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A NOCAO DE GOZO EM FREUD Freud usa as vezes 0 termo Genuss, para designar 0 go20 na sua conotagio sexual, mas para ele esse vocdbulo € apenas uma palavra da lingua, e nao um conceito da sua teoria, Genuss pode aparecer também no texto de Freud em lugar da palavra Lust (também traduzida como apette, prazer € desejo) tomando assim ums sig- nificagio préxima da palavra gozo, que € sindnimo de alegcia intensa, prazer extremo, éxtase, volipia. Quando Freud utiliza 0 termo Genuss, ndo deixa de sublinhar a énfase particular que ele Ihe dé, Notadamente no momento em que seu paciente, dito Homem dos ratos, evoca no seu tratarmento "o suplicio chinés da penetragio de um rato no anus", Freud observa uma expresséo estranha no seu rosto, “que 4 posso interpretar como 0 horror de um gozo ignorado por si mesmo”. Do mesmo modo, observa una espécie de “jubilacio mérbida” no rosie de seu neto de 19 meses, brincando de fort-da com 0 seu novele como se sentisse, na dor desse jogo, uma espécie de prazer. Freud afirma que 0 funcionamento do aparelho psiquico é governado por um principio regulador,cujo papel é parantr a busca 4o prazer (Lust, por evitagio do desprazer (Unlust), Muito esque- maticamente, isso quer dizer que toda tensio do aparelho psiguico — quer 2 sua fonte seja interna ao organismo, quer sejs ligada a fatores exteriores — € sentida como desprazer (Untust), enguanto © prazer (Lust) estéligado 2 baina dessa tensio e & volta ao estado de repouso. Esse principio regulador, de constincia, de inércia ou Ge estabilidade (esses termos sio empregados por Freud em dife- zentes momentos da sua claboragao) € canstituido pelo par prinpio de prazet/prinoipio de realidade (Lusprinzip/Realsdtsprinzip). cuja Lefinigao nao se modificard muito ao longo da obra freudiana, a partir da sua introdugio em Formulagdes sobre os dois prineipios do furcionamento mental, em 191: 90 funcionamento do aparelho 18 a mocdo de xozo em Freud 19 psiquico, as pulsdes visam primeiro satisfazer-se pelos caminhos mais curtos, mas a realidade que elas devem aprender thes impoe desvios e adiamentos para atingir a satisfag3o procurada, O prazer ide que fala a psicandlise se distingue daquele abtido pela satisfagao de uma necessidade, do qual a satisfagio das pulsdes de autocon- servacio € 0 modelo. Se no fosse assim, 0 par principio de prazeriprineipio de realidade seria apenas um prinefpio quase re- flexo de adaptagio a realidade, 20 passo que, pelo contririo, ele esté a servigo da satisfagdo pulsional. Freud sempre enfatizou que arealizagio de um desejo inconsciente (Wunscherfillune) respondia ‘8 outras exigéncias e funcionava segundo outras leis, diferentes da satisfagdo (Befriedigung) das necessidades vitais. Assim, ele pode afirmar que a realizagao do desejo tende, antes, para uma desrea- aco. H um ganho de prazer (Lustgewinn) para 0 individuo que primeizo alucina a realizagio do Wunsch pela sua representago no sonho ou na fantasia, antes de conquistar os meios de encontrar 0 objeto na realidade. Em outras palavras, o principio de realidade esté a servigo do principio de prazer ¢ prolonga a fungao deste. vverdade que a pulsiio se constitui a partir da necessidade, antes de destacar-se dela, de modo que, por exemplo, 0 prazer de comer pode ter como efeito em retorno uma erotizagio da necessidade, que pode ser assim profundamente perturbada, A alternancia ano: rexia-bulimia pode mostrar isso, As utras formas de erotizagio ddas necessidades fundamentais se fazem segundo o mesmo esquema Como exemplificam copiosamente @ experiéncia clinica ¢ a vida cotidiana, certas tensOes sdo sentidas como agradiveis © conseqilentemente se contrapdem a lei do funcionamento do apa- relho psiquico. Freud, que constata isso, a partir de entao niio pode mais contentar-se em enunciar a estrita equivaléncia entre prazer relaxamento, por um lado, desprazer e tensdo, por outro. Ele ja antecipara essa dificuldade, que tentaria resolver em Mais-além do principio de prazer. Se mantivermos que o funcionamento do aparelho psiquico € regido pelo principio de prazer, prazer desprazer sendo a tradugo qualitativa de modificagSes quantitativas dde energia, que correlagdes estabelecer entre elas, se for preciso ater-se a essa definigao econdmica? Se existem tensdes agradavels, convém diferenciar 0 prazer da sensagio de tens: ‘+a sensaglo de tensdo deveria ser relacionada com o valor absoluto da quantidade de energia investida; 20 asdimensdes do gor0 + a gradagio prazer-desprazer indicaria a modificagao da quan- tidade de investimento na unidade de tempo* — a nogao de ritmo tendo af a sua fungio. Embora nem sempre possa responder satisfatoriamente aos problemas apresentados por sua concepeio do principio de prazer, Freud atribui sempre a este um papel dominante na vida psiquica. ‘Ao contrério do que propoe uma certa tradigio filosofica do hedonismo, para a qual a finalidade da ago humana é 0 prazet, Freud demonstra que o homem pode procurar a dor como prazer. Efetivamente, ele se interroga sobre as formas de satisfagio que © individuo pode obter em stuagies nas quais ele deveria sentir desprazer (Untust).> Trata-se notadamente do prazer pretiminar a0 alo sexual, mas também da satisfagZo obtida em certas formas do destino pulsional (recalcamento ou sublimagdo) ¢ enfim em outros fendmenos dolorosos, certas brincadeiras de crianga, Jembrangas penosas, pesadelos, neuroses de guerra, neuroses trauméticas ¢ condutas de fracasso, O prazer pretiminar® “0 prazer preliminar” (Vorlust) & 0 prazer sentido na tensao do desejo antes da realizagao do ato sexual. A excitagdo sexual (que, para Freud, ndo deve ser confundida com a satisfacdo) tem como ‘feito elevar o limiae do principio de prazer, de modo que a tensio possa ser sentida como prazer. Mas se 0 “prazer preliminar” se torna importante demais e se prolonga além de um certo tempo, a forga pulsional declina, © processo nao pode continuar, pois a dor sentida no nivel do 6rgio pode levar & perda reflex da sua intumescéncia, que proporciona, pelo seu relaxamento, um certo alivio a0 sujeito. Entretanto, nesse caso, 0 “prazer terminal” no sendo obtido pela falta de chegada ao orgasmo, 0 sujeito pode experimentar nessa insatisfago sexual um sentimento de culpa, © que pode ser apenas um incidente pontual em certos mo- ‘mentos da vida sexual do adulto também pode estar ligado a uma impoténcia sexual permanente. As razSes disso s4o complexas, tanto psiquicas quanto organicas. Para Freud, em particular, & 0 caso dos sujeitos cuja infancia foi marcada por uma excessiva “precociado sexual” e que so levados a obter prazeres intensos ‘no nivel de uma zona erdgena qualquer, antes da maturagao genital,

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