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3. DEFINIÇÃO DE EXPERIMENTO
Um experimento é um teste das relações de causa e efeito a partir da coleta de
evidência para demonstrar o efeito de uma variável sobre a outra. Em sua forma simples,
dois grupos de pessoas são tratados exatamente do mesmo modo, com exceção do
1
Contribuição do método experimental para a pesquisa psicológica: eles constituem o melhor método para
determinar as causas do comportamento.
tratamento experimental, e quaisquer diferenças observadas entre os grupos é atribuída
ao tratamento.
Os experimentos não são projetados para seguir um conjunto de regras, mas como
um meio de responder questões, testas hipóteses e predições acerca do mundo
psicológico2. Hipóteses são os enunciados formais de predições derivados da evidência
obtida a partir de pesquisa ou teorias anteriores, ou simplesmente o resultado de uma
intuição.
A relevância do método experimental para a testagem de hipóteses é que,
enquanto outros métodos estabeleceriam a existência da relação alegada, não é possível
abordar a questão da causalidade sem recorrer a experimentação.
5. AS VARIÁVEIS DE UM EXPERIMENTO
Variáveis, controle e manipulação de variáveis são centrais para identificar o que
constitui um experimento e distinguir um bom e um mau experimento. Uma variável é
qualquer característica que possa variar através das pessoas ou das situações e que pode
ser de diferentes tipos ou níveis. Há dois tipos básicos de variáveis, que conforme a
formulação da hipótese da pesquisa podem ser causas ou efeitos.
1) Variáveis independentes:
São aquelas que o experimentador manipula ou controla e, como tal, é a variável
em cujo efeito o pesquisador está interessado. É o aspecto que difere entre os tratamentos
do método da diferença de Mill.
A hipótese experimental propõe que a variável independente realmente causará a
mudança no comportamento que está sendo medido (variável dependente).
Um modo de classificar variáveis independentes é distinguir aquelas que podem
ser quantificadas de algum modo, elas permitem determinar a quantidade ou os níveis
2
(ver exemps. ao final da página 81).
apresentados no estudo (ex. quantidade de droga administrada ou tempo para execução
de uma tarefa). Em contraste temos as variáveis categoriais, que diferem em tipo (ex.
etnia e sexo das pessoas selecionadas, o tipo de droga administrada).
2) Variáveis dependentes:
São a medida comportamental determinada pelo experimentador. É o resultado
que, a depender da hipótese, pode ou não ser predito; e que dependerá da variável
independente.
Do mesmo modo que as variáveis independentes selecionadas devem ser passíveis
de serem controladas fácil e sistematicamente dentro do experimento, as variáveis
dependentes selecionadas devem ser passíveis de serem medidas sensível e
significativamente.
A variável dependente deve ser mensurável com sensibilidade o suficiente para
detectar algum efeito que suporte o teste estatístico, assim como deve ser potencialmente
sensível a alterações no nível da variável independente.
A dificuldade para decidir sobre uma variável dependente apropriada tem origem
na própria natureza da pesquisa psicológica. Em grande medida as pesquisas estão
interessadas em medidas de desfecho, que estão apenas indiretamente relacionadas com
o processo psicológico no qual estamos interessados.
São questões de pesquisa relativas a processos mentais que não são diretamente
observáveis, mas em que uma medida é considerada como sintomática de algum processo
subjacente. É essa natureza influente da pesquisa psicológica que a torna tão difícil.
Uma saída para essa questão consiste na utilização de uma medida operacional da
variável dependente, onde se formula um enunciado explícito sobre o modo preciso no
qual o comportamento observado será escorizado ou categorizado como variável
dependente.
A) Viés do participante:
Tendência que os participantes de um determinado experimento têm para adotar
posições particulares em relação ao experimento ou agir de determinada forma.
As posições que os participantes assumem diante do experimento acarreta na
consideração de uma série de aspectos: 1) o que pensam do pesquisador; 2) o que pensam
da psicologia; 3) suposições sobre o objetivo do experimento; 4) descumprimento das
instruções; 5) adaptação do seu desempenho ao que consideram ser apropriado para os
objetos do pesquisador; dentre outros.
7. CONFIABILIDADE E VALIDADE
Essas dificuldades de precisão podem ser formalizadas utilizando os conceitos de
confiabilidade e de validade.
A) CONFIABILIDADE
Refere-se a consistência ou estabilidade de qualquer efeito experimental. A
técnica mais comum para estabelecer a confiabilidade é a replicação. Se o mesmo modelo
experimental conduz aos mesmos resultados em ocasiões seguidas e utilizando amostras
diferentes, então é experimento é considerado confiável.
B) VALIDADE
Refere-se ao fato de um experimento explicar ou não o que por meio dele se
pretende explicar, isto é, a verdade da causalidade que está sendo inferida.
A importância da validade na experimentação psicológica não pode ser
superestimada, não apenas em função de seu status como um princípio básico do método
experimental, mas, também, em função das próprias consequências humanas reais que
potencialmente surgem quando alegações de causalidade resultam de uma medida
dependente inválida (ex. estudos de Milgram de 1974).
A) RANDOMIZAÇÃO
Técnica que garante que haja o menor número de diferenças possível entre
diferentes grupos de sujeitos, dando a cada pessoa a chance de ser alocada em cada uma
das condições experimentais.
É importante observar que essa técnica não elimina ou mesmo reduz as diferenças
individuais; ela simplesmente distribui estas diferenças aleatoriamente entre os grupos.
O ideal visado é o de uma distribuição totalmente igual, mas, visto que a alocação
é feita de acordo com uma base aleatória probabilística, tal ideal nunca pode ser garantido.
Apesar disso, a randomização é um passo muito importante, até mesmo para a instalação
do menor dos experimentos.
Se não for feita, podemos acabar com um grupo mais apto em uma condição e
qualquer diferença entre as condições poderá ser atribuída a um efeito sistemático das
diferenças individuais, e não às diferenças no tratamento experimental entre grupos.
Na medida em que o número de pessoas em um experimento aumenta, maior é a
probabilidade de obter-se uma distribuição igual daquelas variáveis que podem interferir
na relação causal que está sendo testada.
Por isso se considera que um experimento é mais confiável se existe um número
grande de pessoas envolvidas. Se houvesse apenas um sujeito em cada grupo, resultados
diferentes poderiam ser atribuídos a diferenças individuais de reação à variável
independente, e não refletiriam qualquer princípio que se aplicasse a todas as pessoas e
que, por isso, pode ser usada no futuro para fazer predições ou tomar decisões.
B) EMPARELHAMENTO
A sensibilidade de um experimento consiste em sua capacidade de descobrir
qualquer efeito da variável independente. Efeitos experimentais podem ser eventualmente
muito discretos e, contudo, ter grande significação psicológica.
Nisto consiste a importância de assegurar-se de que o experimento seja planejado
de modo a ser maximamente sensível. Embora a randomização dos participantes previna
contra certo erro, ela não aumenta a sensibilidade do experimento.
Dentre os passos que podem ser dados para que isso seja alcançado, destaca-se o
emparelhamento/combinação dos participantes. Onde há razão para crer que alguma
variável que não é manipulada pelo experimento pode exercer um efeito, então é
necessário, para além da randomização, dar o passo adicional de emparelhar/combinar os
participantes.
A importância de emparelhar torna-se mais evidente quando o experimento
compreende grupos muito diferentes de participantes.
III. Em uma situação na qual a experiência de uma tarefa realmente cria uma
situação em que o participante reinterpreta o significado do experimento e as
intenções do experimentador (correta ou erroneamente) e, por essa razão,
muda seu comportamento em todas as tarefas subsequentes.
13. CONCLUSÕES
Uma das dificuldades comuns do método experimental é que o ideal é sempre
humanamente impossível, como em casos que requerem muito tempo, ou nos casos em
que certos grupos, situações e variáveis literalmente não existem.
As vezes não é possível satisfazer os critérios formalmente exigidos pelos
modelos experimentais discutidos aqui, e é necessário recorrer a métodos quasi-
experimentais ou simplesmente adotar metodologias alternativas.