Sei sulla pagina 1di 5

08/04/2018 Imagens D`África: “O homem macaco”.

Criar conta | Entrar | Filtro familiar:seguro

VITRINE

EM CABEDELO,
NUMA CASQUINHA
Textos > Artigos > Cultura DE NOZ
Fernando A Freire
R$25,00
Texto
Cadeirão de Papel
AlexandreCosta
EUR10,00
Imagens D`África: “O homem macaco”.
Contrapasso Poético
Quando se pensa na África nos vem logo a imagem dos filmes de Tarzan Beto da Montanha
R$25,00
passados na televisão, um bando de nativos seminus correndo e berrando
sem sentido. Ameaçando com suas lanças e selvageria, O nosso herói: “o CAMILO CASTELO
BRANCO EM SANTO
homem macaco.”
TIRSO
Graças à sua coragem, capacidade de luta e inteligência, derruba com um ANTONIO JORGE
EUR15,00
só soco dez “selvagens” e pacifica a tribo com a ajuda de um eventual e
providencial chefe tribal mais “civilizado”. Sabemos de seu grau de TECENDO SONHOS
Ruth Gentil Sivieri
“civilização”, pois veste mais roupas do que seus liderados. EUR7,50

Não podemos negar as atuais modificações havidas nos atuais filmes de


Sou do Bem
Tarzan e outros menos cotados. É claro que a Chita não mudou ainda; Jurandir Araguaia
R$14,90
ainda é uma macaca! Mas o chefe da tribo “até” pensa, o que não impede a
tribo de se tornar presa fácil para caçadores europeus, coronéis da A BELEZA DA VIDA E
Segunda Guerra, pouco escrupulosos, contando o lucro que irão obter da A FRÁGIL ARTE DA
EXISTÊNCIA
“grande pedra”, símbolo da tribo, e que se apossam e dominam cem a Junior Pontes
R$25,00
duzentos guerreiros.
Tarzan ao mesmo tempo conta, aos pobres coitados o valor da pedra (que Os contos proibidos
do Sr. Arcano -
não é pedra, mas sim um enorme diamante), derrota granadas, Volume 1
metralhadoras, e até bazucas, com a sua grande faca. Também pudera, Sr Arcano
R$34,00
não podemos esquecer sua descendência inglesa e nobre. Um verdadeiro
QUEM DISSE QUE SÓ
Lorde. FAZEMOS AMOR?
Eu garoto escondido no banheiro, tirava de debaixo da camisa o meu Manual de
JÔ MENDONÇA
grande crime da época (finais dos anos 50): o gibi. E como muitos vão se R$22,00

lembrar perdia-me a imaginando a existência das civilizações visitadas pelo Café Com Verso
“homem macaco”. Histórias fantásticas, descritas nos quadrinhos, REGINA PESSOA,
Penélope Lsteak
descendentes de romanos ou mesmo gregos, pigmeus montados em R$25,00

gazelas, lindas deusas de pouca roupa. Loiras até o último fio de cabelo. Como anunciar nesta vitrine?

Cercadas por horríveis selvagens sanguinários...


O contraste sempre me absorveu culturas em choque, sobrepondo-se a
mais forte á mais fraca. Não forte em valor, mas em força bruta, fazendo
questão de se impor sua maneira de ver. E comecei a ler, a descobrir
coisas...
Das histórias bíblicas, do rei Salomão, e a visita da rainha de Sabá, vinda
de um reino distante, cheio de minas de pedras preciosas. Situadas na
África (apesar da opinião da Comissão Julgadora e do samba enredo do
Salgueiro)

https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-cultura/2411735 1/5
08/04/2018 Imagens D`África: “O homem macaco”.

Do espanto de Camões, nos Lusíadas, ao verem os navegantes


portugueses a s cidades africanas, onde não se esperava encontrar
cidades, e compará-las com as suas cidades “com muitas e belas casas de
pedras e argamassa, muitas janelas ao nosso estilo, as ruas muito bem
arranjadas”.
Foi um passo para eu descobrir os poderosos reinos de Benim, junto ao rio
Níger; Mali nas savanas da África Ocidental; o Estado Yoruba de Ile-Ife a
sudoeste da atual Nigéria; Caném, Gao e Gana, este o primeiro dos
impérios, situados nas savanas, próximo a orla do Saara.
Na África Oriental, Zimbabwe a sudoeste da Rodésia do Sul, as cidades
costeiras de Quiloa, Mombaça e Melinde, surgidas séculos antes das
navegações européias de “descobrimentos”, com um comércio intenso com
a China, Índia, e Arábia. Portos movimentados, navegadores,
experimentados, onde europeus nunca haviam estado, afora uma
controvertida viagem dos fenícios. Até 1497 eram os barcos das cidades
africanas que cruzavam o Oceano Índico. Não mais lendas nem histórias,
mas fatos.
Os palácios de Kush, casa e subterrâneos, cidades fortificadas com muros
de sete metros de altura. Comércio sofisticado a ponto do de o Imperador
chinês receber uma girafa de presente, como atestam pinturas chinesas.
A narrativa de escritores árabes, a respeito do reino de Gana e de seu rei
Tenkamenin, do século XI, sentado “num pavilhão em torno do qual se
encontravam seus cavalos ajaezados a ouro”, recebendo tributos de
numerosos povos, “senhor de um grande império”, e de seu comércio com
a África do norte, não corresponde à imagem que os livros escolares nos
dão ao falar da contribuição do negro à formação do Brasil, “os negros
importados achavam-se, em geral mais civilizados do que os nossos
íncolas...” É a visão de um historiador caracterizando o negro como mão-
de-obra agrícola, muito conhecido entre os livros escolares, que continua
“... refletiram-se na formação de nossa gente, que herdou dela uma certa
negligência crioula, uma resignação heróica para suportar a miséria, uma
concepção um pouco fatalista e quiçá leviana, sem grandes preocupações
do futuro...”.
É ainda a visão deturpada do europeu, levando ao negro dócil e inculto, a
“dádiva da civilização ocidental”. Pouco ou nada se fala sobre as escolas
muçulmanas de Direito e de cultura, e a paz que havia entre os povos
citados, enquanto a Europa mergulhava em guerras, seu comércio
estagnava-se e a cultura enclausurava-se nos conventos medievais, a
ponto de o Imperador Carlos Magno, que dominou quase toda a Europa,
ser considerado “pouco instruído” e não saber ler nem escrever.
Poderíamos citar inúmeros exemplos a falta de conhecimento em que
estava a Europa. Por exemplo: um imperador chinês se recusou receber
uma comitiva de enviados europeus por considerá-los bárbaros. As
diferenças de tipo de cultura nunca foram denominador certo para se
atestar o grau de capacidade de um povo ou sua potencialidade. Não
queremos ressaltar o desenvolvimento dos Estados africanos no período
colônia e subjacentes, para diminuir a capacidade dos Estados europeus,
mas colocar a importância do negro (entenda-se africanos), dentro de uma
linha estruturada e paralela à história ocidental: nosso livros falam de uma
historia voltada para a França, Inglaterra, Portugal, Espanha, enfim para o

https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-cultura/2411735 2/5
08/04/2018 Imagens D`África: “O homem macaco”.

mundo ocidental. Que tal falar da contribuição das civilizações africanas


negras nos livros de história de caráter didático escolar, formadores da
personalidade de um povo?
Por que a historia da África? Não pela África, que vai bem obrigado. Mas
pelos nossos problemas de cada dia, e por nós entenda-se o Brasil. Um
Brasil amarelo, branco, negro e acima de tudo mestiço, carregando
individualmente, conforma a cor e a sensibilidade, a pecha de descender de
uma raça inferior.
Inferior por quê?
A importância do negro africano, não se mede pelo trabalho braçal, na
formação brasileira, mas pela sua técnica, introduzida na lavoura, pela
extração dos metais e na fundição. Como um colono português, em
correspondência ao rei de Portugal comentava, a falta de pessoas capazes
de extrair o ouro e o ferro, existentes nas minas do Brasil. O africano vem
dar a sua contribuição, complementando, e sanando as deficiências do
colonizador europeu. Isso não só na colônia, mas no próprio Portugal, na
época com uma população pequena, insuficiente pra produzir seu alimento
e manter o Império de Ultramar. Não poderemos citar a contribuição real
das culturas africanas ao Brasil, nem mesmo a amplitude de seu
desenvolvimento na África, São assuntos extensos e muitos sérios...
Que a imagem da África não esteja limitada a “África do seu Tarzan” nem a
dos repetidos filmes pseudos culturais, dos aventureiros buscando a origem
do Nilo. Melhor seria, em vez de repetir-se exaustivamente “filmes-de-
quem-vai-achar-o-Nilo-primeiro” (com uma visão da África deturpada e
irreal, tipicamente colonialista) passar uma chanchada da Atlântida; pelo
menos estaríamos buscando nossas origens. Macunaímas que somos.
Em tempo, o nosso famigerado loiro, herói “homem-macaco”, tem agora ao
seu lado um “Boy” com cara de mexicano, um garoto típico, estranhando-
se quando ele não canta “La Cucaracha”. Deixa-nos pensando: porque a
Jane não aparece? Será uma co-produção mexicana meio a meio? Ou...

*Aviso: São os originais de texto de 1975.


Foi publicado em uma revista alternativa na época. (Um dia ainda a
encontro).
Há atualidade nele? Deixo para os leitores decidirem.

Ontem 31 de junho de 2010, passava nas emissoras abertas nas sessões


da tarde, um filme do “King Kong”, e um filme chamado “Mistério da
Libélula” aonde os “brancos bonzinhos” vão a terra Yanomani Venezuela (
ou ainda Brasil?) ajudar os pobres nativos desamparados. Foi com missões
cientificas e assistenciais que a Austrália foi incorporada ao Império
Britânico.
Há atualidade no texto?

Hugo Ferreira

Enviado por Hugo Ferreira em 01/08/2010


Código do texto: T2411735

https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-cultura/2411735 3/5
08/04/2018 Imagens D`África: “O homem macaco”.

Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.


Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra
sem a devida permissão do autor.

Compartilhar Tweetar

Comentários

02/12/2010 07:41 -

Quando se exercita o pensamento no momento da escrita, as garatujas se


eternizam em importância. O pensamento é atemporal. Basta que se pense, que
tudo se eterniza. Um texto bem pensado, 35 anos atrás, que continuará interessante
daqui mais 35 anos. Um texto que faz uma avaliação cultural (que como não se inventou
nada de novo desde então em nossa mídia-pop) que compara ao final com reprises dos
tempos de agora, e que conta de forma resumida um trecho de nossa história, de um
ponto de vista quase jornalístico, dificil de encontrar arestas para oposição. Poderia ser
encaixado, com algumas amenidades inseridas, naquelas pautas que algumas televisões
tem arquivadas e que repetem de tempos em tempos, que ninguém notaria a idade da
idéia. Um texto para ser estudado enquanto fenomeno literário efetivamente. Até nem
tanto pelo texto em si, bom, tranquilo, mas por essa atualidade que se estende.

04/09/2010 22:24 - Glória Cris

A África me encanta e desperta o desejo de conhecer, fiz uma pesquisa sobre o


tema, para a graduação, em breve escreverei algo, obrigada pelas belas
palavras, e parabéns por seu texto tão bem fundamentado.Bjs G.C

24/08/2010 16:00 - Jorge Luiz da Silva Alves

Desde o derradeiro instante em que os europeus decidiram ressucitar a


escravidão (sendo Portugal o pioneiro neste nefando escambo, após a conquista
de Ceuta em 1415 e as primeiras abordagens no litoral africano até Serra Leoa e o Cabo
Não), criou-se a mentalidade da suposta "inferioridade" negra, ou camítica, como os
eugenistas pitecantrópicos insistiam em denominar os filhos d'África. Com asrmamento
superior no poder de fogo e com naus pesadas e bem nutridas de canhoneio, achavam
os caucasianos serem o modelo da Criação; e arbitrariamente decidiam a sorte de
africanos e asiáticos a seu bel prazer. Mas sem dúvida, a África negra é pátria de
culturas antiquíssimas e respeitadas; no Timbuctu, o saber de toda terra era ensinado
aos locais do Império Mali e a opulência e sabedoria do Mansa Musa era famosa em todo
universo sarraceno; a briosa cavalaria yorubá travava batalhas épicas e com muito mais
destreza contra os impérios Songhai e Benin, enquanto os europeus medievos ainda
patinavam atabalhoados sob o peso criminoso duma tonelada de metal e couro. A cultura
sudanesa e o esplendor etíope ofuscavam muitos estrangeiros no alvorecer da Idade
Moderna... A África Negra foi vítima, talvez, de sua avançada existência, mãe que é de
toda a raça humana; e a Europa, rapace, fê-la de campo de testes e abusos, mão-de-
obra humilhantemente adquirida para suas serventias mais rasteiras e gananciosas
possíveis. Realmente, Hugo: este continente está acima de todas as películas miméticas
que se pode imaginar - mas ao que parece (e a exemplo do próprio planeta), nem a
Europa, nem a América, ainda sabem um milésimo de sua real grandeza e importância
para o destino da Humanidade. E não fazem a menor questão em descobri-lo. Abraço do
Jorge.

19/08/2010 20:30 -

os momentos atualizam a História. Aos historiadores cumpre que nos relate,


como o colega fez neste trecho. Boa noite, Hugo.

02/08/2010 15:15 -

E como existe atualidade sim, Hugo. Ler esse texto, mesmo tendo sido escrito
em 1975, é como se visualisassemos toda a situação de agora. parabéns pelo

https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-cultura/2411735 4/5
08/04/2018 Imagens D`África: “O homem macaco”.

artigo. Muito bom.

Comentar

Sobre o autor

Hugo Ferreira
São Paulo - São Paulo - Brasil, 71 anos

51 textos (13046 leituras)


(estatísticas atualizadas diariamente - última atualização em 08/04/18 21:00)

Perfil
Textos
Contato

Política Editorial Ajuda


Editora
Política de Privacidade Fale conosco
Publique seu livro
Condições de Uso Anuncie

https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-cultura/2411735 5/5

Potrebbero piacerti anche