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FRANCESCO REDI E 0 III CENTENARIO DA PARASITOLOGIA (1684-1984) + Orlando Bastos de Menezes* RESUMO — Pretende-se homenagear 0 naturalista italiano FRANCESCO REDI, em come- ‘moragao ao III Centenério de sua obra escrita em 1684 e que é considerada a “pedra funda- ‘mental da Parasitologia”, 2 qual se intitula Osservazione intorna agli animali viventi, che si trovano negli animali viventi; ado feitas, igualmente, refer acias aos trabalhos de Redi, como homem de letras € médico e realizados sob os ausprcios da Casa dos Médicis, dacidade de Florenca. ABSTRACT ~ This paper, is meant to give homage to the Italian naturalist Francesco Redi, in celebration of the 300! anniversary of his work which was written in 1684 and which 1s considered the "fundamental rock of Parasitology”, Osservazione in torno agli animali viventi, che si trovano negli animali viventi, A the same time there are references to Redi’s other works as a literaty man and as a doctor. These works were produced with the help of the House of Médicis in the city of Florence. 1 INTRODUCAO Geralmente, os tratados de Parasitologia nada escrevem sobre o histérico des- sa Ciéncia ou, quando o fazem, abordam o assunto de maneira, salvo poucas ‘excegdes, um tanto suméria. Assim, pouco sdo os tratadistas que salientam ser FRANCESCO REDI 0 fundador da Parasitologia; entre os autores que indicam Redi por essa designaco honorifica, citamos Guiart, professor de Parasitologia da Faculdade de Medicina de Lyon, na Franga, 0 qual, no seu livro publicado em 1910, Précis de Parasitologie, diz que o Século XVII “pode bem orgulhar-se ter visto nascer Francesco Redi, que foi verdadeiramente o pai da Parasitolo (p.1-2); Ungria denominou Redi, de padre da Parasitologia (2,p.15) e Chandler, cognominando-o de grand-father dessa ciéncia, diz que Redi foi o “first genuine parasite hunter” (3,p.6). Algumas enciclopédias dio destaque 4 obra parasitolégica de Redi, como a Haliana que, a respeito da opera di fundamentale importanza do sibio patricio, publicada hi justamente trezentos anos, em 1684, Osservazione intorno agli animalt viventi, che se trovano negli animall viventi (Observagdes sobre os ani- mais vivos que se encontram nos outros animais vivos), diz que ela “pode com razfio ser considerada como o primeiro fundamento da Parasitologia” (4,p.972). (©) Prof, Titular de Parasitologia, Aposentado, da UFBA Prof. Assistente do Departamento de Ciéncias Biologicas ‘Sitientibus, Feira de Santana, 2(4) : 5-15, jan.jjun, 1984 Escritores que escreveram a biografia de Redi, além de exaltarem suas expe- riéncias que comprovaram ser inexata a hipdtese aristotélica da geragZo espon- t4nea, salientaram também a sua condi¢do de “um dos pais da Parasitologia”, como j 0 fizera, em 1898, 0 precitado Guiart (5,p.431), Em sua biografia, escri- ta em 1921, Nutall, expressando-se de igual modo quanto a Redi, afirma que ele foi “o primeiro a fazer consecutivas observagdes sobre os Entozodrios dos ani- mais, sendo suas pesquisas o estimulo inicial para os cientistas devotarem a aten- fo aos vermes parasitos” (6,p.400). Outro bidgrafo de Redi, Cole, escrevendo em 1926, diz que o sabio é consideradé pelos parasitologistas como 0 “pai des- sa ciéncia” (7,p.356). Com a sua autoridade de Diretor da Catedra de Historia da Medicina, da Uni- versidade de Florenga, diz Nardi que da obra de Redi, publicada em 1684, “ObservagSes sobre os animais vivos que se encontram nos outros animais vi- vos”, é que “nasceu a parasitologia, da qual constituiu a pedra angular” (8,p.599). Assim, no ano em que se registra o TERCEIRO CENTENARIO da Cigncia Parasitolégica, a partir da obra fundamental de Redi, desejamos, como um pro- fessor que encaneceu no mister de transmitir a mocidade estudiosa da Bahia, na rea da Satide, 08 conhecimentos basicos da Parasitologia, prestar esta singela ho- menagem ao sabio italiano, tecendo ou compilando comentérios sobre as miilti- plas atividades culturais de Francesco Redi, especialmente a sua contribuig#o a Parasitologia. Para tanto, seguiremos, em parte, o esquema ‘tragado no fim do Século XIX, por um dos biégrafos de Redi, o professor Jules Guiart, modificando, no entan- to, a distinggo estabelecida por ele, ao comentar a obra de Redi, sob trés angu- los: “1” écrivain, le naturaliste et le médecin” (5,p.426), esquema que, temos observado, foi seguido por outros bidgrafos de Redi. Assim, como preito a Redi, por motivo do Ili Centendrio da “pedra angular” da Parasitologia, analisaremos 0 conjunto da produgdo do sdbio italiano, por mais um angulo, desdobrando o de “naturalista” para também o de “‘parasitologista”. 2 O HOMEM DE LETRAS Francesco Redi nasceu na cidade de Arezzo, na Toscana, em 1626, de uma familia nobre, sendo seu pai médico do Grioduque de Toscana, da Casa dos Médicis, Redi fez os estudos classicos com os padres jesuitas, na cidade de Flo- renga, ento a “cidade mais interessante da Europa” (7,p.347) e cuja gloria era decoréncia da atividade dos Médicis, seus governantes durante séculos. Passan- do a estudar na Universidade de Pisa, 0 jovem Redi diplomou-e, aos 21 anos, em Filosofia e Medicina, simultaneamente, o que era comum naquele tempo. Dedicou-se ele, inicialmente, & literatura, & qual nfo renunciaria em momento algum de sua Vida, di-lo Nardi (8,p.582). Morando alguns anos em Roma, ele se tomou “lecturer de literature latine et grecque”, na corte do cardeal Colonna, aperfeigoando-se também no estudo das linguas modernas: alemdo, érabe, espa- hol, francés e inglés (id., ibid.). Sitientibus, Feira de Santana, 2(4) :5-15, jan.jjun. 1984 7 Pesquisando na biblioteca do Vaticano, veio Redi a ser um “‘coletor de manus- critos”, inclusive o da autobiografia de Benvenuto Cellini, célebre escultor flo- sentino; em sua faina de assiduo as bibliotecas, descobriu Redi em um antigo mosteiro, 0 manuscrito de um monge e 0 republicou, com o nome de Lettera intorno all’ invencione degli occhiali (Firenze, F. Onofri, Sampatore Graducale, 1678, conforme consta no Catalogo da Library of Congress, de Washington, Es- tados Unidos da América do Norte; nese manuscrito se faz provavelmente a pri- meira referéncia ao uso de Sculos, isso em 1289, com estes dizeres: “Estou tao carregado de anos, que sem os vidros chamados oechiali, eu ndo podia ler nem escrever; eles foram inventados para o conforto de pobres velhos, cuja vista estd enfraquecida” (7.p.348-9). Voltando para Florenga, entrou Redi, ainda bastante jovem, como membro da Accademia della Crusca, entio sob 0 patronato do Principe Leopoldo, da Ca- sa dos Médicis e da qual veio a ser Redi, durante muitos anos, 0 Archiconsul (8,p.586), Essa Academia, que fora fundada em Florenga no ano de 1582, toma- rao nome de cnisea, “farelo, parte grosseira do gro que resta sobre o tamis, quando a farinha ¢ peneirada; seu emblema era uma peneira grande, encimada pelas palavras /1 pitt bel fior ne coglie (‘nela se recothe a mais fina flor’). Nao se pOdia indicar mais claramente o fim a que se propunha: depurar a lfngua toscana, separar a flor do farelo” (9,p.LIX-L). Dedicando-se ao toscano, tal era o amor de Redi pela sua lingua materna que, quando no estava ocupado com a ciéncia, ele se dedicava a filosofar sobre 0 toscano ¢ sobre os autores antigos e modemos, com o intuite de “enriquecer, melhorar e polir sua lingua” (5.p.427). Membro da Academia, a reputagao de Redi credenciou-o a ser escolhido como editor do Vocabulirio Toscano (7,p.348). Colaborando intensamente na feitura dese Diciondrio Italiano “de la Crusca”, Redi é considerado “um dos fundadores da lingua italiana” (5,p.427). Redi compés um grande nimero de poesias, em dialeto toscano, “notaveis pela altura do pensamento, a profundidade da observagao, a delicadeza do gosto, a limpidez, e acima de tudo pela melodia do ritmo e a perfeigao toda particular do estilo” (ibid.,p.426). A mais importante das obras poéticas de Francesco Redi é intitulada Bacco in Toscana, que é um “ditirambo, poema Iirico ¢ humoristico, pleno de uma agra- dével fantasia” (10,p.251). Os nossos léxicos definem “ditirambo” como uma poesia de exaltago ao vinho, dedicada a Baco, apelidado de Dithyrambos, em Brego. A poesia de Redi é 0 elogio do vinho de Toscana e consiste em um moné- Togo de Baco que, em companhia de Ariadne, percorria os montes da Toscana, provando o vinho de varias vindimas, e terminou por eleger 0 do Monte Pulcia- no, como o “Rei dos Vinhos” (7,p.357). Sabidamente admirador do vinho, desde priscas eras, encanitou-se 0 povo ita- liano com o ditirambo de Redi, ndo somente “pela beleza da composigao, mas também pela profunda erudig4o que revelam no autor um conhecimento perfei- to das literaturas antiga e moderna, italiana e estrangeira” (5,p.427). Os criticos italianos consideram © ditirambo de Redi, como uma “obra prima sem similar no presente e, quicd, no futuro”, segundo escreveu, em 1854, Michaud (11,y. Sitientibus, Feira de Santana, 2(4) :5-15, jan./jun. 1984

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