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TERESINA - PI, MARÇO DE 2010 n Nº 23 n ANO VI

A cura
do câncer
Cientistas brasileiros des-
cobrem que o Aveloz, planta
bastante encontrada no
Piauí, pode matar células tu-
morais e estabelecer a vida
de pacientes terminais

Página 4, 5, 6, 7, 8 e 9

TRANSPLANTIO
CHINÊS
Trazida da China, a técnica
que consiste no plantio de
mudas adultas, está sendo
realizada nas principais ave-
nidas de Teresina

Página 11, 12 e 13
2 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 3

EDITORIAL ARTIGO
Do mito à pesquisa científica Valorizando o que não tem valor: aspectos
O sociais e conservacionistas
estudo científico sobre as propriedades de plantas Os estudos científicos visando à descoberta de um me- tendo em vista que será suprimido o tempo de crescimento e
com fins curativos é uma busca e um desafio para dicamento seguro e eficiente para o tratamento de muitas manutenção da planta, com um ganho médio de seis anos.
os cientistas da área, visto que várias doenças ainda doenças, principalmente contra o câncer ainda estão pro- A ciência tem dado passos cada vez mais largos quando
são uma interrogação no mundo moderno. O interesse pelas tegidos sigilosamente e nem mesmo publicações relativas o assunto é o aproveitamento da riqueza vegetal para benefí-

A
degradação dos recursos ambien- neira incompatível com sua regeneração e começa a ser difícil a aplicação de penalidades a um determinado
aos resultados dessas pesquisas foram apresentadas. A cio do homem. Estima-se que 2/3 da diversidade biológica
drogas de origem vegetal tem sido crescente, tanto que em tais imprime forte influência para a percebido e noticiado em grande escala pela imprensa dano ambiental. Um clássico exemplo do sucesso da uti-
planta aveloz tem o princípio ativo do primeiro medica- mundial estejam nas zonas tropicais, sendo representada no
mais uma edição estamos abordando estudos que visam à des- vida e há poucos anos essa questão mundial. O desenvolvimento mundial enfrenta limites fí- lização desse método em propor um valor a um ativo
mento nacional para o tratamento de câncer, como estamos Brasil por aproximadamente 55 mil espécies de plantas su-
coberta de medicamentos à base de plantas medicinais. começou a ser percebida como um pro- sicos. E a capacidade de suporte do planeta em absorver a ambiental foi realizado em 1989, quando um grande pe-
destacando nesta edição, que é o AM10. As pesquisas são periores. Dentre estas, os recursos genéticos constituídos
Na primeira edição do Sapiência, em 2004, foi destacada blema humano a ser enfrentado com certa poluição e o lixo produzido, bem como de fornecer recur- troleiro da multinacional Exxon Corporation encalhou
recentes, iniciadas há apenas seis anos e os avanços já pas- pelas espécies de interesse socioeconômico atual e com po-
uma reportagem sobre as propriedades fitoterápicas do cane- urgência. Para a maioria dos pensadores sos naturais, é findável e deve ser levada em consideração. no sudeste do Alasca, Estados Unidos, e derramou mi-
sam da fase 2, ou seja, em pouco tempo a comunidade in- tencial fitoterápico representam um grande patrimônio na-
leiro, árvore comum no Piauí, cujo estudo envolveu uma econômicos, a natureza era vista como Questões como o aquecimento global, efeito estufa, des- lhões de litros de óleo cru em suas águas. Milhares de
ternacional divulgará se o mundo contará ou não com o cional. A ciência moderna desmitifica os conhecimentos
equipe do Núcleo de Pesquisa em Plantas Medicinais - NPPM fonte de bens ambientais e receptora dos matamento florestal e extinção de espécies silvestres ga- aves, peixes e animais marinhos morreram, trazendo sé-
da UFPI. Na edição de nº 10, o tema foi mais aprofundado e primeiro medicamento oncológico disponível no mercado.
populares, enraizados no cotidiano da sociedade, por meio restos provenientes do uso de seus produ- nham notoriedade e direcionam ao comprometimento rios danos ambientais e prejuízos a pescadores locais,
apresentou os avanços das pesquisas comprovando as poten- Também nesta edição, destaca-se a reportagem sobre a
da medicina popular e, somado aos conhecimentos tecnoló- tos. Ademais, os países desenvolvidos social com o desenvolvimento sustentável. Esse termo, ori- além do desconforto causado à população mundial com
cialidades terapêuticas do caneleiro. técnica do transplantio chinês, em que Teresina foi pioneira Julio M. Monteiro* somam aproximadamente 25% (ou pouco
gicos que dispõe, passa a transformar o que antes era um ginado de ecodesenvolvimento, difundido na Conferência a divulgação das imagens do desastre. Após instalação
Nesta edição de número 23, a abordagem passa a ser de na sua implantação. A técnica consiste no plantio de mudas
mito em resultados científicos promissores. menos) da população mundial, entretanto de Estocolmo e criado por Ignacy Sachs, da escola de Altos de um processo judicial para punir culpados, os advo-
pesquisas de grandes laboratórios nacionais sobre uma planta de plantas adultas e traz como ponto forte o alto nível de so-
consomem por volta de 90% (ou talvez mais!) dos recursos Estudos em Ciências Sociais (EHESS) de Paris, é enten- gados ambientalistas, através de método de valoração
medicinal muito comum no Piauí - o Aveloz - mais conhe- brevivência. A vantagem desse método é que haverá um
Márcia Cristina e Roberta Rocha naturais e esse mesmo mundo desenvolvido responsabiliza- dido como a capacidade de gerações presentes alcançarem monetária do ambiente, calcularam o prejuízo do dano
cida, no Estado, como cachorro-pelado. ganho de tempo na revitalização da área verde da cidade,
se por 70% das emissões de CO2 na atmosfera. suas necessidades sem comprometer a capacidade de futu- ambiental em torno de três bilhões de dólares. Após
ras gerações também o fazê-lo. Sobre o atual de- acordo com a Exxon Corporation, declarada culpada,
senvolvimento econômico, o pesquisador e aceitou o pagamento de 1,1 bilhões de dólares em inde-
Ar tigo economista Clóvis Cavalcanti, em seu bom artigo nizações além dos custos com a retirada do óleo nos

comum, em nosso cotidiano, que con-


Relatividade não muito relativa
Assim, Darwin é vítima do obscurantismo, pois suas tismo não eram descritas da mesma maneira, quando se mu-
intitulado ‘Uma tentativa de caracterização da
economia ecológica’, publicado no periódico Am-
biente & Sociedade em 2004, observou que não se
mares e nas praias. Para a época, foi considerado uma
‘vitória ambiental’ sem precedentes.
Por fim, pesquisas direcionadas a compor um valor
pode mais tratá-lo como sinônimo de crescimento, para um bem ambiental (uma mata nativa tropical, uma

José Roberto
É ceitos de teorias científicas passem ao
vocabulário usual, com sentido distor-
cido e aplicado de maneira irresponsá-
vel, com apoio pressuposto do
ideias tendem a ser negadas pelo público, digamos, leigo ou
pseudocientífico, como se pertencessem a um lado diabólico
da humanidade. Há, entretanto, uma vítima positiva do obs-
curantismo: Albert Einstein.
dava de referencial.
Ao unificar os resultados de Michelson e Morley sobre
o fato de que a luz não necessita suporte material para se
propagar com as equações de Lorentz para cálculo de velo-
já que a natureza e seus ecossistemas impõem li-
mites à oferta de seus recursos.
Com o começo da aceitação da idéia de que
os recursos ambientais são finitos, o uso de téc-
planta medicinal, ou ainda o lobo-guará ou o urso-panda)
podem apresentar-se como eficientes propostas para pla-
nos futuros de conservação e manejo sustentados, e dessa
forma, diminuir o impacto que tais recursos sofrem com
Castilho Piqueira* argumento de autoridade. Lido por poucos, virou lenda e com isso a ele se atribuem cidades relativas e com o fato da velocidade da luz indepen- Modelo sistêmico da organização social de produção com nicas para compor um valor para o meio ambiente toma a extração desordenada e frear os processos de extinção.
O caso mais gritante é o do “darwinismo ideias estapafúrdias, com frases repetidas à exaustão, em li- der do referencial, concluiu que as leis do eletromagnetismo utilização dos recursos ambientais (Figura extraída e modi- corpo e objetiva preencher lacunas existentes já que tais
social” que, ao se valer de teoria científica, procura legi- vros de autoajuda. Vamos lá, quer ganhar uma pendenga? também são as mesmas para todos referenciais inerciais. ficada do livro ‘O valor da natureza’, de Mota, J. A. 2001). recursos do meio ambiente não têm valores fixados em *Prof. Dr. da UFPI – Campus de Bom Jesus
timar preconceitos e mecanismos de dominação entre gru- Diga sério uma besteira atribuindo a Einstein. Quase todos Sabe-se que, como todo ser humano, Einstein, ao longo O uso desenfreado dos recursos se dá de ma- nossos mercados convencionais, tornando extremamente juliommonteiro@ufpi.edu.br
pos étnicos e sociais. Felizmente, caiu em merecido vão acreditar, porque só poucos verificam. de sua carreira, errou certas coisas, da mecânica quântica,
descrédito, de modo que sua relevância atual é nula, sendo A mais engraçada é a relatividade: “Tudo é relativo”, sobretudo. Seu erro maior, contudo, foi ter mantido o nome
digna de repúdio. dizem os leitores descuidados, e um interminável rolo de en- de “teoria da relatividade” para seu trabalho e não mudá-lo
Entretanto parece que Darwin hoje incomoda tanto

Cinema e filosofia: sobre o documentário


ganos vai subscrever-se à glória de Einstein. para “teoria da invariabilidade”. O nome chamaria menos a
quanto Galileu à sua época. Alguns pretendem dar ao “Cria- Galileu, que passou maus bocados nas mãos de obscu- atenção dos meios comunicativos, mas evitaria o “einstei-
cionismo” status de ciência, colocando-o como teoria alter- rantistas, entre seus vários trabalhos, enunciou o “Princípio nismo social”.
nativa ao “Darwinismo”. Nada mais pobre, do ponto de vista da Relatividade” que diz: “As leis físicas são as mesmas para Todavia, há uma possível analogia entre a noção eistei-
espiritual e intelectual, do que confundir a ciência com a fé. qualquer referencial inercial.”. Ou seja, o chamado princípio niana de “invariabilidade” e os fenômenos sociais. Real-

B
A fé é foro íntimo, de cada um. As diversas religiões da relatividade fala de invariância de leis, mesmo que os re- mente, há variações de valores de cultura para cultura, mas ill Nichols inicia o primeiro ca- “mundo real vivido”. Neste sentido, poderíamos exemplo da condição documental própria de todo
devem ser respeitadas, cada uma com seus dogmas. A ciência ferenciais produzam medições diferentes para certas grande- o que há de essencial para o homem – respeito à liberdade, pítulo do seu livro Introduction dizer que somente o documentário estaria interessado filme defendida por Nichols. Poderíamos citar, por
não é uma alternativa à religião, porém conhecimento de zas físicas. acesso ao conhecimento e, principalmente, direito à vida to documentary (2001) com a na vida real; e a ficção, ao contrário, trataria de his- exemplo, o filme Central do Brasil (1998) de Walter
outro tipo. O que Einstein procurava, quando enunciou sua “teoria com dignidade – independe de qualquer referencial social. afirmação a seguir: “Todo filme é um tórias imaginadas. Salles e sua origem em um outro filme anterior tam-
Ciências mudam todos os dias, podem questionar-se, da relatividade especial”, era salvar o princípio de Galileu, documentário” (NICHOLS, 2001, p. 5). A afirmação de Nichols supracitada remete-nos a bém de Walter Salles, Socorro Nobre (1995). Classifi-
aprimorar-se continuamente. A ciência busca o entendimento quando aplicado às leis do eletromagnetismo, que haviam Tal afirmativa que, a meu ver, sustenta uma dimensão anterior à distinção tradicional entre a car Central do Brasil como apenas ‘ficção’ seria
*Professor Titular da Escola Politécnica
da natureza e não há nesse ato qualquer atitude de crença ou sido brilhantemente sintetizadas por Maxwell, durante o sé- da Universidade de São Paulo um caráter eminentemente filosófico, ficção e o documentário, pois, no próprio modo de pro- ignorar alguns elementos essencialmente documentais
descrença em dogmas religiosos. culo XIX. Parecia, inicialmente, que as leis do eletromagne- erika@academica.jor.br abre-nos uma possibilidade de pensar o dução dos filmes – independente do tratamento da “vida presentes no mesmo. Entre estes elementos, ressalto
cinema partindo do seu traço documen- real” ou da realidade imaginada por algum roteirista – um, diversas vezes comentado pelo próprio Walter Sal-
tal próprio e comum a todo e qualquer o caráter documental encontra-se presente, pois todo les: não seria possível pensar o filme Central do Brasil
filme. Nesta perspectiva, este artigo filme estará sempre inserido em um momento histórico, sem a herança documental originada em Socorro
AO LEITOR Gustavo S. Batista* pretende problematizar o seguinte: suscetível a variadas apreciações, o que já apontaria Nobre. É a história “real” do encontro de uma presi-
lidar filosoficamente com as narrativas uma dimensão genuinamente documental. Neste sen- diária (Socorro Nobre) com um artista plástico (Frans
PARA CRÍTICAS, SUGESTÕES E CONTATO:
cinematográficas requer, antes, uma elucidação do tido, a partir do argumento de Nichols, o mundo real no Krajcberg) mediado por uma carta que vai orientar o
sapiencia@fapepi.pi.gov.br - marcia@fapepi.pi.gov.br - www.fapepi.pi.gov.br qual vivemos será sempre uma referência para o ci- caminho “ficcional” do desencontro das cartas em
modo como o documental se manifesta; isto é, pensar
OU PELOS TELEFONES: nema, seja ele de ficção ou não. Central do Brasil.
o cinema significa analisar conceitualmente o quanto
(86) 3216-6090 - Fax: (86) 3216-6092 de documentário está efetivamente presente nos filmes. Pensar todo filme como essencialmente documental A condição fronteiriça dos filmes atuais (como os
A pergunta filosófica pelo documental surge com a faz justiça a uma tendência cada vez mais comum ao de Walter Salles) ilustra e problematiza a afirmação de
EXPEDIENTE

Nº 23 Ano VI DIRETOR EDITORIAL REPORTAGEM E FOTOS elucidação de um elemento comum, ou seja, possibili- cinema contemporâneo: a fronteira tradicional entre Nichols, pois, se todo filme é documentário, um ele-
Acácio Salvador Véras e Silva Márcia Cristina (Mtb -1060) tado pelo ultrapassamento da distinção tradicional documentário e ficção encontra-se cada vez mais pro- mento central pode ser reafirmado, a partir desta reno-
Março de 2010
CONSELHO EDITORIAL Roberta Rocha (Mtb - 1856) entre ficção e documentário. Esta distinção, discutida blematizada pelo próprio cinema. Podemos afirmar vada compreensão do cinema: os filmes sempre
ISSN - 1809-0915 pretenderão sugerir um novo olhar sobre a realidade,
Acácio Salvador Véras e Silva IMPRESSÃO por muitos teóricos importantes como, por exemplo, que, se ainda estivermos ligados à distinção tradicio-
Informativo produzido pela Francisco Laerte J. Magalhães
Grafiset Gráfica e Editora John Grierson, baseia-se na relação estabelecida com nal, não conseguiríamos classificar novas produções ou seja, o cinema sempre pretenderá discutir e recons-
Wellington Lage o mundo real, ou seja, enquanto o documentário se nem como documentário e muito menos como ficção; truir nossos modos de ver o mundo vivido.
Fundação de Amparo à Pesquisa TIRAGEM
REVISÃO DE TEXTO ocupa com as “cenas vivas”, a ficção, ou melhor, os a referência ao mundo vivido é cada vez mais presente
Assunção de Maria S. e Silva 6 mil exemplares
do Estado do Piauí - FAPEPI filmes nos quais a realidade é inventada pelo rotei- no cinema atual. *Professor da UFPI - Campus de Picos
EDITORA PROJETO GRÁFICO
PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL
Tony Cesar (86) 8832-5057
rista, muitas vezes filmado em estúdio, ignora o A atual situação do cinema brasileiro serve como gustavosilvano@ufpi.br
Márcia Cristina
4 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 5

REPORTAGEM

ARQUIVO PESSOAL
extraídos do aveloz estão sendo dos resultados demonstrou que o
testados para o tratamento de ou- AM10, quando administrado
tras patologias, como as dores de agudamente pela via oral em ca-
caráter crônico. A expectativa é mundongos de ambos os sexos,

Testes indicam que o aveloz


que até 2011 estejam à venda nas apresenta boa tolerabilidade e re-
farmácias. Até aqui, estima-se que duzido efeitos tóxicos agudos
os investimentos com as pesquisas importantes.
sejam da ordem de R$ 30 milhões. O chefe das pesquisas com o
Estudos iniciais comprova- AM10, que já foi patenteado por
ram que o látex do aveloz possui ele e sua equipe de pesquisadores,

combate vários tipos de cânceres um grande potencial anticancerí-


geno. Uma das hipóteses para
essa ação seria o seu efeito anti-
tumoral e citotóxico, ou seja, a
planta possui mecanismos de re-
Dr. Luiz Francisco Pianowski,
farmacêutico com doutorado em
Tecnologia Farmacêutica pela
Universidade do Porto, disse que
o Projeto AM10 é a fração farma-


paro das células defeituosas e é cologicamente ativa, extraída do

C
ada vez mais a ciência uma paciente que estava em estado nente africano, que se propagou por
capaz de inativar as mutações que látex do aveloz, padronizada em
vem tentando descobrir na terminal, vítima de câncer, após ser todas as regiões tropicais do planeta.
formam essas células defeituosas, 70 – 80% do triterpeno pentací-
natureza medicamentos submetida a testes com a droga. Na Índia, por exemplo, é usada para
além de programar a morte des- clico euphol. Em outras palavras,
visando ao tratamento eficaz e
até a cura de doenças em ani-
mais e em humanos. Esta edição
do Sapiência vem apresentar um
pouco do andamento de algumas
Estudos comprovaram que o
látex da Aveloz possui grande
potencial anticancerígeno, ou
seja, mecanismos de reparo de
“ Estudos bastante adiantados com
medicamentos à base do aveloz mos-
traram que a planta, bastante conhe-
cida no Piauí, onde recebe o nome
popular de cachorro-pelado, possui
tratar asma, dor de cabeça, neuralgia,
reumatismo e dor de dente. Na medi-
cina tradicional brasileira, o látex da
E. tirucalli é usado para tratar dife-
rentes tipos de cânceres, incluindo
sas células tumorais. Deste modo,
substâncias extraídas da planta
podem diminuir a frequência de
danos ao DNA da célula, impe-
dindo a multiplicação desorde-
o AM10 é o medicamento qui-
mioterápico que pode tratar e pos-
sivelmente curar alguns tipos de
cânceres. É a descoberta mais im-
portante da pesquisa, iniciada há
células defeituosas carcionmas, leucemia, câncer de
investigações a respeito do que mecanismos de reparo das células nada das células tumorais, cerca de seis anos. Os estudos já
próstata e de mama. Em vários muni- Os pesquisadores - Luiz Pianowski Filho, Ana Flávia Rabay, Luiz Pianowski e Thais Barbizan
vem a ser um grande desafio defeituosas, sendo capaz de inativar liquidando-as, evitando então, a realizados comprovaram que a
as mutações que formam essas cé- cípios piauienses, a planta é facil-
para os cientistas: a cura de deste brasileiro, o aveloz, cujo nome formação do tumor. Nas fases planta, muito utilizada pela medi-

AM10 - medicamento
lulas defeituosas; além disso, os me- mente vista e atualmente chega a ser
doenças que ainda são uma incógnita científico é a Euphorbia tirucalli. iniciais, foram realizados estu- cina popular, ingerida na forma de
dicamentos mostraram ser capazes cultivada para efeito de estudos. Sua
para o homem. A produção de um medicamento dos toxicológicos em camun- garrafada para tratamento de vá-
de programar a morte celular de cé- importância para a ciência é que tem
Ainda envolto em sigilo que a ética à base da planta já despertou inclusive dongos e também em cães. Só rias doenças, tem ação citóxica,
lulas tumorais. Deste modo, a planta sido popularmente utilizada no trata-
e o rigor científico exigem nas diversas o interesse da imprensa noticiosa de- depois passaram a ser realizados porém o AM10 foi mais potente
mento de úlceras, cânceres, tumores,

deve chegar ao
fases das investigações, um estudo em vido aos estudos de mais de seis anos diminui a frequência de danos ao em humanos. A análise conjunta que a garrafada.
verrugas e outras doenças.
especial, vem despertando a atenção no Brasil, envolvendo uma equipe es- DNA da célula, impedindo a multi-
Vários relatos indicam a presença

DIVULGAÇÃO
dos pesquisadores e também da socie-
dade: a produção de um medicamento
eficaz no tratamento e cura de doenças
pecializada formada por farmacologis-
tas, químicos, médicos oncologistas,
entre outros, que comprovaram que
plicação desordenada das células tu-
morais e liquidando-as, evitando
então, a formação do tumor.
de efeitos tóxicos nesta planta. Muitas
espécies da família Euphorbiaceae,
assim como o aveloz, secretam um
Aveloz e o
combustível
graves, como o câncer, oriundo do látex
de uma planta muito comum no Nor-
um medicamento, ainda em fase de
testes, conseguiu curar pelo menos
A Euphorbia tirucalli é uma planta
arbustiva, originária do sul do conti-
látex que é rico em terpenos, como os
ésteres de phorbol, euphol e ingenóis,
sugerindo que dentre os seus consti- mercado em 2011
ARQUIVO PESSOAL

tuintes químicos, a planta pode apre- ç Euphorbia tiru-


sentar tanto efeitos tóxicos, como um calli é um cactus sucu-

A
grande potencial terapêutico. caracterização dos efeitos produzidos sociados à dor. Sendo assim, Amazônia Fitome- lento que pode chegar
pelos compostos isolados de aveloz dicamentos em parceria com o laboratório Pia- a crescer cerca de
Quanto à toxicidade, os ésteres de 10m. Introduzida da
phorbol presentes na planta são extre- pode demonstrar quais constituintes quí- nowski & Pianowski pesquisaram e
África como uma
mamente irritantes e têm sido docu- micos presentes na planta poderiam apresentar desenvolveram o produto AM10 destinado ao planta de jardim,
mentados clinicamente que promovem potencial terapêutico para o tratamento de inú- tratamento do câncer. Com investimentos da agora é naturalizada
tumores, induzindo a formação do lin- meras patologias, incluindo principalmente o iniciativa privada, as investigações são promis- em áreas tropicais e
câncer e os processos inflamatórios crônicos as- soras e novos produtos fitoterápicos também florestas na Amazônia,
foma de Burkitt e carcinoma da naso- Madagáscar e África do
faringe. A planta possui componentes Sul. O tronco principal

ILUSTRAÇÃO
químicos como os diterpenos (inge- e ramos são lenhosos e
nóis), que de acordo com a literatura, marrons, mas os ramos
possuem ação anticancerígena, mos- mais novos são verdes e
trando significativa inibição da pro- cilíndricos, parecendo-
se muito com lápis e ga-
liferação celular de uma proteína nhando por isso o nome
chamada quinase C (PKC), resul- comum de árvore-do-
tando em um efeito antiproliferativo lápis. Também cha-
e proapoptótico em várias células hu- mada de “petróleo
manas de câncer. verde" por produzir a
Doses elevadas de aveloz podem substância – hidrocar-
boneto, como a gaso-
induzir a coagulação sanguínea. O lina. Esta planta está
látex da planta pode ser irritante e sendo estudada pela
cáustico à pele. Se o látex atingir os Petrobras, visto que os
olhos, pode destruir a córnea. O uso hidrocarbonetos produ-
excessivo da planta pode provocar zidos por ela poderiam
vários efeitos, incluindo intensa ser usados diretamente
nas refinarias. Há esti-
queimação, pálpebras inchadas, dor mativas de produção
ardente do globo ocular, visão bor- de 10 a 50 mil barris
rada, erosão do epitélio córneo, acui- de óleo por hectare
dade visual diminuída, fotofobia e cultivado com custo de
cegueira temporária. US$ 3 a 10 por barril.
Dr. Pianowski faz experimentos com o AM10 Células cancerígenas
6 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 7

DIVULGAÇÃO
Testes preclínicos foram
satisfatórios em
camundongos e cães
O
Farmacologista com doutorado pela USP, Já na Fase I, com testes em humanos, o
João Batista Calixto, possuidor de várias pa- Dr. Pianowski atesta que o medicamento
tentes no Brasil e no exterior, integra a AM10 foi eficaz nos primeiros testes, em pa-
equipe de Pianowski na pesquisa com AM10. Seu cientes terminais de câncer. A primeira fase do
trabalho foi a avaliação dos estudos toxicológicos teste em humanos foi feita no Hos-
agudos e crônicos do produto AM10 em roedores, pital Albert Einstein,
estudos pré-clínicos. “Realizamos estudos para ten- em São
tar esclarecer o mecanismo de ação antitumoral do Paulo,
produto e em segunda descobrimos outra ação far- há cerca
macológica do mesmo, uma importante atividade de um
analgésica. Quanto a esse último efeito, concentra- ano. O es-
mos nossos esforços para avaliar o mecanismo de tudo clínico
ação e também o composto responsável pela anal- incluiu pacien-
gesia. Esses estudos continuam em andamento e es- tes com idade
tamos finalizando um trabalho para ser divulgado acima de 18
em revista internacional com essa descoberta (anal- anos, capazes de
gesia)”, destacou Calixto, que é professor do Depto. tomar a medica-
de Farmacologia da Universidade Federal de Santa ção oral, com diag-
Catarina-UFSC. nóstico histológico
A princípio foram feitos testes para verificar a de tumores sólidos
ação analgésica do Euphol (ou AM11) e do AM10. que progrediu após
Foram feitos modelos experimentais para avaliar a tratamento convencio-
nocicepção (dor) nos animais, conforme explica a nal e que teve perfor-
farmacêutica da Amazônia Medicamentos, Denise mance status ECOG na Aveloz na região Nordeste
Mollica Marotta. “Três grupos de animais foram escala menor ou igual a
tratados localmente (na pata direita e traseira) com dois e uma expectativa de
algum mediador inflamatório para induzir a dor in- vida de pelo menos três o pesquisador paulista. Pianowski ex- Einstein e a Benficiência Portuguesa.
flamatória, podendo ser aguda ou crônica, três gru-
pos de animais também foram submetidos a uma
meses. O ensaio que incluiu
seis pacientes com câncer con-
plicou que a droga tem o potencial
para, caso não haja a regressão da
Foram selecionados para esses estu-
dos pacientes com câncer de mama
Uso medicinal do aveloz
cirurgia no nervo ciático para a indução de dor neu- firmou os estudos pré-clínicos doença, pelo menos conter ou reduzir em um estágio específico da doença
ropática que sempre é crônica, três grupos de ani- toxicológicos, demonstrando no- o avanço. Diferentemente do trata- e que já tinham sido submetidas a Antiparasita, impotência sexual, picada de cobra, sí-
mais foram inoculados com algum tipo de células vamente que o AM10 foi relativa- mento com outros medicamentos e da outro tipo de tratamento. África filis e tumores.
tumorais na pata para induzir o tumor e então mente seguro quando usado por via quimioterapia, a forma convencional, A equipe que vem realizando a
poder avaliar a dor causada pelo câncer nesses ani- oral até a dose de 9 mg por dia. Alguns que destroem células doentes e sadias, pesquisa com o AM10 tem além do
mais. Após a instalação da dor, sendo ela inflama- pacientes afirmaram que após receberem o AM10 se propõe a atuar direto nas coordenador Dr. Luiz Francisco Pia- Para os ossos quebrados, hemorróidas, dor, inchaço
células doentes, sendo, portanto, nowski e do Dr. João Batista Calisto Asia e ulceração.
tória crônica ou aguda, neuropática ou pós-câncer, doses do AM10 ale-
um grupo de animais foi tratado com Euphol na garam sentir menos menos prejudicial e traumático ao pa- (UFSC), também o Dr. Dagoberto
dose 30 mg/kg via oral e outro grupo com AM10 dores e até tiveram ciente. A fase seguinte do estudo será Brandão (PHC Brasil), o Dr. Auro Del
na dose de 100 mg/kg via oral, e o terceiro grupo melhoras clínicas, o testar o medicamento em pacientes Giglio (oncologista do Hospital Albert Para o abcesso, asma, infecções bacterianas, câncer,
não recebeu nada, só foi usado como grupo con- que comprova também que não estejam em estado terminal Einstein), o Dr. Odorico Moraes constipação, infecções fúngicas, reumatismo, picada
Brasil
trole. Então os animais foram avaliados em dife- as suas atividades anti- com alguns tipos de câncer. (UFCE), o Dr. João Ernesto (Uni- de escorpião, cobra, espasmos, sífilis, tumor, os vírus,
rentes intervalos de tempo para verificar se os inflamatórias. Denise Marotta detalhou que já camp), a Drª. Maria Lucy Queiroz verrugas, e como um expectorante e irritantes.
tratamentos com Euphol e AM10 foram capazes de “Sabe-se pela litera- começou o estudo clínico da fase II, (Unicamp) e os farmacologistas liga-
diminuir ou até mesmo inibir a dor dos animais”, tura que a planta possui que tem como objetivo avaliar a ação dos diretamente ao laboratório Pia-
explicou a pesquisadora. ação anticancerígena. Nós do medicamento no combate ao cân- nowski&Pianowski Ana Flávia Para dores ósseas, hemorróidas, lepra, úlceras do nariz,
Holanda paralisia e espinhos.
Os estudos realizados com cães da raça Beagle estamos buscando provar cer de mama em mulheres. Esse es- Bacchi, Thais Barbisan, Luis Fran-
para possíveis efeitos tóxicos do produto AM10 uti- essa possibilidade, o que tudo será multicêntrico, realizado em cisco Pianowski Filho, além de Denise
lizaram doses de cápsulas em 32 animais, durante vem se confirmando. cinco centros de pesquisas diferentes, Mollica Marotta (Amazônia Fitomedi- Para o abscesso, asma, cólicas, constipação, tosse, dor
um período de 90 dias. Foram feitas observações Temos comprovado apenas sendo um deles o Hospital Albert camentos). Índia de ouvido, gastralgia, nevralgias, reumatismo, sífilis,
clínicas, oftalmológicas, patologia clínica, mensu- um caso de uma paciente dor de dente e verrugas.
ração do peso corpóreo e peso dos órgãos, necrop- terminal, que foi curada Luiz Francisco
Luiz Francisco Pianowski
Pianowski
sia e micropatologia. Foi constatado que o produto com o medicamento produ- Abscessos, asma, câncer, cólica, tosse, dor de ouvido,
Coordenador
Coordenador da Pesquisa
da Pesquisa com o eAM10
com o AM10 AM11e Peru
não causou efeito adverso nos animais. zido à base do aveloz”, disse AM11
luiz@pianowski.com.br nevralgias, reumatismo, dor de estômago e dor de dente.
8 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 9

ENTREVISTA Sapiência – Sabe-se que já existem


testes sendo realizados com huma-
plica que pessoas leigas, sem o auxí-
lio da tecnologia de ponta que a ciên-
ARQUIVO PESSOAL

nos. Já existe algum resultado pro- cia moderna dispõe, há muito tempo
missor? Estas pesquisas já resultaram

Aveloz: uma esperada


atrás, já tenha descoberto os benefí-
em patentes? cios de remédios curativos produzidos
a partir da planta?


O grande problema é que Pianowski – De uma maneira
empírica não deixou de ser um
o que mata a célula cancerí-
gena mata também a saudá-
“ teste, onde creio que nos séculos

cura para o câncer


atrás muitas se queimaram, per-
vel. Espero que o AM10 seja deram a visão e outras morre-
uma ferramenta importante ram. Mesmo assim aqueles que
para mitigar os sofrimentos a usam dessa maneira podem ter
problemas, pois na mesma
com essa doença
planta que tem a cura, possui
moléculas que causam o câncer.

Pianowski – Os testes da fase II come- Sapiência – Quando poderemos ver no


raduado em Farmácia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1979) e Doutorado em Tecnologia Farmacêutica pela Universidade

G do Porto, Portugal, 2001, o PhD Luiz Francisco Pianowski é um investigador nato de plantas e suas propriedades farmacêuticas. Desde
a graduação tinha o interesse pela descoberta de fitomedicamentos que pudessem promover a cura de vários males humanos, o que o
levou, há mais de 20 anos, trabalhar em laboratórios farmacêuticos e de pesquisa.
çaram agora em janeiro, porém não
temos como saber ainda. Creio que
março será um mês que poderemos co-
nhecer alguns resultados e espero que
mercado um medicamento eficaz produ-
zido à base do Aveloz, que venha, pos-
sivelmente, ser uma cura contra doenças
perigosas, como o carcinoma?
Proprietário da empresa de pesquisa e desenvolvimento farmacêutico Pianowski & Pianowski, em suas consultorias, o pesquisador sejam bons.
atende grandes laboratórios como os: Catarinense, Neo Química e Amazônia Fito medicamentos (Grupo Ypioca).
Dr. Pianowski já foi diretor industrial dos laboratórios Hebron, P&D e Aché. Como pesquisador, sua atividade principal é o desenvolvi- Pianowski – Sendo muito otimista esse
Sapiência – Sendo uma planta alta- ano, e pessimista o ano que vem.
mento de fitoterápicos que já se encontram no mercado; também faz palestra em território nacional e internacional. Possui patentes regis- mente tóxica, capaz de provocar vários
tradas no Brasil e no exterior e coordena a pesquisa de uma droga anti-neoplásica, hoje em estudo clínico. Tem livros publicados e participação efeitos maléficos no organismo hu-
em bancas de mestrado e de doutorado. Sapiência – A indústria farmacêutica
mano, inclusive cegueira, como se ex- movimenta bilhões de dólares em pes-

Sapiência – A Euphorbia tirucalli ou o utilizada na medicina popular, mas, extrato padronizado com os ativos in- Pianowski – Artrites reumatóides, ar-
aveloz tem uma série de propriedades qual a visão da ciência sobre a planta. ternos mensurados e controlados. A trose, fibromialgias.
contra doenças, tanto que é bastante Ela realmente é capaz de curar doenças? partir dele estabilizado e padronizado, Dr. Pianowski, ministrando palestra na área de farmacologia em Paris, em encontro que reu-
niu Brasil e França, 2007
fizemos todos os estudos pré-clinicos Sapiência – Já se tem notícia no Piauí
Pianowski – A ciência só se manifesta e hoje os clínicos. de que pessoas em estágio já avançado
quando tem provas. Essas provas são quisas contra muitas doenças. Mas por ciente. Ano após ano vemos novas des-
de câncer receberam tratamento à base
trabalhos científicos, e eles estão que milhões de pessoas ainda morrem no cobertas, e principalmente no mecanismo
Sapiência – A Amazônia Fitomedica- de fitomedicamentos que contém o ave-
sendo escritos com muita informação mundo inteiro vítimas de vários tipos de de ação ainda é preciso trabalhar muito.
mentos em parceria com o seu labo- loz e tiveram a saúde restabelecida. O
que fará com que os cientistas a apro- câncer, muitas passando pelos melhores O grande problema é que o que mata a
ratório estão desenvolvendo outros Sr. atesta essa informação? Pode citar
vem. A ciência não tem dificuldades tratamentos que a medicina dispõe? célula cancerígena mata também a sau-
medicamentos à base do aveloz vi- exemplos?
de aprovar aquilo que a cultura popu- dável. Espero que o AM10 seja uma fer-
sando ao tratamento de câncer e ou-
lar elegeu. Para câncer temos produ- Pianowski – A verdade é que se conhece ramenta importante para mitigar os
tras doenças crônicas. Em que Pianowski – Eu conheço somente o Sr.
tos que estão entre os melhores como muito sobre o câncer, mas não o sufi- sofrimentos com essa doença.
estágio está esses estudos e quais as Tapajós (compositor- que mora em Te-
o taxol, a vincristina e vinblastina, esperanças desses para um trata-
resina). Ele alega ter sido curado de
mento eficaz de doenças pratica-
entre outros.

Sapiência – O que é
mente ditas sem cura?

Pianowski – Sim,
uma metástase de melanoma que o
havia deixado em cadeira de rodas, faz
mais de 20 anos. Atestar eu não posso,
Aveloz
ç A Euphorbia tirucalli (Aveloz) é quente, especialmente no Nordeste do
FOTOS: ROBERTA ROCHA

o AM10? mas crer sim.


estamos estu- uma planta da família Euphorbiaceae, Brasil. Tem sido popularmente utili-
popularmente denominada aveloz, al- zada na América do Sul no tratamento
Pianowski – dando atividades Sapiência – O Sr. já visitou o Piauí e meidinha, árvore-de-são-sebastião, ár- de úlceras, cânceres, tumores, verru-
O AM 10 antiinflamatórias um dos motivos seria a produção de fi- vore-do-coral-de-são-sebastião, gas e outras doenças.
é um e analgésicas. tomedicamentos à base de aveloz. Po- árvore-do-lápis, cassoneira, coroa-de- Vários relatos indicam a presença
Essas ações melhorarão deria falar mais sobre seus objetivos cristo, cachorro pelado, dente outros. de efeitos tóxicos nesta planta. Muitas
a vida de milhares de pes- nessa região? É uma planta utilizada na medicina plantas da família Euphorbiaceae,
soas com artrose, artrites, popular como antiescorpiônico, anti- assim como o aveloz, secretam um
fibromialgias. Outros estu- Pianowski – A indústria de fitomedica- rreumático, antiasmático, antiespas- látex que é rico em terpenos, como os
mentos vai depender dos donos do módico, antibacteriano, antivirótico, ésteres de forbol, euphol e ingenóis,
dos estão em andamento,
projeto, entre eles o Sr. Everardo antissifílico, cauterizante de verrugas, sugerindo que dentre os seus consti-
mas hoje ainda é prematuros expectorante, fungicida, purgativo e tuintes químicos, a planta pode apre-
Teles e o Auro Costa aí de Teresina.
falarmos sobre isso. O que está praticamente certo é eu resolutivo no tratamento de carcino- sentar tanto efeitos tóxicos, como um
colocar a indústria de produção da mas e epiteliomas benignos. grande potencial terapêutico. Doses
Sapiência – Estudos dizem que matéria-prima em Teresina, pois O aveloz é uma planta arbustiva, elevadas do aveloz podem induzir a
além de tumores cancerígenos, o tenho o contrato de exclusividade originária do sul do continente afri- coagulação sanguínea. O látex da
aveloz também tem a capacidade para tal. Foi onde tudo começou e cano, que se propagou por todas as re- planta pode ser irritante e cáustico à
de tratar doenças crônicas. Quais há uma quantidade de aveloz razoável giões tropicais do planeta e pele. Se o látex atingir os olhos, pode
seriam elas? na região. adaptou-se bem em lugares de clima destruir a córnea.
10 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 11

TESES REPORTAGEM Com essa mudança permanecerá o compromisso dos futuros


gestores no que diz respeito ao cuidado com a arborização.
Ser e Fazer-se professora no Piauí Estudo das estratégias Taxa de sucesso legislativo do executivo
no século XX: a história de vida da Rede Globo de Televisão no processo bicameral: comparando os
de Nevinha Santos na esfera da cidadania governos FHC e Lula (1995-2006)
Jane Bezerra de Sousa
Professor da UFPI
Defesa: Univ. Federal de Uberlândia, 2009
jane_bezerrasousa@yahoo.com.br
Esta tese é um estudo em História da Educação cujo objetivo é in-
vestigar o ser e o fazer-se professora no Piauí no século XX, por
meio da história de vida da professora normalista Nevinha Santos,
Jacqueline Lima Dourado
Professora da Faculdade CEUT
Defesa: Unisinos 2009
jacdourado@uol.com.br
A tese trata das questões enfrentadas pela Rede Globo na constru-
ção dos conteúdos de cidadania, como eles estão representados na
programação da emissora. O foco da análise são os objetivos que
Márcio Grijó Vilarouca
Professor Adjunto da UFPI
Defesa: IUPERJ, 2007
grijo72@gmail.com

Por meio da análise do processo de tramitação de Projetos de Emen-


das Constitucionais e Projetos de Lei Complementar - proposições
O VERDE DE TERESINA
pela técnica chinesa
que escreveu suas memórias em caderno de anotações e as publi- que requerem quorum qualificado - nos dois mandatos de FHC e no
a emissora quer alcançar, quando insere temas sociais por meio de governo Lula, avaliamos a hipótese de que o tamanho e o grau de he-
cou em forma de artigos no Jornal Meio Norte, de Teresina-PI. Ou- ações de marketing ou merchandising social, nos quais a temática
tras fontes foram utilizadas e cruzadas com as memórias de terogeneidade das coalizões afetam o desempenho legislativo dos go-
Nevinha, como entrevistas de ex-alunos, familiares e contempo- dos direitos, dos deveres para com o próximo, com o meio am- vernos. Todavia, partimos do pressuposto de que o recurso ao clássico
râneos, bem como mensagens governamentais e discursos da im- biente, com a diversidade, com o respeito às diferenças e às indi- indicador taxa de sucesso é insuficiente para dar inteligibilidade às
prensa, com o intuito de conhecer as possibilidades históricas, vidualidades, está presente. O tratamento dado a essas questões, diferenças entre os governos, seja porque encobre os custos de nego-
sociais e culturais que permitiram compreender o sentido da fun- por parte da mídia, é de ordem específica. A televisão, lócus es- ciação necessários à aprovação das leis, seja porque ignora a partici-
ção de ser professor no Piauí do século XX. A partir da história de colhido para esta pesquisa, tem um lugar concreto, a programação, pação de cada câmara no output legislativo. Neste sentido, para
vida da professora Nevinha Santos, foi definido o recorte crono- a qual expõe e dispõe não só sua concepção, mas também seu superar a limitação supracitada, utilizamos alguns indicadores adi-

de transplantio
lógico e a estrutura da tese, que se constitui em três fases, partindo poder de imposição de uma dada ordem social e política e de certo cionais - tempo de tramitação da matéria, número de substitutivos
das seguintes questões: Por que valorizava ser professora primá- tipo de ser e de agir. A televisão elabora, legitimiza e institui, por apresentados em cada câmara legislativa e de vetos presidenciais, –
ria? Por que, ao final de sua vida, se indignava ao ler notícias de meio de tratamentos específicos ao campo das mídias e dos con- que nos ajudaram a acentuar o contraste entre os diversos governos.
jornais sobre professores com salários atrasados e na luta por me- teúdos de cada programa que vai ao ar, o modelo de sociedade e Outro indicador relevante para a compreensão do desempenho legis-
lhorá-los? Diante dos questionamentos foram definidos os seguin- de homem que deseja construir ou impor. A pesquisa desenvolve- lativo dos governos é aferido por meio da capacidade que têm o pre-
tes momentos: o primeiro, de 1922 a 1928, o segundo, de 1929 a se a partir da Economia Política da Comunicação, (EP C), no es- sidente e os líderes da coalizão de aprovar suas leis sem a
1957, o terceiro, de 1957 a 1997. A análise desses períodos possi- dependência de votos extracoalizão. Quando tal dependência se con-
bilitou a compreensão de que, no primeiro momento, ser professor tudo de cidadania, mídia, particularmente a televisiva, marketing
e relação entre Estado, mercado e sociedade como influenciador cretiza torna-se provável que a lei aprovada se distancie das prefe-
tinha significado associado a missão, vocação, sacerdócio, tendo- rências iniciais do presidente. A utilização destes indicadores foi
se a normalista como símbolo de um profissional competente cuja da construção da cidadania. A Rede Globo arrola estratégias para

A
não perder participação de mercado, mantendo-se à frente dos ín- complementada pelo estudo qualitativo da modificação das leis em relação de Teresina com o zados com grande variedade de es- 2006, pela Secretaria Municipal de aos teresinenses, além de revitalizar
tarefa primordial era salvar os indivíduos do analfabetismo. No cada câmara. A título de conclusão, pudemos observar que as taxas
segundo momento, o professor é concebido como representante da dices de audiência, mostrando ações que incluem a diversificação
de sucesso dos governos são muito semelhantes, no entanto, o que
verde vem de muito tempo. O pécies. Além disso, as árvores aju- Meio Ambiente e Recursos Hídricos, a área verde da cidade. O projeto
disciplina, civismo e amor à pátria, tornando-se disseminador das de operações, para além do espaço da TV aberta, e a dinamização poeta ambientalista mara- dam a amenizar o calor da cidade, o Programa de Arborização para a ci- cresceu e em 2009 foi transformado
ideias do Estado novo, período de um governo que se apega às demonstra o acerto de nossa abordagem, ao incluirmos os novos in-
da programação. Assim, motivada pelo crescimento da concorrên- dicadores foi possível verificar o contraste entre os dois mandatos de
ideias de abnegação e amor à profissão para manter professores cia, que, a cada dia, cria iniciativas para conquistar terreno de nhense Coelho Neto, no final do sé- pois o clima é quente, com verão o dade de Teresina. Por meio dele já pela Câmara Municipal, em “Pro-
em salas de aulas com condições péssimas de trabalho. Na terceira FHC em relação ao governo Lula, marcado este por coalizões hete- culo XIX, impressionado pelo verde ano inteiro. foram distribuídas milhares de grama Teresina: Verde Que Te Quero
forma dinâmica, espetacular e tematizada, vê-se ganhar corpo o rogêneas e por sua condição minoritária no Senado. Com isso, no go-
fase, a proletarização da profissão impulsionou a formação dos direcionamento da Rede Globo em inserir, nos últimos anos, temas
sindicatos e a luta pela profissionalização, que garantiria um esta- verno Lula, os custos de negociação foram sempre altos, suas da cidade, chamou Teresina de “ci- Entretanto, Teresina passou a mudas e sua atuação é permanente Verde”. Com essa mudança permane-
tuto respeitoso, melhores rendimentos e autonomia profissional. específicos, por meio de ação de marketing e merchandising so- coalizões instáveis e por consequência, menor foi sua capacidade de dade verde”. O verde caracteriza a sofrer impactos ambientais decorren- na arborização de avenidas, praças, cerá o compromisso dos futuros ges-
A análise da pesquisa tem principalmente como referencial teó- ciais. Isto se justifica também pelos redimensionamentos do es- legislar se comparado ao seu antecessor. Em termos teóricos conclui-
paço privado e do espaço público, que cobram da emissora um se, com base na análise da agenda legislativa dos governos, que o sis-
cidade, por suas pra- tes da urbanização e da falta de uma parques, bosques e comunidades. O tores no que diz respeito ao cuidado
rico-metodológico a Nova História. A tese tem sua relevância para

ROBERTA ROCHA
a profissão docente por compartilhar as experiências de uma pro- novo posicionamento, em virtude das novas configurações de ci- tema político brasileiro não é propenso a ingovernabilidade, como se ças e parques educação ambiental, provocando uma objetivo, além de manter o título de com a arborização.
fessora e dessa forma promover reflexões que elevem o grau de dadania, a partir da própria Constituição Brasileira, denominada pressupunha no início da década de 90, mesmo no cenário não majo- arbori- interferência grande em suas áreas Cidade Verde, é trazer mais benefí- O Programa é movido especial-
respeito ao magistério. Constituição Cidadã. ritário, portanto, menos promissor ocorrido no governo Lula. verdes. Pensando nisso, foi criado em cios e uma melhor qualidade de vida mente por uma técnica, fruto de pes-
quisas desenvolvidas na China,
Própolis vermelha do litoral de Pernambuco: Sistemas de vetorização Segmentação de planos baseada importada para Teresina e socializada
caracterização, atividade biológica e do benznildazol para o tratamento em homografia afim, fluxo óptico com a comunidade. A técnica é co-
proposta de gel vaginal da doença de chagas e reconstrução métrica
nhecida por ‘transplantio chinês’ e
Lívio César Cunha Nunes José Lamartine Soares Sobrinho Kelson Rômulo Teixeira Aires consiste no plantio de mudas adultas
Professor da UFPI Professor da UFPI Professor Adjunto I do DIE-CCN-UFPI
Defesa: Univ. Federal de Pernambuco, 2009 Defesa: Univ. Federal de Pernambuco, 2009 Defesa: Univ. Federal do Rio Grande do Norte, 2009 (entre seis a oito anos) e traz, como
liviocesar@hotmail.com joselamartine@hotmail.com kelson@ufpi.edu.br ponto forte, o alto nível de sobrevi-
A própolis é uma substância balsâmica de origem vegetal, co- A obtenção de compostos mais solúveis é um objetivo sempre per- Planos são importantes componentes geométricos e vência das plantas que, ao contrário
letada e transportada pelas abelhas dos ramos, flores, brotos, seguido para os pesquisadores da química medicinal, porém podem ser utilizados em uma larga variedade de ta- dos 40% do transplantio tradicional,
polém e exudatos de árvores, acrescentada de secreção salivar. atinge aproximadamente 85% de so-
Tem por objetivo proteger a colmeia vedando frestas e inibindo
mesmo havendo tal preocupação, a grande maioria dos compostos refas de visão como reconstrução de cenas e navega-
a proliferação microbiana, tornando o interior da colmeia tão que demonstram atividade biológica possuem um entrave biofar- ção de robôs. É proposto neste trabalho um sistema brevida e promove um ganho real de
asséptico quanto uma sala cirúrgica. É composta por uma infi- macêutico importante, a baixa solubilidade aquosa. A tecnologia de segmentação de planos baseado no cálculo de ho- seis anos de gastos e manutenção.
nidade de substâncias de acordo com sua origem, época de co- farmacêutica por meio de sistemas como dispersões sólidas e a mografias, na estimação do fluxo óptico e na recons- De acordo com o método chinês,
leta e características das abelhas, sendo caracterizada mais de obtenção de complexos de inclusão utilizando ciclodextrinas trução métrica. Primeiramente, usando duas imagens
300 substâncias. É utilizada pelo homem desde a antiguidade as árvores são transplantadas já em
por apresentar propriedades terapêuticas como: bactericida, surge como ferramenta útil na vetorização de fármacos de baixa de uma sequência monocular, um conjunto de pares idade adulta, com torrão e envoltas
fungicida, virocida, anti-inflamatória, imunoestimulante, anti- solubilidade. Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi a ob- de pontos de interesse correspondentes é obtido. Um
oxidante, cicatrizante, dentre outras. As amostras de própolis
em sisal ou estopa, com tempo de
tenção e caracterização do benznidazol, dispersões sólidas, de algoritmo foi desenvolvido para agrupar pontos de
brasileiras podem ser classificadas em 13 grupos, dos quais o complexos de inclusão e multicomponentes no estado sólido, vi- interesse pertencentes ao mesmo plano baseado no brotação de apenas 15 a 20 dias. A
grupo mais estudado é o da própolis verde, mais comum no su- utilização de transposição de árvores
deste, e o menos estudado é o grupo da própolis vermelha, que sando o incremento da velocidade de dissolução do fármaco. erro de reprojeção da homografia afim. Em seguida,
ocorre no litoral nordeste. A ocorrência da própolis vermelha Foram utilizados polímeros hidrofílicos, ciclodextrinas naturais a informação do fluxo óptico estimado é utilizada na já na fase adulta diminui os gastos
já foi citada na literatura, ocorrendo desde o litoral do Estado (alfa, beta e gama) além de derivados da beta ciclodextrina como expansão e identificação dos planos detectados. Um com irrigação e aumenta as chances
da Bahia até o litoral da Paraíba. O presente estudo caracteri- metilada e sulfobutil eter. Malaxagem, rota evaporação e liofili- novo método de estimação de fluxo óptico, baseado de sobrevivência das plantas. Essas
zou uma amostra de própolis do litoral de Pernambuco do
ponto de vista da composição química e das atividades bioló- zação foram as tecnologias utilizadas na obtenção dos sistemas. na informação de cor, é proposto. O próximo passo árvores jovens são retiradas de reser-
gicas, bem como realizou o desenvolvimento farmacotécnico Na caracterização foram utilizadas as ferramentas de IV, Raman, consiste na extração da geometria epipolar da cena. vas nativas particulares, sendo utili-
de formulações semi-sólidas, para uso vaginal. A caracteriza- DSC, MEV, R-X e perfil de dissolução. Os sistemas obtidos (dis- A matriz fundamental é estimada utilizando um pro- zadas árvores secundárias de forma a
ção química mostrou como constituintes voláteis majoritários persões sólidas, complexos de inclusão e multicomponentes) no cedimento iterativo para descartar correspondências
os compostos trans-anetol, a-copaeno e o metil cis-isoeugenol, não quebrar a cadeia e prejudicar o
estado sólido apresentaram via de regra bom incremento de velo- espúrias. Assumindo o sistema calibrado a priori, as
apresentando atividade tóxica contra Artemia salina, com meio ambiente.
CL50 de 18,9 µg/mL, antioxidade, tanto no modelo in vitro, cidade de dissolução frente ao BNZ isolado, fato confirmado nos matrizes da câmera são computadas a partir da ma-
triz essencial. Finalmente, os pontos são triangula- A técnica se divide em três pas-
quanto in vivo, atividade antigenotóxica, assim como ativida- cálculos de eficiência de dissolução, com destaque para os com-
des antiinflamatória e antifúngica. O extrato hidroalcoólico se dos e a reconstrução métrica dos principais planos sos fundamentais e tem como base o
postos obtidos pelo processo de rota evaporação e liofilização.
mostrou compatível em formulações de gel mucoadesivo, apre- da cena é obtida. Testes foram executados em dife- corte das raízes com a permanência
Pode-se concluir que a utilização da tecnologia farmacêutica para
sentando boas características físico-químicas. Conclue-se que, do torrão, que corresponde à parte da
complementando-se com testes clínicos, o gel desenvolvido a obtenção desses sistemas com o BNZ é uma alternativa promis- rentes sequências de imagens capturadas em ambien-
pode tornar-se um grande aliado no combate às vaginites ines- sora para uma forma farmacêutica mais segura e eficaz para o tes internos e externos, e os resultados são terra que se agrega em torno da raiz.
pecíficas, que acometem milhares de mulheres. apresentados e discutidos. Transplantio na Avenida Presidente Kennedy, zona Leste de Teresina As raízes das plantas se alimentam
combate a doença de Chagas.
12 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 13
FOTOS: ROBERTA ROCHA

através do processo chamado de percolação, ou seja, ela

FOTOS: ROBERTA ROCHA


percorre e se cola ao terreno de onde retira a alimentação.
O princípio básico é a permanência do torrão que tem
em torno, no mínimo, de 80 cm de diâmetro por um metro
de extensão. Esse torrão tem que ser retirado intacto,
assim se evita dois traumas à planta: primeiro, a exposição
da raiz ao sol para não queimar as radículas; segundo, a
questão da alimentação que deve continuar com as raízes
que permanecem.
O outro passo é uma poda drástica das folhas e galos
para que a planta não se desidrate durante a mudança para
outro local. O terceiro ponto é o envolvimento do tronco
da planta com material poroso, neste caso, é utilizado o
saco de estopa que é constituído de material vegetal, que
envolve o tronco da árvore para que se mantenha o equilí-
brio da planta com o meio ambiente e também para que não
se desidrate através da transpiração e respiração pelo caule.
O processo tem como finalização o plantio nas aveni-
das, em uma abertura da cova com1metro de profundidade
por 1 metro de largura. O aguamento deve ser constante
sobre o material poroso que envolve o tronco e é colocado
anteparos de sustentação na planta de forma quadrangular
ou triangular.
A importância do aguamento de cima para baixo tem
como finalidade manter o equilíbrio térmico entre a planta
e o meio ambiente. Além disso, a sustentação é utilizada,
primeiro para segurar a planta; segundo, para deixar as
raízes em descanso para que nasçam as novas raízes (ra-
dículas). “Segundo a tradição chinesa, esta sustentação só
pode ser feita com bambus porque atraem bons fluidos e
quem somos nós para contrariar uma tradição milenar”, des-
tacou Clovis.
Funcionários da PMT transplantam árvores em avenida da zona Sudeste de Teresina O Secretário Municipal do Meio Ambiente e Enge-

Transplantio na Avenida Marechal Castelo Branco, zona Norte de Teresina

nheiro Agrônomo, Clóvis Freitas, responsável pela implantação do projeto na capital, revela
as vantagens do uso da técnica: “Primeiro, porque são levadas árvores no estado semiadulto
para um ambiente em que irão sofrer uma série de traumas por conta do ambiente difícil, que
é uma avenida da cidade. As árvores são plantadas com um porte de 2 a 3 metros de altura.
Em segundo lugar, essas árvores transplantadas se recompõem no espaço de dois anos, ou
seja, temos um ganho de seis anos. Na verdade temos uma planta de oito anos, que leva dois
anos para se recompor, ou seja, temos um ganho real de seis anos de uma arborização na ave-
nida”, explicou Clovis Freitas.
O Programa trabalha com as espécies nativas que são mais resistentes ao clima e adap-
tadas à região. Destaque para o caneleiro, árvore símbolo da capital, os ipês ou pau-d’arco
roxo e amarelo, sapucaia, mangueiras e outras. Por exemplos, os ipês, com dois anos de
transplantados, já floram e caneleiros floram com apenas um ano. Além do Eng. Clóvis
Alves, o grupo de estudo é composto pelo Eng. Agrônomo Alexandre Machado, a bióloga
Roseli Machado e dois técnicos de nível médio.
Clovis Freitas explica que, a princípio, o custo da técnica é maior, mas tem suas vantagens.
O custo do transplantio chinês de uma árvore jovem está em torno de R$ 180,00, enquanto
uma muda nos moldes tradicionais sai em torno de R$ 80,00. Embora este custo inicial seja
barato, a manutenção se sobrepõe ao transplantio chinês, pois há uma perca de 40% das plan-
tas, além de necessitar de cuidados por pelo menos 5 anos, enquanto que, pelo transplantio
chinês, a manutenção se dar somente por dois anos com uma perca de apenas 15%.
A primeira região da capital que recebeu a técnica foi o bairro Mocambinho, em 2007.
Ao todo foram 25 avenidas e oito praças que receberam o transplantio de aproximadamente
5 mil árvores. Clóvis Freitas destaca ainda que até 2007 não havia conhecimento da aplica-
ção dessa técnica no Brasil. Desta forma, o Piauí foi pioneiro na implantação. Ainda hoje
existe muito pouca literatura abordando este tipo de transplantio, por isso foi realizado um
levantamento de cerca de 50 espécies para definir que tipo de arborização era tecnicamente
possível de ser utilizada, levando em consideração sua resistência, comportamento e reação
favorável e se chegou às àquelas que estão sendo utilizadas na arborização.

Luiz Francisco
Secretaria Municipal de Meio Ambiente e RecursosPianowski
Hídricos
Coordenador da Pesquisa
SEMAM com-o(86)
AM10 e AM11
3225-6555 Clóvis Freitas, secretário municipal do Meio Ambiente
Árvores adultas transplantadas em avenida de Teresina: 85% de chances de sobrevida
14 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010 15

REPORTAGEM Na medicina popular, utiliza-se a seu emprego na medicina popular.

FOTOS: DIVULGAÇÃO
casca do caule sob a forma de chá (in- O extrato etanólico da casca do
fusão) no combate a uma grande varie- caule de Z. rhoifolium apresenta pro-
dade de doenças inflamatórias, dores teção da mucosa gástrica em modelos
de dente e ouvido, como febrífugo, es- agudos de úlcera, como etanol abso-

Núcleo de Plantas tomáquico e no tratamento das dispep-


sias e cólicas. A casca tem sabor
amargo, possui propriedades tônica e
excitante. É aromática e contem “xan-
tophicrita”, que é uma substância
luto, etanol acidificado, úlcera indu-
zida por indometacina e por estresse e
retenção a frio. Numa outra série de
experimentos, demonstrou atividade
antinociceptiva em vários modelos de

Medicinais investiga
amarga cristalina, na qual se atribuem nocicepção química em camundongos.
virtudes medicinais como oftálmica e A Profa. Dra. Fernanda Almeida ex-
útil contra o corrimento dos ouvidos e plica que o estudo abordou a parte anal-
dor de dente. gésica antinociceptiva, que é reduzir a
Para se ter uma ideia do potencial sensibilidade a estímulos dolorosos,

novas espécies
desta espécie, o uso das propriedades pois o animal apresenta nocicepção e
da Z. rhoifolium atribuídas ao suco não a dor especificamente.
das folhas e da raiz é útil contra mor- O estudo fitoquímico realizado a
didas de cobras. E as virtudes desta partir da espécie coletada no Piauí su-
espécie não para por aí, a mesma gere que as substâncias majoritárias
apresenta atividades farmacológicas presentes no extrato são de natureza
importantes, tais como: antitumoral, terpenoídica, mais especificamente

O
Núcleo de Pesquisas em Plantas quisas, a Dra. Fernanda Almeida revela Sida santaremnensis e Lecythis pisoni. tir daí vamos confirmar ou não se o uso antimicrobiana, ação cardiorespirató- Zanthoxylum rhoifolium triterpenos pentacíclicos do tipo lu-
Medicinais (NPPM) do Centro que outras espécies foram recente- Fernanda Almeida destaca a impor- dessas espécies é crença popular ou se ria, entre outras. pano, aos quais podem ser parcial-
de Ciências da Saúde e o Labo- mente incluídas em estudos e enfatiza tância das pesquisas com as plantas para detém alguma atividade. Além disso, é No NPPM, duas dissertações foram teresse no estudo das atividades gastro- atividades farmacológicas previamente mente atribuídas as atividades
ratório de Produtos Naturais (LPN) do que quatro outras espécies de plantas comprovar suas propriedades laborato- possível estudarmos a farmacologia das desenvolvidas com base em investiga- protetora e antinociceptiva de Z. rhoi- demonstradas, como antimalárica, an- evidenciadas, pois os estudos ainda
Departamento de Química do Centro de são motivos de dissertações de mes- riais. “Inicialmente, a escolha das espé- propriedades e desenvolver novos fár- ções sobre a mamica-de-porca. O in- folium deve-se principalmente às timicrobiana e antitumoral, além do não foram finalizados.
Ciências da Natureza da Universidade trado e teses de doutorado. São elas: cies ocorrem em duas vertentes: ou pelo macos para que a população possa fazer
Federal do Piauí têm se destacado na Zanthoxylum rhoifolium Lam., estudo químico ou uso da uso deles, como também, vislumbrar no
Outra espécie estudada é a Parkia platycephala, comum no Ceará, Piauí e Maranhão possui
realização de pesquisas com plantas me- Parkia platycephala, medicina popular, futuro o uso das plantas em uma prepa-
potencial forrageiro de alto valor nutritivo na vagem de faveira. Os frutos de Parkia platycephala são em-
dicinais que são coordenadas pela Pro- pois a ração com uma ação mais rápida”, ex-
pregados na pecuária como alimento para o rebanho, e algumas espécies do gênero Parkia apresentam
fessora Dra. Fernanda Regina de Castro par- plicou a pesquisadora. atividades farmacológicas de grande importância, como anti-infecciosa, antidiabética, anti-hiperli-
Almeida (NPPM) e pela Professora Dra. A Zanthoxylum rhoifolium Lam. pidêmica, analgésica e anti-inflamatória.
Mariana Helena Chaves (LPN). é uma planta popularmente utili- Estudos fitoquímicos realizados com essa espécie indicam a presença de terpenóides e
Espécies vegetais, tais como a Cenos- zada como antimicrobianos, no colesteróis. A avaliação farmacológica mostrou, até o momento, efeito gastroprotetor nos mo-
tigma macrophyllum Tul. var. acuminata tratamento da malária e de delos experimentais de lesões gástricas induzidas por etanol absoluto e etanol acidificado em
Teles Freire (Caesalpinoideae-Legu- inflamações. Popularmente camundongos, atividade inibitória da secreção gástrica, além de atividade antinociceptiva
minosae)(caneleiro), Combretum le- conhecida como mamica- em vários modelos experimentais de nocicepção química.
prosum Mart. & Eicher de-cadela, mamica-de- Segundo a pesquisadora, a Parkia também chamou atenção devido a algumas
(Combretaceae) (mofumbo, mu- porca, é uma árvore atividades relacionadas a alteração da reprodução do gado quando consumia o fruto.
fumbo), Protium heptaphyllum originária do Brasil, “Pretendemos nos aprofundar nos estudos da Parkia no que se referem a reprodução,
March. (Burseraceae) (almé- pertencente à família pois já encontramos diversas referências da espécie na literatura para várias tipos de
cega) já vinham sendo objeto Rutaceae, encon- atividades como, por exemplo, anti-inflamatória, analgésica, mas a reprodução é o que
de estudo de dissertações do trada em quase vem chamando atenção do grupo de estudos, principalmente, porque é uma planta bas-
mestrado em Farmacologia e todo o país, princi- tante comum na nossa região”.
doutorado em Biotecnologia do palmente com dis- Fernanda acrescenta que a pesquisa é importante para se avaliar o ponto de vista
RENORBIO (Rede Nordeste de tribuição na mata toxicológico da espécie, pois os pesquisadores querem saber se existe alguma ação que in-
terfira na fisiologia do animal. “Ainda não temos dados científicos confirmados de como a
Biotecnologia). pluvial e atlântica.
Parkia altera a reprodução e qual seria a sua ação, talvez ela interfira nos níveis de hormônio
Na edição de número
do gado”, explica a pesquisadora.
10, o Sapiência divulgou
Paralelamente, a esta pesquisa, a Parkia também vem sendo estudada com base na indu-
pesquisas realizadas no ção de dor por estímulo químico de algumas substâncias, apresentando atividades durante os testes.
NPPM com a espécie Ce- Esta pesquisa é coordenada pela professora e doutora em Bioquímica, Salete Maria da Rocha Cipriano
nostigma macrophyllum, Brito e aborda a neuropatia diabética crônica que aparece em animais e seres humanos diabéticos.
conhecida como Cane- Parkia platycephala
leiro. Os trabalhos com
esta espécie vem sendo
intensificados com estu-
dos de mecanismos e iden- A Sida santaremnensis, popularmente conhecida como vassourinha, é outra espécie estu-
tificação de substâncias. dada no NPPM. Várias espécies do gênero Sida são comuns no nordeste do Brasil, mas S. santarem-
Mesmo com a continui- nensis ainda não possui muitos estudos. A literatura apresenta trabalhos mostrando que espécies do
dade daquelas pes- gênero Sida apresentam atividades farmacológicas como hipotensora, bradicárdica e vasorrelaxante
em ratos.
Nos estudos realizados no NPPM, o extrato etanólico das partes aéreas de S. santaremnensis
DIVULGAÇÃO

promoveu efeito vasorrelaxante em anéis de artéria mesentérica e demonstrou ação gastroprotetora,


sendo eficaz em modelos de úlcera gástrica experimental, mas outras investigações encontram-se em
andamento com tal espécie. “Inicialmente, realizamos estudos in vitro, mas com a constatação desta
atividade vasorelaxante será possível realizar estudos mais aprofundados que podem ser importantes
no tratamento da hipertensão ou outros problemas cardiovasculares, mas ainda precisamos de estudos
complementares”, explica Fernanda Almeida. Sida santaremnensis
16 TERESINA-PI, MARÇO DE 2010

Estudos revelam que a Sapucaia apresenta A Professora Fernanda Almeida esclarece que a espécie Lecythis pisonis ainda
ação analgésica e antipruriginosa não possui estudos químico-farmacológicos, mas que na medicina popular o decocto
Já a Lecythis pisonis, também conhecida como Sapucaia, trata-se de uma árvore frondosa, (infusão na água) da casca é tônico e diurético e as sementes são tidas por afrodi-
de casca grossa e que se tornou objeto de estudo do NPPM. As cascas da espécie são adstrin- síacas. A água, posta para ferver dentro do fruto vazio, chamado pelo povo de cum-
gentes, em cozimento e infusão, no tratamento de diarréias, enquanto as folhas em chá ou in- buca, é usada 12 horas depois, sendo muito apreciada contra as doenças do aparelho
fusão são usadas como tonicardíacas e diuréticas e podem ser usadas no banho contra coceira. urinário e, em lavagem, para livrar o rosto de manchas e empigens.
Estudos iniciais com esta es-

DIVULGAÇÃO
pécie mostram atividade cito-
protetora e inibitória do prurido
induzido por substâncias quími-
cas em animais, o que também
se observa no uso popular desta
espécie. A avaliação da ativi-
dade analgésica de L. pisonis é
também objeto de outro projeto
de pesquisa em desenvolvi-
mento no NPPM. “O estudo
com a Sapucaia iniciou a partir
do uso popular em banhos para
tratar os casos de coceira e vem
apresentado resultado prelimi-
nar com atividades antiprurigi-
nosas comprovadas em modelos
de animais com prurido e se
mostrando eficiente. Além
disso, a ação do prurido pode vir
a ser uma ação analgésica, o que
já está sendo motivo para novas
pesquisas com a planta”, desta-
cou a pesquisadora.

Luiz
Profª e Drª em Francisco
Ciências Pia-
Biológicas
fernandaalmeida@yahoo.com.br
nowski
Lecythis pisonis

Crônicas Acadêmicas Psicologia do Envelhecimento

Autor: José Machado Moita Neto Organização: Deusivania V. da Silva Falcão e Ludgledson F. de Araújo
R$ 25,00 R$ 32,00
193 páginas
220 páginas
jmoita@ufpi.edu.br
araujolf@hotmail.com
O conjunto de crônicas deste livro nasceu da necessidade do autor de comunicar,
de maneira simples alguns assuntos que o interessam como professor e pesquisador O livro focaliza as relações sociais e o bem-estar subjetivo, abordando
da Universidade Federal do Piauí. O gosto pela divulgação científica nasceu na ado- a velhice e o envelhecimento em contextos diferenciados. Por meio de
lescência do pesquisador teresinense, hoje com pós-doutorado em Química. Escre- pesquisadores (em sua maioria, psicólogos) renomados em suas áreas
ver para o público veio junto com a concepção do informativo científico da FAPEPI, de atuação e oriundos das mais diversas regiões brasileiras, esta obra
em 2003. A divulgação científica e as primeiras experiências de escrever sobre oferece ao leitor a oportunidade de refletir a temática em pauta, a par-
Livros

ciência para o grande público o instigaram. As crônicas têm temas variados e refle- tir de realidades distintas, tais como, pessoas que envelhecem na zona
tem o interesse acadêmico do autor, como metodologia da pesquisa, política cien- rural, nas instituições de longa permanência para idosos e nas comuni-
tífica, estatística, filosofia da ciência, educação e química. dades ribeirinhas.

Constituionalismo, Direito e Democracia A regulação dos Recursos Hídricos

Autores: Francisco Meton Marques de Lima e Robertônio Santos Pessoa Autor: Marcos Airton de Sousa Freitas
R$ 50,00 R$ 30,00
106 páginas 174 páginas
robertoniopessoa@uol.com.br marcosfreitas@ube.org.br
O livro registra os temas discutidos durante a I Jornada de Estudos Jurídicos da UFPI, Este livro trata da análise do modelo vigente de gestão de recursos hídricos, com
realizada em 2008 e, que teve como tema “20 Anos da Constituição de 1988 – Re- seus avanços e problemas de implementação, visando a apresentar proposições ao
trospectos e Perspectivas”, que analisou e registrou os avanços efetivados nos diversos seu aprimoramento. Discute-se o atual modelo de gestão da água com ênfase nos as-
pectos de regulação e de controle social. Analisa-se a temática a partir de uma abor-
setores da sociedade brasileira por força da Constituição de 1988, após seus vinte dagem teórico-histórica da regulação (modelos de administração da água e gênese das
anos de vigência. A obra sintetiza o pensamento de experientes professores sobre três agências reguladoras) e da gestão participativa dos recursos hídricos, envolvendo a
grandes temas e ainda resgata as principais temáticas discutidas no evento. relação do Estado e da esfera pública, em especial, no âmbito dos comitês de bacias.

Jenipapo - Riacho Irrigado com Sangue da Esperaça Capoeira - O preconceito ainda existe

Autor: Antônio Fonseca dos Santos Neto Robson Carlos da Silva


Distribuição Gratuita R$ 20,00
63 páginas 252 páginas
bobraizes@hotmail.com
fnetopf@gmail.com
O livro do professor da UESPI e mestre de capoeira é fruto de sua dissertação do
A obra vem com objetivo de abordar outros sentidos na Batalha do Jenipapo, uma mestrado em Educação pela UFPI e busca apresentar uma história de identidade, plu-
luta do povo na construção do seu destino. O autor faz questionamentos sobre as raridade e diversidade cultural, sempre colocando à tona a capoeira na política cul-
tural dos espaços escolares, relacionando estudos culturais, livros didáticos de
significações insistentes até aqui formuladas acerca de tão importante episódio da história do Brasil do ensino fundamental. Ele trata que o preconceito cultural ainda
história piauiense. existe, mas que precisa ser superado.

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