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1 Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal: Decreto nº
1.171, de 22 de junho de 1994 e Decreto nº 6.029, de 1º de fevereiro de 2007 ....................................... 5
Questões ........................................................................................................................................... 24

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Bons estudos!

3
Se a Ética, num sentido amplo, é composta por ao menos dois elementos - a Moral e o Direito (justo);
no caso da disciplina da Ética no Setor Público a expressão é adotada num sentido estrito. Ética
corresponde ao valor do justo, previsto no Direito vigente, o qual é estabelecido com um olhar atento às
prescrições da Moral para a vida social. Em outras palavras, quando se fala em ética no âmbito do
Estado não se deve pensar apenas na Moral, mas sim em efetivas normas jurídicas que a
regulamentam, o que permite a aplicação de sanções. Veja o organograma:

As regras éticas do setor público são mais do que regulamentos morais, são normas jurídicas e,
como tais, passíveis de coação. A desobediência ao princípio da moralidade caracteriza ato de
improbidade administrativa, sujeitando o servidor às penas previstas em lei. Da mesma forma, o seu
comportamento em relação ao Código de Ética pode gerar benefícios, como promoções, e prejuízos,
como censura e outras penas administrativas. A disciplina constitucional é expressa no sentido de
prescrever a moralidade como um dos princípios fundadores da atuação da administração pública direta
e indireta, bem como outros princípios correlatos. Logo, o Estado brasileiro deve se conduzir
moralmente por vontade expressa do constituinte, sendo que à imoralidade administrativa aplicam-se
sanções.
Assim, tem-se que a obediência à ética não deve se dar somente no âmbito da vida particular, mas
também na atuação profissional, principalmente se tal atuação se der no âmbito estatal, caso em que
haverá coação. O Estado é a forma social mais abrangente, a sociedade de fins gerais que permite o
desenvolvimento, em seu seio, das individualidades e das demais sociedades, chamadas de fins
particulares. O Estado, como pessoa, é uma ficção, é um arranjo formulado pelos homens para
organizar a sociedade de disciplinar o poder visando que todos possam se realizar em plenitude,
atingindo suas finalidades particulares.1
O Estado tem um valor ético, de modo que sua atuação deve se guiar pela moral idônea. Mas não
é propriamente o Estado que é aético, porque ele é composto por homens. Assim, falta ética ou não aos
homens que o compõe. Ou seja, o bom comportamento profissional do funcionário público é uma
questão ligada à ética no serviço público, pois se os homens que compõe a estrutura do Estado tomam
uma atitude correta perante os ditames éticos há uma ampliação e uma consolidação do valor ético do
Estado.
Alguns cidadãos recebem poderes e funções específicas dentro da administração pública, passando
a desempenhar um papel de fundamental interesse para o Estado. Quando estiver nesta condição, mais
ainda, será exigido o respeito à ética. Afinal, o Estado é responsável pela manutenção da sociedade,
que espera dele uma conduta ilibada e transparente.
Quando uma pessoa é nomeada como servidor público, passa a ser uma extensão daquilo que o
Estado representa na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao máximo todos os consagrados
preceitos éticos.
Todas as profissões reclamam um agir ético dos que a exercem, o qual geralmente se encontra
consubstanciado em Códigos de Ética diversos atribuídos a cada categoria profissional. No caso das
profissões na esfera pública, esta exigência se amplia.
Não se trata do simples respeito à moral social: a obrigação ética no setor público vai além e
encontra-se disciplinada em detalhes na legislação, tanto na esfera constitucional (notadamente no
artigo 37) quanto na ordinária (em que se destacam o Decreto n° 1.171/94 - Código de Ética - a Lei n°
8.429/92 - Lei de Improbidade Administrativa - e a Lei n° 8.112/90 - regime jurídico dos servidores
públicos civis na esfera federal).

1
SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011.

1
Em verdade, “[...] a profissão, como exercício habitual de uma tarefa, a serviço de outras pessoas,
insere-se no complexo da sociedade como uma atividade específica. Trazendo tal prática benefícios
recíprocos a quem a pratica e a quem recebe o fruto do trabalho, também exige, nessas relações, a
preservação de uma conduta condizente com os princípios éticos específicos. O grupamento de
profissionais que exercem o mesmo ofício termina por criar as distintas classes profissionais e também
a conduta pertinente. Existem aspectos claros de observação do comportamento, nas diversas esferas
em que ele se processa: perante o conhecimento, perante o cliente, perante o colega, perante a classe,
perante a sociedade, perante a pátria, perante a própria humanidade como conceito global”2. Todos
estes aspectos serão considerados em termos de conduta ética esperada.
Em geral, as diretivas a respeito do comportamento profissional ético podem ser bem resumidas em
alguns princípios basilares.
Segundo Nalini3, o princípio fundamental seria o de agir de acordo com a ciência, se mantendo
sempre atualizado, e de acordo com a consciência, sabendo de seu dever ético; tomando-se como
princípios específicos:

- Princípio da conduta ilibada - conduta irrepreensível na vida pública e na vida particular.


- Princípio da dignidade e do decoro profissional - agir da melhor maneira esperada em sua profissão
e fora dela, com técnica, justiça e discrição.
- Princípio da incompatibilidade - não se deve acumular funções incompatíveis.
- Princípio da correção profissional - atuação com transparência e em prol da justiça.
- Princípio do coleguismo - ciência de que você e todos os demais operadores do Direito querem a
mesma coisa, realizar a justiça.
- Princípio da diligência - agir com zelo e escrúpulo em todas funções.
- Princípio do desinteresse - relegar a ambição pessoal para buscar o interesse da justiça.
- Princípio da confiança - cada profissional de Direito é dotado de atributos personalíssimos e
intransferíveis, sendo escolhido por causa deles, de forma que a relação estabelecida entre aquele que
busca o serviço e o profissional é de confiança.
- Princípio da fidelidade - Fidelidade à causa da justiça, aos valores constitucionais, à verdade, à
transparência.
- Princípio da independência profissional - a maior autonomia no exercício da profissão do operador
do Direito não deve impedir o caráter ético.
- Princípio da reserva - deve-se guardar segredo sobre as informações que acessa no exercício da
profissão.
- Princípio da lealdade e da verdade - agir com boa-fé e de forma correta, com lealdade processual.
- Princípio da discricionariedade - geralmente, o profissional do Direito é liberal, exercendo com boa
autonomia sua profissão.
- Outros princípios éticos, como informação, solidariedade, cidadania, residência, localização,
continuidade da profissão, liberdade profissional, função social da profissão, severidade consigo
mesmo, defesa das prerrogativas, moderação e tolerância.

O rol acima é apenas um pequeno exemplo de atitudes que podem ser esperadas do profissional,
mas assim como é difícil delimitar um conceito de ética, é complicado estabelecer exatamente quais as
condutas esperadas de um servidor: melhor mesmo é observar o caso concreto e ponderar com
razoabilidade.
Em suma, respeitar a ética profissional é ter em mente os princípios éticos consagrados em
sociedade, fazendo com que cada atividade desempenhada no exercício da profissão exteriorize tais
postulados, inclusive direcionando os rumos da ética empresarial na escolha de diretrizes e políticas
institucionais.
O funcionário que busca efetuar uma gestão ética se guia por determinados mandamentos de ação,
os quais valem tanto para a esfera pública quanto para a privada, embora a punição dos que violam
ditames éticos no âmbito do interesse estatal seja mais rigorosa.
Neste sentido, destacam-se os dez mandamentos da gestão ética nas empresas públicas:

PRIMEIRO: “Amar a verdade, a lealdade, a probidade e a responsabilidade como fundamentos de


dignidade pessoal”.

2
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
3
NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

2
Significa desempenhar suas funções com transparência, de forma honesta e responsável, sendo leal
à instituição. O funcionário deve se portar de forma digna, exteriorizando virtudes em suas ações.

SEGUNDO: “Respeitar a dignidade da pessoa humana”.


A expressão “dignidade da pessoa humana” está estabelecida na Constituição Federal Brasileira, em
seu art. 3º, III, como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Ao adotar um significado
mínimo apreendido no discurso antropocentrista do humanismo, a expressão valoriza o ser humano,
considerando este o centro da criação, o ser mais elevado que habita o planeta, o que justifica a grande
consideração pelo Estado e pelos outros seres humanos na sua generalidade em relação a ele.
Respeitar a dignidade da pessoa humana significa tomar o homem como valor-fonte para todas as
ações e escolhas, inclusive na atuação empresarial.

TERCEIRO: “Ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação do mérito dos
subordinados”.
Retoma-se a questão dos planos de carreira, que exteriorizam a imparcialidade e a impessoalidade
na escolha dos que deverão ser promovidos, a qual se fará exclusivamente com base no mérito. Não se
pode tomar questões pessoais, como desavenças ou afinidades, quando o julgamento se faz sobre a
ação de um funcionário - se agiu bem, merece ser recompensado; se agiu mal, deve ser punido.

QUARTO: “Zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e, também, pelo dos subordinados, tendo
em vista o cumprimento da missão institucional”.
A missão institucional envolve a obtenção de lucros, em regra, mas sempre aliada à promoção da
ética. Na missão institucional serão estabelecidas determinadas metas para a empresa, que deverão
ser buscadas pelos funcionários. Para tanto, cada um deve se preocupar com o aperfeiçoamento de
suas capacidades, tornando-se paulatinamente um melhor funcionário, por exemplo, buscando cursos e
estudando técnicas.

QUINTO: “Acatar as ordens legais, não ser negligente e trabalhar em harmonia com a estrutura do
órgão, respeitando a hierarquia, seus colegas e cada concidadão, colaborando e aceitando
colaboração”.
Existe uma hierarquia para que as funções sejam desempenhadas da melhor maneira possível, pois
a desordem não permite que as atividades se encadeiem e se enlacem, gerando perda de tempo e
desperdício de recursos. Não significa que ordens contrárias à ética devam ser obedecidas, caso em
que a medida cabível é levar a questão para as autoridades responsáveis pelo controle da ética da
instituição. Cada atividade deve ser desempenhada da melhor maneira possível, isto é, não se pode
deixar de praticá-la corretamente por ser mais trabalhoso (por negligência entende-se uma omissão
perigosa). No tratamento dos demais colegas e do público, o funcionário deve ser cordial e ético,
embora somente assim estará contribuindo para a gestão ética da empresa.

SEXTO: “Agir, na vida pessoal e funcional, com dignidade, decoro, zelo, eficácia e moralidade”.
O bom comportamento não deve se fazer presente somente no exercício das funções. Cabe ao
funcionário se portar bem quando estiver em sua vida privada, na convivência com seus amigos e
familiares, bem como nos momentos de lazer. Por melhor que seja como funcionário, não será aceito
aquele que, por exemplo, for visto frequentemente embriagado ou for sempre denunciado por violência
doméstica.
Dignidade é a característica que incorpora todas as demais, significando o bom comportamento
enquanto pessoa humana, tratando os outros como gosta de ser tratado. Decoro significa discrição,
aparecer o mínimo possível, não se vangloriar com base em feitos institucionais. Zelo quer dizer
cuidado, cautela, para que as atividades sempre sejam desempenhadas do melhor modo. Eficácia
remete ao dever de fazer com que suas atividades atinjam o fim para o qual foram praticadas, isto é,
que não sejam abandonadas pela metade. Moralidade significa respeitar os ditames morais, mais que
jurídicos, que exteriorizam os valores tradicionais consolidados na sociedade através dos tempos.

SÉTIMO: “Jamais tratar mal ou deixar à espera de solução uma pessoa que busca perante a
Administração Pública satisfazer um direito que acredita ser legítimo”.
O bom atendimento do público é necessário para que uma gestão possa ser considerada ética.
Aquele que tem um direito merece ser ouvido, não pode ser deixado de lado pelo funcionário,

3
esperando por horas uma solução. Mesmo que a pessoa esteja errada, isto deve ser esclarecido, de
forma que a confiabilidade na instituição não fique abalada.

OITAVO: “Cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instruções e as ordens das


autoridades a que estiver subordinado”.
O Direito é uma das facetas mais relevantes da Ética porque exterioriza o valor do justo e o seu
cumprimento é essencial para que a gestão ética seja efetiva.

NONO: “Agir dentro da lei e da sua competência, atento à finalidade do serviço público”.
Não basta cumprir o Direito, é preciso respeitar a divisão de funções feitas com o objetivo de otimizar
as atividades desempenhadas.

DÉCIMO: “Buscar o bem-comum, extraído do equilíbrio entre a legalidade e finalidade do ato


administrativo a ser praticado”.
Bem comum é o bem de toda a coletividade e não de um só indivíduo. Este conceito exterioriza a
dimensão coletiva da ética. Maritain4 apontou as características essenciais do bem comum:
redistribuição, pela qual o bem comum deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para o
desenvolvimento delas; respeito à autoridade na sociedade, pois a autoridade é necessária para
conduzir a comunidade de pessoas humanas para o bem comum; moralidade, que constitui a retidão de
vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos essenciais do bem comum.

O paradigma da Ética Pública parte da noção de liberdade social, envolta nos valores da segurança,
igualdade e solidariedade. Neste sentido, cada pessoa deve ter espaço para exercer individualmente
sua liberdade moral, cabendo à ética pública garantir que os indivíduos que vivem em sociedade
realizem projetos morais individuais.
A Ética Pública pode ser vista sob o aspecto da moralidade crítica e sob o aspecto da moralidade
legalizada: quando estuda-se a lei posta ou a ausência de lei e questiona-se a falta de justiça, há uma
moralidade crítica; quando a regra justa é incorporada ao Direito, há moralidade legalizada ou
positivada.
Sobre a Ética Pública, explica Nalini5: “Ética é sempre ética, poder-se-ia afirmar. Ser ético é
obrigação de todos. Seja no exercício de alguma atividade estatal, seja no comportamento individual.
Mas pode-se falar em ética realçada quando se atua num universo mais amplo, de interesse de todos.
Existe, pois, uma Ética Pública, e apura-se o seu sentido em contraposição com o de Ética Privada. Um
nome pelo qual a Ética Pública tem sido conhecida é o da justiça”.
Assim, ética pública seria a moral incorporada ao Direito, consolidando o valor do justo. Diante da
relevância social de que a Ética se faça presente no exercício das atividades públicas, as regras éticas
para a vida pública são mais do que regras morais, são regras jurídicas estabelecidas em diversos
diplomas do ordenamento, possibilitando a coação em caso de infração por parte daqueles que
desempenham a função pública.
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem que ele consolide o bem comum e garanta
a preservação dos interesses da coletividade, se encontram exteriorizados em princípios e regras.
Estes, por sua vez, são estabelecidos na Constituição Federal e em legislações infraconstitucionais, a
exemplo das que serão estudadas neste tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 e Lei
n° 8.429/92.
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no setor público partem da Constituição Federal,
que estabelece alguns princípios fundamentais para a ética no setor público. Em outras palavras, é o
texto constitucional do artigo 37, especialmente o caput, que permite a compreensão de boa parte do
conteúdo das leis específicas, porque possui um caráter amplo ao preconizar os princípios
fundamentais da administração pública.
Estabelece a Constituição Federal:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]

4
MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.
5
NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

4
São princípios da administração pública, nesta ordem:

Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência

Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder


Executivo Federal: Decreto nº 1.171/94 e Decreto nº 6.029/07.

Prof.ª Bruna Pinotti Garcia

Com efeito, dentre os diplomas jurídicos específicos que regulamentam a Ética no Serviço Público,
destaca-se o Decreto nº 1.171/1994 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
Poder Executivo Federal), que serve de norte para a consolidação de um padrão de comportamento
ético no setor público.
Considerados os princípios administrativos basilares do art. 37 da CF (legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência), destaca-se a existência deste diploma específico que estabelece a
ação ética esperada dos servidores públicos, qual seja o Decreto n° 1.171/94. Trata-se do chamado
Código de Ética do Servidor Público, o qual disciplina normas éticas aplicáveis a esta categoria de
profissionais, assemelhando-se no formato aos Códigos de Ética que costumam ser adotados para
variadas categorias profissionais (médicos, contadores...), mas diferenciando-se destes por possuir o
caráter jurídico, logo, coativo.
A respeito dos motivos que ensejam a criação de um Código de Ética, tem-se que “as relações de
valor que existem entre o ideal moral traçado e os diversos campos da conduta humana podem ser
reunidas em um instrumento regulador. Tal conjunto racional, com o propósito de estabelecer linhas
ideais éticas, já é uma aplicação desta ciência que se consubstancia em uma peça magna, como se
uma lei fosse entre partes pertencentes a grupamentos sociais. Uma espécie de contrato de classe gera
o Código de Ética Profissional e os órgãos de fiscalização do exercício passam a controlar a execução
de tal peça magna. Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um indivíduo perante seu grupo e o
todo social. O interesse no cumprimento do aludido código passa, entretanto, a ser de todos. O
exercício de uma virtude obrigatória torna-se exigível de cada profissional [...], mas com proveito geral.
Cria-se a necessidade de uma mentalidade ética e de uma educação pertinente que conduza à vontade
de agir, de acordo com o estabelecido. Essa disciplina da atividade é antiga, já encontrada nas provas
históricas mais remotas, e é uma tendência natural na vida das comunidades. É inequívoco que o ser
tenha sua individualidade, sua forma de realizar seu trabalho, mas também o é que uma norma
comportamental deva reger a prática profissional no que concerne a sua conduta, em relação a seus
semelhantes”6. Logo, embora se reconheça que o indivíduo tem particularidades no desempenho de
suas funções, isto é, que emprega algo de sua personalidade no exercício delas, cabe o
estabelecimento de um rol de condutas padronizadas genericamente, as quais correspondem ao melhor
desempenho profissional que se pode ter, um desempenho ético.
“Para que um Código de Ética Profissional seja organizado, é preciso, preliminarmente, que se trace
a sua base filosófica. Tal base deve estribar-se nas virtudes exigíveis a serem respeitadas no exercício
da profissão, e em geral abrange as relações com os utentes dos serviços, os colegas, a classe e a
nação. As virtudes básicas são comuns a todos os códigos. As virtudes específicas de cada profissão

6
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

5
representam as variações entre os diversos estatutos éticos. O zelo, por exemplo, é exigível em
qualquer profissão, pois representa uma qualidade imprescindível a qualquer execução de trabalho, em
qualquer lugar. O sigilo, todavia, deixa de ser necessário em profissões que não lidam com confidências
e resguardos de direitos”7. Por exemplo, o servidor público tem o dever de zelo, genérico, e o dever de
sigilo, específico, já que tem acesso a informações privilegiadas no exercício do cargo.

DECRETO N° 1.171 DE 22 DE JUNHO DE 1994

Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal

CAPÍTULO I
Seção I
Das Regras Deontológicas

O Direito como valor do justo é estudado pela Filosofia do Direito na parte denominada Deontologia
Jurídica, ou, no plano empírico e pragmático, pela Política do Direito8. Deontologia é uma das teorias
normativas segundo as quais as escolhas são moralmente necessárias, proibidas ou permitidas.
Portanto inclui-se entre as teorias morais que orientam nossas escolhas sobre o que deve ser feito,
considerada a moral vigente. Por sua vez, a deontologia jurídica é a ciência que cuida dos deveres
e dos direitos dos operadores do Direito, bem como de seus fundamentos éticos e legais, conoslidando
o valor do justo. Por isso, os incisos que se seguem traduzem o comportamento moral esperado do
servidor público não só enquanto desempenha suas funções, mas também em sua vida social.
Deontologia é, assim, a teoria do dever no que diz respeito à moral; conjunto de deveres que impõe a
certos profissionais o cumprimento da sua função. Pode-se dizer ainda que a deontologia consiste no
conjunto de regras e princípios que regem a conduta de um profissional, uma ciência que estuda os
deveres de uma determinada profissão. O profissional brasileiro está sujeito a uma deontologia própria
a regular o exercício de sua profissão conforme o Código de Ética de sua classe. O Direito é o mínimo
de moral para que o homem viva em sociedade e a deontologia dele decorre posto que trata de direitos
e deveres dos profissionais que estejam sujeitos a especificidade destas normas.
O Código de Ética cria regras deontológicas de ética, isto é, cria um sistema de princípios e
fundamentos da moral, daí porque não se preocupa com a previsão de punição e processo disciplinar
contra o servidor antiético, apesar de, na maioria das vezes, haver coincidência entre a conduta
antiética e a necessidade de punição administrativa. A verdadeira intenção do Código de Ética foi
estimular os órgãos e entidades públicas federais a promoverem o debate sobre a ética, para que ela, e
as discussões que dela se extrai, permeie amiúde as repartições, até com naturalidade.
“Muitas são as virtudes que um profissional precisa ter para que desenvolva com eficácia seu
trabalho. Em verdade, múltiplas exigências existem, mas entre elas, destacam-se algumas, básicas,
sem as quais se impossibilita a consecução do êxito moral. Quase sempre, na maioria dos casos, o
sucesso profissional se az acompanhar de condutas fundamentais corretas. Tais virtudes básicas são
comuns a quase todas as profissões [...]. Virtudes básicas profissionais são aquelas indispensáveis,
sem as quais não se consegue a realização de um exercício ético competente, seja qual for a natureza
do serviço prestado. Tais virtudes devem formar a consciência ética estrutural, os alicerces do caráter e,
em conjunto, habilitarem o profissional ao êxito em seu desempenho”9.
Para bem compreender o conteúdo dos incisos que se seguem, é importante pensar: se eu fosse a
pessoa buscando atendimento no órgão público em questão, como eu gostaria de ser tratado? Qual o
tipo de funcionário que eu gostaria que fosse responsável pela solução do meu problema? Enfim, basta
lembrar da regra de ouro da moralidade, pela qual eu somente devo fazer algo se racionalmente desejar
que todas as pessoas ajam da mesma forma - inclusive em relação a mim, ou seja, “age de tal modo
que a máxima de tua vontade possa valer-te sempre como princípio de uma legislação universal”10.

I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados
maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que
refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão
direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos.

7
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
8
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
9
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
10
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Tradução Paulo Barrera. São Paulo: Ícone, 2005, p. 32.

6
Primeiramente, vale compreender o sentido de algumas palavras do inciso: por dignidade, deve-se
entender autoridade moral; por decoro, compostura e decência; por zelo, cuidado e atenção; por
eficácia, a produção do efeito esperado.
Na verdade, tudo isto abrange o que o inciso chama de consciência dos princípios morais: sei que
devo agir de modo que inspire os demais que me rodeiam, isto é, exatamente como o melhor cidadão
de bem; no desempenho das minhas funções, devo me manter sério e comprometido, desempenhando
cada uma das atribuições recebidas com o maior cuidado e atenção possível, evitando erros, de modo
que o serviço que eu preste seja o melhor que eu puder prestar.
Não basta que o funcionário aja desta forma no exercício de suas funções, porque ele participa da
sociedade e fica conhecido nela. O desempenho de cargo público, por sua vez, faz com que ele seja
visto de outra forma pela sociedade, que espera dele uma conduta ilibada, ou seja, livre de vícios e
compulsões. Discrição é a palavra-chave para a vida particular do servidor público, preservando a
instituição da qual faz parte. Por exemplo, quem se sentiria bem em ser atendido por um funcionário
que é sempre visto embriagado em bares ou provocando confusões familiares, por mais que os serviços
por ele desempenhados sejam de qualidade?
O comportamento ético do servidor público na sua vida particular só é exigível se, pela natureza do
cargo, houver uma razoável exigência do servidor se comportar moralmente, como invariavelmente
ocorre nas carreiras típicas de Estado. O que dizer então do Decreto nº 1.171, de 1994, que impõe o
comportamento ético e moral de todo e qualquer servidor, na sua vida particular, independentemente da
natureza do seu cargo? Quando tal Código estabelece, logo no Capítulo I do Anexo, algumas “Regras
Deontológicas”, quer dizer que o servidor público está envolto em um sistema onde a moral tem forte
influência no desenvolvimento da sua carreira pública. Assim, quem passa pelo serviço público sabe ou
deveria saber que a promoção profissional e o adequado cumprimento das atribuições do cargo estão
condicionados também pela ética e, assim, pelo comportamento particular do servidor.

II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá
que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o
oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras
contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.

Este inciso traz alguns binômios abrangidos pelo conceito de ética que se contrapõem. Com efeito, o
servidor deve sempre escolher o conveniente, o oportuno, o justo e o honesto. No caso, parte-se das
escolhas de menor relevância para aquelas fundamentais, que envolvem a opção pelo justo e honesto.
Estes são os principais valores morais exigidos pelo inciso. Quando se fala que é preciso escolher
acima de tudo entre honesto e desonesto, evidencia-se que o Código busca mais do que o respeito à
lei, e sim a efetiva ação conforme a moralidade.
Vale destacar o artigo 37 da Constituição Federal, ao qual o inciso em estudo faz remissão.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Nota-se que o inciso faz referência ao §4°, que traz as consequências dos atos de improbidade
administrativa, que poderão variar conforme o grau de gravidade (uma das sanções possíveis é a de
obrigar o servidor a devolver o dinheiro aos cofres públicos, o que se entende por ressarcir o erário).

III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo
ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a
finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo.

Bem e mal são conceitos que transcendem a esfera particular. O servidor público não deve pensar
por uma pessoa, mas por toda a sociedade. Assim, não se deve agir de uma forma para beneficiar um
particular - ainda que isso possa ser um bem para ele, é injusto para com a sociedade que uma pessoa
seja tratada melhor que a outra. O fim da atitude do servidor é o bem comum, ou seja, o bem da
coletividade. O coletivo sempre deve prevalecer sobre o particular.

7
Por isso, o servidor deve equilibrar a legalidade, que é o respeito ao que a lei determina, e a
finalidade, que é a busca do fim da preservação do bem comum. Assim, o respeito à lei é fundamental,
mas a atitude do servidor não pode cair numa burocratização sem sentido, ou seja, o respeito às
minúcias da lei não pode prejudicar o bem comum, sob pena de violar a moralidade.

IV - A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou indiretamente por
todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade administrativa se
integre no Direito, como elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como
consequência, em fator de legalidade.

O servidor público deve colocar de lado seus interesses egoísticos e buscar a aplicação da
moralidade no Direito, lembrando que quem paga pelos seus serviços é a sociedade como um todo.
“Parece ser uma tendência do ser humano, como tem sido objeto de referência de muitos estudiosos, a
de defender, em primeiro lugar, seus interesses próprios, quando, entretanto, esses são de natureza
pouco recomendável, ocorrem seriíssimos problemas. Quando o trabalho é executado só para auferir
renda, em geral, tem seu valor restrito. Por outro lado, nos serviços realizados com amor, visando ao
benefício de terceiros, dentro de vasto raio de ação, com consciência do bem comum, passa a existir a
expressão social do mesmo. O valor ético do esforço é, pois, variável de acordo com seu alcance em
face da comunidade. Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, tende a ter menor
consciência de grupo. Fascinado pela preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocorre com a
sua comunidade e muito menos com a sociedade. [...] O egoísmo desenfreado pode atingir um número
expressivo de pessoas e até, através delas, influenciar o destino de nações, partindo da ausência de
conduta virtuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com seus lucros. [...] Sabemos que a
conduta do ser humano tende ao egoísmo, repetimos, mas, para os interesses de uma classe, de toda
uma sociedade, é preciso que se acomode às normas, porque estas devem estar apoiadas em
princípios de virtude. Como só a atitude virtuosa tem condições de garantir o bem comum, a Ética tem
sido o caminho justo, adequado, para o benefício geral” 11.

V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido como
acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse
trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.

O cidadão paga impostos e demais tributos apenas para que o Estado garanta a ele a prestação do
melhor serviço público possível, isto é, a manutenção de uma sociedade justa e bem estruturada. O
mesmo dinheiro que sai dos bolsos do cidadão, inclusive do próprio servidor público, é o que remunera
os serviços por ele prestados. Por isso, agir contra a moral é insultante, mais que um aproveitamento da
máquina estatal, é um desrespeito ao cidadão honesto que paga parte do que recebe ao Estado.
Assim, para bem aplicar o Direito é preciso agir conforme a moralidade administrativa, sob pena de
mais que violar a lei, também desrespeitar o bem comum e prejudicar a sociedade como um todo –
inclusive a si próprio.
No mais, chama-se atenção à vedação de que o servidor receba do particular qualquer verba
extra: sua remuneração já é paga pelo particular, por meio dos impostos, não devendo pretender mais
do que aquilo. Isto não significa que o patrimônio do servidor seja apenas o seu salário – há um
patrimônio inerente à boa prestação do serviço, proporcionando a melhoria da sociedade em que vive.

VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida
particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua
vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.

Reiterando o que foi dito no inciso I, o Código de Ética lembra que um funcionário público carrega
consigo a imagem da administração pública, ou seja, não é servidor público apenas quando está
desempenhando suas funções, mas o tempo todo. Por isso, não importa ser o melhor funcionário
público da repartição se a vida particular estiver devassada, isto é, se não agir com discrição, coerência,
compostura e moralidade também na vida particular. Isso implica em ser um bom pai/mãe, uma pessoa
livre de vícios, um cidadão reservado e cumpridor de seus deveres sociais.

11
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

8
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do Estado e
da Administração Pública, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos
termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade,
ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar.

Como visto, a publicidade é um princípio basilar da administração pública, ao lado da moralidade.


Como tal, caminha lado a lado com ela. Não cabe ao servidor público negar o acesso à informação por
parte do cidadão, salvo em situações especiais. Nota-se que “quando benefícios morais se fazem
exigíveis, especificamente, para um desempenho de labor, forçoso é cumpri-los; só podemos justificar o
não cumprimento quando fatores de ordem muito superior o possam impedir, pois o descumprimento
será sempre uma lesão à consciência ética” 12.

ATENÇÃO: O dispositivo autoriza que os atos administrativos não sejam públicos em situações
excepcionais, quais sejam segurança nacional, investigações policiais e interesse superior do Estado e
da Administração Pública.

VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que
contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado
pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão ou da mentira,
que sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.

Mentir é uma atitude contrária à moralidade esperada do servidor público, ainda mais se tal mentira
se referir à função desempenhada, por exemplo, negando a prática de um ato ou informando
erroneamente um cidadão. Não existe uma hipótese em que mentir é aceito: não importa se dizer a
verdade implicará em prejuízo à Administração Pública.
Se o Estado errar, e isso pode acontecer, não deverá se eximir de seu erro com base em uma
mentira, pois isto ofende a integridade dos cidadãos e da própria Nação. Para ser um bom país, não é
preciso se fundar em erros ou mentiras, mas sim se esforçar ao máximo para evitá-los e corrigi-los.

IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o


esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa
causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio
público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento
e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligência,
seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los.

Quem nunca chegou a uma repartição pública ou cartório e recebeu um tratamento ruim por parte de
um funcionário? Infelizmente, esta é uma atitude comum no serviço público. Contudo, o esperado do
servidor é que ele atenda aos cidadãos com atenção e boa vontade, fazendo tudo o possível para
ajudá-lo, despendendo o tempo necessário e tomando as devidas cautelas.
O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do direito obrigacional, uma vez que a principal
consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano,
mediante o pagamento de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou
incorre em omissão que gere dano deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, restaurando-
se o equilíbrio social.13
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, podendo recair sobre os herdeiros do autor do
ilícito até os limites da herança, embora existam reflexos na ação que apure a responsabilidade civil
conforme o resultado na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de autoria impede a
condenação na esfera cível, ao passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil se encontram no art. 186 do Código Civil:
“aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo central do instituto da
responsabilidade civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como não se deve ou
deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma violação de
direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o

12
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
13
GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

9
dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral
ou material, econômico e não econômico).
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa”. Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídica autônoma entre o Estado e o agente
público que causou o dano no desempenho de suas funções. Nesta relação, a responsabilidade civil
será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual foi
anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso é justamente o direito de acionar o causador
direto do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, considerada a existência de uma relação
obrigacional que se forma entre a vítima e a instituição que o agente compõe.
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente causar aos membros da sociedade, mas se
este agente agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi pago à vítima. O agente
causará danos ao praticar condutas incompatíveis com o comportamento ético dele esperado.14
A responsabilidade civil do servidor exige prévio processo administrativo disciplinar no qual seja
assegurado contraditório e ampla defesa.
Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omissão com culpa
do servidor que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá o dever
de indenizar.
Mais do que incômodo, maltratar um cidadão que busca atendimento pode caracterizar dano moral,
isto é, gerar tamanho abalo emocional e psicológico que implique num dano. Apesar deste dano não ser
econômico, isto é, de a dor causada não ter meio de compensação financeiro que a repare, o juiz
estabelecerá um valor que a compense razoavelmente.
Por sua vez, deteriorar o patrimônio público caracteriza dano material. No caso, há um
correspondente financeiro direto, de modo que a condenação será no sentido de pagar ao Estado o
equivalente ao bem destruído ou deteriorado.

X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em que
exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na
prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas
principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos.

Este inciso é um desdobramento do inciso anterior, descrevendo um tipo específico de conduta


imoral com relação ao usuário do serviço público, qual seja a de deixá-lo esperando por atendimento
que seja de sua competência. Claro, a espera é algo natural, notadamente quando o atendimento
estiver sobrecarregado. O que o inciso pretende vetar é que as filas se alonguem quando o servidor
enrola no atendimento, enfim, age com preguiça e desânimo.

XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, velando
atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o
descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo
imprudência no desempenho da função pública.

Dentro do serviço público há uma hierarquia, que deve ser obedecida para a boa execução das
atividades. Seria uma desordem se todos mandassem e se cada qual decidisse que função iria
desempenhar. Por isso, cabe o respeito ao que o superior determina, executando as funções da melhor
forma possível.
“A razão pela qual se exige uma disciplina do homem em seu grupo repousa no fato de que as
associações possuem, por suas naturezas, uma necessidade de equilíbrio que só se encontra quando a
autonomia dos seres se coordena na finalidade do todo. É a lei dos sistemas que se torna imperiosa, do
átomo às galáxias, de cada indivíduo até sua sociedade. [...] Cada ser, assim como a somatória deles
em classe profissional, tem seu comportamento específico, guiado pela característica do trabalho
executado. Cada conjunto de profissionais deve seguir uma ordem que permita a evolução harmônica
do trabalho de todos, a partir da conduta de cada um, através de uma tutela no trabalho que conduza a
regularização do individualismo perante o coletivo” 15.

14
SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011.
15
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

10
Negligência é a omissão no agir como se deve, isto é, é deixar de fazer aquilo que lhe foi atribuído.
As condutas negligentes devem ser evitadas, de modo que os erros sejam minimizados, a atenção seja
uma marca do serviço e a retidão algo sempre presente. Imprudência, por sua vez, é o agir sem
cuidado, sem zelo, causando prejuízo ao serviço público.

XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização do
serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas.

O servidor público tem obrigação de comparecer religiosamente em seu local de trabalho no horário
determinado. Todas as ausências devem ser evitadas e, quando inevitáveis, devem ser justificadas.
Os demais funcionários e a sociedade sempre ficam atentos às atitudes do servidor público e
qualquer percepção de relaxo no desempenho das funções será observada, notadamente no que tange
a ausências frequentes.

XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus colegas
e cada concidadão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a
grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação.

O bom desempenho das funções a o agir conforme o esperado pela sociedade implica numa boa
imagem do servidor público, o que permite que ele receba apoio dos demais quando realmente precisar.
“É inequívoco que o trabalho individual influencia e recebe influências do meio onde é praticado. Não
é, pois, somente em seu grupo que o profissional dá sua contribuição ou a sonega. Quando adquire a
consciência do valor social de sua ação, da vontade volvida ao geral, pode realizar importantes feitos
que alcançam repercussão ampla”16.

Seção II
Dos Principais Deveres do Servidor Público

XIV - São deveres fundamentais do servidor público:


Embora se trate de outra seção do Código de Ética, há continuidade no tratamento do agir moral
esperado do servidor público. No caso, são elencados alguns deveres essenciais que devem ser
obedecidos.
“Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para o desempenho eficaz da profissão são deveres
éticos. Sendo o propósito do exercício profissional a prestação de uma utilidade a terceiros, todas as
qualidades pertinentes à satisfação da necessidade, de quem requer a tarefa, passam a ser uma
obrigação perante o desempenho. Logo, um complexo de deveres envolve a vida profissional, sob os
ângulos da conduta a ser seguida para a execução de um trabalho”17.

a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que seja titular;
Cabe ao servidor público desempenhar todas as atribuições inerentes à posição de que seja titular.

b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim ou procurando
prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer outra
espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de
evitar dano moral ao usuário;
O desempenho de funções deve se dar de forma eficiente. Situações procrastinatórias são aquelas
que adiam a prestação do serviço público. Procrastinar significa enrolar, adiar, fugir ao dever de prestar
o serviço, lerdear. Cabe ao servidor público não deixar para amanhã o que pode fazer no dia e agilizar
ainda mais o seu serviço quando houver acúmulo de trabalho ou de filas, inclusive para evitar dano
moral ao cidadão.

c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter, escolhendo sempre,
quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;

16
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
17
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

11
Honestidade, retidão, lealdade e justiça são valores morais consolidados na sociedade, refletindo o
caráter da pessoa. O servidor público deve erigir tais valores, sempre fazendo a melhor escolha para a
coletividade.

d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial da gestão dos bens, direitos e
serviços da coletividade a seu cargo;
Prestar contas é uma atitude obrigatória por parte de todos aqueles que cuidam de algo que não lhe
pertence. No caso, o servidor público cuida do patrimônio do Estado. Por isso, sempre deverá prestar
contas a respeito deste patrimônio, relatando a sua situação e garantindo que ele seja preservado.

e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoando o processo de comunicação e


contato com o público;
A atitude ética esperada do servidor público consiste em exercer suas funções de forma adequada,
sempre atendendo da melhor forma possível os usuários.

f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se materializam na adequada
prestação dos serviços públicos;
Os funcionários públicos nunca podem perder de vista o dever ético que eles possuem com relação à
sociedade como um todo, que é o de respeito à moralidade insculpida no texto constitucional. “A
consciência ética busca ser cidadã e, por isso, faz da honestidade pessoal um caminho certo para a
ética pública. Vivendo numa República, estamos tratando da „coisa pública‟, do que é de todos; isso
requer vida administrativa e política transparente, numa disposição a colocar-se a serviço de toda a
coletividade”18.

g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as limitações


individuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção
de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa
forma, de causar-lhes dano moral;
Para bem atender os usuários, é preciso tratá-los com igualdade, sem preconceitos de qualquer
natureza. Vale lembrar que o tratamento preconceituoso e mal-educado caracteriza dano moral,
cabendo reparação.

h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer
comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;

i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, interessados e outros que


visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações imorais,
ilegais ou aéticas e denunciá-las;
O respeito à hierarquia é algo necessário ao setor público, pois se ele não existisse as atividades
seriam desempenhadas de forma desorganizada, logo, ineficiente. Isso não significa, contudo, que o
servidor deva obedecer a todas as ordens sem questioná-las, notadamente quando perceber que a
atitude de seu superior contraria os interesses do bem comum, nem que deva ter medo de denunciar
atitudes antiéticas de seus superiores ou colegas.
São atitudes que não podem ser aceitas por parte dos superiores ou de pessoas que contratem ou
busquem serviços do poder público: obtenção de favores, benefícios ou vantagens indevidas, imorais,
ilegais ou antiéticas. Ao se deparar com estas atitudes, deverá denunciá-las.

j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências específicas da defesa da vida e da


segurança coletiva;
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo
se atentar pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma
legislação específica para os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de greve para os
funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).

l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos ao trabalho
ordenado, refletindo negativamente em todo o sistema;

18
AGOSTINI, Frei Nilo. Ética: diálogo e compromisso. São Paulo: FTD, 2010.

12
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse
público, exigindo as providências cabíveis;

n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os métodos mais adequados à sua
organização e distribuição;
Os três incisos acima reiteram deveres constantemente enumerados pelo Código de Ética como o de
comparecimento assíduo e pontual no local de trabalho, o de comunicação de atos contrários ao
interesse público (inclusive os praticados por seus superiores) e o de preservação do local de trabalho
(mantendo-o limpo e organizado).

o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria do exercício de suas
funções, tendo por escopo a realização do bem comum;
Frequentemente, são promovidos cursos de aperfeiçoamento pela própria instituição, sem contar
aqueles disponibilizados por faculdades e cursos técnicos. Cabe ao servidor público participar sempre
que for benéfico à melhoria de suas funções.
“O valor do exercício profissional tende a aumentar à medida que o profissional também aumentar
sua cultura, especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos os demais, como são os relativos às
culturas filosóficas, matemáticas e históricas. Uma classe que se sustenta em elites cultas te garantida
sua posição social, porque se habilita às lideranças e aos postos de comando no poder. A
especialização tem sua utilidade, seu valor, sendo impossível negar tal evidência [...]”19.

p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da função;


A roupa vestida pelo servidor público também reflete sua autoridade moral no exercício das funções.
Por exemplo, é absurdo chegar ao local de trabalho utilizando bermuda e chinelo, refletindo uma
imagem de descaso do serviço público. As roupas devem ser sóbrias, compatíveis com a seriedade
esperada da Administração Pública e de seus funcionários.

q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão


onde exerce suas funções;
A regulamentação das funções exercidas pelos órgãos administrativos está sempre mudando,
cabendo ao servidor público se manter atualizado.

r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as tarefas de seu cargo
ou função, tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa
ordem.
A alínea reflete uma síntese do agir moral esperado do servidor público, refletindo a prestação do
serviço com eficiência e respeito à lei, atendendo ao bem comum.

s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito;


As atividades de fiscalização são usuais no serviço público e, por isso, os ficais devem ser bem
atendidos, cabendo ao servidor demonstrar que as atividades atribuídas estão sendo prestadas
conforme a lei determina.

t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se
de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos jurisdicionados
administrativos;
Prerrogativas funcionais são garantias atribuídas pela lei ao servidor público para que ele possa bem
desempenhar suas funções. Não cabe exercê-las a torto e direito, é preciso ter razoabilidade,
moderação. Assim, quando invocá-las, o servidor público será levado a sério.

u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com finalidade estranha
ao interesse público, mesmo que observando as formalidades legais e não cometendo qualquer
violação expressa à lei;
O servidor público deve agir conforme a lei determina, observando-a estritamente, preservando
assim os interesses da sociedade.

19
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

13
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência deste Código de Ética,
estimulando o seu integral cumprimento.
O Código de Ética é o principal instrumento jurídico que trata das atitudes do servidor público
esperadas e vedadas. É preciso obedecer suas diretrizes e aconselhar a sua leitura àqueles que o
desconheçam.

Seção III
Das Vedações ao Servidor Público

XV - É vedado ao servidor público;

Nesta seção, são descritas algumas atitudes que contrariam as diretrizes do Código de Ética. Trata-
se de um rol exemplificativo, ou seja, que pode ser ampliado por um juízo de interpretação das regras
éticas até então estudadas.
ATENÇÃO: não será necessário gravar todas estas regras se o candidato se atentar ao fato de que
elas se contrapõem às atitudes corretas até então estudadas. Por óbvio, não agir da forma estabelecida
caracteriza violação dos deveres éticos, o que é proibido.

a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter qualquer
favorecimento, para si ou para outrem;

O cargo público é para a sociedade, não para o indivíduo. Por isso, ele não pode se beneficiar dele
indevidamente. A esta descrição corresponde o tipo criminal da corrupção passiva, prescrito no Código
Penal em seu artigo 317 nos seguintes termos:

Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de cidadãos que deles


dependam;
Causar intrigas no trabalho, fazer fofocas e se negar a ajudar os demais cidadãos que busquem
atendimento é uma clara violação ao dever ético.

c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a este Código de
Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;
Como visto, é dever do servidor público denunciar aqueles que desrespeitem o Código de Ética, bem
como obedecê-lo estritamente. Não deve pensar que cobrir o erro do outro é algo solidário, porque
todos os erros cometidos numa função pública são prejudiciais à sociedade.

d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por qualquer pessoa,
causando-lhe dano moral ou material;
O trabalho não deve ser adiado, mas sim prestado de forma rápida e eficaz, sob pena de causar
dano moral ou material aos usuários e ao Estado.
Na esfera penal, pode incidir no crime de prevaricação (art. 319, CP):

Prevaricação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu conhecimento para
atendimento do seu mister;
A incorporação da tecnologia aos serviços públicos, aproximando-o da sociedade, é chamada de
governança eletrônica. Cabe ao servidor público saber lidar bem com tais tecnologias, pois elas
melhoram a qualidade do serviço prestado.

14
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem
pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas
hierarquicamente superiores ou inferiores;
O funcionário público deve agir com impessoalidade na prestação do serviço, tratando todas as
pessoas igualmente, tanto os usuários quanto os colegas de trabalho.

g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação,
prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim;
A remuneração do servidor público já é paga pelo Estado, fomentada pelos tributos do contribuinte.
Não cabe ao servidor buscar bônus indevidos pela prestação de seus serviços, seja solicitando (caso
que caracteriza crime de corrupção - art. 317, CP), seja exigindo (restando presente o crime de
concussão - art. 316, CP). Caso o faça, se sujeitará às penas cíveis, penais e administrativas.

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providências;


Caso o faça, além das sanções cíveis e administrativas, incorre na prática do crime de alterar ou
deturpar (modificar, alterar para pior; desfigurar; corromper; adulterar) dados de documentos pode
configurar o crime previsto no artigo 313-A, do Código Penal:

Inserção de dados falsos em sistema de informações


Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração
Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena -
reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços públicos;
Como visto, o funcionário público deve atender com eficiência o usuário do serviço, prestando todas
as informações da maneira mais correta e verdadeira possível, sem mentiras ou ilusões.

j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular;


Todos os servidores públicos são contratados pelo Estado, devendo prestar serviços que atendam
ao seu interesse. Por isso, um servidor não pode pedir ao seu subordinado que lhe preste serviços
particulares, por exemplo, pagar uma conta pessoal em agência bancária, telefonar para consultórios
para agendar consultas, fazer compras num supermercado.

l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer documento, livro ou bem
pertencente ao patrimônio público;
Os bens que se encontram no local de trabalho pertencem à máquina estatal e devem ser utilizados
exclusivamente para a prestação do serviço público, não podendo o funcionário retirá-los de lá. Se o
fizer, responde civil e administrativamente, bem como criminalmente por peculato (art. 312, CP).

Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro,
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

Peculato caracteriza-se pela subtração ou desvio, por abuso de confiança, de dinheiro ou de coisa
móvel apreciável economicamente, para proveito próprio ou alheio, por servidor público que o
administra ou guarda.

m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício
próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;
As informações que são acessadas pelo funcionário público somente devem ser aproveitadas para o
bom desempenho das funções. Não cabe fazer fofocas, ainda que sem nenhum interesse de obter
privilégio econômico, ou seja, apenas para aparentar importância por mera vaidade pessoal. É possível

15
que caracterize crime de violação de sigilo funcional pois utilizar-se de informações obtidas no âmbito
interno da administração, nos casos em que deva ser guardado sigilo pode caracterizar crime, previsto
no artigo 325, do Código Penal:

Violação de sigilo funcional


Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo,
ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.

n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente;


Trata-se de ato típico de falta de decoro e retidão, valore morais inerentes à boa prestação do
serviço público.

o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade
da pessoa humana;

p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
O servidor público, seja na vida privada, seja no exercício das funções, não deve se filiar a
instituições que contrariem a moral, por exemplo, que incitem o preconceito e a desordem pública.
Afinal, o servidor público é um espelho para a sociedade, devendo refletir seus valores tradicionais.

CAPÍTULO II
DAS COMISSÕES DE ÉTICA

XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, indireta autárquica e
fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder público,
deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética
profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe
conhecer concretamente de imputação ou de procedimento suscetível de censura.

“Estabelecido um código de ética, para uma classe, cada indivíduo a ele passa a subordinar-se, sob
pena de incorrer em transgressão, punível pelo órgão competente, incumbido de fiscalizar o exercício
profissional. [...] A fiscalização do exercício da profissão pelos órgãos de classe compreende as fases
preventiva (ou educacional) e executiva (ou de direta verificação da qualidade das práticas). Grande
parte dos erros cometidos derivam-se em parte do pouco conhecimento sobre a conduta, ou seja, da
educação insuficiente, e outra parte, bem menor, deriva-se de atos propositadamente praticados. Os
órgãos de fiscalização assumem, por conseguinte, um papel relevante de garantia sobre a qualidade
dos serviços prestados e da conduta humana dos profissionais” 20.
Com efeito, as Comissões de Ética possuem função de orientação e aconselhamento, devendo se
fazer presentes em todo órgão ou entidade da administração direta ou indireta.
A Comissão de Ética não tem por finalidade aplicar sanções disciplinares contra os servidores Civis.
Muito pelo contrário: a sua atuação tem por princípio evitar a instauração desses processos, mediante
trabalho de orientação e aconselhamento. A finalidade do código de ética consiste em produzir na
pessoa do servidor público a consciência de sua adesão às normas ético-profissionais preexistentes à
luz de um espírito crítico, para efeito de facilitar a prática do cumprimento dos deveres legais por parte
de cada um e, em consequência, o resgate do respeito ao serviço público e à dignidade social de cada
servidor. O objetivo deste código é a divulgação ampla dos deveres e das vedações previstas, através
de um trabalho de cunho educativo com os servidores públicos federais.

XVII - Revogado pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25).

XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos encarregados da execução do quadro
de carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e fundamentar
promoções e para todos os demais procedimentos próprios da carreira do servidor público.

20
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

16
Além de orientar e aconselhar, a Comissão de Ética fornecerá as informações sobre os
funcionários a ela submetidos, tanto para instruir promoções, quanto para alimentar processo
administrativo disciplinar.

XIX a XXI - Revogados pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25).

XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a de censura e sua
fundamentação constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do
faltoso.

A única sanção que pode ser aplicada diretamente pela Comissão de Ética é a de censura, que é a
pena mais branda pela prática de uma conduta inadequada que seja praticada no exercício das
funções. Nos demais casos, caberá sindicância ou processo administrativo disciplinar, sendo que a
Comissão de Ética fornecerá elementos para instrução.
Censura é o poder do Estado de interditar ou restringir a livre manifestação de pensamento, oral ou
escrito, quando se considera que tal pode ameaçar a ordem pública vigente.

XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidor público todo aquele
que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente,
temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou
indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as
entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer
setor onde prevaleça o interesse do Estado.

Este último inciso do Código de Ética é de fundamental importância para fins de concurso público,
pois define quem é o servidor público que se sujeita a ele.
“Uma classe profissional caracteriza-se pela homogeneidade do trabalho executado, pela natureza
do conhecimento exigido preferencialmente para tal execução e pela identidade de habilitação para o
exercício da mesma. A classe profissional é, pois, um grupo dentro da sociedade, específico, definido
por sua especialidade de desempenho de tarefa” 21.
Elementos do conceito de servidor público:
a) Instrumento de vinculação: por força de lei (por exemplo, prestação de serviços como jurado ou
mesário), contrato (contratação direta, sem concurso público, para atender a uma urgência ou
emergência) ou qualquer outro ato jurídico (é o caso da nomeação por aprovação em concurso público)
- enfim, não importa o instrumento da vinculação à administração pública, desde que esteja realmente
vinculado;
b) Serviço prestado: permanente, temporário ou excepcional - isto é, ainda que preste o serviço só
por um dia, como no caso do mesário de eleição, é servidor público, da mesma forma que aquele que
foi aprovado em concurso público e tomou posse; com ou sem retribuição financeira - por exemplo, o
jurado não recebe por seus serviços, mas não deixa de ser servidor público;
c) Instituição ou órgão de prestação: ligado à administração direta ou indireta, isto é, a qualquer
órgão que tenha algum vínculo com o poder estatal. O conceito é o mais amplo possível,
abrangendo autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista, enfim,
qualquer entidade ou setor que vise atender o interesse do Estado.

Já o Decreto nº 6.029/2007 (Institui Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal)


institui Sistema de Gestão da Ética do Poder executivo Federal, revogando algumas disciplinas do
Decreto n° 1.171/94 e complementando-o de uma maneira geral. Logo, são decretos interligados.

Decreto n° 6.029/2007
Institui Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea
“a”, da Constituição,

DECRETA:

21
SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

17
Art. 1o Fica instituído o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal com a finalidade de
promover atividades que dispõem sobre a conduta ética no âmbito do Executivo Federal,
competindo-lhe:
I - integrar os órgãos, programas e ações relacionadas com a ética pública;
II - contribuir para a implementação de políticas públicas tendo a transparência e o acesso à
informação como instrumentos fundamentais para o exercício de gestão da ética pública;
III - promover, com apoio dos segmentos pertinentes, a compatibilização e interação de normas,
procedimentos técnicos e de gestão relativos à ética pública;
IV - articular ações com vistas a estabelecer e efetivar procedimentos de incentivo e incremento ao
desempenho institucional na gestão da ética pública do Estado brasileiro.

Pelo que se denota do artigo 1°, o Sistema de Gestão Ética do Poder Executivo Federal não tem
cunho exclusivamente punitivo, mas evidentemente preventivo, ao estabelecer o desenvolvimento de
políticas e programas para assegurar a ética e a transparência do Poder Público.
Compete ao Sistema promover uma interação entre os órgãos e campanhas que perpassem sobre a
questão da ética pública, contribuir para que políticas públicas sejam implementadas para que o Poder
Público fique mais ético e transparente, promover a compatibilização entre as normas e regulamentos
que tratem da questão, enfim, articular ações como um todo.

Art. 2o Integram o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal:


I - a Comissão de Ética Pública - CEP, instituída pelo Decreto de 26 de maio de 1999;
II - as Comissões de Ética de que trata o Decreto no 1.171, de 22 de junho de 1994; e
III - as demais Comissões de Ética e equivalentes nas entidades e órgãos do Poder Executivo
Federal.

Como visto no Decreto n° 1.171, cada órgão vinculado à administração pública deverá instituir uma
Comissão de Ética. O Decreto n° 6.029 não exclui tais comissões éticas do sistema, apenas propicia a
criação de um único sistema de gestão ao qual todas estão vinculadas.

Art. 3o A CEP será integrada por sete brasileiros que preencham os requisitos de idoneidade
moral, reputação ilibada e notória experiência em administração pública, designados pelo
Presidente da República, para mandatos de três anos, não coincidentes, permitida uma única
recondução.
§ 1o A atuação no âmbito da CEP não enseja qualquer remuneração para seus membros e os
trabalhos nela desenvolvidos são considerados prestação de relevante serviço público.
§ 2o O Presidente terá o voto de qualidade nas deliberações da Comissão.
§ 3o Os mandatos dos primeiros membros serão de um, dois e três anos, estabelecidos no decreto
de designação.

A Comissão de Ética Pública - CEP é o órgão de cúpula do Sistema de Gestão da Ética no Poder
Executivo Federal. Será composta por 7 brasileiros, que possuam idoneidade moral e reputação
ilibada (significa possuir uma clareza de caráter perante toda a sociedade que seja por ela
reconhecida), além de notória experiência em administração pública (deve ser evidente para a
sociedade que aquele membro possua uma vasta atuação no âmbito da administração pública). Serão
indicados para um único mandato (não podem exercer dois mandatos ao mesmo tempo) pelo
Presidente da República, sendo possível ser reconduzido e exercer 2 mandatos seguidos.
Obs.: O Decreto nº 6.029 data de 01 de fevereiro de 2007, além de ser um ato emanado pelo
Presidente da República. Por sua vez, a Resolução nº 04 da Comissão de Ética Pública parte da própria
Comissão e é datada de 07 de junho de 2001. Nota-se que não só o Decreto é hierarquicamente
superior, como a Resolução é mais antiga que o Decreto, o que significa que foi derrogada parcialmente
no que com ele for incompatível. É o caso do número de membros. Mesmo que a Resolução fale em 6,
predomina o que o Decreto diz, isto é, 7. O ideal seria alterar a Resolução para ficar compatível com o
Decreto, mas aparentemente o erro tem passado despercebido.

Art. 4o À CEP compete:


I - atuar como instância consultiva do Presidente da República e Ministros de Estado em matéria
de ética pública;
Atividade de consultoria para o executivo, esclarecendo dúvidas e proferindo sugestões.

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II - administrar a aplicação do Código de Conduta da Alta Administração Federal, devendo:
a) submeter ao Presidente da República medidas para seu aprimoramento;
b) dirimir dúvidas a respeito de interpretação de suas normas, deliberando sobre casos omissos;
c) apurar, mediante denúncia, ou de ofício, condutas em desacordo com as normas nele previstas,
quando praticadas pelas autoridades a ele submetidas;

O Código de Conduta da Administração Federal é elaborado com base nos trabalhos da CEP e por
ela direcionado através de sugestões de alterações, valendo como um Código de Ética específico para
o alto escalão do Poder Executivo Federal, ora composto por Ministros e Secretários de Estados,
Presidentes de Agências Reguladoras e titulares de cargos de natureza especial com elevado grau de
poder e liderança.

III - dirimir dúvidas de interpretação sobre as normas do Código de Ética Profissional do Servidor
Público Civil do Poder Executivo Federal de que trata o Decreto n° 1.171, de 1994;

Espécie de função consultiva, no sentido de esclarecimento de dúvidas de interpretação do Decreto


n° 1.171/94.

IV - coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de Gestão da Ética Pública do Poder Executivo


Federal;

Como dito, a CEP é o órgão de cúpula deste Sistema, devendo fiscalizá-lo, avaliá-lo e supervisioná-
lo.
V - aprovar o seu regimento interno; e
VI - escolher o seu Presidente.
Parágrafo único. A CEP contará com uma Secretaria-Executiva, vinculada à Casa Civil da
Presidência da República, à qual competirá prestar o apoio técnico e administrativo aos trabalhos da
Comissão.

Art. 5º Cada Comissão de Ética de que trata o Decreto n° 1171, de 1994, será integrada por três
membros titulares e três suplentes, escolhidos entre servidores e empregados do seu quadro
permanente, e designados pelo dirigente máximo da respectiva entidade ou órgão, para mandatos não
coincidentes de três anos.
Complementa o artigo 2° do Decreto n° 1.171/94, dizendo quem é responsável pela designação dos
três membros que comporão a Comissão de Ética (dirigente máximo do órgão) e delimitando o prazo de
duração do mandato (3 anos, possível 1 recondução).

Art. 6o É dever do titular de entidade ou órgão da Administração Pública Federal, direta e indireta:
I - assegurar as condições de trabalho para que as Comissões de Ética cumpram suas funções,
inclusive para que do exercício das atribuições de seus integrantes não lhes resulte qualquer prejuízo
ou dano;
II - conduzir em seu âmbito a avaliação da gestão da ética conforme processo coordenado pela
Comissão de Ética Pública.
Ao titular da entidade ou órgão da Administração pública não cabe impedir que a Comissão de Ética
exerça suas funções, pelo contrário, cabe assegurar o bom desempenho dela.

Art. 7o Compete às Comissões de Ética de que tratam os incisos II e III do art. 2o:
I - atuar como instância consultiva de dirigentes e servidores no âmbito de seu respectivo órgão ou
entidade;
II - aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal,
aprovado pelo Decreto n° 1.171, de 1994, devendo:
a) submeter à Comissão de Ética Pública propostas para seu aperfeiçoamento;
b) dirimir dúvidas a respeito da interpretação de suas normas e deliberar sobre casos omissos;
c) apurar, mediante denúncia ou de ofício, conduta em desacordo com as normas éticas pertinentes;
e
d) recomendar, acompanhar e avaliar, no âmbito do órgão ou entidade a que estiver vinculada, o
desenvolvimento de ações objetivando a disseminação, capacitação e treinamento sobre as normas de
ética e disciplina;

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III - representar a respectiva entidade ou órgão na Rede de Ética do Poder Executivo Federal a que
se refere o art. 9o; e
IV - supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta Administração Federal e
comunicar à CEP situações que possam configurar descumprimento de suas normas.

Em resumo, as atividades desempenhadas pelas Comissões de Ética envolvem: a) prestar


consultoria aos servidores e dirigentes do órgão a que esteja vinculado, b) aplicar o Decreto n° 1.171/94
submetendo propostas para aperfeiçoamento, dirimindo dúvidas de interpretação, apurando condutas
antiéticas e recomendando/avaliando o desenvolvimento de ações, c) representar a entidade na Rede
Ética do Poder Executivo Federal.

§ 1o Cada Comissão de Ética contará com uma Secretaria-Executiva, vinculada administrativamente


à instância máxima da entidade ou órgão, para cumprir plano de trabalho por ela aprovado e prover o
apoio técnico e material necessário ao cumprimento das suas atribuições.
§ 2o As Secretarias-Executivas das Comissões de Ética serão chefiadas por servidor ou empregado
do quadro permanente da entidade ou órgão, ocupante de cargo de direção compatível com sua
estrutura, alocado sem aumento de despesas.
Os parágrafos tratam do modo como se estruturará a Comissão de Ética, pois ela não tem como
funcionar sem o respectivo aparato material e pessoal.

Art. 8o Compete às instâncias superiores dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal,
abrangendo a administração direta e indireta:
I - observar e fazer observar as normas de ética e disciplina;
II - constituir Comissão de Ética;
III - garantir os recursos humanos, materiais e financeiros para que a Comissão cumpra com suas
atribuições; e
IV - atender com prioridade às solicitações da CEP.

Este artigo delimita a conduta esperada por parte das instituições públicas nas quais deva existir uma
Comissão de Ética. Caberá a esta instituição criar a Comissão de Ética e garantir o seu funcionamento,
bem como fazer com que seus funcionários obedeçam as diretivas éticas deles esperadas.

Art. 9o Fica constituída a Rede de Ética do Poder Executivo Federal, integrada pelos
representantes das Comissões de Ética de que tratam os incisos I, II e III do art. 2 o, com o objetivo de
promover a cooperação técnica e a avaliação em gestão da ética.
Parágrafo único. Os integrantes da Rede de Ética se reunirão sob a coordenação da Comissão de
Ética Pública, pelo menos uma vez por ano, em fórum específico, para avaliar o programa e as ações
para a promoção da ética na administração pública.

Um representante de cada Comissão de Ética comporá a Rede de Ética que se reunirão


coordenados pela CEP, ao menos uma vez por ano, avaliando os programas e ações para a promoção
da ética no serviço público.

Art. 10. Os trabalhos da CEP e das demais Comissões de Ética devem ser desenvolvidos com
celeridade e observância dos seguintes princípios:
I - proteção à honra e à imagem da pessoa investigada;
II - proteção à identidade do denunciante, que deverá ser mantida sob reserva, se este assim o
desejar; e
III - independência e imparcialidade dos seus membros na apuração dos fatos, com as garantias
asseguradas neste Decreto.

A CEP e as demais Comissões de Ética devem desempenhar seus trabalhos de forma rápida e
eficaz, garantindo que não seja revelada a identidade do denunciante e que seja preservada a honra e a
imagem da pessoa investigada. No mais, seus membros deverão der independentes e imparciais.

Art. 11. Qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídica de direito privado, associação ou
entidade de classe poderá provocar a atuação da CEP ou de Comissão de Ética, visando à apuração
de infração ética imputada a agente público, órgão ou setor específico de ente estatal.

20
Parágrafo único. Entende-se por agente público, para os fins deste Decreto, todo aquele que, por
força de lei, contrato ou qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária,
excepcional ou eventual, ainda que sem retribuição financeira, a órgão ou entidade da administração
pública federal, direta e indireta.

A sociedade tem o direito de denunciar condutas de violação ao Código de Ética perante a CEP ou a
respectiva Comissão de Ética. Será denunciado todo agente público que violar o Código de Ética, sendo
agente público aquele que por qualquer ato jurídico, independente da força do vínculo sob o aspecto
temporal e da existência de retribuição financeira, desempenhe funções em órgão ou entidade da
administração pública federal, direta ou indireta.

Art. 12. O processo de apuração de prática de ato em desrespeito ao preceituado no Código de


Conduta da Alta Administração Federal e no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
Poder Executivo Federal será instaurado, de ofício ou em razão de denúncia fundamentada,
respeitando-se, sempre, as garantias do contraditório e da ampla defesa, pela Comissão de Ética
Pública ou Comissões de Ética de que tratam o incisos II e III do art. 2º, conforme o caso, que notificará
o investigado para manifestar-se, por escrito, no prazo de dez dias.
§ 1o O investigado poderá produzir prova documental necessária à sua defesa.
§ 2o As Comissões de Ética poderão requisitar os documentos que entenderem necessários à
instrução probatória e, também, promover diligências e solicitar parecer de especialista.
§ 3o Na hipótese de serem juntados aos autos da investigação, após a manifestação referida
no caput deste artigo, novos elementos de prova, o investigado será notificado para nova manifestação,
no prazo de dez dias.
§ 4o Concluída a instrução processual, as Comissões de Ética proferirão decisão conclusiva e
fundamentada.
§ 5o Se a conclusão for pela existência de falta ética, além das providências previstas no Código de
Conduta da Alta Administração Federal e no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
Poder Executivo Federal, as Comissões de Ética tomarão as seguintes providências, no que couber:
I - encaminhamento de sugestão de exoneração de cargo ou função de confiança à autoridade
hierarquicamente superior ou devolução ao órgão de origem, conforme o caso;
II - encaminhamento, conforme o caso, para a Controladoria-Geral da União ou unidade específica
do Sistema de Correição do Poder Executivo Federal de que trata o Decreto n° 5.480, de 30 de junho
de 2005, para exame de eventuais transgressões disciplinares; e
III - recomendação de abertura de procedimento administrativo, se a gravidade da conduta assim o
exigir.
O artigo 12 delimita o procedimento que será seguido em caso de denúncia por violação ao Código
de Ética por um agente público.

Art. 13. Será mantido com a chancela de “reservado”, até que esteja concluído, qualquer
procedimento instaurado para apuração de prática em desrespeito às normas éticas.
§ 1o Concluída a investigação e após a deliberação da CEP ou da Comissão de Ética do órgão ou
entidade, os autos do procedimento deixarão de ser reservados.
Trata-se de observância ao dever de proteção à honra e à imagem da pessoa investigada.
§ 2o Na hipótese de os autos estarem instruídos com documento acobertado por sigilo legal, o
acesso a esse tipo de documento somente será permitido a quem detiver igual direito perante o órgão
ou entidade originariamente encarregado da sua guarda.
Determinados documentos serão sigilosos não pela regra deste decreto, mas por alguma legislação
específica de maior força. No caso, será preciso que aquele que pretenda o acesso tenha igual direito
de guarda do órgão inicialmente encarregado.
§ 3o Para resguardar o sigilo de documentos que assim devam ser mantidos, as Comissões de
Ética, depois de concluído o processo de investigação, providenciarão para que tais documentos sejam
desentranhados dos autos, lacrados e acautelados.
Visa manter o sigilo de documentos que devam continuar sigilosos após o término da investigação.

Art. 14. A qualquer pessoa que esteja sendo investigada é assegurado o direito de saber o que lhe
está sendo imputado, de conhecer o teor da acusação e de ter vista dos autos, no recinto das
Comissões de Ética, mesmo que ainda não tenha sido notificada da existência do procedimento
investigatório.

21
Parágrafo único. O direito assegurado neste artigo inclui o de obter cópia dos autos e de certidão do
seu teor.

Trata-se de especificação do modo de exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa, ou seja,


do direito do devido processo legal.

Art. 15. Todo ato de posse, investidura em função pública ou celebração de contrato de trabalho,
dos agentes públicos referidos no parágrafo único do art. 11, deverá ser acompanhado da prestação
de compromisso solene de acatamento e observância das regras estabelecidas pelo Código de
Conduta da Alta Administração Federal, pelo Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
Poder Executivo Federal e pelo Código de Ética do órgão ou entidade, conforme o caso.
Parágrafo único. A posse em cargo ou função pública que submeta a autoridade às normas do
Código de Conduta da Alta Administração Federal deve ser precedida de consulta da autoridade à
Comissão de Ética Pública, acerca de situação que possa suscitar conflito de interesses.

Sempre que um agente público assumir o compromisso de exercer determinada função pública
deverá prestar outro compromisso, qual seja o de respeitar o Código de Ética vigente para a instituição
a qual esteja vinculado.
A CEP deverá ser consultada a respeito de possíveis conflitos de interesses quando da posse em
cargo ou função pública perante a alta administração federal, sujeita a Código de Ética específico.

Art. 16. As Comissões de Ética não poderão escusar-se de proferir decisão sobre matéria de
sua competência alegando omissão do Código de Conduta da Alta Administração Federal, do Código
de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal ou do Código de Ética do
órgão ou entidade, que, se existente, será suprida pela analogia e invocação aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Artigo importante porque deixa claro que a omissão dos Códigos de Ética não significa que a prática
seja autorizada, cabendo decidir conforme analogia e princípios da administração pública (artigo 37,
caput).
§ 1o Havendo dúvida quanto à legalidade, a Comissão de Ética competente deverá ouvir
previamente a área jurídica do órgão ou entidade.
§ 2o Cumpre à CEP responder a consultas sobre aspectos éticos que lhe forem dirigidas pelas
demais Comissões de Ética e pelos órgãos e entidades que integram o Executivo Federal, bem como
pelos cidadãos e servidores que venham a ser indicados para ocupar cargo ou função abrangida pelo
Código de Conduta da Alta Administração Federal.
O §2° especifica uma função de consultoria da CEP perante as demais Comissões de Ética, os
órgãos do Executivo federal e os servidores que venham a ocupar cargo na alta administração.

Art. 17. As Comissões de Ética, sempre que constatarem a possível ocorrência de ilícitos penais,
civis, de improbidade administrativa ou de infração disciplinar, encaminharão cópia dos autos às
autoridades competentes para apuração de tais fatos, sem prejuízo das medidas de sua
competência.

A competência das Comissões de Ética é limitada, inclusive sob o aspecto da aplicação de sanções:
somente podem advertir o servidor. Caso a prática seja mais grave, cabe o encaminhamento de cópias
à autoridade competente para apuração.

Art. 18. As decisões das Comissões de Ética, na análise de qualquer fato ou ato submetido à sua
apreciação ou por ela levantado, serão resumidas em ementa e, com a omissão dos nomes dos
investigados, divulgadas no sítio do próprio órgão, bem como remetidas à Comissão de Ética Pública.

Art. 19. Os trabalhos nas Comissões de Ética de que tratam os incisos II e III do art. 2o são
considerados relevantes e têm prioridade sobre as atribuições próprias dos cargos dos seus
membros, quando estes não atuarem com exclusividade na Comissão.
Se os membros atuarem em outra função além da desempenhada na Comissão, sempre terá
prioridade a função da Comissão.

22
Art. 20. Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal darão tratamento prioritário às
solicitações de documentos necessários à instrução dos procedimentos de investigação
instaurados pelas Comissões de Ética.
§ 1o Na hipótese de haver inobservância do dever funcional previsto no caput, a Comissão de Ética
adotará as providências previstas no inciso III do § 5o do art. 12.
§ 2o As autoridades competentes não poderão alegar sigilo para deixar de prestar informação
solicitada pelas Comissões de Ética.

O artigo 20 especifica o dever de prestar informações às Comissões de Ética quando elas


solicitarem. É preciso priorizar o fornecimento de informações e não é possível se esquivar deste dever
sob o argumento do sigilo.

Art. 21. A infração de natureza ética cometida por membro de Comissão de Ética de que tratam os
incisos II e III do art. 2o será apurada pela Comissão de Ética Pública.

A CEP apurará infrações ao Código de Ética cometida pelos membros de Comissões de Ética. A
razão do dispositivo é evitar a impunidade destes que desempenham a função de fiscalizar o
cumprimento do Código de Ética no âmbito da instituição a que esteja vinculado.

Art. 22. A Comissão de Ética Pública manterá banco de dados de sanções aplicadas pelas
Comissões de Ética de que tratam os incisos II e III do art. 2o e de suas próprias sanções, para fins de
consulta pelos órgãos ou entidades da administração pública federal, em casos de nomeação para
cargo em comissão ou de alta relevância pública.
Parágrafo único. O banco de dados referido neste artigo engloba as sanções aplicadas a qualquer
dos agentes públicos mencionados no parágrafo único do art. 11 deste Decreto.

O banco de dados visa evitar que alguém que tenha cometido violação ao Código de Ética seja
nomeado para cargo em comissão ou de alta relevância pública.

Art. 23. Os representantes das Comissões de Ética de que tratam os incisos II e III do art. 2 o atuarão
como elementos de ligação com a CEP, que disporá em Resolução própria sobre as atividades que
deverão desenvolver para o cumprimento desse mister.

Art. 24. As normas do Código de Conduta da Alta Administração Federal, do Código de Ética
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal e do Código de Ética do órgão ou
entidade aplicam-se, no que couber, às autoridades e agentes públicos neles referidos, mesmo
quando em gozo de licença.

Art. 25. Ficam revogados os incisos XVII, XIX, XX, XXI, XXIII e XXV do Código de Ética Profissional
do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto no 1.171, de 22 de junho
de 1994, os arts. 2o e 3o do Decreto de 26 de maio de 1999, que cria a Comissão de Ética Pública, e
os Decretos de 30 de agosto de 2000 e de 18 de maio de 2001, que dispõem sobre a Comissão de
Ética Pública.

Como o Decreto n° 6.029/07 especifica o tratamento das violações aos Códigos de Ética, alguns
dispositivos do Decreto n° 1.171/94 se tornaram desnecessários, sendo assim revogados.

23
Questões

Prof.ª Bruna Pinotti Garcia

1. (UERN - Agente Técnico Administrativo - CESPE/2010) Carlos, servidor público, excede-se na


bebida aos fins de semana, quando costuma frequentar bares e casas noturnas de sua localidade.
Nessas ocasiões, Carlos costuma falar palavras de baixo calão, fazer gestos obscenos e dirigir
impropérios contra a vida conjugal de seus colegas de trabalho. Diante da situação hipotética acima e
considerando a regulamentação ética do serviço público, assinale a opção correta.
A) Os excessos cometidos por Carlos referem-se aos períodos de folga e fora de seu local de
trabalho, portanto não afetam o serviço público.
B) Embora não haja nenhuma disposição no Código de Ética do Servidor Público quanto aos
excessos cometidos por Carlos, ele praticou o crime de difamação contra seus colegas, podendo, em
razão, disso, ser por estes processado.
C) O problema de Carlos é a propensão ao alcoolismo. Isso não é crime nem imoralidade, pois se
trata de um distúrbio que deve ser devidamente tratado no Sistema Único de Saúde.
D) Ao prejudicar deliberadamente a reputação de seus colegas e apresentar-se embriagado com
habitualidade, Carlos viola as disposições do Código de Ética do Servidor Público.
E) Carlos poderá ser exonerado do serviço público pelas práticas dos crimes de atentado violento ao
pudor e calúnia.

2. (DPE-SP - Agente de Defensoria - FCC/2010) O servidor público quando instado pela legislação
a atuar de forma ética, não tem que decidir somente entre o que é legal e ilegal, mas, acima de tudo
entre o que é
A) oportuno e inoportuno.
B) conveniente e inconveniente.
C) honesto e desonesto.
D) público e privado.
E) bom e ruim.

3. (INSS - Perito Médico Previdenciário - FCC/2012) Considere duas hipóteses:


I. Fernanda, servidora pública civil do Poder Executivo Federal, tem sido vista embriagada,
habitualmente, em diversos locais públicos, como eventos, festas e reuniões.
II. Maria, também servidora pública civil do Poder Executivo Federal, alterou o teor de documentos
que deveria encaminhar para providências.
Nos termos do Decreto n° 1.171/1994,
A) ambas as servidoras públicas não se sujeitam às disposições previstas no Decreto n° 1.171/1994.
B) apenas o fato descrito no item II constitui vedação ao servidor público; o fato narrado no item I não
implica vedação, vez que a lei veda embriaguez apenas no local do serviço.
C) apenas o fato descrito no item I constitui vedação ao servidor público, desde que ele seja efetivo.
D) ambos os fatos não constituem vedações ao servidor público, embora possam ter implicações em
outras searas do Direito.
E) ambos os fatos constituem vedações ao servidor público.

4. (INSS - Perito Médico Previdenciário - FCC/2012) Nos termos do Decreto n° 1.171/1994, a pena
aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a de censura e sua fundamentação

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A) não é necessária para a aplicação da pena; no entanto, exige-se ciência do faltoso.
B) constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso.
C) constará do respectivo parecer, assinado apenas pelo presidente da comissão, com ciência do
faltoso.
D) não é necessária para a aplicação da pena, sendo dispensável também a ciência do faltoso.
E) constará do respectivo parecer, assinado apenas pelo presidente da comissão, sendo dispensável
a ciência do faltoso.

5. (ANP - Técnico Administrativo - CESGRANRIO/2008) Qual das afirmações a seguir está em


DESACORDO, com o Código de Ética, Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, incluídas suas
alterações posteriores, e com a Constituição Federal de 1988?
A) O trabalho de uma comissão de ética pública deve ser pautado pelos princípios constitucionais da
administração pública, pelos princípios legais atinentes aos processos administrativos e pelos princípios
específicos de sua norma regulamentar constituitiva, dentre outros.
B) O Código de Ética dispõe que deve haver tratamento cortês e com boa vontade aos
administrados.
C) O Código de Ética é aplicável não somente aos servidores públicos, mas também àqueles que
sejam, de alguma forma, ligados ao órgão federal, mesmo que excepcionalmente.
D) Uma comissão de ética pública, após a devida instrução preliminar, pode decidir pela pena de
suspensão de um servidor, por falta de urbanidade.
E) Um cidadão pode dirigir uma petição, com reclamação sobre falta de urbanidade no tratamento
recebido em órgão federal

6. (CGU - Analista de Finanças e Controle - Área Correição - ESAF/2006) Para os fins do Código
de Conduta do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, entende-se por servidor público:
I. os servidores públicos titulares de cargo efetivo.
II. os titulares de cargo em comissão.
III. os empregados de sociedades de economia mista.
IV. os que, temporariamente, prestam serviços à Administração Pública Federal, desde que mediante
retribuição financeira.
Estão corretos os itens:
A) I, II, III e IV
B) II, III e IV
C) I, III e IV
D) I, II e IV
E) I, II e III

7. (CGU - Analista de Finanças e Controle - Área Correição - ESAF/2006) De acordo com o


Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo
Decreto nº 1.171, de 22.6.1994, é vedado ao servidor público:
I. receber gratificação financeira para o cumprimento de sua missão.
II. ser sócio de empresa que explore jogos de azar não-autorizados.
III. informar, a um seu amigo de muitos anos, do conhecimento que teve, em razão das funções, de
uma minuta de medida provisória que, quando publicada, afetará substancialmente as aplicações
financeiras desse amigo.
IV. permitir que simpatias ou antipatias interfiram no trato com o público.
V. ser, em função do seu espírito de solidariedade, conivente com seu colega de trabalho que
cometeu infração de natureza ética.
Estão corretas:
A) apenas as afirmativas I, II, IV e V
B) as afirmativas I, II, III, IV e V.
C) apenas as afirmativas I, II, III, e V.
D) apenas as afirmativas I, II e V.
E) apenas as afirmativas I e II.

8. (ADASA - Advogado - FUNIVERSA/2009) O Decreto nº 1.171/1994, que cria o Código de Ética


do Servidor Público Civil, prevê a constituição de uma comissão de ética a fim de implementar as novas
disposições a serem observadas. Acerca dessa comissão, assinale a alternativa correta.

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A) Será integrada apenas por servidores públicos.
B) Será integrada por servidores de carreira.
C) Será integrada por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo.
D) Será integrada por três empregados com mais cinco anos no cargo.
E) Será integrada por três servidores com mais de cinco anos no cargo.

9. (DPU - Agente Administrativo - CESPE/2010) Assinale a opção correta acerca da comissão de


ética prevista no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.
A) As ações de ética não devem guardar correlação com outros procedimentos administrativos da
organização, como, por exemplo, a promoção de servidores.
B) Para fins de apuração de comprometimento ético entende-se como servidor apenas o concursado,
mesmo que ainda não estável.
C) A comissão de ética deve ser formada, preferencialmente, pelos dirigentes da organização.
D) À comissão de ética é vedado fornecer informações acerca dos registros da conduta ética dos
servidores.
E) Qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder público deverá criar
uma comissão de ética.

10. (INSS - Perito Médico Previdenciário - FCC/2012) Manoel, servidor público civil do Poder
Executivo Federal, está sendo investigado para apuração de eventual infração ética. Nos termos do
Decreto no 6.029/2007, Manoel tem o direito de saber o que lhe está sendo imputado, de conhecer o
teor da acusação e de ter vista dos autos,
A) no recinto da Comissão de Ética, mesmo que ainda não tenha sido notificado da existência do
procedimento investigatório.
B) no recinto da Comissão de Ética, porém, apenas se tiver sido devidamente notificado da
existência do procedimento investigatório.
C) dentro ou fora da Comissão de Ética, mesmo que ainda não tenha sido notificado da existência do
procedimento investigatório.
D) dentro ou fora da Comissão de Ética, porém, apenas se tiver sido devidamente notificado da
existência do procedimento investigatório.
E) no recinto da Comissão de Ética, não estando, no entanto, incluído em tal direito o de obter cópia
dos autos.

11. (INSS - Perito Médico Previdenciário - FCC/2012) No que concerne à Comissão de Ética
Pública – CEP, consoante as disposições previstas no Decreto nº 6.029/2007, pode-se afirmar que
A) contará com uma Secretaria-Executiva, vinculada ao Ministério da Justiça, à qual competirá
prestar o apoio técnico e administrativo aos trabalhos da Comissão.
B) seus integrantes serão designados para mandatos de três anos, não coincidentes, sendo vedada
recondução.
C) a atuação no âmbito da CEP enseja remuneração a seus membros e os trabalhos nela
desenvolvidos são considerados prestação de relevante serviço público.
D) compete-lhe, dentre outras atribuições, dirimir dúvidas a respeito de interpretação das normas do
Código de Conduta da Alta Administração Federal, deliberando sobre casos omissos.
E) deve observar, dentre outros princípios, a proteção à identidade do denunciante, que deverá
sempre ser mantida sob reserva.

12. (INSS - Perito Médico Previdenciário - FCC/2012) Nos termos do Decreto no 6.029/2007, o
procedimento para a apuração de infração ética deve ser mantido com a chancela de “reservado”.
Sobre o prazo em que deve ser mantida tal chancela, pode-se afirmar que
A) após a apresentação da defesa pelo investigado, é possível a supressão da chancela de
“reservado”.
B) é possível que, a qualquer momento, ainda que antes da conclusão do procedimento, seja retirada
tal chancela.
C) a condição de reservado deve ser mantida até a conclusão do procedimento e deliberação da
respectiva comissão de ética do órgão ou entidade ou da cep.
D) tal condição deve ser mantida até a conclusão do procedimento, independentemente de qualquer
deliberação da respectiva comissão de ética do órgão ou entidade ou da cep.
E) após concluída a fase probatória, é possível a supressão da chancela de “reservado”.

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13. (FINEP - Técnico - Suporte Técnico - CESGRANRIO/2011) O Sistema de Gestão da Ética do
Poder Executivo Federal, instituído pelo Decreto n° 6.029, de 2007,
A) tem por finalidade promover atividades que dispõem sobre a conduta ética no âmbito do Poder
Executivo Federal, Estadual e Municipal.
B) visa a contribuir para a implementação de políticas públicas na área da ética e da moralidade, no
âmbito dos três poderes.
C) é constituído pela Comissão de Ética Pública (CEP) e pelas Comissões de Ética e equivalentes
dos respectivos órgãos do Poder Executivo Federal.
D) busca implementar a integração de normas e procedimentos técnicos de gestão relativos à ética
pública, devendo reunir-se duas vezes por ano para apreciar processos controversos.
E) encontra-se vinculado à Comissão de Ética do Poder Legislativo, que detém a competência para
fiscalizar a moralidade administrativa dos atos do Poder Executivo Federal.

14. (MTur - Agente Administrativo - FUNIVERSA/2010) Em relação ao Código de Ética Profissional


do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, de que tratam o Decreto n.º 1.171/1994 e o
Decreto n.º 6.029/2007, assinale a alternativa correta.
A) Se um servidor houver de avaliar a prática de ato inerente à sua função e verificar que se trata de
ato legal e oportuno, saberá que, automaticamente, terá sido atendido o elemento ético do ato.
B) Apesar de relevante, o componente da moralidade do ato administrativo está fora do universo da
legalidade; é aspecto extralegal do ato.
C) Para que um ato atenda aos princípios éticos, não basta levar em conta o aspecto da
economicidade.
D) Em virtude da proteção constitucional à privacidade, os atos da vida particular do servidor público
não devem ser considerados para nenhum efeito funcional.
E) A fim de preservar as pessoas envolvidas e os legítimos interesses do poder público, os atos
administrativos, em princípio, não devem ser divulgados.

Respostas

1. Resposta: “D”.
Nos termos do inciso VI do Decreto n° 1.171/94, "a função pública deve ser tida como exercício
profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos
verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom
conceito na vida funcional". Embriagar-se, comportar-se de maneira inadequada, independentemente
do horário, é algo que compromete a instituição, sendo assim uma atitude antiética. Tanto é que as
atitudes de Carlos se encontram entre as proibições estabelecidas pelo Código de Ética no inciso XV: "f)
permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal
interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas
hierarquicamente superiores ou inferiores; [...] n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
habitualmente; o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou
a dignidade da pessoa humana".

2. Resposta: “C”.
É o que destaca o inciso II do Decreto n° 1.171/94: "O servidor público não poderá jamais desprezar
o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e
o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o
honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição
Federal".

3. Resposta: “E”.
Nos termos do inciso I do Decreto, "a dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos
princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do
cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus
atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos
serviços públicos". Ambas condutas violam estes princípios, uma dentro do espaço de trabalho e outra
fora dele, de forma que ambas se sujeitam ao Decreto n° 1.171/92.

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4. Resposta: “B”.
Neste sentido, o inciso XXII: "a pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a de
censura e sua fundamentação constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes,
com ciência do faltoso".

5. Resposta: “D”.
A única pena que pode ser aplicada pela Comissão de Ética é a de censura (inciso XXII).

6. Resposta: “E”.
Neste sentido: "XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidor
público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de
natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que
ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações
públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em
qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado". O erro quanto ao IV é que a retribuição financeira
é dispensável.

7. Resposta: “B”.
São todas vedações previstas no inciso XV, respectivamente, nas alíneas g, o, m, f e c: "g) pleitear,
solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão,
doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento
da sua missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim; o) dar o seu concurso a qualquer
instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; m) fazer uso
de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de
parentes, de amigos ou de terceiros; f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos,
paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados
administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores; c) ser, em função de seu
espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética
de sua profissão".

8. Resposta: “C”.
Destaca-se o artigo 2º do Decreto: "Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e
indireta implementarão, em sessenta dias, as providências necessárias à plena vigência do Código de
Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três servidores
ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente".

9. Resposta: “E”.
Trata-se da previsão do artigo 2º, caput, do Decreto nº 1.171/94: "Os órgãos e entidades da
Administração Pública Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as providências
necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva
Comissão de Ética, integrada por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego
permanente". Assim, em todos os órgãos e entidades vinculadas ao poder público, mesmo que façam
parte da administração indireta, deve ser instituída uma Comissão de Ética.

10. Resposta: “A”.


Nos termos do art. 14, "a qualquer pessoa que esteja sendo investigada é assegurado o direito de
saber o que lhe está sendo imputado, de conhecer o teor da acusação e de ter vista dos autos, no
recinto das Comissões de Ética, mesmo que ainda não tenha sido notificada da existência do
procedimento investigatório. Parágrafo único. O direito assegurado neste artigo inclui o de obter cópia
dos autos e de certidão do seu teor".

11. Resposta: “D”.


Estabelece o artigo 4º: "À CEP compete: [...] II - administrar a aplicação do Código de Conduta da
Alta Administração Federal, devendo: [...] b) dirimir dúvidas a respeito de interpretação de suas normas,
deliberando sobre casos omissos [...]".

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12. Resposta: “C”.
Prevê o artigo 13: "Será mantido com a chancela de 'reservado', até que esteja concluído, qualquer
procedimento instaurado para apuração de prática em desrespeito às normas éticas".

13. Resposta: “C”.


Estabelece o artigo 2º: "Integram o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal: I - a
Comissão de Ética Pública - CEP, instituída pelo Decreto de 26 de maio de 1999; II - as Comissões de
Ética de que trata o Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994; e III - as demais Comissões de Ética e
equivalentes nas entidades e órgãos do Poder Executivo Federal".

14. Resposta: “C”.


A economicidade é apenas um dos aspectos do ato administrativo, ora associada ao princípio da
eficiência. Por tal princípio, a eficiência do serviço deve estar associada não só à economicidade, mas
também à produtividade.

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