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Igualdade
de género
ao longo da vida
Anália Torres, coordenação
ISBN: 978-989-8863-99-7
Depósito Legal n.º 441708/18
Igualdade
de género
ao longo da vida:
Portugal
no contexto
europeu
Introdução 9
1. Género e educação 11
2. Género e mercado de trabalho 15
3. Família e condições de vida 27
4. Articulação trabalho-família 33
5. Violência e crime 39
6. Saúde e causas de morte 43
7. Valores 47
8. Género, educação, trabalho e classe social 51
Conclusão 57
Abreviaturas 67
Glossário 69
Para saber mais 73
Autores 75
Introdução
9
Alemanha, Espanha, França, Polónia, Portugal, Reino Unido,
República Checa e Suécia, refletindo diversos modelos de
Estado Social. Para o efeito recorremos a um conjunto diver-
sificado de bases de dados, de várias fontes: Eurostat, ocde,
ine, gep-mtsss, dgeec, dgrsp, ess, issp e Pordata.
10
1. Género e educação
11
Como é possível constatar na Tabela 1, esta tendência
inverteu-se na geração seguinte. As mulheres que têm
entre 30 e 49 anos estudaram em média 12 anos completos,
o que representa um aumento de quatro anos em relação
à escolaridade das mulheres na fase tardia da vida ativa.
Já as mulheres na rush hour of life, ao ultrapassarem larga-
mente a escolaridade média dos homens da mesma faixa
etária, acompanharam a tendência europeia. Ainda assim,
Portugal continua a ser o país menos escolarizado da Europa
nesta idade da vida.
12
Na juventude os homens portugueses apresentam uma média
de anos de escolaridade igual à das mulheres: 12 anos. Isso
significa que convergiram em relação às mulheres, aumen-
tando a idade média de escolaridade em dois anos. Embora
tenha atenuado a distância em relação aos restantes países
europeus, Portugal continua a ser o país menos escolari-
zado na UE a 27 países. Tanto no caso das mulheres, como
dos homens, o país mais escolarizado é a Espanha, com uma
média de 15 anos de escolaridade, seguida do Reino Unido,
com uma média de 14 anos.
13
Ideias-chave
14
2. Género e mercado
de trabalho
15
Entre 2000 e 2015 houve uma quebra de emprego em
Portugal, sendo que os mais prejudicados foram os jovens
(homens e mulheres). Isto explica-se de duas formas. Por um
lado, o desemprego jovem aumentou consideravelmente.
Por outro, os jovens estudam até mais tarde, atrasando a sua
entrada no mercado de trabalho.
16
de Assistência Económica e Financeira (2011-2014) a que
o nosso país teve de recorrer.
17
Na Europa, à medida que se envelhece, a taxa de desemprego
tende a diminuir, para ambos os sexos. Já em Portugal, este fenó-
meno só se verifica nas mulheres. A taxa de desemprego é mais
elevada nas mulheres jovens (até aos 29 anos) e mais reduzida
nas mulheres na fase tardia da vida ativa (dos 50 aos 65 anos).
O desemprego masculino em Portugal afeta sobretudo os jovens
e os indivíduos que se encontram na fase tardia da vida ativa.
Portugal UE27
25
23,7
21,9
20
16,4
15,6
15
12,5
11,1 10,5
10 10
8,8
7,8 7,4
6,6
05
00
15-29 30-49 50-64 15-29 30-49 50-64 15-29 30-49 50-64 15-29 30-49 50-64
Homens
Mulheres
18
tenham sido inferiores à média europeia a 27 países até
2007, no caso dos homens, e até 2006, no caso das mulheres.
Em termos médios, a taxa de desemprego foi diminuindo
na União Europeia até 2008.
19
fase tardia da vida ativa, o que redunda em trabalhos de
menor qualidade e de estatuto inferior, bem como em salá-
rios mais baixos. Neste ponto a situação da média europeia
não é melhor do que a portuguesa, uma vez que as mulheres
se encontram mais vezes em situação de precariedade do que
os homens em todas as idades analisadas.
20
64 anos trabalham a tempo parcial, em comparação com 8,9%
dos homens. Já em Portugal, 12,5% das mulheres trabalha-
doras entre os 15 e os 64 anos estão nessa situação, tal como
7% dos homens. Quer em Portugal, quer no resto da Europa,
a proporção de mulheres trabalhadoras em regime de tempo
parcial é – em todas as idades – superior à proporção dos
homens na mesma situação.
21
Figura 2. Salário médio/hora, por idade e sexo, em Portugal e na UE 27,
em 2014
Portugal
15
12,9
12,2
11,6
10,3 9,9
10 8,9
6,1 5,8
05
00
Menos de 30
30-49
50-59
Mais de 60
Menos de 30
30-49
50-59
Mais de 60
UE27
20 19,2 19
17,2
15,4
15 14,2 14,7
11,4 11,1
10
05
00
Menos de 30
30-49
50-59
Mais de 60
Menos de 30
30-49
50-59
Mais de 60
Homens
Mulheres
22
Como é possível constatar na figura 3, abaixo, a disparidade
salarial entre mulheres e homens é de 19€ brutos por hora
para pessoas entre os 50 e os 59 anos, mas aproxima-se dos
30€ brutos por hora para indivíduos com mais de 60 anos.
Já na rush hour of life, atinge os 11,2€ brutos por hora e, para
trabalhadores com menos de 30 anos, chega a ser de 5,6€
brutos por hora. Ou seja, em Portugal a disparidade salarial
entre géneros tende a agravar-se com o avançar da idade.
Portugal UE27
35
30,7
30
25 23,3
20 19,2 18,9
17,4
15
11,2
10
5,6
05
2,9
00
Menos de 30
30-49
50-59
Mais de 60
Menos de 30
30-49
50-59
Mais de 60
23
feminização superiores às dos países nórdicos. No nosso país,
por exemplo, 58% dos juízes e 54% dos médicos são mulheres.
100
44 54 54 58 62 65 78 82 99,1
50
56 46 46 42 38 35 22 18 0,9
0
Advogados
Médicos
Juízes
Procuradores
Enfermeiros
Professores
Ens. Superior
Professores
Ens. Secundário
Professores
Ens. Básico
Professores
Ens. Pré-Escolar
Homens
Mulheres
Fontes: CEPEJ (Commission Européenne pour l’efficacité da la justice), 2016; Pordata, 2017;
Ordem dos Enfermeiros, 2014.
24
Ideias-chave
25
3. Família e condições de vida
27
Figura 5 Média de idade de saída de casa dos pais, por país e sexo, em 2015
35
30 27,1 25
25
20
15
10
5
0
ia
ha
da
ça
do
ica
ria
ia
da
c
di
ni
ec
E2
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U
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Fr
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Irl
Es
nl
Li
H
p.
in
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in
Re
D
Re
35
29,7 28,2
30
25
20
15
10
5
0
ia
ia
ria
ia
re
cia
ha
lia
a
l
i
ui
alt
ga
én
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gr
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ip
Itá
n
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Ch
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l
G
Po
Le
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Bu
r
Ro
Es
H
lo
Po
Es
Es
Homens
Mulheres
28
agregado (49%). Estes números dizem respeito a mulheres
que têm filhos a cargo (até aos 25 anos), que dependem
economicamente dos pais.
29
Figura 6. Evolução do risco de pobreza (%) das mulheres dos 15 aos 64 anos,
em Portugal (2004-2015)
40
32,7 34,1 32,8
32,5 31,9 32
30,5 31,1 30,4 31,1 29,9
30 29,2 32,8 32,2
27,1 31,6
25,9 25,7 29,2 29,6
28,6 28,4 28,1 26,9 26 25,7
21,1 20,3 20,4 24,1
20 22,1 23,4 21,8 23
21,5 20,9
10
00
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Juventude
Rush hour
Fase tardia
Figura 7. Evolução do risco de pobreza (%) dos homens dos 15 aos 64 anos,
em Portugal (2004-2015)
40
36,2 36,3
32,4 33,5
30 29,2 30,2
28,6 26,5 28,9
25,7 25,5 29,5 29,3
26 25,6 24,5
23,3 24,3 24,2
25,3 22,7 22,9 26,9 25,1
23,9 23,6 24,6
20 23,1 22,5 22,8 21,6 22,8 21,9 23,3
20,9 21
10
00
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Juventude
Rush hour
Fase tardia
30
Ideias-chave
31
4. Articulação
trabalho-família
33
Durante a mais recente crise económica e financeira
houve um agravamento da situação dos homens europeus
no mercado de trabalho. Não só o aumento nas taxas de
emprego de homens com crianças dependentes foi menos
significativo do que o aumento das taxas de emprego das
mulheres em situação idêntica – facto explicável pelas taxas
de emprego tradicionalmente mais elevadas para os homens
– como houve países onde a participação masculina no
mercado de trabalho diminuiu (Grécia, Chipre e Espanha).
40
31.7
20 17,2
15.4
10,6 11,2
7,2 6,4 7,9 9,4 8,6
5,6 6,1 6,1 6,4
3,1 4,1 4,6 4,8 5,2 4,2 3,4 4,5 3,8
2,1 1,2 1,3 1,6 1,8 2,4 2,3 2,6
0,7 0,4
00
-0,6 -1,9 -0,7
-1,2 -2,2 -2.7
-3,3 -0,3
-1,8
-0,6 -3,3 -6,8 -5,9
-7,4 -8.6
-20
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G a
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Ch
pa
M
U
v
vá
t
U
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lo
t
Es
Homens
Mulheres
34
Em Portugal, a esmagadora maioria das e dos trabalhadores
entre os 30 e os 49 anos que vivem em casal, têm cônjuges ou
parceiros(as) que também trabalham a tempo inteiro (88%),
um valor bastante superior à média europeia a 27 países
(63%). Este é o modelo prevalecente em toda a Europa e só
em 21% dos agregados os homens trabalham a tempo inteiro
e as mulheres a tempo parcial. No entanto, há países, como
a Holanda, a Alemanha e a Áustria, em que, nesta idade da
vida, é mais frequente o homem trabalhar a tempo inteiro
e a mulher a tempo parcial.
35
Figura 9. Distribuição de trabalhadores e trabalhadoras a viver em casal,
por tipo de agregado e por grupo etário (em %), em 2015
100
87,8
80
63,3 63,1
60 54,3
40
36
Não parece plausível que os homens passem a dedicar-se
menos às tarefas domésticas com o avançar da idade. Estas
assimetrias geracionais são provavelmente motivadas pela
manutenção de estereótipos de género, associados a modos
de vida tradicionais, nas pessoas mais velhas. De resto, no que
respeita aos cuidados familiares, há uma mudança expressiva
entre gerações, visto que os homens mais novos, e mesmo os
que estão na rush hour, despendem mais horas nos cuidados
aos familiares do que os homens mais velhos.
Homens Mulheres
25 24
22 21 20
20 18 19 18 19
16 15 1516 16 16
15 1314 13
12 12
10 9 9 10 9 11 10 11
10 9 10
87 7 7 8 7
6 6 6 6 6
5
0
Finlândia
Suécia
França
Alemanha
Espanha
Portugal
Rep. Checa
Polónia
Finlândia
Suécia
França
Alemanha
Espanha
Portugal
Rep.Checa
Polónia
Juventude
Rush hour
Fase tardia
37
penalizadas do que os homens em qualquer fase da vida. Esta
assimetria é um dos fatores que mais contribui para a desi-
gualdade entre homens e mulheres, não só no emprego, mas
também na participação cívica e política, na generalidade
dos países europeus.
Ideias-chave
38
5. Violência e crime
39
Figura 11. População prisional em Portugal (dos 15 aos 64 anos) por sexo
e grupo etário, em 2016
80
60
40
20
00
15-29 anos 30-49 anos 50-64 anos
Homens
Mulheres
40
Figura 12. Autores/as de violência física, psicológica e sexual contra homens
e mulheres, em 2007
26,3%
22,1%
74,7% 77,9%
Homens
Mulheres
41
Ideias-chave
42
6. Saúde e causas de morte
43
Há vários estudos que confirmam a existência de dife-
renças de género na saúde em toda a UE, em prejuízo das
mulheres, no que diz respeito à dor crónica, doenças psiquiá-
tricas e doenças crónicas. Talvez por isso, as mulheres
portuguesas recorrem mais aos cuidados de saúde do que os
homens. Em 2014, a proporção de homens que não consultou
qualquer médico nos 12 meses anteriores foi sempre supe-
rior à das mulheres.
44
Analisando apenas as causas externas de morte na União
Europeia, também encontramos alterações ao longo das
idades da vida. Os acidentes, excetuando os acidentes rodo-
viários, são a principal causa de morte externa em todas
as idades, qualquer que seja o género. A segunda causa mais
comum a partir da juventude é o suicídio, especialmente
na rush hour (27% dos homens e 30% das mulheres). É impor-
tante destacar que as mulheres não se suicidam mais do que
os homens. De facto, em termos absolutos, há mais homens
a cometerem suicídio. Acontece que o número de
homens que morrem em acidentes é ainda maior, o que
acaba por reduzir o peso dos suicídios no total das mortes
por causas externas.
Ideias-chave
45
7. Valores
47
algumas hipóteses. Com a exceção da Espanha, os países
que menos aderem aos valores materialistas são aqueles que
detêm formas mais desenvolvidas do Estado Social, onde
existem menos desigualdades sociais, e que apresentam
maiores índices de confiança social e política. Portugal está
entre os países em que os indivíduos menos se identificam
com valores associados à benevolência e ao universalismo
(como a igualdade de oportunidades, a proteção do ambiente
e o bem-estar alheio).
48
a aventura, a diversão e o prazer do que as gerações mais velhas.
De forma transversal aos países analisados, os homens jovens
são mais abertos à mudança do que as mulheres. Há duas exce-
ções interessantes a esta tendência europeia: em Portugal,
a abertura à mudança é igual entre géneros e, na Finlândia,
as mulheres têm uma maior inclinação para a mudança.
49
Ideias-chave
50
8. Género, educação,
trabalho e classe social
51
No contexto europeu, Portugal encontra-se numa posição
intermédia no que respeita à taxa de emprego, taxa de desem-
prego e à média de horas de trabalho. Os homens gregos
e espanhóis apresentam a maior taxa de desemprego e a menor
taxa de emprego, a maior média de horas semanais e uma
posição intermédia relativamente à proporção de homens que
completaram o ensino superior. Já o nosso país apresenta uma
proporção menor de homens com o ensino superior, junta-
mente com países como a Itália, a Polónia e a Roménia.
52
dos países analisados, as mulheres estão mais representadas
do que os homens no grupo de “profissionais técnicos e de
enquadramento”, que corresponde a pessoas com formação
superior, o que se explica pelo facto de elas serem em média
mais escolarizadas do que eles.
53
na rush hour (7,2%) do que na fase tardia da vida ativa (5,8%).
Aliás, Portugal é o país com a menor proporção de mulheres
nesta categoria, entre os 50 e os 64 anos.
54
“falsos recibos verdes”. Para além disso, durante a última
crise económica e financeira várias pessoas que se tinham
aposentado antecipadamente ou que perderam os seus
empregos passaram a trabalhar como independentes,
engrossando esse número (cerca de 25% dos homens
e de 27% das mulheres).
55
Conclusão
Educação
l Destaca-se o grande salto dado por Portugal, sobretudo
pela geração mais jovem. De 2000 para 2016, verificou-se
uma diminuição acentuada das e dos jovens que apenas
atingem o ensino básico e um crescimento, embora menos
expressivo, daquelas e daqueles que completam o ensino
secundário e superior, com destaque para as jovens
mulheres. A par deste aumento da escolaridade das gera-
ções mais novas, persiste a baixa escolaridade das pessoas
entre os 50 e os 65 anos.
57
Trabalho
l O maior sucesso escolar das raparigas não encontra
tradução prática imediata: a taxa de emprego da popu-
lação jovem (15-29 anos) é ligeiramente mais elevada entre
os homens do que entre as mulheres, em Portugal e na
maioria dos países europeus. No contexto da UE a 27, veri-
fica-se uma subida da participação feminina no mercado
de trabalho, destacando-se Portugal por apresentar uma
taxa de emprego feminino acima da média europeia.
58
tal como nos países da Europa do sul e de leste, as e os
jovens saem mais tarde de casa dos pais, o que poderá estar
associado aos salários baixos que normalmente auferem.
Articulação trabalho-família
l Em todas as idades da vida existe uma forte feminização
do trabalho não pago, com sobrecarga das mulheres, tanto
em Portugal como na Europa. Em Portugal, as mulheres
trabalhadoras entre os 15 e os 49 anos dedicam em média
o dobro das horas dos homens ao trabalho doméstico
e a cuidar da família. Ao mesmo tempo, os dados revelam
que na maioria dos países da União Europeia aumentou
a taxa de emprego de mulheres com filhos dependentes,
desde o início do milénio. Tendo em conta que persistem
disparidades de género na afetação das horas de trabalho
pago e não pago em quase toda a Europa, é necessário
instituir políticas que, a par da empregabilidade feminina,
promovam a igualdade de género.
59
Violência, saúde e causas de morte
l Os homens jovens, em Portugal e na Europa, têm mais
comportamentos de risco e são mais violentos do que as
mulheres jovens. Em todas as idades da vida, os homens
constituem a esmagadora maioria da população prisional,
sendo os principais condenados por homicídios e crimes
de índole sexual, possivelmente na tentativa de assumir
uma masculinidade que visa uma posição de controlo
sobre as mulheres e os outros homens. As mulheres são as
principais vítimas de crimes de agressão sexual e violação,
e mesmo quando os homens são vítimas de violência, os
agressores são, tendencialmente, outros homens.
Valores
l Em todas as idades da vida defendem-se mais os valores
universalistas e rejeitam-se mais os valores materialistas.
No entanto, as pessoas jovens, em Portugal e na Europa,
defendem menos os valores universalistas do que as pessoas
mais velhas, sendo que as mulheres jovens defendem-nos
60
mais do que os homens jovens, provavelmente porque estes
enfrentam condições de vida e de trabalho mais precá-
rias. Para além disso, as pessoas jovens são mais abertas à
mudança do que as mais velhas, sobretudo os homens.
61
l A análise das classes sociais em Portugal e nalguns países
da Europa revela uma segregação de género horizontal
e vertical. Por outras palavras, as mulheres estão geralmente
confinadas a sectores profissionais que lhes conferem
menos retorno financeiro e menos prestígio social do que
os homens, para além de ocuparem, na maioria dos casos,
funções mais baixas na hierarquia profissional.
62
uma probabilidade maior de ficar no desemprego e ocupam
mais tempo nas tarefas domésticas e a cuidar da família.
Trata-se de uma tendência transversal a todos os países da
Europa, que atinge as diferentes classes sociais. Constatar
este facto é importante porque, apesar das mudanças face
ao passado, os dados evidenciam a persistência das desigual-
dades. Vários estudos mostram que as mulheres tendem a ser
preteridas em processos de recrutamento quando têm
currículos semelhantes aos dos homens, o que contribui
para perpetuar a desigualdade.
63
sistemática. Embora a taxa de emprego das mulheres entre
os 50 e os 65 anos varie de acordo com as profissões ou
com a classe social, em países que apresentam percenta-
gens significativas de mulheres com poucas qualificações
nesta idade, como Portugal, é plausível que a saída do
mercado de trabalho implique carreiras contributivas mais
curtas e maior risco de pobreza em idades avançadas.
64
risco com efeitos extremamente negativos. Tal é evidente
quando se conclui, por exemplo, que na UE a 28 países
60% dos homens jovens morrem de causas externas às
doenças (acidentes, acidentes rodoviários, quedas, afoga-
mentos, suicídio, envenenamento e agressão), o que
acontece apenas com 40% das mulheres jovens.
65
Abreviaturas
67
Glossário
69
sociais, bem como ao nível das culturas organizacionais das instituições
nos seus modos de funcionar tradicionais que, por vezes, adotam a retó-
rica da igualdade sem que ela se traduza em mudança.
70
3) Fase tardia da vida ativa (50-65 anos).
Por opção metodológica delimitámos o nosso estudo até à idade
ativa, não abordando a fase da vida após os 65 anos. Esta corresponde
à idade da reforma/velhice.
71
Segregação vertical – Verifica-se quando um dos géneros se concentra
nos níveis mais baixos da hierarquia profissional. Por outras pala-
vras, este conceito não diz respeito às atividades profissionais, mas
às posições hierárquicas ocupadas. A maioria das mulheres europeias
continua a ser impedida de aceder ao topo da hierarquia profissional.
72
Para saber mais
73
Pode ainda ser consultado o estudo completo que inspirou este
Resumo, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos –
Igualdade de género ao longo da vida: Portugal no contexto Europeu, 2017.
74
Autores
75
Diana Maciel, Prof.ª Auxiliar Convidada do ISCSP-ULisboa e
investigadora e membro fundador do CIEG. Doutoranda em Sociologia
pelo ISCTE-IUL. Investiga na área da igualdade de género, juventude,
toxicodependências e estudos longitudinais. Tem apresentado
comunicações em conferências nacionais e internacionais e publicado
artigos e livros dentro destas temáticas.
76
isbn 978-989-8863-99-7