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Resenhas Críticas

VELLOSO, Jacques et al Estado e educação. Campinas: Papirus:


CEDES; São Paulo: ANDE: ANPED, 1992. 134p. Coletânea CBE.

O livro Estado e Educação é central a "Política Nacional de


composto por 22 artigos Educação". O livro, por sua vez,
estruturados em sete capítulos: "O integra uma série de seis
público e o privado: trajetória e publicações da 6 a Conferência
contradições da relação Estado e Brasileira de Educação. Os outros
Educação"; "Financiamento da v o l u m e são: Escola Básica;
educação no Brasil"; "O Projeto de Universidade e Educação;
Lei de Diretrizes e Bases da Trabalho e Educação; Sociedade
Educação Nacional"; "Escola Civil e Educação e Resumos.
pública: gestão e autonomia"; "As Podemos agrupar os 22 artigos
políticas governamentais para a segundo três níveis de análise: a)
educação básica"; "A gestão do artigos teóricos que dizem respeito
ensino público: qualidade e à relação Estado e Educação em
descentralização"; e "Perspectivas geral e na América Latina; b) Textos
do C o n s e l h o Federal e dos que tratam desta relação no Brasil;
Conselhos Estaduais de Educação". c) Apresentação de estudos de caso
Esses capítulos correspondem aos no contexto brasileiro. Dada a
quatro simpósios e cinco mesas- impossibilidade de comentar todos
redondas relativas às relações entre os artigos e temática tratadas no
o Estado e a Educação, e foram livro, nossa resenha intentará
apresentados na 6- Conferência destacar aquelas mais relevantes
Brasileira de Educação, promovida nos níveis regional e nacional e as
pela ANDE, pela ANPEd e pelo polêmicas mais agudas.
CEDES, em 6 de setembro de 1991, O primeiro grupo compõe-se de
em São Paulo, e que tinha por tema sete artigos: "Neo-liberalismo ou
pós-liberalismo? Educação pública, o papel do Estado, pondo o acento
crise do Estado e democracia na no livre curso das leis do mercado,
América Latina", de Demerval como a conseqüente valorização
Saviani; "Algunos aspectos de la da iniciativa privada d e s e m -
privatización educativa en América baraçada de interferência e controle
Latina", de Juan Carlos Tedesco; estatal" (p. 11). Esse discurso e essa
"O público e o privado: trajetória e prática política, que assumem o
contradições da relação Estado e fracasso da escola pública
Educação", de Raquel Pereira C. justificando-a pela incapacidade
Gandini; "Impasses e alternativas inerente do E s t a d o , são de-
no financiamento das políticas nominados impropriamente de
públicas para a educação: um pano neoliberais ou modernizantes. O
de fundo", de Jacques Veloso; artigo de Saviani tenta demonstrar,
" A u t o n o m i a da escola: pos- com argumentos históricos e
sibilidades, limites e condições", teóricos, a utilização imprópria
de Guiomar Namo de Mello; dessa denominação, defendendo a
"Escola p ú b l i c a : gestão e tese de que a nova orientação é pós-
autonomia", de Silke Weber, e liberal e pós-moderna.
"Reflexões sobre a qualidade de Por sua vez, Tedesco retoma a
educação e a gestão da qualidade crítica a essa nova orientação,
total nas escolas", de Antônio porém de outra perspectiva. Intenta
Carlos Xavier. Os textos de Saviani, demonstrar, através da apresentação
Tedesco e Velloso discutem a
de dados e m p í r i c o s sobre a
validade Universal das deno-
evolução do crescimento do ensino
minadas estratégias neoliberais
privado a níveis mundial e
c o m o resposta à atual crise
educativa m u n d i a l e latino- latinoamericano, que as evidências
americana. Saviani, num texto claro empíricas disponíveis e as análises
e provocativo, afirma que desde o em favor deste argumentos não são
final da década de 80 "vem se concludentes. A atual situação so-
p r o d u z i n d o uma reflexão no cial e econômica mundial mostra o
discurso, assim como na prática fracasso ou o menor êxito relativo
política, (...) tendente a secundarizar das experiências de monopólio
estatal e das experiências referem-se à problemática da
ultraliberais de desregulação. autonomia da escola pública. O
Tedesco mostra-se cético diante de extenso, mas t a m b é m sem
todas as propostas de univer- desperdício, texto de Mello discute
salização de uma única estratégia teoricamente a problemática da
política, sem considerar os autonomia da escola. Para Mello,
contextos sociais, econômicos e "... os resultados das políticas de
culturais. descentralização estariam em parte
Velloso, por sua vez, retoma a condicionados ao grau com que
questão da polaridade: privatizar o estas políticas traduzissem a
estatal versus publicizar o público, determinação de ir às últimas
analisando as conseqüências que c o n s e q ü ê n c i a s , a l o c a n d o nas
esses modelos trazem para a unidades escolares os recursos, as
educação em termos de: origem responsabilidades e a capacidade
dos recursos, destinação das verbas de gestão para produzir um ensino
públicas e gestão, verbas e de qualidade e responder pelos
desempenho. Identifica o grande resultados de seu trabalho" (p. 185-
reducionismo economicista das 186). Esse tipo de reestruturação
p r o p o s t a s privatistas, acom- do sistema educativo levado até
panhadas por um grande desprezo suas últimas conseqüências só será
pelas questões que dizem respeito à possível quando assumido como
cidadania e à democracia. Por outro programa de governo o projeto de
l a d o , critica os a r g u m e n t o s Estado, dado que "... émuito pouco
eficientistas colocados mun- um processo participativo de baixo
dialmente sob a liderança do Banco para cima em que a autonomia da
Mundial, tomando por base dados escola vai se conquistando pela
e m p í r i c o s recentes sobre o somatória de poder de decisão sobre
financiamento das universidades aspectos pontuais..." (p. 210).
públicas e instituições privadas no Simultaneamente, a autora diz que
Brasil, colocando a nu um conjunto a escola tem sido estudada e
de equívocos neles contidos. planejada pelas pesquisas e pelas
Ainda no primeiro grupo de estratégias de política educacional
artigos, os de Mello e Weber com categorias ou m o d e l o s
homogêneos, que quase sempre prioridade do Plano Estadual e o
desconhecem a diversidade de Plano Municipal de Educação, o
identidades que as escolas reais estado do debate n a c i o n a l e
podem ter. Reconhecer e estudar acadêmico sobre educação escolar,
essas identidades é um desafio para os problemas específicos das
a investigação educacional e uma diversas disciplinas e as
importante condição para o êxito características e dificuldades
da descentralização e o melho- próprias da escola.
ramento da qualidade do ensino. O segundo grupo compõe-se de
Também para Weber as questões 11 artigos: "O público e o privado
da autonomia e da gestão vinculam- na educação brasileira", de Carlos
se à política e à qualidade do ensino. Roberto Jamil Cury; "Notas sobre
No entanto, Weber defende a o ensino superior atual", de Carlos
necessidade de participação para a Benedito Martins; "Impasses e
conquista de ambas: "A alternativas do financiamento das
participação, desde a base ao poder políticas públicas de educação", de
central, seja na elaboração de planos José Carlos de Araújo Melchior;
e programas, seja na fiscalização "O MEC e o ensino fundamental: o
de gestão de recursos, na avaliação que os gastos revelam", de José
do desemprego institucional ou na Amaral Sobrinho; "Os recursos
contribuição para a 'reforma de disponíveis para o ensino no
homens', é certamente o único Brasil", de José Marcelino de
caminho histórico para avançar na Rezende Pinto; "Financiamento da
construção da democracia, em cujo educação: análise das fontes e da
contexto são forjadas as linhas distribuição de recursos", de Ana
gerais de uma gestão educacional Maria de Cerqueira Antunes; "A
comprometida com a qualidade da sociedade, o Estado e o sistema
escola pública" (p. 222). Weber nacional de Educação no projeto de
destaca, também, que autonomia Lei de Diretrizes e Bases", de André
da escola não significa liberdade Haquette; "LDB: o regime de
absoluta, mas a elaboração e a colaboração entre União, estados e
operacionalização de seus planos, municípios", de Jônathas Silva;
considerando as diretrizes e a "Política educacional para os anos
90", de Rose Neubauer da Silva e vez, Cury aponta para o conflito
Guiomar Namo de Mello; "Novas entre interesses públicos e privados
relações estado/município na área no espaço reservado à educação
de educação", de Maria das Graças nas constituições brasileiras. O faz
Corrêa de Oliveira e "Conselho objetiva e claramente através da
Federal de Educação: o coração da sistematização dos d i s c u r s o s
Reforma", de May Guimarães proferidos, especialmente por
Ferreira. Seguindo a proposta de instituições e representantes do
sistematização apresentada no setor privado e discute, ainda, os
início, elegemos para o segundo principais argumentos utilizados
grupo as temáticas: Lei de Diretrizes em sua defesa. Resgata o fato de
e Bases da Educação Nacional que, embora feita inicialmente por
(LDB) e Financiamento, ainda que grupos confessionais católicos, a
sob pena de não discutir defesa da escola privada passou a
d e t a l h a d a m e n t e autores que contar com grupos empresariais,
mereceriam, sem dúvida alguma, introduzindo no debate aspectos
maior espaço. O papel ligados ao mercado (qualidade,
constitucional do Estado, reiterado eficiência e relação custo-benefício,
na redação da nova LDB, parece entre outros). Destaca que somente
receber, de uma maneira geral, na Constituição de 1988 e na
grande apoio. Os avanços da LDB proposta da nova LDB é que a
são comentados não somente nos questão das escolas privadas foi
textos à ela d e d i c a d o s , mas colocada mais claramente, posto
igualmente, naqueles destinados a que são definidas como privadas e
discutir o financiamento da categorizadas enquanto produto de
educação. relações capitalistas de produção e
Na opinião de Haguette, as enquanto produto de relações pré-
c o n s t i t u i ç õ e s brasileiras ou- capital istas — ver o art. 20 da LDB.
torgaram tardiamente ao Estado a Esse artigo da LDB foi também
função de universalizar o ensino, objeto de comentários por parte de
no intuito de preparar "... todo Haguette, posto que define de forma
cidadão para a vida, para a política adequada as modalidades diferentes
e para o trabalho" (p. 184). Por sua de instituições privadas de ensino.
A preocupação de Haguette com a nova LDB, através de seu capítulo
ação de grupos de "interesses sobre os recursos financeiros,
limitados e particularistas" é permite a criação de n o v a s
concretamente exemplificada por condições para tais impasses.
Cury, ao demonstrar que a iniciativa Chamando a atenção para as
educacional religiosa e a iniciativa etapas do processo de finan-
privada sempre contaram com o ciamento e distribuição dos recursos
reconhecimento oficial. educacionais (individualização das
No que diz respeito à temática fontes, sua captação, sua destinação,
dofinanciamento,Me\c\úor analisa sua aplicação e seus resultados),
quem são e como exercem o poder Antunes recupera as principais
os gestores dos recursos financeiros colocações de Pinto e Sobrinho 1 .
públicos, e critica a defesa de mais
Do trabalho de Pinto recupera
verbas para a educação, sem que se
particularmente a questão do
faça primeiramente uma avaliação
descaso do setor público no tocante
da própria aplicação dos recursos
às questões educacionais e à baixa
existentes. O autor é rigoroso com
arrecadação tributária. Ilustrando a
o poder público, a quem se refere
falta de controle dos recursos
como i n c o m p e t e n t e a d m i n i s -
globais do MEC, Pinto faz um
t r a t i v a m e n t e . Refere-se aos
problemas existentes em diferentes exercício de simulação e reparte o
esferas: o impasse da arrecadação e valor global dos recursos do MEC
a ineficiente distribuição dos por nível de ensino, no intuito de
recursos arrecadados, a questão propor um padrão de recursos per
salarial e a política paternalista do capita. Embora chegue a valores
Estado, e a falta de políticas inferiores àqueles encontrados em
educacionais. Mesmo afirmando países desenvolvidos, ou mesmo
taxativamente a gravidade da indicados como ideais, o resultado
situação do financiamento da é surpreendente: o valor de 3.527
educação brasileira, acredita que a dólares por aluno no ensino superi-

1
Os art igos de Sobrinho e Pinto são comentados por Antunes que, na ocasião da 6! CBE, coordenou o Simpósio
"Financiamento da educação: análise das fontes e da distribuição dos recursos".
or não está muito distante daquele Barreto; " Relação e s t a d o /
da Universidade do Quebec; no município no Paraná: construção
ensino de segundo grau, o valor de ou desconstrução da escola pública
458 dólares para cada aluno é 27% de q u a l i d a d e ? " , de Olinda
s u p e r i o r ao c u s t o - a l u n o / a n o Evangelista e Maria Auxiliadora
encontrado pela Fundação Carlos Schmidt e "Breve histórico do
Chagas na rede estadual de São Conselho Estadual de Educação do
Paulo; e, finalmente, para o ensino Paraná e sua especificidade no
fundamental e pré-escolar, 279 contexto brasileiro atual", de Lilian
dólares, valor que chega a ser 3,5 Anna Wachowicz. Neste grupo, a
vezes superior ao efetivamente temática mais discutida é a questão
praticado no Brasil. da municipalização do ensino,
Do artigo de Sobrinho, Antunes particularmente a relação entre
destaca a crítica para a sistemática estado e município. Barreto, através
falta de planejamento e de critérios da análise desta relação no Estado
para as transferências dos recursos. de São Paulo, destaca que a
O autor conclui que os gastos do descentralização administrativa é
MEC com o ensino fundamental um mecanismo para materializar
foram diminuindo, graças à total propostas pactuadas ao nível
descontinuidade de procedimentos político-social mais a m p l o .
e, o que considera mais grave, os Oliveira, referindo-se espe-
18% dos recursos oriundos da cificamente ao E s t a d o de
receita líquida dos impostos não Pernambuco, também defende a
foram aplicados em educação, parceria entre estados e municípios
conforme previsto na Constituição. por acreditar que ela seja capaz de
Finalmente, no terceiro grupo dar melhores r e s p o s t a s às
de artigos, são apresentados quatro necessidades educacionais da
e s t u d o s de caso: " C I E P s : população nos municípios médios
construção coletiva da educação", e pequenos.
de Lia Faria; "Estado e municípios Para concluir nossa resenha,
no provimento do ensino funda- ressaltamos dois aspectos. Em
mental em São Paulo: o desafio da primeiro lugar, que a questão do
qualidade", de Elba Siqueira de Sá neoliberalismo perpassa os artigos
que dizem respeito à LDB e ao educacional brasileira (nos níveis
financiamento da educação e, desta nacional, estadual e municipal).
forma, os articula com o primeiro Assim, podemos afirmar, em
grupo de textos aqui referidos; da s e g u n d o lugar, o i m p o r t a n t e
mesma maneira que os estudos de subsídio que este livro constitui
caso referentes à municipalização principalmente para professores e
do ensino encontram-se inti- alunos, políticos e administradores
mamente vinculados às questões brasileiros e latino-americanos, mas
teóricas sobre gestão e autonomia também de outras regiões.
da escola. Desta forma, o conjunto
dos textos exprime as reflexões
teóricas dominantes no contexto
latino-americano e internacional Clelia Parreira
sobre a relação Estado/Sociedade Silvia Yannoulas
e, paralelamente, informa e analisa Faculdade Latino-Americana de
a práxis dessa relação através dos Ciências Sociais(FLACSO)
estudos que se referem à política Universidade de Brasília (UnB)

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