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Revista CIER Nº 57 - Diciembre 2010 Seguridad

Aterramento temporário para


linhas de transmissão: análise da
segurança humana
Wagner Eustáquio Diniz / RITZ
Mário Fabiano Alves / PUC Minas
BRASIL
wagnered@ritzbrasil.com.br

IV Congreso Internacional: Trabajos con Tensión y Seguridad en Transmisión y


Distribución de Energía Eléctrica - IV CITTES 2009
21 al 24 de abril de 2009
Buenos Aires, Argentina

Resumo: Este trabalho apresenta um estudo para determinação do


ÍNDICE melhor local para instalação do aterramento temporário utilizado nas
intervenções nas linhas de transmissão desenergizadas, bem como um
I. INTRODUÇÃO estudo da viabilidade do uso da chave de aterramento nas subestações
juntamente com o aterramento temporário. Foram avaliadas diversas
II. METODOLOGIA PROPOSTA
conÞgurações de instalação do aterramento temporário e determinada
III. APLICAÇÃO DA METODO- qual é a mais eÞcaz no cumprimento do principal objetivo deste equipa-
GIA PROPOSTA mento, que é garantir a segurança do pessoal envolvido nas atividades
de manutenção ou construção de instalações elétricas desenergizadas.
IV. CONCLUSÕES Os procedimentos tradicionais de aterramento temporário em linhas de
transmissão têm se mostrado inadequados quando os níveis de indução
V. REFERÊNCIAS são muito elevados, além disso, foi evidenciado que não existe padro-
nização destes procedimentos nas concessionárias de energia elétrica.

condição aparentemente segura para a execução


I. Introdução de trabalhos. Entretanto, elas podem ser indevi-
damente energizadas por diversos fatores, tais
O aterramento temporário das instalações elé- como: erros de manobra, contato acidental com
tricas desenergizadas e liberadas para a realiza- outros circuitos energizados, tensões induzidas
ção de manutenção ou construção, têm recebido por linhas adjacentes, fonte de alimentação de
uma considerável atenção, devido ao crescente terceiros, descargas atmosféricas, mesmo que
aumento da potência instalada e à existência de distante dos locais de trabalho, dentre outros.
um sistema interligado através de linhas de alta e
extra-alta tensão. O aterramento temporário possui outra impor-
tante função, a de minimizar os efeitos das indu-
As intervenções em instalações elétricas de- ções eletromagnéticas provocadas por circuitos
senergizadas apresentam, à primeira vista, uma energizados que se localizam próximos ao circuito

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onde será realizada a manutenção. Atualmen- Serão apresentados resultados de simulações


te são comuns grandes extensões de linhas de envolvendo diversas conÞgurações de aterramen-
transmissão, com longos trechos de paralelismo, to temporário, sendo: aterramento local (instalado
estruturas com circuito duplo, etc., estes são al- apenas no local de trabalho), aterramento das es-
guns fatores que contribuem para o agravamento truturas adjacentes (instalado apenas nas estru-
desse fenômeno. turas laterais ao local de trabalho) e aterramento
combinado (é a junção das duas conÞgurações
A importância e necessidade do aterramento anteriores). As simulações computacionais foram
temporário Þzeram com que o Ministério do Tra- realizadas, juntamente com a inclusão ou não do
balho e Emprego do Brasil, na última revisão da uso das chaves de aterramento instaladas nas su-
norma NR-10 [1], tornasse obrigatório o seu uso bestações das extremidades da linha de transmis-
em qualquer instalação elétrica sob intervenção, são sob intervenção.
com o intuito de reduzir o número de acidentes no
setor elétrico. II.1. Configurações das Linhas de Transmissão

Para a realização das simulações computacio-


II. Metodologia proposta nais foram escolhidos dois modelos típicos de es-
truturas para linhas de transmissão com classes
O problema é analisado em duas etapas. Pri- de tensões utilizadas em diversas concessioná-
meiro, é analisada a questão do acoplamento rias brasileiras. O trabalho foi desenvolvido utili-
eletromagnético entre duas linhas com certo com- zando-se um caso exemplo com uma LT 500 kV
primento de paralelismo, utilizando-se os recur- (sistema interferente) e uma LT 138 kV (sistema
sos computacionais do programa ATP - Alternati- interferido; local de trabalho) paralela à primeira,
ve Transients Program [2]. Isto permite obter-se em um mesmo corredor de transmissão.
uma série de informações importantes, tais como:
corrente e tensão a que o eletricista estará sujei- Na linha de transmissão de 138 kV foi utiliza-
to quando trabalhando na estrutura e ainda a ele- da a estrutura L6 [6] e na linha de transmissão de
vação de potencial da estrutura. Numa segunda 500 kV foi utilizada a estrutura SX [7], ambas com
etapa, são calculados os potenciais de toque que circuito simples, cujos dados utilizados nas simu-
estarão submetidos os eletricistas no solo, em lações computacionais foram obtidos da conces-
contato com a estrutura. sionária local. A Þgura 7 apresenta a seção trans-
versal do corredor de transmissão, com indicação
As correntes e tensões a que o eletricista es- da geometria das LT’s utilizadas.
tará submetido são então confrontadas com os li-
mites admissíveis pelas normas IEEE Std 80 [3], II.2. Configuração do Conjunto de Aterramento
IEEE Std 1048 [4], NR-10 [1] e NBR-5410 [5] (ver
tabela 1). Para o conjunto de aterramento foram considera-
das informações fornecidas por um fabricante [8].

Tabela 1. Valores de Queda de Tensão e Corrente Máximas II.3. Modelo Computacional


Permitidas
Serão consideradas apenas linhas de transmis-
são com comprimento curto e médio, podendo ser
representadas com precisão suÞciente por parâ-
metros concentrados [9].

O comprimento da maior linha de transmissão


simulada foi de 100 km, por ser suÞcientemente
elevado, representativo e por possibilitar a análise
e conclusões sobre os problemas considerados.

Foi considerada a resistividade do solo típica do


Estado de Minas Gerais, cujos valores médios são
de 2.400 ȍ.m, mas que podem atingir até 20.000
ȍ.m em algumas regiões [10].

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Todas as distâncias entre os condutores tive- entre cada condutor de uma LT com os condutores
ram como referência o centro da estrutura de 500 da outra LT. O modelo considera ainda a inßuência
kV, conforme Þgura. do solo nos acoplamentos.

As linhas de transmissão foram modeladas


considerando um circuito ʌ à cada vão, sempre III. Aplicação da metodologia proposta
com comprimento de 500 metros. A rotina suporte
do pacote de programas do ATP utilizada é a Line Os procedimentos de instalação do aterramen-
Constants, Cable Constants and Cable Parame- to temporário se divergem entre as concessioná-
ters (LCC) especíÞca para cálculo de parâmetros rias e empresas usuárias, não existindo assim um
de linhas de transmissão, através da entrada dos procedimento padrão [11], [12], [13] e [14].
dados da geometria das estruturas e dos cabos
condutores e pára-raios utilizados. Essa divergência Þca ainda mais evidente
quando se trata de aterramento temporário para li-
Para determinação do valor da impedância in- nhas de transmissão, devido a diversos fatores tais
terna da fonte foi considerado um nível de curto como: grande variedade de modelos de estruturas,
circuito de 25.980 MVA em 500 kV. diferentes experiências práticas das empresas, fal-
ta de atualização dos procedimentos de trabalho,
Foi considerada uma carga tipo RL para a cir- falta de troca de experiências entre as empresas,
culação de um valor de corrente nominal de apro- poucas pesquisas sobre o assunto, dentre outros.
ximadamente 1.000 A.
III.1. Simulações Computacionais
Em todas as estruturas da LT 138 kV os cabos
pára-raios foram aterrados e foram considerados Os aterramentos temporários foram classiÞcados
valores típicos de resistência de pé de torre igual quanto ao local de sua instalação, sendo: Aterra-
a 30 ȍ e de resistência equivalente da subestação mento Local (instalado apenas no local de trabalho),
igual 2 ȍ. Aterramento das Estruturas Adjacentes (instalado
apenas nas estruturas laterais ao local de trabalho) e
A LT 500 kV foi modelada com cinco conduto- Aterramento Combinado (é a junção das duas conÞ-
res, sendo dois cabos pára-raios e três fases. A LT gurações anteriores). As simulações computacionais
138 kV foi modelada com quatro condutores, sen- foram feitas seguindo esta classiÞcação, juntamente
do um cabo pára-raios e três fases. Em ambas as com a inclusão ou não do uso das chaves de ater-
LT’s foram considerados os acoplamentos capaci- ramento instaladas nas subestações das extremida-
tivo e indutivo, entre os condutores de cada LT e des da linha de transmissão de 138 kV.

Configuração das LT’s

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Os principais resultados apresentados pelas si- as quedas de tensão e correntes máximas permi-
mulações são: tidas de 8 V na torre, 16 V no solo e 16 mA, todos
referentes aos limites de let-go; 25 V na torre, 50 V
- corrente no homem: corrente circulando no corpo no solo e 50 mA, todos referentes aos limites para
do homem; que não que haja Þbrilação ventricular.
- tensão no homem: diferença de potencial que o
homem está submetido; Foram medidas também as correntes que cir-
- corrente na estrutura: parte da corrente que cir- cularam nos três cabos do aterramento temporário
cula nos três cabos de aterramento, na estrutura que, quando somadas, chegaram a atingir valores
e dissipa no solo através da resistência de pé de superiores a 56 A. Entretanto, foi observado que a
torre; maior parte desta corrente circula pelo cabo pára-
- elevação de potencial na estrutura: tensão devi- -raios, pois, esse possui menor impedância que a
da a circulação da corrente na estrutura e resis- resistência de pé de torre, por onde circula a cor-
tência de pé de torre; rente na estrutura, mostrada nos gráÞcos. Esta é
- tensão de toque: diferença entre a elevação de a corrente que é injetada no solo através da re-
potencial na estrutura e o potencial no solo ime- sistência de pé de torre, provocando a elevação
diatamente abaixo dos pés do homem. de potencial da estrutura e, consequentemente, o
surgimento das tensões de passo e toque no solo.
Todos os resultados estão apresentados em
função da distância do local onde o aterramen- Nos gráÞcos que se seguem, todos os valores
to temporário foi instalado, sendo a referência a apresentados são valores eÞcazes.
fonte. Estes valores serão apresentados a seguir
através de gráÞcos, a Þm de facilitar a visualização Foram realizadas mais de 150 simulações
e realizar a comparação entre as conÞgurações de computacionais, as quais estão resumidamente
aterramento simuladas. relacionadas na tabela 2, divididas em casos, que
representam possíveis procedimentos utilizados
Os gráÞcos de corrente e tensão no homem são pelas concessionárias para a realização do aterra-
de grande interesse, pois, demonstram os valores mento temporário. O objetivo é apresentar a me-
que o eletricista estará submetido quando estiver lhor maneira de se realizar o aterramento tempo-
trabalhando na estrutura da linha de transmissão rário, proporcionando assim, maior segurança aos
desenergizada. Estes valores serão comparados eletricistas envolvidos nas intervenções.
com os valores apresentados na tabela 1, sendo

Tabela 2. Simulações Computacionais Realizadas

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III.1.1. Simulações com Aterramento Local Entretanto, nos Casos 1 e 2, na maioria dos
pontos onde foram instalados os aterramentos
A Þgura 1 mostra gráÞcos com os valores encon- temporários, estes valores são maiores quando
trados nas simulações com Aterramento Local estas chaves estão fechadas. Além disso, obser-
sem o uso de Chaves de Aterramento, utilizando va-se que há uma variação muito pequena destes
duas Chaves de Aterramento fechadas em am- valores ao longo da linha de transmissão quan-
bas as extremidades da linha de transmissão, nas do as chaves de aterramento não são utilizadas,
subestações e utilizando apenas uma Chave de comprovando que os níveis de indução eletrostá-
Aterramento, ora próximo à fonte, ora próximo à tica encontrados independem da localização do
carga. aterramento temporário ao longo da linha, como
[15]. Porém, a corrente que circula na estrutura
Nas análises da Þgura 1, observa-se que tanto apresenta valores suÞcientemente altos, pois, a
os valores de tensão quanto de corrente no ho- elevação de potencial na estrutura é grande, com
mem estão muito inferiores aos valores permiti- valores bastante superiores aos limites de segu-
dos, de acordo com a tabela 1, independente da rança na própria estrutura, chegando a 40 V, sen-
utilização ou não das chaves de aterramento. do este valor próximo também do limite de segu-
rança no solo, que é 50 V sem que haja Þbrilação
ventricular, concordando também com [15] e [16].

Figura 1. Valores encontrados nas Simulações com Aterramento Local

Fig. 1 - Caso 1 Fig. 1 - Caso 2

Fig. 1 - Caso 3 Fig. 1 - Caso 4

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Nos Casos 3 e 4, observa-se que há um aumen- transmissão, nas subestações e utilizando apenas
to progressivo da corrente na estrutura e, conse- uma Chave de Aterramento, ora próximo à fonte,
quentemente na elevação de potencial na estrutu- ora próximo à carga.
ra, à medida que o local onde o aterramento tempo-
rário está instalado se distancia da chave de ater- Nas análises da Þgura 2, observa-se que houve
ramento fechada, tanto na fonte quando na carga. uma elevação, tanto dos valores de tensão quanto
O maior valor é alcançando quando o aterramento corrente no homem, comparando os Casos 1 e 2
está instalado próximo da chave de aterramento com os Casos 5 e 6, porém, estes valores ainda
que está aberta, comprovando que os níveis de in- estão muito inferiores aos valores permitidos, inde-
dução eletromagnética são máximos nesta conÞgu- pendente da utilização ou não das chaves de ater-
ração, assim como [15]. ramento. Entretanto, nos casos 5 e 6, na maioria
dos pontos onde foram instalados os aterramentos
Isso acontece devido ao aumento do circuito fe- temporários, estes valores são maiores quando
chado, formado pela chave de aterramento, linha as chaves de aterramento não são usadas, tendo
de transmissão, aterramento temporário e retorno o comportamento contrário à conÞguração com o
pela terra. Este circuito fechado ou laço é comu- aterramento local, Casos 1 e 2. Porém, a variação
mente conhecido como loop indutivo. Devido a este dos valores nos Casos 5 e 6 apresenta o mesmo
loop, observa-se que foram encontrados os valores perÞl dos Casos 1 e 2, coincidindo com [15]. Já as
mais elevados de corrente na estrutura e eleva- elevações de potenciais na estrutura nos Casos 5 e
ção de potencial na estrutura, das três conÞgura- 6 são mais elevadas do que as tensões dos Casos
ções, chegando a 8 A e 242 V, respectivamente. 1 e 2, chegando a valores superiores a 50 V, con-
cordando também com [15] e [16].
Assim, os resultados indicam que o uso de ape-
nas uma Chave de Aterramento não é recomenda- Nos Casos 7 e 8, houve um aumento elevado
do nesta conÞguração de instalação do aterramen- tanto dos valores de tensão quanto corrente no
to temporário. homem, Þcando muito próximo ou excedendo aos
valores permitidos (let-go), de acordo com a tabela
1, independente de qual Chave de Aterramento es-
III.1.2. Simulações com Aterramento das Estruturas teja fechada, a mais próxima ou a mais distante do
Adjacentes aterramento temporário. Além disso, os valores da
elevação de potencial na estrutura Þcaram superio-
A Þgura 2 mostra gráÞcos com os valores en- res a 195 V.
contrados nas simulações com Aterramento das
Estruturas Adjacentes ao local onde será realiza- Assim como na conÞguração com o Aterramento
da a intervenção sem o uso de Chaves de Ater- Local, os resultados indicam que o uso de apenas
ramento, utilizando duas Chaves de Aterramento uma Chave de Aterramento não é recomendado
fechadas em ambas as extremidades da linha de nesta conÞguração de instalação do aterramento
temporário.
Figura 2. Valores encontrados nas Simulações com Aterramento das Estruturas Adjacentes

Limite = 8V
Limite = 16mA

Fig. 2 - Caso 5 Fig. 2 - Caso 6

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Fig 2 - Caso 7 Fig. 2 - Caso 8

III.1.3. Simulações com Aterramento Combinado

A Þgura 3 mostra gráÞcos com os valores en- ambas as extremidades da linha de transmissão,
contrados nas simulações com Aterramento Com- nas subestações e utilizando apenas uma Chave
binado sem o uso de Chaves de Aterramento, uti- de Aterramento, ora próximo à fonte, ora próximo
lizando duas Chaves de Aterramento fechadas em à carga.

Figura 3. Valores encontrados nas Simulações com Aterramento Combinado

Fig. 3 - Caso 9 Fig. 3 - Caso 10

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Fig. 3 - Caso 11 Fig. 3 - Caso 12

Nas análises da Þgura 3, observa-se que tanto Este trabalho não tem o estudo do sistema de
os valores de tensão quanto corrente no homem aterramento permanente como objetivo. Entretan-
estão muito inferiores aos valores permitidos, de to, a Þm de determinar o risco que os eletricistas
acordo com a tabela 1, independente da utilização que estão no solo estarão submetidos durante todo
ou não das chaves de aterramento, assim como na o tempo gasto na intervenção, o cálculo da distri-
conÞguração com Aterramento Local. buição de potenciais no solo nas proximidades da
estrutura (local de trabalho), envolvendo, portanto,
Entretanto, os Casos 9 e 10 tiveram o mesmo a topologia do sistema de aterramento permanente,
comportamento dos Casos 5 e 6, ou seja, na maio- torna-se importante. O eletricista estará sujeito à di-
ria dos pontos onde foram instalados os aterramen- ferença de potencial entre a estrutura e o solo onde
tos temporários, os valores de tensão e corrente ele estiver, que é a Tensão de Toque. O valor do
no homem são maiores quando as chaves de ater- potencial de toque será sempre um pouco inferior
ramento não são usadas, tendo o comportamento ao valor da elevação de potencial na estrutura.
contrário à conÞguração com o aterramento local,
Casos 1 e 2. As tensões medidas na estrutura tam- A elevação de potencial no sistema de aterra-
bém têm valores muito próximos dos valores en- mento permanente, em baixas freqüências, é basi-
contrados nos Casos 5 e 6. camente função da resistência de aterramento e da
corrente que circula no mesmo [17]. Para o cálculo
Quanto aos valores de elevação de potencial na da tensão de toque (local de trabalho), será usada
estrutura, os Casos 11 e 12 foram semelhantes aos uma conÞguração de sistema de aterramento per-
Casos 7 e 8, chegando a mais de 190 V. manente típica utilizado nas estruturas das linhas
de transmissão.
Assim como nas conÞgurações anteriores, os
resultados indicam que o uso de apenas uma Cha- A Þgura 4 ilustra um arranjo típico de um sistema
ve de Aterramento não é recomendado nesta con- de aterramento permanente para estruturas metá-
Þguração de instalação do aterramento temporário. licas de linhas de transmissão de 138 kV, utilizado
pela concessionária local, com Þos contrapesos
III.2. Cálculo do Potenciais de Toque dispostos radialmente e interligados à estrutura. Os
contrapesos L2 e L3 são instalados apenas em es-
III.2.1. Sistema de Aterramento Permanente truturas localizadas em áreas urbanas [18], sendo
a minoria quando comparada com toda a extensão
O comportamento do sistema de aterramento per- da linha. Assim, esses não serão utilizados, já que
manente (sistema de aterramento das estruturas isto corresponde a uma situação de maior risco no
das LT’s) em freqüência industrial é um assunto que concerne à questão dos potenciais de toque
conhecido e existem diversas ferramentas compu- resultantes.
tacionais para cálculos e análises, além de farta bi-
bliograÞa que trata deste assunto.

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de 6,4 metros [17]. Em situações com esta é razo-


ável considerar-se a resistividade do solo constan-
te para o cálculo da distribuição de potenciais no
solo nas proximidades da estrutura (local de tra-
balho), desprezando-se a inßuência da segunda
camada do solo. O valor da resistividade do solo
será o mesmo utilizado nas demais simulações,
2.400 ȍm.

III.2.3. Tensão de Toque

A Tensão de Toque será a diferença entre ele-


vação de potencial na estrutura e o potencial no
Figura 4. Arranjo típico de um sistema de aterramento per- solo imediatamente abaixo dos pés do homem. O
manente de estruturas metálicas de 138 kV
potencial no solo devido a um condutor de compri-
mento l, transportando uma corrente I, num solo
Será levado em consideração apenas o valor da
de resistividade r, é dado pela equação 1 [19].
corrente injetada na estrutura no local de trabalho,
Esta equação se aplica a cada trecho do contrape-
devida à indução na LT de 138 kV provocada pela
so, sendo o resultado Þnal no ponto de interesse
LT de 500 kV, na conÞguração com Aterramento
(Þguras 5 e 6) obtido por superposição de efeitos.
Local sem o uso de Chaves de Aterramento, onde
foi obtido o maior valor. Isto corresponde ao Caso
1, sendo a corrente injetada no aterramento igual (1)
a 0,83 A. A média dos valores desta corrente é de
0,72 A e o desvio padrão é de 0,074. Onde:
U(x,y) = tensão no pé do eletricista devido a cada trecho l
Il(n) = corrente no trecho de contrapeso dada conforme
Além disso, serão desprezadas as contribuições
equação 2
dos trechos de contrapeso que estejam suÞciente-
= resistividade do solo,
mente distantes do ponto onde se situa o trabalha- l(n) = comprimento do trecho
dor. A simpliÞcação do arranjo é mostrada na Þgura 5. do contrapeso enterrado,
x = distância longitudinal do centro do contrapeso ao
pé do homem
y = distância horizontal do centro do contrapeso ao pé
do homem
d = profundidade do contrapeso, 0,5 m

Foi considerado que a corrente injetada na es-


trutura se distribui uniformemente no anel equali-
zador e contrapeso, e proporcionalmente ao com-
primento deste, conforme equação 2.

(2)

Figura 5. Arranjo simplificado de um sistema de aterramento Onde:


permanente utilizado para cálculo da distribuição de poten- I torre = corrente na estrutura
ciais no solo Il(n) = corrente proporcional a cada trecho de contrape-
so considerado
III.2.2. Contrapeso l(n) = comprimento do trecho do contrapeso enterrado
n = número do contrapeso conforme Þgura 5, sendo 1 a 6
Os contrapesos são cabos enterrados no solo a l = comprimento total do contrapeso
A Tensão de Toque é dada pela equação (3):
uma profundidade variável de 20 centímetros a 1
metro, conectados aos pés ou base das estruturas
(3)
das linhas de transmissão [17].
Onde:
A profundidade média da primeira camada de Vtorre = elevação de potencial na estrutura
resistividade do solo no Estado de Minas Gerais é U(x,y) = tensão no pé do eletricista devido a cada trecho l(n)

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Figura 6. Arranjo de cada contrapeso para cálculo da distribuição de potenciais no solo

A tabela 3 apresenta os valores calculados de cuito, pois apresentaram valores muito superiores
tensão de toque em regiões normais e durante um ao permitido. Por outro lado, utilizando como refe-
curto-circuito na LT 500 kV, e permite uma compa- rência o limite sem que haja Þbrilação ventricular,
ração dos valores referentes aos limites de let-go tanto as Tensões de Toque provocadas pela indu-
e aos limites sem que haja Þbrilação ventricular. ção em regime permanente quanto as Tensões de
Toque provocadas por um curto-circuito não são
O valor encontrado para Tensão de Toque, de- perigosas.
vido à indução em regiões normais, é considera-
do muito perigoso, por ser maior que o dobro do
valor permitido, visto que a diferença máxima de IV. Conclusões
potencial que o homem pode ser submetido é de
16 V, em regime permanente, utilizando o limite Através das análises realizadas, Þcou com-
de let-go. Por outro lado, utilizando o limite de cor- provada a importância e a necessidade do uso
rente sem que haja Þbrilação ventricular, o valor do aterramento temporário nas intervenções em
encontrado não é perigoso, pois está abaixo do linhas de transmissão desenergizadas.
valor permitido de 50 V.
Através das simulações computacionais das
Quanto ao valor encontrado para a Tensão de conÞgurações dos aterramentos temporários de
Toque devido ao curto-circuito, não é considerado acordo com o local de sua instalação, pôde-se ve-
perigoso, quando o tempo de atuação da proteção riÞcar qual é o procedimento mais adequado e que
for 0,1 s. Entretanto, para tempos maiores de atua- proporciona maior proteção aos eletricistas, tanto
ção da proteção, os valores encontrados para a Ten- os que estão no solo, quanto os que estão na es-
são de Toque tornam-se perigosos por serem maio- trutura sob intervenção.
res que os limites permitidos, conforme tabela 1.
Pôde-se concluir que as chaves de aterramen-
Comparando os valores encontrados, utilizan- to nos terminais da linha são desnecessárias para
do como referência o limite de let-go, as Tensões o aterramento temporário para linhas de transmis-
de Toque provocadas pela indução, em regime são de alta indução (longos trechos de paralelis-
permanente, em regiões normais são mais perigo- mo), sendo que seu uso reduz a segurança dos
sas que as tensões provocadas por um curto-cir- eletricistas no local de trabalho.

Tabela 3. Valores Calculados de Tensão de Toque

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Entretanto, para linhas com pequenos compri- [6] COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS.
mentos de paralelismo, o uso das chaves de 30.000 - OT/PL3-2462 - Características das Estruturas
aterramento deve ser analisado, pois neste caso, L6, H6L7, L3A, H3L4A. Minas Gerais: CEMIG, 1986.
seu uso não reduz segurança e, no caso de uma [7] COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS.
energização acidental, garantirá a proteção ao 30.000 - ER/LT-007 - Estruturas SX, SY, MX, LX, LY,
eletricista. AS1, BS1, BT1 500 kV Características. Minas Gerais:
CEMIG, 1998.
Os resultados permitem concluir que a utiliza- [8] RITZ DO BRASIL S.A. Catálogo de Produtos. Dez.
ção do aterramento temporário somente na estru- 2007.
tura em manutenção apresenta as condições de [9] STEVENSON, William D. Elementos de Análise de
maior segurança para o eletricista. Os potenciais e Sistemas de Potência. 2. ed. São Paulo: Editora Mc
correntes resultantes quando do uso deste proce- Graw-Hill, 1986. 458 p.
dimento estão dentro dos limites de normas quan-
[10] CARVALHO, André M. et al. Tecnologias para Dimi-
do o critério for o risco de Þbrilação ventricular, ul-
nuir Desligamentos de Linhas de Transmissão. Eletrici-
trapassando, no entanto, o limite de let-go. dade Moderna, p.340-351, Abr. 2000.

Dependendo dos critérios adotados pela con- [11] FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A., - DLTR.O
cessionária, haverá a necessidade de utilização - Divisão de Linhas de Transmissão. Aterramento para
Manutenção em Linhas de Transmissão e Barramentos
de medidas de segurança adicionais na região
de Subestações. Rio de Janeiro: FURNAS, 2008.
próxima à estrutura em manutenção. A utilização
de um piso isolante evitará a exposição do ele- [12] COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS.
tricista a uma situação que ultrapasse o nível de 30.000 - TR/MN - 168a - Recomendação para Aterra-
mento Temporário em Linhas de 230 a 500 kV. Minas
corrente let-go.
Gerais: CEMIG, 2003b.
Conforme discutido, as concessionárias brasi- [13] COMPANHIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA
leiras não possuem critérios e práticas uniformes ELÉTRICA PAULISTA. TRL - Divisão de Linhas Aéreas
em relação ao aterramento temporário de linhas e Subterrâneas. Aterramento Temporário de Linhas de
Transmissão e Barramentos Aéreos de Subestações.
de transmissão, e de forma ainda mais negativa,
São Paulo: CTEEP, 2002.
algumas práticas aumentam o risco a que se ex-
põe o eletricista. [14] MOUSA, Abdul M. New Grounding Procedures for
Work on De-Energized Lines Eliminate the Need for
Assim, há necessidade de se concentrarem es- Ground Switches. IEEE Transactions on Power Appa-
ratus and Systems, [S.l.], v. PAS-101, n.8, p.2668-2680,
forços no sentido de uniformizar essas práticas e
Aug. 1982.
eventualmente normalizá-las.
[15] MOUSA, Abdul M. New Grounding Procedures for
Work on De-Energized Lines Eliminate the Need for
V. Referências Ground Switches. IEEE Transactions on Power Appa-
ratus and Systems, [S.l.], v. PAS-101, n.8, p.2668-2680,
[1] BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria Aug. 1982.
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Regulamentadora n. 10 - Segurança em Instalações e lities Field Test Safety Grounds. Transmission & Distri-
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