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O IDOSO E O DIREITO À EDUCAÇÃO

1
Gisele Pasquini Fernandes
2
Jackeline Tiemy Guinoza Siraichi
3
Rosa Amélia Barbosa
4
Amir Limana
5
Mário Luiz Neves de Azevedo

Modalidade: Resumo expandido.


Tema gerador: Denunciar e anunciar.
Resumo: A Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso caracterizam um
grande avanço para a sociedade pensar e repensar a condição das pessoas da
terceira idade e o seu processo de envelhecimento. Neste sentido, o processo
educacional, atualmente ofertado pela EJA, deve possibilitar ao idoso sua libertação
da opressão oportunizando o acesso a uma educação libertária e emancipadora. As
políticas apresentadas no texto são tentativas para aliviarem os oprimidos, contudo,
preconizar direitos não garante o acesso e sua efetivação.

Palavras-chave: Idoso; Direito; Educação de Jovens e Adultos.

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA A INSERÇÃO SOCIAL E PARA O BEM


ESTAR DE PESSOAS IDOSAS

Segundo Vieira Pinto, em seu livro Sete Lições sobre Educação de Adultos
(1989), a educação se relaciona diretamente à existência humana em toda a sua
duração e aspectos. Nesse sentido, o autor reforça a importância da educação para
adultos. Nas palavras do autor: “A educação é o processo pelo qual a sociedade
forma seus membros à sua imagem e em função de seus interesses” (PINTO, 1989,
p. 29).
Como um direito elementar garantido pela Constituição Federal de 1988 e
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), a educação é
encarada como um agente de ação transformador, que deve ser um processo ao
longo da vida, independente de fatores diferenciais entre as pessoas, como, por
exemplo, gênero, raça, credo, idade. Desta forma, a pessoa idosa tem direito à
educação, não somente como instrumentalização ou compensação, mas enquanto
momento de questionamentos, tomada de decisões, capacitação e, acima de tudo,

1
Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: gipasquinif@gmail.com
2
Instituto Federal do Paraná – IFPR/ Astorga. E-mail: jackeline.guinoza@ifpr.edu.br
3
Instituto Federal do Paraná – IFPR/ Astorga. E-mail: rosa.barbosa@ifpr.edu.br
4
Instituto Federal do Paraná – IFPR/ Astorga. E-mail: amir.limana@ifpr.edu.br
5
Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: mlnazevedo@uem.br
Universidade Federal de Minas Gerais
Faculdade de Educação
Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha
31.270-901 | Belo Horizonte - MG | Brasil

DOI: 10.17648/paulofreire-2018-89602

diálogo, pois está inserida na sociedade e dela deve continuar participando, mesmo
que não contribua mais com sua força produtiva de trabalho.
Os artigos da Política Nacional do Idoso (PNI), Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de
1994, bem como o Estatuto do Idoso (EI), Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003,
asseguram a essa população o direito à educação, entretanto, percebemos que não
existe nenhuma política que contemple exclusivamente a educação para a pessoa
idosa. A legislação educacional brasileira considera a Educação Básica (educação
infantil, ensino fundamental, médio) e o Ensino Superior, juntamente com as
modalidades de ensino (ensino profissionalizante, educação de jovens e adultos,
educação indígena, educação especial, entre outras), porém para o idoso não há
legislação educacional específica. Sendo assim, esta parte da população insere-se
em legislações específicas da modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA),
embora não sejam prescritos ou mencionados metodologia ou didáticas apropriadas
para o ensino e a aprendizagem da mesma.
Oliveira (2012), afirma que ao incluir a população idosa na EJA, perde-se de
vista as características peculiares à idade, além de todos os atributos, diferenças
conceituais e necessidades educacionais. Entendemos que os jovens, os adultos e
os idosos possuem características diferentes e, no contexto escolar, colocá-los na
mesma sala de aula, com o mesmo plano de ensino faz com que se tente
homogeneizar um público para o qual seriam necessários procedimentos didáticos e
metodológicos distintos. Pedagogicamente, perde o jovem, o adulto e o idoso. Perde
a educação e a sociedade.
Segundo Freire (2016), na busca da pedagogia pela libertação, não podemos
alienar ou manter os homens alienados, considerando-os seres vazios aos quais o
mundo possa enchê-los de conteúdos, mas estimular a problematização e as suas
relações com o mundo. Nesta perspectiva, o projeto de trabalho proposto por Zabala
(1998) poderia ser uma alternativa.
Todo o trabalho com projetos promove um elevado nível de
envolvimento do grupo-classe, na medida em que todos estão
aprendendo e compartilhando o que aprendem. Ao mesmo tempo,
contribui para levar em conta as diferentes possibilidades e
interesses [...], a fim de que ninguém permaneça desconectado e de
que cada um encontre um lugar para participar na aprendizagem
(ZABALA, 1998, p.155).

As formas de intervenção devem levar em conta a diversidade dos idosos,


identificando o desafio de que necessitam, a fim de que se sintam estimulados.
Segundo Paro (2014), não basta o ensino verbalista, o conteúdo deve envolver
cultura, que além de conhecimentos e informações, englobam os valores, as
crenças, as condutas, etc., com a utilização de métodos que propiciem ao educando
a vivência de situações concretas. Assim, cabe ao docente pensar os recursos mais
apropriados para a consecução dos objetivos de um projeto de trabalho ampliando
continuamente a relação educador/educando.
Zabala (1998), Freire (2016) e Paro (2014) dialogam no sentido de despertar
no estudante, independentemente de sua idade, a curiosidade e a autonomia,
propõem estimular a participação dos mesmos ativamente no processo de
construção do conhecimento a ser adquirido com um olhar investigador,
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considerando a sensibilidade como uma importante ferramenta que o professor deve
fazer uso na sua prática educativa.
Ao considerar as especificidades e características do aluno idoso, a
pedagogia deve tomá-lo como cidadão, resgatando e restituindo o sentido da vida,
fazendo com que ele participe ativamente da sociedade, sendo capaz de administrar
sua vida como velho e, com isto, fazendo-o sentir-se bem e autônomo. “Já agora
ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os
homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 2016,
p.120).
É preciso que a educação possibilite ao idoso sua libertação da opressão em
que se encontra. A opressão é instalada desde cedo e o indivíduo que envelheceu,
em um processo biológico natural, é colocado em um “aposento” e deve ser
substituído nas relações. Entendemos que a educação, segundo pontua Oliveira
(2012), representa a possibilidade de mudanças conceituais em relação ao
envelhecimento e a velhice e, principalmente, como o sujeito envelhecido se vê
nessa condição.
Vista como um fato existencial e social, num processo, conforme reforça Pinto
(1989), a educação é considerada como um fenômeno cultural e não consiste na
formação uniforme de todos os indivíduos porque se desenvolve sobre o processo
econômico da sociedade. É em si uma atividade teleológica, sempre visa um fim,
sendo um fato de ordem consciente, um processo exponencial, com uma essência
concreta e de natureza contraditória. Em suas palavras: “Quanto mais educado,
mais necessita o homem educar-se e, portanto, exige mais educação. Como esta
não está jamais acabada, uma vez adquirido o conhecimento existente (educação
transmissiva) ingressa-se na fase criadora do saber (educação inventiva)” (PINTO,
1989, p. 33-34), que deve, segundo Freire (1996), estimular a imaginação, a
intuição, as emoções, o diálogo, a indagação e a capacidade de conjecturar e de
comparar.
Entendemos que a PNI e o EI caracterizam um grande avanço para que a
sociedade pudesse pensar e repensar a condição do idoso (e seu papel na própria
sociedade) e o processo de envelhecimento. Uma tentativa generosa de aliviar os
oprimidos, conforme Freire (2016). Contudo, preconizar direitos não é garantir o
acesso e sua efetivação. É preciso que se concretizem políticas públicas
favorecendo a participação dos idosos ao que a lei apresenta. Nesse sentido, inserir
pessoas da terceira idade em salas de aulas de EJA, apenas para cumprir a lei, sem
que suas necessidades educacionais sejam observadas, não tem um resultado
positivo do ponto de vista de favorecer uma participação consciente na sociedade,
de libertar os oprimidos.
Compreendemos que é preciso considerar todos os aspectos que levam uma
pessoa idosa buscar os bancos escolares. É razoável supor que as diferenças de
objetivos entre os alunos de diversas faixas etárias sejam o princípio para um
trabalho pedagógico voltado ao que a educação pode contribuir para cada um dos
alunos. Um jovem ou adulto jovem, provavelmente busca melhorias intelectuais para
conseguir melhor posição no mercado de trabalho, por exemplo. E o idoso, quais
são seus objetivos ao ingressar em uma turma de EJA? Este questionamento nos
faz refletir sobre qual é o papel do professor na sala de aula de EJA com pessoas de
faixa etária tão diversa.
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Como exemplo temos o Programa Nacional de Integração da Educação
Profissional com a Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e
Adultos (PROEJA) ofertado pelos Institutos Federais que tenta mudar a perspectiva
do idoso na sua condição de oprimido socialmente, mas segundo Otranto (2011),
muito ainda tem que ser feito para alterar este quadro.

Os obstáculos a serem transpostos vão desde a adequada


capacitação dos docentes para lidar com a EJA, até a implantação de
um currículo interdisciplinar, conforme preconizado no documento
base. O resultado com o qual nos deparamos, no momento, é de
grande evasão nesses cursos, quase sempre oferecidos por
professores despreparados e desmotivados para colocar em prática
uma proposta de EJA que realmente atenda às necessidades
educacionais dos estudantes e da sociedade brasileira. Há algumas
iniciativas pontuais, mas que ainda não conseguiram mudar o quadro
nacional. Acompanhar o processo de implantação do PROEJA nos
Institutos Federais deve ser um dos focos de investigação dos
pesquisadores da área (OTRANTO, 2011, p. 4-5).

De fato, falta incentivo e preparo dos docentes para implementação efetiva


desta política, além da "boa vontade" em querer ensinar nesta modalidade de
ensino, considerada com o "tendão de Aquiles" dos Institutos Federais. Nossa
perspectiva é acompanhar o fomento desta política de forma consistente, aparando
as arestas já identificadas, bem como construindo e propondo alternativas para sua
consolidação, a fim de que a mesma não seja vista como uma "caridade", já
mencionada por Freire (2016):

A falsa caridade, da qual decorre a mão estendida do “demitido da


vida”, medroso e inseguro, esmagado e vencido. Mão estendida e
trêmula dos esfarrapados do mundo, dos “condenados da terra”. A
grande generosidade está em lutar para que, cada vez mais, estas
mãos, sejam de homens ou de povos, se estendam menos em gesto
de súplica (FREIRE, 2016, p.64).

Os idosos foram “demitidos da vida”. Muitas vezes sem sequer passar pela
escola, esses homens e mulheres trabalharam duro e, com afinco, participaram da
construção de uma sociedade que o exclui tão logo este se encontre inserido em
uma faixa etária pré-determinada como improdutiva. Assim, cabe à educação
estabelecer uma relação dialógica e democrática entre a política e os sujeitos, de
forma a reordenar e reconstruir um processo de ensino e aprendizagem que busque
a construção crítica e reflexiva dos conhecimentos. “Nenhuma ação educativa pode
prescindir de uma reflexão sobre o homem e de uma análise sobre suas condições
culturais. Não há educação fora das sociedades humanas e não há homens
isolados” (FREIRE, 1979, p. 61).

Vale dizer: não importa se o projeto é de alfabetização de adultos, se


de educação sanitária, se de cooperativismo, se de evangelização, a
prática educativa será tão mais eficaz quanto, possibilitando aos
educandos o acesso a conhecimentos fundamentais ao campo em
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que se formam os desafie a construir uma compreensão crítica de
sua presença no mundo (FREIRE, 2000, p. 41- 42).

Há ainda outros aspectos a serem considerados sobre esta temática,


contudo, esbarramos no limite deste trabalho. Para finalizar, ressaltamos que as
políticas propostas não têm assegurado o despertar do idoso para o
desenvolvimento de suas habilidades esquecidas, estimulando-o para entender a
velhice no mundo a sua volta. Muito temos a fazer, pois entendemos a educação
como o caráter permanente do homem, um ser inacabado (FREIRE, 1996), logo, se
a vida for longa, longo será o tempo de aprender e ainda, "mudar é difícil mas é
possível [...] se progressista, intervenho para mudar o mundo, para fazê-lo menos
feio, mais humano, mais justo, mais decente" (FREIRE, 2000, p. 52).

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 10.741/2003, dispõe sobre o estatuto do idoso e dá outras
providências. Ministério da Saúde. Estatuto do Idoso. Brasília: Ministério da Saúde,
2013.
BRASIL. Lei nº 8.842, de 4 janeiro de 1994. Política Nacional do Idoso. Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2007.
BRASIL. Lei nº 9.394/96, Lei de diretrizes e bases para a educação nacional.
Ministério da Educação.
FREIRE, P. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São
Paulo: Editora UNESP, 2000.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 60a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016.
OLIVEIRA, R. C. S. Políticas públicas, educação e a pesquisa sobre o idoso no
Brasil: diferentes abordagens da temática nas teses e dissertações (de 2000 a 2009)
–UEPG – 2012 IX ANDEP sul seminário de pesquisa em educação da região sul.
OTRANTO, C. R. A política de educação profissional do Governo Lula. Trabalho
aprovado para apresentação na 34a Reunião Anual da ANPEd. Natal, RN, 2011.
Disponível em: https://bit.ly/2NHetC2. Acesso em: 10 out. 2017.
PARO, V. H. Educação como exercício do poder: crítica ao senso comum em
educação. 3a ed. São Paulo: Cortez, 2014. (Coleção questões da nossa época, v. 4).
PINTO, A. V. Sete lições sobre a educação de adultos. São Paulo: Cortez, 1989.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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