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A MÚSICA LITÚRGICA COMO SERVIÇO E ORAÇÃO NA CELEBRAÇÃO


DAS SANTAS MISSAS DOMINICAIS E DIVERSAS SOLENIDADES

Antes de mais nada façamos uma diferenciação entre: música sacra,


música religiosa, música litúrgica:
 Música Sacra:
Música sacra é a grande música erudita com conteúdos bíblicos e litúrgicos.
Todos os grandes compositores dedicaram boa parte de suas produções para
obras sacras.
 Música Religiosa:
O Padre Zezinho definiu o conceito dessa forma:
“(...) A canção religiosa situa-se no campo do anúncio e da evangelização. É
impossível imaginar alguém cantando uma canção religiosa por qualquer outra
razão que não seja o anúncio do Evangelho e o serviço aos irmãos. (...). Só se
pode falar em canção religiosa quando ela celebra o cotidiano das pessoas, a
vida de todos e coloca num contexto de anúncio, se preciso de denúncia, mas
certamente de serviço à causa do Evangelho. Não tem que ser sacra, não tem
que ser litúrgica, não tem que ser de mensagem; pode ser todos os três ao
mesmo tempo, e pode ser apenas de mensagem, apenas sacra, apenas litúrgica.
Desde que ajude alguém a refletir sobre a fé ou a anunciar a fé, ela se torna
uma canção religiosa.” ·.
Onde vai ser aplicada, já são outros quinhentos, porque nem toda canção
religiosa pode ser cantada numa missa e nem em qualquer palco; há lugares
onde não se deve cantar uma canção religiosa. Assim, sendo, entende-se que a
Música Religiosa, ela pode sim ser litúrgica, mas não necessariamente sempre
será e sempre irá “caber” na celebração da Santa Missa. Ela pode ser usada em
grupos de orações, encontros, reuniões de movimentos, adorações, etc.

 Música Litúrgica:
A música litúrgica tem características próprias. Ela está ligada a um rito,
nasce a partir de um rito que tem conteúdo e gestos próprios. Portanto, música
litúrgica é música ritual. O canto litúrgico “precisa estar intimamente vinculado
ao rito, ou seja, ao momento celebrativo e ao tempo litúrgico”. Por isso antes de
escolher um canto para a liturgia é preciso aprofundar o sentido dos textos
bíblicos, do tempo litúrgico, da festa celebrada e do momento ritual. Portanto,
músicas distanciadas do momento ritual ferem a dignidade de uma celebração
eucarística.
Agora que delimitamos de que tipo de música estaremos falando nesse
nosso encontro um outro esclarecimento é importante colocarmos: a música
litúrgica como serviço e oração.

Se S. Pio X no Motu próprio “Tra Le sollecitudine” de 1903 chama a


música de umile ancella e Pio XI a define como Serva nobilíssima, a
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Sacrosanctum Concilium retoma o aspecto do serviço que a música presta a


ação litúrgica, falando de “munus ministeriale” (função, dever, encargo de
serviço).
A música nesse compreensão assume uma co-responsabilidade que vai
muito além do âmbito de atividade enquanto linguagem importante e necessária
ou humilde serva, mas agora integrada de tal forma ao culto pode exercer
propriamente uma função ritual.
A compreensão da música enquanto múnus ministerial consolida o papel
que ela exerce na liturgia e por conseqüência a ministerialidade que cada
membro de uma assembleia litúrgica ocupa e exerce durante a celebração. Por
isso a música litúrgica pode ser chamada também de música ritual enquanto
múnus (função), possibilitando uma interação da assembleia com seus
ministérios, promovendo assim uma nova postura do que seja participação ativa
na ação litúrgica.
O canto e a música na Liturgia têm caráter ministerial, servem à Liturgia,
são expressão da Sagrada Liturgia. Trata-se, portanto, de uma função, de um
serviço à assembleia celebrante.
Por fim temos a Música LITÚRGICA, como SERVIÇO, e enquanto
parte integrante do rito, ela é ORAÇÃO da Igreja, na celebração da missa
DOMINICAL e Solenidades.

I. ALGUNS PROBLEMAS QUE NOS DESAFIAM


O nosso primeiro passo é de fazermos um “raio X” da realidade da
música litúrgica no Brasil. Tomaremos como base os Estudos da CNBB n. 79:
“A música litúrgica no Brasil” (nos. 23-44).
Alguns problemas que ainda nos desafiam e nos motivam a oferecer uma
formação litúrgico-musical...

 [...] um recíproco distanciamento entre músicos dotados de uma arte


musical mais elaborada e a experiência comunitária da fé. De um lado,
nem sempre os músicos de mais aprimorada cultura musical se entrosam
e se identificam com a experiência celebrativa das comunidades. Do
outro, nem sempre as comunidades se preocupam em melhorar seu
desempenho musical e beneficiar-se da colaboração de músicos
competentes. Tanto as pessoas que se ocupam do canto nas comunidades
precisariam ser incentivadas a aprimorar sua formação litúrgica e
musical, quanto os músicos profissionais precisariam receber uma
formação cristã e litúrgica.

 Ainda são freqüentes as celebrações em que alguém ou um grupo


executa sozinho todos os cantos, não se importando com a participação
da assembleia; assembleias que pecam pela passividade e desinteresse
pelo canto; ou, ao contrário, celebrações em que a assembleia executa
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todos os cantos, sem valorizar outras possibilidades (solo, grupo, coro,


forma litânica).

 A postura de alguns animadores e animadoras do canto nem sempre tem


propiciado um clima de oração e de interiorização. Às vezes há mais
“ruído” e distração do que contemplação, escuta e louvor. Outras vezes, a
música é vista meramente como “passatempo”, para quebrar a monotonia
de celebrações enfadonhas e rotineiras.

 Não são poucos os animadores ou animadoras de canto que, por falta de


formação litúrgica, desconhecem os critérios de escolha dos cantos para
uma celebração: a funcionalidade de cada canto com relação aos vários
momentos da celebração; a hierarquia dos cantos: uns elementares, e por
isso mesmo mais importantes e necessários; outros acessórios e,
conforme as oportunidades, dispensáveis; a adequação dos cantos a cada
tempo litúrgico, a cada festa, a cada tipo de celebração e a cada tipo de
assembleia.

 Além disso, as missas dos chamados “meses temáticos”, ou missas


temáticas, promovidas por grande número de folhetos litúrgicos e
párocos, resultam numa total dicotomia entre o canto e a liturgia.
Continua-se cantando “na” liturgia qualquer música religiosa,
catequética ou de mensagem, em vez de cantar “a” liturgia. Este mesmo
erro ocorre também quando alguns movimentos e/ou grupos propõem
músicas que não estão de acordo com a ação ritual e os tempos litúrgicos.

 Em nível de comunicação, existem alguns problemas que não favorecem


a execução do canto: instalação ou regulagem inadequada do serviço de
som, abuso do microfone (abafando a voz da assembleia, numa postura
de “show”), abuso do volume dos instrumentos, bandas e grupos não
integrados com a equipe de celebração, sem formação e sem motivação
litúrgica.

 Os instrumentos musicais, em geral, são usados somente para


acompanhar o canto, e não são valorizados para executar um prelúdio,
um interlúdio ou um poslúdio, e assim propiciar clima de interiorização e
maior proveito espiritual em determinados momentos da celebração.

 A demasiada mudança de repertório, por conta de uma superficial mania


de novidade ou concessão à onda de consumismo, faz com que o povo
não aprenda bem nenhum canto, ficando impedido de participar dele com
gosto e prazer, quando se sabe que a repetição, em matéria de canto,
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além de favorecer a memorização, é um fator de densidade emocional e


simbólica.

 O cantar das assembleias demonstra, não raro, grande pobreza rítmica e


contrasta com a riqueza de ritmos da música brasileira. E nem poderia
ser diferente, pois mesmo aqueles cantos que, por sua natureza, são
portadores de ritmo bem marcante e característico, cantados sem o
devido acompanhamento instrumental, terminam na vala comum da
mesmice arrastada e entediante de um estilo gospel-americano, com
excesso de sentimentalismo ou romantismo.

 Por outro lado, os textos de diversos cantos deixam muito a desejar: ora
trazem discurso complicado e doutrinário, sem poesia e sem unção; ora
são mero jogo de rima, vazio e artificial; ora contêm muito texto para
pouca melodia, dificultando a execução; ora pecam pela métrica irregular
dos versos e das estrofes; ora ainda falham por freqüentes desencontros
entre os acentos das palavras e os acentos da melodia, chegando a
deformar o real sentido das palavras; ora, finalmente, carregam refrãos
bem mais extensos que as estrofes, numa desproporção que torna o canto
pesado e de difícil assimilação da parte da assembleia.

 Continua ocorrendo, ainda hoje, a prática da lei do menor esforço ou


falta de criatividade musical, ao utilizar-se músicas de sucesso, com
textos adaptados para uso na celebração, sem maiores critérios.

 Muitas missas, transmitidas pela televisão e pelo rádio, são pobres e não
edificam os telespectadores e ouvintes, devido à deficiente qualidade
musical, por conta de escolha não criteriosa dos cantos e a má qualidade
na interpretação vocal e/ou instrumental.

 É lamentável que a maioria dos que presidem hoje as celebrações


litúrgicas não canta aquelas partes que lhes são próprias (Orações,
Prefácio, Narrativa da Instituição, Anamnese, Doxologia...), como
propõe a tradição multissecular das Igrejas e oportunamente sugere o
nosso Hinário Litúrgico.

 Uma das causas do descuido no canto litúrgico nas comunidades é o fato


de, nas próprias casas de formação sacerdotal ou religiosa, não se cuidar
devidamente da formação litúrgico-musical dos formandos, nem se
proporcionar oportunidades de formação mais aprimorada aos que têm
maior talento e pendor. Outras vezes, não há interesse da parte dos
próprios formandos, por considerarem a música uma arte dispensável.
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Este desinteresse pode ser conseqüência da falta de vivência litúrgico-


musical incluindo aqui, o canto gregoriano e a polifonia sacra.

 Muitos dos que presidem a celebração apenas “suportam” o canto da


assembleia, em vez de incentivá-lo e valorizá-lo, criando assim
obstáculos ao povo, no exercício do direito e dever que tem de participar
ativamente da celebração, mediante o canto.

 Por toda a parte, faltam pessoas competentes, capazes de organizar e


orientar a prática musical nas comunidades. Para garantir uma
preparação adequada de pessoas dotadas, é urgente que as comunidades,
paróquias e dioceses invistam na formação litúrgico-musical destes
agentes.

 Muitas comunidades não têm manifestado interesse na aquisição de


músicos competentes e de coros e grupo de cantores de boa qualidade.
Isso ocorre, entre outras razões, pelo fato de não se remunerar
devidamente o serviço dos músicos e de não se investir na sua formação
litúrgico-musical. É sintomático que, nos conservatórios e nas faculdades
de música, a grande maioria dos estudantes provém das Igrejas
Evangélicas.

 Há também coros polifônicos que não fazem distinção entre música sacra
e música litúrgica, entoando cantos que não são próprios para a
celebração.

 Sintomas preocupantes: celebrações promovidas por movimentos


religiosos, congregando freqüentemente grande número de participantes,
aqui e acolá, com ampla divulgação da mídia, pouco levam em conta os
textos litúrgicos, substituindo-os facilmente por textos de grande pobreza
existencial, poética e teológica. Descamba-se para desvios preocupantes,
que podem desvirtuar a experiência espiritual da comunidade cristã de
várias maneiras:

 Seja pelo exagerado individualismo, intimista e sentimentalista, muito


“eu” e muito “meu”, desvirtuando a dimensão comunitária da fé, numa
busca de emoções que reduz a relação com Deus a mero jogo de
sentimentos, sem a profundidade e a amplitude do compromisso cristão,
sem a seriedade da fé como entrega confiante à vontade do Pai, em
comunhão com os irmãos e irmãs, para a realização do seu Reino aqui e
agora. Quão distantes estamos de textos como os três Cânticos
Evangélicos registrados nos dois primeiros capítulos do Evangelho de
Lucas, que bem poderiam servir de referência para todos os autores e
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ministros musicais: cantos nos quais o que sobressai é a dimensão


coletiva da fé, que celebra a ação libertadora de Deus em favor de todo o
povo; cantos em que o “eu” ou o “meu”, quando aparecem, chegam
explicitamente carregados das esperanças de todo o povo, num forte
sentimento de solidariedade com os oprimidos e excluídos da terra!

II. O MAGISTÉRIO
O que nos diz o magistério sobre a formação litúrgica-musical:

1. PIO X: Motu proprio Tra le sollecitudini (1903):


- “Procure-se sustentar e promover, do melhor modo, as escolas superiores de
música sacra, onde já existem, e concorrer para as fundar, onde não há. É
sumamente importante que a mesma Igreja atenda à instrução dos seus mestres
de música, organistas e cantores, segundo os verdadeiros princípios da arte
sacra” (n. 27).

2. PIO XI: Constituição Apostólica Divini Cultus (1928):


- “Todo aquele que deseja iniciar-se no sacerdócio, não só nos seminários, mas
também nas casas religiosas, já desde a primeira idade seja instruído no canto
gregoriano e na música sacra. (...) O ensino do canto e da música deve ser
iniciado, pois, nas próprias aulas primárias, devendo prolongar-se depois do
curso ginasial e no liceu” (n. 8).

- “Haja, pois, nos seminários e demais casas de estudos para formação de


ambos os cleros, uma lição ou exercício breve, mas freqüente e quase diário,
de canto gregoriano e música sacra. O que, se fizer com espírito litúrgico, trará
para os ânimos dos alunos, antes um alívio do que um peso, depois do estudo de
disciplinas mais severas. A formação assim mais ampla e mais completa de
ambos os cleros na música litúrgica certamente logrará restituir à antiga
dignidade e esplendor o ofício coral, que é parte principal do culto divino” (n.
9).

- “Sob a direção dos bispos e do ordinário locais, trabalhem com afinco ambos
os cleros a fim de que por si mesmos ou por outros, peritos no assunto, cuide-se
da educação litúrgica e musical do povo, como algo de unido à doutrina cristã”
(n. 17).

3. PIO XII: Encíclica Musicae Sacrae Disciplina (1955):


- “Com grande solicitude é de providenciar-se, para que todos os que nos
seminários e nos institutos missionários religiosos se preparem para as
sagradas ordens sejam retamente instruídos, segundo as diretrizes da Igreja,
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na música sacra e no conhecimento teórico e prático do canto gregoriano...”


(n. 37).

- “E, se entre os alunos dos seminários e dos colégios religiosos houver algum
dotado de particular tendência e paixão por essa arte, disso não deixem de vos
informar os reitores dos seminários ou dos colégios, a fim de que possais
oferecer a esse tal ensejo de cultivar melhor tais dotes...” (n. 38).

4. SAGRADA CONGREGAÇÃO DOS RITOS: Instrução sobre a música sacra


e a sagrada liturgia (1958):
- “A formação litúrgica e musical descrita até aqui deve por fim ser
intensificada nos institutos superiores de letras e ciências, ou seja, nas
universidades” (n. 108).

- “Se de todos os fiéis é requerido algum conhecimento da sagrada liturgia e da


música sacra, é necessário que os jovens aspirantes ao sacerdócio adquiram
conhecimentos sólidos e completos, não só da sagrada liturgia em geral,
como do canto sacro” (n. 109).

- “Também aos religiosos de ambos os sexos, assim como os membros dos


institutos seculares, desde o postulado e o noviciado, devem ser ministrados
conhecimentos progressivos e sólidos, não só da sagrada liturgia, como do
canto sacro. Providencie-se, além disso, para que haja, nas comunidades
religiosas de ambos os sexos e nos colégios dependentes das mesmas,
mestres competentes que ensinem, dirijam e acompanhem o canto sacro...” (n.
110).

- “Recomenda-se, além disso, que em cada diocese haja um instituto ou escola


de canto e órgão, no qual os organistas, mestres de coro, cantores e músicos
recebem a conveniente instrução...” (n. 115).

5. CONCÍLIO VATICANO II: Constituição Sacrosanctum Concilium (1963):


- “Nos seminários e casas religiosas de estudos, a disciplina da Sagrada
Liturgia esteja entre as matérias necessárias e mais importantes, nas
faculdades teológicas, porém, entre as principais. E seja tratada tanto sob o
aspecto teológico e histórico, quanto espiritual, pastoral e jurídico.” (n. 16).

- “Nos seminários e casas religiosas, adquiram os clérigos uma vida espiritual


informada pela liturgia, mediante uma convincente iniciação que lhes permita
penetrar no sentido dos ritos sagrados e participar perfeitamente neles, mediante
a celebração dos sagrados mistérios...” (n. 17).
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- “Com empenho e paciência procurem os pastores de almas dar formação


litúrgica e promovam também a participação ativa e frutuosa dos fiéis...” (n.
19).

- “Dê-se grande importância à formação e prática musical nos seminários,


noviciados e casas de estudo de religiosos de ambos os sexos, bem como nos
outros institutos e escolas católicas; para adquirir tal formação, os mestres
indicados para ensinar música sacra sejam cuidadosamente preparados.
Recomenda-se a fundação, segundo as oportunidades, de institutos superiores
de música sacra. Os músicos, os cantores, e principalmente aos meninos
cantores, devem receber também uma verdadeira formação litúrgica” (n. 115).

6. SAGRADA CONGREGAÇÃO DOS RITOS: Instrução Musicam Sacram


(1967):
- “Dentre os fiéis, deverão ser formados no canto sacro, com especial cuidado,
os membros das associações religiosas de leigos. Assim deverão eles mais
eficazmente cooperar para sustentar e promover a participação do povo. Por sua
vez, a formação no canto de todo o povo deve ser feita com afinco e
paciência, juntamente com a formação litúrgica...” (n. 18).

- “Além da formação musical, dê-se também aos componentes do coral


oportuna formação litúrgica e espiritual. Dessa forma, cumprindo eles
perfeitamente a sua função litúrgica, não apenas trazem mais beleza para a ação
sagrada e dão ótimo exemplo aos fiéis, como também eles mesmos conseguem
proveito espiritual” (n. 24).

- “Para mais facilmente realizar essa formação, quer técnica quer espiritual,
hão de cooperar as associações de música sacra diocesanas, nacionais e
internacionais, e principalmente aquelas que a Sé Apostólica aprovou e muitas
vezes recomendou” (n. 25).

- “Para conservar o repertório da música sacra e promover novas formas de


canto sacro, ‘tenha-se em grande consideração nos seminários, nos
noviciados dos religiosos e nas casas de estudos de ambos os sexos, e nos
demais institutos e escolas católicas a formação e a prática musical’,
principalmente nos institutos superiores para tanto especialmente destinados”
(n. 52).

7. JOÃO PAULO II: Quirógrafo sobre a música sacra (2003):


- “Também neste campo, portanto, se evidencia a urgência de promover uma
formação sólida, quer dos pastores quer dos fiéis leigos. São Pio X insistia
particularmente sobre a formação musical do clero. Uma insistência neste
sentido foi referência também pelo Vaticano II: ‘Dê-se-lhes grande
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importância nos seminários, nos noviciados dos religiosos e das religiosas e


nas casas de estudo, assim como noutros institutos e escolas católicas’. Esta
indicação ainda deve ser plenamente realizada. Portanto, considero oportuno
recordá-la, para que os futuros pastores possam adquirir uma sensibilidade
adequada também neste campo” (n. 9).

8. SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO CATÓLICA:


Instrução sobre a formação litúrgica nos seminários (1979):
- “A importância que tem a música sacra nas celebrações litúrgicas exige que os
alunos recebam de pessoas competentes a iniciação musical, não somente
teórica, mas também prática, que será necessária para o seu futuro ministério
de presidência e de direção litúrgica. Esta iniciação deve evidentemente ter em
conta as qualidades naturais de cada seminarista, mas também os meios
modernos hoje geralmente usados nas escolas de música, para facilitar o
progresso dos alunos. Deve atender-se sobretudo a que os alunos recebam não
somente uma preparação na arte vocal e instrumental da música, mas também
uma verdadeira e autêntica cultura e sensibilidade, que lhes faça conhecer e
apreciar as grandes obras-primas de todas as épocas do passado e lhes permita
discernir o que há de positivo nas produções da nossa época” (n. 56).

9. CNBB: Pastoral da música litúrgica no Brasil (Documentos da CNBB, n. 7),


1976:
- “Apesar destes frutos positivos, estamos ainda distantes de uma participação
perfeita e de uma valorização plena da música litúrgica.
a) Apesar do esforço de um bom número de pastores e compositores, ainda
somos pobres em pessoas habilitadas para a criação de uma música litúrgica que
venha satisfazer às necessidades variadas das comunidades eclesiais. Faltam-
nos escolas especializadas em música litúrgica, e, por isso, são poucos os
compositores bem formados...;
b) Nas próprias casas de formação sacerdotal e religiosa e de agentes
pastorais, nota-se a carência da formação litúrgico-musical;
c) Os músicos leigos foram muito pouco motivados a darem sua contribuição
à pastoral da música litúrgica...” (n. 1.2.1).

- “Como a prática da música litúrgica nas comunidades cristãs depende


decisivamente dos agentes de pastoral, observe-se o que sabiamente determina
o Concílio sobre a formação dos mesmos: ‘Tenha-se em grande consideração
nos seminários, nos noviciados dos religiosos e nas casas de estudos de ambos
os sexos, e nos demais institutos e escolas católicas, a formação e a prática
musical. Para adquirir tal formação, os mestres indicados para ensinar
música sacra sejam cuidadosamente preparados’” (n. 2.2.6).
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- “Urge promover nas casas de formação sacerdotal e religiosa e de agentes


de pastoral, uma educação musical-litúrgica adequada, que, possibilite, aos
futuros responsáveis pelas assembléias litúrgicas, o competente exercício de sua
missão. É necessário que os pastores dêem o apoio, o incentivo, os meios
necessários e a formação adequada aos cantores, aos ensaiadores, aos
instrumentistas, às comissões ou pessoas responsáveis pela pastoral do canto
nas dioceses e paróquias; do contrário, estes agentes sentir-se-ão sozinhos e
acabarão desanimando...” (n. 3.8).

10. CNBB: A música litúrgica no Brasil (Estudos da CNBB, n. 79), 1998:


“Uma das causas do descuido no canto litúrgico nas comunidades é o fato de,
nas próprias casas de formação sacerdotal ou religiosa, não se cuidar
devidamente da formação litúrgico-musical dos formandos, nem se
proporcionar oportunidades de formação mais aprimorada aos que têm maior
talento e pendor. Outras vezes, não há interesse da parte dos próprios
formandos, por considerarem a música uma arte dispensável” (n. 36).

11. SACROSANCTUM CONCILIUM (04.12.1963)


112. A tradição musical da Igreja é um tesouro de inestimável valor, que excede
todas as outras expressões de arte, sobretudo porque o canto sagrado,
intimamente unido com o texto, constitui parte necessária ou integrante da
Liturgia solene.
Não cessam de enaltecer, quer a Sagrada Escritura, quer os Santos Padres e os
Romanos Pontífices, que ainda recentemente, a começar em S. Pio X, definiram
com mais insistência a função ministerial da música sacra no culto divino. A
música sacra será, por isso, tanto mais santa quanto mais intimamente
unida estiver à ação litúrgica, quer como expressão delicada da oração,
quer como fator de comunhão, quer como elemento de maior solenidade
nas funções sagradas. A Igreja aprova e aceita no culto divino todas as formas
autênticas de arte, desde que dotadas das qualidades requeridas.
O sagrado Concílio, fiel às normas e determinações da tradição e disciplina da
Igreja, e não perdendo de vista o fim da música sacra, que é a glória de Deus e a
santificação dos fiéis, estabelece o seguinte:

113. A ação litúrgica reveste-se de maior nobreza quando é celebrada de


modo solene com canto, com a presença dos ministros sagrados e a
participação ativa do povo.

12. Carta de João Paulo II sobre a música litúrgica (22.11.2003):


“O aspecto musical das celebrações litúrgicas, portanto, não pode ser relegado
nem à improvisação nem ao arbítrio de pessoas individualmente, mas há de ser
confiado a uma direção harmoniosa, no respeito pelas normas e competências,
como significativo fruto de uma formação litúrgica adequada. Também neste
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campo, portanto, se evidencia a urgência de promover uma formação sólida,


quer dos pastores quer dos fiéis leigos”.

1. O canto litúrgico / A música ritual


O canto será litúrgico quando tiver as características que fundamentam
toda a ação ritual na liturgia. Será um sinal simbólico, sensível e significativo
dos Mistérios celebrados na Liturgia. Por isso, o canto terá as mesmas
características que tem a ação litúrgica, isto é:

- Memorial: faz memória dos mistérios celebrados, canta os Mistérios de


Cristo. Fazer memória, celebrar, é tornar presente.
- Orante: na liturgia o canto constitui uma oração ou uma experiência de
comunicação com Deus de forma ritual que torna presente a obra da salvação,
por Cristo e em Cristo. Não se trata simplesmente de louvar a Deus ou pedir
graças, mas de comunicar-se com Deus, comemorando a ação salvífica de Jesus
Cristo em favor da humanidade; é trazer ao hoje da celebração aquele mesmo
louvor que Jesus Cristo prestou ao Pai. Dirige-se a Deus fala-se sobre Deus, faz-
se Deus falar com a humanidade por Cristo e em Cristo Jesus, usa inclusive a
sua própria Palavra para dirigir a Ele.
- Contemplativo: o canto é litúrgico quando contempla a obra da Trindade na
História da Salvação. Não se trata de exposições temáticas sobre Deus, sobre o
ser humano ou sobre a criação. Também não é doutrinação. Contemplando pelo
canto os Mistérios de Cristo, a assembleia os recorda e os vive. É participação
ativa no mistério, pois contemplação é o mesmo que participação (Con-
templum).
- Trinitário: Como a Sagrada Liturgia é obra da Trindade, o canto terá caráter
trinitário, mas não no sentido de recordar as três pessoas da SStma. Trindade.
Como na liturgia, o canto dirige-se ao Pai: o ser humano é criado para ser
celebrante da glória do Pai. Louva a Deus Pai pelas maravilhas realizadas na
História da Salvação pelo Filho. Comemora o Filho e invoca o Espírito Santo.
Trata-se de um canto de louvor ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo.
- Cristológico: O canto está centrado em Cristo, no Mistério Pascal. Canta a
vitória de Cristo sobre a morte, sua ressurreição e Ascenção aos céus.
- Pascal: a Igreja anuncia e testemunha o cerne do Evangelho, o Mistério
Pascal. Todos os cantos, no fundo, devem ser cantos pascais do Cordeiro
imolado e vitorioso.
- Eclesial: Em dois sentidos. Primeiro, porque é a Igreja que celebra, faz
memória. O canto não é de uma pessoa individual. É a assembleia, a Igreja que
canta. Assim, o solista ou o grupo de cantores não canta para a assembleia, mas
a assembleia toda canta, mesmo que seja através do solista ou do coral. Em
segundo lugar, o canto da Liturgia é eclesial porque ele canta a Igreja pois o
Mistério de Cristo, o Mistério Pascal cantado, compreende os membros de
Cristo, seu Corpo todo que é a Igreja. Cantam-se as maravilhas operadas por
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Deus no Corpo místico de Cristo que é a Igreja. A Igreja comemora e torna


presente não só a Páscoa de Jesus Cristo, mas também as páscoas dos cristãos.
- Eucarístico: No sentido de ter o caráter de ação de graças. A Igreja dá graças
ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Toda a expressão litúrgica tem caráter
eucarístico, de ação de graças.
- Narrativo: O fato de o canto litúrgico ser eucarístico faz com que seja
narrativo da Economia divina da Salvação, realizada na História da Salvação.
Assim, a Igreja canta, narrando fatos, os benefícios e as maravilhas de Deus.
Por isso que a Sagrada Escritura, principalmente os salmos, constitui a fonte
primeira do canto da Igreja. Pelo canto, a Igreja narra, proclama as páscoas dos
cristãos, iluminadas pela Palavra de Deus.
- Proclamativo: O canto, por ser eucarístico e narrativo, proclama as
maravilhas de Deus na História da Salvação.
- Histórico-salvífico: proclamando o projeto de Deus, manifestada na história
da Salvação, o canto litúrgico é atualização dessa salvação. Tem caráter
sacramental como toda a Liturgia.
- Profético: O canto litúrgico é profético, primeiramente, porque cantando o
plano de Deus da Salvação denuncia o que se opõe a esse plano. A Palavra de
Deus sempre é profética. Ela denuncia o mal e proclama o Reino de Deus. Por
isso, podemos dizer que quanto mais o texto do canto for a Palavra de Deus ou
se inspirar nela, mais profético ele será. Em segundo lugar, o canto litúrgico é
profético porque o que ele comemora prefigura o Reino definitivo. O eterno
cântico novo da Esposa e do Cordeiro já ressoa no aqui e agora da Liturgia.

Destas características do canto litúrgico concluímos que nele não há lugar


para mero sentimentalismo religioso ou show artístico ou de exibição. Não será
mera catequese, embora catequético, nem doutrinação nem ideologia. Será
celebração do Mistério Pascal de Cristo, será oração, comunicação com Deus,
comunicação com o Pai, por Cristo, no Espírito Santo.

2. A natureza sacramental da música litúrgica


Nossas celebrações são acontecimentos simbólicos. Não são, em primeiro
lugar, momentos de doutrinação e aprendizado, de debate ou deliberação, de
avaliação ou planejamento, nem mesmo de meditação ou oração individuais.
Um pouco disso tudo pode até haver, mas o que se busca no momento
celebrativo é transcender o cotidiano e atingir em profundidade o âmago da
existência, profundo encontro de comunhão e transcendência.
Nossas celebrações são memorial e mistério. Recordando em palavras e
gestos, os fatos salvíficos do passado, a assembleia celebrante goza da certeza
de que o Deus de ontem, o Deus de hoje e de sempre esta aí presente. A
celebração é o ponto de encontro com o Senhor Ressuscitado.
Assim a música litúrgica não pode ser compreendida apenas como adorno
ou acessório facultativo da celebração cristã da fé. Ela não é coisa que se
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acrescenta à oração, como algo extrínseco, mas muito mais, como algo que
“brota das profundezas do espírito de quem reza e louva a Deus” (IGLH, 270).
Mais ainda, a música litúrgica participa da natureza sacramental ou mística de
toda a liturgia, da qual “sempre foi e sempre será parte essencial e sua
expressão mais nobre” (João Paulo II, Aos Harmonici Cantores, 1988).
“Há quem afirme que a música, em si, possui vínculo bastante estreito
com o rito e que dificilmente, podemos dissociar o sentido próprio da palavra
rito de certo conteúdo musical. No mundo oriental, a própria palavra rito
significa “ordem cósmica’, e isto nos leva a crer na possibilidade de haver uma
dimensão musical na ordem do mundo, no movimento dos astros, na harmonia
universal. Se rito significa harmonia, não é pensável que ele seja dissociável de
alguma forma de compreensão musical” (TERRIN, A. N., O rito, Paulus, SP, p.
270).
Os “pontos” de umbanda são um exemplo bem característico da natureza
da música ritual: para cada “orixá” invocado, existe um “ponto” (música ritual)
próprio. Existe o “ponto de Oxalá”, o do “Exu”, de “Ogum”, etc. O caráter
sagrado desses “pontos” é tão impregnado de significação simbólica que é
inadmissível alguém que frequenta o terreiro executar um “ponto” fora da ação
ritual. O mesmo se pode dizer dos tambores de candomblé uma vez
consagrados, através de um ritual próprio, estes tambores nunca mais podem
sair de dentro do terreiro e, muito menos ainda, ser usados para outras
finalidades, a não ser o culto dos orixás.
Na liturgia cristã, a música ritual expressa a fé herdada do povo da
primeira Aliança (Israel) e que teve seu ponto culminante na pessoa de Jesus
Cristo, no seu mistério pascal. O Vaticano II deixou bem claro que a música será
tanto mais litúrgica, quanto mais intimamente estiver integrada na ação litúrgica
e no momento ritual a que se destina (SC 112). Em outras palavras, trata-se de
uma música inserida na sacramentalidade da liturgia, uma vez que seus
elementos constitutivos (texto e demais expressões musicais) se integram com
os outros elementos da celebração (assembleia e seus ministérios, leituras
bíblicas, orações, símbolos, ações simbólicas, etc.).
“O canto deve encarnar-se num rito, se quer ser um sinal litúrgico. Este
é precisamente o sentido litúrgico e sacramental do canto: a função por ele
adquirida numa dada situação ritual.”

Do mesmo modo que existe música apropriada para dançar, descansar,


meditar, escutar e outras atividades, há na liturgia aquela música apropriada
para:
- realçar os diversos ritos da Palavra: proclamar, meditar, salmodiar,
louvar, aclamar, dialogar, responder, etc.
- Pôr em relevo os diversos momentos rituais: abertura, procissões,
súplicas litânicas, etc.
14

- Estar a serviço da comunidade e não de si mesma: que a arte musical


possibilite uma comunicação mais profunda com o mistério da salvação, que se
realiza na liturgia. Em cada momento ritual pressupõe formas musicais
diferentes, elaboradas e escolhidas de tal maneira, que tornem o rito tão
significativo e eficaz o quanto possível. Isto é: em cada momento ritual é
necessária uma música ritual própria.

III. ORIENTAÇÕES E CRITÉRIOS


“Os compositores possuídos do espírito cristão compreendam que são
chamados a cultivar a música sacra e a aumentar-lhe o patrimônio. Que as
suas composições se apresentem com as características da verdadeira música
sacra, possam ser cantadas não só pelos grandes coros, mas se adaptem
também aos pequenos e favoreçam uma ativa participação de toda a
assembleia dos fiéis. Os textos destinados ao canto sacro devem estar de
acordo com a doutrina católica e inspirar-se sobretudo na Sagrada Escritura e
nas fontes litúrgicas” (SC 121).

1. Orientações e Critérios da música litúrgica


 Esteja intimamente ligada à ação litúrgica a ser realizada, quer
exprimindo mais suavemente a oração, quer favorecendo a unanimidade
quer, enfim, dando maior solenidade aos ritos sagrados;
 Tenha um texto bíblico ou inspirado na Bíblia, como também uma
linguagem poética e simbólica e um caráter orante, permitindo o diálogo
entre Deus e seu povo;
 Jamais sejam utilizadas melodias que já revestiram outros textos não
litúrgicos;
 Respeite a sensibilidade religiosa do povo;
 Empreguem, de maneira equilibrada e judiciosa, as constâncias melódicas
e Rítmicas da folcmúsica religiosa brasileira, evitando qualquer abuso de
ritmos que possam empobrecer a música, e até torná-la exótica para
nossas assembleias;
 Seja adequada ao tipo de celebração na qual será executada;
 Leve em conta o tempo do ano litúrgico (Advento, Natal, Quaresma,
Páscoa, etc.);
 Esteja em sintonia com os textos bíblicos de cada celebração,
especialmente com o Evangelho, no que diz respeito ao canto de
comunhão;
 Esteja de acordo com o tipo de gesto ritual. Um rito penitencial tem
“personalidade” diferente da aclamação ao Evangelho;
 Expresse o mistério vivido de determinada comunidade, vivendo
intensamente a luta, a perseguição, o martírio, as conquistas, etc.;
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 Se expresse na linguagem verbal e musical, no “jeito” da cultura do povo


local, possibilitando uma participação consciente, ativa e frutuosa dos
fiéis na ação litúrgica;
 Não seja banal, porém, artística, bela e profunda;
 A primazia do canto, por natureza, está intimamente vinculado à palavra.
O canto e palavra que desabrocha em sonoridade, melodia e ritmo. Assim
será a expressão mais suave ou mais forte da palavra. Em se tratando de
Liturgia cristã, a melodia está a serviço do texto;
 Em estreita ligação com essa primeira exigência, também é necessário
que o autor de textos para o canto litúrgico esteja imbuído da cultura
musical do seu país, da sua região, naquilo que é o jeito peculiar de os
poetas populares escreverem e estruturarem os textos, os versos a ser
musicados: o imaginário, o vocabulário, a métrica, o sistema de acentos e
de rimas...
 Exigência primeira e fundamental é a referência à Bíblia, recebida como
Palavra de Deus que ilumina e orienta a vida e a história de um povo;
 Os Salmos e Cânticos Bíblicos são, de fato, a melhor escola de oração
cristã e o melhor modelo de texto;
 Outra referência fundamental é o conhecimento da função específica do
canto ao longo da celebração. O autor ou letrista litúrgico precisa estar a
par da programação ritual, do significado de cada momento, do papel que
cada canto terá em cada momento da celebração. O texto corresponda,
então, à função ritual litúrgica que dele se espera ao ser musicado e
interpretado nas diversas partes da celebração e esteja, também, em
consonância com os diversos tempos litúrgicos. Os textos sugeridos nos
próprios livros litúrgicos, muitos deles consagrados por longa tradição,
são, com certeza, repertório exemplar e fonte de inspiração indispensável;
 Conforme a própria natureza da liturgia, a prática musical no culto cristão
é essencialmente comunitária. Também a palavra aí desempenha uma
função específica.
 Que se evite o uso na liturgia de melodias importadas e textos adaptadas
de filmes, novelas, sucessos da música pop, etc.
 Evitem-se paráfrase, acréscimos e outros tipos de “adulterações” nos
textos do “Ordinário” da Missa.
 Enfim, quanto mais uma obra musical se emancipa do texto, do contexto,
das leis e ritos litúrgicos, muito embora se torne demonstração de arte e
de cultura ou de saber humano, tanto mais imprópria ao uso litúrgico.

2. Graus de importância do canto litúrgico na celebração eucarística


segundo a Instrução Musicam Sacram (05.03.1967):
16

 MS 5: “A ação litúrgica reveste-se duma forma mais nobre quando


celebrada com canto, com os ministros em seu respectivo grau
desempenhando seu ministério e com a participação do povo.”
 MS 7: “Ao escolher as partes para cantar, deve-se principiar pelas
naturalmente mais importantes, e primeiros por aquelas que o sacerdote
ou os ministros devem cantar, respondendo o povo, ou que devem ao
mesmo tempo ser cantadas pelo sacerdote e pelo povo; e gradualmente se
irão acrescentando as demais partes, próprias só do povo ou só do grupo
de cantores (Schola cantorum)”

Graus de importância dos cantos litúrgicos


- A Instrução "Musicam Sacram" propõe três graus de importância para os
cantos na liturgia da missa. São eles:

PRIMEIRO GRAU (MS 29)


 Nos ritos iniciais: A saudação de quem preside, junto com a resposta do
povo, a oração presidencial (coleta).
 Na Liturgia da Palavra: diálogo do evangelho e a aclamação após as
leituras e o Evangelho.
 Na Liturgia Eucarística: A oração sobre as oferendas, prefácio com o
diálogo e o Santo (por ser uma aclamação), as aclamações dentro da
Oração Eucarística, particularmente após a consagração (Eis o
mistério...), a doxologia final da Oração Eucarística, o Pai Nosso, com
seu convite, e o embolismo, a saudação da paz, a oração após a
comunhão.
 Nos ritos finais: A bênção final, as fórmulas de despedida.

SEGUNDO GRAU (MS 30)


 Nos ritos iniciais: O "Senhor, tende piedade" (Kyrie eleison), o "Glória".
 Na Liturgia da Palavra: A profissão de fé, a oração dos fiéis.
 Na Liturgia Eucarística: o "Cordeiro de Deus".

TERCEIRO GRAU (MS 31)


 Nos ritos iniciais: O canto de entrada.
 Na Liturgia da Palavra: O Salmo responsorial, as leituras bíblicas, o
aleluia antes do Evangelho (processional).
 Na Liturgia Eucarística: Canto das oferendas (facultativo), O canto
processional da comunhão, canto de louvor após a comunhão
(facultativo), o canto devocional.
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3. Relação entre música e rito - Três tipos de cantos na Celebração, em grau


de importância:

1 Missa em Canto: Cantos do presidente da Celebração e dos ministros em


diálogo do ordinário com a assembléia: saudação inicial do presidente,
oração do dia, introdução ao Evangelho - diálogo, oração sobre as
oferendas, prefácio, as diversas aclamações na Oração Eucarística,
Oração do Senhor (Pai Nosso) – introdução e prolongamento
(embolismo), oração e saudação da paz, oração após a comunhão, as
fórmulas de despedida.
2 Os cantos que constituem o rito: As Partes do Comum da Missa,
chamadas Partes Fixas, os Cantos do Ordinário, cantados em comum,
pelo presidente, os ministros e toda a assembléia: Senhor, tende piedade
de nós-Kyrie, Glória, Salmo responsorial, Creio (Símbolo dos apóstolos),
Preces, Santo, aclamação memorial, doxologia final.
3 Os cantos que acompanham o rito: As partes próprias de cada Missa (o
próprio da Missa): canto de abertura, aspersão do povo, aclamação ao
Evangelho, resposta da oração universal dos fiéis, canto das oferendas,
fração do pão (Cordeiro de Deus) e canto da comunhão. Ainda: Canto da
paz (???), após a comunhão e louvor final (facultativos).

Observações:
• Os cantos que constituem o rito são mais importantes que os que
acompanham o rito. Vantagem: não precisar de papel, e sim cantados “de
cor”, favorecendo a comunicação. Não devem ser substituídos por
paráfrases, outros cantos...
• Que as melodias respeitem os diversos gêneros e formas: diálogos,
proclamação de leituras, salmodias, antífonas, hinos e cânticos,
aclamações (Aleluia, Santo, Amém, intraduzíveis...).
• Equilíbrio entre as partes cantadas, usando a criatividade, dependendo da
festa ou solenidade, da assembleia, das possibilidades...
• Repertório adequado à comunidade – sensibilidade, bom senso, escolha
criteriosa.
• Na escolha dos cantos, não fazer opção pelo novo, mas pelo melhor...
”Busquemos o melhor, e o melhor será o novo”. Santo Agostinho nos diz
que “É melhor cantar um canto velho com um coração novo do que
cantar um canto novo com um coração velho.”
• Equilíbrio entre cantar tudo e entre cantar nada.
• Cantar A liturgia, não NA liturgia, um canto qualquer, dispersivo... mas o
rito, a Palavra, a festa, o mistério celebrado.
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4. Função ministerial da música e do canto na celebração da Eucaristia:


1) Canto processional de Entrada
(acompanha o rito, o movimento, a procissão) conforme Santo Agostinho:
“Canta e caminha!”
A Instrução Geral diz o seguinte: “Reunido o povo, enquanto entra o sacerdote
com o diácono e os ministros, inicia-se o cântico de entrada. A finalidade deste
cântico é dar início à celebração, favorecer a união dos fiéis reunidos e
introduzi-los no mistério do tempo litúrgico ou da festa, e ao mesmo tempo
acompanhar a procissão de entrada do sacerdote e dos ministros (IGMR, 47).
Constituir e congregar a assembléia, introduzindo-a no mistério a ser celebrado
– tempo litúrgico, sonorizar o caráter festivo da celebração, fomentar a união
dos fiéis, dar o tom da celebração. O Missal Romano diz: “... seja adequado à
ação sagrada ou à índole do dia ou do tempo litúrgico” (IGMR, 48), elevando
seus pensamentos à contemplação do mistério litúrgico. Pode ser usada a
antífona proposta pelo Missal com seu salmo ou outro canto, executado pelo
povo ou alternando grupo coral e povo. Deve ser um canto de grande amplidão,
alegre e vibrante, de preferência em tom maior, ritmo binário (hino ou canto
estrófico: refrão e estrofes), de preferência a uma só voz, para facilitar o canto
do povo. Santo Agostinho descreve o início da missa da Páscoa de 426, em sua
catedral de Hipona: “Dirigimo-nos para onde estava o povo; a igreja estava
superlotada, nela ressoavam os gritos de alegria: Graças a Deus, Deus seja
louvado! Ninguém se mantinha calado... Saudei o povo: as aclamações
recomeçaram, com ardor multiplicado. Por fim fez-se silêncio, e foi lida a
passagem das divinas escrituras relacionadas com a festa.”

2) O rito penitencial
Senhor, tende piedade ou Kyrie eleison - é uma aclamação suplicante
endereçada a Cristo, o Senhor, louvando-o e à sua misericórdia. Pertence aos
cantos rituais, constituindo o próprio rito da celebração (Ordinário da Missa).
Não é o Ato Penitencial, mas sim uma doxologia ou proclamação da bondade e
misericórdia de Deus, cantado após o Ato Penitencial e a absolvição, a não ser
que já tenha participado do mesmo, através das várias fórmulas apresentadas
pelo Missal Romano, como variante deste. Historicamente o Kyrie eleison
parece provir da Oração dos fiéis, com caráter de ladainha. Após o Concílio
Vaticano II, o Senhor, tende piedade: “É um canto mediante o qual os fiéis
aclamam o Senhor e imploram sua misericórdia.” (IGMR, 52) Quando São
Dâmaso mudou a missa do grego para o latim, deixou o Kyrie imutável, em
grego, e assim atravessou os séculos. Seria completamente alheio a seu caráter
substituir o Senhor por um hino, estrófico ou não. (“Kyrios” foi o nome mais
comum dado a Cristo Ressuscitado pelos primeiros cristãos). Farão parte dele o
povo e os cantores. Importa não acentuar demais o aspecto penitencial na
Celebração Eucarística, evitando também paráfrases e outros cantos
penitenciais.
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3) Glória
Diz a Instrução Geral do Missal Romano n. 53: “O Glória é um hino
antiquíssimo e venerável, pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo,
glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro, portanto de caráter doxológico
(louvor, glorificação). O texto deste hino não pode ser substituído. É cantado
por toda a assembleia, ou pelo povo em alternância com o grupo de cantores,
ou pelo próprio grupo de cantores.” ( n.53) É uma das peças mais antigas da
Missa, incorporada pela igreja romana no século II, por ocasião do Natal. Sua
nota dominante: o júbilo, louvor confiante e alegre... Como hino que é, deve ser
cantado. Pode ser dividido em três partes: a) o canto dos anjos, na noite de
Natal; b) os louvores a Deus Pai; c) os louvores seguidos de súplicas e
aclamações a Cristo, o Cordeiro, o Kyrios, o Senhor. Canto em prosa, conforme
o Missal Romano, há várias melodias. Metrificado pela CNBB. Evitar os
“Glorinhas”, trinitários, que abreviam o conteúdo rico do mesmo. Não deve ser
substituído por outro canto de louvor, pois faz parte dos cantos rituais, é o
próprio rito. Santo Agostinho nos dá as características do Hino, que são três: “É
um canto com louvor a Deus, que pois, deve constar do seguinte: do canto, do
louvor e de que seja dirigido a Deus.” Durante os tempos litúrgicos do Advento
e da Quaresma, este canto deverá ser omitido.

4) Salmo Responsorial
O costume de se cantar o salmo após a leitura remonta aos primeiros
séculos do cristianismo, prática herdada do culto da sinagoga judaica. Santo
Agostinho fala do valor do salmo cantado durante a liturgia da palavra, como
uma “leitura cantada”. Faz parte integrante da Liturgia da Palavra, como
resposta orante da comunidade à proposta e às maravilhas proclamadas por
Deus na primeira leitura, e deve ser cantado de forma dialogal, o texto de
preferência extraído do Lecionário, que é a nossa Bíblia litúrgica. Importância
da função do salmista, ao mesmo tempo ouvinte e ministro da Palavra; ele
proclama o salmo no ambão – mesa da Palavra. O salmo é a proclamação da
Palavra cantada, por isso requer-se o mínimo de preparo técnico e vocal ,
litúrgico e musical do salmista. Devido à sua importância, não deve ser omitido
nem substituído por “canto de meditação”. É um canto ritual interlecional,
cantado entre as leituras.

5) Aclamação ao Evangelho, o “Aleluia”


Adaptação portuguesa do Halelû Yah = Louvai Javé. Portanto, convite ao
louvor jubiloso, através do qual a assembleia dos fiéis acolhe o Senhor que vai
falar no Evangelho; como um “viva” pascal ao Verbo de Deus, que nos dirige
palavras de vida eterna. É uma solene e jubilosa profissão de fé cantada,
aclamando Jesus Cristo. Portanto, sendo aclamação, é um grito com que
exteriorizamos nossos mais profundos sentimentos e experiências de vida,
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projetando-nos para fora de nós algo que, espontâneo brota do interior e se faz
exclamação, grito de júbilo. Por isso, deve ser breve, denso e sonoro. Também
por isso mesmo, só pode ser cantado, não se lê, não se diz, só se canta... O ideal:
Aleluia (todo o povo) + versículo do dia (solista ou coral). É aclamação-júbilo.
(As aclamações são importantíssimas para a participação do povo). Diz a
Instrução Geral do Missal Romano: “O Aleluia é cantado em todo o tempo,
exceto na Quaresma. O versículo é tomado do lecionário ou do Gradual”
(IGMR, 46 a). Na Quaresma é substituído por outra aclamação, mas também
vibrante e sonora. É cantado por todos, de pé, podendo acompanhar a procissão
com o Evangeliário, do altar para o ambão, hoje já tão em uso nas nossas
liturgias. Pode-se repetir a aclamação como resposta ao Senhor que nos falou,
no final do Evangelho.

6) Credo
A profissão de fé é menos apta para ser cantada por toda a assembléia,
mas a Instrução Geral do Missal Romano prevê: “O símbolo deve ser cantado
ou recitado pelo sacerdote com o povo aos domingos e solenidades; pode-se
também dizer em celebrações especiais de caráter mais solene. Quando
cantado, é entoado pelo sacerdote ou se for oportuno, pelo cantor ou pelo
grupo de cantores; é cantado por todo o povo junto, ou pelo povo alternando
com o grupo de cantores.” (IGMR, 68) Foi introduzido lentamente na liturgia da
Missa. Chegou a Roma pelo século X, embora na Espanha já fosse aceito no
século III. A partir do canto polifônico, se tornou uma peça musical brilhante.
Os documentos dizem que não existe obrigação de cantá-lo, pois não é hino
nem aclamação, mas sim profissão de fé. Se for cantado, “procure-se fazê-lo
como de costume, todos juntos ou alternadamente”. Existe a possibilidade de
cantar a fórmula mais breve, denominada “símbolo apostólico”, mas não pode
ser substituído por canto religioso. É possível utilizar traduções adequadas nas
missas com crianças. “Tem como finalidade exprimir o assentimento do povo
como resposta à Palavra de Deus escutada nas leituras e na homilia e, ao
mesmo tempo, recordar-lhe a regra de fé, antes de começar a celebração da
Eucaristia” (IGMR, 67). É a afirmação da unidade da fé, não só através das
diferentes comunidades, mas através dos tempos.

7) A oração universal, Preces


A restauração da Oração Universal foi dos melhores êxitos da reforma
litúrgica. Afirma a Instrução Geral: “Na oração universal ou oração dos fiéis, o
povo reza por todos, exercendo deste modo o seu múnus sacerdotal” (IGMR,
69). A ordem é a seguinte: a) pelas necessidades da Igreja; b) pelas autoridades
civis e pela salvação do mundo; c) por aqueles que sofrem dificuldades; d) pela
comunidade local. É uma herança da tradição judaica, que gostava de
acrescentar às bênçãos orações de súplicas, e desde o início do cristianismo
foram aceitas e multiplicadas... Pode ser considerado como parte do Ordinário
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da Missa. Nem sempre as Preces serão cantadas, mas o seu canto lhes dará uma
solenidade e intensidade especiais. Podem ser cantadas de vários modos, com
diversas fórmulas propostas e respostas pelo Missal Romano, salientando o
refrão cantado por toda a assembléia.

8) Canto do ofertório (Preparação dos dons ou Apresentação das oferendas)


É o canto que acompanha a apresentação dos dons do pão e do vinho, é
facultativo e tem verdadeiro sentido quando houver a procissão das oferendas
para o altar. Diz a Instrução do Missal: “O canto das oferendas acompanha a
procissão das oferendas e se prolonga pelo menos até que os dons tenham sido
colocados sobre o altar.” (IGMR, 74) Portanto, não deve se prolongar, uma vez
que acompanha o rito da procissão com os dons. É um canto para apresentar os
dons e preparar a mesa do altar, após a liturgia da Palavra... Por isso, evitar os
“cantos de ofertório”. A forma mais adequada e completa desse rito seria
praticada se os três momentos fossem observados: a) procissão das oferendas
e/ou b) a preparação da mesa trazendo pão e vinho, ambos acompanhados de
um canto ou solo instrumental; c) apresentação dos dons, acompanhado do
canto de quem preside: "Bendito sejais, Senhor Deus do Universo...", seguido
da aclamação da assembléia: "Bendito seja Deus para sempre!".

9) Sanctus, a aclamação do universo


Tem sua origem no Oriente, século II. O texto bíblico: um manto de
retalhos, uma compilação de textos bíblicos – As duas primeiras aclamações,
tiradas de Isaías (6,3) de sua visão dos anjos prostrados diante do altar: “Toda a
terra está cheia de sua glória”. A palavra Hosana, do hebraico Hosiah-na= dá a
salvação (Sl 118,25 – “Senhor, dai-nos a salvação!”). Nas alturas = Deus que
habita os altos céus... Bendito o que vem: Sl 118,26, que a tradição transformou
numa aclamação messiânica: “Bendito O que vem em nome do Senhor!”,
festejando e aclamando o Senhor, quando de sua entrada em Jerusalém (cf. Mt
21, 9). Portanto, o clima bíblico do Santo é de celebração gloriosa: teofania
(manifestação de Deus), deve produzir expressão exuberante de alegria,
aclamação jubilosa, unânime e solene com que se conclui o prefácio. O Santo é
a primeira aclamação da assembleia na Prece Eucarística, e como hino-
aclamação, deve ser profundamente festivo e jubiloso, evocando a aclamação
entusiasta do povo no dia de Ramos, a parusia gloriosa no fim dos tempos,
ambiente de festa em que céu e terra se unem, reunindo num louvor cósmico e
universal, os santos do céu e a Igreja da terra. “A aclamação pela qual toda a
assembleia, unindo-se aos espíritos celestes, canta o Santo. Esta aclamação,
parte da própria Oração eucarística, é proferida por todo o povo com o
sacerdote” (IGMR, 79 b). A assembleia deveria ficar à vontade e alegre, ao
cantar esse louvor solene, sentindo-se intérprete fundamental desta aclamação, a
primeira e mais importante a ser cantada pela comunidade. A melhor forma de
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cantar o Santo é a forma direta. Não deve ser substituído por “versões tão livres
que não correspondam à doxologia bíblica.”

10) Aclamação Memorial


Esta aclamação, tal como a conhecemos hoje, foi inserida após o Vaticano
II. Logo após a narrativa da Instituição, o presidente canta ou diz: “Eis o
Mistério da fé!” e todos aclamam, de pé, como povo ressuscitado em Cristo:
“Anunciamos, Senhor, a vossa morte...” ou “Toda vez que se come deste pão...”
ou ainda “Salvador do mundo...” , proclamando sua fé em tom aclamativo,
fazendo memória do mistério pascal de Cristo – sua vida e mensagem
salvadora, sua paixão e morte, ressurreição e ascensão ao céu, enquanto aguarda
a sua vinda gloriosa. Tem, portanto, um caráter pascal, diferente daquele cunho
dramático-devocional, que perdurou por séculos em nossa liturgia, com relação
à narrativa da instituição, antes do Concílio Vaticano II. Não pode ser
substituída por cantos de adoração ou benditos...

11) Aclamação à doxologia final - O grande Amém


“Por Cristo, com Cristo, em Cristo...”, recitado ou cantado pelo
presidente, enquanto eleva ao Pai com bastante expressividade o pão e o vinho
transformados em Corpo e Sangue do Senhor, portanto em Eucaristia e ação de
graças, a assembleia deve aderir e prorromper com o “Amém”, muito vibrante e
solene, repetido várias vezes. Este amém nos lembra nossa dignidade de povo
sacerdotal, participando com ele da Prece Eucarística. Lembra-nos Santo
Agostinho: “Seu amém é sua assinatura, é seu consentimento, é seu
compromisso.” E São Jerônimo recorda-nos que esse Amém “ressoava como
um trovão” nas basílicas romanas. É o movimento do universo rumo à
eternidade de Deus, aquilo que o gesto da doxologia quer significar. “Toda a
criação nasce do coração do Pai, como fruto do Seu amor. Toda a criação
alcança a sua existência por Cristo, primogênito de toda criatura” (Col 1, 15).

12) Pai Nosso


A “Oração do Senhor” introduz nossa preparação imediata para a
participação no Banquete Pascal. Provavelmente foi introduzido na Missa com
Santo Ambrósio, pelo século IV. Pode-se cantar o Pai Nosso, numa melodia
simples, em forma de cantilena, ou gregoriano. Sendo um texto bíblico, não
deve ser substituído por paráfrases ou outros textos. O Pai Nosso na Missa não é
conclusivo, e sim nos introduz ao rito da comunhão. Por isso NÃO SE DIZ
Amém no final.

13) Embolismo
A palavra vem do grego (embolisma: um desenvolvimento literário, a
partir de um determinado texto). Assim, O Pai Nosso termina com “mas livrai-
nos do mal.” E o embolismo prossegue, acrescentando-lhe “Livrai-nos de todo o
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mal, Senhor...”, o que parece remontar ao tempo de São Gregório, pelo século
VI. Pergunta-se: seria necessário completar a palavra de Jesus?... Não basta o
Pai Nosso?... E continua: “enquanto esperamos a vinda de Jesus Cristo, nosso
Salvador... enquanto aguardamos a jubilosa esperança e a vinda gloriosa do
nosso Salvador, Jesus Cristo.” O embolismo termina com a doxologia: “Vosso é
o reino e o poder e a glória para sempre”, que não faz parte do Pai Nosso de
Mateus, mas foi inserida pelo século II, muito usada nas igrejas do Oriente,
assim como pelos luteranos e anglicanos. O novo Missal Romano, integrando-a
na nossa liturgia, une-se à tradição das outras Igrejas cristãs.

14) O rito da Paz


O Missal explica: “Os fiéis imploram a paz e a unidade para toda a
Igreja e para toda a família humana; e saúdam-se uns aos outros, em sinal de
mútua caridade.”(56) Consta de três elementos: a oração pela paz, a saudação, à
qual a assembleia responde “O amor de Cristo nos uniu” e o gesto da paz, que é
facultativo. Não faz parte da tradição litúrgica entoar-se um canto durante a
saudação, nunca esteve prescrito em nenhum ritual da Igreja. Mas este sinal de
fraternidade foi muito bem acolhido pelo povo, tornando-se um dos elementos
de maior participação de toda a assembleia. Se houver um canto durante a
saudação da paz, que seja curto e leve, e não tenha um conteúdo de fraternidade
e amizade apenas, mas um anúncio de que Jesus traz a verdadeira paz. “Ele é
nossa paz.” (Ef 2,34). Portanto, deve referir-se a Cristo, à paz do Ressuscitado.
Não deve ofuscar nem invadir o canto que acompanha o rito da fração do pão, o
“Cordeiro de Deus”. A questão está na seleção dos cantos apropriados para este
momento... Cuidado para não abusar dos cantos de paz, optando de preferência
por cantar o Cordeiro de Deus, ao realizar a fração do pão. No ano passado o
Papa Francisco, aprovou uma carta circular da Congregação para o Culto
Divino sobre “o rito do dom da paz na missa”, onde é dada a sugestão, entre
outras, que se evite introduzir um canto da paz nesse momento, reservando ao
Cordeiro de Deus o verdadeiro canto de paz. O canto da paz só existe no Brasil.

15) Cordeiro de Deus


Foi introduzido na Missa pelo Papa Sérgio, no século VIII, inspirando-se
nas palavras de João Batista, ao saudar Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira
o pecado do mundo...”, e com acentos de glória e louvor tirados do Apocalipse,
onde o Cordeiro aparece com toda a sua majestade pascal. De início, um canto
litânico, a invocação era repetida enquanto durasse o rito que ela acompanhava.
No século XI as invocações foram limitadas a três, sendo que a última conclui
com o “Dai-nos a paz!” A Instrução geral atual nos diz: “A invocação
acompanha a fração do pão; por isso, pode-se repetir quantas vezes for
necessário até o final do rito. A última vez conclui-se com as palavras dai-nos a
paz” (n. 83). Compete ao povo / animador do canto / coral e não ao sacerdote,
entoar este canto, acompanhando o partir do pão para a comunhão, preparando-
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se a assembleia para participar do banquete pascal do Cordeiro imolado e


glorioso, nossa paz.

16) O Canto processional da Comunhão


Acompanha o rito da Comunhão, sendo o canto mais antigo da missa,
aparecendo já em Roma no século IV. Inicialmente se entoava o Salmo 34 (33)
“Provai e vede como o Senhor é bom. Feliz de quem nele espera, nada lhe falta,
será feliz.” Diz a Introdução Geral ao Missal Romano: “Enquanto o sacerdote e
os fiéis recebem o Sacramento, tem lugar o canto da comunhão, canto que deve
expressar, pela união das vozes, a união espiritual daqueles que comungam,
demonstra ao mesmo tempo a alegria do coração e tornar mais fraternal a
procissão para receber a Eucaristia. O canto prolonga-se enquanto se ministra
a Comunhão aos fiéis. Havendo, porém, um hino após a Comunhão, encerre-se
em tempo o canto da Comunhão” (IGMR, 86). Um canto adequado à comunhão
deverá corresponder ao sinal que está sendo realizado: a refeição fraternal do
Corpo e do Sangue de Cristo, na fraternidade e alegria da participação do
banquete eucarístico. O canto de Comunhão visa, muito especialmente, a
fomentar o sentido de unidade. É canto que expressa o gozo pela unidade do
Corpo de Cristo e pela realização do Mistério que está sendo celebrado.
Portanto, não são apropriados os antigos cantos de adoração ao Santíssimo
Sacramento, nem cantos subjetivos e intimistas, de mensagem genérica. Na
medida do possível, esteja em consonância com o evangelho proclamado: a
Palavra se faz Eucaristia! É normal que os cantos de comunhão tenham, de
alguma forma, a participação de toda a comunidade. A respeito do grupo dos
cantores, que é sempre uma questão com muitas dúvidas, diz o Missal Romano:
“O grupo dos cantores , segundo a disposição de cada igreja, deve ser
colocado de tal forma que se manifeste claramente sua natureza, isto é, que faz
parte da assembleia dos fiéis, onde desempenha um papel particular; que a
execução de sua função se torne mais fácil; e possa cada um de seus membros
facilmente obter uma participação plena na Missa, ou seja, participação
sacramental.” (n.312). Não há necessidade de multiplicar cantos durante o rito
da comunhão: silêncio, alternância entre canto e instrumento, algum solo,
repetição do refrão, refletindo a unidade do mistério celebrado e da assembleia
como um todo.

17) O canto após a Comunhão


O Missal Romano lembra a possibilidade de entoar um salmo, hino,
refrão orante: “Terminada a distribuição da Comunhão, se for oportuno, o
sacerdote e os fiéis oram por algum tempo em silêncio, recolhimento,
interiorização. Se desejar, toda a assembléia pode entoar ainda um salmo ou
outro canto de louvor ou hino.” (n.88). É um canto facultativo, não necessário, e
às vezes nem desejável, quando já houve um canto de comunhão, com
participação do povo, que se prolongou por algum tempo (Estudo 79 da CNBB).
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Não cabe neste momento Oração pelas vocações, Ave-Marias, homenagens...


(Homenagens e avisos são feitos após a Oração, antes da bênção final). Tem-se
estimulado ultimamente em nossas igrejas o refrão bíblico, que pode ser
entoado por um solista, ou grupo de canto, envolvendo aos poucos toda a
assembleia, num clima orante, brotado do silêncio. Equilíbrio, bom senso,
sensibilidade são sempre o melhor caminho para dosar canto e silêncio, levando
a assembleia ao encontro com Deus.

18) Louvor Final


Não está previsto o chamado “canto final”, não faz parte da estrutura da
missa, após a bênção e despedida do sacerdote, uma vez que com o “Ide em
paz”, a assembléia está dispensada. Na saída do povo, o mais conveniente seria
um órgão ou música instrumental, ou uma bela intervenção do coro / grupo de
canto... Mas nosso povo de certa forma o incorporou ao seu repertório litúrgico,
de modo que pode-se entoar um canto devocional – a Maria, ao santo padroeiro,
ou outro, em vista da missão, de caráter mais livre.

5. Critérios para escolha dos cantos durante o Ano Litúrgico


O critério central é a celebração do mistério pascal de Cristo, a páscoa
dos cristãos recapitulada na Páscoa de Cristo. O canto e a música estão a serviço
dos mistérios celebrados, ou melhor, ajudam a celebrar os mistérios de modo
mais festivo e solene. Não constituem enfeite acessório da Liturgia nem algo de
paralelo à celebração dos santos mistérios. Favorecem, na verdade, uma
vivência intensa da Liturgia da Igreja.
O ponto de partida para a escolha dos cantos é o mistério a ser celebrado,
iluminado pela Palavra de Deus, particularmente pelo Evangelho do dia. Assim,
parte-se dos mistérios do Ano Litúrgico, dos tempos Litúrgicos, do domingo,
Páscoa semanal. Sobretudo, nos domingos do Tempo Comum, é importante
partir do Evangelho do dia, sendo o Dia do Senhor considerado sempre como
Páscoa semanal. O mesmo vale para as solenidades e festas de Nossa Senhora e
dos santos. O canto será comemorativo do mistério celebrado. Terá sempre
índole de oração, proclamação das maravilhas de Deus em Cristo, em Maria,
nos santos em geral e nos cristãos. Os instrumentos, a letra, o canto, a palavra,
as orações, os gestos, os ritos, tudo deve convergir para uma participação
consciente, ativa e, sobretudo, frutuosa do mistério celebrado. Tudo deve elevar,
tudo será devoção, oração, na beleza da música e do canto, reflexo da beleza de
Deus, da alegria e da felicidade de comunhão com Deus e com os irmãos.

Tempo do Advento
Advento é vinda, é chegada. Vinda de Deus, chegada do Salvador. No
Tempo do Advento, devem ser consideradas na escolha dos cantos sempre as
duas vindas do Senhor: a vinda histórica e a vinda gloriosa no fim dos tempos.
O advento na Liturgia é tempo de preparação, na espera da vinda. preparando-se
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para comemorar a vinda do Senhor no mistério da Encarnação (Natal e


Epifania), ela está se preparando para a vinda última.
Os dois primeiros domingos do Advento acentuam mais a vinda última,
escatológica de Cristo, ao passo que o 3o. e o 4o. domingos realçam a preparação
para a comemoração da primeira vinda.

Tempo do Natal
É o ciclo de celebrações dos mistérios da manifestação de Deus como
Messias e Salvador. Todas as festas deste período, que vai até o Batismo do
Senhor, devem ser consideradas sob esse aspecto: Natal, comemoração do
Nascimento de Jesus Cristo, Sagrada Família, Oitava do Natal-solenidade de
Maria, Mãe de Deus, Epifania e Batismo do Senhor.
Epifania e Batismo do Senhor realçam a dimensão missionária da Igreja.
Deus nasce e se manifesta no mundo. Os cantos devem ser escolhidos de acordo
com esta compreensão. Assim, os cantos assinalados para o Natal também
servem para as festas da Sagrada Família, Oitava de Natal-Mãe de Deus,
Epifania e Batismo do Senhor. Cuide-se, porém, que não seja tudo do Natal,
mas que se enfoque também o que é característico das diversas festas da
manifestação.

Quaresma
A Quaresma é iluminada e animada pelo Tríduo Pascal. Tudo deve
convergir para a Páscoa: celebração da morte e ressurreição de Cristo e
celebração da morte e ressurreição dos cristãos em Cristo. O Povo de Deus é
chamado a renovar a Páscoa, renovar a nova e eterna Aliança em Cristo morto e
ressuscitado. A busca da Terra prometida exige penitência no sentido de
conversão, de mudança de vida, de deixar o mal e aderir ao bem. É o êxodo, é
sair de si, do seu egoísmo, do pecado, para viver o verdadeiro amor a Deus, ao
próximo e a todo ser criado, segundo o amor com que Deus nos amou primeiro.
O 1o. e 2o. Domingos da Quaresma serão sempre iluminados pela
experiência do deserto e da montanha, pela experiência da nossa pobreza e da
riqueza que se encontra em Deus.
Os três Domingos seguintes, sempre a caminho do Tríduo Pascal, realçam
aspectos diferentes da conversão evangélica. Assim, Ano A: a primeira
conversão pelo Batismo a ser renovado na Páscoa; Ano B: A restauração do ser
humano em Cristo Jesus, que exige a morte da semente pára que produza fruto;
Ano C: A misericórdia divina para com aqueles e aquelas que fazer penitência,
ou que se convertem, pára que tenham vida.
Na Quaresma devem transparecer os exercícios de conversão
apresentados pela Igreja: oração, jejum (renúncia, desprendimento), esmola
(generosidade, partilha, solidariedade). Nesta perspectiva de conversão através
da ação da caridade são preciosos os cantos da Campanha da Fraternidade. Não
precisam necessariamente ser os cantos daquele ano, principalmente por que
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desde o ano de 2007 não existem mais missas para a CF. A conversão
intensamente vivida na Quaresma levará a uma vida de conversão permanente
de toda a Igreja. A partir de 2014 a CNBB lançou os cantos para a Quaresma
para o Ano B, com as composições baseados nos textos bíblicos e litúrgicos.
Agora não estão ligados ao tema da CF como uma vez. Há somente um Hino
com a temática da Campanha da Fraternidade.

Semana Santa
A Semana Santa, que inclui o Tríduo pascal, vem nos recordar a Paixão e
Ressurreição de Cristo, desde a sua entrada messiânica em Jerusalém.

Domingo de Ramos
No domingo de Ramos, da Paixão do Senhor, a Igreja entra no mistério
de seu Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado que, ao entrar em Jerusalém,
prenunciou a sua majestade e realeza. os cristãos levam ramos em sinal de
triunfo de Cristo ao morrer na cruz. De acordo com a palavra do apóstolo, “se
com ele padecemos, come ele também seremos glorificados” (Rm 8,17).

Tríduo Pascal
O Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor começa com a missa
vespertina da Ceia do Senhor, possui seu centro na Vigília Pascal e encerra-se
com as Vésperas do Domingo da Ressurreição.

Quinta-feira Santa
O Tríduo Pascal é a comemoração da paixão-Morte, Sepultura e
Ressurreição do Senhor. Quinta-feira, na Ceia do Senhor está centrada a
comemoração do Novo Mandamento do Amor, simbolizado pelo Lava-pés. A
Instituição da Eucaristia, o Sacerdócio ministerial, os Sacramentos da Igreja,
recebem sentido e são motivos de ação de graças, a partir do Novo
Mandamento. Na última ceia Jesus Cristo celebrou profeticamente o que ia
realizar em seguida: sua Paixão-Morte, Sepultura e Ressurreição. A Igreja
comemora esse mistério.

Sexta-feira Santa
A Sexta-feira da Paixão do Senhor comemora a Morte salvadora do
Senhor: sua entrega de amor ao Pai e ao mundo, na plena solidariedade com o
ser humano. Celebra o mistério não pela eucaristia, mas pela Celebração da
Palavra que completada pela Preces universais, a Adoração da Cruz e a Santa
Comunhão eucarística.

Vigília Pascal
A Vigília Pascal constitui o ponto alto de todo o Ciclo pascal e de todo o
Ano Litúrgico. É a plenitude: Celebração da Páscoa de Cristo e dos cristãos;
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morte e ressurreição de Cristo e dos cristãos. Por isso, a celebração dos três
sacramentos da Iniciação cristã: Batismo, Crisma e festa batismal, é festa
pentecostal, é festa eucarística, expressa pelos símbolos da luz, dos elementos
da natureza como a água, o óleo, o pão e o vinho. Toda a natureza é
transfigurada e se transfigura. O Domingo da Páscoa não passa de
desdobramento feliz da Vigília.

Páscoa
Os Domingos da Páscoa prolongam o aleluia pascal durante 50 dias
(pentecostes). Nos Domingos 2o, 3o. e 4o., a Igreja se encontra com Cristo
ressuscitado em suas aparições onde se vive o amor. Nos domingos 5 o. e 6o.,
Jesus aparece vivo e suscitando a vida onde os cristãos vivem a comunhão com
Cristo no serviço da caridade, animados pelo Espírito.

Ascenção
A Ascenção é a Festa do Triunfo do Senhor. Vitorioso sobre o pecado e a
morte, retorna para junto do Pai, donde promete enviar o Espírito Santo, para
que todos os que nele crêem e o amam, possam participar de sua vitória e do seu
triunfo. Tem caráter missionário. Quem é abençoado, cumulado de bens, é
chamado também a abençoar, a levar o bem para os outros.

Pentecostes – Espírito Santo


o
É o 50 . dia da Páscoa, o encerramento da Páscoa. A promulgação da
nova Aliança no Espírito, pelo qual Cristo continua sua obra na Igreja e no
mundo. É mistério de Cristo que envia seu Espírito prometido. É festa da Igreja
animada e guiada pelo Espírito Santo. A festa de Pentecostes leva a Igreja a
renovar em si o Espírito, o dom de Deus, que lhe é dado no Sacramento da
Crisma ou Confirmação. Esta solenidade também tem profundo caráter
missionário e apostólico. A solenidade será muito bem preparada a partir do 6 o.
domingo da Páscoa.

Tempo Comum
Domingo significa Dia do Senhor. É a celebração semanal da Páscoa de
Cristo e da Páscoa dos cristãos. É sempre festa batismal. O mistério pascal de
Cristo está sempre no centro. A pascalidade que caracteriza cada domingo é
enfocada pela liturgia da Palavra e, particularmente, pelo Evangelho. Assim, os
cantos próprios de cada Domingo serão escolhidos a partir da mensagem central
da Palavra de Deus. Mas atenção! Temos hoje o Ano A (Evangelho segundo
Mateus), o Ano B (Evangelho segundo Marcos) e Ano C (Evangelho segundo
Lucas). E mais duas observações importantes:
1) Cada Evangelho traz uma maneira própria Jesus em sua ação. Mateus, o
Evangelista do novo Moisés, da nova Lei, da generosidade do amor, do Sermão
da Montanha. O Evangelho dos mistérios do Reino revelados pelas parábolas, o
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Evangelho da comunidade eclesial e da missão. Marcos, o Evangelho da fé em


Jesus Cristo como Deus, do discipulado que passa pelo mistério da cruz para
chegar à ressurreição. No Ano B se insere o capítulo 6 de João, que apresenta
Jesus como o Pão da Vida, excelente oportunidade de aprofundamento do
mistério eucarístico, centro de toda a vida da Igreja. Lucas, o Evangelho da vida
cristã, da conversão permanente, da misericórdia, da vida de oração, da
hospitalidade, da vida de desprendimento das riquezas, da vida no Espírito
Santo.
2) Em cada Evangelho aparece uma dinâmica interna que vai do início da
pregação de Jesus, chamando os discípulos, até os discursos sobre as últimas
realidades. Cada ano a Igreja é convidada a seguir os passos de Jesus Cristo sob
a ótica do respectivo evangelho. A Equipe de Celebração escolherá os cantos,
tendo em vista essa dinâmica dos Domingos durante o Ano, ou Domingos do
Tempo Comum. Portanto, os critérios são: o caráter pascal de cada Domingo; o
Evangelho à luz de toda a Liturgia da Palavra, o caráter de cada evangelista e a
dinâmica interna de cada Evangelho.

Petrópolis, 22 de novembro de 2015


Festa de Santa Cecília
Frei Marcos Antônio de Andrade, OFM

BIBLIOGRAFIA
- DOCUMENTOS SOBRE A MÚSICA LITÚRGICA (1903-2003), Paulus, S. Paulo
2005.
- CONGREGAÇÃO DO CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DO SACRAMENTO .
Instrução Geral sobre o Missal Romano. Apresentação de Frei Alberto
Beckhäuser, 7a. edição. Petrópolis: Vozes, 2008.
- CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Guia Litúrgico-Pastoral,
2a. Edição Revisada e ampliada. Brasília: Edições CNBB.
- CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Pastoral da música
litúrgica no Brasil, Documentos da CNBB 7, Paulinas, São Paulo 1976.
- CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. A música litúrgica no
Brasil. Um subsídio para quantos se ocupam da música litúrgica na Igreja
de Deus que está no Brasil, Estudos da CNBB 79, 6a. edição. São Paulo:
Paulus, 2004.
- BECKHÄUSER, A. Cantar a liturgia. Petrópolis: Vozes, 2004.
- FONSECA, J. Cantando a missa e o ofício divino, São Paulo: Paulus, 2007.
- FONSECA, J. Quem canta? O que cantar na liturgia? São Paulo: Paulus,
2008.
- GELINEAU, J. Canto e música no culto cristão. Princípios, leis e aplicações,
Petrópolis: Vozes, 1968.

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