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AHE DE PALHAIS

ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL – RESUMO NÃO TÉCNICO

APROVEITAMENTO HIDROELÉCTRICO DE
PALHAIS

ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL

RESUMO NÃO TÉCNICO

ABRIL 2004
Edição revista
AHE DE PALHAIS
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL – RESUMO NÃO TÉCNICO

APROVEITAMENTO HIDROELÉCTRICO DE PALHAIS

RIBEIRA DA SERTÃ, CONCELHO DA SERTÃ

ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL

RESUMO NÃO TÉCNICO

ÍNDICE Pág.

1. INTRODUÇÃO .......................…………………………………………………………………………............... 1

2. LOCALIZAÇÃO, DESCRIÇÃO E EXPLORAÇÃO DO APROVEITAMENTO ............................................ 3

3. SITUAÇÃO ACTUAL, AVALIAÇÃO E MITIGAÇÃO DOS PRINCIPAIS IMPACTES AMBIENTAIS........... 9


AHE DE PALHAIS
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL – RESUMO NÃO TÉCNICO

1. INTRODUÇÃO

A Hidroerg – Projectos Energéticos, Lda., pretende implantar no troço final da ribeira da Sertã, quase
imediatamente a montante da albufeira de Castelo do Bode, o Aproveitamento Hidroeléctrico (AHE) de Palhais
(Figura 1). Tal empreendimento inserir-se-á no distrito Castelo Branco, no concelho na Sertã, nas freguesias
de Palhais (a sua maior parte), Sertã, Cumeada, Cernache do Bonjardim e Nesperal. As duas últimas
freguesias serão apenas interferidas pela linha de interligação do AHE à rede eléctrica nacional.

Bacia hidrográfica da
barragem de Palhais

Figura 1 – Localização geral do AHE de Palhais na ribeira da Sertã.

O aproveitamento terá como único objectivo a produção de energia eléctrica, em regime de exploração a
fio-de-água com regularização diária de afluências, a partir da utilização dos caudais sobrantes da ribeira da
Sertã, entendendo-se por tal os caudais sobrantes das utilizações prioritárias até ao limite da capacidade do
circuito hidráulico do AHE. Utiliza, pois, um recurso natural renovável e endógeno – a água –, o que se irá
traduzir na desnecessidade de importação anual do combustível fóssil necessário para uma produção térmica
equivalente, reduzindo assim a dependência energética exterior do País e não produzindo ainda quaisquer
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emissões gasosas (designadamente de gases com efeito de estufa), resíduos ou efeitos poluentes na sua fase
de exploração.

Estes resultados ambientais positivos, de âmbito global, são ainda acentuados na medida em que os
pequenos aproveitamentos hidroeléctricos (comummente designados por mini-hídricas) utilizam tecnologias
conhecidas há mais de um século, bem testadas e seguras, que pela sua disseminação geográfica constituem
um factor de desenvolvimento sócio-económico equilibrado e de ordenamento do território regional em que os
projectos se inserem.

O presente documento – Resumo não Técnico, RNT – sintetiza o conteúdo do Estudo de Impacte
Ambiental (EIA) do AHE de Palhais nos seus aspectos mais relevantes (e em termos que se pretendem
acessíveis à maioria dos potenciais interessados naquele Estudo, aliás, em conformidade com os Critérios de
Boas Práticas para a Elaboração e Avaliação de RNT (site do Instituto do Ambiente, www.iambiente.pt).

Regista-se que o EIA foi elaborado entre Março e Dezembro de 2003 por uma equipa multidisciplinar de
consultores da Hidroerg que incluiu especialistas nas seguintes áreas específicas: planeamento e
aproveitamento integrado de sistemas hídricos; hidrologia, hidráulica e recursos hídricos; ecologia aquática,
flora aquática e ribeirinha, fauna e recursos naturais; sistemas de produção e transporte de energia eléctrica,
paisagem e ordenamento do território; hidrogeologia e geologia de engenharia; e, arqueologia.

A solução do AHE de Palhais analisada no IEA é a que consta do respectivo Estudo de Viabilidade
Técnico-Económica, a cuja reformulação e completamento se procedeu em Novembro de 2003. O projecto
hidroeléctrico de Palhais encontra-se pois, na presente fase, desenvolvido a nível de Estudo Prévio.

O presente Resumo Não Técnico foi reformulado de acordo com as recomendações, nesse sentido, da
Comissão de Avaliação do Estudo de Impacte Ambiental.

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2. LOCALIZAÇÃO, DESCRIÇÃO E EXPLORAÇÃO DO APROVEITAMENTO

O AHE de Palhais localizar-se-á nas freguesias de Palhais (a maior parte do empreendimento),


Cernache do Bonjardim, Cumeada, Sertã e Nesperal, concelho da Sertã, distrito de Castelo Branco, no troço
final da ribeira da Sertã, afluente da margem esquerda do rio Zêzere e subafluente da margem direita do rio
Tejo (Figura 3, incluída na página seguinte).

O empreendimento compreenderá uma barragem localizada na ribeira da Sertã, cerca de 900 m


montante da Ponte da Rolã, um circuito hidráulico integralmente em pressão e que se desenvolve
maioritariamente em túnel, uma central hidroeléctrica e a respectiva subestação e, ainda, a linha de
interligação à rede eléctrica nacional. Na Figura 2 apresenta-se a constituição esquemática do AHE de
Palhais.

Local da barragem

NPA=181,00
Barragem
Ribeira da Planta da central
Sertã

Tomada de água
submersa

3,2 m/km Conduta forçada


l = 60 m
Aço φ = 1 700 mm
1.60 m

1.60 m Q = 10,5 m 3/s


125,20
1.80 m

Ribª da Sertã

3.20 m
Túnel Central hidroeléctrica
l = 2 170 m Turbina Francis de eixo horizontal
A = 9,8 m 2 Encosta de inserção do túnel P = 4,5 MW
Q = 10,5 m 3/s E = 13,89 GWh

Figura 2 – Esquema geral do AHE de Palhais.

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Traçado previsto
da linha de
interligação

Barragem

Albufeira
Túnel

Limite da zona de protecção da albufeira de Central


Castelo de Bode (POACB, Resolução do
Conselho de Ministros nº 69/2003, de 10 de
Conduta
forçada

Figura 3 – AHE de Palhais. Implantação esquemática


(escala: 1/25 000, carta nº 288).

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A barragem – que criará uma pequena albufeira com a capacidade útil de 130 000 m3, destinada à
regularização diária parcial das afluências – será constituída por uma soleira descarregadora com crista à cota
do nível de pleno armazenamento (NPA) e desenvolvimento de cerca de 40.40 m. A soleira foi dimensionada
para a passagem do caudal de ponta da cheia milenária (cerca de 718 m3/s), conducente ao nível de máxima
cheia (NMC) de 185.00. Atendendo a que a cota do leito da ribeira na secção da barragem é sensivelmente de
168.60, obtêm-se alturas máximas da soleira descarregadora acima do terreno natural e da cota mais baixa da
fundação (167.10) de cerca de 12.40 e 13.90 m, respectivamente. Para os encontros laterais situados cerca de
um metro acima do NMC, conclui-se, assim, que a altura máxima da barragem acima da cota mais baixa da
fundação será de 18.90 m.

Tendo por base a cartografia disponível à escala 1:5 000, na Figura 4 esquematizam-se os planos de
água ocasionados pela barragem de Palhais para a cota do NPA e para a ocorrência da cheia milenária. A
área a inundar, à cota do NPA, encontra-se igualmente representada na já mencionada Figura 3.

Figura 4 – Planta esquemática da albufeira criada pela barragem do AHE de Palhais para a cota do NPA e
para a ocorrência da cheia milenária.

Junto à soleira descarregadora, na zona do encontro da margem direita, será instalado o dispositivo
para passagem de peixes e para lançamento do caudal ecológico, este último, com o valor total de 270 l/s. O
anterior dispositivo será constituído por bacias sucessivas ou deflectores, do tipo das ilustradas na
Fotografia 1, relativa ao aproveitamento de Janeiro de Cima, no rio Zêzere.

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Escada de peixes

Fotografia 1 – Aproveitamento de Janeiro de Cima. Escada de peixes: inserção geral (vista de


jusante), traçado (vista de montante) e pormenor das bacias (fotografias cedidas pela Direcção-Geral de
Florestas, Divisão do Ordenamento da Pesca em Águas Interiores).

A tomada de água para o circuito hidráulico será submersa e localizar-se-á próximo ao encontro da
margem esquerda, permitindo derivar o caudal máximo de 10.50 m3/s. A jusante da tomada de água, o circuito
hidráulico será quase integralmente enterrado, iniciando-se por um túnel, com um comprimento de cerca de
2 170 m. O túnel será executado no substrato rochoso e revestido, onde necessário, com betão projectado.

Ao referido túnel seguir-se-á uma curtíssima conduta forçada de aço, com o comprimento de cerca de
60 m e o diâmetro 1 700 mm, inserida entre as cotas 165.0 e 126.2. Na fase de projecto haverá que averiguar
se a transição entre o túnel e a conduta forçada carecerá, ou não, da execução de uma chaminé de equilíbrio
que, por agora, se admitiu ser dispensável. Prevê-se que a conduta seja instalada à vista, apoiada em maciços
e berços em betão armado e adequadamente tratada com um revestimento baço e de cor verde escura, que a
dissimule na paisagem.

A central hidroeléctrica inserir-se-á na margem esquerda da ribeira da Sertã, e nela serão restituídos
os caudais turbinados à própria ribeira. A central situar-se-á cerca de 1 800 m a montante da Ponte do Porto
dos Cavalos, ou seja, fora da zona de influência da albufeira de Castelo de Bode, cujo nível de máxima cheia
se situa à cota 122.00 (ver Figura 3).

A central será semi-enterrada e apresentará planta rectangular com dois pisos, um superior térreo com
16.0 x 10.5 m2 de área e outro a cota inferior com 13.3 x 10.5 m2 de área – Figura 5. A central será equipada
com um grupo turbina-gerador, sendo a turbina do tipo Francis de eixo horizontal, com a potência global de
cerca de 4.5 MW, dimensionada para o caudal máximo de 10.50 m3/s e para a queda útil de 52.14 m. Nas
anteriores condições, estima-se que a produção anual média ascenda a cerca de 13.89 GWh. Admite-se que a
potência a instalar no AHE de Palhais possa subir até 4.65 MW em fase de projecto, tidos em conta os
elementos topográficos e hidrológicos de pormenor, então disponíveis.

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Pórtico de manobra dos equipamentos

Quadros
Celas a 6.6 kV Quadro geral

129.70 Figura 5 – Central. Corte.

Turbina Gerador

125.20

Face ao traçado alongado do circuito hidráulico do AHE de Palhais, o estaleiro deverá ser implantado
numa posição central, de modo a reduzir os percursos em obra, tendo em conta as frentes de trabalho
extremas, relativas à execução da barragem e da central hidroeléctrica.

A localização do estaleiro deverá ser objecto de proposta do empreiteiro, face à sua programação da
obra, em termos de funcionalidade da execução e do número de frentes de trabalho. Porém, atendendo aos
acessos rodoviários a afectar à construção e, muito em especial, aos acessos já existentes, à ocupação do
solo e à topografia do terreno, prevê-se que o estaleiro (com a área aprox. de 3 000 m2) se situe nas
proximidades da localidade da Rolã, beneficiando da estrada que se desenvolve a partir da EN 534-1 na
direcção daquela localidade, conforme localização esquematizada na Figura 3.A.

A actual fase de desenvolvimento dos estudos do AHE de Palhais não se coaduna com a localização
precisa das escombreiras para onde será transportado o material sobrante das escavações necessárias à sua
execução, localização que igualmente requer a aprovação das entidades oficiais competentes. Não obstante,
unicamente com base no reconhecimento já efectuado, com ênfase para a respectiva morfologia e ocupação
do solo e para os acessos existentes ou previstos afectar ao aproveitamento, identificaram-se, na mencionada
figura, localizações que aparentam propiciar uma instalação favorável para aqueles depósitos, mas que
poderão ser oportunamente revistas. Predominando os volumes de escavação sobre os de aterro, não se
justifica recorrer a manchas de empréstimos de materiais.

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Relativamente aos acessos rodoviários aos diferentes órgãos constituintes do aproveitamento, prevê-se
que sejam preferencialmente utilizados caminhos já existentes que, para tal, serão beneficiados e prolongados
quando necessário, conforme também indicado na mesma Figura 3.A.

Por fim, anota-se que, em termos genéricos, o projecto do AHE de Palhais contemplará uma fase de
construção, com a duração prevista de 18 meses, incluindo o período final de ajustamentos e de ensaios.
Findo o prazo máximo da licença de utilização do recurso água (em princípio, de 35 anos, renováveis) e se
houver perda de interesse, por razões económicas, técnicas ou outras, por parte do titular da licença ou
concessão ou de qualquer outra entidade pública ou privada, na continuidade da produção de energia
eléctrica, seguir-se-á a desactivação do empreendimento, nos termos previstos na lei.

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3. SITUAÇÃO ACTUAL, AVALIAÇÃO E MITIGAÇÃO DOS PRINCIPAIS IMPACTES AMBIENTAIS

No presente capítulo procede-se à caracterização sintética da situação actual, tendo por base os
descritores considerados mais relevantes (designada e sequencialmente, nos âmbitos da geologia, do clima,
dos recursos hídricos, da qualidade do ar, do ruído, dos solos, da flora e da fauna, da paisagem, do património,
da sócio-economia e do ordenamento do território) e especificam-se os impactes decorrentes da execução do
empreendimento sobre tais descritores. Quando aplicável, destacam-se, ainda, as medidas destinadas à
prevenção e mitigação dos impactes negativos ocasionados.

No que respeita à geologia, a região que integra o aproveitamento de Palhais é constituída


essencialmente por rochas do complexo xisto-grauváquico. Trata-se de uma constituição geológica que, à
escala regional, apresenta grande uniformidade, não só no que respeita à origem litológica como à orientação
da xistosidade. O relevo da região, resultante do encaixe da ribeira da Sertã na superfície planáltica de
Cernache do Bonjardim, é característico de maciços xistentos, constituído por uma sucessão de colinas de
cumes arredondados, com declives pronunciados que reflectem a juventude do encaixe da ribeira. Anota-se
que, relativamente aos dois descritores precedentes, não se identificaram quaisquer impactes decorrentes da
execução do aproveitamento de Palhais

Em termos de clima, as variáveis climáticas mais relevantes na zona de inserção do AHE de Palhais
foram caracterizadas com base na estação climatológica de Castelo Branco, com obtenção dos valores
mensais médios apresentados na Figura 6. Esta figura transcreve uma situação característica em Portugal
Continental no que respeita a sazonalidade do regime hidrológico e, consequentemente, à sazonalidade das
disponibilidades hídricas e das necessidades das culturas agrícolas: as maiores evaporações, que ocorrem
nos meses de Verão e que coincidem com as menores nebulosidades, portanto, com as mais elevadas
insolações, bem como com as mais elevadas temperaturas e défices de humidade, são acompanhadas das
mais reduzidas precipitações, conduzindo, consequentemente, a situações de acentuado défice hídrico no
semestre seco. Não se antevêem quaisquer impactes no clima decorrentes da execução do AHE de Palhais.

P, H, T, E N
250 7.5

200 6.0

150 4.5
Figura 6 – Precipitação, humidade
100 3.0
relativa, nebulosidade, temperatura
e evaporação: valores médios 50 1.5

mensais. 0 0.0
1
Jan
Jan 2
Fev
Fev 3
Mar
Mar 4
Abr
Abr 5
Mai
Mai 6
Jun
Jun 7
Jul
Jul 8
Ago
Ago 9
Set
Set 10
Out
Out 11
Nov
Nov 12
Dez
Dez
Mês
Precipitação, P (mm) Temperatura, T (ºC)
Humidade relativa, H (%) Evaporação, E (mm)
Nebulosidade, N (décimos)

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Relativamente aos recursos hídricos superficiais a ao consequente efeito nos mesmos atribuível à
construção do AHE de Palhais, a Figura 7 contém a caracterização sintética das situações actual (regime
natural de caudais) e futura (após a construção do empreendimento, ou seja, regime natural modificado), no
trecho da ribeira da Sertã situado entre a barragem e a restituição da central. Os dois primeiros gráficos
tiveram por base estudos de simulação para o período de 14 anos, entre 1976/77 e 1989/90, e contêm a
representação de caudais médios ao longo dos sucessivos meses e anos do período simulado. O terceiro
gráfico, em baixo, representa os caudais mensais médios no mesmo período.

Verifica-se, assim, que o regime natural modificado exibe variabilidade inter anual e intra anual que
mimetiza a variabilidade do regime sem execução do AHE de Palhais. A presença do aproveitamento faz-se
sentir de modo mais evidente nos períodos secos, em que o caudal que se escoa no trecho interferido – entre
a secção de montante da albufeira e a restituição da central – é mais frequentemente igual ou próximo do
caudal ecológico.

3
Caudal médio mensal (m /s)
60

50

40

30
Regime natural

20
Regime natural modificado

10

0
076/77
12 24
78/7936 4880/81
60 72
82/8384 9684/85
108 120 132 144
86/87 156 168
88/89

Ano hidrológico

3
Módulo anual e plurianual (m /s)
12

10

8
Regime natural
6

Regime natural modificado


4

0
76/77 78/79 80/81 82/83 84/85 86/87 88/89

Ano hidrológico

10
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3
Caudal mensal médio (m /s)
18

16

14

12 Regime natural
Regime natural modificado
10

0
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
Mês

Figura 7 – Caudais no trecho da ribeira da Sertã entre as secções relativas à barragem e à central do AHE de
Palhais, nas situações sem (regime natural) e com (regime natural modificado) a execução do aproveitamento:
médias dos caudais ao longo dos sucessivos meses e anos do período de simulação.

Regista-se que os caudais indicados na Figura 7 tiveram em conta os consumos e utilizações de água,
existentes ou previstas, na bacia hidrográfica do aproveitamento, bem como os caudais afectos a fins
ecológicos e ao funcionamento da escada de peixes. Os usos da água a montante da barragem compreendem
rega e abastecimento urbano, num volume consumido total estimado em cerca de 6,37 hm3, e estão
naturalmente assegurados, pois à albufeira do aproveitamento só afluirá o que deles sobrar. A jusante da
barragem do AHE de Palhais, até à secção de restituição da respectiva central e mesmo daí para jusante, não
se detectaram quaisquer utilizações do domínio hídrico, havendo, contudo, vestígios de ocupação passada,
designadamente, documentados na Fotografia 2. Deste modo, o caudal total a reservar no trecho do curso de
água interferido pelo AHE de Palhais corresponderá ao caudal ecológico, com o valor de 270 l/s. De modo a
assegurar o bom funcionamento da escada de peixes, daquele caudal, 125 l/s serão lançados logo no início de
tal escada a que, na última bacia da mesma, se adicionarão 145 l/s, perfazendo o total mencionado de 270 l/s.

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Fotografia 2 – Ruína do moinho inserido


no trecho da ribeira da Sertã (margem
direita) entre as secções relativas à
barragem e à restituição da central do AHE
de Palhais.

Abre-se um breve parêntese para registar o modo como a central do AHE de Palhais será explorada,
modo que, aliás, conduziu aos caudais apresentados na anterior Figura 7: caudais afluentes à albufeira forem
menores ou iguais a 270 l/s serão integralmente lançados para jusante, estando, portanto, a central parada;
quando os caudais afluentes excedam o caudal ecológico, proceder-se-á ao turbinamento do caudal acima dos
270 l/s, até ao limite correspondente ao caudal máximo turbinável de 10,5 m3/s; para caudais afluentes
superiores à soma dos caudais máximo turbinável e ecológico (ou seja, superiores a 10,77 m3/s), a central
funcionará à plena carga, turbinando em permanência 10,5 m3/s e descarregando o excedentário deste caudal
para jusante, através da escada de peixes e da soleira descarregadora.

No que respeita aos recursos hídricos subterrâneos, na região de influência do AHE de Palhais, tais
recursos são muito escassos, devido a baixa permeabilidade do maciço xisto-grauváquico, não se tendo
identificado nascentes com interesse ou explorações de água subterrâneas. Embora se tenha detectado a
ocorrência de um poço para exploração de água freática no depósito coluvial existente na área planáltica,
cerca de 120 m acima do túnel que será construído, e de água de nascente na linha de água que drena aquele
depósito para a ribeira da Sertã, a baixa permeabilidade do maciço e a distância considerável que separa o
percurso do túnel da toalha freática relacionável com ambas as ocorrências, desvalorizam qualquer risco de
interferência da escavação daquela obra no modesto sistema aquífero.

Não havendo, assim, riscos de interferência com o sistema aquífero da zona, o impacte da obra
projectada sobre os referidos poço e nascente é nulo ou, mais rigorosamente, insignificante.

De acordo com as informações disponíveis, a água da ribeira da Sertã apresenta uma qualidade
variável, tornando-se de pior qualidade de montante para jusante, facto a que não será estranho o aumento da
utilização humana da bacia nesse mesmo sentido. Esta ocorrência faz com que a ribeira da Sertã seja
considerada um dos afluentes que contribuem para a contaminação, sobretudo microbiológica, da albufeira de
Castelo do Bode. A poluição é originada maioritariamente pelos efluentes domésticos e de suiniculturas, não

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apresentando a ribeira da Sertã poluição potencial de origem industrial. O troço final da ribeira da Sertã está
classificado como águas de ciprinídeos, embora ainda não existam informações sobre a conformidade dessa
classificação com a qualidade da água naquele troço.

Apesar de os problemas que actualmente se reconhecem em relação a alguns aspectos da qualidade


da água no troço final da ribeira da Sertã, a construção e a sequente exploração do AHE de Palhais não fazem
prever impactes (positivos ou negativos) sobre tal qualidade, devido, sobretudo, ao aproveitamento não
implicar qualquer descarga de efluentes para o meio fluvial, ao pequeno período de tempo em que a água é
armazenada na albufeira (o que impede que essa água se degrade) e à manutenção de um regime de caudais
ecológicos no troço da ribeira entre a barragem e a central hidroeléctrica. Na secção de restituição da central
haverá mesmo um acréscimo da oxigenação da água, por emulsão de ar.

Também a qualidade do ar e o ambiente sonoro actualmente existentes na zona não sofrerão


qualquer adulteração permanente com o funcionamento do aproveitamento, dado que o mesmo não produz
quaisquer resíduos ou emissões gasosas, nem deverá gerar ruído audível no exterior do edifício da central
hidroeléctrica, já que esta componente de obra terá um adequado tratamento acústico, em observância das
normas para o efeito aplicáveis. Acresce a utilização de uma turbina Francis, naturalmente geradora de
reduzidos níveis de ruído. Durante a construção do AHE registar-se-ão algumas alterações pontuais do
ambiente sonoro e da qualidade do ar, devidas a aumentos do ruído e da concentração de partículas/poeiras,
fundamentalmente em resultado dos movimentos de terras, da operação das máquinas e viaturas utilizadas na
obra e da circulação por estradas de terra. Estas alterações negativas serão contudo pouco importantes, dada
a dimensão das obras a executar, além de cessarem após a construção do AHE. Neste domínio, deve ser
realçado que as várias frentes de obra (barragem, central, circuito hidráulico e linha de interligação à rede
eléctrica nacional) se situam longe de habitações, permitindo assim reduzir substancialmente os efeitos
negativos durante o período de construção do AHE.

Os solos da zona de estudo apresentam um desenvolvimento reduzido e uma baixa fertilidade, o que
condiciona naturalmente a sua utilização agro-florestal. De acordo com a carta de aptidão de uso do solo, o
projecto hidroeléctrico de Palhais desenvolver-se-á totalmente em solos de utilização não agrícola. De acordo
com a capacidade de uso do solo, este é ocupado maioritariamente por pinhais e por matos. Os impactes
resultantes da construção e exploração do AHE de Palhais sobre os solos serão pouco importantes, até por
grande parte do empreendimento se desenvolver em túnel, fazendo-se sentir pela ocupação definitiva dos
locais de implantação da barragem/albufeira e da central/subestação e pela execução de novos acessos
rodoviários ou pela melhoria e prolongamento dos já existentes. As áreas de solo a afectar são ocupadas por
utilizações pouco exigentes e comuns em toda a região, para além de serem pouco importantes em termos da
sua dimensão. A afectação de uma área reduzida de floresta e de matos permite que a exploração florestal se
mantenha como principal fonte de ocupação da população envolvida.

Numa análise global da vegetação existente, é possível dizer que se trata de uma zona onde a pressão
humana foi fundamental na conformação da estrutura actual da paisagem e da vegetação, essencialmente
através da actividade florestal. Esta acção alterou profundamente os ambientes naturais e criou uma vasta

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área colonizada por pinhais. No fundo dos vales sobressaem ainda zonas de bosque ribeirinho que, pela sua
diversidade florística, ajudam a identificar o traçado da ribeira da Sertã. Esta unidade corresponde ao Habitat
n.º 91E0 do Anexo B-I da Directiva Habitats, embora apresente na área estudada um mau estado de
conservação.

A construção do AHE de Palhais envolverá um conjunto de intervenções que determinam a destruição


da vegetação em algumas zonas circunscritas, designadamente na área da barragem, na área correspondente
à albufeira criada pela barragem, no troço do circuito hidráulico em conduta forçada e nas áreas a edificar. No
entanto, tratando-se de áreas profundamente afectadas por usos antecedentes (exploração florestal) e
colonizadas por formações vegetais de baixo valor conservacionista, este tipo de intervenção não implica
desequilíbrios importantes, nem afecta negativamente espécies ou formações florísticas protegidas. A fase de
exploração implicará pequenas afectações, cingindo-se às áreas edificadas, ou onde podem decorrer acções
de manutenção ou de reparação. Ressalva-se, todavia, as alterações potenciais decorrentes da modificação
do regime de caudais para jusante da barragem de Palhais, até à restituição da central, embora estas
alterações sejam substancialmente minoradas pela manutenção obrigatória de caudal ecológico no curto
trecho interferido do curso de água

De acordo com a forma como variam as comunidades de peixes ao longo da bacia do rio Tejo, em
geral, e do rio Zêzere, em particular, o troço da ribeira da Sertã objecto de estudo apresenta uma ictiofauna
composta exclusivamente por espécies de águas quentes (sem truta) e com alguma influência dos peixes que
ocorrem na albufeira de Castelo do Bode. Assim, para além da ocorrência dominante do escalo, do bordalo, da
boga e do barbo (todos ciprinídeos), subsistem também espécies como a perca sol – características da
albufeira. O valor patrimonial desta comunidade piscícola é reduzido, ao apresentar associações dominadas
por espécies nativas não ameaçadas e com uma larga distribuição na Península Ibérica. O principal impacte
negativo da construção e funcionamento do AHE de Palhais sobre os peixes do troço final da ribeira da Sertã
decorrerá da alteração das características da ribeira (na albufeira e no trecho entre a barragem e a central, em
que os caudais são parcialmente derivados para produzir energia) e da implantação de uma estrutura
(barragem) que impossibilitará a circulação dos peixes naquele trecho do curso de água. Todavia, a
manutenção de caudais ecológicos no troço interferido, a elevada velocidade com que a água armazenada na
futura albufeira se irá renovar (mantendo assim algumas das características de um rio) e, sobretudo, a
construção de uma passagem para peixes na barragem de Palhais, permitirá reduzir muito o impacte do AHE
sobre a comunidade piscícola local.

Consideram-se como potencialmente presentes na área de estudo sete espécies de anfíbios e onze
espécies de répteis não ameaçadas, incluindo alguns endemismos ibéricos. A área de estudo inclui zonas
potencialmente utilizáveis por algumas das espécies de répteis e anfíbios referenciadas na Directiva Habitats,
mas não constitui uma parcela significativa nas respectivas áreas de distribuição, sendo mesmo marginal para
espécies como o lagarto-de-água, cuja ocorrência na zona de estudo é mesmo muito improvável.

O AHE de Palhais afectará pouco os répteis e anfíbios da zona de estudo. A natureza dos trabalhos
envolvidos na construção e o modo de exploração do empreendimento são também tais que provocam pouca

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AHE DE PALHAIS
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL – RESUMO NÃO TÉCNICO

perturbação nas populações de répteis e anfíbios, para além do impacte negativo, mas globalmente pouco
importante, causado pela destruição de áreas potenciais de refúgio, alimentação ou abrigo nos locais de
implantação das estruturas e dos acessos. Para minimizar essa destruição contribuem sobretudo a
manutenção de caudais ecológicos e a recuperação da vegetação ribeirinha ao longo das margens da
albufeira de Palhais.

Apesar de poderem ocorrer na área de estudo mamíferos com importante estatuto de conservação,
como algumas espécies de morcegos, salienta-se neste grupo faunístico a lontra, já que é a espécie que maior
preocupação levanta em relação aos potenciais impactes de um AHE. Por outro lado e em termos gerais, os
estudos efectuados conduziram à conclusão de que o valor e a importância do troço estudado da ribeira da
Sertã para os mamíferos são reduzidos/moderados, dada a homogeneidade das ocupações do solo existentes
na zona e o facto de as áreas de pinhal serem dominantes.

Os principais impactes negativos sobre os mamíferos que se admite virem a registar durante a
construção do AHE de Palhais serão provocados pela perturbação/destruição de áreas utilizadas para
reprodução, alimentação e refúgio, em resultado da realização das obras de construção das infra-estruturas,
da passagem das viaturas e da presença de operários. Todavia, como estas acções são localizadas no espaço
e no tempo – os impactes serão maioritariamente temporários – os (poucos) indivíduos desalojados podem
facilmente encontrar áreas semelhantes alternativas nas proximidades das zonas afectadas, pelo que os
impactes desta acção serão pouco importantes. Após cessarem os principais efeitos negativos causados pela
construção do AHE de Palhais, não se esperam impactes importantes nos mamíferos durante o seu
funcionamento. Em particular para a lontra, utilizador potencial do troço da ribeira da Sertã influenciado pelo
empreendimento, as características do próprio aproveitamento permitem também prever impactes pouco
importantes sobre a habitabilidade do troço pela mesma, até porque esta espécie parece conseguir utilizar as
passagens de peixes para transpor pequenas barragens, como a de Palhais.

De acordo com os recenseamentos efectuados, a secção da ribeira da Sertã em análise possui um


interesse reduzido para as aves, dada a homogeneidade da região e a sua ocupação maioritária por pinhais,
locais que apresentam uma menor diversidade avifaunística. Este facto reflecte-se no recenseamento de
apenas 64 espécies na quadrícula UTM – NE70 (de 10 x 10km), onde se encontra inserida a área a afectar
pelo empreendimento hidroeléctrico de Palhais, sendo que apenas cinco dessas espécies com ocorrência
potencial na área de estudo apresentam algum estatuto de protecção de acordo com o Livro Vermelho dos
Vertebrados Portugueses – o milhafre, o noitibó, o rolieiro, a cegonha-branca e a águia-de-bonelli.

É possível afirmar que o aproveitamento em avaliação afectará áreas pouco extensas e destruirá
sobretudo áreas florestais (pinhais) – Fotografia 3. A mata ribeirinha, que apresenta um maior valor como local
de alimentação, refúgio e reprodução para as aves, por um lado, está fortemente degradada e, por outro lado,
será afectada numa extensão reduzida, pelo que se reconhece que o impacte resultante da implementação do
AHE, embora negativo, é pouco importante. Acresce que se prevê a recuperação dessa vegetação ao longo
das margens da nova albufeira, considerada como medida de mitigação a implementar.

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AHE DE PALHAIS
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL – RESUMO NÃO TÉCNICO

Fotografia 3 – Manchas de pinhal nas margens


da ribeira da Sertã.

Em termos gerais pode afirmar-se que o valor global da paisagem na área em estudo é reduzido a
médio, em resultado da complexidade do relevo, da inexistência de pontos de observação facilmente
acessíveis e detentores de vistas privilegiadas, da prevalência de uma organização do espaço pouco
compartimentada e da utilização de espécies vegetais pouco diversificadas.

Será durante a construção do AHE que os impactes sobre a paisagem terão uma maior importância,
uma vez que a movimentação de terras, o ruído e a poeira levantada pelos trabalhos necessários à execução
da infra-estrutura constituem um elemento de perturbação, embora este seja temporário, devendo
posteriormente ser concretizada a recuperação paisagística das áreas afectadas. De qualquer modo, a
concepção do AHE de Palhais contém em si opções técnicas que protegem a paisagem local. Salienta-se a
execução do circuito hidráulico em túnel, facto que por si só assegura a manutenção integral das
características das áreas atravessadas. Por outro lado, as zonas de inserção da barragem/albufeira e da
central/subestação permitem minorar muito o seu impacte na paisagem, já que se situam em locais que, tanto
visual como fisicamente, são pouco acessíveis. A dimensão moderada da barragem/albufeira permitirá também
que a médio-longo prazo os impactes gerados por este elemento possam ser absorvidos pela paisagem
envolvente.

Relativamente ao património construído – arqueológico ou arquitectónico – na área de estudo, não se


encontraram outros para além da Ponte da Rolã – Fotografia 4. Dadas, contudo, as deficientes condições de
visibilidade do solo e de acessibilidade, não é possível garantir que tenham sido identificadas a totalidade das
ocorrências de interesse arqueológico ou patrimonial passíveis de serem afectadas com a construção do AHE

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AHE DE PALHAIS
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL – RESUMO NÃO TÉCNICO

de Palhais. Uma prospecção de algumas dessas zonas irá contudo ser realizada em breve, logo que o caudal
mais reduzido da ribeira da Sertã o permita. Preconiza-se, como medida de minimização de possíveis
impactes, a garantia de acompanhamento arqueológico das operações que envolvam perturbação dos níveis
de solo.

Fotografia 4 – Ponte da Rolã.

Em termos de demografia, menciona-se que o concelho da Sertã (452 km2) perdeu população na última
década do século XX, embora a um ritmo inferior ao registado na década anterior. O concelho é escassamente
povoado (17 720 residentes em 2001), situação ainda mais notória em algumas das suas freguesias, como
Palhais (com menos de 400 habitantes em 2001, para a área de 22 km2). A estrutura económica do concelho
permanece ainda com uma forte ligação às actividades de produção e indústria florestal, sobretudo em
freguesias como a de Palhais. De acordo com os estudos realizados no âmbito do Plano Director Municipal da
Sertã, foram diagnosticados como principais constrangimentos do desenvolvimento sócio-económico do
concelho: i) a predominância do sector primário, muitas vezes com carácter de subsistência, nas actividades
desenvolvidas; ii) as deficientes acessibilidades; e iii) o decréscimo populacional.

A concretização do aproveitamento implicará a compra dos terrenos necessários à sua implementação


(incluindo zonas a inundar temporariamente), que se prevê venha a afectar positivamente na ordem de 20 a 30
proprietários. Implica também a utilização de um considerável volume de mão-de-obra, e um intenso recurso
ao comércio local, durante a fase de construção, o que se traduzirá em impactes importantes na economia e
no emprego, directo e indirecto, da população da área em estudo. Por outro lado, a melhoria e a abertura de
novos acessos serão benéficas, permitindo o acesso rodoviário a áreas actualmente pouco acessíveis, o que
facilitará, por exemplo, as operações locais de exploração florestal.

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AHE DE PALHAIS
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL – RESUMO NÃO TÉCNICO

O funcionamento da central do aproveitamento necessitará de um operador local e de um supervisor,


sendo assim criados pelo menos dois postos de trabalho permanentes. Adicionalmente, serão afectas à
manutenção regular das obras mais alguns trabalhadores locais não especializados. Pode, assim, concluir-se
que a construção e exploração do AHE de Palhais gerará impactes positivos na economia da população
envolvida, desde o início da construção e durante toda a vida útil do empreendimento.

Por fim, em termos do ordenamento do território, verifica-se que a concretização do AHE de Palhais
não afectará nenhuma área de Reserva Agrícola Nacional (RAN), desenvolvendo-se, contudo, em áreas
cartografadas como Reserva Ecológica Nacional (REN) (Figuras 8 e 9, respectivamente). Contudo, as
características do projecto, tais como a reduzida dimensão das estruturas a executar, o facto de o circuito
hidráulico ser quase exclusivamente em túnel, as medidas de mitigação a implementar durante a construção e
o modo de exploração previstos para o AHE de Palhais, asseguram que as afectações do território e da sua
capacidade biofísica imputáveis ao empreendimento não colocam em causa os valores biofísicos da REN no
concelho da Sertã.

Regista-se ainda que, na planta de ordenamento, o Plano Director Municipal da Sertã classifica as áreas
afectas ao projecto como áreas de uso não urbano, incluindo sobretudo espaços agrícolas e florestais.

Traçado previsto
da linha de
interligação

Figura 8 –
– Representação
Barragem
esquemática da
Reserva Agrícola
Túnel Nacional (RAN) na
área de estudo (a
Central verde).

Conduta
forçada

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AHE DE PALHAIS
ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL – RESUMO NÃO TÉCNICO

Traçado previsto
da linha de
interligação

Figura 9 –
– Representação
Barragem
esquemática da
Reserva Ecológica
Nacional (REN) na
Túnel
área em estudo:
zonas com risco
Conduta de erosão (a
forçada
Central verde).

Não obstante o carácter necessariamente resumido do presente documento, julga-se que o mesmo
deixa claro, não só a reduzida e circunscrita dimensão das obras requeridas pelo AHE de Palhais, mas
também a informação utilizada no estudo, nos diversos domínios em que se reconheceram interferências
imputáveis ao empreendimento. Considera-se, pois, que a avaliação dos impactes ambientais realizada foi
fiável, facto que, associado às medidas previstas de mitigação de impactes e de monitorização, deixam antever
o adequado enquadramento ambiental do AHE de Palhais.

A implementação do AHE de Palhais e a concretização das medidas de recuperação ambiental e


paisagística irão ser acompanhadas através de programas de monitorização, que, nomeadamente, seguirão
ao longo do tempo a vegetação, os peixes, os répteis, os anfíbios, os mamíferos, os caudais afluentes e
descarregados pela barragem, a qualidade da água de superfície e o ruído.

Embora não respeite exclusivamente ao âmbito em apreço, anota-se que a barragem terá de ser dotada,
durante as fases de construção e de exploração, de um plano de observação e do respectivo sistema de
observação que, entre outros aspectos, assegure a detecção atempada de qualquer (improvável) anomalia e a
aplicação das adequadas medidas preventivas correctivas. Serão ainda implementadas as acções de
monitorização para observação do comportamento estrutural da barragem e para controlo do enchimento da
albufeira, nos termos da legislação aplicável.

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