:
ENDOSSO CESSÃO DE CRÉDITO
Instituto de direito cambiário Instituto de direito civil

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É ato unilateral É negócio jurídico, portanto, bilateral (formada
pelo acordo de vontades das partes).
Só é admitido mediante assinatura e declaração Pode ser feita da mesma forma que qualquer
apostas no título outro contrato
Confere direitos autônomos ao seu beneficiário Confere direitos derivados (os mesmos direitos
(direitos novos em relação aos anteriores) de quem cedeu)
Em regra, o endossante responde pela exigência Em regra, o cedente responderá apenas pela
do crédito e pelo pagamento do título existência do crédito.
Vigora o princípio da inoponibilidade das exceções. Admite que o devedor oponha contra o
cessionário exceções que tinha contra o cedente
(CC, art. 294).
Não pode ser parcial Pode ser parcial

Cláusula “não à ordem”: A letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a
cláusula à ordem, é transmissível por via de endosso. Isso significa que a letra de câmbio tem
implícita a cláusula “à ordem”. Para que o título não circule sob as regras do direito cambiário,
é necessária a inclusão expressa da cláusula “não à ordem”, que proíbe o endosso, mas não
impede a transmissão do direito contido no título por meio de cessão civil de crédito. Havendo
a transferência da letra, estarão ausentes os efeitos cambiais naturais do endosso em relação
àquele que inseriu a cláusula “não à ordem”. Podem inserir a cláusula não à ordem: o sacador
ou o endossante.
Endosso tardio ou póstumo: É o endosso dado após o vencimento do título. Em regra,
o endosso tardio tem os mesmos efeitos do endosso comum (dado antes do vencimento do
título). Todavia, produzirá os efeitos de uma cessão ordinária de crédito quando for posterior
ao protesto por falta de pagamento; ou quando dado depois de expirado o prazo fixado para se
fazer o protesto.
O endosso que não contém data – presume-se dado antes do protesto do título. Mas,
essa presunção é relativa, admitindo prova em contrário.

 Aval: aval é a declaração cambiária decorrente de uma manifestação unilateral de vontade,


pela qual uma pessoa, natural ou jurídica (avalista), assume obrigação cambiária autônoma e
incondicional de garantir, total ou parcialmente, no vencimento, o pagamento do título nas
condições nele estabelecidas.
De maneira mais simples: no aval, o avalista (pessoa física ou jurídica) garante o
pagamento do título pelo avalizado (codevedor do título ou devedor principal). Grave:
enquanto o endosso tem como grande característica a transferência, o aval tem como grande
característica a garantia. Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário
da letra.
Características:
a) Equivalência – o avalista é obrigado nos mesmos termos que o avalizado (exceto se o
aval for parcial). Não há benefício de ordem e pode ser acionado isoladamente.
b) Autonomia – a obrigação do avalista independe da obrigação do avalizado. Mesmo que
a relação do avalizado seja nula, a do avalista permanece.

Especificidades do aval:

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 Aval total x Aval parcial: Aval pode ser total ou parcial (art. 30 da Lei Uniforme). O art.
897 do CC, parágrafo único, veda o aval parcial para os títulos de crédito sem legislação
específica.
 Aval em branco x Aval em preto:
o Aval em preto: identifica o avalizado.
o Aval em branco: quando não identificado o avalizado do título. Neste caso, o
avalista está garantindo aquele que criou o título de crédito (o sacador). O aval em
branco é presumidamente realizado em favor do sacador.
 Aval antecipado x aval posterior:
o Aval antecipado: o aval pode anteceder o aceite ou o endosso, ainda não lançados
no título. A respeito do aval aposto antes do aceite, cumpre salientar que a recusa
total ou parcial do aceite nenhuma influência exercerá sobre a responsabilidade do
avalista, que assumiu a obrigação de garantir o pagamento do título. Já no caso do
aval antes do endosso: se este não se realizar, nenhuma obrigação se originará para
o avalista do endossante.
o Aval posterior: Discute-se a possibilidade de o aval ser ou não válido quando
lançado após o vencimento. Para alguns seria inválido por não haver expressa
previsão legal admitindo-o, como ocorre com o endosso (art. 20 da Lei Uniforme).
Para outros seria válido exatamente por aplicação analógica ao dispositivo
mencionado que admite o endosso após o vencimento. O tema atualmente
encontra-se pacificado em decorrência da regra contida no art. 900 do Código
Civil, que expressamente declara: “o aval posterior ao vencimento produz os
mesmos efeitos do anteriormente dado”. Esse dispositivo tem plena aplicação na
medida em que não há regra expressa em sentido contrário em lei especial, na
hipótese, a Lei Uniforme. Não gera, porém, efeito o aval dado após o protesto ou
após o decurso do prazo para fazê-lo. Com efeito, o Código Civil só concedeu
eficácia ao aval após o vencimento.
 Aval sucessivo x Aval simultâneo:
o Aval Simultâneo: é aquele dado em conjunto, por duas ou mais pessoas, em
relação a uma mesma obrigação. Se um dos avalistas simultâneos pagar o título,
este poderá exigir do avalizado, o montante integral da obrigação, ou, dos demais
avalistas simultâneos, a proporção de seus avais.
o Aval Sucessivo: ocorre quando a obrigação de um avalista é garantida também por
aval. Quer dizer: alguém avaliza um avalista. Nesse caso tem estar expresso que o
aval é a favor de outro avalista, senão o aval será simultâneo. Existe subsidiariedade
nas obrigações – Primeiro executa-se o patrimônio do 1o avalista (que recebeu aval
em sucessão de outro). Somente depois, executa-se o patrimônio do seu avalista
sucessivo. Súmula 189 do STF: Avais em branco e superpostos consideram-se
simultâneos e não sucessivos.

AVAL X FIANÇA:
AVAL FIANÇA
Só pode ser dado em título de crédito. Só pode ser dada em contrato.
O avalista só fica responsável por aquilo que está previsto Assim como não há aval em contrato, não
expressamente no título de crédito, e não no eventual há fiança em título de crédito.
contrato de mútuo.

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Obs: se o aval é feito, eventualmente, num instrumento
separado do título, não será válido como aval, porque não
respeita o princípio da literalidade. Poderá ter valor, no
máximo como uma fiança. (SANTA CRUZ)
O aval é autônomo A fiança é acessória.
A obrigação do avalista persiste mesmo com a nulidade da A nulidade da obrigação do afiançado
obrigação do avalizado. abrange a obrigação do fiador.
Em caso de morte, incapacidade ou falência do avalizado,
o avalista continua responsável.
O aval não possui benefício de ordem A fiança tem benefício de ordem
Não era necessária autorização do cônjuge. Era exigida autorização do cônjuge.
Com o novo CC/2002, exige essa autorização, exceto se No CC/ 2002, essa autorização é exigida,
houver regime de separação absoluta de bens (art. 1647, exceto se houver regime de separação
III, CC) absoluta de bens.

JURISPRUDÊNCIA:
 Súmula 26 do STJ: O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo também
responde pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor
solidário.
 O avalista, se executado, não pode se opor ao pagamento, fundado em matéria atinente
à origem do título. Recorde-se que nenhum obrigado pode opor ao exeqüente as
exceções pessoais de outro devedor. O Supremo Tribunal Federal já afirmou que “não
cabe ao avalista defender-se com exceções próprias do avalizado, esclarecendo que sua
defesa, quando não se funda em defeito formal do título, ou em falta de requisito para
o exercício da ação, somente pode assentar em direito pessoal seu” (RE nº 67.378, in RTJ
57/474).
 Ação proposta contra o avalista. Pagamento parcial da dívida alegado em embargos.
Exceção respeitante às condições objetivas e materiais do direito de crédito. Oposição
admissível, eis que equiparado ao obrigado. Incomunicabilidade apenas das que
respeitem exclusivamente à pessoa do avalizado (RT, 662/162).
 Mulher casada e embargos de terceiro em defesa de sua meação – aval prestado pelo
marido: a meação da mulher não responde pela dívida contraída pelo marido, salvo se
avalizada era a empresa deste e se o empréstimo reverteu em benefício da família.
 Segundo o STF e o STJ, o aval dado por sócio-gerente, em nome da firma, dentro do
estabelecimento, embora contrariando o contrato social, é válido, ressalvada a ação da
sociedade contra o sócio, uma vez que a proibição de prestar aval, estabelecida em
contrato social ou estatuto da sociedade, é válida somente entre sócios, não sendo
oponível a terceiros de boa-fé. (STF, 1.ª Turma, RE 70.969-RS, unânime, rel. min. An-
tônio Neder, j. 08/6/1976, in RTJ 80/513. (STJ, 4.ª Turma, REsp 7.002-0-SP, unânime, rel.
min. Sálvio de Figueiredo, j. 09/3/1993, in DJU 17/5/1993, p. 9.338).

 Pagamento: a letra de câmbio é uma obrigação querable por natureza, pois o devedor, no
dia do vencimento, não sabe nas mãos de quem e onde se encontra o título. O portador do
título (credor) deve ir ao devedor apresentar o título para pagamento.
A Lei Uniforme dispõe que a letra deve ser apresentada para pagamento no dia do
vencimento ou em um dos dois dias subsequentes. O Brasil, todavia, usou da reserva, razão pela
qual, em relação às letras pagáveis em seu território, deverá o portador fazer a apresentação no
próprio dia do vencimento.

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Tal regra, evidentemente, não se aplica às letras à vista, as quais podem ser
apresentadas em qualquer momento, no prazo de um ano.
Efeitos da não-apresentação: O portador que não apresentar a letra para pagamento,
seja qual for a modalidade de prazo de vencimento, na época determinada, perde, em
consequência, o direito de regresso contra o sacador, endossadores e respectivos avalistas.
Expirado o prazo de apresentação para pagamento, o portador somente terá direito de ação
contra o aceitante (e respectivo avalista).
Em consequência de o título ser documento essencial para o exercício do direito, a sua
posse em mãos do devedor presume o pagamento. Tal presunção, contudo, admite prova em
contrário (pode ser que haja o título sido roubado ou extraviado).
O portador não pode recusar o pagamento que se lhe queira efetuar, seja total ou
parcial, se for oferecido no dia do vencimento (no direito civil, o credor pode recusar o
pagamento parcial). Art. 902, § 1°, CC: no vencimento, não pode o credor recusar pagamento,
ainda que parcial. O pagamento antecipado, seja total ou parcial, pode ser recusado.
Art. 902 CC: não é o credor obrigado a receber o pagamento antes do vencimento do
título, e aquele que o paga, antes do vencimento, fica responsável pela validade do pagamento.
Assim é porque pode ocorrer que o título tenha sido extraviado, e se encontre na posse ilegítima
do portador.
O credor pode fazer uma oposição ao pagamento, nos casos em que o título estiver na
posse ilegítima de outra pessoa. Esta oposição deve ser dirigida ao devedor por carta registrada.
Verificação dos endossos – Aquele que paga a letra é obrigado a verificar a regularidade
da sucessão dos endossos, mas não a assinatura dos endossantes. A cadeia de endossos em
preto deve estar perfeita, com as assinaturas dos endossantes se encadeando, um a um.
Supremo Tribunal Federal – Somente se caracteriza a recusa do pagamento de título
cambial pela sua apresentação ao devedor, demonstrada pelo protesto. Até este momento, o
devedor não é culpado pelo atraso na liquidação da dívida (até porque pode nem saber quem é
o portador do título). Não se olvide que a cambial é um título de apresentação.
Lugar do pagamento – Na falta de menção no título, prevalece o lugar que constar ao
lado do nome do sacado.
Efeitos do pagamento – Há que se distinguir duas situações:
a) o pagamento efetuado pelo aceitante (obrigado principal) ou pelos respectivos
avalistas desonera da responsabilidade cambial todos os coobrigados;
b) o pagamento feito pelo sacador, endossantes ou respectivos avalistas desonera da
responsabilidade apenas os coobrigados posteriores.
Pagamento por intervenção: o que paga por intervenção (a intervenção é sempre
voluntária) fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra.
Se a apresentação da letra ou o seu protesto não puder ser feito dentro dos prazos
indicados por motivo insuperável (caso fortuito ou força maior), esses prazos serão prorrogados.
É a mesma regra da apresentação para aceite.

 Protesto cambial: são modalidades de protesto:


 Protesto Judicial – é modalidade especial de protesto tratada no CPC.
 Protesto Extrajudicial ou Cambial – é tratado no direito cambiário.

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O que é um protesto de título? Protesto de títulos é o ato público, formal e solene,
realizado pelo tabelião, com a finalidade de provar a inadimplência e o descumprimento de
obrigação constante de título de crédito ou de outros documentos de dívida. Assim, o protesto
cambial é ato público, formal e solene, realizado por tabelião, destinado a servir de prova de
que o credor se desonerou da obrigação de apresentar o título ao devedor para aceite ou para
pagamento e de que o mesmo se encontra inadimplente.
O protesto cambial não cria direitos, sendo simples meio de prova para o exercício do
direito cambiário, como acentua Pontes de Miranda e uma forma de coerção para que o devedor
cumpra sua obrigação sem que seja necessária ação judicial.
Pode-se, destarte, fazer a seguinte distinção:
a. Protesto obrigatório (ou necessário, ou conservatório) – deve ser feito pelo
portador do título para não perder o direito de regresso, ou seja, o direito de ação
contra os coobrigados não principais (sacador, endossantes e respectivos avalistas),
salvo a presença da cláusula “sem protesto”; Pela cláusula “sem protesto” (ou “sem
despesa”) – O portador pode exercer o seu direito de ação contra os coobrigados
independentemente de protesto do título.
b. protesto facultativo (ou probatório) – interessa apenas para provar a mora do
sacado/aceitante (o protesto não é obrigatório em relação a este, porquanto ele
pode ser acionado ainda que o título não tenha sido protestado). O art. 32 da L.
2.044/1908 exige protesto do título só para os casos de ação regressiva do portador
contra o sacador, endossador e avalista (RE 71338, Relator, Aliomar Baleeiro).

Súmula 153 do STF: “simples protesto cambiário não interrompe a prescrição”. Sem
eficácia, pois, o art. 202, III, do CC, que determina que o protesto cambiário interrompe a
prescrição.
Juros (artigo 48 da Lei Uniforme) – contam-se desde a data do vencimento, à taxa de
6%. Há quem defenda, porém, que eles se contam apenas a partir do protesto, sob o argumento
de que o devedor não sabe quem é o portador do título.

Sobre os prazos de protesto, a disciplina é diferente para cada um dos tipos:


 protesto por falta de pagamento – como o Brasil se valeu do seu direito de reserva,
não adotou a regra da Lei Uniforme. Assim, o dia da apresentação do título é o do
vencimento. Se houver recusa, a letra deve ser entregue ao oficial de protesto no
primeiro dia útil seguinte;
 protesto por falta de aceite – não houve reserva. Assim, se o devedor pede que a
letra lhe seja apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira
apresentação, tendo esta sido feita no último dia do prazo, pode fazer-se o protesto
ainda no dia seguinte.
Já o procedimento do protesto seguirá os seguintes passos:
a) O credor (ou outra pessoa que esteja portando o documento) leva o título até o
tabelionato de protesto e faz a apresentação, pedindo que haja o protesto e
informando os dados e endereço do devedor;
b) O tabelião de protesto examina os caracteres formais do título;
c) Se o título não apresentar vícios formais, o tabelião realiza a intimação do suposto
devedor no endereço apresentado pelo credor (art. 14 da lei de Protesto);

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d) A intimação é realizada para que o apontado devedor, no prazo de 3 dias, pague ou
providencie a sustação do protesto antes de ele ser lavrado;
e) Após a intimação, poderão ocorrer quatro situações: (i) o devedor paga (art. 19); (ii)
o apresentante desiste do protesto e retira o título (art. 16); (iii) o protesto é sustado
judicialmente (art. 17); (iv) o devedor fica inerte ou não consegue sustar o protesto.
Se ocorrer as situações (i), (ii) ou (iii), o título não será protestado; Se ocorrer a
situação (iv), o título será protestado (será lavrado e registrado o protesto).

Responsabilidade pela baixa após o pagamento: depois do título ter sido protestado,
caso o devedor efetue a quitação da dívida, a responsabilidade por promover o cancelamento
do protesto não é do credor, mas sim do devedor ou de qualquer outro interessado. Nesse
sentido:
INFORMATIVO 549. DEE - ÔNUS DO CANCELAMENTO DE PROTESTO. RECURSO REPETITIVO (ART.
543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). No regime próprio da Lei 9.492/1997, legitimamente
protestado o título de crédito ou outro documento de dívida, salvo inequívoca pactuação em
sentido contrário, incumbe ao DEVEDOR, após a quitação da dívida, providenciar o cancelamento
do protesto. (...) como o art. 26, caput, da Lei 9.492/1997 disciplina que o cancelamento do registro
do protesto será solicitado mediante a apresentação do documento protestado – conforme o § 1º,
apenas na impossibilidade de apresentação do original do título ou do documento de dívida
protestado é que será exigida a declaração de anuência –, é possível inferir que o ônus do
cancelamento é mesmo do DEVEDOR, pois seria temerária para com os interesses do devedor e
eventuais coobrigados a interpretação de que a lei especial estivesse dispondo que, mesmo com a
quitação da dívida, o título de crédito devesse permanecer em posse do credor.

Art. 26. O cancelamento do registro do protesto será solicitado diretamente no Tabelionato de


Protesto de Títulos, por qualquer interessado, mediante apresentação do documento protestado,
cuja cópia ficará arquivada.
§ 1º Na impossibilidade de apresentação do original do título ou documento de dívida protestado,
será exigida a declaração de anuência, com identificação e firma reconhecida, daquele que figurou
no registro de protesto como credor, originário ou por endosso translativo. (...)
Dessa forma, conforme entendimento consolidado no STJ, no tocante ao cancelamento
do protesto regularmente efetuado, não obstante o referido art. 26 da Lei de Protestos faça
referência a “qualquer interessado”, a melhor interpretação é a de que este é o devedor, de
modo a pesar, ordinariamente, sobre sua pessoa o ônus do cancelamento.
Ressalte-se que, ao estabelecer que o cancelamento do registro do protesto poderá ser
solicitado por qualquer interessado, não se está a dizer que não possam as partes pactuar que
o cancelamento do protesto incumbirá ao credor (que passará a ter essa obrigação, não por
decorrência da lei de regência, mas contratual).

Cancelamento de protesto: STJ 2015 (Info 562): A prescrição da pretensão executória de título
cambial não enseja o cancelamento automático de anterior protesto regularmente lavrado e
registrado. Note-se que, de acordo com o art. 1º da Lei 9.492/1997, o “Protesto é o ato formal
e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em
títulos e outros documentos de dívida”. Portanto, o protesto não se prende imediatamente à
exequibilidade do título ou de outro documento de dívida, mas sim à inadimplência e ao
descumprimento da obrigação representada nestes papéis. Ora, a inadimplência e o
descumprimento não desaparecem com a mera prescrição do título executivo não quitado. Ao
contrário, permanecem, em princípio. Então, não pode ser o protesto cancelado simplesmente
em função da inaptidão do título prescrito para ser objeto de ação de execução.

19
Sustação do protesto – Cuida-se de construção jurisprudencial, tendo sido positivada com a Lei
9.492/97, para evitar o abuso do direito de certos credores, que usam o protesto para oprimir
e coagir o devedor a pagar a dívida.
Confere-se ao protestando a chance de demonstrar judicialmente a inexistência ou
invalidade da pretendida obrigação. A sustação vale, então, como medida processual cautelar.
Impõe-se o depósito da quantia reclamada, não em consignação em pagamento, mas como
preliminar e preparatória de ação judicial de anulação do título. Poderá o juiz, entretanto,
admitir apenas a prestação de caução.
STJ 2015 Recurso Repetitivo / Tese fixada: A legislação de regência estabelece que o
documento hábil a protesto extrajudicial é aquele que caracteriza prova escrita de obrigação
pecuniária líquida, certa e exigível. Portanto, a sustação de protesto de título, por representar
restrição a direito do credor, exige prévio oferecimento de contracautela, a ser fixada
conforme o prudente arbítrio do magistrado. REsp 1340236.

Protesto extrajudicial de certidão de dívida ativa (CDA) – STJ (Dizer o Direito)


O art. 1º da Lei n. 9.497 permite que seja realizado protesto não apenas sobre títulos
como também com relação a outros documentos de dívida (documento de dívida é todo e
qualquer meio de prova escrita que comprove a existência de uma obrigação líquida, certa e
exigível). Passou-se a discutir a possibilidade de protestar certidão de dívida ativa da Fazenda
Pública. De início, o STJ afirmou que não haveria interesse jurídico em realizar o protesto da CDA
considerando que, por ser título executivo, é possível o ajuizamento, desde logo, da execução
fiscal (STJ, AgRg no Ag 1316190/PR, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 1ª Turma, DJe 25.05.2011).
Com a superveniência da Lei n. 12.767/2012, incluindo parágrafo único ao art. 1º da Lei n.
9.492/97, com o seguinte teor “Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de
dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas
autarquias e fundações públicas”, passou a existir expressa previsão legal do protesto de CDA.
No final de 2013, o STJ, alterando sua antiga posição, passou a entender que é possível o
protesto da certidão de dívida ativa (CDA). Confira a ementa do referido julgado:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. PROTESTO DE CDA. LEI 9.492/1997. INTERPRETAÇÃO
CONTEXTUAL COM DINÂMICA MODEERNA DAS RELAÇÕES SOCIAIS E O “II PACTO REPUBLICANO DE
ESTADO POR UM SISTEMA DE JUSTIÇA MAIS ACESSÍVEL, ÁGIL E EFETIVO”. SUPERAÇÃO DA
JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
Trata-se de Recurso Especial que discute, à luz do art. 1º da Lei 9.492/1997, a possibilidade de
protesto da Certidão de Dívida Ativa (CDA), título executivo extrajudicial (art. 586, VIII, do CPC) que
aparelha a Execução Fiscal, regida pela Lei 6.830/1980.
Merece destaque a publicação da Lei 12.767/2012, que promoveu a inclusão do parágrafo único
no art. 1º da Lei 9.492/1997, para expressamente consignar que estão incluídas “entre os títulos
sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas”.
Não bastasse isso, mostra-se imperiosa a superação da orientação jurisprudencial do STJ a respeito
da questão.
No regime instituído pelo art. 1º da Lei 9.492/1997, o protesto, instituto bifronte que representa,
de um lado, instrumento para constituir o devedor em mora e provar a inadimplência, e, de
outro, modalidade alternativa para cobrança de dívida, foi ampliado, desvinculando-se dos
títulos estritamente cambialiformes para abranger todos e quaisquer “títulos ou documentos de
dívida”. Ao contrário do afirmado pelo Tribunal de origem, portanto, o atual regime jurídico do
protesto não é vinculado exclusivamente aos títulos cambiais.

20
Nesse sentido, tanto o STJ (RESP 750805/RS) como a Justiça do Trabalho possuem precedentes
que autorizam o protesto, por exemplo, de decisões judiciais condenatórias, líquidas e certas,
transitadas em julgado.
Dada a natureza bifronte do protesto, não é dado ao Poder Judiciário substituir-se à
Administração para eleger, sob o enfoque da necessidade (utilidade ou conveniência), as
políticas públicas para recuperação, no âmbito extrajudicial, da dívida ativa da Fazenda Pública.
Cabe ao Judiciário, isto sim, examinar o tema controvertido sob espectro jurídico, ou seja, quanto
à sua constitucionalidade e legalidade, nada mais. A manifestação sobre essa relevante matéria,
com base na valoração da necessidade e pertinência desse instrumento extrajudicial de cobrança
de dívida, carece de legitimação, por romper com os princípios da independência dos poderes (art.
2º da CF/88) e da imparcialidade.
São falaciosos os argumentos de que o ordenamento jurídico (Lei 6.830/1980) já instituiu
mecanismo para recuperação do crédito fiscal e de que o sujeito passivo não participou da
constituição do crédito.
A Lei das Execuções Fiscais disciplina exclusivamente a cobrança judicial da dívida ativa, e não
autoriza, por si, a insustentável conclusão de que veda, em caráter permanente, a instituição, ou
utilização, de mecanismos de cobrança extrajudicial.
A defesa da tese de impossibilidade do protesto seria razoável apenas se versasse sobre o “Auto
de Lançamento”, esse sim procedimento unilateral dotado de eficácia para imputar débito ao
sujeito passivo.
A inscrição em dívida ativa, de onde se origina a posterior extração da Certidão que poderá ser
levada a protesto, decorre ou do exaurimento da instância administrativa (onde foi possível
impugnar o lançamento e interpor recursos administrativos) ou de documento de confissão de
dívida, apresentado pelo próprio devedor (e.g., DCTF, GIA, Termo de Confissão para adesão ao
parcelamento, etc).
O sujeito passivo, portanto, não pode alegar que houve “surpresa” ou “abuso de poder” na
extração da CDA, uma vez que esta pressupõe sua participação na apuração do débito. Note-se,
aliás, que o preenchimento e entrega da CDTF ou GIA (documentos de confissão de dívida)
corresponde integralmente ao ato do emitente de cheque, nota promissória ou letra de câmbio.
A possibilidade do protesto da CDA não implica ofensa aos princípios do contraditório e do devido
processo legal, pois subsiste, para todo e qualquer efeito, o controle jurisdicional, mediante
provocação da parte interessada, em relação à higidez do título levado a protesto.
A lei n. 9.492/1997 deve ser interpretada em conjunto com o contexto histórico e social. De
acordo com o “II Pacto Republicano de Estado por um sistema de Justiça mais acessível, ágil e
efetivo”, definiu-se como meta específica para dar agilidade e efetividade à prestação
jurisdicional a “revisão da legislação referente à cobrança da dívida ativa da Fazenda Pública,
com vistas à racionalização dos procedimentos em âmbito judicial e administrativo”.
Nesse sentido, o CNJ considerou que estão conformes com o princípio da legalidade normas
expedidas pelas Corregedorias de Justiça dos Estados do Rio de Janeiro e de Goiás que,
respectivamente, orientam seus órgãos a providenciar e admitir o protesto de CDA e de sentenças
condenatórias transitadas em julgado, relacionadas às obrigações alimentares.
A interpretação contextualizada da lei n. 9.492/1997 representa medida que corrobora a
tendência moderna de intersecção dos regimes jurídicos próprios do Direito Público e Privado. A
todo instante vem crescendo a publicização do Direito Privado (iniciada, exemplificativamente,
com a limitação do direito de propriedade, outrora valor absoluto, ao cumprimento de sua
função social) e, por outro lado, a privatização do Direito Público (por exemplo, com a
incorporação – naturalmente adaptada às peculiaridades existentes – de conceitos e institutos
jurídicos e extrajurídicos aplicados outrora apenas aos sujeitos de Direito Privado, como, e.g., a
utilização de sistemas de gerenciamento e controle de eficiência na prestação de
serviços).Recurso Especial provido, com superação da jurisprudência do STJ (STJ, 2ª Turma. REsp
1126515/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03.12.2013)

b. Nota promissória

21
A Legislação aplicável também é o Decreto n. 57.663/66 – Lei Uniforme de Genebra
(LUG).
Pode-se conceituar a nota promissória como um título de crédito emitido pelo devedor,
sob a forma de PROMESSA direta e unilateral de pagamento (e não uma ordem de
pagamento), a determinada pessoa, de quantia determinada, à vista ou a prazo, nas condições
dela constantes, efetuada, em caráter solene, pelo promitente-devedor ao promissário--
credor.
Como se trata de promessa de pagamento, e não de ordem de pagamento, o devedor
já está se obrigando diretamente ao pagamento. NÃO HÁ SACADO E NÃO HÁ ACEITE.
A nota promissória constitui um título abstrato, haja vista que a sua emissão não exige
causa legal específica. Entretanto, quando for emitida com vinculação a um determinado
contrato, tal efeito deve constar expressamente do título. Neste caso, com a vinculação a
determinado contrato “de certa forma está descaracterizada a abstração/autonomia do título,
já que o terceiro que o recebeu via endosso tem conhecimento da relação que lhe deu origem e,
portanto, consciente de que contra ele poderão ser opostas exceções ligas ao referido contrato”
(Santa Cruz Ramos).
Já decidiu o STJ que não são absolutos os princípios da abstração e da autonomia quando
a cambial é emitida em garantia de negócio subjacente. Por óbvio, essa situação não altera a
natureza de título executivo da nota (nem de cambial). A situação se agrava quando a nota está
vinculada a contrato de abertura de crédito, caso em que o título se torna ilíquido.
Súmula 258 do STJ: A nota promissória vincula a contrato de abertura de crédito não goza de
autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. Isso significa que, se o credor primitivo
(que é o banco) transferir essa nota promissória para terceiro, aquilo que poderia ser alegado para
o credor primitivo também pode ser alegado contra o terceiro, em sede de embargos (ex: valor dos
juros, saldo devedor, comissão de permanência, etc). Afasta-se a não-oponibilidade, subprincípio
da autonomia.
Na nota promissória, diferentemente do que ocorre com a letra de câmbio, não há que
se falar em saque, mas em emissão do título.
Elementos pessoais da promissória:
 Emitente ou subscritor – aquele que faz a promessa de pagamento;
 Beneficiário – o favorecido na promessa de pagamento.

Requisitos da nota promissória: para ser considerada válida, a NP deve conter requisitos
essenciais (art. 75 da LU):
 denominação “nota promissória”;
 promessa solene e direta de pagar certa quantia;
 nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
 indicação da data de emissão da nota promissória;
 assinatura do emitente.

A LGU considera requisitos não essenciais (art. 76):


 data de vencimento do título (na sua ausência o título é pagável à vista);

22
 lugar de pagamento da nota promissória (quando o título não especificar o lugar
de seu pagamento, deve ser considerado como tal o lugar de sua emissão);
 lugar de emissão;

 Aplicação das regras da letra de câmbio:


 Endosso: Somente o titular do crédito pode endossar, ou seja, o credor ou
beneficiário. Quem endossa é o endossante, quem recebe é endossatário. O
novo credor pode cobrar de todos os anteriores, até do endossante, que não é
o devedor principal, mas também é devedor.
 Aval: quem presta o aval é o avalista, quem é garantido é o avalizado. Os dois
são equiparados, pois, respondem da mesma forma, não há benefício de ordem;
ou seja, tanto um, quanto outro pode ser cobrado indistintamente. Somente o
devedor pode ser avalizado, na NP são devedores: o emitente e os endossantes.
As duas obrigações são distintas, mesmo que haja nulidade na relação jurídica do
avalizado em relação ao credor, não implicará na nulidade da obrigação do avalista; são
obrigações autônomas. As exceções pessoais do avalizado, também não alcançam o avalista.
O aval pode ser total ou parcial.

 Vencimento e pagamento: há entendimento doutrinário no sentido de que a nota


promissória não poderia ser dada a certo termo da vista (já que não há aceite). Esse
entendimento contraria o art. 78 da LU, que dispõe:
Art. 78. O subscritor de uma nota promissória é responsável da mesma forma que o aceitante de
uma letra. As notas promissórias pagáveis a certo termo da vista devem ser presentes ao visto dos
subscritores nos prazos fixados no art. 23 (1 ano, a contar do saque/emissão da nota). O termo de
vista conta-se da data do visto dado pelo subscritor. A recusa do subscritor a dar o seu visto é
comprovada por um protesto (artigo 23), cuja data serve de início ao termo de vista.
De acordo com GIALLUCA, apesar de não haver aceite na nota promissória, todas as
espécies de vencimento tratadas na letra de câmbio são aplicáveis a este título de crédito.
Na falta de pagamento da nota promissória, o credor poderá promover o protesto do
título. Observe que, na nota promissória, não há protesto por falta de aceite, somente por
falta de pagamento.
Já os prazos prescricionais da nota promissória são os mesmos da letra de câmbio, com
a única diferença a de que no lugar do aceitante entra o eminente e é retirada a figura do sacado:
a. 03 anos contra o devedor principal, o emitente e seu avalista, a partir do
vencimento da promissória.
b. 01 ano contra endossantes e seus avalistas, contado do protesto.
c. 06 meses para regresso entre endossante, contados de quando foi efetuado o
pagamento.
Súmula 504 do STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota
promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.
Informativo 533 – segundo o recurso repetitivo que precedeu esta súmula: Qualquer
dívida resultante de documento público ou particular, tenha ou não força executiva, submete-
se ao prazo prescricional de cinco anos, que está previsto no art. 206, § 5º, I, do CC. O art. 132

23
do CC ainda esclarece que, salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se
os prazos, excluído o dia do começo e incluído o do vencimento.

 NP Pro Soluto x NP Pro Solvendo:


 NP Pro Soluto é a nota em pagamento. Quando você faz a tradição (entrega), a
tradição faz a novação. Quando entrego a NP estou provocando a quitação da
obrigação que a originou. Ex.: compra e venda de imóvel. Se não pago a NP, a
construtora vai poder fazer a rescisão do contrato. Quando entrego a NP, quitei a
compra e venda, não é possível rescindir. A construtora só terá à disposição a
execução.
 NP Pro Solvendo é a nota para pagamento. A entrega do título não provoca a quitação
da obrigação, que somente se opera com o pagamento do título. Se eu não pagar a NP
no vencimento, a construtora pode ajuizar ação de execução, mas também pode optar
pela rescisão do contrato, porque o contrato não está quitado.

 Comparativo: nota promissória (np) x letra de câmbio(lc):


a) A letra de câmbio tem natureza de ordem de pagamento, já a nota promissória,
promessa de pagamento. Não se aplicam às notas promissórias as regras da LC
incompatíveis com a natureza de promessa de pagamento (art. 77 da LUG).
b) Aplica-se ao subscritor da nota promissória as regras do aceitante da letra de câmbio
(art. 78 da LUG), em razão de ambos serem os devedores principais dos respectivos
títulos. Com isso, tem-se o seguinte:
o a prescrição da nota contra o subscritor (emitente) também é de 3 anos;
o o protesto do título também é facultativo contra o emitente da nota
promissória;
o a falência do subscritor antecipa o vencimento da nota promissória.
c) O aval em branco, na nota promissória, considera-se dado ao subscritor (art. 77 da
LUG). Por sua vez, na letra de câmbio, o aval em branco considera-se dado ao
sacador (art. 31 da LUG).
d) Por ser uma promessa direta de pagamento, não existe aceite na NP, todavia, a LUG,
no art. 78, disciplinou a figura da NP pagável a certo termo de vista. Funciona da
seguinte forma - o subscritor promete pagar quantia determinada, ao término de
prazo por ele definido e cujo início se opera a partir do visto, a ser oportunamente
dado na NP. O portador da cambial tem um prazo (ver art. 23) a contar da data da
emissão da NP para apresentá-la ao visto do emitente. Dado o visto, começa a fluir
o prazo mencionado no título para vencimento.
Se o visto for negado pelo emitente, cabe protesto, nos termos do art. 25. Porém, a
recusa do visto não antecipa o vencimento.

NOTA PROMISSÓRIA LETRA DE CÂMBIO

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É uma PROMESSA de pagamento, com 2 figuras: É uma ORDEM de pagamento, com 3 figuras:

a) Emitente a) Emitente (sacador)

b) Tomador beneficiário b) Sacado

c) Tomador beneficiário
Não tem aceite. Depende de aceite (ato privativo do sacado).

O devedor principal é o emitente. O devedor principal é o sacado.

c. Duplicata
A doutrina aponta que a duplicata é título de crédito concebido pelo direito brasileiro,
que nasceu como instrumento de política fiscal e se consolidou em razão do pouquíssimo uso
da letra de câmbio na praxe comercial nacional.
Assim, a duplicata é um título de crédito causal e à ordem, extraído pelo vendedor ou
prestador de serviços, que visa documentar o saque fundado sobre crédito decorrente de
compra e venda mercantil ou prestação de serviços, que tem como pressuposto a extração de
uma fatura.
Trata-se de uma ordem de pagamento sempre vinculada ao contrato de compra e
venda mercantil ou de prestação de serviços.
Segundo disposição legal, toda vez que há uma compra e venda mercantil ou uma
prestação de serviços, é obrigatória a emissão de fatura. Do crédito representado na fatura,
poderá ser extraída uma duplicada. A emissão da duplicada não é obrigatória (podem ser
emitidos outros títulos de crédito).
Além disso, conforme previsão legal, uma duplicata só pode corresponder a uma única
fatura (artigo 2°, § 2°, da Lei). É possível haver várias duplicadas para uma fatura só, mas não o
contrário.
OBS: A duplicata praticamente não é emitida, sendo substituída na prática pelo boleto
bancário.
A jurisprudência não aceita a emissão de nova duplicata apenas para correção
monetária e juros de mora.

 Legislação aplicável: Lei nº. 5.474/68 (alterada pelo D.L. nº. 436/69).

 Características:
 Título de crédito que emerge de uma compra e venda mercantil ou prestação
de serviço.
 Ordem de pagamento.
 Título causal.
 Título de modelo vinculado.

 Elementos pessoais:

25
a) Sacador - quem dá a ordem de pagamento/aquele que vende a mercadoria ou presta
serviço;
b) Sacado - quem recebe a ordem de pagamento/aquele que compra a mercadoria ou
serviço;
c) Tomador/beneficiário
As posições de sacador e tomador/beneficiário recaem sobre a mesma pessoa.

 A duplicata e o princípio da cartularidade: o regramento da duplicata em alguns momentos


não age em observância ao princípio da cartularidade.
Após a emissão da duplicata pelo sacador/vendedor, ela deve ser remetida para o
sacado/comprador para o lançamento do aceite. Veja as regras no art. 6o e seguintes da Lei das
Duplicatas.
Em caso de perda ou extravio da duplicata, poderá o sacador/vendedor emitir
triplicata para substituí-la. ATENÇÃO! Em caso de furto ou roubo, não há emissão da triplicata,
mas sim cancelamento do título.
Art. 23 da Lei das Duplicatas: “A perda ou extravio da duplicata obrigará o vendedor a
extrair triplicata, que terá os mesmos efeitos e requisitos e obedecerá às mesmas
formalidades daquela”.

Em caso de retenção da duplicata pelo sacado/comprador, poderá ser protestado o


título por simples indicações do portador do título.

 Aceite ou recusa do aceite: a duplicata é único título em que o aceite é obrigatório, na


medida em que o beneficiário é o próprio sacador. Excepcionalmente, admite-se a recusa do
aceite (arts. 8º e 21 - rol taxativo):
a) em caso de avaria, não recebimento da mercadoria ou não prestação do serviço;
b) em caso de vício/defeito de quantidade ou qualidade do produto ou serviço;
c) divergências quanto a prazo, preço e condições de pagamento.

Se a duplicata não for à vista, o sacador, após sua emissão, deverá fazer a remessa da
duplicata ao sacado, no prazo de 30 dias, para que ele dê o aceite. O sacado, por sua vez, ao
receber a duplicata, terá prazo de 10 dias para devolver a duplicata ao sacador com o devido
aceite, ou com as razões da sua recusa.
Em função do seu caráter obrigatório, o aceite da duplicata mercantil pode ser
discriminado em três categorias:
i. Aceite ordinário – aquele em que o sacado lança sua assinatura no título;
ii. Aceite por comunicação – aquele em que o sacado retém o título e expressa o aceite
em carta/comunicado apartado;
iii. Aceite por presunção – caracteriza aceite presumido quando o sacado/comprador
recebe a mercadoria e não reclama e quando o título é protestado, sem que haja
obstáculo – art. 15 da Lei das Duplicatas.

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Pelo princípio do suprimento do aceite, ainda que não haja aceite, o título pode ser
utilizado para ação executiva (constitui título executivo, portanto) nas seguintes hipóteses
legais:
a) quando o sacado, recebendo a duplicata, a retém com o consentimento do credor,
tendo comunicado por escrito que a aceitou e a reteve (esta comunicação seria o
título executivo);
b) quando a duplicata ou triplicata não aceita, mas protestada, vem acompanhada de
qualquer documento comprobatório da remessa ou da entrega da mercadoria
(artigo 15). O título executivo seria a duplicada acompanhada da prova da remessa
ou entrega da mercadoria;
c) quando a duplicata ou triplicata não é aceita nem devolvida, mas o protesto (por
falta de aceite ou de devolução) é tirado mediante indicações do credor, o qual
deve provar que o devedor recebeu o título.
O título executivo seria o instrumento do protesto tirado mediante indicações,
acompanhado da prova de remessa ou entrega da mercadoria. Observe-se que há um
abrandamento do princípio da cartularidade.
Se a duplicata não é aceita, mas o credor não dispõe de prova da remessa ou entrega
da mercadoria, deverá mover ação de cobrança (ação de rito ordinário; não poderá se valer
de ação executiva).

 Endosso: admite o endosso (valem as mesmas regras da letra de câmbio). Há Impossibilidade


de inserir a cláusula “não a ordem” desde a origem. O 1º endossante será o vendedor da
operação que originou o título.
STJ 2015 (INF. 564): O sacado pode opor à faturizadora a qual pretende lhe cobrar
duplicata recebida em operação de factoring exceções pessoais que seriam passíveis de
contraposição ao sacador, ainda que o sacado tenha eventualmente aceitado o título de
crédito. Na operação de factoring, em que há envolvimento mais profundo entre
faturizada e faturizadora, não se opera um simples endosso, mas a negociação de um
crédito cuja origem é - ou pelo menos deveria ser - objeto de análise pela faturizadora.
Nesse contexto, a faturizadora não pode ser equiparada a um terceiro de boa-fé a quem
o título pudesse ser transferido por endosso.
OBS: A pessoa que está obrigada a pagar o título de crédito poderá invocar exceções
pessoais que tenha contra o beneficiário original para evitar o pagamento mesmo que este título
tenha circulado e já se encontre nas mãos de terceiro? A pessoa, para não pagar, pode alegar
que o negócio subjacente não aconteceu?
• REGRA: NÃO. Se o título circulou e se encontra nas mãos de terceiro de boa-fé,
este poderá cobrar o valor do devedor. O devedor, por seu turno, não poderá
invocar contra o portador exceções pessoais que tenha e que estejam
relacionadas com o beneficiário original.
• EXCEÇÃO: FACTORING. Se o título tiver sido cedido para uma empresa de
factoring: SIM. Na operação de factoring, há verdadeira cessão de crédito, e não
mero endosso, razão pela qual fica autorizada a discussão da causa debendi,
conforme prevê o art. 294 do CC. A faturizadora (factoring) não pode ser
equiparada a um terceiro de boa-fé porque ela tem uma relação mais profunda
com a faturizada, devendo fazer uma análise do crédito que lhe está sendo
transferido.

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 Aval: também se aplicam, em geral, as disposições referentes à letra de câmbio.
Aval parcial: é possível o aval parcial? Há duas correntes na doutrina:
a. não é possível. Como a Lei n. 5.474/68, que trata da duplicata é omissa a respeito,
utiliza-se a regra geral do Código Civil, que no art. 897, parágrafo único, diz ser
vedado o aval parcial.
b. é possível. Mesmo não havendo disposição expressa a respeito na Lei n. 5.474/68,
que trata da duplicata. Referida lei a Lei n. 5.474/68, em seu art. 25, determina
que sejam aplicados à duplicata e à triplicata, no que couber, os dispositivos da
legislação sobre emissão, circulação e pagamento das Letras de Câmbio, e a Lei
Uniforme admite aval parcial (Não encontrei julgados do STJ a respeito).

 Vencimento: a duplicata somente pode ser à vista ou com data certa, não se admitindo
duplicata a certo termo de vista ou a certo termo de data.

 Protesto da duplicata: a duplicata aceita expressamente, como é título executivo perfeito e


acabado, pode ser executada sem exigência de maiores formalidades (basta a apresentação do
título). No entanto, se não houve aceite, a execução da duplicata segue regra diferente: além da
apresentação do título, são necessários o protesto e o comprovante de entrega das
mercadorias (art. 15, II).
Súmula 248 do STJ: comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas protestada,
é título hábil para instruir pedido de falência.

O protesto da duplicata tem a mesma finalidade que dos outros títulos de crédito, ou
seja, poder cobrar os demais coobrigados. E a Lei da duplicata trata de 3 espécies de protesto:
a) Por falta de aceite: para a recusa do aceite, o sacado deve justificar com uma das
hipóteses legais. Se não fizer isso, é possível o protesto.
b) Por falta de devolução: se a duplicata, enviada ao sacado para aceite, não for
devolvida no prazo de 10 dias, cabe o protesto por indicações. Nesse tipo de
protesto são utilizados os dados do título (retirados do livro de emissão de
duplicatas – obrigatório para os empresários que emitem tais títulos) ao Cartório
de Protestos. Esse protesto excepciona o princípio da cartularidade, já que o
credor não está na posse do título retido.
c) Por falta de pagamento.

Para garantir o direito de regresso contra os endossantes e seus avalistas, o protesto


deve ser feito até 30 dias após o vencimento do título. – art. 13, par. 4º da Lei das Duplicatas.
Depois do vencimento do título, só cabe protesto por falta de pagamento.
INF. 506. O protesto de duplicata será tirado na praça de pagamento constante no título,
a teor do § 3º do art. 13 da Lei n. 5.474/1968. Não é no domicílio do devedor da obrigação
cambiária que deve ser tirado o protesto, mas sim na praça de pagamento constante no
título. (REsp 1.015.152-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/10/2012).

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 Execução da duplicata (art.15): constitui título Executivo:
a. duplicata aceita, protestada ou não.
b. duplicata não aceita (triplicata ou por indicação) + protesto + documento de
comprovação da entrega da mercadoria – recusa justificada.

 Prescrição:

 Contra o devedor principal e seus avalistas – 3 anos.


 Contra os codevedores e seus avalistas ou entre os codevedores – 1 ano.

 Duplicata virtual: as duplicatas virtuais são emitidas e recebidas por meio magnético ou de
gravação eletrônica. O banco, por sua vez, faz a cobrança mediante expedição de simples aviso
ao devedor (boleto bancário). O STJ considera válida a duplicata virtual.
Para ter eficácia de título executivo, segundo entendimento do STJ, o boleto bancário
vinculado à duplicata virtual deve: a) retratar fielmente os elementos da duplicata virtual; b)
estar acompanhado de instrumento de protesto por indicações e comprovante de entrega das
mercadorias ou prestação dos serviços; e c) inexistir recusa justificada do aceite pelo sacado.
Esses documentos (boleto bancário, protesto por indicações e comprovante de entrega)
suprem a ausência física do título cambiário e constituem títulos executivos extrajudiciais. Na
hipótese, a exibição do título não é imprescindível para o ajuizamento da execução judicial.

d. Cheque
Cheque é uma ordem de pagamento à vista incondicional dada ao sacado (que é um
banco ou instituição assemelhada) em favor próprio ou de terceiro, em razão de provisão que
o emitente possui junto ele, proveniente de contrato de depósito bancário ou de abertura de
crédito.
Provisão de fundos: O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado (artigo
4°). A infração deste preceito não acarreta a nulidade do cheque; este, todavia, não é pago pelo
sacado.
Segundo o STJ, a autonomia do cheque, embora presumida, não é absoluta,
permitindo-se em situação excepcionais que o devedor discuta a causa debendi. No REsp
111.154, entendeu-se que, se o cheque foi dado em garantia, deve ser admitida a investigação
da causa debendi. No REsp 434.433, permitiu-se a investigação da causa subjacente e o
esvaziamento do título pré-datado em poder de empresa de factoring, que o recebeu por
endosso, em razão da prática de ilícito pelo vendedor de mercadoria não entregue.

 Legislação aplicável: está disciplinado pela lei 7.357/85. Referida lei, no entanto, respeitou
as normas da Lei Uniforme (Decreto nº 57.595, de 7 de janeiro de 1966); seu escopo foi apenas
de assegurar uma redação mais condizente com as peculiaridades da legislação interna e de
melhor harmonizar certos dispositivos a outros existentes na praxe doméstica.

 Elementos pessoais:
 Emitente ou sacador – aquele que dá a ordem de pagamento.

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 Sacado – aquele que recebe a ordem de pagamento – o banco.
 Beneficiário ou tomador– o favorecido da ordem de pagamento.

 Requisitos: de acordo com o art. 1º da Lei do Cheque, são requisitos essenciais do título:
 a expressão “cheque”;
 uma ordem incondicional de pagamento de quantia determinada (havendo
divergência, prevalece o valor mencionado por extenso);
 o nome da instituição financeira contra quem foi emitido;
 a data do saque;
 o lugar do saque ou a menção de um lugar junto ao nome do emitente;
 a assinatura do próprio emitente.

 Tipos de cheque:
 Cheque Cruzado – Recebe na frente (anverso) dois traços paralelos e transversais. O
cruzamento do cheque faz com que ele só possa ser pago a um banco, para tanto deverá
ser depositado em uma conta. Há cruzamento em branco (quando não se indica em que
banco deve ser depositado) e em preto (quando, entre os traços, é feita indicação do
banco em que deve ser depositado). – art. 44 da Lei do Cheque.
 Cheque Para Ser Levado Em Conta – Quando o emitente proíbe o pagamento do título
em dinheiro exigindo que seja depositado em conta. Não tem utilização atualmente,
pois o cheque cruzado é mais conhecido e atende ao mesmo objetivo. – art. 46 da Lei
do Cheque.
 Cheque Administrativo – É o emitido pelo banco. Será necessariamente nominal. É
usado em casos em que se quer ter certeza de que tem fundos. – art. 9o, III da Lei do
Cheque.
 Cheque Visado – Aquele em que o banco, a pedido do emitente, declara no verso a
existência de fundos. Cabe ao banco reservar o valor, na conta do emitente, em
benefício do portador legitimado, durante o prazo de apresentação, para que não sirva
ao pagamento de outro cheque. – art. 7o Lei do Cheque. O visto aposto pelo sacado
obriga-o a debitar à conta do emitente a quantia indicada no cheque e a reservá-la em
benefício do portador legitimado, durante o prazo de apresentação, sem que fiquem
exonerados o emitente, endossante e demais coobrigados. Visto não é aceite.

 Prazo para apresentação do cheque – Art. 33 da Lei do Cheque: é o prazo de que dispõe o
portador do cheque para apresentá-lo ao banco sacado a fim de receber o valor determinado
na cártula. São eles:
 30 dias: mesma praça (se o local da emissão do cheque, preenchido pelo emitente, for
o mesmo lugar do pagamento/local agência pagadora).
 60 dias: praças diversas (se o local da emissão do cheque, preenchido pelo emitente,
for diferente do local do pagamento/local da agência pagadora).
Mesmo após o fim do prazo de apresentação, o cheque PODE SER apresentado para
pagamento ao sacado, DESDE QUE NÃO esteja prescrito.

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A doutrina aponta três finalidades para o prazo de apresentação:
i. o fim do prazo de apresentação é o termo inicial do prazo prescricional da
execução do cheque.
ii. só é possível executar o endossante do cheque se ele foi apresentado para
pagamento dentro do prazo legal. Se ele foi apresentado após o prazo, o
beneficiário perde o direito de executar os codevedores. Súmula 600 do STF: Cabe
ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o
cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária.
iii. o portador que não apresentar o cheque em tempo hábil ou não comprovar a
recusa de pagamento perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha
fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão
de fato que não lhe seja imputável (art. 47, § 3º, da Lei n. 7.347/85).

Obs.: Protesto – não é necessário para cobrar de coobrigados, bastando o carimbo do


banco de que o cheque não tinha fundos (art. 47, II). Se o cheque, por falta de fundos, voltar por
duas vezes, não podem mais ser emitidos cheques e o nome do emitente vai para o rol dos
emitentes de cheques sem fundos. Atualmente, a principal finalidade do protesto é a
interrupção do prazo prescricional (art. 202, III, do CC).

 Sustação do cheque: objetiva impedir a liquidação do cheque pelo banco sacado. É gênero,
que possui duas espécies:
 Revogação ou Contraordem – art. 35 da Lei do Cheque: Ato exclusivo do emitente.
Somente pode ser manifestada após o fim do prazo de apresentação. Deverá o
emitente apresentar as razões motivadoras do ato.
 Sustação ou Oposição – art. 36 da Lei do Cheque: Ato de emitente ou portador
legitimado. Pode ser manifestada mesmo durante o prazo de apresentação. Deverá
apresentar relevante razão de direito. Não cabe ao banco analisar a relevância da
razão invocada para a oposição (por isto, é totalmente descabida a exigência, feita
pelos bancos, de que o emitente apresente boletim de ocorrência policial).
DESAPOSSAMENTO – o artigo 24 da Lei do Cheque esclarece que desapossado alguém
de um cheque, o novo portador legitimado não está obrigado a restituí-lo, se não o adquiriu de
má-fé.

 Aceite: o cheque não admite aceite.

 Endosso: todas as informações já trazidas sobre o endosso são aplicáveis aqui (ele é
presumido, salvo cláusula não à ordem), com apenas um detalhe: “antigamente”, um cheque só
admitia um endosso, sendo os demais endossos considerados nulos (cuidava-se do chamado
motivo ou aliena 36). Atualmente, com o fim da CPMF (motivo pelo qual era limitado o endosso),
não há mais limite de endosso para o cheque.
Obs.1: o cheque não admite o endosso-caução.
Obs.2: a lei impõe ao banco o dever legal de verificar a regularidade da série de
endossos, aí incluída a legitimidade dos endossantes.

31
 Aval: no que se refere ao aval, tudo visto na letra de câmbio se aplica ao cheque.
O aval no cheque pode ser parcial ou total (art. 29 da Lei n. 7357/85)
O aval somente continua enquanto o título ainda é cambial; caso o título deixe de ser
obrigação cambial, o aval não mais vale (ex.: o título prescrito faz com que o título deixe de ser
cambial, gerando a perda de efeito do aval).
Súmula 299 do STJ: é admissível ação monitória fundada em cheque prescrito.

 Pagamento: é permitido o pagamento parcial, pois, segundo o artigo 38, parágrafo único da
lei, “o portador não pode recusar pagamento parcial...”;
Se 2 ou + cheques são apresentados para pagamento simultaneamente (não havendo
fundo disponível para ambos), qual o banco deve pagar? Art. 40: a) terão preferência os cheques
de emissão mais antiga; b) se forem de mesma data, o de número inferior.

 Prescrição:
Devedor principal e respectivo Coobrigados e respectivos Direito de regresso entre
avalista avalistas coobrigados
6 meses, contados do fim do 6 meses contados do protesto 6 meses, contados do
prazo de apresentação pagamento de quando é
demandado
Obs: o prazo prescricional inicia-se com o fim do prazo da apresentação. Há
entendimento jurisprudencial no sentido de que a prescrição se inicial a partir do dia da
apresentação, qualquer que seja o motivo da inadimplência.
Segundo o STJ, a pós-datação de cheque não modifica o prazo de apresentação nem o
prazo de prescrição do título. Deve-se ressaltar que o prazo de apresentação deve ser contado
da data de emissão (isto é, aquela regularmente consignada na cártula, oposta no espaço
reservado para a data). Isso porque conferir eficácia à referida pactuação extracartular em
relação aos prazos de apresentação e de prescrição descaracterizaria o cheque como rodem de
pagamento à vista. Além disso, configuraria infringência ao disposto no art. 192 do CC, que
dispõe que os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Ademais,
violaria os princípios cambiários da abstração e da literalidade. (INF 528/STJ).
OBS2: Os juros de mora sobre a importância de cheque não pago contam-se da
primeira apresentação pelo portador à instituição financeira, e não da citação do sacador. (art.
52, II, da Lei do Cheque e INF 532/STJ).

 Ações cabíveis:
 Execução: dentro do prazo prescricional, o cheque é título executivo extrajudicial;
 Ação de “enriquecimento sem causa” ou “locupletamento indevido”: está prevista
no art. 61 da Lei de Cheque; é ação cambial, ou seja, nela o cheque conserva suas
características intrínsecas de título de crédito, como a autonomia e a inoponibilidade
das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé; segue o rito ordinário; é uma ação de
conhecimento e somente pode ser ajuizada depois de prescrito o cheque. Ela somente
é cabível no prazo de 2 anos após a consumação da prescrição.

32
 Ação monitória (para qualquer título de crédito prescrito) – Súmula 299 do STJ: “É
admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito”. Na ação monitória não se
irá discutir a causa debendi, ou seja, a causa que deu origem à emissão do título de
crédito. Segundo o STJ, é desnecessária a demonstração da causa de sua emissão
(causa debendi), cabendo ao réu o ônus de provar, se quiser, a inexistência do
débito.
 Ação de cobrança: ultrapassado o prazo para a ação de locupletamento, o cheque
ainda pode ser cobrado, desde que comprovado o seu não-pagamento, mediante ação
de cobrança, na qual caberá ao portador provar a relação causal que originou o título
(art. 62 da Lei do Cheque). Neste caso, a ação deixa de ser cambial.

JURISPRUDÊNCIA IMPORTANTE:
 AINDA SOBRE A AÇÃO MONITÓRIA:
 STJ 2015 / Súmula 531: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada
contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão
da cártula.
 O cheque prescrito é considerado um instrumento particular que representa uma
obrigação líquida. Logo, o prazo prescricional para ajuizar ação monitória de cheque
prescrito é de 5 anos, conforme art. 206, § 5º, I, do CC (INF. 506/STJ).
 Súmula 503 do STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do
emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à
data de emissão estampada na cártula.
 STJ 2015: Não se exige o recolhimento de custas iniciais para oferecer embargos à
ação monitória. Isso porque, conforme se verifica dos precedentes que deram
origem à Súmula 292 do STJ (“A reconvenção é cabível na ação monitória, após a
conversão do procedimento em ordinário”), os embargos à monitória tem natureza
jurídica de defesa. (INF. 558 - REsp 1.265.509-SP).
 CONTA CONJUNTA: segundo o STJ, na conta conjunta há solidariedade ativa, no sentido
de que ambos podem movimentar a conta, mas não há solidariedade passiva. A
responsabilidade passiva é do emitente do cheque. (Resp. 336.632/ES, Rel. Min. ALDIR
PASSARINHO JÚNIOR, DJ. 31.03.2003).
 CHEQUE PÓS-DATADO: para o direito empresarial, a “pós-datação” é considerada como
não escrita. Dispõe o art. 32 da Lei n. 7.347/85, “o cheque é pagável à vista. Considera-
se não-escrita qualquer menção em contrário”. É possível o protesto e a execução
imediata. No âmbito do direito civil, contudo, a apresentação, o protesto ou a execução
antecipada do cheque pós-datado viola a boa-fé objetiva, cansando dano moral. Súmula
370 do STJ: “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada do cheque pré-
datado”. O dano é presumido (in re ipsa), dispensando comprovação.
 CHEQUE DEVOLVIDO POR MOTIVO ERRADO: É cabível indenização por danos morais
pela instituição financeira quando o cheque apresentado fora do prazo legal e já
prescrito é devolvido sob o argumento de insuficiência de fundos (INF. 507/STJ)
 RESPONSABILIDADE DE NOTIFICAÇÃO PELA INCLUSÃO NO CCF: O Banco do Brasil, na
condição de gestor do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), não tem a
responsabilidade de notificar previamente o devedor acerca da sua inscrição no aludido
cadastro, tampouco legitimidade passiva para as ações de reparação de danos diante da
ausência de prévia comunicação. (INF. 568/STJ).
 PROTESTO DE CHEQUE NÃO PRESCRITO: É legítimo o protesto de cheque efetuado
contra o EMITENTE depois do prazo de apresentação, desde que não escoado o prazo

33
prescricional relativo à ação cambial de execução. A exigência de realização do protesto
ANTES de expirado o prazo de apresentação prevista no art. 48 da Lei 7.357/1985 é
dirigida apenas ao protesto NECESSÁRIO, isto é, contra os coobrigados, para o exercício
do direito de regresso, e não em relação ao emitente do título. Portanto, nada impede
o protesto FACULTATIVO do cheque, mesmo que apresentado DEPOIS do prazo
mencionado no art. 48, c/c o art. 33, ambos da Lei 7.357/1985. Isso porque o protesto
do título pode ser utilizado pelo credor com outras finalidades que não o ajuizamento
da ação de execução do título executivo. (INF 556/STJ - REsp 1.297.797-MG).

 Aspectos criminais:
FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE (art. 171, §2°, VI, CP): esse dispositivo, em
verdade, prevê duas condutas típicas autônomas: (i) emitir cheque sem fundos: o agente
preenche e põe o cheque em circulação sem possuir a quantia respectiva em sua conta bancária;
(ii) frustrar o pagamento do cheque: o agente possui a quantia no banco por ocasião da emissão
do cheque, mas, antes do beneficiário conseguir recebê-la, ele saca o dinheiro ou susta
indevidamente a cártula. Características:
 O cheque é do emitente.
 A consumação ocorre com a recusa do pagamento.
 O foro competente é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado
(Súmula 521 STF).
 Se o pagamento ocorre antes do recebimento da denúncia, a pena será reduzida de
um a dois terços, em face do arrependimento posterior (art. 16 do CP, após reforma
de 1984);
 Antes da reforma não existia tal instituto e nos termos da Súmula 554 do STF, o
pagamento efetuado antes do recebimento da denúncia retirava a justa causa para
a ação penal (“O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o
recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal”).
Obs: o STJ consolidou entendimento de que a pré-datação do cheque o transformaria
em mera garantia de dívida, fato que, por si só, afastaria a possibilidade de incriminação do
emitente no tipo penal de estelionato (RHC 16880/PB, DJ 24/10/2005).

ESTELIONATO COMUM MEDIANTE FALSIFICAÇÃO DE CHEQUE (art. 171, “caput”):


 O cheque não é do emitente;
 A consumação ocorre no momento em que o agente obtém a vantagem ilícita;
 Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar (Súmula
48 STJ).

 QUADRO COMPARATIVO – PRAZO DE PRESCRIÇÃO:


Devedor Principal e Codevedor e Avalista Direito de Regresso
Avalista
LC & NP 3 anos do vencimento 1 ano do protesto (p/ endossante tbm), 6 meses
contados do protesto ou do vencimento (se a - do pagamento
letra tiver cláusula ‘sem despesa’) - de quando demandado

34
Duplicata 3 anos do vencimento 1 ano do protesto (p/ endossante tbm), 6 meses
contados do protesto ou do vencimento (se a - do pagamento
letra tiver cláusula ‘sem despesa’) - de quando demandado
Cheque 6 meses contados do 6 meses do protesto (o processo poderá ser 6 meses
fim do prazo de substituído por uma declaração do banco - do prazo
apresentação (30/60) sacado ou por uma declaração da câmara de - de quando demandado
compensação). Na verdade, o grande objetivo
de protestar o cheque é a interrupção do prazo
prescricional.

e. Ações cambiais.
É, no direito brasileiro, uma ação executiva típica. O portador pode acionar qualquer
obrigado, sem estar adstrito à ordem, ou pode mover a ação contra todos, citando-os
solidariamente. Porém, para que possa exigir o pagamento dos demais obrigados pelo título
(endossantes e avalistas), deverá comprovar o inadimplemento do devedor principal, o que se
faz pelo protesto.
O prazo para o protesto é decadencial; o da ação, prescricional.
Prescrição da ação cambial (Letra de Câmbio):
a. contra o aceitante – prescreve em 3 anos a contar do vencimento;
b. do portador contra os endossantes e contra o sacador – prescreve em 1 ano, a
contar do protesto feito em tempo útil, ou da data do vencimento, se fora aposta
a cláusula “sem protesto”;
c. dos endossantes contra os outros e contra o sacador – prescreve em 6 meses, a
contar do dia em que o endossante pagou a letra ou, se for o caso, do dia em que
ele foi acionado. Nesse caso, trata-se do exercício do direito de regresso.

O art. 71 da LU esclarece que a interrupção da prescrição somente se opera em relação


à pessoa para quem a interrupção foi feita. Logo, se interrompida contra um dos coobrigados,
não se estende aos demais.

 Ação de enriquecimento ilícito (ação de in rem verso) – o próprio artigo 15 do Anexo II da


Convenção de Genebra facultou aos países signatários a previsão da citada ação. Baseia-se na
equidade, e não no direito creditório, que já está prescrito. A sua causa de pedir não é a
existência do crédito (que já prescreveu), mas o locupletamento ilícito. Segundo o § 3° do art.
206 do CC, o prazo é de 3 anos.
Em tais ações, há julgados que se contentam com a juntada do título, entendendo
caracterizado o prejuízo. Há, todavia, controvérsias a este respeito.

2.1 BIBLIOGRAFIA.

2.2 QUESTÕES.

TJ-PR - Juiz de Direito - 2017 - Cespe.

35
O ato cambiário pelo qual o credor transmite a outrem seus direitos sobre título
nominal à ordem é denominado:
a) Aceite
b) Aval
c) Endosso
d) Cessão civil de crédito
Comentários:
O aceito é o ato por meio do qual o sujeito que é obrigado a pagar os valores
descritos no título de crédito reconhece essa obrigação. A depender do título esse ato
pode ser obrigatório ou voluntário.
O aval é o ato por meio do qual um terceiro (avalista) se responsabiliza pelo
adimplemento da obrigação representada pelo título.
O endosso é o ato cambiário mediante o qual o credor do título de crédito
(endossante) transmite seus direitos a outrem (endossatário). Além de transferir os
direitos de crédito, o endosso também gera outra consequência jurídica: constitui o
endossante como codevedor do título. Entretanto, é possível que o endosso seja
gravado com a cláusula "sem garantia", que exonera o endossante de responsabilidade
pela obrigação representada pelo título.
A cessão civil de crédito é ato de certa forma equivalente ao endosso, por
transferir direitos, mas no âmbito civil, não fazendo parte da disciplina do Direito
Cambiário. GABARITO: C

PGE-AM - Procurador do Estrado - 2016 - Cespe.

No que concerne ao direito empresarial em sentido amplo, julgue o item a seguir.


A promoção prévia de protesto válido do título é condição para que o credor de
título de crédito válido mova uma ação de execução contra o devedor principal.
Comentários:
Um fato interessante é o que diz respeito à obrigatoriedade do protesto. Na
realidade, só há exigência legal da prática do ato se houver a pretensão de executar
coobrigados, a exemplo dos endossantes. Para executar o título cobrando o
cumprimento da obrigação do devedor principal ou de seu avalista, não será necessário
protestar o título.
36
Existe, por outro lado, disposições legais específicas que eventualmente exigem
o protesto para o exercício de determinados direitos. É o caso da propositura da falência
do devedor por impontualidade injustificada (art. 94 da Lei n. 11.101/2005).
Além disso, atualmente o Código Civil determina que o protesto interrompe a
prescrição, desde que feito no prazo e na forma da lei. Esta foi uma inovação trazida
pelo Código Civil de 2002, que terminou por superar o entendimento do da súmula 153
do STF, segundo a qual "o simples protesto cambiário não interrompe a prescrição".
GABARITO: ERRADA

PGE-AM - Procurador do Estrado - 2016 - Cespe.

No que concerne ao direito empresarial em sentido amplo, julgue o item a


seguir.
A doutrina relativa ao direito cambiário trata do princípio da abstração, um
subprincípio derivado do princípio da autonomia, que destaca a ligação entre o título de
crédito e o fato jurídico que deu origem à obrigação que ele representa.
Comentários:
O princípio da autonomia é considerado a pedra fundamental de todo o regime
cambial, e traduz-se no entendimento de que o título de crédito configura a constituição
de direito novo, autônomo, originário e completamente desvinculado da relação que
lhe deu origem.
A doutrina aponta ainda dois importantes subprincípios relacionados ao
princípio da autonomia: a abstração e a inoponibilidade das exceções pessoais ao
terceiro
de boa-fé.
A abstração se refere à completa desvinculação do título da relação que lhe deu
origem. Enquanto o título se restringe à esfera jurídica dos participantes no negócio que
lhe deu origem, não haverá ainda abstração. A partir do momento em que há a
circulação desse título, porém, estamos diante do fenômeno. Uma vez posto em
circulação, o título passará a vincular outras pessoas, que não participaram da relação
originária, e que por isso assumem direitos e obrigações exclusivamente em função do
título.
Vale salientar que a abstração se perde com a prescrição do título de crédito. A
37
prescrição fulmina tanto sua executividade quanto sua cambiariedade, ou seja, o título
perde as suas características intrínsecas de título de crédito, dentre elas a abstração.
Diante do exposto, podemos dizer, sem medo de errar, que o princípio da
abstração realmente trata da ligação entre o título de crédito e o fato jurídico que deu
origem à obrigação que ele representa.
GABARITO: CERTA 04. DPE-ES - Defensor Público - 2016 - FCC.
Sobre o endosso e o aval de letras de câmbio e de notas promissórias, I. pelo
endosso transmitem-se todos os direitos emergentes da letra de
câmbio e da nota promissória e o endossante, salvo cláusula em contrário,
garante o pagamento desses títulos.
II. o endosso pode ser condicional, mas não parcial.
III. o pagamento de uma letra de câmbio ou de uma nota promissória pode ser
no todo ou em parte garantido por aval.
IV. o avalista é responsável da mesma maneira que a pessoa afiançada, mas sua
obrigação se mantém se a obrigação que ele garantiu for nula apenas por vício de forma.
V. o endossante acionado não pode opor ao portador de uma nota promissória
as exceções fundadas sobre as relações pessoais dele com os portadores anteriores,
salvo se o portador ao adquirir a nota promissória tiver procedido conscientemente em
detrimento do devedor.
Está correto o que se afirma APENAS em a) II, III e IV. b)III, IVeV. c) II, IV e V. d)
III e V. e) I, II e IV. Comentários:
Todos os itens se referem a dispositivos da Lei Uniforme, incorporada ao
ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto n. 57.663/1966. A maior parte deles
encontra correspondência também no Código Civil de 2002, mas vamos nos ater aos
dispositivos da Lei Uniforme na nossa análise.
O item I está correto, nos termos dos arts. 14 e 15.
Art. 14 - O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra. Se o endosso
for em branco, o portador pode:
1 - Preencher o espaço em branco, quer com o seu nome, quer com o nome de
outra pessoa;
2 - Endossar de novo a letra em branco ou a favor de outra pessoa;
3 - Remeter a letra a um terceiro, sem preencher o espaço em branco e sem a

38
endossar. Art. 15 - O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da
aceitação como do
pagamento da letra.
O endossante pode proibir um novo endosso, e, neste caso, não garante o
pagamento as pessoas a quem a letra for posteriormente endossada.
O item II está incorreto. O ordenamento não permite o endosso parcial e nem o
condicional.
Art. 12 - O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja
subordinado considera-se como não escrita.
O endosso parcial é nulo.
O endosso ao portador vale como endosso em branco. O item III está correto,
nos termos do art. 30.
Art. 30 - O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por
aval. Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra.
O item IV está incorreto. O vício de forma é justamente a exceção em relação à
autonomia do aval. Se houver vício de forma, o próprio título será nulo, e por isso não
haverá que se falar em aval.
Art. 32 - O dador de aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele
afiançada. A sua obrigação mantém-se, mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu
ser nula por
qualquer razão que não seja um vicio de forma.
Se o dador de aval paga a letra, fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra
contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval e contra os obrigados para com esta em
virtude da
letra. O item V está correto, nos termos do art. 17.
Art. 17 - As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao
portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com
os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido
conscientemente em detrimento do devedor.
GABARITO: D
05. DPE-BA - Defensor Mico - 2016 - FCC. Sobre os títulos de crédito, analise as
afirmações abaixo:

39
I. De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a nota
promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em
razão da iliquidez do título que a originou.
II. O cheque nominal, com ou sem a cláusula expressa "à ordem", é transmissível
por via de endosso, enquanto o cheque nominal com cláusula "não à ordem" somente
pode ser transmitido pela forma de cessão.
III. O título de crédito emitido sem o preenchimento de requisito de forma que
lhe retire a validade, acarreta a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem.
IV. Ao contrário da nota promissória, a duplicata é um título causal e, em regra,
não goza de abstração.
Está correto o que se afirma APENAS em a) I, II e IV. b)
II e III. c) I e II.
d) II e IV. e) I e IV.
Comentários:
O item I está correto. Nos termos da súmula 258 do STJ, a nota promissória
vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da
iliquidez do título que a originou. Lembre-se da discussão envolvendo títulos de crédito
que lastreiam o contrato de abertura de crédito bancário.
O item II está correto. Nominativo à ordem é o cheque em que se consigna o
nome do tomador, sendo permitida sua circulação mediante endosso. O cheque
nominativo não à ordem, por sua vez, é aquele em que a circulação por endosso não é
possível em razão da aposição da cláusula "não à ordem", havendo apenas a
possibilidade de cessão civil de crédito. Lembre-se de que o cheque é um dos títulos de
crédito em que a cláusula "à ordem" é considerada implícita.
O item III está incorreto. De acordo com o art. 888 do Código Civil, a omissão de
qualquer requisito legal que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não
implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. Aqui estamos diante de
uma manifestação do princípio da autonomia dos títulos de crédito.
O item IV está correto. A duplicata, na condição de título causal, só poderá ser
emitida quando verificadas determinadas circunstâncias determinadas por lei. Por outro
lado, temos os títulos abstratos, cuja emissão não depende de fato determinado por lei.
GABARITO: A 06. TJ-RJ - Juiz de Direito - 2016 - FCC.

40
Dispõe a lei que rege o título de crédito, denominado duplicata, que em todo
contrato de compra e venda mercantil, celebrado entre partes domiciliadas no território
brasileiro, com prazo não inferior a 30 dias, contados da data da entrega ou despacho
das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação ao
comprador. A esse respeito, é correto afirmar que:
a) quando a remessa da duplicata for feita por intermédio de representantes,
instituições financeiras, procuradores ou correspondentes, estes deverão apresentar o
título ao comprador, dentro de 10 dias contados da data de seu recebimento na praça
de pagamento.
b) em toda venda realizada em tais condições, o vendedor é obrigado a extrair
da fatura a respectiva duplicata.
c) no ato da emissão da fatura, o vendedor extrairá a duplicata para circulação
com efeito comercial, sendo admitida, nesse caso, qualquer outra espécie de título de
crédito, a exemplo da letra de câmbio ou da nota promissória, para documentar o saque
do vendedor pela importância faturada ao comprador.
d) uma só duplicata poderá corresponder a mais de uma fatura, nos casos de
venda para pagamento em parcelas, situação em que se discriminarão todas as
prestações e vencimentos, distinguindo-se a numeração pelo acréscimo, em sequência,
de letra do alfabeto.
e) no valor total da duplicata serão incluídos os abatimentos de preços das
mercadorias feitos pelo vendedor até o ato do faturamento, desde que constem da
fatura.
Comentários:
Nossa questão deve ser respondida com base na Lei n. 5.474/1968, que trata da
duplicata.
A alternativa A está correta e é a nossa resposta, nos termos do art. 6°, §2° da
referida lei.
Art. 6°, § 2° Se a remessa for feita por intermédio de representantes instituições
financeiras, procuradores ou correspondentes estes deverão apresentar o título, ao
comprador dentro de 10 (dez) dias, contados da data de seu recebimento na praça de
pagamento.
A alternativa B está incorreta. Na realidade a duplica é que é extraída da fatura.

41
Daí vem o nome desse título de crédito, não é mesmo!? ©
Art. 2° No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para
circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título
de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao
comprador.
A alternativa C está incorreta. Na realidade, nesta situação não podem ser
admitidas outras modalidades de títulos de crédito, conforme art. 2°.
A alternativa D está incorreta. A duplicata é um documento que contém as
mesmas informações da fatura. Não faria sentido nenhum que uma duplicata
correspondesse a mais de uma fatura.
IArt. 2°, § 2° Uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura.
A alternativa E está incorreta. Os abatimentos anteriores ao faturamento não
devem, em regra, ser incluídos na duplicata.
Art. 3°, §1° Não se incluirão no valor total da duplicata os abatimentos de preços
das mercadorias feitas pelo vendedor até o ato do faturamento, desde que constem da
fatura.
I GABABRITO: A
Prefeitura de Campinas - Procurador do Município - 2016 - FCC.
O Banco Z recebeu título de crédito por endosso-mandato e o levou a protesto.
Porque indevido o protesto, o prejudicado ajuizou ação contra o Banco Z requerendo
compensação por danos morais. De acordo com jurisprudência consolidada do Superior
Tribunal de Justiça, o Banco Z
a) responde por danos morais nas mesmas hipóteses em que o credor da cártula.
b) responde por danos morais, independentemente de culpa, se for inexistente
o negócio jurídico subjacente à cártula.
c) é parte ilegítima para figurar no polo passivo, porque o endossatário, na
hipótese de endosso-mandato, jamais responde por danos decorrentes de protesto
indevido.
d) responde por danos morais se houver extrapolado os poderes de mandatário
ou agido com culpa, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do
pagamento ou de falta de higidez da cártula.
e) é parte ilegítima para figurar no polo passivo, porque o endossatário, em

42
qualquer espécie de endosso, jamais responde por danos decorrentes de protesto
indevido.
Comentários:
Por meio do endosso-mandato, o endossante confere poderes ao endossatário
para agir como seu representante, podendo cobrar o título, executá-lo, protestálo, etc.
Esse endosso pode ser feito por meio da aposição das expressões "para cobrança",
"valor a cobrar" ou "por procuração".
É muito comum que esse tipo de endosso seja feito em benefício de instituições
financeiras, e por isso há diversos julgados do ST3 a respeito do assunto. Aqui destaco o
entendimento segundo o qual o banco que atuar como mandatário nestes casos
somente responde por eventuais danos causados ao devedor do título se for
comprovada a sua atuação culposa, o que ocorre, por exemplo, quando o banco tem
conhecimento inequívoco de que o negócio jurídico que embasou a duplicata foi
desfeito.
GABARITO: D
08. TRT ia Região - Juiz do Trabalho Substituto - 2016 - FCC. Sobre os títulos de
crédito, é INCORRETO afirmar:
a) A perda ou extravio da duplicata obrigará o vendedor a extrair a triplicata. b)
O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data
de emissão não é pagável quando da sua apresentação.
c) No caso dos cheques, são nulos o seu endosso parcial e do sacado. d) As
empresas, individuais ou coletivas, fundações ou sociedades civis
poderão emitir faturas e duplicatas de prestação de serviços. e) O cheque pode
ser emitido à ordem do próprio sacador.
Comentários:
A alternativa A está correta. A triplicata não deve ser emitida a não ser em casos
de perda ou extravio da duplicata.
A alternativa B está incorreta. O prazo de apresentação é aquele durante o qual
se deve levar o cheque para pagamento junto à instituição financeira. Como sua
natureza é de ordem de pagamento à vista, o cheque deve ser pago quando for
apresentado, ainda que a data que conste no título seja futura. Isso não significa, porém,
que o descumprimento das condições acordadas não enseje responsabilização de quem

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apresentou o cheque antecipadamente.
A alternativa C está correta. Tanto a legislação cambiária específica quanto o
Código Civil (art. 912) desconsideram qualquer menção, no ato do endosso, a condição
que subordine o endossante. Da mesma forma, também é nulo o endosso parcial.
A alternativa D está correta. Nada impede que instituições que prestam serviços
regularmente, seja mediante atividade empresarial ou civil, emitam duplicatas.
A alternativa E está correta. Nada impede que um cheque nominativo tenha
como beneficiário o próprio sacador. Nessa situação ele poderá, na condição de
beneficiário, endossar o cheque, caso deseje.
GABARITO: B
TJ-RJ - Juiz de Direito - 2016 - VUNESP. A cláusula "não à ordem":
a) inviabiliza o aceite. b) impede a circulação mediante endosso.
c) implica em aceite do cumprimento da obrigação assumida em Nota
Promissória.
d) não é admitida na Letra de Câmbio. e) inviabiliza o aval parcial.
Comentários:
Como você já está cansado de saber, a aposição da cláusula "não à ordem"
impede a circulação do título mediante endosso, deixando como alternativa apenas a
cessão civil de crédito.
GABARITO: B
10. TJDFT - Juiz de Direito - 2016 - Cespe. Assinale a opção correta, no que diz
respeito a aval:
a) Se o título de crédito avalizado for vinculado a contrato de mútuo, o avalista
deverá responder pelas obrigações nele contidas, ainda que ali não figure como devedor
solidário.
b) No caso do cheque, se houver dois avais superpostos e em branco, considera-
se que houve aval de aval.
c) Os avais simultâneos estabelecem entre os coavalistas uma relação fundada
na solidariedade de direito comum, e não cambiária. Assim, se um
deles pagar a dívida, terá o direito de exigir do outro apenas a quota parte que
caberia a este
d) O avalista de cheque prescrito deverá responder pelo pagamento deste em

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ação monitória, independentemente da prova de ter-se beneficiado da
dívida.
e) O avalista citado para pagar o valor constante do título poderá invocar em seu
favor benefício de ordem, de forma que, primeiro, sejam excutidos bens
do avalizado Comentários:
A alternativa A está incorreta. De acordo com a Súmula 26 do STJ, o avalista do
titulo de credito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas obrigações
pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário.
A alternativa B está incorreta. Nos termos da súmula 189 do STF, avais em branco
e superpostos consideram-se simultâneos, e não sucessivos. O aval sucessivo ocorre
quando o avalista presta o aval para quem já era avalista do título,
ocorrendo o aval do aval.
A alternativa C está correta. No aval simultâneo temos duas pessoas como
avalistas de um mesmo devedor. Neste caso, há solidariedade entre os dois avalistas,
tendo cada um deles direito de regresso contra o outro, mas apenas pela respectiva
quota-parte.
A alternativa D está incorreta. Prescrito o cheque, desaparece a relação cambial
e, em consequência, o aval. Permanece responsável pelo débito apenas o devedor
principal, salvo se demonstrado que o avalista obteve vantagem ilícita.
A alternativa E está incorreta. O ato de garantia que prevê benefício de ordem é
a fiança civil. O avalista pode ser acionado juntamente com o avalizado, enquanto, na
fiança, é preciso primeiro buscar o cumprimento da obrigação junto ao afiançado, para
só depois acionar o fiador. A obrigação do avalista é solidária, enquanto a do fiador é
subsidiária.
GABARITO: C 11. DPE-RN - Defensor Público - 2014 - Cespe.
A respeito de títulos de crédito e de contratos bancários, assinale a opção
correta.
a) Atualmente, ainda é válida a pactuação das tarifas de abertura de crédito e de
emissão de carnê na cobrança por serviços bancários, segundo o
entendimento do STJ.
b) Conforme entendimento do STJ, o ajuizamento isolado de ação revisional de
contrato bancário é capaz de descaracterizar a mora do devedor.

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c) A omissão de qualquer requisito legal que retire a validade do título de crédito
implica também a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem.
d) O pagamento do título de crédito pode ser garantido por aval dado de forma
parcial.
e) De acordo com o STJ, a estipulação de juros remuneratórios superiores a 12%
ao ano, por si só, não indica abusividade.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Desde 2008 o CMN proibiu que as instituições
financeiras cobrassem a tarifa de abertura de crédito (TAC) e a tarifa de emissão de
carnê (TEC), posicionamento corroborado pela jurisprudência do STJ (Súmula 565).
A alternativa B está incorreta. O entendimento do STJ é justamente no sentido
contrário, de que o ajuizamento de ação revisional de contrato bancário não é capaz,
por si só, de descaracterizar a mora do devedor.
A alternativa C está incorreta. O fato de o título de crédito não estar completo
significa que ele não terá valor de título executivo extrajudicial, mas não invalida o
negócio jurídico que lhe deu origem.
A alternativa D está incorreta. O Código Civil veda, como regra geral, o aval
parcial, ainda que haja leis cambiárias específicas que o admitam.
A alternativa E é a nossa resposta. Nos termos da Súmula 382 do ST], a
estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não
indica abusividade. GABARITO: E
12. TJ-PI - Juiz de Direito - 2015 - FCC. O Warrant Agropecuário — WA:
a) tem a mesma finalidade do Certificado de Depósito Agropecuário — CDA, dele
se diferenciando por ter objeto operações superiores a um milhão de reais e prever
prazo de pagamento mais longo.
b) é título de crédito representativo de promessa de entrega de produtos
agropecuários, seus derivados, subprodutos e resíduos de valor econômico, depositados
em conformidade com a Lei n° 9.973/2000.
c) não constitui título executivo extrajudicial, diferentemente do Certificado de
Depósito Agropecuário — CDA, que possui essa característica.
d) é título de crédito representativo de promessa de pagamento em dinheiro que
confere direito de penhor sobre o Certificado de Depósito Agropecuário — CDA

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correspondente, assim como sobre o produto nele descrito.
e) é transmissível por cessão de crédito, mas não admite endosso,
diferentemente do Certificado de Depósito Agropecuário — CDA.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. O CDA é título de crédito representativo de
promessa de entrega de produtos agropecuários, seus derivados, subprodutos e
resíduos de valor econômico, enquanto o WA é título de crédito representativo de
promessa de pagamento em dinheiro que confere direito de penhor sobre o CDA
correspondente, assim como sobre o produto nele descrito.
A alternativa B está incorreta, pois traz a definição de CDA, e não do WA. A
alternativa C está incorreta. Tanto o CDA quanto o WA são títulos executivos
extrajudiciais.
A alternativa D está correta. Aqui está a definição correta do WA: título de
crédito representativo de promessa de pagamento em dinheiro que confere direito de
penhor sobre o CDA correspondente, assim como sobre o produto nele descrito.
A alternativa E está incorreta. O CDA e o WA são títulos unidos, emitidos
simultaneamente pelo depositário, a pedido do depositante, podendo ser transmitidos
unidos ou separadamente, mediante endosso.
GABARITO: D 13. TJ-PI - Juiz de Direito - 2015 - FCC.
Alberto emitiu um cheque nominal em favor de Bruno, que, por sua vez,
endossou o título a Carlos, subordinando o endosso a determinada condição que anotou
do verso da cártula. Carlos então apresentou o cheque parapagamento ao banco sacado
dentro do prazo legal. Nesse caso, considerando que Alberto mantém fundos suficientes
e disponíveis para o pagamento, o
banco sacado deve:
a) pagar o cheque, mas desde que tenha sido previamente informado pelo
endossante ou pelo sacador sobre a realização da condição anotada na
cártula.
b) pagar o cheque, reputando-se não escrita a condição anotada na cártula pelo
endossante
c) pagar o cheque, mas desde que lhe seja apresentada, pelo endossatário, prova
escrita da realização da condição anotada na cártula.

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d) negar o pagamento, pois a anotação de condição pelo endossante da cártula
invalida o cheque.
e) negar o pagamento, pois a anotação de condição torna o cheque título causal,
impossibilitando, por consequência, a sua transmissão por endosso.
Comentários:
A legislação cambiária veda o endosso parcial ou condicionado. Por outro lado,
em relação ao aval parcial, este é, em regra, vedado pelo Código Civil, mas há leis
especiais que o admitem.
GABARITO: B 14. DPE-SP - Defensor Público - 2015 - FCC.
Joaquim comparece à Defensoria Pública alegando que recebeu notificação do
tabelião de protestos relativa a cheque ao portador por ele emitido e não pago por falta
de fundos. No entanto, alega que o notificaste, Antônio da Silva, é terceiro por ele
desconhecido e que já realizou acordo com Luiz de Souza, pessoa com quem realizou a
transação comercial que motivou a emissão do cheque. O acordo consistiu em uma
compensação de dívidas, visto que Joaquim possuía um crédito junto à empresa de Luiz,
uma sociedade Empresária limitada.
Ante o exposto, analise as assertivas a seguir.
I. Dentre os princípios que regem os títulos de crédito deve-se ressaltar o da
autonomia ou independência, que prevê que o cheque, após expedido, desliga-se da
obrigação que lhe deu origem, tornando-se autônomo e exigível por terceiro detentor
do título, em razão de sua circulação. II. O cheque ao portador permite sua circulação,
sendo o titular do crédito quem porta o título, não havendo limites à sua emissão. Já o
cheque nominativo a ordem faz expressa menção do titular do crédito, o que impede
sua circulação, só sendo transmissível através da cessão civil de créditos. III. Tendo em
vista a existência de recusa de pagamento comprovada pelo protesto, é possível ao
portador do cheque cobrar o valor nele encartado do emitente e de todos os
endossantes, de forma solidária, mesmo que algum deles alegue que a falta de fundos
se deu por fato não imputável a si. IV. No caso em tela não há que se falar em
compensação de créditos. Joaquim emitiu o cheque em favor de Luiz, não podendo
compensar créditos com a empresa deste, ante o requisito da reciprocidade exigido pelo
instituto da compensação.
Está correto o que se afirma APENAS em a) III e IV. b) I e III. c) I e IV. d)

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II e IV. e) II e III. Comentários:
O item I está correto. Como manifestação do princípio da autonomia, as relações
jurídico-cambiais são autônomas e independentes entre si. O devedor não poderá opor
exceções pessoais a terceiros de boa-fé.
O item II está incorreto. A banca tenta confundir o título nominativo e ao
portador com os conceitos de título nominado à ordem e não à ordem. No ordenamento
jurídico brasileiro não se admite título de crédito ao portador, a não ser o cheque
de até R$100.
O item III está incorreto. A recusa de pagamento não é comprovada apenas com
o protesto, como se depreende do art. 47 da Lei do Cheque.
Art. 47 Pode o portador promover a execução do cheque:
II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo
hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração do
sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou,
ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação.
O item IV está correto. De acordo com o art. 368 do Código Civil, se duas pessoas
forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-
se, até onde se compensarem. A personalidade da sociedade da qual Joaquim é sócio
não se confunde com sua personalidade natural.
GABARITO: C
15. TJ-SP - Juiz de Direito - 2015 - VUNESP. Sobre títulos de crédito, é correto
afirmar que
a) não é possível o preenchimento do título de crédito incompleto pelo credor
após a sua emissão.
b) na cédula de crédito bancário pode ser constituída garantia real em
documento separado, desde que se faça mera referência a isso no corpo da
cédula.
c) o devedor deve conferir a autenticidade das assinaturas de toda a cadeia de
endossos lançados no título, antes de realizar o pagamento ao último endossatário e
portador.
d) o endossatário de endosso em branco pode mudá-lo para endosso em preto,
desde que o complete com o seu nome ou de terceiro, bem como pode endossar

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novamente o título, mas não pode transferi-lo sem novo endosso.
Comentários:
A alternativa A está incorreta em razão da regra do art. 891 do Código Civil,
segundo o qual o título de crédito incompleto ao tempo da emissão deve ser preenchido
de conformidade com os ajustes realizados. O STF complementa a interpretação da
norma por meio da Súmula 387, que reconhece como lícita a complementação das
informações do título de crédito pelo credor de boa-fé.
A alternativa B está correta e é a nossa resposta, cobrando conhecimento da Lei
n. 10.931/2004, que trata de alguns títulos de crédito, entre eles e a cédula de crédito
bancário. Segundo o art. 32 da lei, a constituição da garantia poderá ser feita na própria
Cédula de Crédito Bancário ou em documento separado, neste caso fazendo-se, na
Cédula, menção a tal circunstância.
A alternativa C está incorreta porque aquele que paga o título está obrigado a
verificar a regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das assinaturas,
de acordo com a regra do parágrafo único do art. 911 do Código
Civil.
A alternativa D está incorreta porque, além da possibilidade de alteração do
endosso em branco para endosso em preto e do reendosso, também é possível a
transferência, mesmo sem novo endosso.
GABARITO: B
16. TJ-AL - Juiz de Direito - 2015 - FCC. No tocante ao cheque, é INCORRETO
afirmar:
a) O banco sacado responde por ato ilícito que venha a praticar, mas não pode
assumir qualquer obrigação cambial referente a cheques sacados por
seus correntistas.
b) O sacado não pode aceitar um cheque, mas pode endossá-lo a terceiros c)
Somente o cheque nominativo ainda não endossado comporta seu
visamento, que não equivale ao aceite.
d) O endosso transmite todos os direitos resultantes do cheque e, salvo
estipulação em contrário, o endossante garante o pagamento.
e) Um cheque pós-datado é pagável em sua apresentação, à vista, mesmo que
esta se dê em data anterior àquela indicada como a de sua emissãoComentários:

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A alternativa A está correta. O sacado de um cheque não tem, em nenhuma
hipótese, qualquer obrigação cambial. O credor não pode responsabilizar o banco pela
inexistência ou insuficiência de fundos disponíveis.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 6° da Lei n. 7.357/1985, o
cheque não admite aceite, considerando-se não escrita qualquer declaração com
esse sentido.
A alternativa C está correta. De acordo com o art. 7° da Lei do Cheque, o sacado
pode, a pedido do emitente ou do portador legitimado, lançar e assinar, no verso do
cheque não ao portador e ainda não endossado, visto, certificação ou outra declaração
equivalente, datada e por quantia igual à indicada no título.
A alternativa D está correta. Você já está cansado de saber, mas não custa repetir
que o endosso transfere os direitos sobre o título de crédito, e, como regra geral, o
endossante se torna coobrigado, nos termos dos arts. 20 e 21 da Lei do Cheque.
A alternativa E está correta. O cheque é pagável à vista, ainda que nele conste
data futura. Considera-se não-estrita qualquer menção em contrário.
GABARITO: B
17. TJ-AL - Juiz de Direito - 2015 - FCC. No que se refere a protesto de títulos: a)
não responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que
recebe, por endosso translativo, título de crédito contendo vício formal extrínseco ou
intrínseco, cabendo ao suposto devedor exigir o valor reparatório diretamente dos
endossantes
b) aquele tirado por falta de aceite poderá ser efetuado antes ou após o
vencimento da obrigação, desde que após o decurso do prazo legal para o
ato de aceite.
c) será ele tirado exclusivamente por falta de pagamento ou de aceite. d) o
pagamento do título ou do documento de dívida apresentado para
protesto será feito diretamente no tabelionato competente e não poderá ser
recusado, se oferecido dentro do prazo legal, no tabelionato de protesto competente e
no horário de funcionamento dos serviços.
e) após o vencimento da obrigação, o protesto poderá ser efetuado por falta de
pagamento ou aceite, sendo defesa a lavratura e registro do protesto por motivo não
previsto na lei cambial.

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Comentários:
A alternativa A está incorreta. De acordo com a Súmula 475 do ST3, responde
pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe porendosso
título de crédito contendo vício formal, ficando ressalvado seu direito de regresso contra
os endossantes e avalistas.
A alternativa B está incorreta. O protesto por falta de aceite somente poderá ser
efetuado antes do vencimento da obrigação e após o decurso do prazo legal para o
aceite ou a devolução, nos termos do art. 21, §1° da Lei 9.492/1997.
A alternativa C está incorreta. Há três modalidades de protesto: por falta de
pagamento, de aceite ou de devolução.
A alternativa D está correta. Nos termos do art. 19 da Lei n. 9.492/1997, o
pagamento do título ou do documento de dívida apresentado para protesto será feito
diretamente no Tabelionato competente, no valor igual ao declarado pelo apresentante,
acrescido dos emolumentos e demais despesas. Além disso, não poderá ser recusado
pagamento oferecido dentro do prazo legal, desde que feito no Tabelionato de Protesto
competente e no horário de funcionamento dos serviços.
A alternativa E está incorreta. De acordo com o art. 21, §2° da Lei 9.492/1997,
após o vencimento, o protesto sempre será efetuado por falta de pagamento, vedada a
recusa da lavratura e registro do protesto por motivo não previsto na
lei cambial. GABARITO: D
18. TJ-AL - Juiz de Direito - 2015 - FCC. No tocante às duplicatas, considere:
I. É lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data
do vencimento.
II. A duplicata não admite reforma ou prorrogação do prazo de vencimento,
sendo necessária a emissão de novo título para esses fins.
III. O pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval, desde que
prestado anteriormente ao vencimento do título.
IV. A duplicata é protestável por falta de aceite, de devolução ou pagamento.
Está correto o que se afirma APENAS em a) I e IV.
b)II, IIIeIV. c) I, III e IV. d) I, II e III. e) II e III.
Comentários:
Para responder corretamente à questão precisamos conhecer a Lei n. 5.474/1968.

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O item I está correto, nos termos do art. 9º

O item II está incorreto. A duplicata admite reforma ou prorrogação do prazo, nos


termos do art. 11
O item III está incorreto. Não há problema na aposição do aval após o vencimento do
título, nos termos do art. 12
O item IV está correto. A duplicata é protestável por falta de aceite, de devolução ou
pagamento, nos termos do art. 13.
GABARITO: A

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