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1.

ENTRE PSICOLOGIA E EXPERIMENTAÇÃO1


A pesquisa psicológica tem duas metas principais: 1) fornecer uma descrição do
comportamento humano e de seus processos psicológicos subjacentes; e 2) fornecer uma
explicação para esse comportamento. A tarefa de gerar evidência suficiente para tornar
possível a tarefa descritiva da pesquisa é bem realizada por muitos métodos sistemáticos
de pesquisa, incluindo experimentos.
A singularidade desse método, no entanto, consiste no fato de que ele permite
focalizar o problema da explicação. Ele vai além do problema descritivo a fim de fornecer
respostas sobre como e porque este ou aquele comportamento ocorre. Em outras palavras,
os experimentos respondem questões sobre as causas do comportamento.
Com base nestas considerações, o capítulo tem como objetivo apresentar os
princípios básicos do método experimental e os princípios do planejamento da pesquisa
experimental.

2. HISTÓRICO E PRESSUPOSTOS EPISTEMOLÓGICOS DA


EXPERIMENTAÇÃO
Historicamente, a difusão do uso de experimentos começou com a psicofísica
alemã do século XIX, em particular com os estudos empíricos de Helmholtz sobre a
percepção visual em 1869 e com a fundação, em 1879, do primeiro laboratório de
psicologia experimental por Wundt.
A metodologia do modelo experimental desenvolveu-se, então, com o surgimento
da estatística e do behaviorismo no início do século XX. Desde então, o uso de
experimentos na pesquisa psicológica tornou-se sinônimo de aceitação da psicologia
como uma disciplina científica. Em consequência dessas primeiras influências, essa
metodologia foi associada a uma abordagem mecanicista do pensamento e do
comportamento.
Há alguns pressupostos subjacentes à experimentação, que são referentes a sua
relação com o método científico, e que devem ser aceitas pelo pesquisador ao adotar a
metodologia experimental: 1) supõe-se a aceitação de uma estrutura determinista e
atomista, por meio da qual o comportamento e suas causas são observados como
objetivamente especificáveis e divisíveis em unidades discretas; 2) compreende-se que a
complexidade dos estímulos e das respostas da vida real pode ser simplificada, controlada
e quantificada sem perda significação dos resultados.
É pertinente salientar que ao usar experimentos na pesquisa psicológica, o
pesquisador está adotando uma metodologia que, como qualquer outra, acarreta a
aceitação de certos princípios reguladores.

3. DEFINIÇÃO DE EXPERIMENTO
Um experimento é um teste das relações de causa e efeito a partir da coleta de
evidência para demonstrar o efeito de uma variável sobre a outra. Em sua forma simples,
dois grupos de pessoas são tratados exatamente do mesmo modo, com exceção do
1
Contribuição do método experimental para a pesquisa psicológica: eles constituem o melhor método para
determinar as causas do comportamento.
tratamento experimental, e quaisquer diferenças observadas entre os grupos é atribuída
ao tratamento.
Os experimentos não são projetados para seguir um conjunto de regras, mas como
um meio de responder questões, testas hipóteses e predições acerca do mundo
psicológico2. Hipóteses são os enunciados formais de predições derivados da evidência
obtida a partir de pesquisa ou teorias anteriores, ou simplesmente o resultado de uma
intuição.
A relevância do método experimental para a testagem de hipóteses é que,
enquanto outros métodos estabeleceriam a existência da relação alegada, não é possível
abordar a questão da causalidade sem recorrer a experimentação.

4. O PROBLEMA DA CAUSALIDADE E SUA RELAÇÃO COM A


EXPERIMENTAÇÃO
Não há nenhum outro modo fundamentado de inferir a direção da causalidade a
partir da correlação apenas. A causalidade precisa ser estabelecida para além da descrição
de uma relação existente entre duas variáveis.
O método experimental cumpre essa condição ao manipular um fator e procurar
pela evidência de que este fator produz uma mudança em um outro fator. Se tal efeito
ocorre, pode-se concluir que existe uma relação causal entre o fator manipulado e o fator
afetado. Esta é a técnica mais frequentemente utilizada em experimentos psicológicos, e
baseia-se no método da diferença, proposto pelo filósofo J. S. Mill em 1984.
Esse método propõe a aplicação de um teste duplo (para a mesma pessoa/dois
grupos de pessoas). Ambas as aplicações do teste serão idênticas, exceto em um aspecto,
e quaisquer diferenças observadas no desempenho dos participantes pode ser atribuída a
diferença do tratamento. O uso desse método indicaria, por fim, se o tratamento particular
que está sendo variado pode ter ou não uma influência causal sobre o comportamento.

5. AS VARIÁVEIS DE UM EXPERIMENTO
Variáveis, controle e manipulação de variáveis são centrais para identificar o que
constitui um experimento e distinguir um bom e um mau experimento. Uma variável é
qualquer característica que possa variar através das pessoas ou das situações e que pode
ser de diferentes tipos ou níveis. Há dois tipos básicos de variáveis, que conforme a
formulação da hipótese da pesquisa podem ser causas ou efeitos.

1) Variáveis independentes:
São aquelas que o experimentador manipula ou controla e, como tal, é a variável
em cujo efeito o pesquisador está interessado. É o aspecto que difere entre os tratamentos
do método da diferença de Mill.
A hipótese experimental propõe que a variável independente realmente causará a
mudança no comportamento que está sendo medido (variável dependente).
Um modo de classificar variáveis independentes é distinguir aquelas que podem
ser quantificadas de algum modo, elas permitem determinar a quantidade ou os níveis

2
(ver exemps. ao final da página 81).
apresentados no estudo (ex. quantidade de droga administrada ou tempo para execução
de uma tarefa). Em contraste temos as variáveis categoriais, que diferem em tipo (ex.
etnia e sexo das pessoas selecionadas, o tipo de droga administrada).
2) Variáveis dependentes:
São a medida comportamental determinada pelo experimentador. É o resultado
que, a depender da hipótese, pode ou não ser predito; e que dependerá da variável
independente.
Do mesmo modo que as variáveis independentes selecionadas devem ser passíveis
de serem controladas fácil e sistematicamente dentro do experimento, as variáveis
dependentes selecionadas devem ser passíveis de serem medidas sensível e
significativamente.
A variável dependente deve ser mensurável com sensibilidade o suficiente para
detectar algum efeito que suporte o teste estatístico, assim como deve ser potencialmente
sensível a alterações no nível da variável independente.
A dificuldade para decidir sobre uma variável dependente apropriada tem origem
na própria natureza da pesquisa psicológica. Em grande medida as pesquisas estão
interessadas em medidas de desfecho, que estão apenas indiretamente relacionadas com
o processo psicológico no qual estamos interessados.
São questões de pesquisa relativas a processos mentais que não são diretamente
observáveis, mas em que uma medida é considerada como sintomática de algum processo
subjacente. É essa natureza influente da pesquisa psicológica que a torna tão difícil.
Uma saída para essa questão consiste na utilização de uma medida operacional da
variável dependente, onde se formula um enunciado explícito sobre o modo preciso no
qual o comportamento observado será escorizado ou categorizado como variável
dependente.

6. DIFICULDADES DE PRECISÃO AO PLANEJAR EXPERIMENTOS


RELACIONADOS A SELEÇÃO E MENSURAÇÃO DAS VARIÁVEIS
DEPENDENTES

A) Viés do participante:
Tendência que os participantes de um determinado experimento têm para adotar
posições particulares em relação ao experimento ou agir de determinada forma.
As posições que os participantes assumem diante do experimento acarreta na
consideração de uma série de aspectos: 1) o que pensam do pesquisador; 2) o que pensam
da psicologia; 3) suposições sobre o objetivo do experimento; 4) descumprimento das
instruções; 5) adaptação do seu desempenho ao que consideram ser apropriado para os
objetos do pesquisador; dentre outros.

B) Efeitos de piso ou assoalho:


Ocorre quando um resultado nulo emerge porque a maioria dos participantes
obtém escore no ponto mais baixo da escala. Este efeito pode surgir quando a tarefa é
demasiado difícil para os participantes e, consequentemente, o experimento não é
suscetível a mudanças na variável independente.
C) Efeitos de teto:
Constituem o oposto dos efeitos de piso, e ocorrem quando as pessoas obtêm
escores muito próximos ao ponto mais altos da escala (tal como quando a tarefa é
demasiado fácil).
Efeitos de piso e de teto podem ocorrer em qualquer tarefa na qual uma variável
dependente não possa acompanhar a variação total da variável independente. Quase
sempre será necessário que o pesquisador realize estudos-pilto para examinar a
adequabilidade da combinação dos objetos de estudo e de suas variáveis antes de executar
o experimento de fato.

7. CONFIABILIDADE E VALIDADE
Essas dificuldades de precisão podem ser formalizadas utilizando os conceitos de
confiabilidade e de validade.
A) CONFIABILIDADE
Refere-se a consistência ou estabilidade de qualquer efeito experimental. A
técnica mais comum para estabelecer a confiabilidade é a replicação. Se o mesmo modelo
experimental conduz aos mesmos resultados em ocasiões seguidas e utilizando amostras
diferentes, então é experimento é considerado confiável.
B) VALIDADE
Refere-se ao fato de um experimento explicar ou não o que por meio dele se
pretende explicar, isto é, a verdade da causalidade que está sendo inferida.
A importância da validade na experimentação psicológica não pode ser
superestimada, não apenas em função de seu status como um princípio básico do método
experimental, mas, também, em função das próprias consequências humanas reais que
potencialmente surgem quando alegações de causalidade resultam de uma medida
dependente inválida (ex. estudos de Milgram de 1974).

8. MANIPULAÇÃO E CONTROLE EXPERIMENTAL


O poder da técnica experimental reside em sua capacidade de assegurar que
apenas a variável independente possa variar sistematicamente através das situações do
experimento.
Se uma ou mais das outras variáveis variam sem razão juntamente com a variável
manipulada, isso resulta em confusão. A confusão de variáveis pode inutilizar um
experimento, pois torna impossível a interpretação dos resultados. Daí a importância de
verificar as confusões antes de executar o experimento.

9. DELINEAMENTOS EXPERIMENTAIS BÁSICOS


Existem dois delineamentos fundamentais que formam a base de todos os modelos
mais complexos e que diferem de acordo com o modo no qual lidam com o controle da
variação do objeto.
A) DELINEAMENTOS INTERSUJEITOS (ou delineamentos de grupos
independentes ou separados): se caracterizam pelo fato de dois ou mais grupos
totalmente separados receberem, individualmente, diferentes níveis de
variável independente.

B) DELINEAMENTOS INTRASUJEITOS (ou grupos relacionados ou repetidos


ou modelos de medidas repetidas): se caracteriza pelo fato de o mesmo grupo
de pessoas receber todos os níveis de variável independente.
Ambos os métodos trazem vantagens e desvantagens. A seleção do modelo básico
deve residir na natureza da hipótese de pesquisa, bem como nos interesses pragmáticos.

10. DELINEAMENTOS INTERSUJEITOS


Alocar pessoas em diferentes condições dento de um experimento em vez de
apresentar a elas todas as condições experimentais consecutivamente, é o paradigma
experimental mais utilizado na psicologia experimental.
Esse método coloca em risco o poder do experimento porque, por definição,
existem diferentes pessoas em cada grupo e esses grupos podem compartilhar diferentes
características desde o início do experimento; o que irá influenciar seu desempenho.
Esse tipo de dificuldade pode ser superado aderindo-se a um princípio
fundamental do modelo experimental: a randomização.

A) RANDOMIZAÇÃO
Técnica que garante que haja o menor número de diferenças possível entre
diferentes grupos de sujeitos, dando a cada pessoa a chance de ser alocada em cada uma
das condições experimentais.
É importante observar que essa técnica não elimina ou mesmo reduz as diferenças
individuais; ela simplesmente distribui estas diferenças aleatoriamente entre os grupos.
O ideal visado é o de uma distribuição totalmente igual, mas, visto que a alocação
é feita de acordo com uma base aleatória probabilística, tal ideal nunca pode ser garantido.
Apesar disso, a randomização é um passo muito importante, até mesmo para a instalação
do menor dos experimentos.
Se não for feita, podemos acabar com um grupo mais apto em uma condição e
qualquer diferença entre as condições poderá ser atribuída a um efeito sistemático das
diferenças individuais, e não às diferenças no tratamento experimental entre grupos.
Na medida em que o número de pessoas em um experimento aumenta, maior é a
probabilidade de obter-se uma distribuição igual daquelas variáveis que podem interferir
na relação causal que está sendo testada.
Por isso se considera que um experimento é mais confiável se existe um número
grande de pessoas envolvidas. Se houvesse apenas um sujeito em cada grupo, resultados
diferentes poderiam ser atribuídos a diferenças individuais de reação à variável
independente, e não refletiriam qualquer princípio que se aplicasse a todas as pessoas e
que, por isso, pode ser usada no futuro para fazer predições ou tomar decisões.
B) EMPARELHAMENTO
A sensibilidade de um experimento consiste em sua capacidade de descobrir
qualquer efeito da variável independente. Efeitos experimentais podem ser eventualmente
muito discretos e, contudo, ter grande significação psicológica.
Nisto consiste a importância de assegurar-se de que o experimento seja planejado
de modo a ser maximamente sensível. Embora a randomização dos participantes previna
contra certo erro, ela não aumenta a sensibilidade do experimento.
Dentre os passos que podem ser dados para que isso seja alcançado, destaca-se o
emparelhamento/combinação dos participantes. Onde há razão para crer que alguma
variável que não é manipulada pelo experimento pode exercer um efeito, então é
necessário, para além da randomização, dar o passo adicional de emparelhar/combinar os
participantes.
A importância de emparelhar torna-se mais evidente quando o experimento
compreende grupos muito diferentes de participantes.

11. DELINEAMENTOS INTRASSUJEITOS


Alguns tipos de experimento resolvem o problema das diferenças entre as pessoas
e a necessidade de combinar utilizando as mesmas pessoas em cada uma das condições
experimentais, tal como é o caso dos delineamentos intrassujeitos.
Embora este delineamento traga a vantagem de que cada indivíduo é testado em
ambas ou todas as condições do estudo, ele traz consigo duas desvantagens básicas.
A) EFEITOS DE ORDEM
Este é um problema que surge porque, por definição, os diferentes níveis ou tarefas
do experimento devem ser completados serialmente, um após o outro.
A natureza serial do teste pode dar origem a esses tipos de efeitos, nos quais fazer,
em primeiro lugar, uma tarefa e, em segundo, outra, influencia o desempenho da pessoa.
Todo experimento no qual a familiaridade com o procedimento e a instalação
experimental pode aumentar corre o risco de apresentar efeitos de ordem que irão
distorcer a interpretação dos resultados.
B) EFEITOS DE TRANSFERÊNCIA
Este é um tipo de problema mais específico que surge da ordem de apresentação.
Tais efeitos aparecem quando o desempenho em uma condição é, em parte, dependente
das condições que a precedem. Com isso, corre-se o risco de diminuir a validade do
experimento.
Os efeitos de ordem podem ser caracterizados de três formas principais:
I. Em uma situação na qual o participante adquire habilidades relevantes para o
experimento em uma tarefa, as quais ele transporta para a tarefa subsequente;

II. Em uma situação na qual duas tarefas diferem em termos de dificuldade (a


tarefa A é mais fácil que a tarefa B);

III. Em uma situação na qual a experiência de uma tarefa realmente cria uma
situação em que o participante reinterpreta o significado do experimento e as
intenções do experimentador (correta ou erroneamente) e, por essa razão,
muda seu comportamento em todas as tarefas subsequentes.

12. AVALIAÇÃO DO MÉTODO EXPERIMENTAL


Embora o delineamento experimental esteja baseado na quantificação, a decisão
sobre qual metodologia empregar não é facilmente quantificável. A decisão baseia-se na
natureza da questão da pesquisa, na própria experiência e perícia do pesquisador e em
uma gama de outros fatores essencialmente qualitativos.
Em busca de explicações causais, o método experimental é identificado como o
único modo de alcança-las, mas há certa arrogância associada a essa alegação.
Ela tende a obscurecer o fato de que há pouco interesse na investigação da
causalidade, a menos que possamos assegurar que existe aí uma relação significativa que
justifica nossos esforços em determinar a causa e o efeito antes de mais nada.
O sucesso do método experimental depende de sua capacidade de existir ao lado
de outras metodologias. Isto se justifica pelo fato de que a fragilidade da principal
alternativa à experimentação, das técnicas correlacionais, pode ser complementada pelo
método experimental, e vice-versa.
Experimentos são frequentemente criticados pelo fato de lhes faltas validade
ecológica. Resultados gerados nas condições de laboratório em que o comportamento
deve ser controlado podem não nos dizer nada sobre a vida fora do laboratório. Em outras
palavras, lhes falta validade externa.
Apesar disso, eles constituem, de fato, a única maneira de encontrar respostas
definitivas para questões causais.
Os estudos de correlações, por outro lado, nos dizem muito pouco sobre as causas
das relações entre os eventos, mas podem ser realizados em instalações naturais da vida
real e, desse modo, nos dizer algo substancial do comportamento normal das pessoas.

13. CONCLUSÕES
Uma das dificuldades comuns do método experimental é que o ideal é sempre
humanamente impossível, como em casos que requerem muito tempo, ou nos casos em
que certos grupos, situações e variáveis literalmente não existem.
As vezes não é possível satisfazer os critérios formalmente exigidos pelos
modelos experimentais discutidos aqui, e é necessário recorrer a métodos quasi-
experimentais ou simplesmente adotar metodologias alternativas.

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