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ª parte: Dedicatória — Canto I (estrofes 6 a 18)

Nessa altura, D. Sebastião era ainda muito jovem e por isso era visto
como a esperança da pátria portuguesa na continuação da dilatação da
fé e do império, uma vez que passados os tempos áureos das
descobertas se caminhava em direção a uma crescente degradação de
costumes. (Poderás perceber melhor a caracterização da sociedade
portuguesa desta época em Gil Vicente.)

Os primeiros versos da Dedicatória revelam de imediato esta certeza


depositada em D. Sebastião: "E vós, ó bem nascida segurança/Da
Lusitana antiga liberdade, /E não menos certíssima esperança/De
aumento da pequena Cristandade". Reparaste, decerto, que a
Dedicatória se inicia por uma apóstrofe, tal como a Invocação. Logo, o
discurso desta parte de Os Lusíadas será também um discurso
argumentativo, cujo objetivo é convencer. Para isso o Poeta preparou um
discurso muito bem organizado, mais extenso em relação à Proposição e
à Invocação, onde não só oferece o seu canto ao rei, como lhe tece
muitos elogios, aconselhando-o e, acima de tudo, apelando para que
veja o quão gloriosa foi e poderá ser a nação que governa. É notória a
insistência do Poeta em chamar a atenção do monarca, através dos
muitos vocativos, apóstrofes e anáforas a que recorre, reforçando a sua
linguagem apelativa.

O elogio ao rei está presente em toda a Dedicatória, mas é desde


logo visível nas três primeiras estrofes, salientando-se as
várias metáforas, como em "Vós, tenro e novo ramo florescente",
realçando a jovialidade do rei, e o aposto, como em "Vós, poderoso Rei,
cujo alto Império".

Na caracterização de D. Sebastião, há também uma figura de estilo


que surge muitas vezes. Trata-se da sinédoque.

Para além do elogio ao rei, Camões pretende convencê-lo a aceitar o


seu canto, por isso recorre a uma linguagem argumentativa. Há quem
considere, inclusivamente, que o discurso da Dedicatória segue a
estrutura própria do género oratório.

Esta estrutura tinha cinco partes: exórdio, que correspondia ao início


ou introdução do discurso; exposição, que era a parte do
desenvolvimento; confirmação, que era o momento em que se
apresentavam vários exemplos para demonstrar o que se tinha
dito; peroração, que consistia numa recapitulação de tudo quanto se
dissera; e o epílogo, que correspondia à conclusão do discurso.

Pela estrutura apresentada compreendes que o género oratório era


muito exigente ao nível da linguagem e da organização. Mas como é que
se verifica a presença deste género na Dedicatória? Atenta na seguinte
divisão:
• exórdio: início da Dedicatória em tom de elogio ao rei (estrofes 6 a 8).
• exposição: o Poeta pede ao rei que aceite o canto que lhe é dedicado
para que nele possa ver os gloriosos feitos do seu povo (estrofes 9 a 11).
• confirmação: Camões apresenta vários exemplos de heróis da História
de Portugal, demonstrando aquilo que anunciara (estrofes 12 a 14).
• peroração:novamente se apela ao rei para que aceite o desafio de
governar bem a sua pátria (estrofes 15 a 17).
• epílogo: Camões conclui, pedindo ao rei o seu favor, a sua aceitação
desta obra (estrofe 18).

Assim, e em conclusão, pela necessidade de um discurso que


convença D. Sebastião, Camões recorreu à linguagem apelativa através
de numerosos vocativos e apóstrofes e do uso frequente do modo
imperativo ("Inclinai", "Ponde", "Ouvi"), que surge repetido ("Tomai",
"Dai") sempre na segunda pessoa do plural ("Vós") que é uma forma de
tratar alguém com cerimónia, neste caso o rei. A utilização tão frequente
do vocativo e do imperativo revela uma chamada de atenção constante
do destinatário desta Dedicatória para o que o poema vai celebrar.

Daí que, no final do Canto X, nas últimas estrofes, na conclusão da


obra, o Poeta retome a Dedicatória, voltando a interpelar o rei, pedindo-
lhe que atenda ao canto que foi feito e que, agora, melhor do que nunca,
conhecedor da história gloriosa do povo lusitano, julgue se é preferível
dominar o mundo todo ou ser rei de gente tão grandiosa, como lhe havia
já perguntado na Dedicatória: "E julgareis qual é mais excelente,/Se ser
do mundo Rei, se de tal gente." (Canto I , estrofe 10).

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