O patrimônio em construção e o conhecimento histórico, Porto Alegre: Fada, 2000.
(p 14) O objetivo da autora com o texto é mostrar um breve histórico do patrimônio e
seu conceito para que possamos melhor compreende-lo através de algumas questões que devem ser estudadas.
(p 14 a 16) Histórico da noção de patrimônio.
A autora menciona Françoise Choay para explicar a diferença entre monumento e monumento histórico. Ela expõe que monumento é algo que uma sociedade constrói com a intenção de manter sua memória, enquanto o monumento histórico é construído posteriormente quando é preservado junto à outros já existentes. A idéia de reflexão em relação às obras monumentais iniciou no século XV durante o renascimento. Os antiquários a iniciaram na busca por conhecimento das civilizações grego-romanas. Durante a Revolução Francesa os sábios e eruditos conseguiram conter a destruição de objetos confiscados do clero e dos nobres com a justificativa de serem bens pertencentes a toda a nação e assim mante-los para o futuro. Os bens do patrimônio têm por intenção identificar uma determinada sociedade ou nação de forma homogênea; passando a ter caráter moral e pedagógico. Hoje o patrimônio tornou-se a preocupação de vários países, sendo motivos de análise desde a identificação destes; que são imóveis, culturais, naturais, etnológicos; até a maneira de sustentá-los e criar consciência de sua importância junto às comunidades locais.
(p 17 a 18) O campo do patrimônio.
Para definir-se o que é patrimônio é feita uma série de seleções e a partir do momento em que um bem passa a ser considerado como tal – seja nacional, histórico, artístico, arquitetônico, paisagístico, afetivo – é necessário criar mecanismos de defesa para sua preservação fazendo com que se torne inviolável. Muitas vezes passando a ser tido como verdade a ser repassada para toda a sociedade. O campo do patrimônio é, segundo Lewgoy, “ um sistema de relações objetivas entre os agentes sociais encarregados das tarefas práticas e simbólicas ligadas ao tombamento e preservação de bens culturais”. Estes agentes são profissionais de várias áreas de conhecimento e funcionários governamentais preparados para isto.
(p 19 a 22) O conhecimento histórico na construção do patrimônio.
Neste ponto a autora coloca a importância do patrimônio como objeto de estudo dos historiadores visto que podem ser considerados documentos que reproduzem vestígios das relações sociais de uma sociedade, desta forma podendo servir como apoio as pesquisas destas. Nas questões para determinação de um bem como patrimônio entram também os diversos interesses públicos e privados, aí entra o trabalho do historiador que pode determinar o valor de dado bem para a sociedade, cuidando para que não seja destruído e justificando o motivo disto. A necessidade de preservação dos bens patrimoniais se fundamenta pela ameaça de sua perda, que acarretaria a perda da memória de uma determinada nação ou sociedade ao qual eles estão vinculados. Considerando o patrimônio como documento histórico é evidente sua importância independente da sociedade, nação, grupo ou momento histórico que represente e também é incontestável a necessidade e importância do historiador para analisar todos estes pontos.
(p 23) Considerações finais.
Se buscarmos ver o patrimônio do ponto de vista científico é obrigatório que seja considerado objeto de estudo de todas as disciplinas para compreender sua importância para a sociedade e sua difusão como tal. Dada a indispensável atribuição de valores para considerar-se um bem como patrimônio, é fundamental atentar-se para as datações, pois é óbvio que o monumento de uma época, pode não ser importante para outra, porém é inegável seu acúmulo de história das civilizações. Se o percebermos como um campo é necessário que sua importância seja de conhecimento do maior número possível de pessoas para lutar por sua preservação e entende-lo como peça chave da memória de sua sociedade ou das anteriores. Finalmente, considerando que a importância da história no contexto, é fundamental seu envolvimento para que o patrimônio seja a expressão do desejo de todos, não somente de poucos, para que represente a diversidade e as dinâmicas culturais de nossas cidades, países e regiões.