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Revista O Setor Elétrico
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aquecimentonaresistenciaeletricadebarramentosblindadosparte2/
Por Luís Eduardo Caires, Hédio Tatizawa, Hélio Eiji Sueta e Silvio J. van Dijk*
Entre as muitas variáveis que influenciam o valor da resistência elétrica de um barramento blindado,
encontrase a temperatura atingida pelo condutor no equilíbrio térmico. Esta, por sua vez, é função da
temperatura ambiente na qual o barramento se encontra e do valor da corrente elétrica ao qual o condutor é
submetido.
Os ensaios de elevação de temperatura em barramentos blindados são realizados para a corrente nominal
informada pelo fabricante, a uma temperatura ambiente dependente das condições climáticas observadas no
momento do ensaio. Os dados de resistência elétrica obtidos são determinados para estas condições de
carregamento e de temperatura. A partir destes valores, são calculadas as quedas de tensão de um sistema
alimentado por barramento blindado.
A utilização de um barramento blindado para correntes inferiores ao ensaiado tende a diminuir o valor da
resistência elétrica. Além disso, nem sempre a temperatura ambiente na qual o sistema será instalado condiz
com a temperatura observada no momento do ensaio.
Em função dessas variáveis, passa a ser importante a adequação do valor da resistência elétrica às condições
de instalação e, assim, corrigir o valor da queda de tensão calculada, obtendose um valor mais próximo da
realidade.
Na primeira parte deste artigo, publicada na edição anterior, foram descritos os fundamentos teóricos, os
objetivos, os objetos ensaiados e a metodologia empregada no estudo. Nesta parte final do artigo, serão
abordados os resultados obtidos, cálculos aplicados e algumas considerações.
Resultados obtidos, cálculos e considerações
Os pontos escolhidos para as medições de queda de tensão foram posicionados de tal forma a abranger dois
elementos retos e duas junções, já que, de acordo com a norma, deve haver pelo menos duas emendas.
Como, numa instalação elétrica, o sistema de barramento blindado montado consiste basicamente de um
elemento reto para cada elemento de junção, os valores de resistência calculados desta forma aproximamse
com boa precisão do valor real observado na prática.
Os valores encontrados nos ensaios de laboratório devem ser comparados aos valores levantados no estudo
teórico. A partir disso é possível determinar um equacionamento matemático que permita o cálculo da queda
de tensão em instalações de barramento blindado de forma a otimizar a sua utilização sem comprometer o
limite máximo estabelecido pela concessionária.
Resultados obtidos
Além dos pontos de medição de temperatura, foram obtidas as informações necessárias à determinação dos
parâmetros elétricos da linha préfabricada, conforme as normas ABNT NBR IEC 604392 e IEC 614396.
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Foi medido o valor da resistência em corrente contínua com microhmímetro, a frio, em cada barra, incluindo
o neutro, sendo que nesta última o valor foi medido durante o ensaio.
Os valores obtidos estão registrados nas tabelas 1 a 12 a seguir.
Tabela 1 – Resultado dos testes no modelo 1: barra colada, In 2500A, IP55, 1 condutor por fase
A tabela 2 a seguir apresenta as comparações entre os valores medidos na prática com os valores teóricos,
calculados a partir das expressões [9], [10] e [11], que podem ser consultadas na primeira parte deste artigo,
publicada na edição anterior. ”
Tabela 2 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 1
Tabela 3 – Resultado dos testes no modelo 2: barra distanciada, In 2000A, IP31, 2 condutores por fase
A tabela 4 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática e os valores teóricos.
Tabela 4 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 2
Tabela 5 – Resultado dos testes no modelo 3 – barra distanciada, In 1000A, IP31, 1 condutor por fase
A tabela 6 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática e os valores teóricos.
Tabela 6 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 3
Tabela 7 – Resultado dos testes no modelo 4: barra distanciada, In 630A, IP54, 1 condutor por fase
A tabela 8 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática e os valores teóricos.
Tabela 8 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 4
Tabela 9 – Resultado dos testes no modelo 5: barra distanciada, In 700A, IP31, 1 condutor por fase
A tabela 10 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática com os valores teóricos.
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Tabela 10 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 5
Tabela 11 – Resultado dos testes no modelo 6: barra distanciada, In 500A, IP54, 1 condutor por fase
A tabela 12 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática com os valores teóricos.
Tabela 12 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 6
Cálculos e considerações
Antes de interpretar os dados, é conveniente examinar mais alguns números para completar a avaliação.
O valor da reatância indutiva deve permanecer constante, pois este não é afetado pela variação de
temperatura e a variação observada deve ser somente atribuída aos erros de medição. Esses erros são comuns
a todo tipo de medição e definem a incerteza do método. Neste caso em particular, devido à propriedade
apontada, é possível fazer uma avaliação estatística através da média e do desvio padrão das amostras, ou
seja, uma medida central e uma medida de dispersão. A partir da relação percentual entre o desvio padrão e
sua média podese ter uma medida básica da variabilidade do processo. Esse princípio foi utilizado como
medida da incerteza da medição para obtenção dos valores encontrados na tabela 13.
Tabela 13 – Relação percentual entre o desvio padrão e a média da reatância indutiva
As medições envolveram seis modelos de barramentos e foram realizadas em um intervalo de tempo
relativamente grande entre si (entre junho de 2015 a agosto de 2016). Nesse período podese destacar que a
relação percentual entre o desvio padrão e o valor médio da reatância indutiva, utilizada como medida da
incerteza do método, reduziu de 8,6% para 0,4% a 0,8%. Isso se deve, em boa parte, ao refinamento do
método de medição, fruto do esforço do laboratório, concessionárias e fabricantes visando à padronização
mais rigorosa da montagem, particularmente com respeito à definição dos limites físicos da amostra.
Comparandose os dados de interesse nas tabelas 1 a 12 e levandose em consideração um desvio padrão em
uma distribuição normal, chegase aos erros médios para os parâmetros calculados teoricamente,
apresentados na tabela 14.
Tabela 14 – Erro médio para o cálculo dos dados de interesse
O erro médio da resistência calculada teoricamente é um parâmetro que se manteve flutuante no
intervalo de 5,93% a 0,89% (a faixa completa da estimativa vai de 11,88% a +1,60%). Entretanto,
nesta faixa devemos contar que houve melhoria na determinação dos parâmetros e, nos últimos ensaios
dos modelos 3 a 6, o erro médio ficou entre 1,03% e 0,82% (faixa completa entre 2,09% e 1,49%).
O erro médio da queda de tensão calculada teoricamente é um parâmetro cujo erro médio variou entre
3,84% e 0,73% (a faixa completa vai de 6,40% a 1,26%). Entretanto, algumas ponderações devem
ser feitas. Na pior das hipóteses, o erro de 6,40% em relação à queda de tensão apurada traduzse em
alguns milivolts por metro ou, de outra forma, é uma porcentagem do percentual considerado para a
queda de tensão. Por exemplo, se a queda de tensão admissível é de 2%, o erro seria 6,40% desse
valor, ou seja, um valor absoluto de 0,13% muito baixo no cômputo geral. Além disso, como a
variabilidade apurada nos últimos ensaios diminuiu, os resultados mais recentes apresentaram menor
dispersão.
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No caso do modelo 2, em que a dispersão foi maior, devese levar em consideração o fato de a
montagem ser mais complexa por haver mais barras envolvidas e, portanto, demandar maior atenção a
fim de diminuir a dispersão. Mesmo neste caso mais crítico, os valores obtidos do modelo também
levam a conclusões confiáveis. Em números: para uma tensão do sistema de 220 V, a queda de tensão
admissível de 2% corresponde a um valor de 4,4 V. O maior comprimento para uma linha desse tipo,
submetida a uma corrente de 2592 A (tabela 4), pelo modelo teórico, seria 26,7 m. Considerandose o
valor medido da queda de tensão e o comprimento teórico, a queda de tensão real seria de 4,6 V, o que
equivale a 2,11%, com erro percentual de 0,11% (valor estimado no item anterior 0,13%). Isso
levandose em consideração a aplicação da corrente máxima na linha, o que é uma condição de
demanda pouco comum.
A interpretação dos resultados varia com sua aplicação, mas, de um modo geral, são coerentes com o
esperado para esses modelos, segundo a experiência adquirida nos testes com esse tipo de equipamento.
Nos casos em que são tolerados erros de até 11,88% na estimativa de resistência e 6,40% na de queda de
tensão, o modelo pode ser aplicado nos projetos com bons resultados.
A aplicação da estimativa de temperatura é útil na fase de projeto para o dimensionamento do produto. Para
os barramentos blindados de barra distanciada com grau de proteção IP 31 (ventilados), 1 condutor por fase,
a estimativa da corrente nominal a partir da projeção da temperatura incorre em erros desprezíveis, com
precisão da ordem de 1°C ou frações disto. Já para barra colada IP 55 e barra distanciada IP 31 com 2
condutores por fase, o erro gira em torno de alguns graus (até 4 °C) e, para a barra distanciada IP 54 (sem
ventilação), até 6 °C. Em todos os casos, portanto, a estimativa da capacidade de condução da linha pré
fabricada pode ser determinada com grande precisão.
Atualmente, os resultados dessas estimativas ajudam a orientar os testes no laboratório, permitindo prever
com razoável precisão o comportamento das amostras a partir do resultado de um teste. Desta forma reduzse
o número de testes necessários para se otimizar a capacidade projetada da linha préfabricada.
O valor da resistência exerce um papel auxiliar neste caso, já que será utilizado efetivamente na composição
do valor da queda de tensão e, dessa forma, o valor de 11,88% não é crítico.
Conforme indicado anteriormente, uma incerteza de 6,40% na estimativa de queda de tensão representa um
erro estimado menor que 0,13% no cômputo geral, o que é um valor adequado às aplicações.
Os resultados apontam para a necessidade de um cuidado maior na medição de modelos com mais de uma
barra por fase, se a dispersão requerida for baixa.
Há outras aplicações do método em equipamentos que guardam certa similaridade física. No caso de ensaio
de transformadores a seco, a ABNT NBR 10295:1988 já apontava em seu item 6.6.3 (Ensaio de elevação de
temperatura) um tratamento matemático muito similar ao abordado neste trabalho. Naquela norma, o
expoente é 1,6 para refrigeração natural e 1,8 para ar forçado. O que significa que pode haver um ajuste em
função da termodinâmica do sistema estudado.
Comentários e conclusões
Os resultados obtidos são encorajadores e apontam para um futuro promissor na utilização do modelo.
Tratase, contudo, de um estudo pioneiro sobre o assunto visando obter maior experiência e proficiência na
abordagem do tema. Os resultados se restringem a dois modelos de dois fabricantes que gentilmente
colaboraram com o estudo e poderá ser ampliado para outros modelos. Não houve tempo hábil para
organizar um estudo maior com maior número de participantes de modo a contarmos com um maior número
de modelos para aumentar a abrangência das conclusões.
Este estudo permite a possibilidade de se produzir equacionamentos em forma de planilhas, visando calcular
o comportamento dos parâmetros básicos de projeto de linhas elétricas préfabricadas e, assim, facilitar o
trabalho de otimização dos fabricantes e a avaliação dos resultados por parte das concessionárias. Tais
planilhas podem ser implementadas diretamente das expressões indicadas na norma IEC 619476. A
contribuição deste estudo consiste na determinação da resistência da linha préfabricada em função da
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corrente que a percorre. Quando não são feitas as devidas compensações, utilizase o valor da resistência
medida durante o ensaio com corrente nominal. Este valor é maior que o real, caso a corrente na linha seja
menor que a nominal.
A aplicação destes conceitos pode resultar em um ganho no dimensionamento da linha préfabricada sendo
proporcional ao comprimento desta. Por exemplo, para um dos modelos testados, com uma corrente de 1000
A, fator de potência 0,92, carga concentrada no final do trecho e tensão nominal de 220 V, seria possível
construir uma linha de, aproximadamente, 103 m dentro do critério de queda de tensão de 2%, se levadas em
consideração as correções de temperatura propostas no método descrito. Se for considerada somente a
resistência medida na temperatura de equilíbrio térmico, para a corrente nominal, seria possível construir
uma linha de 91 m nas condições indicadas, ou seja, uma perda de 13% no comprimento para a mesma linha
préfabricada.
*Luis Eduardo Caires é engenheiro, com mestrado em engenharia elétrica e supervisor do Serviço Técnico
de Altas Potências do IEE/USP;
Hélio Eiji Sueta é doutor em Engenharia Elétrica e chefe da Divisão Científica de Planejamento, Análise e
Desenvolvimento Energético do IEE/USP;
Hédio Tatizawa é doutor em Engenharia Elétrica e professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP;
Silvio J. van Dijk é engenheiro eletricista, gerente industrial e de projetos da Holec Barras.
Colaborador: Roberto Barrotte, da Barrotte Ortega e Cia Ltda (BOR).
Agradecimentos a Marcus Eduardo Piffer Amaral, do IEE/USP; a Francisco H. Kameyama, do IEE/USP; e
a Márcio Almeida da Silva, da AES Eletropaulo.
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