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COMPORTAMENTO GEOTÉCNICO DE ARGILAS EXTREMAMENTE MOLES

DA BAIXADA DE JACAREPAGUÁ, RJ

Magnos Baroni

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de


Pós-graduação em Engenharia Civil, COPPE, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Doutor em Engenharia Civil.

Orientador: Márcio de Souza Soares de Almeida

Rio de Janeiro
Setembro de 2016
i
COMPORTAMENTO GEOTÉCNICO DE ARGILAS EXTREMAMENTE MOLES
DA BAIXADA DE JACAREPAGUÁ, RJ

Magnos Baroni

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ


COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM
CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.

Examinada por:

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


SETEMBRO 2016
ii
Baroni, Magnos
Comportamento geotécnico de argilas extremamente
moles da baixada de Jacarepaguá, RJ/ Magnos Baroni - Rio
de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2016.
XXIX, 292 p. 29,7 cm
Orientador: Márcio de Souza Soares de Almeida
Tese (doutorado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Civil, 2016.
Referências Bibliográficas: p. 247-262.
1. Argilas moles. 2. Correlações geotécnicas 3.
Ensaios de campo e laboratório. 4. SIGWeb. 5. Banco de
dados. I. Almeida, Márcio de Souza Soares de. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,
Programa de Engenharia Civil. II. Título.

iii
Dias de Luta, Dias de Glória

Na minha vida tudo acontece


Mas quanto mais a gente rala, mais a gente cresce
Hoje estou feliz porque eu sonhei com você
E amanhã posso chorar por não poder te ver
Mas o seu sorriso vale mais que um diamante
Se você vier comigo, aí nós vamos adiante

Com a cabeça erguida e mantendo a fé em Deus


O seu dia mais feliz vai ser o mesmo que o meu
A vida me ensinou a nunca desistir
Nem ganhar, nem perder mas procurar evoluir
Podem me tirar tudo que tenho

Só não podem me tirar as coisas boas que eu já fiz


pra quem eu amo
E eu sou feliz e canto e o universo é uma canção e
eu vou que vou

História, nossas histórias


Dias de luta, dias de glória

Oh minha gata, morada dos meus sonhos


Todo dia, se pudesse eu ia estar com você
Já te via muito antes nos meus sonhos
Eu procurei a vida inteira por alguém como você
Por isso eu canto a minha vida com orgulho
Com melodia, alegria e barulho

Eu sou feliz e rodo pelo mundo


Sou correria mas também sou vagabundo
Mas hoje dou valor de verdade pra minha saúde
pra minha liberdade
Que bom te encontrar nessa cidade
Esse brilho intenso me lembra você
História, nossas histórias
Dias de luta, dias de glória

Hoje estou feliz, acordei com o pé direito


E vou fazer de novo, vou fazer muito bem feito
Sintonia, telepatia, comunicação pelo córtex
boom bye bye

Charlie Brown Jr.


iv
Dedico esta tese aos meus pais, Nelci Pedro Baroni e Elaine Baroni,
a minha irmã Morgana Baroni e a minha esposa Jalusa Minetto,

v
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, ao Programa de


Pós-Graduação em Engenharia Civil, COPPE e aos professores desta instituição pela
oportunidade de qualificação. Em especial quero externar minha admiração à pessoa
que acompanhou e guiou todos os meus passos no Mestrado e no Doutorado. Professor
Márcio, o Sr. é um exemplo de dedicação, empenho e competência. Muito obrigado
pela oportunidade de convivência e aprendizado.

Aos amigos Bruno Lima e Sérgio Ribeiro. Bruno, sempre serei grato por toda a
ajuda e amizade. Serginho, obrigado pela amizade fácil e sincera, te agradeço pela
hospitalidade na fase de conclusão deste trabalho.

Aos colegas da Universidade Federal de Santa Maria, em especial os Professores


do Departamento de Transportes, obrigado pelo essencial incentivo para a conclusão
desta tese.

Aos colegas e alunos da Universidade Federal do Pampa, agradeço pelo apoio


recebido enquanto professor desta instituição. Destaco os amigos Alencar Machado,
André Lubeck, Ederli Marangon, Jaelson Budny e Ricardo Schenato. A amizade e ajuda
de vocês em distintos momentos foram fundamentais para o desenvolvimento deste
trabalho.

Durante todo o processo de Pós-Graduação (MSc. e DSc.) tive a oportunidade de


fazer grandes amigos. Agradeço a ajuda e companheirismo de todos: Diego Fagundes,
Diego Hartmann, Hélcio do Souza, Iman Hosseinpour, Jonio de Souza, Maria Cascão,
Maria Alice, Mário Riccio, Rafael Silva, Ricardo Gil, Roney Gomes, Silvana
Vasconcelos e Tatiane Siva.

Aos Professores Alessander Kormann, Edgar Odebrecht e Uberescilas Polido


agradeço pelo interesse na pesquisa realizada e pelos dados fornecidos.

Por fim, agradeço a Deus e a minha família por terem me conduzido até aqui e
me sustentando diante de tantos obstáculos.

vi
Aos meus pais, Nelci Pedro Baroni e Elaine Baroni agradeço por todo o amor,
por me apoiarem todos os dias e a cada instante, pelo carinho, cuidado e amor. Todas as
conquistas sempre serão nossas e são frutos do que vocês semearam. À minha irmã,
Morgana e meu cunhado João Vinícius, agradeço pelo carinho, compreensão e
incentivo. Agradeço a minha esposa, Jalusa Minetto por estar sempre ao meu lado, pela
paciência e pelo entendimento de nossas prioridades. Linda, tenha certeza que sem a sua
ajuda, esta etapa, tão importante em nosso futuro não seria concluída, seu apoio nos
momentos difíceis ao longo desta dura caminhada, tanto no aspecto profissional como
pessoal foi fundamental. Saiba que você tem meu amor e admiração. Família.... tudo
sempre será para vocês e por vocês.

vii
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

COMPORTAMENTO GEOTÉCNICO DE ARGILAS EXTREMAMENTE MOLES


DA BAIXADA DE JACAREPAGUÁ, RJ

Magnos Baroni

Setembro/2016

Orientador: Márcio de Souza Soares de Almeida

Programa: Engenharia Civil

O trabalho apresenta um amplo banco de dados geotécnico oriundo de ensaios


de campo e laboratório realizados na Baixada de Jacarepaguá/RJ. Os resultados foram
obtidos em 24 diferentes sítios, onde foram realizadas 20 verticais para retirada de
amostras indeformadas, 67 ensaios de CPTU e 48 verticais de palheta. O histórico de
formação dos depósitos de argilas mole é discutido, tendo sido também realizada a
interpretação do comportamento das argilas com base em diversas correlações da
literatura e na Teoria dos Estados Críticos. O sistema SIGWeb desenvolvido permite o
armazenamento, recuperação, estruturação, manipulação, análise e exibição gráfica de
parâmetros geotécnicos espacialmente ligados a uma posição específica no globo
terrestre. Mesmo existindo diferentes espessuras de argilas moles, presença de lentes de
areia e matéria orgânica, foi possível apresentar faixas de variações mínimas e máximas
e os valores médios dos parâmetros fundamentais de caracterização, compressibilidade
e resistência das argilas aqui estudadas. Os histogramas e as tabelas desenvolvidas
mostraram os intervalos nos quais os parâmetros ocorrem com maior frequência.
Diversas correlações com graus aceitáveis de confiabilidade foram propostas e podem
ser utilizadas na concepção de anteprojetos de diferentes obras sobre solos moles.

viii
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

GEOTECHNICAL BEHAVIOR OF EXTREMELY SOFT CLAY OF BAIXADA


JACAREPAGUA, RJ

Magnos Baroni

September/2016

Advisors: Márcio de Souza Soares de Almeida

Department: Civil Engineering

This study presents a comprehensive geotechnical database originating from


field and laboratory tests carried out in the Baixada de Jacarepagua / RJ. The results
obtained in 24 different sites, where were performed 20 boreholes for extracting
undisturbed soil samples, 67 Piezocone tests and 48 boreholes vane, were arranged in
the database shape. The historic formation of soft clays deposits is discussed, also being
carried out interpretation of the behavior of clay based on different correlations of
literature and Theory of Critical States. The SIGWeb system developed enables storage,
retrieval, structuring, manipulation, analysis and graphical display of geotechnical
parameters spatially linked to a specific position on the globe. Even there are different
thicknesses of soft clay, presence of sand lenses and organic matter, it was possible to
present minimum and maximum variations ranges and average values of the basic
parameters of characterization, compressibility and strength of clays studied here.
Histograms and developed tables show the ranges in which the parameters occur more
frequently. Several correlations with acceptable levels of reliability have been proposed
and can be used in the design of different preliminary projects on soft soils.
ix
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1

1.1 Considerações iniciais ................................................................................. 1


1.2 Justificativa e motivação ............................................................................. 2
1.3 Objetivos da pesquisa .................................................................................. 3
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 3
1.3.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 4
1.4 Estrutura e descrição dos capítulos............................................................. 4
CAPÍTULO 2 – ORIGEM E INTERPRETAÇÃO DO COMPORTAMENTO DOS SOLOS MUITO
MOLES A MOLES .............................................................................................................. 7

2.1 Argilas Moles Brasileiras ............................................................................ 7


2.1.1 Origem e formação dos depósitos moles........................................................ 7
2.1.2 Formação dos depósitos sedimentares da Baixada de Jacarepaguá ............. 14
2.1.3 Evolução Holocênica da Baixada de Jacarepaguá ....................................... 18
2.1.4 Processo de ocupação urbana da Baixada de Jacarepaguá........................... 24
2.1.5 Características Gerais da Baixada de Jacarepaguá....................................... 25
2.2 Solos moles e a Teoria dos Estados Críticos .............................................. 27
2.2.1 A teoria dos estados críticos e o modelo Cam-clay ..................................... 27
2.2.2 Linha de compressão isotrópica (LCI) ......................................................... 28
2.2.3 Linha do estado crítico (LEC) ...................................................................... 29
2.2.4 Escoamento do solo...................................................................................... 31
2.2.5 Relação entre a tensão efetiva, umidade e resistência não drenada ............. 35
2.2.6 Correlações baseadas na Teoria dos Estados Críticos .................................. 39
2.3 Comentários finais .................................................................................... 42
CAPÍTULO 3 - INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA EM SOLOS MOLES ................................... 44

3.1 Construção em solos moles ........................................................................ 44


3.2 Investigações geotécnicas em argilas moles............................................... 45
3.2.1 Principais procedimentos adotados no Brasil .............................................. 45
3.2.2 Locação das ilhas de Investigação ............................................................... 51
3.3 Ensaios de laboratório ............................................................................... 52
3.3.1 Qualidade das amostras ................................................................................ 52
3.3.2 Ensaio de adensamento edométrico ............................................................. 54

x
3.3.3 Ensaios realizados com amostras deformadas ............................................. 56
3.4 Ensaio de piezocone (CPTU) ..................................................................... 56
3.4.1 Caracterização do comportamento do solo .................................................. 58
3.4.2 Coeficientes de adensamento ch e cv............................................................. 59
3.5 Ensaios de Palheta ..................................................................................... 62
3.5.1 Equipamento de palheta da COPPE/UFRJ .................................................. 64
3.5.2 Correção da resistência ao cisalhamento não drenada ................................. 65
3.5.3 Sensibilidade das argilas .............................................................................. 67
3.5.4 Obtenção da resistência não drenada da argila............................................. 68
3.6 Comentários finais .................................................................................... 70
CAPÍTULO 4 –ARMAZENAMENTO, ACESSO E ANÁLISE DOS DADOS............................ 71

4.1 Introdução ................................................................................................. 71


4.2 Metodologia adotada para elaboração da base de dados .......................... 72
4.2.1 Banco de dados ............................................................................................ 73
4.3 Sistemas Geográficos de Informações (SIG) ............................................. 74
4.3.1 SIGWeb Livres ............................................................................................. 75
4.3.2 Trabalhos relacionados................................................................................. 75
4.4 O Sistema Desenvolvido ............................................................................ 77
4.4.1 Levantamento dos Requisitos ...................................................................... 77
4.4.2 Metodologia para o desenvolvimento do sistema ........................................ 82
4.5 Metodologias adotadas nas análises dos parâmetros geotécnicos ............. 86
4.5.1 Variação dos dados em função da profundidade .......................................... 87
4.5.2 Correlações e relações entre diferentes parâmetros ..................................... 89
4.6 Ferramentas computacionais utilizadas.................................................... 91
4.7 Comentários finais .................................................................................... 92
CAPÍTULO 5 – O SISTEMA SAPPGAM ............................................................................ 94

5.1 – Acesso e Funções do Software SAPPGAM ............................................ 94


5.1.1 Gerenciar Usuários ....................................................................................... 96
5.1.2 Gerenciar Classes ......................................................................................... 97
5.1.3 Gerenciar Fatores de ajuste .......................................................................... 98
5.1.4 Gerenciar Template Padrão ........................................................................ 100
5.1.5 Gerenciar Ilhas ........................................................................................... 100
5.1.6 Gerenciar Parâmetros ................................................................................. 103
5.1.7 Gerenciar Parâmetros de Plotagem ............................................................ 105
5.1.8 Plotar Gráficos ........................................................................................... 107
xi
5.1.9 Exportar Template ...................................................................................... 113
5.1.10 Exportar Ilhas de Investigação ............................................................... 114
5.2 Conclusões parciais ................................................................................. 115
CAPÍTULO 6 – ÍNDICES FÍSICOS E PROPRIEDADES DOS SOLOS................................... 117

6.1 Umidade natural do solo (w) ................................................................... 117


6.2 Teor de matéria orgânica (TMO) ........................................................... 119
6.3 Limites de Atterberg (wL, wP, IP) ............................................................ 122
6.4 Gráfico de Plasticidade de Casagrande .................................................. 127
6.5 Índice de Consistência (IC) e Índice de liquidez (IL) ............................... 130
6.6 Densidade (média) dos grãos (Gs) ........................................................... 133
6.7 Grau de Saturação (S) ............................................................................. 135
6.8 Índice de vazios inicial da amostra (e0) ................................................... 137
6.9 Peso específico natural do solo (γγn) .......................................................... 138
6.10 Análise da frequência dos parâmetros de caracterização do solo........... 139
6.11 Análise conjunta γn, IP e e0....................................................................... 142
6.12 Relações e correlações entre índices físicos e parâmetros do solo........... 145
6.12.1 Índice de vazios inicial em função da umidade natural do solo ............. 145
6.12.2 Correlações entre o índice de vazios inicial e os limites de Atterberg ... 146
6.12.3 Índice de vazios inicial do solo em função do peso específico natural .. 150
6.12.4 Peso específico natural em função da umidade inicial do solo .............. 151
6.13 Caracterização do comportamento dos solos com o CPTU .................... 151
6.13.1 Resultados típicos qt, fs, u1 e u2 .............................................................. 151
6.13.2 Gráficos Normalizados ........................................................................... 154
6.13.3 Correlação entre Bq e IL .......................................................................... 160
6.13.4 Valores característicos de qt em argilas moles........................................ 160
6.14 Comentários finais .................................................................................. 170
CAPITULO 7 – COMPRESSIBILIDADE, HISTÓRIA DE TENSÕES E COEFICIENTES DE
ADENSAMENTO............................................................................................................ 172

7.1 Ensaio de adensamento edométrico ........................................................ 172


7.1.1 Qualidade das amostras .............................................................................. 173
7.1.2 Parâmetros de compressibilidade ............................................................... 174
7.1.3 Análise da frequência dos parâmetros de compressibilidade do solo ........ 179
7.2 Correlações com o índice de compressão ................................................ 180
xii
7.2.1 Correlação entre o índice de compressão e a umidade natural do solo ...... 181
7.2.2 Correlação entre o índice de compressão e o índice de vazios .................. 183
7.2.3 Correlação entre o índice de compressão e o limite de liquidez ................ 185
7.2.4 Correlação entre o índice de compressão e o índice de plasticidade ......... 187
7.2.5 Correlação entre a razão de compressão e a umidade natural do solo ....... 188
7.3 História de tensões................................................................................... 189
7.3.1 Obtenção de OCR a partir do ensaio de Palheta ........................................ 191
7.3.2 Obtenção da tensão de sobreadensamento a partir do CPTU..................... 193
7.4 Coeficientes de Adensamento .................................................................. 199
7.4.1 Coeficiente de adensamento horizontal...................................................... 199
7.4.2 Coeficiente de adensamento vertical .......................................................... 203
7.5 Conclusões Parciais ................................................................................. 206
CAPITULO 8 – RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DA ARGILA ............................................ 208

8.1 Variação da resistência não drenada em função da profundidade ......... 208


8.2 Sensibilidade dos depósitos estudados .................................................... 210
8.3 Normalização da resistência ao cisalhamento não drenada .................... 214
8.3.1 Resistência não drenada normalizada com a tensão de sobreadensamento 214
8.3.2 Resistência não drenada normalizada com a tensão vertical efetiva.......... 219
8.4 Correlações para obtenção da resistência não drenada da argila .......... 225
8.4.1 Correlações entre Su/σ’vo e o índice de plasticidade do solo...................... 225
8.4.2 Correlações entre Su/σ’vm e os limites de consistência .............................. 227
8.4.3 Correlações entre a resistência ao cisalhamento não drenada e o índice de
liquidez .................................................................................................................. 230
8.5 Obtenção da resistência não drenada com o ensaio de CPTU ................ 231
8.5.1 Fatores de cone ........................................................................................... 231
8.5.2 Correlação com o excesso de poropressão ................................................. 239
8.6 Conclusões parciais ................................................................................. 241
CAPITULO 9 – CONCLUSÕES E SUGESTÃO PARA PESQUISAS FUTURAS .................... 243

9.1 Considerações iniciais ............................................................................. 243


9.2 Sistema SIGWeb desenvolvido ................................................................ 243
9.3 Índices físicos e propriedades dos solos................................................... 244
9.4 Compressibilidade, história de tensões e coeficientes de adensamento .. 244
9.5 Resistência não drenada da Baixada de Jacarepaguá ............................ 245
9.6 Sugestões para pesquisas futuras ............................................................ 246
xiii
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 247

Anexo I.......................................................................................................................... 263

xiv
LISTA DE FIGURAS

Capítulo 2

Figura 2. 1 – Estimativa dos períodos e da curva de variação dos níveis relativos do mar
nos últimos 7.000 anos ao longo do litoral brasileiro - a partir de Suguio et al., (1985). .......... 9

Figura 2. 2 - Estrutura típica dos depósitos de solos moles brasileiros (adaptado de


Barata e Danziger 1986). .......................................................................................................... 10

Figura 2. 3 – Aumento de OCR devido à retirada de sobrecarga. (a) Perfil original do


terreno, (b) perfil após erosão, degelo, etc. e (c) história de tensões do perfil. ........................ 11

Figura 2. 4. Aumento de OCR devido ao rebaixamento do nível de água. (a) Perfil


original do terro, (b) perfil após rebaixamento do N.A e (c) história de tensões do perfil....... 12

Figura 2. 5. Aumento de OCR devido ao envelhecimento do solo. (a) linha de fim do


secundário, (b) perfil após o fim do recalque secundário e (c) história de tensões. ................. 13

Figura 2. 6. Curvas demonstrativas do aumento de OCR devido à retirada de


sobrecarga, rebaixamento do nível de água e envelhecimento do solo. ................................... 14

Figura 2. 7 – Topografia da Baixada de Jacarepaguá. Dois perfis Leste/Oeste (adaptado


do Google Earth, 2016). ........................................................................................................... 15

Figura 2. 8 – Topografia da Baixada de Jacarepaguá. Dois perfis Norte/Sul (adaptado do


Google Earth, 2016). ................................................................................................................ 16

Figura 2. 9 - Províncias geomórficas da Baixada de Jacarepaguá e adjacências (adaptado


de Roncarati e Neves, 1976). .................................................................................................... 17

Figura 2. 10 – Estágio I – 7000-5000 anos AP. Estabelecimento da primeira ilha-


barreira a da primeira zona lagunar (adaptado de Costa Maia et al., 1984). ............................ 19

Figura 2. 11 – Estágio II - Regressão de 5100 a 3800 anos AP. Construção da primeira


zona de progradação (adaptado de Costa Maia et al., 1984). ................................................... 20

Figura 2. 12 – Estágio III – Máximo de 3500 anos AP. Estabelecimento da segunda


ilha-barreira e da segunda laguna (adaptado de Costa Maia et al., 1984). ............................... 20

Figura 2. 13 – Estágio IV – Regressão de 3500 até o presente. Construção da segunda


zona de progradação (adaptado de Costa Maia et al., 1984). ................................................... 21

Figura 2. 14 – Imagem via satélite atual da região em estudo e local dos depósitos
investigados (adaptado do Google Earth, 2016)....................................................................... 21

xv
Figura 2. 15 – Idade média dos depósitos sedimentares da Baixada de Jacarepaguá – a
partir de Costa Maia et al., (1984). ........................................................................................... 22

Figura 2. 16 - Tipos de solo e espessuras de diferentes depósitos da Baixada de


Jacarepaguá (adaptado de Riccio et al, 2013). ......................................................................... 25

Figura 2. 17 - Amostras retiradas no sítio da Gleba F, Baroni (2010). .................................... 26

Figura 2. 18 –Linha de compressão isotrópica e linha do estado crítico para a


compressão isotrópica (adaptado de Atkinson e Bransby, 1978). ............................................ 29

Figura 2. 19 – Planos seguidos pelos estados de tensões: (a) Drenados e (b) Não
drenados (Atkinson e Bransby, 1978). ..................................................................................... 31

Figura 2. 20 – Comportamento esquemático de solos não estruturados e estruturados


(Leroueil, 1992). ....................................................................................................................... 32

Figura 2. 21 – Classificação do escoamento (Leroueil e Vaughan, 1990). .............................. 33

Figura 2. 22 - Curvas ICL e SCL definidas por Burland (1990). ............................................. 34

Figura 2. 23 - Variação da umidade e da resistência não drenada em função da


profundidade. (a) relação entre o volume específico e a tensão efetiva, (b, d) argila
normalmente adensada e (c, e) argila sobreadensada (adaptado de Atkinson, 1981). ............. 38

Figura 2. 24 – LCI com a relação entre IL e σ’vo (adaptado de Wood 1990). .......................... 40

Capítulo 3

Figura 3. 1 - Curvas de isoespessuras de argila mole. Recreio Life (Baroni et al, 2014) ........ 46

Figura 3. 2 - Perfil geotécnico típico obtido com ensaios SPT, Baixada de


Jacarepaguá/RJ. ........................................................................................................................ 47

Figura 3. 3 - Propriedades geotécnicas típicas das argilas moles da Baixada de


Jacarepaguá (Baroni et al., 2014). ............................................................................................ 51

Figura 3. 4 - Comparação entre a qualidade de amostras obtidas no sítio da Gleba F


(Baroni e Almeida, 2012). ........................................................................................................ 54

Figura 3. 5 - Determinação de Cr, σ’vm Cc e Cs. ....................................................................... 55

Figura 3. 6 - Curva de dissipação típica, sítio da Gleba F (Baroni, 2010). .............................. 60

Figura 3. 7 - Curva de torque vs. rotação angular. (a) Curva típica de um ensaio de
palheta e (b) Ensaio de palheta em argila com presença de conchas (Baroni, 2010). .............. 65

xvi
Figura 3. 8 - Correções proposta para Su(palheta) (Bjerrum, 1973; Azzouz et al., 1983).
Fonte: Almeida, et al., (2010). ................................................................................................. 66

Capítulo 4

Figura 4. 1 - Tópicos utilizados no levantamento dos requisitos do sistema. .......................... 78

Figura 4. 2 - Sequência lógica de criação e utilização do sistema............................................ 82

Figura 4. 3 - Modelo de casos de uso do sistema. .................................................................... 83

Figura 4. 4 - Classes criadas para organização dos dados. ....................................................... 85

Figura 4. 5 - Diagramas de caixa .............................................................................................. 88

Figura 4. 6 - Diagramas de dispersão. ...................................................................................... 90

Capítulo 5

Figura 5. 1 - Tela inicial para acessar o sistema. ...................................................................... 95

Figura 5. 2 - Tela Inicial de sistema. Visualização na opção Mapa. ........................................ 96

Figura 5. 3 - Funcionalidades que o sistema oferece................................................................ 96

Figura 5. 4 - Inserção de novos usuários ao sistema. ............................................................... 97

Figura 5. 5 - Gerenciamento das classes de ensaios. ................................................................ 98

Figura 5. 6 - (a) Cadastrar fator de ajuste e (b) Exemplo de fatores de ajustes


cadastrados. .............................................................................................................................. 99

Figura 5. 7 - Cadastrar e/ou listar templates utilizados pelo sistema. .................................... 100

Figura 5. 8 - Dados de identificação requisitados para o cadastro de uma determinada


ilha de investigação. ............................................................................................................... 101

Figura 5. 9 - Exemplo de cadastro de parâmetros na Classe Laboratório. ............................. 102

Figura 5. 10 - (a) Cadastrar ilhas de investigação e (b) Visualizar, editar ou excluir Ilhas
de Investigação já cadastradas. ............................................................................................... 103

Figura 5. 11 – Cadastro de parâmetros no sistema. ................................................................ 104

Figura 5. 12 - Visualizar, editar ou excluir parâmetros. ......................................................... 105

xvii
Figura 5. 13 – Cadastrar parâmetro de plotagem.................................................................... 106

Figura 5. 14 - Cadastro de parâmetros de plotagem ............................................................... 107

Figura 5. 15 - Obtenção de informações e seleção de ilhas para a plotagem. ........................ 108

Figura 5. 16 - Plotar gráficos, gerar figuras e exportar dados. ............................................... 108

Figura 5. 17 - (a) Selecionar parâmetros para plotagem de gráficos fixando a


profundidade no eixo Y e (b) Alterar os valores dos fatores de ajuste pré-cadastrados......... 109

Figura 5. 18 - Plotagem do gráfico: profundidade versus parâmetro. .................................... 111

Figura 5. 19 - Selecionar parâmetros para plotagem de gráficos parâmetros versus


parâmetros. ............................................................................................................................. 112

Figura 5. 20 - Exemplo de figura parâmetro vs. parâmetros, umidade vs. índice de


compressão. ............................................................................................................................ 113

Figura 5. 21 - Exportação do Template Padrão. ..................................................................... 114

Figura 5. 22 - Download de todas as informações contidas em uma determinada ilha de


investigação ............................................................................................................................ 115

Capítulo 6

Figura 6. 1 – Umidade natural do solo, média ± 1 desvio padrão. ......................................... 118

Figura 6. 2 – (a) Umidade natural do solo e (b) Exemplos de amostras de solo. ................... 118

Figura 6. 3 – Teor de matéria orgânica em função da profundidade. ..................................... 120

Figura 6. 4 – Relação entre o teor de matéria orgânica e a umidade natural do solo. ............ 122

Figura 6. 5 – Limites de Atterberg (a) wL, (b) wL e (c) IP. ..................................................... 124

Figura 6. 6 – Limite de liquidez, média ± 1 desvio padrão. ................................................... 125

Figura 6. 7 – Índice de Plasticidade, média ± 1 desvio padrão. ............................................. 126

Figura 6. 8 – Gráfico de Plasticidade de Casagrande para a Baixada de Jacarepaguá. .......... 128

Figura 6. 9 – Gráfico de Plasticidade de Casagrande para a Baixada de Jacarepaguá.


Equação de regressão obtida................................................................................................... 129

Figura 6. 10 – Gráfico de Plasticidade de Casagrande. Influência do teor de matéria


orgânica. ................................................................................................................................. 130

xviii
Figura 6. 11 – Índice de Consistência (IC). ............................................................................. 131

Figura 6. 12 – Índice de liquidez (IL). .................................................................................... 132

Figura 6. 13 – Índice de liquidez vs. tensão vertical efetiva. ................................................. 133

Figura 6. 14 – Densidade (média) dos grãos. ......................................................................... 134

Figura 6. 15 – Densidade (média) dos grãos vs. teor de matéria orgânica. ............................ 135

Figura 6. 16 – Grau de Saturação do solo............................................................................... 136

Figura 6. 17 – Índice de vazios (a) Média e desvio padrão desconsiderando amostras


com S<90% e S>110% e (b) Média e desvio padrão considerando todas as amostras. ......... 138

Figura 6. 18 – Peso especifico natural do solo (γn)................................................................. 139

Figura 6. 19 – Histogramas. (a) w, (b) TMO, (c) wL, (d) wP e (e) IP. ..................................... 141

Figura 6. 20 – Histogramas. (a) IC, (b) IL, (c) Gs, (d) S, (e) e0 e (f) γn. ................................... 142

Figura 6. 21 – Análise conjunta do γn, IP e e0. ........................................................................ 144

Figura 6. 22 – Índice de vazios em função da umidade natural do solo. ................................ 145

Figura 6. 23 – Correlação entre o índice de vazios e o limite de liquidez. ............................. 147

Figura 6. 24 – Correlação entre o índice de vazios e o limite de plasticidade. ...................... 148

Figura 6. 25 – Correlação entre o índice de vazios e o índice de plasticidade. ...................... 149

Figura 6. 26 – Índice de vazios em função do peso específico natural do solo...................... 150

Figura 6. 27 – Peso específico em função da umidade natural do solo. ................................. 151

Figura 6. 28 – Resultados típicos do ensaio de CPTU realizado no CM II. ........................... 153

Figura 6. 29 – Sítio SESC, classificação do comportamento do solo, ábacos de


Robertson (1990). ................................................................................................................... 154

Figura 6. 30 – Sítio Freedom, classificação do comportamento do solo, ábacos de


Robertson (1990). ................................................................................................................... 155

Figura 6. 31 – Variação da resistência de ponta do CPTU em função da profundidade.


(a) Sítio do SESC e (b) Sítio Freedom. .................................................................................. 156

Figura 6. 32 – Classificação normalizada Robertson (1990), CPTU - Gleba F .................... 159

Figura 6. 33 – Correlação entre o parâmetro de poropressão (Bq) e o índice de liquidez


do solo. ................................................................................................................................... 160

xix
Figura 6. 34 – Resistência de ponta corrigida do CPTU. Diagramas de caixa com todas
as medições realizadas ............................................................................................................ 162

Figura 6. 35 – qt versus profundidade (Leduca – Heaven). (a) Todos os valores medidos


e (b) Valores julgados representativos das camadas de argila mole....................................... 163

Figura 6. 36 – qt versus profundidade (CBF). (a) Todos os valores medidos e (b)


Valores julgados representativos das camadas de argila mole. .............................................. 163

Figura 6. 37 – qt versus profundidade (Pontal). (a) Todos os valores medidos e (b)


Valores julgados representativos das camadas de argila mole. .............................................. 164

Figura 6. 38 – qt versus profundidade (Fredoom). (a) Todos os valores medidos e (b)


Valores julgados representativos das camadas de argila mole. .............................................. 164

Figura 6. 39 – Resistência de ponta corrigida do CPTU. Diagramas de caixa, medições


realizadas nas camadas de argila. “Grupo a”. ......................................................................... 167

Figura 6. 40 – Resistência de ponta corrigida do CPTU. Diagramas de caixa, medições


realizadas nas camadas de argila. Grupo “b”. ........................................................................ 168

Figura 6. 41 – Valores médios de qt nas camadas de argila. .................................................. 170

Capítulo 7

Figura 7. 1 – Avaliação da qualidade das amostras. (a) Lunne et al., (1997) e (b)
Coutinho (2007)...................................................................................................................... 174

Figura 7. 2 – Valores de índices de compressão (Cc). ............................................................ 175

Figura 7. 3 – Valores de índice de expansão (Cs). .................................................................. 176

Figura 7. 4 – Valores de Cs/Cc. ............................................................................................... 177

Figura 7. 5 – Valores de razão de Compressão, CR= Cc/(1+e0). ............................................ 178

Figura 7. 6 – Parâmetros de compressibilidade. (a) Cc, (b) Cs, (c) Cs/Cc e (d) CR. ............... 179

Figura 7. 7 – Correlação entre o índice de compressão e a umidade natural do solo. ............ 182

Figura 7. 8 – Valores de Cc e w e correlações da literatura. ................................................... 182

Figura 7. 9 – Correlação entre o índice de compressão e o índice de vazios. ........................ 184

Figura 7. 10 – Valores de Cc x e0 e correlações da literatura. ................................................. 184

Figura 7. 11 – Correlações entre o índice de compressão e o limite de liquidez. .................. 186

xx
Figura 7. 12 – Valores de Cc x wL e correlações da literatura. ............................................... 186

Figura 7. 13 – Correlação entre o índice de compressão e o índice de plasticidade. ............. 188

Figura 7. 14 – Razão de compressão versus umidade natural do solo. .................................. 189

Figura 7. 15 – Valores de tensão de sobreadensamento. ........................................................ 190

Figura 7. 16 – Valores de razão de sobreadensamento (OCR). (a) Todos os valores de


OCR e (b) excluídos valores com OCR<1. ............................................................................ 191

Figura 7. 17 – Relação entre α e IP. ........................................................................................ 192

Figura 7. 18 – Estimativa de OCR, ensaios de adensamento, palheta e CPTU. (a) Gleba


F; (b) CM II, (adaptado de Baroni, 2010)............................................................................... 193

Figura 7. 19 – Correlação entre σ’vm versus CPTU (qt-σvo). .................................................. 195

Figura 7. 20 – Correlação entre σ’vm versus (qt-u2). ............................................................... 195

 q −σV0 
Figura 7. 21 – Estimativa de OCR com a expressão OCR = K 1  t  . (a) Gleba F,
 σ ' V0 
(b) SESC, (c) Pedra da Panela e (d) Rio Mais. ....................................................................... 197

 q − u2 
Figura 7. 22 – Estimativa de OCR com emprego da expressão OCR = K 2  t  . (a)
 σ 'V 0 
Gleba F, (b) SESC, (c) Pedra da Panela e (d) Rio Mais. ........................................................ 198

Figura 7. 23 – Coeficiente de adensamento horizontal na face e na base do cone. ................ 200

Figura 7. 24 – Compatibilização entre qt e as profundidades em que os ensaios de DPP


foram realizados. (a) Vila Olímpica e (b) Vila do Pan. .......................................................... 200

Figura 7. 25 – Valores médios de ch(NA) na face e na base do cone. .................................... 203

Figura 7. 26 – Coeficiente de adensamento vertical............................................................... 204

Figura 7. 27 – Comparação entre os valores médios de cv obtidos com o ensaio de


adensamento e com o ensaio de CPTU. ................................................................................. 206

Capítulo 8

Figura 8. 1 – Resistência não drenada do solo em função da profundidade. (a) Escala


aritmética e (b) Escala logarítmica. ........................................................................................ 209

Figura 8. 2 – Histograma da resistência não drenada do solo. ............................................... 209


xxi
Figura 8. 3 – Classificação da sensibilidade da argila. (a) Em função da profundidade e
(b) Em função da frequência. ................................................................................................. 211

Figura 8. 4 – (a) Depósitos com menores valores de sensibilidade e (b) Depósitos com
maiores valores de sensibilidade ............................................................................................ 211

Figura 8. 5 – (a) Relação entre a Su e Sur, (b) Relação entre a Su e St. ................................... 212

Figura 8. 6 – Correlação entre IL e St (Mitchell e Soga, 2005). .............................................. 213

Figura 8. 7 – Relação entre o coeficiente α' e IP para argilas orgânicas e inorgânicas


(Larsson, 1980). ...................................................................................................................... 215

Figura 8. 8 – Normalização da Su(cor) em função da σ’vm. (a) valores em função da


profundidade e (b) valores em função da frequência. ............................................................ 216

Figura 8. 9 – Correlação entre a Su(cor) e a σ’vm ...................................................................... 217

Figura 8. 10 – Perfil de resistência ao cisalhamento não drenada corrigida. Aplicação da


correlação entre Su(cor) e σ’vm. (a) Gleba F e (b) CM II. ......................................................... 218

Figura 8. 11 – Correlação entre a Su /pa e a σ’vm/pa. ............................................................... 219

Figura 8. 12 – Variação da tensão efetiva inicial e da resistência ao cisalhamento do solo


em função da umidade. ........................................................................................................... 220

Figura 8. 13 – (a) resistência não drenada vs. profundidade; (b) resistência não drenada
normalizada vs. profundidade. ................................................................................................ 221

Figura 8. 14 – (a) resistência não drenada vs. profundidade; (b) resistência não drenada
normalizada vs. profundidade - para Su(máx) = 30 kPa. ........................................................... 221

Figura 8. 15 – Diagramas de frequência de Su/σ’v0. (a) Todos os valores e (b) Ensaios


realizados em profundidades superiores a 6,0 m. ................................................................... 222

Figura 8. 16 – (a) Obtenção dos limites inferior e superior da Su através da Mecânica


dos Estados Críticos/ Método SHANSEP e (b) Comparativo com o sítio da Gleba F. ......... 224

Figura 8. 17 – Correlação entre Su/σ’vo e o índice de plasticidade (IP) do solo...................... 226

Figura 8. 18 – Correlação entre Su/σ’vm e IP. .......................................................................... 228

Figura 8. 19 – Correlação entre Su/σ’vm e IP para as argilas do RJ (adaptado de Futai et


al., 2008). ................................................................................................................................ 229

Figura 8. 20 – Correlação entre a resistência não drenada amolgada e o índice de


liquidez (adaptado de Schnaid, 2009). ................................................................................... 230

xxii
Figura 8. 21 – Resistência ao cisalhamento não drenada vs. índice de liquidez (adaptado
de Kulhawy e Mayne 1990). .................................................................................................. 231

Figura 8. 22 – Fator de cone Nkt. (a) Variação em função da profundidade e (b) variação
em função da frequência. ........................................................................................................ 233

Figura 8. 23 – Faixas de variação do fatore de cone Nkt. ....................................................... 233

Figura 8. 24 – Fator de cone N∆u. (a) Variação em função da profundidade e (b)


variação em função da frequência. ......................................................................................... 234

Figura 8. 25 – Faixas de variação do fatore de cone N∆u. ...................................................... 235

Figura 8. 26 – Fator de cone Nke. (a) Variação em função da profundidade e (b) variação
em função da frequência. ........................................................................................................ 236

Figura 8. 27 – Faixas de variação do fatore de cone Nke. ....................................................... 236

Figura 8. 28 – Resistência não drenada estimada a partir dos fatores de cone (a) Nkt, (b)
Nk e (c) N∆u. Sítio do SESC. ................................................................................................... 238

Figura 8. 29 – Comparativo entre a resistência Su obtida com diferentes metodologias.


(a) Lotes 5 e 6, (b) Recreio Life e (c) Vila Panamericana. ..................................................... 240

Figura 8. 30 – Correlação entre Su obtido com o ensaio de palheta e Su obtido com o


método de Mantaras et al., (2014). ......................................................................................... 241

xxiii
LISTA DE TABELAS

Capítulo 2

Tabela 2. 1 – Amostradas datadas pelo método do Carbono-14 – a partir de Costa Maia


et al., (1984). ............................................................................................................................ 22

Tabela 2. 2 – Características geotécnicas dos solos moles da Barra da Tijuca e Recreio


dos Bandeirantes (adaptado de Almeida et al., 2010). ............................................................. 27

Capítulo 3

Tabela 3. 1 - Vantagens e desvantagens de ensaios de laboratório e de campo realizados


em argila mole (Almeida, 1996). .............................................................................................. 48

Tabela 3. 2 - Procedimentos recomendados para determinação de parâmetros de argilas


moles (adaptado de Almeida e Marques, 2010). ...................................................................... 49

Tabela 3. 3 - Critério de qualidade de amostras (Lunne et al., 1997; Coutinho, 2007). .......... 53

Tabela 3. 4 - Consistência das argilas em função de NSPT, ABNT NBR 6484/2001. .............. 58

Tabela 3. 5 - Fator tempo T* (Houlsby e Teh, 1988). .............................................................. 61

Tabela 3. 6 – Razão de permeabilidade em argilas (Schnaid e Odebrecht, 2012). .................. 62

Tabela 3. 7 - Classificação de sensibilidades de argilas (Skempton e Northey, 1952). ........... 68

Tabela 3. 8 – Sensibilidade das argilas moles .......................................................................... 69

Capítulo 4

Tabela 4. 1 –Exemplo de tabela para obtenção de um parâmetro Y em função de


diferentes faixas de um parâmetro X. ....................................................................................... 87

Capítulo 6

Tabela 6. 1 – Classificação da plasticidade das argilas de acordo com índice de liquidez


(Head, 1986). .......................................................................................................................... 125

xxiv
Tabela 6. 2 – Limite de liquidez, índice de plasticidade e teor de matéria orgânica. ............. 129

Tabela 6. 3 – Índice de vazios inicial do solo em função de diferentes faixas de


umidade. ................................................................................................................................. 146

Tabela 6. 4 – Limite de liquidez com diferentes faixas de variação da umidade natural. ...... 147

Tabela 6. 5 – Limites de Atterberg (wL, wP, IP) com restrição de e0. ..................................... 149

Tabela 6. 6 – Classificação granulométrica, Gleba F ............................................................. 159

Tabela 6. 7 – Estatística descritiva para as medições de qt nas camadas de argila mole. ...... 169

Tabela 6. 8 – Resumo da estatística descritiva para as medições de qt nas camadas de


argila mole. ............................................................................................................................. 170

Capítulo 7

Tabela 7. 1 – Índice de compressão das argilas brasileiras. ................................................... 175

Tabela 7. 2 – Razão de compressão de alguns depósitos brasileiros...................................... 178

Tabela 7. 3 – Correlações empíricas com Cc. ......................................................................... 180

Tabela 7. 4 – Índice de compressão para diferentes porcentagens de umidade. .................... 183

Tabela 7. 5 – Índice de compressão para diferentes faixas de índice de vazios inicial. ......... 185

Tabela 7. 6 – Índice de compressão para diferentes faixas do limite de liquidez. ................. 187

Tabela 7. 7 – Valores médios, mínimos e máximos de ch(NA). ............................................ 202

Capítulo 8

Tabela 8. 1– Valores típicos da resistência não drenada normalizada pela tensão efetiva
(adaptado de Bello, 2011)....................................................................................................... 223

Tabela 8. 2 – Resumo dos parâmetros utilizados na Figura 8. 16. ......................................... 225

Tabela 8. 3 – Correlações entre Su/σ’vm e IP ........................................................................... 227

xxv
LISTA DE SÍMBOLOS

α fator que relaciona OCR, resistência não drenada e tensão inicial vertical in situ
α' coeficiente α' para obtenção da Su em argilas orgânicas e inorgânicas, Larsson (1980)
Bq parâmetro de poropressão
Cc índice de compressão
Cc* índice de compressão intrínseco
ch coeficiente de adensamento horizontal
γat peso específico do aterro
Cr índice de recompressão
Cs índice de expansão
cv coeficiente de adensamento vertical
∆σv acréscimo de tensão vertical
∆u variação da poropressão
∆u50 variação da poropressão até 50% da dissipação
e(σ’v0) índices de vazios para a tensão vertical efetiva inicial in situ
e*100,
índices de vazios correspondentes às tensões (σ’V) iguais a 100 kPa e 1000 kPa
e*1000
e0 índice de vazios da amostra em laboratório
εa deformação axial
Eu módulo de elasticidade (módulo de Young) na condição não drenada
εv deformação volumétrica
εv0 deformação axial no nível de tensão inicial de campo
φ’ ângulo de atrito efetivo interno do solo
ângulo de atrito em graus correspondente a condição do estado crítico (volume
φ’(ec)c
constante).
Fr razão de atrito normalizada
fs atrito lateral do piezocone
G módulo cisalhante
Γ volume específico do solo na LEC para um valor unitário de v
γn peso específico natural do solo
γn(med) peso específico natural médio do solo
γ'n peso específico natural efetivo do solo
Gs densidade dos grãos
γsat peso específico do solo saturado
γw peso específico da água
IC índice de consistência
IL índice de liquidez

xxvi
IP índice de plasticidade
Ir índice de rigidez (G/Su)
IV índice de vazios normalizado
κ declividade da linha de descarregamento-recarregamento no plano v-lnp’
K0 coeficiente de empuxo no repouso
kh permeabilidade horizontal
kv permeabilidade vertical
λ declividade da LIC plano v-lnp’
Λ parâmetro admensional do estado crítico em função de CS e CC
µ fator de correção empírico para o ensaio de palheta (Bjerrum)
M inclinação da LEC, resultante da relação q/p’
m razão de deformação volumétrica plástica
N volume específico do solo normalmente adensado a p’=1 kPa
ν volume específico (ν=1+e )
ν0 volume específico inicial do solo
N∆u fator empírico do cone
νf volume específico final do solo
νκ volume específico, para p’=1 (ln p’=0)
Nke fator empírico do cone
Nkt fator empírico do cone
NSPT resistência à penetração do amostrador SPT
OCR razão de sobreadensamento (overconsolidation ratio)
p’ tensão efetiva média
p’0 tensão efetiva média de campo
tensão de normalização referente ao valor p’ situado sobre a linha de compressão
p’e
isotrópica, para um dado valor de v
p'0 tensão que corresponde a v0
p'f tensão que corresponde a vf
q tensão desviadora
qc resistência de ponta do cone
qt resistência de ponta do cone corrigida
Qt Resistência de ponta do CPTU normalizada
Rf razão de atrito (fs/qc)
σ’v0 tensão vertical efetiva
σ’vm tensão de sobreadensamento
σ1, σ2,
tensões principais
σ3
St sensibilidade da argila

xxvii
Su resistência ao cisalhamento não drenada
Su(DPP) resistência ao cisalhamento não drenada obtida com o exesso de poropressão do CPTU
Su(projeto) resistência ao cisalhamento não drenada de projeto
Sur resistência amolgada ao cisalhamento não drenada
σvo tensão vertical inicial
t tempo de estabilização da dissipação da poropressão
τ tensão cisalhante
T* fator tempo em função da porcentagem de dissipação, CPTU
t50, t100 tempo necessário para dissipar 50% e 100% da poropressão
TMO teor de matéria orgânica
u0 poropressão hidrostática
u1 elemento poroso na face do cone
u2 elemento poroso na base do cone
ui poropressão no inicio da dissipação
UU ensaio triaxial não adensado não drenado
v volume específico
w umidade natural do solo
wL limite de liquidez
wp limite de plasticidade
γs peso específico dos grãos sólidos
(θ) ângulo de rotação, ensaio de palheta

xxviii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AP anos antes do presente


CC Cam Clay
CCM Cam Clay Modificado
CPTU ensaio de piezocone
CPTU cone sísmico
DMT dilatômetro de Marchetti
FS fator de segurança
ICL Linha de Compressão Intrínseca
LCI Linha de compressão isotrópica
LEC Linha do estado crítico
N.A nível de água
N.T nível do terreno
NA argila normalmente adensada
PA argila sobreadensada
PMT pressiometro de Ménard
R Raio
SCL Linha de Compressão Sedimentar
SIG sistema de informação geográfica
T Torque
TEC Teoria dos Estados Críticos do solo
DP desvio padrão
CIU ensaio triaxial consolidado isotropicamente e não drenado
BD banco de dados
SGBD sistema de gerenciamento de banco de dados
MMQ método dos mínimos quadrados
T-Bar ensaios de penetração de cilindro

xxix
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1 Considerações iniciais

A Mecânica dos Solos Clássica foi desenvolvida na primeira metade do século


XX, através dos estudos sobre a teoria do adensamento (Terzaghi, 1923), compactação
dos solos (Proctor, 1933), conceito da tensão efetiva (Terzaghi, 1936), conceito da
tensão de sobreadensamento (Casagrande, 1936), descrição dos componentes de
resistência (Hvorslev, 1937) e entendimento sobre o comportamento dos solos drenados
e não-drenados (Bishop e Henkel, 1957). Outra importante contribuição ocorreu com a
Teoria dos Estados Críticos (TEC) e o Modelo Cam-Clay (MCC), desenvolvidos na
Universidade de Cambridge (Schofield e Wroth, 1968; Atkinson e Bransby, 1978;
Wood, 1990), onde foram abordados em um mesmo modelo conceitual a resistência, a
compressibilidade e a deformabilidade do solo.

Para a análise do comportamento de aterros sobre argilas moles e a aplicação das


diversas técnicas atualmente disponíveis para o melhoramento deste tipo de solo, muitos
dos conceitos supracitados são empregados. Além disso a escolha do método
construtivo mais adequado está associada a diversas questões: características
geotécnicas dos depósitos, materiais e técnicas disponíveis para a construção, utilização
e localização da área, incluindo a vizinhança; prazos construtivos e custos envolvidos
(Almeida e Marques, 2010).

Independente da técnica construtiva empregada, é consenso que a qualidade do


projeto desenvolvido é diretamente dependente da qualidade da investigação geotécnica
realizada. Face a esta necessidade a COPPE/UFRJ tem desenvolvido e aprimorado
diversos equipamentos e técnicas de ensaios de campo e de laboratório em solos
compressíveis (e.g., Ortigão, 1975; Coutinho, 1976; Coutinho, 1986; Martins, 1983;
Danziger, 1990; Bezerra, 1996; Meireles, 2002; Crespo Neto, 2004; Almeida, et al.,
2006; Almeida, et al., 2008; Aguiar, 2008; Futai, et al., 2008; Jannuzzi, 2009; Baroni,
2010; Almeida, et at., 2010a; Remy, et al., 2010; Riccio et al., 2013; Andrade, 2014;
Jannuzzi, et al., 2015).

1
Dentre as várias técnicas de ensaios in situ, o piezocone permite uma excelente
definição da estratigrafia do solo, além da estimativa prévia da história de tensões e dos
parâmetros de resistência e de adensamento. O ensaio de palheta é o ensaio mais
empregado para a determinação in situ da resistência ao cisalhamento não drenada, Su,
nos depósitos de argilas moles. O ensaio de adensamento edométrico realizado em
laboratório fornece parâmetros utilizados para a estimativa da velocidade e magnitude
de recalques de estruturas assentes sobre solos moles. Os resultados destes três ensaios
serão estudados e, juntamente com os ensaios de caracterização do solo, irão compor o
banco de dados desenvolvido neste trabalho. Salienta-se que os ensaios supracitados,
em conjunto com o SPT (previamente realizado a todos), constituem os ensaios
consagrados na prática de engenharia de solos moles no Brasil, ainda que alguns outros
ensaios como o dilatômetro (DMT), ensaios cíclicos de barra cilíndrica (T-bar) e o cone
sísmico sejam realizados com alguma frequência em casos específicos.

1.2 Justificativa e motivação

A Baixada de Jacarepaguá, localizada na Zona Oeste da cidade do Rio de


Janeiro, possui subsolo formado por extensos depósitos de argilas muito moles e
orgânicas. A ocupação imobiliária na região começou na região na década de 1970, e
desde então ocorre um crescente desenvolvimento, com obras de importância
econômica e social e considerável complexidade técnica, onde foram necessários
abrangentes estudos geotécnicos. Citam-se, em particular, as obras de infraestrutura
requeridas para a realização dos Jogos Pan-Americanos (2007), para a Copa do Mundo
de futebol (2014) e Jogos Olímpicos de 2016.

Apesar do considerável número de investigações geotécnicas realizadas, em


especial nos bairros da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, não é conhecido
pelos autores nenhum banco de dados geotécnico da região. Acredita-se que o
tratamento em conjunto dos parâmetros e correlações oriundas dos ensaios de
caracterização, adensamento, piezocone e palheta possa colaborar com o
desenvolvimento técnico do tema em estudo.

2
Ademais, dada a numerosa quantidade de resultados fornecidos por diferentes
equipamentos e as correlações geotécnicas existentes na literatura, torna-se necessária a
utilização de ferramentas computacionais, que auxiliam na visualização e análise dos
dados. Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG ou GIS – Geographical Information
System) são definidos como um conjunto integrado de hardware e software para a
aquisição, armazenamento, recuperação, estruturação, manipulação, análise e exibição
gráfica de dados espacialmente ligados a uma posição específica no globo terrestre.
Estas informações são georreferenciadas a um sistema cartográfico, por meio de suas
coordenadas (Ozemoy et al., 1981; Burrough, 1986; Smith et al., 1987).

As inúmeras dificuldades encontradas para acessar, organizar e manipular os


parâmetros que compõem o banco de dados desenvolvido motivaram os autores a
desenvolver um SIG com acesso Web. A ferramenta intitulada “Sistema para Análise e
Processamento de Parâmetros Geotécnicos de Argilas Moles – SAPPGAM” foi
desenvolvida e utilizada neste trabalho. A ferramenta aqui apresentada possui acesso via
Web e capacidade de incluir, armazenar, editar e excluir dados e equações geotécnicas,
permitindo de forma instantânea a visualização e/ou download dos parâmetros
cadastrados no banco de dados e de suas correlações através de gráficos e tabelas.

1.3 Objetivos da pesquisa

1.3.1 Objetivo geral

Com o objetivo de colaborar com os estudos sobre o comportamento dos solos


moles, o trabalho possui dois objetivos principais. 1°) desenvolver, com o auxílio da
Engenharia de Software, um sistema SIGWeb, o “SAPPGAM” 2°) interpretar de forma
conjunta os principais resultados e correlações geotécnicas oriundas dos ensaios de
caracterização, adensamento edométrico, piezocone e palheta realizados na Baixada de
Jacarepaguá, RJ.

3
1.3.2 Objetivos específicos

São objetivos específicos desta pesquisa:

• Elencar os requisitos e ferramentas necessários para a concepção do SIGWeb


proposto. Desenvolver um programa computacional capaz de armazenar os parâmetros
pesquisados, localizá-los através das suas coordenadas geográficas e possibilitar o
acesso e manipulação dos dados de forma remota;

• Produzir um amplo banco de dados geotécnico da Baixada de Jacarepaguá/RJ,


composto pelos principais parâmetros e correlações geotécnicas oriundas dos ensaios de
caracterização, adensamento edométrico, piezocone e palheta;

• Avaliar a compatibilidade dos resultados de diferentes ensaios com a aplicação


de correlações geotécnicas consagrados na literatura e ferramentas estatísticas. Estimar
o comportamento dos solos destes depósitos;

• Estudar as correlações existentes na literatura nacional e internacional para


obtenção de algumas propriedades dos solos moles, como por exemplo: resistência ao
cisalhamento não drenada (Su), tensão de sobreadensamento (σ’vm) e coeficientes de
adensamento (cv e ch). Propor fatores de ajuste baseados no comportamento do subsolo
local;

• Validar o SIG Web desenvolvido através do cadastro dos parâmetros e


correlações geotécnicas utilizadas no trabalho. Fornecer para a comunidade geotécnica
uma nova ferramenta, que poderá ser utilizada em pesquisas acadêmicas ou em
anteprojetos de construções sobre argilas moles.

1.4 Estrutura e descrição dos capítulos

Com o propósito de alcançar os objetivos acima enunciados esta tese foi escrita
em nove capítulos:

4
1º CAPÍTULO – Consiste na apresentação das considerações iniciais, da
justificativa e motivação do estudo, dos principais objetivos almejados e da forma com
que a tese está organizada;

2º CAPÍTULO – Apresenta uma revisão bibliográfica sobre o comportamento


das argilas moles, sintetizando a origem, formação, localização e características dos
depósitos de argilas moles brasileiros, com ênfase aos depósitos localizados na Baixada
de Jacarepaguá, RJ. Posteriormente é apresentada uma moderna interpretação do
comportamento do solo no contexto da Teoria dos Estados Críticos.

3º CAPÍTULO – Neste capítulo sendo abordados os principais equipamentos e


técnicas de ensaios de investigação geotécnica realizados em solos moles no Brasil, e os
principais parâmetros obtidos.

4º CAPÍTULO – Inicialmente é realizada uma breve revisão bibliográfica


referente a banco de dados, aos sistemas de informações geográficas e exemplos de
trabalhos relacionados com o tema da pesquisa. Em seguida são detalhadas as premissas
elencadas e a metodologia utilizada para o desenvolvimento do sistema proposto. No
final do capítulo é realizada uma explanação sobre as técnicas de tratamento estatístico
que serão utilizadas na interpretação dos resultados dos Capítulos 6, 7 e 8.

5º CAPÍTULO – Descreve detalhadamente, através de textos e figuras, o sistema


desenvolvido e as suas funcionalidades. Em paralelo, é justificada a criação de cada
uma das funções implementadas.

6º CAPÍTULO – Consiste na caracterização dos depósitos investigados. Os


resultados dos ensaios de campo, laboratório e as correlações entre ambos serão
analisados de forma conjunta. São apresentadas diversas correlações geotécnicas entre
diferentes parâmetros e propostas novas correlações com base nas características do
subsolo local.

7º CAPÍTULO – Capítulo dedicado à análise e interpretação da


compressibilidade dos depósitos de argila mole existentes na região em estudo. Os
resultados de todas as ilhas de investigação que compõem o banco de dados são
analisados de forma conjunta. São apresentadas diversas correlações geotécnicas entre

5
diferentes parâmetros e propostas novas correlações com base nas características do
subsolo da Baixada de Jacarepaguá.

8º CAPÍTULO – Composto pela análise e interpretação dos ensaios utilizados


para a estimativa da resistência ao cisalhamento não drenada do solo. Os parâmetros que
compõem o banco de dados e as principais correlações geotécnicas indicadas na
literatura, são estudas de forma conjunta, sendo propostos valores característicos e
novas correlações geotécnicas para a região em estudo.

9º CAPÍTULO – Descreve as principais conclusões obtidas com o estudo


realizado e sugere temas de pesquisa para trabalhos futuros.

Em suma, o Capítulo 1 apresenta uma visão geral da tese. Os Capítulos 2, 3 e 4


são dedicados à revisão da bibliografia necessária para o embasamento conceitual do
estudo. A parte final do Capítulo 4 e o Capítulo 5 mostram a metodologia utilizada no
trabalho e apresentam o sistema SIGWeb desenvolvido. Nos Capítulos 6, 7 e 8 são
sintetizados os resultados obtidos com as análises geotécnicas realizadas. Por fim, no
Capítulo 9 são descritas as principais conclusões obtidas e sugeridos temas para a
continuidade da pesquisa.

6
CAPÍTULO 2 – ORIGEM E INTERPRETAÇÃO DO
COMPORTAMENTO DOS SOLOS MUITO MOLES A MOLES

Este capítulo descreve, inicialmente, o processo de formação das argilas moles


brasileiras, com ênfase na Baixada de Jacarepaguá/ RJ, local onde foram realizados os
ensaios que deram origem ao banco de dados geotécnico utilizado nesta tese.
Posteriormente é realizada uma interpretação da previsão teórica do comportamento das
argilas com base na Teoria dos Estados Críticos, sendo resumidas as principais
correlações geotécnicas propostas na literatura por diferentes autores.

2.1 Argilas Moles Brasileiras

2.1.1 Origem e formação dos depósitos moles

Os solos moles podem ser caracterizados como solos sedimentares, em que a


fração de argila imprime ao solo características compressíveis e que possuem baixa
resistência a penetração (NSPT<5), sendo o NSPT o número de golpes necessários para
cravar os últimos 30cm do amostrador utilizado na sondagem SPT (ABNT NBR
6484:2001; Massad, 2010). A expressão “solos extremamente moles” é utilizada por
Sandroni (2006) para indicar os depósitos de solos argilosos, orgânicos, turfosos ou não,
com coloração escura, com umidade elevada (maior do que 100% e chegando aos
1000%) e NSPT nulo (amostrador penetra sob o peso da composição) ou muito baixo
(NSPT menor do que 2).

Os solos derivados de plantas são chamados de turfas, entretanto, quando uma


quantia significativa de partículas inorgânicas está presente, os solos são denominados
orgânicos. Segundo Landva e Pheeney, (1980) as turfas possuem teor de matéria
orgânica superior a 80% e umidade de até 3000% e os solos orgânicos possuem teor de
matéria orgânica variando entre 5% e 60% e umidade natural entre 100% e 500%.

Depósitos de argilas de consistência mole a muito mole e com diferentes teores


de matéria orgânica ocorrem extensamente nas planícies costeiras do Brasil. Estas
7
planícies podem ser definidas como superfícies geomorfológicas deposicionais de baixo
gradiente (declividade), formadas por sedimentação predominantemente subaquosa, que
margeiam corpos de água de grandes dimensões, como o mar ou oceano (Suguio, 2003).
Segundo esse o autor, as planícies são representadas comumente por faixas de terrenos
recentemente (em termos geológicos) emersos e compostos por sedimentos marinhos,
continentais, fluviomarinhos, lagunares, paludiais, em geral de idade quaternária. A
deposição dos sedimentos foi realizada com as oscilações do nível do mar durante o
Quaternário (Massad,1994).

Com base em dados obtidos nos terraços holocênicos e de outros indicadores


que evidenciaram paleoníveis do mar diferentes do atual, (Suguio et al., 1985),
esboçaram em vários trechos do litoral brasileiro curvas parciais ou completas das
flutuações dos níveis relativos do mar nos últimos 7.000 anos. Os autores constataram
ainda que em todas as regiões estudadas, os níveis relativos do mar estiveram situados
acima do atual, com as seguintes peculiaridades:

• O nível médio atual do mar foi ultrapassado, pela primeira vez, entre 7.000 e
6.500 anos antes do presente (AP);
• Há cerca de 5.100 anos AP, o nível do mar subiu entre 3,0 a 5,0 m acima do
atual;
• Em torno de 3.900 anos AP, o nível relativo do mar deve ter estado 1,5 a 2,0 m
abaixo do atual (Massad et al., 1996);
• Em 3.000 anos AP, o nível do mar ascendeu entre 2,0 a 3,5 m acima do atual;
• Há 2.800 anos AP, ocorreu novamente o rebaixamento, com o nível do mar
atingindo provavelmente um nível inferior ao atual;
• Em 2.500 anos AP, foi atingido um nível 1,5 a 2,5 m acima do atual e, desde
então, tem ocorrido uma tendência ao rebaixamento contínuo.

A Figura 2. 1 apresenta a estimativa da curva de variação dos níveis relativos do


mar nos últimos 7.000 anos ao longo do litoral brasileiro. Em resumo, a maior parte das
planícies holocênicas, que aparecem em praticamente toda a margem continental
brasileira, formou-se através de uma fase regressiva, a partir de ± 5.100 AP. Nesta
época, grande parte do litoral brasileiro esteve submerso, com o nível do mar atingindo

8
5,0 m acima do nível atual na costa da Bahia e cerca de 4,8 m a 2,3 m acima do nível
atual ao longo da costa do Rio de Janeiro até o Paraná (Suguio e Martin,1981).

Os depósitos de solo mole existentes no litoral brasileiro são formados por grãos
minerais (componentes inorgânicos), resultantes do intemperismo das rochas existentes
na bacia de contribuição local, e por matéria orgânica (turfa), oriunda da deposição de
plantas e animais que pertenciam ao ecossistema da região. A Figura 2. 2, adaptada de
Barata e Danziger (1986), mostra os principais perfis típicos destes depósitos de argila
mole. No perfil (a), o solo mole está localizado na superfície do terreno, sobrejacente,
em geral, a uma camada arenosa; O perfil (b) contempla os casos nos quais a camada de
areia superficial possui pequena espessura se comparada à camada de argila mole; No
perfil (c), a argila se encontra em profundidade, subjacente à espessa camada de areia; e
no perfil (d) estão localizadas, no interior da camada de argila mole, lentes de areias
e/ou conchas.

Anos antes do Presente (AP)


8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0
6
5
Variação do Nível do Mar

4
3
2 Entre 7.000 e
6.500 anos (AP) Período atual
1
0
-1 ?

-2
-3 6750 anos AP 5100 anos AP 3900 anos AP
3000 anos AP 2800 anos AP 2500 anos AP
Nível atual do Mar Curva estimada da variação no nível do mar

Figura 2. 1 – Estimativa dos períodos e da curva de variação dos níveis relativos do mar
nos últimos 7.000 anos ao longo do litoral brasileiro - a partir de Suguio et al., (1985).

9
(a (b)

(c) (d)

Figura 2. 2 - Estrutura típica dos depósitos de solos moles brasileiros (adaptado de


Barata e Danziger 1986).

As argilas moles em geral possuem razão de sobreadensamento (OCR)


superiores nas camadas superficiais do terreno, os quais decrescem então com o
aumento da profundidade. O sobreadensamento do solo é em geral atribuído à erosão
(ou ao degelo), às alterações do nível do lençol freático e ao envelhecimento do solo
(Bjerrum, 1973, Parry e Wroth, 1981). A seguir, serão explicados tais efeitos.

A Figura 2. 3 mostra esquematicamente como ocorre a variação do OCR com a


retirada de uma hipotética sobrecarga. A Figura 2. 3a apresenta o perfil original, sendo
considerado o nível de água em cota igual ao nível do terreno. Adotando-se um perfil
homogêneo com peso específico natural do solo (γn) de 12,5 kN/m3, é traçada a linha
correspondente à máxima tensão vertical efetiva inicial (σ’vo) que, neste caso, é igual a
máxima tensão já suportada pelo solo (σ’vm). Após a retirada de uma sobrecarga
superficial de 2,0 m de espessura (erosão, degelo, etc.), a tensão efetiva atuante será
inferior à máxima tensão efetiva já conhecida por esse solo, Figura 2. 3b. Dessa

10
maneira, o produto da divisão entre σ’vm e σ’vo (OCR) será superior nas camadas mais
superficiais do terreno, Figura 2. 3c.

σ'vo (kN/m 2 ) σ'vo ; σ'vm (kN/m 2 ) OCR


2
0,0 σ'vo=0,0 kN/m N.T = N.A 0,0 σ'vo=0,0 kN/m
2 0,0

1,0 σ'vo=5,0 kN/m


2 1,0 Erosão, degelo, etc. 1,0 Erosão, degelo, etc.
2 2
σ'vm=5,0 kN/m σ'vo=5,0 kN/m 2
2,0 OCR=1,0 2,0 σ'vm=5,0 kN/m N.T = N.A 2,0 N.T = N.A
2
3,0
σ'vo=7,5 kN/m 3,0 σ'vo=7,5 kN/m 2
2
3,0 OCR=5,0
σ'vm=7,5 kN/m
2
σ'vm=7,5 kN/m OCR=1 OCR=3,0
OCR=3,0 OCR=1,0
OCR=1,0
4,0 4,0 Argila 4,0
3 OCR=2,0
γn=12,5 kN/m
3
5,0 5,0 γw=10,0 kN/m 5,0
Profundidade (m)

OCR=1,67
σ'vo ~ σ'vm
6,0 6,0 σ'v0 inicial ~ σ'vm 6,0
Argila OCR=1,50
3
γn=12,5 kN/m
7,0 γw=10,0 kN/m
3
7,0 7,0
OCR=1,40

8,0 8,0 8,0


OCR=1,33
σ'v0 após retirada
9,0 2 9,0 de sobrecarga de 9,0
σ'vo=25,0 kN/m solo 2,0 m OCR=1,29
2
σ'vm=25,0 kN/m
10,0 OCR=1,0 10,0 10,0
2
N.T = Nível do terreno OCR=1,25 σ'vo=25,0 kN/m OCR=1.25
2
11,0 N.A = Nível de água 11,0
σ'vm=25,0 kN/m 11,0
γn = Peso específico do solo OCR=1.22
γw = Peso específico da água
12,0 σ'vm = Tensão de sobreadensamento 12,0 σ'vo σ'vm 12,0
OCR=1.20
σ'v0 = Tensão vertical efetiva atuante
OCR = σ'vm / σ'v0 (a) (b) (c)

Figura 2. 3 – Aumento de OCR devido à retirada de sobrecarga. (a) Perfil original do


terreno, (b) perfil após erosão, degelo, etc. e (c) história de tensões do perfil.

A variação do nível de água também possui papel preponderante no estudo da


história de tensões de um determinado depósito de argila mole. No perfil apresentado na
Figura 2. 4, o nível de água (N.A) inicialmente coincide com o nível do terreno (N.T),
Figura 2. 4a. Admite-se que após um determinado período de tempo, o N.A foi
rebaixado para a cota -2,0 m. Com o rebaixamento do nível de água, o perfil de tensão
efetiva altera-se conforme mostrado na Figura 2. 4b, obtendo-se então os valores de
OCR indicados na Figura 2. 4c.

11
σ'vo (kN/m 2 ) σ'vo ; σ'vm (kN/m 2 ) OCR
0,0 σ'vo=0,0 kN/m
2
N.T = N.A 0,0 σ'vo=0,0 kN/m
2
N.T = N.A 0,0 N.T = N.A

1,0 1,0 Rebaixamento do N.A 1,0 Rebaixamento do N.A* OCR=5

2,0 2,0 N.A 2,0 N.A


2
σ'vo=5,0 kN/m
2
3,0 σ'vm=5,0 kN/m 3,0 σvo=σ'vo=25,0 kN/m
2
3,0 OCR=4,2
OCR=1,0 σ'vm=25,0 kN/m
2
OCR=1 OCR=3,67
OCR=3,67
4,0 4,0 4,0
Profundidade (m)

Argila OCR=3,00
3
5,0 γn=12,5 kN/m 5,0 Perfil de σ'v0 após 5,0
3
γw=10,0 kN/m variação de -2,0m OCR=2,60
Argila do N.A.
6,0 6,0 3 6,0
γn=12,5 kN/m OCR=2,33
3
γw=10,0 kN/m
7,0 σ'v0 inicial 7,0 7,0
OCR=2,14
8,0 8,0 8,0
OCR=2,00
σ'vo=25,0 kN/m
2 N.A=N.T 2
9,0 9,0 σ'vo=45,0 kN/m 9,0
2
σ'vm=25,0 kN/m σ'vm=45,0 kN/m
2 OCR=1,89
OCR=1,0 OCR=1,8 OCR=1,0
10,0 10,0 10,0
N.T = Nível do terreno OCR=1.80
11,0 N.A = Nível de água 11,0 11,0 * Considerando que o N.A esteve igual
γn = Peso específico do solo ao N.T, posteriormente foi rebaixado
γw = Peso específico da água σ'vm -2,0 m e após um certo período de
12,0 12,0 σ'v0 12,0
σ'vm = Tensão de sobreadensamento tempo voltou a cota inicial (N.T=N.A)
σ'v0 = Tensão vertical efetiva atuante
OCR = σ'vm / σ'v0 (a) (b) (c)

Figura 2. 4. Aumento de OCR devido ao rebaixamento do nível de água. (a) Perfil


original do terro, (b) perfil após rebaixamento do N.A e (c) história de tensões do perfil.

O envelhecimento de uma argila mole em seu estado natural é atribuído aos


efeitos do adensamento secundário (Bjerrum, 1973). O adensamento secundário é
definido por Ladd (1973) como o decréscimo de volume que ocorre sob tensão efetiva
essencialmente constante, isto é, após todo o excesso de poropressão ter praticamente se
dissipado durante o adensamento primário. Segundo Martins (2007), de forma
alternativa, dá-se o nome de adensamento secundário às deformações que ocorrem com
o tempo (notadamente a partir de uma deformação próxima à do fim do adensamento
primário) e que não podem ser atribuídas ao ganho de tensões efetivas correspondente à
dissipação dos pequenos excessos de poropressão, ainda remanescentes no corpo de
prova.

Pesquisas realizadas pelo grupo de Reologia da COPPE em amostras


indeformadas coletadas em Sarapuí/RJ sugerem a linha onde ocorre o final do
adensamento secundário, Figura 2. 5a. Martins (2005) propõe que o recalque máximo
por adensamento secundário é aquele correspondente à variação de deformação vertical
da consolidação de fim do primário (OCR=1) para a reta OCR=1,5 (ensaios de
adensamento clássico com 24 horas de duração), para uma dada tensão efetiva vertical

12
(σ’vf) atuante na argila mole. O autor salienta que OCR deve variar com IP. Assim,
conforme mostrado na Figura 2. 5 (a, b e c) o recalque secundário (para o depósito de
Sarapuí) será responsável por um acréscimo de tensões na camada de argila igual a
∆σ’vm=0,5.σ’v0, que resulta em OCR=1,5 constante ao longo da profundidade.

A linha de fim de secundário no gráfico


e e vs. σ´v pode ser obtida em laboratório
∆σ'vm gerando-se um OCR = 2 a partir do fim
do primário (ou um OCR = 1,5 a partir
σ'vo da linha de 24 h), (Martins, 2005).

Linha de fim de
σ'vm = 1,5*σ'v0
adensamento
σ'vm=σ'vo+∆σ'vm ∆σ'vm = σ'v0*(1,5-1,0)
secundário
∆σ'vm = 0,5*σ'v0
OC
R=
OC

1,
R=

0
1,
5

(a) σ'v (log)


2 OCR
0,0 σ'vo=0,0 kN/m N.T = N.A 0,0 N.T = N.A
2

1,0
σ'vo=5,0 kN/m 1,0 OCR=1
OCR = 1,5 OCR=1,50
2,0 2,0
σ'vm=7,5 kN/m 2 OCR=1,50
3,0 3,0
OCR=1,50
4,0 4,0
Argila OCR=1,50
3
γ=12,5 kN/m 3
5,0 5,0
γw=10,0 kN/m
Profundidade (m)

OCR=1,50
6,0 6,0
OCR=1,50
7,0 7,0
OCR=1,50
8,0
σ'v0 ∆σ'vm σ'vm 8,0
OCR=1,50
9,0 9,0
2 OCR=1,50
σ'vm=37,5 kN/m
10,0 10,0
2
OCR=1,50
σ'vo=25,0 kN/m
11,0 11,0
OCR = 1,5 OCR=1,50
12,0 (b) 12,0
(c)
OCR=1,50

Figura 2. 5. Aumento de OCR devido ao envelhecimento do solo. (a) linha de fim do


secundário, (b) perfil após o fim do recalque secundário e (c) história de tensões.

A Figura 2. 6 sintetiza as três curvas de variação de OCR com a profundidade.


Para as condições teóricas atribuídas ao perfil demonstrativo, a alteração do nível de
água é o fator com maior contribuição para o aumento de OCR, seguido da retirada de
13
sobrecarga e do envelhecimento da argila. Deve-se mencionar que um ou mais destes
fatores podem ocorrer em paralelo, sendo os casos de envelhecimento e rebaixamento
do NA as duas situações mais usuais no caso dos depósitos de argilas a serem aqui
discutidos.

OCR
1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 N.T = N.A
0,0

1,0 Erosão, degelo, etc.

2,0 N.T N.A

3,0 Ganho de OCR devido ao


rebaixamento do nível de
4,0 água

5,0 Ganho de OCR devido à


retirada de sobrecarga
Profundidade (m)

6,0

7,0 Ganho de OCR devido ao


envelhecimento do solo
8,0

Argila
9,0 3
γn=12,5 kN/m
3
γw=10,0 kN/m
10,0

11,0

12,0

Figura 2. 6. Curvas demonstrativas do aumento de OCR devido à retirada de


sobrecarga, rebaixamento do nível de água e envelhecimento do solo.

2.1.2 Formação dos depósitos sedimentares da Baixada de Jacarepaguá

A Baixada de Jacarepaguá localiza-se na Zona Oeste do município do Rio de


Janeiro, sendo caracterizada como uma planície costeira formada, em grande parte, por
espessos depósitos de solos compressíveis, compostos por argilas orgânicas de
consistência mole ou muito mole. Ao Sul, a Baixada de Jacarepaguá é limitada pelo
Oceano Atlântico; a Oeste e ao Norte, pelo Maciço da Pedra Branca, e a Leste pelo
14
Maciço da Tijuca. Na direção Leste-Oeste possui cerca de 22 km de extensão, contra 4 a
6 km na direção norte-sul, totalizando em torno de 120 km² de área. O nível do solo é
próximo do nível do mar e os depósitos de solos moles, em geral, estão quase
totalmente abaixo do nível d’água. A Figura 2. 7 e a Figura 2. 8 apresentam as seções
topográficas da região em estudo e comprovam o supracitado.

Oceano Atlântico

Gleba F
P. da Panela Vila Olímpica Pontal
Parque dos Atletas
Life

Rio Centro

Centro
SESC/SENAC Metropolitano I e II

(a)

Lagoa da Tijuca
Lagoa de Jacarepaguá Vila Olímpica Parque dos
Gleba F

Itanhangá
Selleto
Rio Centro

Minha
P. da Panela
Freedom

SESC/SENAC Centro
Metropolitano I e II

(b)
Figura 2. 7 – Topografia da Baixada de Jacarepaguá. Dois perfis Leste/Oeste (adaptado
do Google Earth, 2016).

15
Freedom Parque Olímpico

Alphaville
Minha Praia
Cond. Sta. Mônica

Campo Olímpico
Parque dos Atletas
de Golfe
Rio Centro
Lagoa de Jacarepaguá

(a)
Av. das Américas
Praia do Recreio

Estrada dos Parque Chico


Bandeirantes Canal do Cortado Mendes Pedra do Pontal

Cond. Life Praia da


Cond. Jardins de Macumba
Monet

(b)
Figura 2. 8 – Topografia da Baixada de Jacarepaguá. Dois perfis Norte/Sul (adaptado do
Google Earth, 2016).

Os depósitos de argila orgânica e muito mole da Baixada de Jacarepaguá foram


formados por ciclos de erosão e sedimentação, ocorridos durante os períodos de
regressão e transgressão marinha, (Costa Maia et al., 1984). A planície caracteriza-se
pela presença de solos aluvionares, arenosos e areno-argilosos, formados
essencialmente de granitos e gnaisses, originados da decomposição dos materiais
carreados dos maciços circundantes, sendo estes os principais sedimentos que compõem
as lagoas da região (Cabral, 1979).

16
Na região são evidenciadas quatro províncias geomorfológicas distintas,
conforme se vê na Figura 2. 9, (Roncarati e Neves, 1976): (I) Montanhas: formadas por
rochas do embasamento cristalino, elas circundam a planície Leste, Norte e Oeste, com
cotas de até 1025 m de altitude. As principais montanhas são o Maciço da Pedra Branca
e o Maciço da Tijuca, existindo alguns afloramentos no meio de outras províncias,
como a Pedra do Pontal; (II) Clinoplano periférico: formado a partir da coalescência de
leques aluviais, está localizado na região de transição entre as montanhas e a planície,
com inclinação suave para o centro da Baixada de Jacarepaguá; (III) Planícies paludiais:
Formada por depósitos sedimentares marinhos e lagunares, dividindo-se em duas partes.
A primeira - e mais extensa - é limitada pelo clinoplano periférico e pela restinga
externa. Nela, estão localizadas as lagoas de Jacarepaguá e da Tijuca. A segunda
planície está localizada entre as duas restingas e nela se situa a lagoa de Marapendi. (IV)
Barreiras alongadas: as duas restingas são barreiras alongadas de constituição arenosa,
depositadas por correntes litorâneas. As barreiras são obstáculos alongados entre o mar
e as planícies paludiais, sendo a interna mais larga.

Figura 2. 9 - Províncias geomórficas da Baixada de Jacarepaguá e adjacências (adaptado


de Roncarati e Neves, 1976).

17
2.1.3 Evolução Holocênica da Baixada de Jacarepaguá

Neste item é descrita a reconstrução dos quatro estágios evolutivos holocênicos


da Baixada de Jacarepaguá. Para isso, o texto que segue é baseado principalmente nos
trabalhos de Roncarati e Neves, (1976) e Costa Maia, et al., (1984).

Estágio I: O primeiro estágio é mostrado na Figura 2. 10 e ocorreu cerca de


17.000 anos AP. Neste período, o nível do mar estava em torno de 120 m abaixo do
nível atual e começou a subir. Este período ficou conhecido como a “Última
Transgressão”, cujo nível máximo atingiu cotas entre 4 e 5 m acima do atual e ocorreu
em torno de 5100 anos AP. Durante a fase final da transgressão, entre 7000 e 6000 anos
AP, formou-se uma ilha barreira, isolando do mar aberto uma ampla laguna. A partir de
uma amostra datada em 5.970 ± 230 anos AP na laguna externa, foi suposto que, por
volta de 6000 AP, a ilha barreira ocupasse uma posição mais externa que à época do
máximo (Costa Maia et al., 1984). Com a elevação contínua do nível do mar, a ilha
barreira migrou em direção ao continente, estabilizando-se, no máximo, de 5100 anos
AP, na posição hoje ocupada pela restinga interna.

Amostras datadas da areia do fundo da lagoa interna situam-se entre 5740±150


anos AP e 4090±110 anos AP, o que parece confirmar que a primeira fase lagunar já
estava estabelecida antes da época do máximo. Ver Tabela 2. 1.

Estágio II: O 2° estágio é mostrado na Figura 2. 11. Este período ocorreu após o
máximo de 5100 anos AP, quando se iniciou nova fase regressiva, ou seja, quando a
ilha-barreira sofreu uma progradação, deposição de sedimentos marinhos, que formaram
a restinga externa. As amostras das cúspides lagunares (areias da laguna reposicionadas
devido as correntes circulares internas), formadas no período de máximo e na regressão
posterior, forneceram idades oscilando entre 4890±100 anos AP e 4130±110 anos AP,
ver Tabela 2. 1.

Estágio III: Ocorreu por volta de 3800 anos AP, com a elevação do nível do
mar, que atingiu o nível máximo por volta de 3500 anos AP. Durante essa nova
transgressão, a restinga interna foi parcialmente erodida. A Oeste, onde existe uma
região de alta energia hidrodinâmica, a restinga foi provavelmente arrombada pelo mar

18
(Figura 2. 12). Essa suposição é confirmada com a datação de uma amostra neste
depósito, que indicou idade de 3780±200 anos AP (Tabela 2. 1).

Antes do máximo transgressivo, há aproximadamente 3700 anos AP, a segunda


ilha barreira já estava formada, configurando uma nova laguna, conhecida como lagoa
de Marapendi. As amostras obtidas na vaza orgânica (material com teor de matéria
orgânica superior a 30%) desta laguna indicam idades entre 3670±90 anos AP e
3130±130 anos AP, ver Tabela 2. 1.

Estágio IV: Após o máximo, o nível do mar baixou lentamente até atingir a cota
zero atual. As duas ilhas barreiras sofreram progradação. A Figura 2. 13 mostra os
diferentes sedimentos depositados na Baixada de Jacarepaguá. É apresentada, na Figura
2. 14, a imagem de satélite atual da região, juntamente com os locais onde foram
realizadas as ilhas de investigações geotécnicas desta pesquisa e foram obtidos os
parâmetros que compõem o banco de dados implementado. Na Figura 2. 15, são
indicadas as idades médias obtidas com as datações realizadas nos depósitos
sedimentares da região. As margens de erro atribuídas às datações das amostras variam
em geral entre 90 e 230 anos, sendo 150 anos o valor médio.

Figura 2. 10 – Estágio I – 7000-5000 anos AP. Estabelecimento da primeira ilha-


barreira a da primeira zona lagunar (adaptado de Costa Maia et al., 1984).

19
Figura 2. 11 – Estágio II - Regressão de 5100 a 3800 anos AP. Construção da
primeira zona de progradação (adaptado de Costa Maia et al., 1984).

Figura 2. 12 – Estágio III – Máximo de 3500 anos AP. Estabelecimento da segunda


ilha-barreira e da segunda laguna (adaptado de Costa Maia et al., 1984).

20
Figura 2. 13 – Estágio IV – Regressão de 3500 até o presente. Construção da segunda
zona de progradação (adaptado de Costa Maia et al., 1984).

24 sítios estudados
Maciço da Pedra
Maciço da Tijuca
Branca.

Oceano Atlântico

Figura 2. 14 – Imagem via satélite atual da região em estudo e local dos depósitos
investigados (adaptado do Google Earth, 2016).

21
Figura 2. 15 – Idade média dos depósitos sedimentares da Baixada de Jacarepaguá – a
partir de Costa Maia et al., (1984).

Tabela 2. 1 – Amostradas datadas pelo método do Carbono-14 – a partir de Costa Maia


et al., (1984).

Material Depósito sedimentar Idade AP (anos) (±)


Conchas Areias lagunares recobertas por aluviões 5740 150
Conchas Areias lagunares recobertas por aluviões 5715 150
Conchas Areias lagunares recobertas por aluviões 5700 160
Conchas Areias lagunares recobertas por aluviões 5615 150
Conchas Areias lagunares recobertas por aluviões 5570 160
Conchas Areias lagunares recobertas por aluviões 5200 150
Areias lagunares recobertas por
Idade Média 5590 153
aluviões

22
Tabela 2. 1(Cont.) – Amostradas datadas pelo método do Carbono-14 – a partir de
Costa Maia et al., (1984).

Material Depósito sedimentar Idade AP (anos) (±)


Conchas Areias do fundo da laguna interna 5350 150
Conchas Areias do fundo da laguna interna 5280 230
Conchas Areias do fundo da laguna interna 5220 150
Conchas Areias do fundo da laguna interna 5220 150
Conchas Areias do fundo da laguna interna 4980 210
Conchas Areias do fundo da laguna interna 4920 100
Conchas Areias do fundo da laguna interna 4620 140
Conchas Areias do fundo da laguna interna 4450 180
Conchas Areias do fundo da laguna interna 4320 150
Conchas Areias do fundo da laguna interna 4270 90
Conchas Areias do fundo da laguna interna 4245 140
Conchas Areias do fundo da laguna interna 4130 110
Conchas Areias do fundo da laguna interna 4110 120
Conchas Areias do fundo da laguna interna 4090 110
Idade Média Areias do fundo da laguna interna 4657 145
Conchas Cúspides da laguna interna 4890 100
Conchas Cúspides da laguna interna 4740 150
Conchas Cúspides da laguna interna 4620 140
Conchas Cúspides da laguna interna 4570 150
Conchas Cúspides da laguna interna 4460 150
Conchas Cúspides da laguna interna 4440 150
Conchas Cúspides da laguna interna 4290 120
Conchas Cúspides da laguna interna 4130 110
Idade Média Cúspides da laguna interna 4517 133
Conchas Cordões de laguna 5065 120
Conchas Cordões de laguna 4845 150
Idade Média Cordões de laguna 4955 135
Vasa Orgânica Sedimentos da laguna externa 3670 90
Vasa Orgânica Sedimentos da laguna externa 3650 130
Vasa Orgânica Sedimentos da laguna externa 3130 130
Idade Média Sedimentos da laguna externa 3483 135
Conchas Leques de arrombamento 3780 200
Madeira Argilas fluviais 5883 98

23
A datação dos sedimentos do campo experimental de Sarapuí II/RS, indicou ao
longo de todo o perfil idades de deposição entre 2180 e 8590 anos AP (Jannuzzi, 2013).
A autora conclui que o solo descrito como argilosa cinza muito mole é sobrejacente a
uma camada de silte argiloso amarelo, do Pleistoceno com idade entre 12240 a 12630
anos AP. A combinação de dados geológicos e geotécnicos obtidos pela autora
indicaram que o nível máximo do mar na área do Rio de Janeiro ocorreu em torno de
7000 anos AP.

2.1.4 Processo de ocupação urbana da Baixada de Jacarepaguá

O processo de ocupação urbana da Baixada de Jacarepaguá foi iniciado a partir


da década de 1970. Segundo dados do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos
(IPP, 2001), a população do bairro cresceu quase o seu triplo entre 1980 e 2000. O
expressivo processo de ocupação do maior bairro, a Barra da Tijuca, pode ser explicado
a partir de alguns fatores condicionantes: (1°) A expansão imobiliária, que ofereceu a
região como uma “nova Zona Sul”, pela contiguidade com essa Zona e pelo contato
com a natureza, sendo um dos mais belos complexos naturais do Rio de Janeiro, bem
como uma área com o sentido de habitação exclusiva às camadas de média e alta renda;
(2°) O processo de ocupação urbana foi acelerado devido às terras pertencerem a apenas
quatro grandes proprietários; (3°) Nas décadas de 1970 e 1980, os investimentos do
Governo Federal, por meio dos recursos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH),
beneficiou o processo de produção das grandes incorporadoras imobiliárias na região.
(4°) Os maciços investimentos públicos em obras de infraestrutura viária facilitaram o
acesso ao bairro (Leitão, 1995).

A rápida ocupação urbana da região provocou tanto o surgimento de aterros


indiscriminados como a ocupação regular e irregular das margens de rios e lagoas. Além
disso, são corriqueiros na região os registros de patologias pós-construtivas oriundos de
recalques em fundações, vias públicas e aterros em geral (eg. Sandroni, 2006, Almeida
et al., 2008; Almeida, 2012).

24
2.1.5 Características Gerais da Baixada de Jacarepaguá

O subsolo da região em estudo é composto por depósitos sobrepostos de


sedimentos fluviais, flúvio-marinhos e flúvio-lacustres de espessuras bastante variáveis
(Almeida e Marques, 2004). Nesse sentido, a Figura 2. 16 apresenta perfis geotécnicos
de vários depósitos de solos moles existentes nesta região. As espessuras dos depósitos
de argila mole variam em geral entre 0,0 m e 22,0 m, entretanto depósitos com 28,0 m
já foram encontrados no bairro do Recreio dos Bandeirantes (Riccio et al., 2013). Uma
das características desta região são os aterros de conquista das vias, realizados
paulatinamente em pequenas camadas ao longo dos anos tendo em vista a baixíssima
resistência que o solo apresenta.

Baixada de Jacarepaguá
Barra da Tijuca Recreio dos Bandeirantes
nd .

vu .
Fu op

Pa op
)
na
o)

as dos
io Metr

io Metr
C

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NA

04
UL

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(20
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NE

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rro
SC

Pa

P

L
E
N
Ce

Ce

CR

PA
MA


LIF
OU
PA

PA

PE
SE

10
Prof. (m)

15

20

25

30
Aterro Argila com elevado teor Argila muito mole Argila média a rija Camada de
de matéria orgânica a mole base de areia

Figura 2. 16 - Tipos de solo e espessuras de diferentes depósitos da Baixada de


Jacarepaguá (adaptado de Riccio et al, 2013).

Em geral, os depósitos locais virgens, apresentam camada superficial de argila


com teores de matéria orgânica de até 60%, elevada compressibilidade e umidade de até
1200%. A camada subjacente é formada por argila muito mole a mole com teor de
matéria orgânica médio de 10%, a resistência ao cisalhamento não drenada (Su) é
extremamente baixa, a maioria dos depósitos possui Su inferiores a 30 kPa, sendo
valores inferiores a 10 kPa usualmente encontrados. O peso específico natural do solo

25
(γn) é em geral muito baixo, com valores médios na ordem de 11,5 kN/m3, enquanto a
densidade (média) dos grãos (Gs) varia entre 2,44 a 2,66. Na Figura 2. 17, é possível
visualizar diferentes colorações e texturas de solos retirados em diferentes
profundidades em uma mesma vertical de ensaio no sítio da Gleba F (Baroni, 2010).

8,0 – 8,6 m 12,0 – 12,6 m

5,0 – 5,6 m 7,0 – 7,6 m

1,0 – 1,6 m 3,0 – 3,6 m

Figura 2. 17 - Amostras retiradas no sítio da Gleba F, Baroni (2010).

A Tabela 2. 2 apresenta um resumo das principais propriedades geotécnicas de


diferentes depósitos localizados na região em estudo. É evidenciado que todos os
depósitos de argila mole da região possuem elevada umidade, plasticidade e
compressibilidade, sendo valores da razão de compressão (CR=Cc/1+e0) superiores a
0,50 corriqueiros. A granulometria é composta por elevada porcentagem de finos, com
valores máximos em geral superiores a 50%. Os valores do coeficiente de adensamento
vertical são em geral muito baixos, na ordem de 1x10-8 m2/s.

26
Tabela 2. 2 – Características geotécnicas dos solos moles da Barra da Tijuca e Recreio
dos Bandeirantes (adaptado de Almeida et al., 2010).

Deposit SESC/SENAC 1 C. Metropolitano Panela Parque dos Atletas PAN 3 Península Outeiro
6
w0 (%) 72–500 57-789 126–488 30-295 116–600 61–294 75–119
wL (%) 70–450 67-610 121–312 120-140 100–370 52–93 118–133
IP (%) 47–250 47-497 80–192 31-244 120–250 100–300 97–105
% clay 28–80 6-60 26–54 33-51 32.00 23–71 32–65
3
γnat (kN/m ) 12,5 10,0-16,9 9,8–13,4 11,4-18,5 11,6–12,5 10,0–12,7 13,5–15,7
CR=Cc/(1+e0) 0,29–0,52 0,20-0,60 0,40–0,84 0,33 0,36–0,50 0,35–0,79 0,25–0,68
-8 2 7
cv (10 m /s) 0,17–80,0 0,018-19,00 0,60–8,80 2,00 0,40–1,20 0,90–15,00 2,10–49,00
e0 2,0–11,1 1,4-12,4 3,3–8,2 0,8-6,6 4,8–7,6 4,0–12,4 1,8–3,0
(4)
Su (kPa) 2,0–11,2 4,5-21,9 3,0–38,0 1,0-3,5 5,0–23,0 4,0–29,0 7,0–41,0
8
Nkt 7,5–14,5 4,0-15,0 4,0–16,0 16,0 4,0–9,0 6,5–15,0 -
4 5
Deposit Crespo Neto MAP Life PAL Máximo
6
w0 (%) 72–496 - 114–895 72-1200 72–1200 (1) - Almeida et al. (2002)
wL (%) 89–172 - 86–636 88-218 88–218 (2) - Baroni (2010)
IP (%) 42–160 - 59–405 47-133 47–133 (3) - Macedo (2006) and
% clay 14–49 - 15–60 2-36 19–60 Sandroni & Deotti (2008).
3
γnat (kN/m ) 11,0–12,4 13,7–20,2 9,2–14,0 10,9-14,9 10,9–14,2 (4) - Crespo Neto (2004)
CR=Cc/(1+e0) 0,27–0,46 - 0,22–0,49 0,11- 0,38 0,27–0,38 (5) -Almeida et al. (2008b)
-8 2 7
cv (10 m /s) 0,07–0,60 - 0,30–3,30 0,60-6,30 1,30–6,30
e0 3,8–15,0 - 3,0–15,1 1,0-11,6 2,0–11,6
Su (kPa) 3,0–19,0 5,0-10,0 4,0–18,0 2,0-19,0 2,0–19,0
8
Nkt 5,0–13,0 11,0 4,0–16,0 5,0-14,5 5,0–14,5

(6) Argila mole e Turfa; (7) A partir de ensaios de adensamento oedométric e dissipações do execesso de poropressão do CPTU
(8) Factor de cone Nkt = (qt − σvo)/Su, obtidos a partir da correlação entre a resistência de ponta corrigida do CPTU e a resistência
não drenada oriunda do ensaio de palheta.

2.2 Solos moles e a Teoria dos Estados Críticos

O objetivo deste subitem é apresentar os principais fundamentos da Teoria dos


Estados Críticos. Ênfase é dada ao comportamento dos solos moles, sendo abordados os
conceitos de compressão, escoamento e ruptura do solo. Posteriormente são listadas as
principais correlações geotécnicas propostas nas últimas décadas por diversos autores.

2.2.1 A teoria dos estados críticos e o modelo Cam-clay

Segundo Leroueil e Hight, (2003), a Mecânica dos Solos Clássica foi


desenvolvida na primeira metade do século XX, citando-se estudos sobre a teoria do
adensamento (Terzaghi, 1923), de tensões efetivas (Terzaghi, 1936), do conceito da

27
tensão de sobreadensamento (Casagrande, 1936), descrição dos componentes de
resistência (Hvorslev, 1937) e entendimento sobre o comportamento dos solos drenados
e não drenados (Bishop e Henkel, 1957).

A Mecânica dos Solos Moderna iniciou no final de década de 1950, na


Universidade de Cambridge, Inglaterra, onde foi iniciada uma série de estudos sobre
modelos constitutivos dos solos. As pesquisas realizadas resultaram na criação do
Modelo Cam-Clay (Schofield e Wroth, 1968; Atkinson e Bransby, 1978) e do Modelo
Cam-Clay Modificado (Roscoe e Burland, 1968; Wood, 1990). Foi definido, assim, que
o estado crítico do solo ocorre a partir de grandes deformações, em areias e argilas
moles, como um contínuo cisalhamento sem aumento adicional de tensão ou volume. A
Teoria dos Estados Críticos (TEC) integra, em um mesmo modelo, os conceitos de
resistência, compressibilidade e deformabilidade. Essa unificação de conceitos provê
um fundamento para entender o comportamento dos solos. Estes conceitos serão
resumidos nos próximos itens de forma a embasar conceitualmente o presente estudo.

2.2.2 Linha de compressão isotrópica (LCI)

A compressão isotrópica (σ’1=σ’2=σ’3) de uma amostra de argila normalmente


adensada pode ser representada por uma linha reta no diagrama ν:ln p’, sendo ν=1+e o
volume específico; e o índice de vazios; e p’=(σ’1+σ’2+σ’3)/3 a tensão efetiva média.
Esta linha reta, denominada linha de compressão isotrópica (LCI), é visualizada no
trecho A-C da Figura 2. 18, sendo representada pela expressão:

ν = N − λ ln p ' (2.1)

Onde: N é o volume específico do solo normalmente adensado a p’=1 kPa; λ é a


declividade da LCI, definida por dν/dp’.

No ponto B da Figura 2. 18 ou em outro ponto qualquer da linha de compressão


isotrópica, a amostra é descarregada, definindo, dessa forma, linhas de
descarregamento-recarregamento (pontos B-D e C-E), o que representa o
comportamento elástico do solo, expresso por:

28
ν = ν κ − κ ln p ' (2.2)

Onde: νκ é o volume específico, para p’=1 (ln p’=0); κ é a declividade da linha


de descarregamento-recarregamento, definida por dν/dp’.

Sendo que λ, Ν e κ são definidos como constantes do solo. A relação entre os


dois parâmetros de compressão utilizados no modelo Cam-Clay (Cc, Cs) com a
declividade da LCI (λ) podem ser definidos como (Atkinson e Bransby, 1978).

C C = 2 ,303 λ (2.3)

C S = 2 ,303 κ (2.4)

Os coeficientes λ a κ são os coeficientes de inclinação da reta virgem e da reta


de recompressão. A variação de volume ao longo da reta virgem é primordialmente
irreversível ou plástico e ao longo da reta de recompressão é reversível ou elástico.

Ν
ν

Reta Virgem
Volume específico,

λ
Γ LCI
D
Linha de
κ B carregamento -
LEC descarregamento

E
C

p'=1 p'c lnp'

Figura 2. 18 –Linha de compressão isotrópica e linha do estado crítico para a


compressão isotrópica (adaptado de Atkinson e Bransby, 1978).

2.2.3 Linha do estado crítico (LEC)

A linha do estado crítico (LEC) é paralela à linha de compressão isotrópica


(Figura 2. 18). O parâmetro Γ, definido como ο volume específico do solo na LEC para
29
um valor unitário de ν, é necessário para localizar a linha do estado crítico no plano ν
vs. p’.

A Figura 2. 18 mostra também o parâmetro N, necessário para localizar a linha


de compressão isotrópica (LCI) no plano ν vs. p’. No entanto, N não é uma variável
independente, uma vez que depende dos parâmetros Γ, λ e κ.

No plano ν:lnp’, a LEC é representada por uma reta paralela à LCI, logo com a
mesma inclinação λ. Desta forma, a LEC é representada pela equação:

ν = Γ − λ ln p ' (2.5)

No plano q:p’, as tensões desvio aumentam até que seja encontrada a Linha do
Estado Crítico, ver Figura 2. 19. O estado crítico passa a ser definido por:

q ' = Mp ' (2.6)

Onde : M é a inclinação da LEC, resultante da relação q/p’.

O parâmetro M é definido (para a condição de ensaio triaxial de compressão) por

6 sen φ ' ec
M = (2.7)
3 − sen φ ' ec

onde φ’ec é o ângulo de atrito em graus correspondente a condição do estado


crítico (volume constante). Na prática é possível adotar a seguinte equação empírica
simplificada:

φ ' ( graus )
M = (2.8)
25°

Da mesma forma que λ e κ, os parâmetros Μ e Γ são definidos como constantes


do solo. A Figura 2. 19 apresenta uma visão tridimensional do espaço q:p’: ν. Embora
os ensaios drenados e não drenados sigam caminhos diferentes até o estado crítico,
ambos alcançam a mesma linha do estado crítico.

30
Figura 2. 19 – Planos seguidos pelos estados de tensões: (a) Drenados e (b) Não
drenados (Atkinson e Bransby, 1978).

2.2.4 Escoamento do solo

O comportamento do solo é representado por um trecho inicial elástico até


atingir um ponto de escoamento, a partir do qual ocorrem deformações plásticas ou
irreversíveis, somando-se às elásticas. A Figura 2. 20 apresenta estes conceitos para o
caso de compressão oedométrica no qual o escoamento é associado à tensão de
sobreadensamento. O conceito de escoamento desenvolvido para descrever os efeitos da
história de tensões em argilas sedimentares é igualmente aplicável para os efeitos de
estrutura. Estes efeitos são entendidos através da comparação das curvas índice de
vazios versus tensão efetiva que são possíveis para o solo estruturado com aquelas
possíveis para o solo desestruturado (Leroueil e Vaughan, 1990; Leroueil, 1992). Com
base na Figura 2. 20, é possível comprovar que o solo estruturado apresenta maior
tensão de sobreadensamento com o mesmo índice de vazios do desestruturado (ideal),
deixando de representar a história geológica de tensões do solo. Além disso, a curva de
estado limite é superior, sendo que a argila estruturada tem maior rigidez do que a argila
ideal e alcança maior resistência de pico.
31
Solo não estruturado Solo estruturado

Figura 2. 20 – Comportamento esquemático de solos não estruturados e estruturados


(Leroueil, 1992).

O escoamento de argilas estruturadas pode ser classificado segundo a posição da


curva de escoamento em três tipos (Leroueil & Vaugham, 1990), ver Figura 2. 21.

I. escoamento na compressão: quando o escoamento ocorre na envoltória devido


ao aumento de tensão efetiva média ou desvio;
II. escoamento no cisalhamento: quando o escoamento e a tensão de ruptura
confundem-se;
III. escoamento na expansão: ocorre devido à impossibilidade da estrutura de
armazenar energia de deformação. Quando não há minerais expansivos este tipo
de escoamento não ocorre e a curva de escoamento passa pela origem.

32
σ'1-σ'3
φ'
ha
Li n

2
B
Superfície de
A escoamento

σ'1+σ'3
D
2

C Lin
ha
φ '
Curva BC - Escoamento devido à compressão
Curva AD - Escoamento devido à expansão
Curva AB; CD - Escoamento devido ao cisalhamento

Figura 2. 21 – Classificação do escoamento (Leroueil e Vaughan, 1990).

Ensaios realizados com a argila de Winnipeg em quatro diferentes profundidades


mostraram que a curva de escoamento aumenta com o aumento da tensão de
sobreadensamento, sendo possível normalizá-la segundo a história de tensões, (Graham
et al., 1983). A comparação de curvas de escoamento de diferentes argilas mostrou que
todas possuíam formas e magnitudes similares (Graham et al., 1988; Diaz-Rodriguez et
al., 1992). A variação do formato das curvas é creditada à diferença na composição
mineralógica, geoquímica, sensibilidade, atividade e estrutura das argilas. Futai et al.,
(2008) apresentam curvas de escoamento normalizadas (q/M.σ’vm vs. p’/ σ’vm) para
diferentes depósitos de argila do Rio de Janeiro, os autores comentam que as curvas
estão de acordo com os resultados obtidos por Diaz-Rodriguez et al., (1992) e refletem a
influência da estrutura e da anisotropia das argilas naturais.

Burland (1990) mostrou que existem duas curvas paralelas, denominadas de


Linha de Compressão Intrínseca (ICL) e Linha de Compressão Sedimentar (SCL), no
gráfico IV (índice de vazios normalizado) versus log σ’V para depósitos de argila mole
normalmente adensados. Comparando a compressibilidade de uma argila natural (SCL)
e a compressibilidade de argilas reconstituídas (ICL), é possível observar a magnitude
da influência da estrutura e cimentação, ver Figura 2. 22. O autor definiu as seguintes
equações:

33
I V = ( e − e *100 ) / C C * (2.9)

C C * = ( e * 100 − e * 1000 ) (2.10)

Onde: * denotam uma propriedade intrínseca do material, ou seja, sem influência


da estrutura (argilas reconstituídas com umidade entre wL e 1,5wL); os valores e* 100 e
e* 1000 são os índices de vazios correspondentes às tensões (σ’V) iguais a 100 e 1000
kPa; Cc* índice de compressão intrínseco.

Linha de compressão
e-e*100

3
sedimentar (SCL)
C*c

2
Iv=

1
Índice de vazios
normalizado

0
Linha de compressão
intrínseca (ICL)
-1

-2
-1 2 3 4
10 1 10 10 10 10
σ'v0 (kPa)
Figura 2. 22 - Curvas ICL e SCL definidas por Burland (1990).

A linha de compressão na sedimentação corresponde à relação entre IV e


log(σ’V) durante a sua formação geológica, ou seja, durante a sedimentação da argila em
água em ambiente fluvial, marinho ou lacustre. Burland (1990) considerou então que a
distância entre a tensão de pré-adensamento das curvas de compressão normalizadas (IV
vs. log(σ’V)) de argilas naturais e a linha ICL reflete o grau de estruturação desta argila.

34
As argilas do Rio de Janeiro foram comparadas no estado natural e intrínseco
por Futai et al., (2001). Foram utilizados índices de vazios de campo na equação 2.9
para a obtenção do índice de vazios normalizado (IV). Os autores comentam que quase
todos os pontos estão acima da linha de compressão intrínseca e, por vezes, acima da
linha de compressão sedimentar, o que reflete a estruturação da argila. Diante disso, eles
concluem que praticamente todas as argilas naturais do Rio de Janeiro são estruturadas.

2.2.5 Relação entre a tensão efetiva, umidade e resistência não drenada

A Figura 2. 23 apresenta a variação da umidade e da resistência não drenada em


função da profundidade em argilas normalmente adensadas (NA) e sobreadensadas (PA)
(Atkinson, 1981). A Figura 2. 23a, mostra a curva típica ν vs. p’, onde os pontos A, B,
C e D denotam a linha de compressão isotrópica (equação 2.1) e os pontos B’, C’ e D’
representam as linhas de carregamento-descarregamento (equação 2.2).

Adotando-se o nível de água na superfície do terreno, a tensão efetiva média (p’)


a uma profundidade qualquer é dada por:

1
p'= ( γ n − γ w ). z .(1 + 2 K 0 ) (2.11)
3

Sendo γn o peso específico de solo, γw o peso específico da água, z profundidade


e K0 o coeficiente de empuxo no repouso.

Considerando as equações 2.1 e 2.11 (Atkinson, 1981) descreve a variação do


volume específico com a profundidade para um solo normalmente adensado (NA).

1  (2.12)
ν = N − λ ln  ( γ n − γ w ). z .(1 + 2 K 0 ) 
3 

A umidade é relacionada com o volume específico por:

ν −1
w= (2.13)
GS

35
Onde Gs é a densidade dos grãos de um solo. Com as equações 2.12 e 2.13 é
obtida a equação 2.14.

1  1 
w=  N − 1 − λ ln  ( γ n − γ w ). z .(1 + 2 K 0 )   (2.14)
Gs  3 

Desta maneira a umidade de uma argila NA decresce com o aumento da


profundidade (Figura 2. 23b). Entretanto, a retirada de uma eventual sobrecarga
provocará o aumento de volume da argila, resultando em um aumento do teor de
umidade. Conforme pode ser visualizado na Figura 2. 23c a umidade no ponto B’ é um
pouco superior à umidade do ponto B da Figura 2. 23b. Contudo, a uma dada
profundidade, a umidade do solo sobreadensado será substancialmente menor do que no
solo normalmente adensado (Atkinson, 1981).

Utilizando as equações 2.13 e 2.15 é possível relacionar a resistência não


drenada do solo com a umidade.

1 Γ−v
Su = M exp   (2.15)
2  λ 

1  Γ − 1 − wG s 
Su = M exp  (2.16)
2  λ 

Assim, é possível dizer que amostras de uma argila homogênea com as mesmas
umidades possuem valores iguais de resistência não drenada. No ponto B’ (Figura 2.
23e) o valor da Su é inferior ao valor da resistência não drenada do ponto B, Figura 2.
23d, pois a umidade em B’ é superior a umidade em B. Entretanto, em uma dada
profundidade, o valor da Su do solo sobreadensado será substancialmente superior ao
valor da Su do solo normalmente adensado (Atkinson, 1981).

Considerando que em carregamentos não drenados não há alteração no volume


específico do solo, os volumes específicos antes e depois da aplicação da carga são os
mesmos.
v f = Γ − λ ln p ' f = v 0 = N − λ ln p ' 0
(2.17)
A partir da equação 2.6 são derivadas as equações 2.18 e 2.19.
q ' = 2 .S u = M . p ' (2.18)

36
1
Su = M . p' f
2 (2.19)
Sendo então obtido:
Su 1 Γ−N
= M exp
p'0 2 λ (2.20)

Onde p'0 é a tensão que corresponde a v0, que corresponde ao estado de tensões
no solo oriundo da equação 2.1. Na equação 2.20, os termos do lado direito são
constantes do solo e, consequentemente, para o solo normalmente adensado, a
resistência não drenada aumenta linearmente com a profundidade (Figura 2. 23d). Na
prática, é mais conveniente relacionar σ'v com Su, evitando assim a necessidade de
determinar K0. A proporção Su/σ'v será constante para um dado solo normalmente
adensado.

37
A

ν
Volume específico ,
B' B

C' C
D
D'

(a ) P'

0 ,0 N .T = N .A w 0 ,0 N .T = N .A
w
B'

A C'
Profundidade (m)

B
D'

(b ) (c)

N .T = N .A S u (k P a ) N .T = N .A S u (k P a )
B'

A C'
Profundidade (m)

D'
C

(d ) (e )

Figura 2. 23 - Variação da umidade e da resistência não drenada em função da


profundidade. (a) relação entre o volume específico e a tensão efetiva, (b, d) argila
normalmente adensada e (c, e) argila sobreadensada (adaptado de Atkinson, 1981).

38
2.2.6 Correlações baseadas na Teoria dos Estados Críticos

Utilizando os conceitos da teoria dos estados críticos, a literatura apresenta um


número expressivo de equações teóricas e experimentais para a estimativa de
parâmetros geotécnicos. Por exemplo, Schofield e Wroth (1968), Atkinson (1981) e
Wood (1990), mostraram que, no estado critico, é possível correlacionar a declividade
da linha de compressão isotrópica LCI (λ) com os limites de liquidez (wL) e de
plasticidade (wP) do solo. Dessa maneira, a resistência do solo pode ser correlacionada
com a variação de sua umidade (equação 2.21), sendo a diferença entre os valores
máximos e mínimos de umidade, o índice de plasticidade (IP), equação 2.22.

λ ≅ 0,585 ( w L − w P ) (2.21)

λ ≅ 0,585 .I P (2.22)

Wood (1990) comprovou ser possível estimar o índice de compressão com base
no índice de plasticidade. Salienta-se que as correlações para obtenção de Cc* são para
solos amolgados, resultando em limites inferiores deste parâmetro.

 I .G 
C *c ≈  P S  (2.23)
 2 

Com a adoção do valor típico de Gs=2,7, obtém-se:

C *c ≈ 1,35.I P (2.24)

Desta forma, para qualquer tipo de solo, no estado crítico, as linhas de wL e wP


coincidem em uma mesma inclinação, existindo uma relação única entre o índice de
liquidez e a tensão vertical efetiva, Figura 2. 24.

39
2
LC IL= w n-wP
wL-wP
I

σ'v (wL) = 8 kPa


IL 1

σ'v (wP) = 800 kPa


0

0.1 1 10 100 1000 10000


σ'v (kPa)

Figura 2. 24 – LCI com a relação entre IL e σ’vo (adaptado de Wood 1990).

A partir desta comprovação, foram deduzidas outras duas correlações (Schofield


e Wroth, 1968). A primeira delas (equação 2.25) correlaciona o índice de plasticidade e
o limite de liquidez, com a eliminação de λ, equação semelhante à “Linha A” de
Casagrande, equação 2.26.

I P ≅ 1, 71 λ ≅ 0 , 615 ( w L − 0 , 09 ) (2.25)

I P ≅ 0 , 73 ( w L − 0 , 20 ) (2.26)

A segunda correlação relaciona o índice de compressão (argila amolgada) com o


limite de liquidez, equação 2.27. A equação 2.27 deduzida da Teoria dos Estados
Críticos do solo é muito próxima à correlação empírica (equação 2.28) sugerida por
Skempton (1944).

C c * = 2 ,303 λ ≅ 0 ,83 ( w L − 0 , 09 ) (2.27)

C c * = 0 , 7 ( w L − 0 ,10 ) (2.28)

A relação entre a resistência não drenada normalizada pela tensão verticial


efetiva (Su/σ'v) e o índice de plasticidade (IP), foi proposta por Skempton (1957):

Su
= 0,11 + 0,0037 I P (2.29)
σ 'v

40
A resistência não drenada amolgada (Sur) não possui dependência da estrutura do
solo e pode ser correlacionada com o índice de liquidez (Wroth e Wood, 1978).

Sur = 2.100(1−I L ) (2.30)

Considerando valores de índice de liquidez variando entre 0,4 e 3,0, Leroueil et


al., (1983) propuseram:

1
S ur = (2.31)
(I L − 0,21)
A equação 2.32 oriunda da Teoria dos Estados Críticos (Schofield e Wroth,
1968) e do método SHANSEP (Ladd et al., 1977), indica que a resistência não drenada
normalizada aumenta com a razão de sobreadensamento (OCR).

Su / σ 'vo
= (OCR) Λ (2.32)
(Su / σ 'vo )NC

Onde NC indica condição normalmente adensada e Λ varia em geral entre 0,85 e


0,75.

Almeida (1982) obteve bons resultados com a aplicação da equação 2.32 com a
utilização de ensaios de laboratório e campo realizados em Sarapuí por Ortigão (1980).

O perfil de resistência de projeto (Su proj) pode ser deduzido diretamente do perfil
da tensão de sobreadensamento (σ`vm) determinada em ensaios de adensamento
edométricos. Mesri (1975) associou α=f(IP) e Su/σ’vm=f(IP) e dados da análise de
Bjerrum (1972) para solos inorgânicos, indicando que a resistência não drenada na
ruptura de um aterro é independente do índice de plasticidade. Neste caso específico, a
Su obtida não necessita correção para utilização em projeto.

Su( proj) = α.σ 'vm = 0,22.σ 'vm (2.33)

Larsson (1980) percebeu que a equação proposta por Mesri (1975) não é
aplicada a todas as argilas do globo terrestre. Segundo o autor, a equação 2.33 possui
uma boa aplicação em argilas inorgânicas, porém os valores de α a serem aplicados em

41
argilas orgânicas são superiores a 0,22 e não possuem um valor médio ou uma relação
com Ip representativa.

A partir dos resultados de ensaios de compressão e extensão triaxial em corpos


de prova adensados isotropicamente, considerando que a média entre eles é o valor que
deve ser utilizado em projeto e levando ainda em consideração o efeito do
sobreadensamento, Jamiolkowski et al., (1985), propuseram a seguinte equação:

Su
= (0,23 ± 0,04).(OCR) 0,8 (2.34)
σ 'v 0

A estimativa de OCR a partir dos resultados do ensaio de piezocone pode ser


realizada a partir de diferentes soluções, baseadas em estudos teóricos e empíricos (e.g.
Senneset et al., 1988; Wroth, 1984; Tavenas e Leroueil, 1987; Mayne, 1991). Mayne
(1991) sugeriu as seguintes equações com base na Teoria de Expansão de Cavidade e na
Teoria do Estado Crítico.

1
 1  qc − u 1 
OCR = 2     (2.35)
1,95 M  σ 'v 0 
1/ Λ
 1  qc − u 2  
OCR = 2    (2.36)
1,95 M + 1  σ 'v 0 

Onde qc é a resistência de ponta do CPTU, u1 é a poropressão medida na face do


cone e u2 é a poropressão medida na base do cone. Mayne (2001) recomenda a
utilização dos valores de M=1,2 (φ’=30) e de Λ =75, o autor comenta que para baixos
valores de OCR os modelos propostos são pouco sensíveis aos parâmetros do estado
crítico.

2.3 Comentários finais

Neste capítulo, foram apresentados e discutidos os pontos considerados de


fundamental importância para o entendimento do comportamento dos solos moles: a
origem e formação e o estudo do comportamento das argilas moles no contexto da
Teoria dos Estados Críticos.
42
A formação dos depósitos de argila mole brasileiros foi abordada com ênfase
nos depósitos argilosos da região da Baixada de Jacarepaguá. O local é composto por
depósitos de solos argilosos orgânicos muito moles e com elevada plasticidade. O
registro geológico mostrou que a região possui formação recente com idades de
deposição variando entre 6000 a 3500 anos AP. A deposição do solo ocorreu em quatro
estágios principais, sendo esta a principal razão da heterogeneidade do subsolo local.

Os conceitos de compressão, escoamento e ruptura do solo foram


exemplificados em paralelo com a apresentação das principais correlações propostas por
diversos autores para prever o comportamento das argilas moles. Deste modo, a teoria
apresentada neste capítulo servirá de base conceitual para as correlações propostas nos
Capítulos 6, 7 e 8.

43
CAPÍTULO 3 - INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA EM SOLOS
MOLES

Este capítulo apresenta uma discussão sucinta das principais metodologias e


equipamentos utilizados no Brasil para a realização de investigações geotécnicas em
argilas moles. São abordados os ensaios de caracterização completa do solo e
adensamento edométrico, realizados no laboratório e os ensaios de campo de piezocone
e palheta, pois os resultados destes formam o banco de dados desenvolvido.

3.1 Construção em solos moles

A ocupação de terrenos onde existem depósitos de argila mole tem se tornado


comum nas cidades situadas nas regiões costeiras do Brasil. Na Baixada de Jacarepaguá,
em especial nos bairros da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, devido à
escassez de terrenos com melhores condições geotécnicas e da valorização atual da
região, diversas obras foram implantadas em locais com espessas camadas superficiais
de argilas de consistência mole ou muito mole.

A construção do aterro sobre este tipo de solo deve apresentar fator de segurança
adequado quanto à possiblidade de ruptura do solo de fundação durante e após
construção; apresentar recalques totais ou diferenciais compatíveis com o tipo de obra
no fim ou após a construção e evitar danos a estruturas adjacentes ou enterradas. Nesse
sentido, é necessário considerar as questões relativas a aterro de encontro de pontes,
atrito negativo em fundações profundas e esforços em obras vizinhas. Para atender a
estes requisitos, é necessário o emprego de estudos e métodos para prever o
comportamento da obra e, com isso, adotar soluções adequadas na fase de projeto.

A eficácia de uma previsão está aliada aos métodos de análise usados e a


determinação adequada dos parâmetros geotécnicos do solo a serem utilizados nesta
análise. Sobre os riscos, Milititsky et al., (2006) destacam que os aspectos relacionados
à investigação do subsolo, ou a falta dela em projetos de fundações, são as principais
causas de problemas geotécnicos. A experiência internacional julga que o conhecimento

44
geotécnico e o controle de execução são mais importantes para satisfazer os requisitos
fundamentais de um projeto do que a precisão dos modelos de cálculo e os coeficientes
de segurança adotados (Schnaid, 2009).

Independente da técnica aplicada ou bibliografia consultada, é consenso que,


para a realização de um projeto atendendo às normativas técnicas e à boa prática da
Engenharia, é de vital importância o conhecimento da estratigrafia do terreno, dos
parâmetros de caracterização, compressibilidade e resistência do solo em análise.

3.2 Investigações geotécnicas em argilas moles

A programação e a realização de campanhas de investigação geotécnica, com


ensaios de campo e laboratório, exigem uma série de procedimentos técnicos. Neste
item, serão resumidos os principais equipamentos e técnicas de realização e
interpretação dos ensaios usualmente empregados no Brasil, sendo citadas referências
para que o leitor possa se aprofundar no assunto.

3.2.1 Principais procedimentos adotados no Brasil

A primeira etapa de investigação geotécnica consiste no estudo geológico da


área com o uso de mapeamento cartográfico, fotografias aéreas, visita ao local e
elaboração da descrição geológica. A primeira investigação geotécnica - usualmente
realizada no Brasil - consiste na sondagem a percussão de simples reconhecimento SPT.
Este ensaio objetiva a classificação preliminar das camadas a serem atravessadas, a
obtenção da resistência NSPT e a identificação do nível do lençol freático. De forma
secundária, é possível obter a topografia do terreno (levantamento da cota da boca do
furo), a umidade natural do solo (em amostras coletadas a cada metro durante o ensaio)
e criar de perfis estratigráficos ou mapas com as curvas de isoespessuras. A Figura 3. 1
apresenta exemplos de curvas de isoespessuras representativas de camadas de argila
mole e a Figura 3. 2 mostra um perfil geotécnico elaborado com base nos resultados de
sondagens SPT, ambos na Baixada de Jacarepaguá.

45
Figura 3. 1 - Curvas de isoespessuras de argila mole. Recreio Life (Baroni et al, 2014)

46
Figura 3. 2 - Perfil geotécnico típico obtido com ensaios SPT, Baixada de
Jacarepaguá/RJ.

Em solos extremamente moles, o número de golpes para a penetração dos 30 cm


finais do amostrador é, em geral, igual à zero (NSPT = 0) e devido à falta de acurácia do
equipamento SPT a mudança dos valores de Su em função da profundidade se tornam
imperceptíveis. Desta maneira, a determinação da umidade do solo, ao longo do perfil
em análise, pode indicar a variação da resistência não drenada e da compressibilidade.
Maiores umidades ocasionam maior compressibilidade e menor resistência.

As fases seguintes são planejadas pelo projetista a partir das informações


oriundas do ensaio SPT. Devem ser consideradas diferentes questões associadas à
investigação geotécnica, tais como ensaios com o mesmo fim possuírem diferentes
caminhos de tensões e diferentes condições de contorno, a necessidade de maximizar e
47
complementar os resultados de diferentes ensaios e a utilização dos resultados
disponíveis em diferentes projetos. Desta forma, os ensaios de campo e laboratório são
procedimentos complementares com vantagens e desvantagens de ambas as partes, ver
Tabela 3. 1.

Tabela 3. 1 - Vantagens e desvantagens de ensaios de laboratório e de campo realizados


em argila mole (Almeida, 1996).

Tipo de ensaio Vantagens Desvantagens


- condições de contorno bem definidas - amolgamento em solos argilosos
- pouca representatividade do volume
- condições de drenagem controladas
ensaiado
Laboratório
- trajetória de tensões conhecida durante - em condições análogas é, em geral, mais
o ensaio caro que ensaio de campo
- natureza do solo identificável
- condições de contorno mal definidas
- solo ensaiado em seu ambiente natural
(exceção pressiômetro auto-cravante)
- medidas continuas com a profundidade
- condições de drenagem desconhecidas
(CPT, CPTU)
Campo - ensaiado maior volume de solo - grau de amolgamento desconhecido
- geralmente mais rápido que ensaios de - modos de deformação e ruptura
laboratório diferentes da obra
- natureza do solo não-identificada
(exceção SPT).

De acordo com a boa prática brasileira, os seguintes ensaios costumam ser


solicitados: ensaios de campo (ensaio de palheta in situ; ensaio de piezocone) e ensaios
de laboratório (campanha de retirada de amostras indeformadas, ensaios de
caracterização completa do solo, adensamento edométrico e mais esporadicamente
ensaios triaxiais). Em alguns casos específicos ou pesquisas são usados outros ensaios.
Entre estes cita-se o T-bar, o dilatômetro de Marchetti (DMT), o cone sísmico e a sonda
piezométrica.

A Tabela 3. 2 sintetiza, no atual estágio de conhecimento, os procedimentos e


técnicas recomendadas para determinação de parâmetros geotécnicos de argilas moles.

48
Tabela 3. 2 - Procedimentos recomendados para determinação de parâmetros de argilas moles (adaptado de Almeida e Marques, 2010).

Principais parametros
Ensaio Tipo Objetivo do ensaio Outros parâmetros Observações e recomendações
obtidos
Recomenda-se a determinação do teor de
Caracterização geral do solo; wn , wL, wP , Gs, curva Estimativa de
Caracterização completa matéria orgânica em solos muito orgânicos e
interpretação dos demais ensaios granulométrica compressibilidade
turfa
Essencial para o cálculo e magnitude e
Laboratório

Adensamento Cálculo de recalques e recalques x tempo CC, CS, σ'vm, cv , eO Eoed, Cα velocidade de recalques; considerar a
qualidade das amostras
Cálculo de estabilidade (Su é afetado pelo É mais afetado pelo amolgamento do que o
Triaxial UU Su -
amolgamento) ensaio CU
Cálculo de estabilidade; parâmetros para Ensaio CAU (adensamento anisotrópico) é
Triaxial CU Su, c', φ' Eu
cálculos de deformabilidade 2D (MEF) mais indicado
Obtenção do perfil geotécnico preliminar Deteminar a umidade do solo a cada metro de
SPT NSPT , descrição do solo wn
(espessuras de cada camada, NA, etc.) ensaio
Essencial para a determinação de resistência
Palheta Cálculo de estabilidade Su, St OCR
não drenada da argila
Campo

Estratigrafia; recalques x tempo (a partir Estimativa do perfil de Su, Perfil de OCR, K0 , Ensaio recomendado pela baixa relação
Piezocone (CPTu)
do ensaio de dissipação) ch, cv Eoed, St custo/benefício favorável
Não requer correção de poropressão; mais
Tbar Resistência não drenada Estimativa do perfil de Su -
comumente usado em offshore
Dilatômetro (DMT) Ensaio complementar, em geral Su, OCR, K 0 Ch , Eoed Menos comum em argilas muito moles
Pressiômetro (PMT) Ensaio complementar, em geral Su, G0 ch Menos comum em argilas muito moles

49
Conforme mostrado na Tabela 3. 1 e na Tabela 3. 2 os ensaios de campo e
laboratório são complementares. Assim sendo, quando os ensaios são realizados em
conjunto, na forma de ilhas, a investigação geotécnica ganha em qualidade, obtendo-se
então um melhor entendimento do comportamento geomecânico do depósito em estudo.

A Figura 3. 3 exemplifica a análise conjunta em função da profundidade de


alguns resultados dos ensaios de SPT, caracterização, adensamento edométrico, palheta
e CPTU. A partir da figura é possível constatar que:

• Na camada superficial a argila possui teor de umidade de 950% e índice de


vazios de 15,2, sugerindo maior concentração de matéria orgânica. Os ensaios
indicam ainda que esta camada superficial possui resistência Su e qt superiores,
se comparado à camada de argila mole inferior, porém esses resultados são
mascarados pelas raízes de plantas presentes na superfície.

• A camada de argila mole subjacente possui elevada plasticidade e cv variando


entre 0,3 e 3,3 × 10-8 m2/s. A resistência Su varia ao longo da profundidade,
sendo identificadas duas camadas com comportamentos diferentes. No
intervalo entre 2,0 e 4,0 m, os valores de Su são praticamente constantes e
equivalem a 5 kPa; já entre os 4,0 e 9,0 m, a resistência Su cresce com a
profundidade, variando entre 15 e 20 kPa, os valores de qt apresentam o mesmo
comportamento. A umidade natural do solo e o índice de vazios decrescem
com a profundidade.

50
Cv(NA)

Figura 3. 3 - Propriedades geotécnicas típicas das argilas moles da Baixada de


Jacarepaguá (Baroni et al.,
al., 2014).

3.2.2 Locação das ilhas de Investigação

O primeiro passo de uma investigação geotécnica é a definição da quantidade de


ensaios necessários e a localização em que serão realizados. Este processo de escolha é
geralmente realizado com a compatibilização entre os resultados de diferentes
sondagens de simples reconhecimento
reconhecimento (SPT) executadas previamente, em conjunto com
a cota topográfica da região, cotas de implantação dos projetos, locação das edificações
e alturas dos aterros. É recomendado ainda que, nos casos de campanhas de
investigação em que são solicitadas a retirada de amostras indeformadas, ou ensaios de
CPTU, palheta, DMT, etc., que demandam um maior aporte de recursos financeiros,
sejam realizadas novas sondagens SPT nos locais onde foi realizada a pré -locação de
cada ilha de investigação. Este procediment
procedimento
o é sugerido uma vez que os ensaios de SPT
51
anteriores podem não ser representativos das condições atuais do terreno (mudança de
topografia, ocorrência de adensamentos), podendo também existir problemas de locação
em planta ou até mesmo não representarem de maneira fidedigna as características do
subsolo local, seja por problemas no equipamento utilizado ou por restrição técnica da
equipe executora.

3.3 Ensaios de laboratório

3.3.1 Qualidade das amostras

Em decorrência da elevada plasticidade dos depósitos de argilas moles


brasileiras e da dificuldade de extrair amostras de boa qualidade, os resultados dos
ensaios realizados com amostras indeformadas devem ser cuidadosamente analisados.
Sabe-se que o amolgamento do corpo de prova provoca (Ladd, 1973; Coutinho, 1976;
Martins e Lacerda, 1994):

• Diminuição do índice de vazios (ou aumento de deformação) para qualquer


valor de tensão vertical efetiva;
• Dificuldade na definição do ponto de menor raio de curvatura e
consequentemente a determinação da tensão de sobreadensamento (σ’vm);
• Diminuição do valor estimado para a tensão de sobreadensamento (σ’vm);
• Aumento da compressibilidade na região de recompressão e diminuição da
compressibilidade na região de compressão virgem;
• Retificação do trecho de compressão virgem.

Baseados nas informações obtidas em diversas amostras, Lunne et al., (1997)


propuseram um critério de avaliação do grau de amolgamento com base na diferença
entre o índice de vazios inicial da amostra e o índice de vazios correspondente ao nível
de tensão efetiva vertical de campo. Os autores classificaram a amostra como: muito
boa a excelente; boa a regular; ruim e muito ruim. Baseado na experiência local e
considerando que a proposta de Lunne et al. (1997) é muito rigorosa para as argilas
plásticas brasileiras, Coutinho (2007) propôs modificações nos valores limites das

52
faixas de variação de qualidade das amostras. A Tabela 3. 3 mostra a classificação e as
faixas de valores propostas pelos autores.

Tabela 3. 3 - Critério de qualidade de amostras (Lunne et al., 1997; Coutinho, 2007).

Autor Classificação ∆ e/e 0


Muito boa a Excelente <0,04
Qualidade Boa a regular 0,04 - 0,07
(Lunne et al., 1997) Ruim 0,07 - 0,14
Muito Ruim >0,14
Muito boa a Excelente <0,05
Qualidade
Boa a regular 0,05 - 0,08
(Oliveira, 2002)
Ruim 0,08 - 0,14
(Coutinho, 2007)
Muito Ruim >0,14
Onde: ∆e=e0-e(σ'v 0); e0 = índice de vazios da amostra; e(σ'v 0)=índice de vazios para σ'v 0.

A amostragem envolve um número variado de operações (tais como perfuração,


cravação do tubo, transporte, extrusão, redistribuição de umidade, moldagem e
montagem na célula) que variam o estado de tensões do solo e provocam o
amolgamento. Entretanto, mesmo uma hipotética amostragem perfeita provoca um
alívio de tensões no solo, (Ladd e Lambe, 1963; Hight, 2001). Com o intuito de melhorar
o processo de retirada de amostras, diminuindo a variação no estado de tensões, devem
ser seguidos os procedimentos descritos em Ladd e DeGroot (2003), (ver também
Aguiar, 2008 e Andrade 2009), que sugerem uma metodologia complementar à ABNT
NBR-9820/1997. Esses procedimentos foram seguidos por Baroni (2010), com a
inclusão de um tempo de espera de 24 horas entre a cravação/retirada do tubo Shelby,
sendo obtido um total de 60% de amostras com boa qualidade em três sítios diferentes
localizados na Barra da Tijuca. É ressaltado que a porcentagem de 60% de amostras de
boa qualidade no solo em estudo, cujas características peculiares (elevada umidade e
plasticidade, baixa resistência, etc.) podem ser consideradas um bom resultado. A
Figura 3. 4 apresenta exemplos de curvas de má, boa e excelente qualidade obtidas na
região em estudo. Salienta-se que a aplicação de tensões iniciais na ordem de 1 kPa
facilita a identificação do trecho inicial da curva de compressão possibilitando a melhor
definição da curvatura que dá início à reta virgem.

53
log σv ( kPa )
0.1 1 10 100 1000
5.0

4.5

4.0
Índice de vazios (e)

3.5

3.0

2.5
Série1
2.0 6-2
12-2
Má Qualidade_Gleba
1.5
Boa Qualidade_Gleba
Excelente Qualidade_Gleba
1.0

Figura 3. 4 - Comparação entre a qualidade de amostras obtidas no sítio da Gleba F


(Baroni e Almeida, 2012).

3.3.2 Ensaio de adensamento edométrico

O ensaio de adensamento é essencial para o cálculo da magnitude dos recalques


e sua evolução com o tempo. Usualmente com o ensaio de adensamento edométrico (ou
unidimensional) são obtidos os parâmetros de compressibilidade: tensão de
sobreadensamento (σ’vm), índice de recompressão (Cr), índice de compressão (Cc) e
índice de expansão (Cs) e do coeficiente de adensamento vertical (cv).

Para a obtenção da curva de compressão oedométrica (e vs. σ’v), é usual aplicar


ao corpo de prova diversos estágios de carregamento, cada um com a duração de 24
horas. Em cada estágio de carregamento, a tensão vertical é dobrada. Tão importante
quanto à qualidade das amostras utilizadas nos ensaios é a correta definição das tensões
que serão aplicadas durante os ciclos de carga e descarga. Almeida e Marques (2010)
sugerem que o último estágio de carregamento deve ser de no mínimo 400 kPa, mesmo
nos casos em que o aterro a ser executado seja de altura reduzida.

54
A Figura 3. 5 apresenta uma curva típica (e vs. σ’v), onde foi aplicado o
carregamento inicial de 0,66 kPa, resultando na melhor definição do índice de
recompressão, da tensão de sobreadensamento e do índice de compressão.

Tensão vertical efetiva (σ


σ 'v ) ( kPa )
0.1 1 10 100 1000
5.0
e0

4.5 Trecho de recompressão


− ∆e Cr
Cr =
4.0 ∆ log σ ' v
índice de vazios (e)

3.5 Cc
σ `vm = 6.2 kPa

Trecho de compressão virgem


3.0
− ∆e
Cc =
2.5 Gleba F - AM 06
∆ log σ ' v
Prof. Shelby - 6,00 a 6,55 m
2.0 Prof. ensaio - 6,40 a 6,50 m

Trecho de expansão
1.5
− ∆e
Cs = Cs
∆ log σ ' v
1.0

Figura 3. 5 - Determinação de Cr, σ’vm Cc e Cs.

Neste trabalho, nas curvas e vs. σ’v disponíveis, a tensão de sobreadensamento


foi determinada pelo método de Pacheco Silva (1970) e os valores de Cc e Cs foram
calculados de acordo com o esquema mostrado na Figura 3. 5. O índice de
recompressão (Cr) não foi utilizado. Salienta-se que a maior parte dos dados oriundos
dos ensaios de adensamento edométrico foram obtidos em tabelas (no formato digital ou
impresso). Desta maneira, o autor não teve acesso a maior parte das curvas (e vs. σ’v).

O coeficiente de adensamento (cv) é obtido para cada estágio de carregamento


ajustando-se a curva de adensamento teórica à curva experimental definida pela teoria
de Terzaghi e Frölich. Tal ajuste pode ser feito através de dois métodos: 1° Método de
Taylor – determinado na curva de adensamento em termos de raiz quadrada do tempo;
55
2° Método de Casagrande - determinado na curva de adensamento em termos de tempo
em escala logarítmica.

3.3.3 Ensaios realizados com amostras deformadas

A caracterização dos solos é realizada em amostras deformadas e compreende


usualmente os seguintes ensaios: análise granulométrica por peneiramento e
sedimentação, determinação do teor de umidade, limite de liquidez, limite de
plasticidade, densidade específica dos grãos e matéria orgânica. Todos os ensaios são
preconizados pela Associação Brasileira de Normal Técnicas, ABNT:

• ABNT NBR 7181/84 – “Solo – Análise Granulométrica – Método de ensaio”.


• ABNT NBR 6457/86 – “Amostras de Solo – Preparação para ensaios de
compactação e ensaios de caracterização – Método de ensaio”;
• ABNT NBR 6459/84 - “Solo – Determinação do Limite de Liquidez – Método
de Ensaio”;
• ABNT NBR 7180/84 - “Solo – Determinação do Limite de Plasticidade –
Método de Ensaio”;
• ABNT NBR 6508/84 – “Grãos de solos que passam na peneira de 4,8mm –
Determinação da massa específica”;
• A determinação da porcentagem de matéria orgânica é preferencialmente
realizada por meio da determinação da porcentagem de carbono orgânico,
Método da Embrapa (Embrapa, 1997). A ABNT NBR 13600/96 recomenda um
método mais simples, onde é medida a perda de peso da amostra em estufa com
temperatura superior a 440°C.

3.4 Ensaio de piezocone (CPTU)

O ensaio de piezocone constitui-se como uma das ferramentas mais eficientes na


determinação da estratigrafia do subsolo e, por esta razão, tornou-se uma técnica
consagrada e reconhecida internacionalmente. A observação conjunta das medidas de
resistência de ponta, atrito lateral e excesso de poropressões gerado durante a cravação
56
permitem identificar diferentes camadas do subsolo com qualquer consistência e
espessura. Em termos gerais, existe pouca dúvida que o CPTU é, atualmente, a nível
internacional, o equipamento de ensaios in situ mais amplamente utilizado, em especial
para solos moles. Os livros de Lunne et al., (1997), Schnaid e Odebrecht (2012) e os
trabalhos de Robertson (e.g. Robertson, 1990; Robertson e Cabal 2015) são referências
para o uso e interpretação do ensaio.

O ensaio consiste basicamente na cravação de uma ponteira padronizada no


terreno, composta por um cone (60° de ápice) na extremidade e uma luva de atrito
cilíndrica, a uma velocidade constante de 20 mm/s. O ensaio fornece as medidas de
resistência de ponta qc, atrito lateral fs e poropressões. O equipamento desenvolvido pela
COPPE/UFRJ e utilizado na maior parte dos ensaios apresentados possui a capacidade
de medição da poropressão na face (u1) e na base do cone (u2). Maiores informações
sobre este equipamento podem ser obtidas em Danziger (1990); Bezzera (1996),
Meirelles (2002), Jannuzzi (2009) e Baroni (2010).

A resistência de ponta qc precisa ser corrigida considerando-se a ação da


poropressão nas ranhuras do cone. A obtenção da resistência de ponta corrigida (qt) é
obtida através da expressão de Campanella et al., (1982).

qt = qc + u2 (1-a) (3.1)

Sendo: qc a resistência de ponta medida no cone; u2 a poropressão medida na base


do cone e “a” a relação de áreas, obtido através de calibração.

Para que se obtenham resultados de boa qualidade com o ensaio de piezocone,


duas condições são básicas: saturação adequada antes e durante a penetração em solos
não saturados e calibração acurada, com avaliação da repetibilidade e acurácia das
medidas obtidas. É necessário também ter uma preocupação constante com a velocidade
de cravação, variação da temperatura e a correção da resistência de ponta e do atrito
lateral devido à ação da poropressão. Maiores informações sobre os ensaios podem ser
obtidas nos trabalhos de Campanella e Robertson, 1981; Campanella et al., 1982;
Schaap e Zuidberg, 1982; Lunne et al., 1986; Mulabdic et al., 1990; Lunne et al., 1997;
Schnaid e Odebrecht, 2012; Robertson e Cabal, 2015.

57
3.4.1 Caracterização do comportamento do solo

A Tabela 3. 4 apresenta a caracterização segundo a ABNT NBR 6484/2001 da


consistência de argilas e siltes argilosos em função do NSPT. Ocorre que, na prática, a
medida do número de golpes do ensaio de SPT em argilas muito moles não pode ser
relacionada aos parâmetros de resistência da argila. Conforme já referido, é comum se
observar as anotações P/45 ou P/100 nos boletins de sondagens. Em geral, a célula de
carga que mede a resistência de ponta qt (qc corrigido) possui alta qualidade e
capacidade de trabalhar com cargas muito pequenas em relação à sua capacidade total,
com excelente acurácia. Dessa maneira, o ensaio de CPTU é capaz de medir diferentes
resistências impostas pela argila mole durante a penetração do cone, diferenças estas
imperceptíveis no caso de utilização do ensaio de SPT.

Tabela 3. 4 - Consistência das argilas em função de NSPT, ABNT NBR 6484/2001.

Solo NSPT Designação


≤2 Muito mole
3–5 Mole
Argilas e siltes argilosos
(classificam-se quanto à 6 – 10 Média (o)
consistência) 11 – 19 Rija (o)
> 19 Dura (o)

Ademais, a partir dos resultados obtidos no ensaio de CPTU, são determinados


três parâmetros fundamentais para identificação do comportamento de diferentes tipos
de solo, a razão de atrito (FR), o parâmetro de poropressão (Bq) e resistência
normalizada (Qt). A partir destes, pode-se caracterizar a estratigrafia do perfil do solo
através de diferentes sistemas de classificação: Senneset e Janbu (1984), Robertson et
al., (1986) e Robertson (1990), Schneider et al., (2008).

Dos sistemas citados, os ábacos normalizados de Robertson (1990) são


atualmente os mais empregados. Segundo o próprio autor, um dos problemas
reconhecidos nos ábacos de classificação do solo que usam qt e FR (FR (%) =fs/qt) é que
58
os solos podem mudar a classificação com o aumento da resistência à penetração do
cone em função do aumento da profundidade. Com o aumento da tensão vertical, existe
a tendência de aumento de qt, fs, e u. Por exemplo, para um depósito de argila
normalmente adensada, a resistência de ponta corrigida qt irá aumentar linearmente com
a profundidade, resultando numa aparente mudança no gráfico de classificação do solo,
quanto maior a profundidade maior será a mudança. Robertson (1990) cita os trabalhos
de Wroth (1984) e Houlsby (1988), e sugere a normalização dos dados do CPTU da
seguinte forma:

qt − σ v 0
Qt = (3.2)
σ 'v 0

 fs 
Fr =  .100% (3.3)
 qt − σ v 0 

u2 − u0
Bq = (3.4)
qt − σ v 0

Onde: Qt=Resistência de ponta normalizada, Fr=Razão de atrito normalizada e


Bq=Parâmetro de poropressão.

3.4.2 Coeficientes de adensamento ch e cv

Após a pausa na cravação, o excesso de poropressão gerado em torno do cone


começa a se dissipar. A velocidade de dissipação depende do diâmetro da sonda e do
coeficiente de adensamento horizontal, que, por sua vez, dependem da
compressibilidade e permeabilidade do solo. A Figura 3. 6 apresenta uma curva de
dissipação típica da Baixada de Jacarepaguá. O comportamento indicado na curva
mostra um crescimento inicial do excesso de poropressão, seguido de um processo de
dissipação. Este comportamento indica uma fase de redistribuição da poropressão.

Qualquer procedimento para a determinação de ch (Robertson et al. 1992;


Danziger et al., 1997, Schnaid et al., 1997) requer a estimativa acurada do valor da

59
poropressão no início da dissipação ui, e do valor da poropressão hidrostática u0. A
Figura 3. 6 ilustra o procedimento utilizado neste trabalho, onde a determinação da
poropressão inicial (ui) é feita através da extrapolação da linha de dissipação (Schnaid et
al, 1997; Soares, 1997). A Figura 3. 6 ilustra, ainda, a determinação de u50% e t50%,
respectivamente a poropressão e o tempo correspondente a 50% da dissipação do
excesso de poropressão. Os valores de u50% e t50% são utilizados em conjunto com o
índice de rigidez do solo e o Fator tempo (Tabela 3. 5) na determinação do coeficiente
de adensamento horizontal pelo método de Houlsby e Teh (1988).

C h .t
T* = (3.5)
R2 Ir

Sendo, R o raio do CPTU, t = tempo de dissipação (em geral t=50%) e Ir =


índice de rigidez (Ir=G/Su), sendo G o módulo de cisalhamento do solo. Em geral, é
utilizada a equação da Teoria da Elasticidade para a condição não drenada (coeficiente
de Poisson igual a 0,5) G=Eu/3, sendo Eu o módulo de Young não drenado obtido
através do ensaio CU, usualmente obtido para 50% da tensão desvio máxima.

120.0

110.0 u1

u2
ui = 100 kPa Poro-pressão hidrostática_53,54KPa
100.0

PZ 2_3° Dissipação_5,98m
Poro-pressão (KPa)

90.0

80.0 u50 = 77,75 kPa

70.0

t50 = 1950 seg


60.0
u0 = 53,54 kPa
50.0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Raiz de Tempo (s1/2)

Figura 3. 6 - Curva de dissipação típica, sítio da Gleba F (Baroni, 2010).

60
Tabela 3. 5 - Fator tempo T* (Houlsby e Teh, 1988).

U Posição do filtro
(%) Face do cone (u1 ) Base do Cone (u2 )
20 0.014 0.038
30 0.032 0.078
40 0.063 0.142
50 0.118 0.245
60 0.226 0.439
70 0.463 0.804
80 1.040 1.600

Os valores do coeficiente de adensamento horizontal (ch) estimados a partir das


dissipações de excessos de poropressões correspondem às propriedades de solo na faixa
pré-adensada. Durante a penetração do CPTU, o material ao redor do cone é submetido
a elevados níveis de deformações e a partir deste estado comporta-se como um solo em
recompressão (Baligh, 1986; Baligh e Levadoux, 1986). Através da abordagem semi-
empírica proposta por Jamiolkowski et al., (1985), é possível estimar o ch na faixa
normalmente adensada.

Cs
c h ( NA ) = .c h ( CPTU ) (3.6)
Cc

Jamiolkowski et al., (1985) sugerem a faixa de variação de Cs/Cc entre 0,13 e


0,15. Lacerda e Almeida (1995) e Baroni (2010) apresentam o valor de 0,10 para a
mesma relação em ensaios realizados na Barra da Tijuca, RJ.

Após a conversão do ch em ch(NA), esse é transformado em cv(NA).

kv
cv ( NA) = ch ( NA) (3.7)
kh

A relação kh/kv representa a anisotropia de permeabilidade horizontal e vertical


da argila. Na Tabela 3. 6 (Schnaid e Odebrecht, 2012) estão resumidos os valores
recomendados pela literatura internacional. Coutinho (1976) realizou ensaios
adensamento com drenagem radial e vertical e obteve a faixa de variação ch/cv entre 1,5
e 2,5, como valor médio de 2,0 em amostras de argila mole extraídas na Baixada
61
Fluminense. Berbert (2016) realizou ensaios de adensamento em amostras extraídas em
Guaratiba, RJ e obteve a relação média de ch/cv de 1,2 para o domínio normalmente
adensado, sendo a faixa de variação admitida entre 1 e 1,5.

Tabela 3. 6 – Razão de permeabilidade em argilas (Schnaid e Odebrecht, 2012).

Natureza da Argila kh/kv

Argilas homogêneas, sem macroestrutura definida 1,0 a 1,5

Macroestrutura definida, presença de


2,0 a 4,0
descontinuidades e lentes de permeáveis
Depósitos com ocorrência de várias camadas de
3,0 a 15,0
material permeável
Fonte: Ladd et al., (1997) e Jamiolkowski et al., (1985)

3.5 Ensaios de Palheta

O ensaio de palheta, utilizado na Suécia desde 1919, é o mais empregado para a


determinação in situ da resistência ao cisalhamento não drenada de depósitos de argilas
moles (Coutinho et al., 2000; Almeida e Marques 2010). Consiste em inserir
verticalmente no solo uma palheta de seção cruciforme com quatro pás radialmente
opostas, de diâmetro D e altura H (em geral adota-se H/D = 2), e em seguida aplicar à
mesma uma rotação com velocidade constante e padronizada de 6° por minuto (que em
geral atende à condição de ruptura não-drenada), medindo-se o torque necessário para
cisalhar o solo.

Os valores de Su obtidos são principalmente influenciados pelos seguintes


fatores: atrito mecânico, características das palhetas, velocidade de rotação da palheta,
plasticidade da argila, amolgamento, heterogeneidade e anisotropia da argila, e o valor
calculado é influenciado pela hipótese de ruptura adotada. Maiores informações sobre o
equipamento, realização do ensaio e interpretação dos resultados podem ser obtidas em
Wroth, 1984; Chandler, 1988; Coutinho et al., 2000; Oliveira, 2000; Almeida e
Marques, 2010; Schnaid e Odebrecht, 2012. Para as hipóteses usuais de condição não
62
drenada, solo isotrópico, Su constante no entorno da palheta, e altura H igual ao dobro
do diâmetro D da palheta, a equação utilizada para o cálculo da resistência ao
cisalhamento não drenada é:

0 ,86 Tmax
Su =
πD 3 (3.8)

Sendo Tmax o torque máximo medido e D é o diâmetro da palheta. Outras


hipóteses de interpretação do ensaio podem ser obtidas em Schnaid e Odebrecht, 2012.

As medidas da palheta padronizadas pela ABNT NBR1095/1989 são 130 mm de


altura e 65 mm de largura. A equação 3.8 é também usada para o cálculo da resistência
amolgada da argila Sur, com Tmax correspondente à condição amolgada.

No Brasil o ensaio foi introduzido em 1949, pelo Instituto de Pesquisas


Tecnológicas de São Paulo (IPT) e Geotécnica S.A (RJ); os primeiros estudos sobre o
assunto datam das décadas de 1970 e 1980 (Costa Filho et al., 1977; Ortigão e Collet,
1987; Ortigão, 1988). A ABNT NBR-10905/89 classifica o equipamento para
realização do ensaio de palheta sem perfuração prévia como de tipo A e com perfuração
prévia como de tipo B. Cabe ressaltar que o equipamento tipo A pode ser aplicado
também com perfuração prévia, similarmente ao de tipo B. O contrário, no entanto, não
é admissível. Embora as normas internacionais e a brasileira não apresentem restrições à
utilização do equipamento tipo B, face à menor acurácia dos resultados obtidos e a
baixa resistência das argilas moles brasileiras, seu uso tende a ser tecnicamente
desaconselhado em detrimento do equipamento tipo A.

Atualmente, no Brasil, diferentes pesquisadores estudam as técnicas,


equipamentos e procedimentos de ensaios (e.g Sandroni, 1993; Nascimento, 1998;
Coutinho et al., 2000; Jannuzzi, 2009; Schnaid e Odebrecht, 2012; Souza et al., 2014,
Souza, 2014). É consenso que a principal evolução tecnológica do ensaio foi a medição
do torque com célula de carga próximo à palheta, em vez de sistemas com medidas de
torque na superfície do terreno, evitando assim que o atrito existente entre as hastes seja
computado como Su.

63
3.5.1 Equipamento de palheta da COPPE/UFRJ

A influência do atrito existente entre as hastes do equipamento de palheta e o


solo foi verificada no Brasil por Ortigão e Collet (1986) e Coutinho (1986) em ensaios
realizados respectivamente nos depósitos de Sarapuí/RJ e Juturnaíba/RJ. Os autores
concluem que quanto menor a resistência do solo, maior é a importância em se
considerar o atrito existente entre o equipamento e o solo.
Na década de 1990, um equipamento com medida de torque próximo a palheta
foi desenvolvido em conjunto pela COPPE/UFRJ e a UFPE (Nascimento, 1998;
Oliveira, 2000). O equipamento possibilitou a medição do torque necessário para
cisalhar o solo próximo a uma distância de 50 cm da palheta. O equipamento
desenvolvido foi do tipo A, sendo a medição do torque realizada através de um
transdutor elétrico de torque à base de straingauges, distante 50 cm do centro da
palheta.
Nos últimos 25 anos o equipamento de palheta desenvolvido tem sido utilizado
em inúmeros projetos de pesquisas pela COPPE/UFRJ, sendo realizadas
sistematicamente melhorias no equipamento e nos procedimentos de ensaios (e.g
Nascimento, 1998; Crespo Neto, 2004; Macedo, 2004; Jannuzzi, 2009; Baroni, 2010;
Souza et al., 2014).
É observado, por exemplo, que os ensaios em solos naturais intactos devem
resultar em ângulos de rotação moderados para valores de pico e que a presença de
raízes superficiais, lentes de areia ou conchas marinhas podem alterar drasticamente os
resultados obtidos. A Figura 3. 7 apresenta duas curvas de rotação versus torque obtidas
em ensaios realizados em argila mole natural (intacta) e no estado amolgado,
determinado após 10 rotações da palheta em 2 sítios da Baixada de Jacarepaguá. A
Figura 3. 7a, mostra uma curva típica com a ruptura da argila sem pico, característica
das argilas normalmente adensadas existentes na região. Entretanto na Figura 3. 7b é
possível visualizar uma curva descontínua, que apresenta um pico na ruptura. Ensaios
de caracterização comprovaram que o pico medido, no ensaio realizado na profundidade
de 9,0 m é oriundo de uma lente de areia.

64
6
10

(TMAX, θMAX) 9
5
8

4 7
Torque (N.m)

Torque (N.m)
3 CM II_Su - 3,0m Gleba_Su - 9,0m
5
CM II_Sur - 3,0m Gleba_Sur - 9,0m
4
2
3

1 2

1
0 0
0 1 2 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 0 1 2 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27
θ (°) (°)
Rotação Rotação (°)

Figura 3. 7 - Curva de torque vs. rotação angular. (a) Curva típica de um ensaio
de palheta e (b) Ensaio de palheta em argila com presença de conchas (Baroni, 2010).

Ângulos de rotação (θ) típicos da argila da Baixada de Jacarepaguá foram


obtidos por Baroni (2010) utilizando o equipamento da COPPE/UFRJ. O autor obteve
nas camadas de argila o valore do θmédio de 16° com variação entre 5° e 25°, com alguns
pontos isolados, oriundos de ensaios realizados em camadas com maiores teores de
matéria orgânica, lentes de areia ou conchas, onde o ângulo de rotação chegou a 56°. A
qualidade do ensaio de palheta pode ser avaliada pela forma de curva de torque vs.
rotação. Em geral θpico superiores a 30° indicam algum amolgamento da amostra
(Almeida e Marques, 2010).

3.5.2 Correção da resistência ao cisalhamento não drenada

Nas últimas cinco décadas, diversos pesquisadores (e.g., Hansbo, 1957; Pillot
1972; Bjerrum 1972, 1973; Dascal e Tournier, 1975; Tavenas e Leroueil, 1980)
constataram a tendência do ensaio de palheta superestimar a resistência mobilizada na
ruptura, e então sugeriram correções para o valor de Su obtido no campo. A justificativa
apresentada é que o valor de Su obtido com o ensaio de palheta é superestimado devido
ao efeito de um ou mais dos seguintes fatores: anisotropia quanto às propriedades
mecânicas, ruptura progressiva da fundação e tempo de ruptura (velocidades de
cisalhamento palheta versus campo diferentes).

Os fatores de segurança de 14 diferentes aterros sobre solos moles levados à


ruptura foram analisados por Bjerrum (1972, 1973). Nestes casos, os valores de Su
65
oriundos do ensaio de palheta apresentaram fatores de segurança superiores à unidade
no momento da ruptura. Bjerrum observou que o fator de segurança aumentava com o
índice de plasticidade do solo. Apesar da dispersão dos dados obtidos, o autor sugeriu a
aplicação de um fator de correção (µ=1/FS) aos valores de Su obtidos com o
equipamento de palheta, Figura 3. 8.
A partir da análise da ruptura de 18 aterros sobre solos moles e com a
consideração da participação da resistência lateral (efeito tridimensional), Azzouz et al.,
(1983) propuseram o fator de segurança mostrado na Figura 3. 8. Os autores comentam
que a consideração da resistência lateral geralmente aumenta o FS em 5 a 10 %.
Salienta-se que na Figura 3. 8 o valor máximo de IP avaliado foi de 110(%) e que na
região de Jacarepaguá é encontrado, em muitos casos valores de IP superiores.

RJ

Figura 3. 8 - Correções proposta para Su(palheta) (Bjerrum, 1973; Azzouz et al., 1983).
Fonte: Almeida, et al., (2010).

No que diz respeito às argilas brasileiras observa-se na Figura 3. 8 que o fator de


correção µ situa-se entre 0,6 e 0,7, com exceção de Juturnaíba, onde Coutinho (1986)
justifica o fator de correção µ=1 devido à presença de matéria orgânica. Além disso,
66
diferentes publicações nacionais (e.g Pinto, 1992; Sandroni, 1993; Almeida, et al.,
2010; Coutinho e Bello, 2014), indicam ser usualmente aplicado em projetos no Brasil
valores de 0,6<µ<0,7. Os fatores que influenciam a correção da Su e a magnitude de
µ nas argilas brasileiras são discutidos por diversos autores (e.g. Ortigão, 1983;
Coutinho, 1986; Ortigão e Collet, 1987; Sandroni, 1993; Massad, 1999; Bello e
Coutinho, 2006; Oliveira, 2006; Almeida et al., 2010; Coutinho e Bello, 2010; Almeida
e Marques, 2010; Schnaid e Odebrecht, 2012).

A título de ilustração, estimativas iniciais da altura admissível (Hadm) de um


aterro sobre argila mole podem ser feitas baseando-se na equação de capacidade de
carga de Terzaghi (1943).

5,14 .S u
H ( adm ) = (3.9)
γ at .FS

Utilizando por exemplo, o peso específico do aterro (γat) de 18 kN/m3, o fator de


segurança de 1,5 e o fator de correção µ=0,60, e sendo admitindo o valor da Su=15 kPa
típico para a região em estudo, obtém-se uma altura admissível de aterro igual 1,7 m.

3.5.3 Sensibilidade das argilas

A sensibilidade1 indica a perda relativa de resistência da argila quando


totalmente amolgada e a importância de sua estrutura. Ela é definida pela razão entre as
resistências de pico (Su) e a resistência amolgada (Sur), sendo em geral obtida com
ensaio de palheta.

Su
St = (3.10)
S ur

A classificação das argilas quanto à sensibilidade é realizada através das faixas


de variação de St definidas por Skempton e Northey (1952), Tabela 3. 7.

1
Sensibilidade é por alguns denominada de “sensitividade”, mas “sensibilidade” , usado na ABNT/ NBR
10905/89, é o termo mais adequado.
67
Tabela 3. 7 - Classificação de sensibilidades de argilas (Skempton e Northey, 1952).

Sensibilidade da argila St
Baixa 2-4
Média 4-8
Alta 8 - 16
Muito Alta >16
Fonte: Skempton e Northey (1952)

No Brasil, a sensibilidade de depósitos argilosos varia, em geral, entre baixa e


média (Ortigão, 1993; Schnaid e Odebrecht, 2012). No entanto, Coutinho (1986, 1988)
já havia encontrado valores mais altos com média de 10, com forte dispersão, para as
argilas orgânicas de Juturnaíba/RJ; e valores de sensibilidade de até 15,8 foram
encontrados nas argilas de Recife (Oliveira e Coutinho, 2000). A Tabela 3. 8 resume os
valores de sensibilidade de alguns depósitos de argila localizados no Brasil e no
exterior.

3.5.4 Obtenção da resistência não drenada da argila

A resistência ao cisalhamento não drenada (Su) é um parâmetro fundamental na


análise de estabilidade de aterros sobre solos moles. No entanto, não existe um único
valor de resistência não drenada de uma argila, seu valor depende do modo de ruptura e
trajetória de tensões, da velocidade de deformação, da anisotropia, da temperatura, da
história de tensões e da estruturação da argila, entre outros fatores (Bjerrum, 1973; Ladd
et al. 1977, Wroth 1984). No Brasil, a resistência não drenada das argilas moles é
usualmente obtida a partir do ensaio de palheta em campo. Devido à dificuldade de
obtenção de amostras indeformadas em argilas moles a muito moles, os ensaios triaxiais
UU (ensaio não adensado e não drenado) e CU (ensaio adensado e drenado) realizados
em laboratório são pouco utilizados em projetos correntes. Ambos os ensaios triaxiais,
em especial o UU são dependentes da boa qualidade das amostras. A partir das duas
últimas décadas, as correlações oriundas do ensaio de CPTU (e.g Lunne et al., 1985;
Robertson e Campanella, 1988; Lunne et al, 1997; Coutinho e Schnaid, 2010;

68
Robertson e Cabal, 2015) passaram a ser amplamente utilizadas . O ensaio de T-bar
apresenta bons resultados, contudo é mais utiizado offshore.

Tabela 3. 8 – Sensibilidade das argilas moles

Argilas Brasileiras
Local Sensibilidade (St) Referência
Barra da Tijuca, RJ 5.0 Almeida (1996)
Barra da Tijuca, RJ 4.7 a 17.8 Baroni (2010)
Sapapuí, RJ 2.0 a 8.0 Ortigão e Collet (1986)
Juturnaíba, RJ (aterro experimental) 1.0 a 19.0 Coutinho (2000)
Juturnaíba, RJ (barragem) 4.0 a 8.0 Coutinho (2000)
Santa Cruz, RJ (zona litorânea) 3.4 Apud (Schnaid e Odebrechet, 2012)
Santa Cruz, RJ (offshore) 1.0 a 5.0 Apud (Schnaid e Odebrechet, 2012)
Sepetiba, RJ 4.0 Ortigão (2007)
Rio de Janeiro, RJ 2.0 a 8.0 Ortigão e Collet (1987)
Cubatão, SP 4.0 a 8.0 Apud (Schnaid e Odebrechet, 2012)
Santos, SP 4.0 a 5.0 Massad (1986)
Baixada Santista, SP 2.3 a 5.4 Árabe (1986)
Florianópolis, SC 1.0 a 7.0 Ortigão (1993)
Aracajú, SE 2.0 a 8.0 Ortigão (1988)
Sergipe, SE 3.0 a 6.0 Ribeiro (1992)
Recife, PE 4.5 a 15.8 Oliveira e Coutinho (2000)
Suape, PE 1.0 a 20.0 Bello (2011)
Recife, (Galpão BR-101) 3.0 a 15.0 Bello (2004)
Porto Alegre, RS 2.0 a 7.0 Soares (1997)
Rio Grande, RS 2.5 Lacerda e Almeida (1995)
João Pessoa, PB 1.0 a 3.0 Apud (Soares, 1997)
Argilas Internacionais
Local Sensibilidade (St) Referência
Horten, Noruega 17.0 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Beauharnois, Canadá 14.0 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Shelhaven, Grã Bretanha 7.6 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Cidade do México 5.3 Apud (Skempton and Northey, 1952)
New Haven, Connecticut, EUA 10.0 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Hogdal, Suécia 9.7 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Vasby I, Suécia 5.6 a 9.0 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Bromma, Suécia 8.0 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Angso, Suécia 8.0 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Torslanda, Suécia 6.0 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Gosport-mud, Grã Bretanha 4.4 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Gosport-deep, Grã Bretanha 2.4 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Grangemouth, Grã Bretanha 4.3 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Tilbury, Grã Bretanha 3.2 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Londres, Grã Bretanha 1.0 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Detroit, EUA 2.3 Apud (Skempton and Northey, 1952)
Bothkennar, Inglaterra 6.0 a 13.0 Hight et al. (1992)
Quebec, Canada 22.0 Leroueil et al. (2002)
Boston Blue I, EUA 5.8 a 6.8 Mitchell (1976)
Fore River, Maine 4.5 Mitchell (1976)
Goose Bay, Labrador 2.0 Mitchell (1976)
Chicago, EUA 3.4 Mitchell (1976)
Beauharnois, Quebec 5.5 Mitchell (1976)
St. Lawrence 5.4 Mitchell (1976)
Fonte: Skempton and Northey (1952), Ortigão (1995), Bertuol (2009) e Schnaid e Odebrechet (2012)

69
3.6 Comentários finais

No decorrer deste capítulo foram descritos os principais equipamentos


empregados na prática brasileira de ensaios em argila mole. De forma sintetizada, foram
elencadas as principais práticas que devem ser seguidas na programação de
investigações geotécnicas, sendo concluído que, quando os ensaios de ensaios de campo
e laboratório são realizados em conjunto, a investigação geotécnica ganha em qualidade.
Com esta metodologia é possível avaliar a coerência nos resultados dos diferentes
ensaios e obter um melhor entendimento do comportamento geomecânico do depósito
em estudo.

É novamente observada a importância de se adotar procedimentos especiais para


a preservação das condições in situ da argila mole durante a realização dos ensaios de
laboratório. Neste caso considera-se que o emprego dos procedimentos de extração de
amostras e moldagem dos corpos de prova sugeridos por Ladd e DeGroot (2003) são de
fundamental importância, assim como os procedimentos complementares sugeridos por
Aguiar (2009) e Andrade (2009). O autor recomenda que na Baixada de Jacarepaguá
seja aplicado o tempo de espera de 24 horas entre a cravação/retirada do amostrador.

O entendimento dos procedimentos de ensaios e interpretação dos resultados


obtidos com cada equipamento foi necessário para o desenvolvimento do sistema
SIGWeb que será apresentado nos Capítulos 4 e 5. De forma contínua, nos Capítulos 6,
7 e 8 a base conceitual apresentada até o momento será utilizada na previsão do
comportamento do subsolo da Baixada de Jacarepaguá.

70
CAPÍTULO 4 –ARMAZENAMENTO, ACESSO E ANÁLISE
DOS DADOS

4.1 Introdução

Ao se estudar uma população de dados a partir de amostras, o que interessa são


os fatos que envolvem seus elementos, como eles se relacionam e qual o seu
comportamento. Por isso, para que tal estudo possa acontecer com toda a seriedade que
a ciência exige, é necessário que o levantamento dos dados seja feito por meio de uma
pesquisa científica, com uma investigação planejada e desenvolvida de acordo com as
peculiaridades de cada área do conhecimento.
Nesse sentido, esta pesquisa se propõe a analisar parâmetros oriundos de ensaios
geotécnicos realizados nos depósitos de argila mole da Região da Baixada de
Jacarepaguá/RJ. Após a definição dos objetivos da pesquisa, foi necessário o
entendimento do comportamento do solo em estudo e dos diferentes ensaios utilizados
para a obtenção dos parâmetros que o representam. Essa revisão conceitual foi
apresentada nos Capítulos 2 e 3 deste trabalho.
Os parâmetros oriundos dos ensaios de campo (CPTU e palheta) e de laboratório
(caracterização e adensamento edométrico) foram definidos como foco do estudo. Para
a análise destes dados, é prática corrente na Engenharia Civil a organização de bancos
de dados (BD), que possuem a função de relacionar, organizar e dar sentido a um
número expressivo de informações. De posse de um banco de dados organizado e com
um número representativo de informações, são realizadas análises estatísticas, nas quais
são aplicados diferentes métodos para a análise e interpretação de dados. Esses
tradicionais procedimentos de pesquisa foram estudados e serão utilizados nas análises
apresentadas nos próximos capítulos.
Entretanto, devido ao atual desenvolvimento das ferramentas computacionais e
do amplo acesso à rede mundial de computadores (internet), julgou-se necessário
ampliar as formas de acesso ao banco de dados desenvolvido, sendo elencadas três
premissas principais:

71
I – O banco de dados precisa ser acessado de maneira remota, através da
plataforma Web e permitir a plotagem de gráficos com os parâmetros requeridos pelo
usuário e a extração (download) destes dados para análises diversas;
II – Possibilitar que sejam cadastrados no sistema desenvolvido parâmetros
geotécnicos obtidos em investigações realizadas em qualquer parte do globo terrestre;
III – O sistema desenvolvido deve permitir que o banco de dados possa ser
continuamente ampliado, com a inserção de novos parâmetros, correlações geotécnicas
e/ou novos tipos de ensaios.
Para que as premissas elencadas fossem satisfeitas, foi necessário o estudo e
utilização de diferentes ferramentas computacionais, o que originou, através da
integração entre os conceitos da Geotecnia e da Engenharia de Software, um sistema
geotécnico SIGWeb.
Nessa perspectiva, no presente capítulo, serão apresentados breves conceitos
referentes aos bancos de dados (BD) e aos Sistemas para Informações Geográficas
(SIG), principais tecnologias utilizadas na ferramenta desenvolvida. Em seguida, é
descrito o embasamento conceitual desenvolvido durante a pesquisa e que tornou
possível a criação do programa computacional intitulado “Sistema para Análise e
Processamento de Parâmetros Geotécnicos das Argilas Moles – SAPPGAM”. Por fim,
são resumidos os conceitos estatísticos necessários para a compreensão das análises
realizadas nos Capítulos 6, 7 e 8.

4.2 Metodologia adotada para elaboração da base de dados

Para alcançar o objetivo proposto de caracterizar os depósitos de argila mole


existentes na Baixada de Jacarepaguá, foi necessário efetuar uma pesquisa bastante
abrangente das obras realizadas nestes solos. Após a delimitação da região de interesse,
foram consultados pesquisadores, consultores e empresas responsáveis pela realização
de ensaios geotécnicos em argilas moles, com o intuito de reunir uma grande quantidade
de informações.

Muitos dados obtidos não estavam disponíveis em planilhas eletrônicas, outros


foram obtidos a partir de publicações acadêmicas. Nestes casos, foi necessário procurar
72
os dados em diferentes arquivos, que não possuíam uma organização sistemática e,
muitas vezes, apresentavam dados incompletos. Assim, o agrupamento dos parâmetros
geotécnicos no banco de dados foi uma tarefa morosa e difícil. Neste processo, foram
coletados resultados de ensaios referentes a 24 diferentes sítios, onde foram efetuadas
20 verticais para retirada de amostras indeformadas, 67 ensaios de CPTU e 48 verticais
de palheta. Depois de compilados, todos os resultados obtidos foram organizados em
planilhas com o aplicativo Microsoft Office Excel, denominadas neste trabalho por
“templates” . Para que o template criado para o armazenamento e organização dos dados
se tornasse um banco de dados funcional, foi necessário o conhecimento de algumas
ferramentas resumidas a seguir.

4.2.1 Banco de dados

Os bancos de dados podem ser definidos como um método moderno de


armazenamento e organização de informações referentes a uma determinada área de
aplicação, ou ainda, um sistema computadorizado que guarda os registros com o
objetivo de armazenar, manter e tornar as informações disponíveis aos diversos usos
(Silberschatz et al., 2012). Resumidamente, um banco de dados é uma coleção de dados
relacionados (Elmasri e Navathe, 2011). Os dados são informações que podem ser
gravadas e que possuem um significado implícito. Os dados armazenados devem ser
lógicos e coerentes, assim um BD deve ser projetado, construído e povoado por dados
que atendam a uma proposta específica, possuindo um grupo de usuários definido e
algumas aplicações preconcebidas, de acordo com o interesse desse grupo de usuários.
De maneira generalizada, a utilização de bancos de dados apresenta algumas vantagens,
(Date, 2004; Silberschatz, et al., 2012):

• Parâmetros: é possível definir e manipular os dados que serão


trabalhados no BD;
• Densidade: não há necessidade de arquivos de papel, possivelmente
volumosos, existindo um dicionário de dados;
• Velocidade: as consultas podem ser respondidas com rapidez, sem
qualquer necessidade de pesquisas manuais ou visuais demoradas;

73
• Dados compartilhados: as informações contidas no BD podem ser
compartilhadas com as aplicações existentes e também com futuras aplicações,
que podem ser desenvolvidas para operar o banco de dados;
• Atualização: facilidade de inclusão, atualização ou exclusão de dados
continuamente;
• Segurança: garantia da segurança e integridade dos dados.

Dentre os modelos de BD existentes, o modelo relacional adotado nesta pesquisa


é um dos mais utilizados no armazenamento de informações. Este modelo é
caracterizado por representar os dados em tabelas de valores, denominadas de relação,
sendo bidimensionais e organizadas em linhas e colunas (Setzer e Silva, 2005). O
modelo deve, no mínimo, ser visto pelos usuários como tabelas que realizam operações
do tipo seleção (restrição), projeção e junção (Date, 2004).

4.3 Sistemas Geográficos de Informações (SIG)

Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) envolvem de forma sistêmica e


interativa banco de dados, tecnologia e pessoal. Eles são capazes de proporcionar aos
usuários a possibilidade de realizar análises espaciais, armazenar, recuperar, manipular,
visualizar e operar dados georreferenciados (Ozemoy et al., 1981; Burrough, 1986;
Smith et al., 1987).

Existem muitas definições para SIG, destacando-se duas grandes correntes. A


primeira vê o SIG apenas como um software. A segunda, mais abrangente, considera o
SIG como um sistema que integra diversos elementos, inclusive o software (Teixeira et
al., 1995). Os autores destacam que estas duas visões podem, nesta ordem, simplificar
ou tornar muito vago o conceito de SIG. Um sistema de informações geográficas é
formado pelos seguintes componentes: interface com o usuário, componentes de entrada
e integração de dados, funções de processamento gráfico e de imagens, além de
elementos de visualização e plotagem de dados geográficos (Longley et al., 2005). O
SIG apresenta uma separação entre as características geométricas (espaciais) e
descritivas (atributos), gerando uma estrutura de base de dados dual.

74
A função de armazenagem, recuperação e análise de dados geográficos em
sistemas SIG é destacada por Câmara et al., (1996). Estas funções são possíveis através
da integração de dados censitários, mapas cartográficos, imagens de satélite,
sensoriamento remoto, geofísica (por exemplo, dados de radar), instrumentação e
sensores, e outras medições e/ou ensaios. Os dados são integrados em uma única base
de dados, manipulada por algoritmos que promovem o cruzamento das informações e
são capazes de gerar informações derivadas. Por sua vez, estas informações podem ser
consultadas e visualizadas em formato gráfico e utilizadas em diferentes processos de
decisão (Câmara et al., 1996; Losier, 2012).

4.3.1 SIGWeb Livres

A rápida disseminação do acesso à Web e a criação de aplicações de código


aberto (códigos desenvolvidos para diferentes programas computacionais e
disponibilizados gratuitamente, permitindo que outros usuários descubram como o
mesmo funciona e possam modificá-lo) e comerciais contribuíram para o
desenvolvimento de SIGWeb com ferramentas provenientes dos sistemas de
informações geográficas tradicionais. A capacidade de um SIGWeb interagir
dinamicamente com um ambiente distribuído a partir de uma plataforma cruzada para
usuário/servidor tornou-se uma ferramenta funcional para o acesso a informações
espacialmente georreferenciadas. Esse desenvolvimento possibilitou a obtenção de
mapas em tempo real, mapas que compartilham fontes de dados atualizados
frequentemente, e uma redução dos custos relacionados a hardwares e softwares.
Atualmente, diferentes sistemas podem ser desenvolvidos utilizando o
ferramental de diversos SIG’s livres disponibilizados no mercado. A seguir são citados
alguns trabalhos relacionados à Engenharia Civil, com ênfase em Geotecnia.

4.3.2 Trabalhos relacionados

• Graettinger, et al., (2011) desenvolveram um sistema para facilitar o acesso e


armazenamento das informações geotécnicas no departamento de transportes do

75
estado do Alabama nos Estados Unidos. O sistema Web desenvolvido armazena
informações sobre a metodologia de projeto utilizada, relevo, subsolo, fundações
de obras de arte, etc;
• Um sistema de informação geotécnica foi construído dentro de um SIG para a
prevenção de terremotos em uma área urbana na Coreia do Sul. O sistema é
capaz de monitorar o comportamento sísmico do solo em tempo real, (Sun,
2012);
• Antoniou et al., (2008) apresentaram um SIG para o armazenamento e
gerenciamento de parâmetros geotécnicos do subsolo de Atenas, Grécia. Os
resultados dos ensaios e observações de campo são armazenados usando um
sistema de banco de dados relacional. A partir da análise desses resultados,
mapas temáticos são gerados para ilustrar o subsolo local;
• Um modelo de protótipo de SIG integrado com a Web foi desenvolvido por
Chang e Park (2004) visando à gestão eficiente de dados geológicos. Mais de
10.000 verticais de ensaios foram arquivados no banco de dados, sendo o
sistema implementado em uma área urbana de Seul, na Coreia do Sul. O sistema
permite que os usuários pesquisem informações geológicas, resumos estatísticos
e funções administrativas desenvolvidas para as necessidades locais;
• Para a realização do monitoramento em tempo real de encostas, Gabriele at al.,
(2009) desenvolveram um sistema visando o controle e a prevenção de
deslizamento de terra na cidade de San Martino di Finita, na Calábria (Sul da
Itália). O sistema é capaz de coletar dados de sensores GPS, inclinômetros,
pluviometros, piezômetros, extensômetros, etc. Todos os dados são recolhidos e
processados em tempo real e imediatamente disponíbilizados na Web;
• Hashash e Finno (2008) descrevem novas ferramentas desenvolvidas para a
previsão, monitoramento e controle de movimentos terrestres associadas com
escavações em áreas urbanas na cidade de Chicago, EUA. Todos os dados são
integrados utilizando um sistema de informação geográfica;
• Um sistema de gestão de informações, previsão e alerta de riscos foi
desenvolvido (Wang et al., 2014) para o monitoramento de obras geotécnicas. O
software integra vários tipos de informações, gestão de documentos,
processamento de informações, visualização de projetos CAD e a função de

76
alerta precoce, podendo ser aplicado para monitorar diferentes projetos como
túneis, escavações subterrâneas, encostas e fundações;
• No Brasil, Losier et al., (2011) desenvolveram e implementaram um sistema de
monitoramento geotécnico. A aplicação reuniu várias ferramentas para
aquisição, processamento e interpretação de dados geotécnicos. Os parâmetros
de diferentes obras podem ser monitorados por meio de gráficos integrados com
imagens de satélite e informações geoespaciais na forma de mapas interativos.
• A GEO-RIO utiliza desde 1996 o sistema Alerta Rio para o monitoramento de
encostas. O Sistema conta com uma rede de 33 estações pluviométricas
espalhadas por todas as regiões do município do Rio de Janeiro. Estas estações
enviam dados em tempo real, a cada 15 minutos, para a central do Alerta Rio.
• Diversos órgãos públicos de engenharia de tráfego de municípios no Brasil
adotam o sistema de cadastro de acidentes de trânsito e fazem suas análises
através da visualização dos eventos e manipulação dos dados em um SIG,
fazendo o georeferenciamento de informações viárias e urbanas
(estacionamento, cálculo volumétrico, sinalização, linhas de ônibus, pontos de
ônibus e de táxi, acidentes etc.), (Meinberg, 2003; Soares et al., 2004).

4.4 O Sistema Desenvolvido

Através de um projeto de pesquisa coordenado pelo autor do trabalho, em


parceria com discentes e docentes da área de Engenharia de Software, foi desenvolvida
uma ferramenta SIGWeb com a capacidade de armazenar parâmetros geotécnicos
oriundos de ensaios de campo e laboratório e permitir o acesso remoto (via Web) a estes
dados. Neste item, serão apresentadas as características do sistema desenvolvido, sendo
detalhada a metodologia utilizada para o levantamento dos requisitos necessários e as
suas metodologias de implantação.

4.4.1 Levantamento dos Requisitos

A etapa de levantamento de requisitos possui o objetivo principal de conhecer as


necessidades dos usuários e seus objetivos ou problemas. Essa etapa é destinada ao
77
conhecimento do contexto do usuário, contexto da tarefa e condições as quais o sistema
deve atender. A Figura 4. 1 apresenta os principais tópicos abordados no levantamento
de informações e necessidades que o sistema desenvolvido deveria suprir. Foram estes
os tópicos que motivaram o desenvolvimento da ferramenta denominada “Sistema para
Análise e Processamento de Parâmetros Geotécnicos das Argilas Moles”, chamada a
partir deste momento de SAPPGAM.

_ Qual é o objetivo da criação do


SAPPGAM?

Como o sistema será desenvolvido?

Quais são os potenciais usuários?

Quais são as funcionalidades que devem


ser desenvolvidas?

Figura 4. 1 - Tópicos utilizados no levantamento dos requisitos do sistema.

Os seguintes comentários resumem a etapa de levantamento dos requisitos


mostrados na Figura 4. 1.

Objetivo da criação do sistema: O objetivo fundamental da criação do sistema


é desenvolver uma ferramenta online, onde em tempo real, o usuário consiga ter acesso
a um abrangente banco de dados geotécnico. O usuário consegue visualizar, através da
locação em plataforma do Google maps, onde foram realizadas campanhas de ensaios;
inserir, editar ou excluir informações, gerar gráficos com os parâmetros cadastrados no
sistema, exportar os gráficos em formato de figuras e fazer o download das informações
cadastradas no banco de dados em formato .xls (planilha Microsoft Excel).

Descrição do Software: O sistema é uma ferramenta composta por um banco de


dados geotécnico oriundo de ensaios de campo e laboratório realizados em argilas
moles. Para a organização, é utilizado o Sistema de Informação Geográfica (SIG)
78
incorporado na plataforma de mapas do Google. Com isso, ele supre a necessidade de
acesso de forma fácil e remota do usuário (estudantes de ensino médio, graduação e
pós-graduação, técnicos, engenheiros, professores e pesquisadores) a esses dados, dando
o suporte técnico necessário para a realização de anteprojetos e novas pesquisas na área,
colaborando com o desenvolvimento da ciência e da boa prática na Engenharia.

Usuários: Poderão utilizar o sistema estudantes de ensino médio, graduação e


pós-graduação, técnicos, engenheiros, geólogos, professores, pesquisadores, etc. A
seguir, são relatados exemplos de utilização em cada uma das áreas supracitadas:
• Os estudantes de ensino médio, graduação e pós-graduação de vários cursos,
dentre eles: Engenharia Civil, Engenharia Ambiental, Engenharia de Transportes
e Geologia poderão ter acesso aos parâmetros geotécnicos que compõem o
banco de dados, visualizando os principais parâmetros de caracterização,
resistência e compressibilidade das argilas moles. Os dados poderão ser
utilizados em trabalhos escolares nos componentes curriculares de Mecânica dos
Solos, Obras de Terra, Fundações, Estabilidade de Taludes, Aterros sobre Solos
Moles, etc.;
• Os técnicos em mecânica dos solos, laboratoristas, e executores de ensaios
geotécnicos poderão acessar as informações e visualizar valores característicos
dos principais parâmetros das argilas moles e a forma de apresentação dos
resultados pós-realização dos ensaios. O acesso a esses parâmetros é de extrema
importância para a disseminação da boa prática de realização de ensaios
geotécnicos de campo e laboratório, tarefa essencial para o desenvolvimento da
correta geotecnia. Os técnicos poderão ainda realizar o cadastro dos resultados
de seus ensaios no sistema e disponibilizá-los de forma automática para outros
membros de seu grupo de trabalho;
• Os profissionais das áreas de Engenharia, Geologia, Infraestrutura de
Transportes, entre outros, poderão utilizar os parâmetros das argilas moles como
valores de referência na elaboração de anteprojetos, decisões sobre aquisição de
terrenos ou expansão urbana. O acesso às características do subsolo de locais
próximos à obra em análise é de vital importância para a definição da provável
metodologia que será empregada no tratamento dos solos moles e da pré-

79
definição do tipo, quantidade e profundidade dos novos ensaios que deverão ser
realizados para a concepção do projeto executivo;
• Os professores de ensino médio, graduação e pós-graduação podem utilizar o
banco de dados para traçar perfis característicos do subsolo, mostrando as
camadas de solos que formam a parte superficial da crosta terrestre (em geral os
ensaios possuem a profundidade máxima de 30,0m). É possível apresentar as
diferentes características de solos argilosos e arenosos, como, por exemplo, a
umidade, o índice de vazios e o peso específico natural. Ainda é possível utilizar
os parâmetros geotécnicos para a realização de trabalhos em sala de aula que
simulem a execução de projetos sobre argilas moles, como os de estabilidade de
taludes, aterros, estruturas de contenções e fundações.
• O sistema poderá ser também amplamente utilizado por pesquisadores que
trabalham com o desenvolvimento de novos ensaios e correlações geotécnicas.
O acesso ao banco de dados permitirá, em um primeiro momento, a visualização
dos parâmetros das argilas moles da Baixada de Jacarepaguá, contudo,
futuramente poderão ser cadastrados parâmetros geotécnicos de diferentes
depósitos argilosos existentes em diferentes regiões brasileiras e/ou mundiais.
Em um segundo momento, o acesso aos dados brutos permitirá que sejam
aplicadas diferentes técnicas matemáticas e/ou estatísticas para o
desenvolvimento e/ou adaptação de correlações entre os ensaios geotécnicos,
citam-se dente elas a mineração de dados, inteligência artificial, lógica fuzzy. O
desenvolvimento de novas técnicas e correlações é de vital importância para o
desenvolvimento da engenharia de infraestrutura brasileira.

Principais funcionalidades: A partir da experiência acumulada dos autores em


pesquisas acadêmicas e projetos diversos e também por meio de entrevistas com
professores, pesquisadores e engenheiros, foram elencadas as principais funcionalidades
que o sistema deveria possuir:
• Gerenciamento de acesso (inclusão, edição, exclusão) dos usuários que poderão
acessar o sistema;
• Download do template padrão (em formato .xls) por parte dos usuários, para
inserção ou edição dos parâmetros que compõem o BD;

80
• Armazenamento de dados em conjunto com a projeção em mapa das
coordenadas geográficas dos sítios estudados;
• Apresentação, em um mesmo mapa, de todas as ilhas de investigação inseridas
no sistema, permitindo a visualização e a comparação direta dos parâmetros dos
diferentes sítios cadastrados;
• Disponibilidade para o usuário realizar o cadastro e edição das equações que
correlacionam os parâmetros geotécnicos;
• Permitir que o usuário selecione diferentes sítios e parâmetros e plote gráficos
com os dados e correlações cadastradas no sistema. O usuário pode gerar
gráficos com diferentes parâmetros geotécnicos, por exemplo: resistência não
drenada vs. profundidade ou limite de liquidez, índice de plasticidade e umidade
(ambos no eixo x) vs. profundidade (eixo y);
• Possuir a capacidade de plotar, em um mesmo gráfico, parâmetros de diferentes
sítios;
• Disponibilizar a opção de correlacionar, em um mesmo gráfico, dois parâmetros
distintos, por exemplo: umidade (eixo X) versus índice de compressão (eixo Y).
Neste caso, é importante ressaltar que as profundidades em que os ensaios foram
realizados precisam estar compatibilizadas.
• Permitir que as constantes utilizadas na realização de correlações entre os
diferentes ensaios disponíveis possam ser modificadas de forma simultânea à
realização das análises. Ex. encontrar a resistência não drenada Su pelo ensaio de
CPTU: Equação: Su(CPTU)=(qt-σv0)/Nkt ao calcular esse parâmetro o usuário pode
digitar diferentes valores para o fator de cone Nkt;
• Exportar os gráficos gerados em formato .JPEG ou semelhante, para a inserção
em relatórios técnicos, documentos, artigos, etc.;
• Ter a opção de download dos parâmetros utilizados na geração dos gráficos em
formato .xls ou semelhante, possibilitando que o usuário tenha acesso aos dados
brutos utilizados;
• Permitir o download de todos os parâmetros cadastrados em uma determinada
ilha de investigação.

81
4.4.2 Metodologia para o desenvolvimento do sistema

O sistema de informações geográficas foi concebido como um banco de dados


Web, para o armazenamento, interpretação e geração de parâmetros geotécnicos
oriundos de ensaios de campo e laboratório em argilas moles (Figura 4. 2). O
desenvolvimento do software foi baseado na metodologia interativa e incremental,
possibilitando que as etapas (análise, projeto, implementação e testes) fossem
executadas continuamente e permitindo a evolução constante do software por meio da
agregação de novas funcionalidades. Dessa forma, todos os artefatos podem sofrer
modificações/atualizações em diferentes momentos do desenvolvimento.

Figura 4. 2 - Sequência lógica de criação e utilização do sistema.

Foram utilizados diagramas de casos de usos que representam o que o sistema


deve fazer, juntamente com os resultados que deve gerar, servindo também para
identificar as fronteiras do sistema e descrever os serviços (use cases) que devem ser
disponibilizados a cada um dos diversos usuários, (Nunes e O’neill, 2003; Magela,
2006). No modelo de caso de uso construído, foram identificados três diferentes tipos de
usuários: Visitante, Administrador e Gerenciador.
O visitante tem acesso às funcionalidades fazer login, visualizar mapas e plotar
gráfico. Por existir uma sobreposição de atribuições entre os usuários, o administrador

82
possui acesso às mesmas funcionalidades que o visitante possui, além de suas próprias
funcionalidades: fazer download do template padrão; cadastrar, editar ou excluir ilhas
de investigação; exportar os parâmetros utilizados na plotagem dos gráficos ou exportar
os parâmetros cadastrados nas ilhas de investigação. O usuário que possui a maior
hierarquia é o gerenciador, ele herda as funcionalidades supracitadas e gerencia o
sistema, podendo: incluir, editar ou excluir os usuários cadastrados; alterar a
organização do template utilizado para o cadastro dos parâmetros no sistema; incluir,
editar ou excluir as classes de ensaios utilizadas; incluir, editar ou excluir os parâmetros
de plotagem; cadastrar, editar ou excluir os fatores de ajuste. O fluxograma da Figura 4.
3 resume o exposto.

Figura 4. 3 - Modelo de casos de uso do sistema.

A arquitetura refere-se à estrutura global do software e aos modos pelos quais


esta estrutura fornece integridade conceitual para um sistema (Pressman, 2006). Ao
projetar o modelo de classes, uma das primeiras decisões tomadas foi à adoção da
arquitetura em camadas, que propõe uma divisão do sistema em três camadas principais:
dados, lógica de negócios e apresentação, promovendo uma melhor divisão das
responsabilidades, manutenção e visão geral do sistema, diminuindo assim a sua
complexidade. O sistema foi desenvolvido em uma plataforma Web, permitindo a
atualização de seu conteúdo de maneira simples e rápida, ou seja, toda vez que for

83
inserido um novo ensaio, é possível que todos os usuários do sistema tenham acesso ao
mesmo.
A camada de dados, através da aplicação do padrão Data Access Objects (DAO),
possui classes voltadas para o registro e busca de dados no BD. Dessa forma, foi feito
um mapeamento Objeto-Relacional, permitindo que cada entidade do BD possa ser
representada por uma classe específica na camada lógica de negócios.
Já na construção da camada de lógica de negócio, foram identificadas várias
classes. Entre elas, vale ressaltar a classe Ensaio, que possui diferentes atributos como,
por exemplo, dados de localização (latitude/longitude), endereço, nome, e outras
características utilizadas para descrever um ensaio qualquer. Com a finalidade de
mostrar a exata localização dos ensaios com sua latitude/longitude, foi incorporado ao
sistema, por meio da Interface de Programação de Aplicativos (API) Google Maps, um
mapa que, por sua vez, permite representar os ensaios com os componentes gráficos
Marker.
Devido ao template (modelo de arquivo Microsoft Office Excel) oferecer quatro
tipos de resultados diferentes, foi criada a classe genérica de Resultados, ver Figura 4. 4.
Esta classe possui quatro subclasses derivadas que representam tipos específicos de
resultados:

• ResultadosLab: Onde são inseridas, no template padrão, os parâmetros oriundos


dos ensaios de caracterização e adensamento edométrico;
• ResultadosCPTU: Onde são inseridos, no template padrão, os resultados
(profundidade, qt, fS, u1 e u2) obtidos durante a cravação do piezocone. Onde:
qt=resistência de ponta corrigida; fs=atrito lateral, u1=poropressão medida na
face do cone, u2=poropressão medida na base do cone;
• ResultadosPalheta: Onde devem ser inseridos, no template padrão, os
parâmetros resultantes do ensaio de Palheta;
• ResultadosDPP-CPTU: Onde são inseridos, no template padrão, os coeficientes
de adensamento horizontal (ch) e a resistência ao cisalhamento não drenada (Su),
obtidos a partir das dissipações do excesso de poropressão do CPTU.

Para fazer o armazenamento de todos os dados dos ensaios, é utilizado o Sistema


de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD). A troca de dados entre o sistema e este
BD é feita por meio de requisições pela linguagem de programação específica. Por
84
exemplo, toda vez que o usuário acessa o sistema, seus dados de login são processados e
comparados com os dados armazenados na memória do BD.

CLASSE ENSAIOS

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Dados de identificação do local


onde os ensaios foram realizados

RESULTADOS

ResultadosLab: Resultados dos


ensaios de caracterização e
adensamento.
ResultadosCPTU: Resultados
obtidos durante a cravação do
CPTU: prof., qt, fs, u1 e u2.
ResultadosPalheta: Resultados dos
ensaios de Palheta.

ResultadosDPP-CPTU: Resultados
obtidos a partir das curvas de
dissipação de poropressão.

Figura 4. 4 - Classes criadas para organização dos dados.

A descrição detalhada das funcionalidades disponibilizadas no sistema


desenvolvido e a forma de acesso serão detalhadas no Capítulo 5. Maiores informações
sobre o modelo de arquitetura utilizado na construção do sistema proposto podem ser
obtidas no trabalho de conclusão de curso intitulado “Uma Arquitetura Web para
Sistemas de Informações Geográficas aplicada à Geotecnia”, de autoria do Engenheiro
de Software Ricardo Burg Machado, sob orientação dos docentes João Pablo da Silva da
Silva (curso de Engenharia de Software) e Magnos Baroni (curso de Engenharia Civil).

85
4.5 Metodologias adotadas nas análises dos parâmetros geotécnicos

De posse dos dados organizados e facilmente acessáveis, a próxima etapa da


pesquisa consistiu no estudo das diferentes metodologias estatísticas utilizadas para a
descrição conjunta dos dados e predição de resultados. De forma geral, é possível
afirmar que os dados foram analisados de duas diferentes maneiras. 1°) Variação dos
parâmetros e correlações geotécnicas em função da profundidade. 2°) Análises de
regressão linear e correlação entre duas variáveis com o intuito de estimar o valor de
uma variável a partir da outra.

Os parâmetros que compõem o banco de dados são oriundos de ensaios de


campo (CPTU e palheta) e ensaios de laboratório (caracterização e adensamento
edométrico). Foram analisados resultados de ensaios realizados em 24 diferentes sítios
localizados na baixada de Jacarepaguá. O autor participou ativamente da realização dos
ensaios de campo e laboratório realizados nos seguintes sítios: Centro Metropolitano I e
II, Gleba F, Recreio Life e Itanhangá.

Em todas as análises realizadas, os parâmetros obtidos foram separados em três


classes distintas, independente do ensaio que os originou. Cada classe representa uma
linha de estudo do comportamento do solo e, por isso, os resultados serão apresentados
em três diferentes capítulos.

• Capítulo 6: Índices Físicos e Propriedades dos Solos;


• Capítulo 7: Compressibilidade, História de Tensões e Coeficientes de
adensamento;
• Capítulo 8: Resistência Não Drenada da Baixada de Jacarepaguá.

Neste item serão resumidas as metodologias estatísticas utilizadas nas análises


realizadas nos Capítulos 6 a 8. Os textos a seguir foram baseados nos trabalhos de
(Bussab e Morettin, 2013; Dantas, 2008; Devore, 2014) sendo estas as referências
recomendadas para o leitor aprofundar o conhecimento no assunto.

86
4.5.1 Variação dos dados em função da profundidade

A variação dos dados em função da profundidade foi estudada através da


estatística descritiva. Foram plotados gráficos com os parâmetros que compõem o banco
de dados, sendo obtidos os valores médios e os valores da média ± 1 desvio padrão. Em
alguns casos, devido à heterogeneidade do subsolo em estudo ou dúvidas referentes à
qualidade dos resultados, foi necessário desconsiderar alguns valores obtidos. Com base
nos intervalos de variação típicos dos parâmetros e a tendência física de comportamento
do solo, em alguns casos, além dos valores estatísticos médios, foram realizadas
análises expeditas dos dados.

Após a obtenção dos intervalores mínimos e máximos de ocorrência de cada


parâmetro, foram criados subintervalos com a finalidade de refinar a amplitude de
variação dos dados e descobrir em quais intervalos cada parâmetro existia com maior
frequência. Para alcançar este objetivo, foram utilizados histogramas, que ilustram
através de gráficos a distribuição geral dos parâmetros e os intervalos com maiores
frequências. De posse do resumo descritivo de cada parâmetro, foi possível criar
tabelas, onde foram comparados os valores dos intervalores de variação de um
parâmetro em função de faixas de variação restritivas de um segundo parâmetro, ver
Tabela 4. 1. Devido à heterogeneidade do subsolo da Baixada de Jacarepaguá, estas
tabelas serão importantes fontes de dados para o auxílio na estimativa dos valores
médios de diferentes parâmetros e sua adoção em anteprojetos geotécnicos.

Tabela 4. 1 –Exemplo de tabela para obtenção de um parâmetro Y em função de


diferentes faixas de um parâmetro X.

Parâmetro "Y"
Restrição
Mínimo Máximo Média Desv. Padrão N° ensaios
< 3.0 0.3 1.4 1.0 0.4 20
Parâmetro "X" 3.0 a 6.0 1.1 4.8 2.3 0.7 35
> 6.0 1.4 7.7 4.3 1.7 29

87
Devido à grande quantidade de dados obtidos com a realização do ensaio de
piezocone (uma vertical de ensaio com profundidade de 10 m possui em torno de 1000
leituras), a faixa de variação da resistência de ponta corrigida qt em argilas moles foi
determinada com a metodologia denominada diagrama de caixa ou “box plot”. Esta
representação gráfica combina importantes aspectos descritivos de um conjunto de
dados, através do resumo de cinco números: valor mínimo, primeiro quartil (valor que
deixa 25% das observações abaixo dele), mediana (valor que deixa 50% das
observações abaixo dela, terceiro quartil (valor que deixa 75% das observações abaixo
dele) e valor máximo. Conforme mostrado na Figura 4. 5, a partir dos quartis inferior e
superior, são desenhadas linhas verticais até os últimos valores não discrepantes, tanto
abaixo quanto acima. Assim, os pontos que estiverem fora destes limites são
considerados valores discrepantes (outliers).

Figura 4. 5 - Diagramas de caixa

Conforme será mostrado no Capítulo 6, com a utilização dos diagramas de caixa,


além da comparação visual entre os diagramas gerados para os resultados da resistência
de ponta corrigida (qt) de todas as verticais de CPTU realizadas, foi possível avaliar os
valores típicos, a assimetria, a dispersão e os dados discrepantes obtidos de qt.
88
4.5.2 Correlações e relações entre diferentes parâmetros

Após a análise descritiva da variação dos parâmetros geotécnicos em função da


profundidade, foram realizados estudos para estimar os prováveis valores de um
determinado parâmetro a partir de outro. As análises foram realizadas com a utilização
de regressão linear simples. A análise de regressão simples é uma metodologia
estatística que utiliza a relação entre duas variáveis quantitativas de tal forma que
podem ser feitas estimativas para uma variável a partir de outra. O objetivo do estudo
foi obter equações que explicassem a variação da variável dependente Y (e.g., Cc) pela
da variação dos níveis de apenas uma variável independente (e.g., w). A utilização da
regressão linear múltipla envolveria três ou mais variáveis, ou seja, uma única variável
dependente (e.g., Cc) e duas ou mais variáveis independentes (e.g., w, wL, e0, etc.),
podendo gerar correlações matematicamente aceitáveis, mas de difícil explicação física,
por não conter, necessariamente, uma ligação causal.

A relação entre variáveis foi determinada estabelecendo-se um modelo


matemático capaz de descrever a dependência entre elas, bem como o erro associado a
essa relação. Para estabelecer as equações, foram construídos diagrama de dispersão,
Figura 4. 6. Neste tipo de gráfico, são plotados os valores de variável dependente (Y)
em função da variação da variável independente (X), formando uma série de pontos
através da qual se pode delinear uma equação que pode se apresentar de diversas
maneiras: linear, quadrática, cúbica, exponencial, logarítmica, etc. A fim de estabelecer
o modelo para explicar o fenômeno, deve-se verificar qual o tipo de curva e equação de
um modelo matemático que mais se aproxime dos pontos representados no diagrama de
dispersão.

89
14
y = 0.0143X + 1.9887
12 R² = 0.72

10

8
Y

6
Sítio 1 Sítio 2
4
Sítio 3 Sítio 4

2 Linear

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
X

Figura 4. 6 - Diagramas de dispersão.

Contudo, os pontos do diagrama de dispersão não se ajustam perfeitamente à


curva do modelo matemático proposto. Haverá uma distância entre os pontos do
diagrama e a curva do modelo matemático. Isto acontece devido ao fato de o fenômeno
que está sendo estudado não depender única e exclusivamente das duas variáveis
relacionadas, estando sujeito a flutuações não controladas advindas das diferentes
características do meio estudado, neste caso específico a diferentes processos de
formação do solo, conforme discutido no Capítulo 2. Dessa forma, o objetivo da
regressão é obter um modelo matemático que melhor se ajuste aos valores observados
de Y em função da variação dos níveis da variável X.

Existem diversos métodos que permitem ajustar matematicamente a equação que


relaciona duas ou mais variáveis. Um dos métodos de ajustamento mais utilizado é o
Método dos Mínimos Quadrados (MMQ), utilizado neste trabalho. Em suma, o método
baseia-se na obtenção de uma equação estimada de tal forma que as distâncias entre os
pontos do diagrama e os pontos da reta/curva do modelo matemático, no todo, sejam as
menores possíveis. Uma coleção de pares ordenados (x1, x2, x3...xn; y1, y2, y3...yn) é
inserida em um plano cartesiano, Figura 4. 6, e representa a equação que obteve os
melhores ajustes dentro do número de iterações estabelecidas. O fato que atrai
90
pesquisadores das mais diversas áreas é a possibilidade de obtenção de uma função real
que passe nos pontos ou pelo menos passe próximo dos pontos (xn,yn).

No caso de regressões lineares simples, o coeficiente de determinação (R2)


indica se o modelo proposto é adequado ou não para descrever o fenômeno, além de
fornecer uma informação auxiliar ao resultado da análise de variância da regressão. O
R2 é a razão entre a soma de quadrados da regressão e a soma de quadrados total.

SQ Re g
R2 = (4.1)
SQTotal

Valores próximos de 1 são desejados, uma vez que indicam que o modelo
proposto é adequado para descrever o fenômeno. Segundo Smith (1986) interpreta-se o
resultado do coeficiente de correlação como sendo de:

• correlação ruim: R2 < 0,2 – as variáveis são independentes;

• boa correlação: 0,2 < R2< 0,8;

• excelente correlação: R2 > 0,8 – pode-se admitir dependência completa .

Resumidamente, é possível dizer que o coeficiente de determinação indica qual é


a proporção (ou porcentagem) da variação de Y que é “explicada” pela regressão, ou
quanto da variação na variável dependente Y está sendo “explicada” pela variável
independente X. No exemplo mostrado na Figura 4. 6, o valor de R2 foi de 0,72.

4.6 Ferramentas computacionais utilizadas

Todos os parâmetros utilizados nas análises apresentadas nos Capítulos 6 ao 8


estão cadastrados e armazenados no banco de dados do sistema desenvolvido. Para
analisar os resultados, os gráficos foram primeiramente gerados com o programa
SAPPGAM e posteriormente foi realizado o download dos resultados selecionados para
realização dos tratamentos estatísticos supracitados. As análises estatísticas foram
realizadas com a utilização do programa Microsoft Office Excel e do ambiente
estatístico R.

91
O Microsoft Office Office Excel é um editor de planilhas produzido pela
Microsoft. Seus recursos incluem uma interface intuitiva, além de capacitadas
ferramentas de cálculo e de construção de gráficos que o tornam um dos mais populares
aplicativos atuais.

O R é um ambiente de análise de dados e geração de gráficos através de uma


linguagem de programação de alto nível. Por ser de uso livre e código aberto, permite
que o usuário possa modificar procedimentos e comandos a qualquer momento, o que
dá uma grande liberdade de trabalho e adaptabilidade (R Core Team, 2016; Mello e
Peternelli, 2013).

Durante a confecção das figuras que são apresentadas nos próximos capítulos,
procurou-se estabelecer um padrão do formato dos gráficos, legendas, cores, etc.
Entretanto, devido à utilização de diferentes ferramentas e metodologias para análise
dos dados e dos diferentes parâmetros geotécnicos disponíveis em cada sítio
investigado, não foi possível utilizar o mesmo padrão de legendas, símbolos e cores em
todos os gráficos.

4.7 Comentários finais

Neste capítulo foi apresentada uma breve revisão referente aos bancos de dados
e Sistemas de Informações Geográficas, mostrando a eficácia em termos de organização
e manipulação de dados que estas ferramentas oferecem ao usuário, em especial quando
é necessário trabalhar com um elevado número de informações.
A organização e padronização dos parâmetros e a necessidade de acesso de
forma ágil e remota às informações requeridas para a realização das análises desta
pesquisa, motivaram o desenvolvimento da ferramenta proposta. A fusão dos conceitos
entre BD, SIG, Engenharia de Software e Engenharia Geotécnica tornou possível à
criação de um banco de dados geotécnico, integrado a um Sistema de Informações
Geográficas, disponível em plataforma Web, que permite o armazenamento,
recuperação, estruturação, manipulação, análise e exibição gráfica de parâmetros
geotécnicos espacialmente ligados a uma posição específica no globo terrestre.

92
A metodologia escolhida para a análise dos parâmetros consistiu basicamente
em verificar o comportamento do solo em função da profundidade e obter estimativas
para uma variável a partir de outra com regressões simples. É objetivo desta pesquisa
estudar o comportamento dos depósitos de argila orgânica muito mole da Baixada de
Jacarepaguá a partir da base conceitual atualmente disponível, analisando em paralelo
os resultados obtidos com os modelos de comportamento teóricos e experimentais
citados na literatura.

93
CAPÍTULO 5 – O SISTEMA SAPPGAM

Neste capítulo, serão apresentadas as principais funcionalidades do sistema


desenvolvido, mostrando a forma de acesso a todas as ferramentas disponibilizadas no
programa e suas potencialidades de uso. Paralelamente a isso, serão realizados
comentários com o intuito de esclarecer o objetivo da criação de cada uma das funções
implementadas e sanar eventuais dúvidas do leitor.

5.1 – Acesso e Funções do Software SAPPGAM

A seguir, é apresentada detalhadamente a maneira de acessar e utilizar as funções


da ferramenta SIGWEB desenvolvido. Para acessar o sistema, deve ser digitado o
seguinte endereço no navegador do computador:

http://200.132.136.222:8080/SIG/

A versão atual do sistema foi desenvolvida na plataforma Mozilla Firefox,


sendo necessário utilizar este navegador.

Na tela de login (Figura 5. 1), digite os seguintes dados:

• Usuário: visitante

• Senha: visit123

IMPORTANTE: O acesso foi disponibilizado ao usuário identificado como


visitante. Com esse login e senha, é possível utilizar apenas as funcionalidades
disponibilizadas para essa classe de usuário, ver item 4.4.2 (Figura 4. 3). Para acesso às
demais funcionalidades, é necessário possuir login e senha específica, que podem ser
disponibilizadas pelo autor.

94
Figura 5. 1 - Tela inicial para acessar o sistema.

Após o acesso, a tela inicial do programa apresentará um mapa idêntico ao visto


no Google Earth. Nele, o usuário poderá ver a região em estudo e todas as ilhas de
investigação atualmente cadastradas. Isto é possível porque a Google permite o uso de
seus mapas atualizados, por meio de uma API (application programming interface), que
possibilita a inserção de informações no mapa com base em coordenadas geográficas. A
Figura 5. 2 apresenta a tela inicial do sistema.

Ao clicar no botão Menu, indicado na Figura 5. 2, são disponibilizadas ao


usuário as funcionalidades que o sistema oferece. Conforme indicado na Figura 5. 3, é
possível: Gerenciar Usuários; Gerenciar Classes; Gerenciar Fatores de Ajuste;
Gerenciar Template Padrão; Gerenciar Ilhas; Gerenciar Parâmetros; Gerenciar
Parâmetros de Plotagem; Plotar Gráficos, Exportar Template e Exportar Ilha. Nos
tópicos seguintes, serão detalhadas todas estas funções.

95
Figura 5. 2 - Tela Inicial de sistema. Visualização
Visualização na opção Mapa .

Figura 5. 3 - Funcionalidade s que o sistema oferece.

5.1.1 Gerenciar Usuários

Com esta função o administrador pode adicionar novos usuários ao sistema ou


excluir usuários já cadastrados. Cada novo usuário terá acesso às funções liberadas para

96
o seu perfil (visitante, gerenciador ou administrador) e, através do seu login e senha,
poderá acessar as informações cadastradas no banco de dados. A Figura 5. 4 apresenta a
sequência necessária para a inserção de novos usuários, sendo possível, ao clicar na seta
n°4 a visualização de todos os já cadastrados.

Figura 5. 4 - Inserção de novos usuários ao sistema.

5.1.2 Gerenciar Classes

Esta funcionalidade permite ao administrador incluir, editar ou excluir as


classes de resultados de ensaios cadastradas no sistema. Conforme explicado no
Capítulo 4, atualmente o sistema é composto por 4 classes de ensaios: laboratório,
palheta, CPTU e DPP-CPTU, ver Figura 5. 5. A implantação da divisão dos resultados
dos ensaios em diferentes classes foi necessária por não haver compatibilidade entre as
profundidades em que os ensaios são realizados no campo ou entre as amostras retiradas
para a realização de ensaios no laboratório.

97
Figura 5. 5 - Gerenciamento das classes de ensaios.

5.1.3 Gerenciar Fatores de ajuste

Essa função se faz necessária pois muitas equações possuem fatores de ajuste e
estes precisam estar cadastrados no sistema para posterior inserção nas equações
geotécnicas. É possível citar como exemplo os seguintes fatores de cone: Nkt, N∆u, Nke.

( qt − σ v 0 )
N kt = (5.1)
S u ( palheta )

u2 − u0
N ∆u = (5.2)
S u ( palheta )

qt − u 2
N ke = (5.3)
S u ( palheta )

Onde: Nkt, Nke e N∆u = fatores empíricos de cone; Su = resistência ao


cisalhamento não drenada obtida com o ensaio de palheta; qt = resistência de ponta
corrigida do piezocone; σv0 = tensão total vertical inicial in situ; u2 = poropressão na
base do cone e u0= poropressão hidrostática.
98
O cadastro dos fatores de ajuste deve ser realizado conforme indicado na Figura
5. 6a. Após inserir o nome do fator de ajuste e o seu valor usual, ele é cadastrado
conforme indicado na Figura 5. 6b sendo possível a edição ou exclusão dos nomes ou
valores característicos após a conclusão do cadastro.

(a)

(b)

Figura 5. 6 - (a) Cadastrar fator de ajuste e (b) Exemplo de fatores de ajustes


cadastrados.

99
5.1.4 Gerenciar Template Padrão

A função Gerenciar Template Padrão, Figura 5. 7, permite que o administrador


insira no sistema versões atualizadas do template que está sendo utilizad o para a
organização dos dados. Esse recurso precisa estar sincronizado com as informaçõe s da
função Gerenciar Classes, ou seja, para o correto funcionamento ddaa ferramenta, o
Template Padrão que está sendo utilizado precisa ter o mesmo número de classes que o
sistema conhece. Caso seja adicionada alguma nova aba, com os resultados de
diferente
diferentess ensaios ao template padrão, deverá também ser adicionada uma nova classe
de ensaios na função Gerenciar Classes.

Figura 5. 7 - Cadastrar e/ou listar templates utilizados pelo sistema.

5.1.5 Gerenciar Ilhas

A função gerenciar ilhas permite que sejam cadastradas no sistema novas ilhas
de investigação geotécnica, permitindo também que sejam visualizadas, editadas ou
excluídas as ilhas de investigação já cadastradas. Para que novas ilhas de investigação
sejam ca
cadastradas,
dastradas, o usuário deve fazer o download do template padrão utilizado para
cadastrar os dados, conforme será ilustrado no item 5.1.9 (Exportar Template). Esse
100
template está em formato .xls, planilha do Microsoft Excel, permitindo que o usuário
insira os diferentes parâmetros geotécnicos oriundos dos ensaios de caracterização,
adensamento, piezocone e palheta.

A primeira aba do template se destina à inserção das informações de


identificação da ilha que será cadastrada, sendo obrigatória a inserção do nome do local
em estudo, a referência (origem dos parâmetros/executor dos ensaios), quais ensaios
foram realizados e as coordenadas geográficas (latitude e longitude), ver Figura 5. 8.

Dados necessários para o cadastro inicial do local em estudo

* Local: Centro Metropolitano II

* Nome da Ilha: CM II
Endereço: Av. Abelardo Bueno, Barra da Tijuca
Autor dos Ensaios: COPPE/UFRJ

* Referência: Baroni (2010)

* Ensaios realizados Caracterização, Adensamento, CPTU, Palheta.

* Latitude: -22.969023

* Longitude: -43.370725
Data da execução dos ensaios: 5/17/2009

* Dados Obrigatórios

Figura 5. 8 - Dados de identificação requisitados para o cadastro de uma determinada


ilha de investigação.

Conforme discutido, as demais abas do template subdividem os resultados dos


ensaios em classes, que devem ser obedecidas durante o cadastro dos parâmetros.
Basicamente, os resultados dos ensaios devem ser digitados na coluna onde estão
escritos o nome e símbolo dos parâmetros (ver Figura 5. 9). No caso de existir mais de
uma vertical com o mesmo tipo de ensaio na ilha de investigação que está sendo
cadastrada, o usuário deverá copiar e colar em uma nova aba a respectiva classe de
ensaio e repetir o processo.

É importante salientar que o cadastro só funciona de maneira correta com a


utilização do template padrão disponível para download no sistema.

101
Figura 5. 9 - Exemplo de cadastro de parâmetros na Classe Laboratório.

Após o cadastro de todas as informações no template, este deverá ser salvo e


posteriormente inserido no sistema utilizando a função Gerenciar Ilhas, detalhado na
Figura 5. 10a. Após a inserção de uma nova ilha de investigação no sistema, todas as
informações contidas no template são cadastradas automaticamente no banco de dados
e, através das coordenadas geográficas, a ilha é locada na base do Google Maps (Figura
5. 2). Utilizando o comando Listar Ilhas, é possível visualizar as ilhas de investigação já
cadastradas no sistema, editar os dados ou excluir os arquivos, ver Figura 5. 10b.

Até o presente momento, estão cadastradas no sistema 24 ilhas de investigação,


que são compostas por: 20 verticais de ensaios de laboratório, 67 verticais de CPTU e
48 verticais de palheta.

102
Figura 5. 10 - (a) Cadastrar ilhas de investigação e (b) Visualizar, editar ou excluir Ilhas
de Investigação já cadastradas.

5.1.6 Gerenciar Parâmetros

A função gerenciar parâmetros foi desenvolvida para que os dados obtidos


diretamente com os ensaios de caracterização, adensamento, CPTU e palheta, que estão
cadastrados no template padrão, possam ser cadastrados na memória do banco de dados

103
do sistema. Assim, conforme ilustra a Figura 5. 11, é possível adicionar, editar ou
excluir parâmetros ao BD. É importante salientar que o sistema precisa identificar com
base na nomenclatura utilizada, qual é o parâmetro que será cadastrado. Para que isso
ocorra com sucesso, é necessário que o nome do identificador do parâmetro (ver
exemplo, Figura 5. 11, DensidRealGraos) possua o mesmo nome utilizado para
identificá-lo no template padrão (ver Figura 5. 9, coluna D, Linha 5). Assim, no
momento do cadastro dos dados de uma determinada campanha de investigação
geotécnica, a ferramenta realiza o armazenamento dos parâmetros de acordo com o
nome identificador e as informações contidas nas suas respectivas coluna e linhas. Os
demais dados requeridos para o cadastro (Nome Fantasia, Unidade e Sigla) podem ser
editados ou alterados em qualquer momento, não sendo obrigatório que eles possuam as
mesmas denominações no template padrão e na memória do sistema.

É importante salientar que nessa etapa, a ferramenta não realiza nenhum tipo de
cálculo ou correlação entre os parâmetros. Os dados são lidos e armazenados na
memória do banco de dados exatamente como foram identificados e com os valores
digitados no template padrão pelo usuário.

Figura 5. 11 – Cadastro de parâmetros no sistema.

104
Após o cadastro
cadastro de um determinado parâmetro
parâmetro,, é possível listar todos os
parâmetros que já estão cadastrados e incluir, editar ou excluir novos, conforme a
Figura 5. 12.

Figura 5. 12 - Visualizar
Visualizar,, editar ou excluir parâmetros.

5.1.7 Gerenciar Parâmetros de Plotagem

Para o cadastro dos parâmetros que estarão disponíveis para a plotagem, o


usuário deve inicialmente seguir os passos descritos na Figura 5. 13. Utilizando essa
função, é possível transformar os parâmetros cadastrados com a função Gerenciar
Parâmetros (Item 5.1.6) em parâmetros qu
quee podem ser plotados de maneira automática
no sistema.

105
Figura 5. 13 – Cadastrar parâmetro de plotagem.

O usuário pode desenvolver novas equações e criar novos parâmetros de


plotagem, que correlacionam os parâmetros obtidos diretamente com os ensaios
realizados e com os fatores de ajuste cadastrados. Conforme mostrado na Figura 5. 14,
os seguintes passos devem ser seguidos para o desenvolvimento de novas equações, que
resultarão em novos parâmetros de plotagem:

1º - Digitar o nome do parâmetro;


2º - Digitar a unidade do parâmetro;
3º - Selecionar entre as opções Caracterização, Compressibilidade ou Resistência;
4º - Utilizar as opções de Operadores, Símbolos, Fatores de Ajuste e Parâmetros
cadastrados no sistema para a criação das equações dos Parâmetros de Plotagem;
5º - Criar a equação que dará origem ao parâmetro de plotagem. No exemplo da
Figura 5. 14, está sendo criado o parâmetro resistência ao cisalhamento não
drenado obtido através da equação 5.1. Salienta-se que independente da equação
criada, ela sempre deverá iniciar com um parêntese aberto e finalizar com um
parêntese fechado;
6º - Validar a equação digitada. Ao ser considerada válida, a equação é cadastrada e
o parâmetro cadastrado fica disponível para a plotagem.

106
Figura 5. 14 - Cadastro de parâmetros de plotagem

5.1.8 Plotar Gráficos

Inicialmente, todas as ilhas de investigação cadastradas no banco de dados

aparecem com o símbolo . Para saber informações sobre as ilhas cadastradas, basta

dar um duplo clique sobre o ícone , então ele ficará verde e mostrará as
informações basicas sobre a ilha de investigação cadastrada
cadastrada,, ver Figura 5. 15.

Para plotar os gráficos com os parâmetros de plotagem previamente cadastrados


no BD é necessário escolher uma ou mais ilhas de investigação, as quais terão seus
dados analisados. Para seleção da Ilha
Ilha de Investigação, deve-se dar apenas um clique

sobre o ícone até ele ficar amarelo , Figura 5. 15.

107
Figura 5. 15 - Obtenção de informações e seleção de ilhas para a plotagem.

Após selecionar quais serão as ilhas de investigação estudadas, o usuário deve


clicar na opção plotar gráfico, Figura 5. 16.

Figura 5. 16 - Plotar gráficos, gerar figuras e exportar dados.


108
De forma automática, será apresentada a tela mostrada na Figura 5. 17a, que
possui um conjunto de opções com diferentes parâmetros para seleção. Estas opções
estão organizadas em três abas: Caracterização, Compressibilidade e Resistência.
Lembrando que o próprio usuário optou, durante o cadastro de um novo parâmetro de
plotagem (passo 3 da Figura 5. 14), em qual das abas o parâmetro seria cadastrado.

Figura 5. 17 - (a) Selecionar parâmetros para plotagem de gráficos fixando a


profundidade no eixo Y e (b) Alterar os valores dos fatores de ajuste pré-cadastrados.

109
Caso o parâmetro escolhido para plotagem possua em sua equação algum dos
fatores de ajuste cadastrados, o valor pré-determinado durante o cadastro ficará visível
no momento da plotagem, sendo possível editá-lo. Essa funcionalidade é importante,
pois, muitas vezes, as equações que necessitam de fatores de ajuste foram desenvolvidas
a partir de bancos de dados de argilas de diferentes naturezas, sendo necessária a
“calibração” do fator de ajuste para o subsolo local. Essa calibração é necessária, por
exemplo, para o coeficiente de correção (µ), proposto por Bjerrum (1973) e que varia
conforme o índice de plasticidade da argila. Na Figura 5. 17b, é possível visualizar o
exposto, neste caso o usuário pode alterar os valores pré-fixados para os fatores
empíricos de cone Nkt, Nke e N∆u.

Na confecção de um gráfico, é permitido plotar de forma conjunta um ou mais


parâmetros, independente da aba (caracterização, compressibilidade ou resistência) em
que este estiver cadastrado. É importante observar que para os ensaios realizados em
profundidades pontuais, como por exemplo o ensaio de palheta e os ensaios de
laboratório, são inseridos nos gráficos, durante a plotagem, somente os pontos com o
par de informação (parâmetro e profundidade). Já nos ensaios que apresentam
resultados contínuos com a profundidade (CPTU e suas correlações), os gráficos são
plotados em forma de linhas contínuas. A Figura 5. 18 mostra o exemplo de plotagem
de um gráfico de resistência Su, no qual é possível visualizar que os parâmetros
oriundos do ensaio de palheta estão plotados em forma de pontos e os valores de Su(Nkt)
oriundos da correlação com o CPTU estão plotados na forma de linha. Na Figura 5. 18,
é possível visualizar as funcionalidades enumeradas a seguir:

1º - Após o gráfico ser gerado, a figura apresenta uma legenda, identificando o(s)
parâmetro(s) plotado(s) e sua(s) respectiva(s) origem(ns) e unidade(s);
2º - É possível dar um zoom no gráfico e visualizar com maiores detalhes as
informações contidas nos eixos X e Y;
3º - O gráfico gerado pode ser convertido em figura (formato .JPG ou semelhante).
Essa funcionalidade permite que as figuras geradas sejam exportadas, salvas e
posteriormente inseridas em documentos externos;
4º - Os parâmetros utilizados para gerar o gráfico podem ser exportados para
planilhas .xls (Microsoft Office Excel). Essa opção é importante, pois permite
que o usuário tenha acesso de forma automática aos dados utilizados
110
especificamente para gerar o gráfico em análise, possibilitando outras formas de
análise;
5º - Ao clicar na legenda em um determinado parâmetro, é possível “congelar” a sua
aparição no gráfico, deixando visíveis apenas os demais dados;
6º - Para gerar um novo gráfico, basta clicar no botão voltar, sendo possível plotar
um novo gráfico com os novos parâmetros escolhidos.

Figura 5. 18 - Plotagem do gráfico: profundidade versus parâmetro.

É prática consagrada e empregada na interpretação dos parâmetros geotécnicos o


uso de correlações para maximizar a quantidade e qualidade das informações referentes
a um determinado depósito. O uso de correlações geotécnicas minimiza a ausência de
informações necessárias, que nem sempre podem ser obtidas, seja por questões
financeiras ou técnicas. Conforme apresentado no Capítulo 2, muitos pesquisadores
desenvolveram correlações e/ou ábacos entre diferentes parâmetros geotécnicos, como:
umidade natural do solo (w) versus coeficiente de compressibilidade (Cc).

111
Com o intuito de obter correlações entre diferentes parâmetros geotécnicos, foi
desenvolvida a opção de plotagem de gráficos compostos por parâmetros versus
parâmetros, cadastrados em uma ou mais ilhas de investigação. Para que isso ocorra,
inicialmente o usuário deve escolher qual parâmetro quer plotar no eixo Y e
posteriormente qual parâmetro quer plotar no eixo X, ver Figura 5. 19.

Figura 5. 19 - Selecionar parâmetros para plotagem de gráficos parâmetros versus


parâmetros.

Escolhidos os parâmetros, o sistema busca, em seu banco de dados, as


informações referentes aos valores dos parâmetros e respectivas profundidades de
ensaio, obtendo assim dois pares de informação (parâmetro “A” vs. profundidade) e
(parâmetro “B” vs. profundidade). A plotagem dos parâmetros é realizada levando em
conta o número de ensaios realizados na vertical que possui um menor número de
ensaios, ou seja, caso a vertical que gerou o parâmetro “A” tenha 5 resultados e a
vertical que gerou o parâmetro “B” tenha 50 resultados, serão plotados no gráfico
apenas 5 pontos de parâmetro “A” vs. parâmetro “B”.

Isso é possível, pois o sistema realiza a leitura das profundidades e resultados


dos dois ensaios selecionados, identificando o ensaio com o menor número de
resultados e comparando-o com as profundidades e resultados mais próximos da vertical
112
com o maior número de ensaios. A Figura 5. 20 mostra o exemplo de um gráfico gerado
com essa opção.

Figura 5. 20 - Exemplo de figura parâmetro vs. parâmetros, umidade vs. índice de


compressão.

5.1.9 Exportar Template

Utilizando essa funcionalidade ilustrada na Figura 5. 21, é possível fazer o


download da versão atual que está sendo utilizada para a organização dos parâmetros
oriundos dos diferentes ensaios em análise. Após o download, o usuário deve inserir os
resultados dos ensaios nas respectivas linhas e colunas, salvar o arquivo e então inserir
os valores no banco de dados utilizando a função Importar Ilha, já explicada no item
5.1.5 (Gerenciar Ilhas).

113
Figura 5. 21 - Exportação do Template Padrão.

5.1.10 Exportar Ilhas de Investigação

Com o intuito de propiciar ao usuário a possibilidade de exportação de todas as


informações cadastradas em uma determinada ilha de investigação, foi desenvolvida a
função eexportar
xportar ilha de investigação. Utilizando esta funcionalidade, é possível fazer o
download de todas as informações contidas em uma determinada
determina da ilha, com a mesma
organização e quantidade de parâmetros q ue foram originalmente cadastrad os no banco
de dados. Para isso, o usuário deve (ver
(ver Figura 5. 22) primeiramente selecionar uma das
ilhas cadastradas e posteriormente clicar na opção Exportar Ilha. Assim, ddee forma
automática será realiza
realizado
do o download de todas as informações em planilha do Microsoft
Office Excel.

114
Figura 5. 22 - Download de todas as informações contidas em uma determinada ilha de
investigação

5.2 Conclusões parciais

Foram apresentadas e justificadas as principais funcionalidades do ssistema


istema
SIGWeb desenvolvido. As funções criadas foram baseadas nas principais dificuldades
enfrentadas por profissionais da área no armazenamento, edição e manipulação d os
principais parâmetros e correlações ge
geotécnicas
otécnicas empregadas no desenvolvimento de
pesquisas acadêmicas e projetos em geral .

A partir do sistema desenvolvido, o usuário pode incluir um número ilimitado de


resultados de ensaios de campo e laboratório na forma de ilhas de investigação. A
locação ddee cada ilha é realizada no Google Maps com base nas coordenadas geográficas
do local investigado, sendo possível incluir informações de qualquer parte do globo
terrestre e compará-las com os ensaios já cadastrados. Contudo, o objetivo desta tese é
estrutur
estruturar
ar e analisar um banco de dados geotécnico com informações dos depósitos de
argila mole localizados na Baixada de Jacarepaguá. Desta maneira, apenas ensaios de
115
campo e laboratório realizados nesta região serão analisadas nos próximos capítulos.
Destaca-se que todos os resultados dos ensaios que serão apresentados nos próximos
capítulos estão cadastrados no sistema desenvolvido, eles podem ser facilmente
acessados e futuramente comparados com parâmetros diversos obtidos em outros
depósitos de argila mole.

O banco de dados atual pode ser ampliado, podem ser incluídos os resultados de
novos sítios geotécnicos, o programa pode também pode ser ampliado, sendo possível
armazenar e correlacionar os dados de novos equipamentos, como por exemplo ensaios
triaxiais, DMT, T-bar, etc. É esperado que o sistema desenvolvido possa, em um futuro
próximo ser amplamente utilizado no meio geotécnico. O autor considera que a
possibilidade de acesso remoto a um determinado banco de dados, composto por
parâmetros georreferenciados de diferentes sítios geotécnicos, com a possibilidade de
comparação direta entre os resultados, torna o SIGWeb uma valiosa ferramenta para
armazenamento e análise de dados. O sistema poderá ser utilizado por pesquisadores,
engenheiros, professores, técnicos e alunos, colaborando com o desenvolvimento da
Engenharia Geotécnica.

116
CAPÍTULO 6 – ÍNDICES FÍSICOS E PROPRIEDADES DOS
SOLOS

Este capítulo tem por objetivo apresentar e analisar os resultados dos ensaios de
caracterização e de CPTU acompanhados de análises estatísticas e comentários acerca
de cada parâmetro geotécnico. A ênfase das análises será comparar semelhanças e
diferenças de propriedades dos diferentes locais estudados, visando a uma melhor
compreensão do comportamento do solo local.

6.1 Umidade natural do solo (w)

A umidade natural é tradicionalmente obtida em laboratório como parte dos


ensaios de caracterização do solo. Contudo, como a amostra em análise pode ser
deformada, a umidade pode ser obtida facilmente em campo em diferentes
profundidades, a partir das amostras coletadas com o amostrador Raymond durante a
realização do ensaio de SPT (Coutinho, 1998; Sandroni, 2006). Em solos argilosos, a
determinação da umidade é fundamental e permite, de forma expedita, antecipar certas
tendências de comportamento, principalmente quando analisada juntamente com os
limites de Atterberg. Os valores de umidade podem ainda ser correlacionados com
outros parâmetros, como será apresentado adiante.

A Figura 6. 1 reúne os resultados de diferentes ensaios realizados na região em


estudo. A umidade média encontrada foi de w=182%, sendo w=65% e w=300% os
valores da média ± 1 desvio padrão. Esses valores consideram todos os resultados
obtidos, sem fazer distinção da camada superficial do solo, que possui valores mais
elevados (w(máximo) = 800%) e das camadas onde ocorrem lentes de areia, em que o valor
da umidade é reduzido, w(mínimo) = 30%.

Na Figura 6. 2a (mesmos valores de umidade plotados na Figura 6. 1), é possível


visualizar que solos com umidades superiores a 250% ocorrem em alguns locais até os
4,0 m iniciais de profundidade. Os valores mínimo e máximo de w=100% e w=250%
são representativos da camada de argila mole, que ocorre em alguns depósitos desde a
117
superfície do terreno até a profundidade de 12,0 m. Os ensaios realizados entre a
profundidade de 12,0 m e 16,80 m mostram que a umidade mínima da argila (w=100%)
se mantém constante, enquanto a umidade máxima é reduzida, sendo w=170% a
máxima umidade desta camada. As umidades menores que 100% indicam a presença de
lentes de solo arenoso, o que ocorre em alguns sítios de forma intercalada com a argila
mole.

Figura 6. 1 – Umidade natural do solo, média ± 1 desvio padrão.


Umidade - w (%)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1,00 m
0

-2

-4
3,00 m
?
-6

Rio Mais
-8
Prof. (m)

Gleba F

CM I
-10
CM II
4,00 m
-12 Panela
100<w<250
Rio Massa
-14 P. Atletas

Lotes 5 e 6
-16
Olímpia
5,00 m
-18 SESC

100<w<170 Itanhangá

-20 n° pontos=135
(a) (b)
Figura 6. 2 – (a) Umidade natural do solo e (b) Exemplos de amostras de solo.
118
A Figura 6. 2(b) mostra a coloração característica escura da solo com maior teor
de matéria orgânica localizado próximo à superfície do terreno e de três argilas
extraídas em profundidades distintas, respectivamente em 3,0; 4,0 e 5,0 m no sítio do
Centro Metropolitano II. Observa-se a expressiva presença de conchas na amostra
extraída na profundidade de 5,0m.

6.2 Teor de matéria orgânica (TMO)

A determinação do teor de matéria orgânica foi realizada em apenas 3 sítios:


SESC, Gleba F e Centro Metropolitano I. Os ensaios foram realizados no setor de
Química do Laboratório de Geotecnia da COPPE, o procedimento empregado foi o
recomendado pelo manual de Métodos de Análise de Solo da Embrapa (Embrapa,
1997), por meio da determinação da porcentagem de carbono orgânico. Na Figura 6. 3,
o TMO é plotado em função da profundidade. É possível constatar que o solo
superficial possui elevada porcentagem de matéria orgânica, com valores de até 60%. A
camada subjacente de argila possui TMO máximo de 20%, sendo a porcentagem
mínima encontrada de 6,2%. Se excluídos os TMO superiores obtidos próximos à
superfície do terreno, é encontrado o valor médio de 10%. Valores nesta faixa ou
superiores a ela foram encontrados em Juturnaíba / RJ por Coutinho (1986)
7%<TMO<70% e no Recife (20 a 70) por Coutinho e Bello, 2014. Outros depósitos
brasileiros estudados apresentam um teor de matéria orgânica menor, como, por
exemplo, em Sarapuí / RJ onde a variação é de 4,0% – 6,5% (Costa Filho et al., 1977 e
1985; Jannuzzi et al, 2015), em Guaratiba / RJ a porcentagens de TMO varia entre 1,7%
e 13,3%. em Porto Alegre / RS a faixa fica entre 0,4% e 6,3% (Soares, 1997; Hallal,
2003) e Santos / SP apresenta segundo Árabe (1986) valores de 4,0% a 6,0% e segundo
Andrade (2009) porcentagens de TMO entre 0,7% e 5,7%.

Os solos orgânicos são classificados em três grupos: (i) solos pouco orgânicos,
2%< TMO ≤10%; (ii) solos medianamente orgânicos, 10%< TMO <30%, e (iii) solos
muito orgânicos, TMO>30%, os dois últimos formam a classe denominada solos
orgânicos (Perrin, 1973; Magnan, 1980; Coutinho, 1986). Seguindo esta classificação,
os solos aqui estudados podem ser divididos em dois grupos: (i) em locais virgens, os

119
solos próximos à superfície do terreno, com ocorrência em geral de zero a quatro metros
são classificados como solos muito orgânicos, (ii) as argilas subjacentes a esta camada
superficial são classificadas como medianamente orgânicas.

A máxima porcentagem de matéria orgânica obtida para a região da Baixada de


Jacarepaguá foi de 60%. Landva e Pheeney (1980) classificam como turfa as argilas
orgânicas com TMO >80%, desta maneira nenhuma das amostras analisadas é
classificada como turfa.

O elevado teor de matéria orgânica na região é justificado pela degradação


biológica existente no local no período de sua formação. Conforme apresentado no
Capítulo 2, além da bacia local de contribuição, houve influência marítima durante a
deposição dos solos sedimentares, fato comprovado pelos inúmeros fragmentos de
conchas de organismos marinhos encontrados no depósito em diferentes locais,
profundidades e espessuras.

TMO (%)
0 10 20 30 40 50 60 70
0

Turfa
-2

-4

CM I Gleba F
-6
SESC(a) SESC(b)
Prof. (m)

-8 nº pontos=26

-10

TMO(média)=10%
-12

-14

-16

Figura 6. 3 – Teor de matéria orgânica em função da profundidade.

120
Como será visto nos próximos subitens, solos com maiores porcentagens de
matéria orgânica terão maiores valores de umidade, limite de liquidez, índice de
plasticidade e menores valores de densidade dos grãos e massa específica (Skempton e
Pettley, 1979; Coutinho, 1986, Mitchell e Soga, 2005). A matéria orgânica possui
grande capacidade de absorção de água, logo solos orgânicos possuem maiores
porcentagens de umidade em comparação aos solos inorgânicos. Esse fato pode ser
evidenciado na Figura 6. 4, na qual é apresentada a relação entre o teor de matéria
orgânica (TMO) e a umidade natural do solo. Nesta figura observa-se que os solos
locais com umidades inferiores a 240% possuem TMO variando entre 6 e 17 %, mas
solos com maiores valores de umidade inferiores a 240% possuem valores mais
elevados e dispersos de TMO. Mesmo com o número limitado de depósitos analisados,
é possível perceber a clara tendência de correlação entre os dois parâmetros. A equação
empírica obtida para 26 pontos analisados (R2=0.59) é:

TMO = 0 ,077 w − 2 ,60 (6.1)

A equação 6.1 foi obtida somente para 3 diferentes sítios, isso pode justificar o
valor baixo de R2 obtido. A correlação entre a TMO e w é frequentemente utilizada no
meio geotécnico, existindo diferentes propostas de correlações entre esses parâmetros.
Para argilas brasileiras correlações similares foram propostas por (e.g. Coutinho, 1986;
Coutinho et al., 1998; Almeida et al., 2008).

121
80
Gleba F
Teor de Matéria Orgânica - TMO (%) 70 CM I
TMO = 0,077.wn - 2.5988
Gleba F
60 R² = 0,5879
SESC

50 Linha de Tendência

40

30

20

10

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

Umidade natural do solo - w (%)

Figura 6. 4 – Relação entre o teor de matéria orgânica e a umidade natural do solo.

6.3 Limites de Atterberg (wL, wP, IP)

Em virtude da presença de matéria orgânica, os ensaios para obtenção dos


limites de Atterberg devem ser realizados no seu estado natural, isto é, sem secagem
prévia das amostras (Ortigão, 1980). Os limites de liquidez (wL) e de plasticidade (wP),
obtidos durante a classificação dos solos no laboratório, fornecem o índice de
plasticidade (IP), sendo todos estes índices utilizados para a análise do comportamento
do solo.

A Figura 6. 5 apresenta os resultados dos limites de Atterberg (wL, wP e IP),


mostrando em geral uma maior dispersão na camada superficial de argila com maiores
porcentagens de matéria orgânica e valores mais próximos na camada de argila com
TMO médio de 10%. Ainda que o número de ensaios disponíveis para profundidades
maiores seja inferior, parece existir uma tendência de redução da faixa de variação dos
parâmetros com o aumento da profundidade. Este fato é explicado em parte com a
diminuição do teor de matéria orgânica e consequente diminuição da umidade à medida
que a profundidade aumenta.
122
É importante ressaltar que, em vários depósitos e diferentes profundidades,
foram observados pontos com umidade natural muito próximos ou acima do limite de
liquidez. A média dos valores de w e wL, após os três primeiros metros de profundidade,
é respectivamente de w=175% e wL=150% (ver Figura 6. 5b), ou seja, a umidade média
do solo é superior ao limite de liquidez médio. Esse fato, além de previamente indicar
que os depósitos da Baixada de Jacarepaguá são normalmente adensados, evidencia a
alta plasticidade da argila, justificando as dificuldades encontradas na obtenção de
amostra indeformada de adequada qualidade na região. Valores de umidade próximos
ou superiores ao limite de liquidez são comumente encontrados ao longo de toda a costa
brasileira e já foram relatados em Juturnaíba, por Coutinho (1986), em Santos por
Aguiar (2008) e Andrade (2009), em Recife por Bello (2011), em Porto Alegrete por
Hallal (2003), em Florianópolis por Oliveira (2006), etc.

Com o limite de liquidez, é possível classificar os solos finos quanto à


plasticidade, conforme Tabela 6. 1 (Head, 1986). Na Figura 6. 6, o limite de liquidez é
novamente analisado em função da profundidade, sendo obtido o valor médio (para
todos os pontos do gráfico) de 178%, sendo wL=60% e wL=296 os valores da média +-
1 desvio padrão. Dessa maneira, o subsolo de toda a região pode ser classificado como
de plasticidade extremamente alta (wL>90%).

123
Limite de Plasticidade - wP Limite de Liquidez - wL Índice de Plasticidade- IP
0 50 100 150 200 250 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 0 100 200 300 400 500 600
0 0 0
-1 -1 -1
-2 -2 -2
-3 -3 -3
-4 -4 -4
CM I
-5 -5 -5
Umidade natural (w) CM II
-6 -6 -6
P. Panela
-7 -7 -7
-8 -8 -8 Rio Massa
Tendência de
Prof. (m)

Z>3m,
-9 variação em função -9 -9 Vila Olímpica
wL(med)~150
-10 da profundidade -10 -10 Gleba F
nº pontos=74
-11 -11 -11 SESC
-12 -12 -12 Rio Mais
-13 -13 -13 Tendência
Z>3m,
-14 Z>3m, -14 -14 Z>3m,
w(med)~175%
-15 wP(med)~50 -15 -15 IP(med)~100
nº pontos=135
nº pontos=74 nº pontos=74
-16 -16 -16
-17 -17 -17
(a) (b) (c)
-18 -18 -18

Figura 6. 5 – Limites de Atterberg (a) wL, (b) wL e (c) IP.

124
É observado que a forma de análise, seja por meio da obtenção da média dos
valores de wL a partir dos 3 primeiros metros de profundidade (Figura 6. 5b,
wLmed=150%), ou a realização da média entre todos os valores encontrados (Figura 6. 6,
wLmed=178%), não altera a classificação da plasticidade do subsolo local como
extremamente alta.

Tabela 6. 1 – Classificação da plasticidade das argilas de acordo com índice de


liquidez (Head, 1986).

Figura 6. 6 – Limite de liquidez, média ± 1 desvio padrão.

125
Os depósitos aqui estudados apresentam em geral índice de plasticidade superior
a 80%, com valores de IP de até 300% nas camadas de argila com elevados teores de
matéria orgânica Figura 6. 5c. Contudo, há locais em que o índice de plasticidade foi da
ordem de 39%, sensivelmente mais baixos que os demais. Na Figura 6. 5c, é
apresentado o valor médio de IP considerando apenas os dados existentes após os 3
primeiros metros de profundidade, sendo obtido o valor médio de IP próximo a 100%.
Por outro lado, a Figura 6. 7 mostra o valor médio de IP considerando todos os pontos
analisados, em que foi obtido o valor médio de IP=119%, sendo IP=33% e IP=204% os
valores da média ±1 desvio padrão.

Figura 6. 7 – Índice de Plasticidade, média ± 1 desvio padrão.

126
6.4 Gráfico de Plasticidade de Casagrande

A relação entre o índice de plasticidade (IP) e o limite de liquidez (wL) tem sido
tradicionalmente utilizada para classificar solos finos. Casagrande desenvolveu a carta
de plasticidade, na qual os solos argilosos inorgânicos localizam-se acima de uma reta
inclinada, denominada linha A (equação 6.2) e os solos orgânicos localizam-se abaixo.

I P = 0 , 73 w L − 14 , 6 (6.2)

Observando a Figura 6. 8, é possível perceber que os valores correspondentes à


relação IP vs. wL situam-se próximos à “Linha A”, com a maioria dos valores acima da
linha até o limite de liquidez de 300% e abaixo da Linha A para wL> 300%. Percebe-se
que há um aumento linear do limite de liquidez com o limite de plasticidade. Deve-se
salientar que a linha A foi estendida além dos valores normalmente apresentados, pois a
maioria dos parâmetros apresentam wL>120%.

Chama a atenção na Figura 6. 8 a grande variação do limite de liquidez, que se


situa entre 30 e 610%. A norma Inglesa BS 5930 – BSI, 1999, classifica os solos com
wL superiores à linha B como materiais de elevada compressibilidade, denominados H
(high plasticity) para a faixa de 50% < wL <70%; V (very high plasticity) para 70% <
wL < 90% e E (extremely high plasticity) para wL > 90%. Seguindo essa classificação,
os depósitos argilosos estudados apresentam plasticidade extremamente elevada.

127
600 H V E H = high plasticity (plasticidade elevada)
V = very high (plasticidade muito alta)
E = extremely high plasticity (plasticidade extremamente elevada)
500 wL=90

wL=70
400
IP (%)

Linha B
wL=50
300

200
IP = 0.7003wL- 4.29
R² = 0.9241
100
n° pontos = 74

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650
wL (%)
Rio Mais Gleba F CM I
CM II P. Panela Rio Massa
P. Atletas SESC Itanhangá
A-Line Linha B_wL=50 Limit high plasticity
Limit very high plasticity

Figura 6. 8 – Gráfico de Plasticidade de Casagrande para a Baixada de Jacarepaguá.

Na Figura 6. 9, é novamente apresentada a relação entre IP e wL. Nesta nova


análise dos dados, são apresentadas as faixas de variação relativas ao limite de predição
de 95% dos resultados, ou seja, as faixas de variação máximas e mínimas nas quais
existe a possibilidade de 95% de qualquer outro resultado obtido na região situar-se. O
limite de confiança da equação de regressão obtida é também indicado na figura. A
equação 6.3 foi obtida com 74 pontos (R2=0,92). Observa-se que o coeficiente angular
(a=0,70) da equação gerada é muito próximo ao coeficiente angular (a=0,73) sugerido
originalmente por Casagrande.

I P = 0 , 70 w L − 6 ,1196 (6.3)

128
Figura 6. 9 – Gráfico de Plasticidade de Casagrande para a Baixada de Jacarepaguá.
Equação de regressão obtida.

A Tabela 6. 2 apresenta os valores de wL e IP compatibilizados com os valores


do TMO disponíveis no banco de dados. Com o intuito de verificar a influência do teor
de matéria orgânica na posição dos pontos (wL vs. IP) no gráfico de plasticidade de
Casagrande foi elaborada a Figura 6. 10. Nesta figura é possível visualizar que, em geral
os pontos com maiores TMO estão situados abaixo da “Linha A” e os pontos com
menores teores de matéria orgânica estão localizados acima desta linha.

Tabela 6. 2 – Limite de liquidez, índice de plasticidade e teor de matéria orgânica.

Gleba F CM I SESC
Prof. (m) wL (% ) IP (% ) TMO (% ) Prof. (m) wL (% ) IP (% ) TMO (% ) Prof. (m) wL (% ) IP (% ) TMO (% )
-1.45 331.5 174.0 59.7* -1.70 610.0 497.0 51.7* -1.00 383.3 222.3 17.0
-2.25 521.0 308.7 39.6* -3.70 242.0 181.0 9.2 -3.00 86.0 56.5 14.5
-3.45 167.0 95.1 19.7* -5.70 196.0 146.0 7.2 -3.00 105.0 78.2 6.1
-4.45 169.3 121.8 12.5 -7.60 184.0 141.0 9.5 -4.00 308.0 192.3 9.8
-5.45 197.0 152.9 8.7 -9.50 212.0 157.0 15.9 -5.00 258.0 173.9 7.3
-6.45 168.7 122.0 6.4 - - - - -7.00 163.0 113.6 15.3
-7.45 159.0 120.7 6.2 - - - - -7.00 99.0 58.8 7.7
-8.45 168.0 124.9 6.7 - - - - -8.00 78.4 48.0 8.4
-10.45 249.5 177.2 7.0 - - - - -9.00 80.8 49.3 24.3*
-12.45 177.0 131.3 8.5 - - - - - - - -
-14.45 147.0 95.6 9.8 - - - - - - - -
* Amostras com maiores teores de matéria orgânica. Plotados com * na Figura 6.10

129
600 H V E H = high plasticity (plasticidade elevada)
V = very high (plasticidade muito alta)
E = extremely high plasticity (plasticidade extremamente elevada)
500 wL=90

wL=70
400
IP (%)

Linha B
wL=50
300

200 n° pontos = 26

* Amostras com maiores teores


100
de matéria orgânica. Plotados
com * na Tabela 6.2
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650
wL (%)
Gleba F Gleba F*
CM I CM I*
SESC SESC*
A-Line Limit very high plasticity
Linha B_wL=50 Limit high plasticity

Figura 6. 10 – Gráfico de Plasticidade de Casagrande. Influência do teor de matéria


orgânica.

6.5 Índice de Consistência (IC) e Índice de liquidez (IL)

O índice de consistência, IC = (wL - w)/IP pode ser utilizado para a classificação


prévia da consistência das argilas. As argilas moles, médias e rijas situam-se no estado
plástico; as muito moles no estado líquido e as duras no estado semisólido. Matos
Fernandes (2006) sugere a seguinte classificação:

• muito moles IC < 0;


• moles 0 < IC < 0,50;
• médias 0,50 < IC < 0,75;
• rijas 0,75 < IC < 1,00;
• duras IC > 1,00.

130
A Figura 6. 11 mostra os valores de IC obtidos para a região em estudo. Os
resultados comprovam que os depósitos podem ser classificados como moles ou muito
moles, com a maioria dos valores de IC menores que 0,50. O valor médio do índice de
consistência obtido foi de -0,20, sendo -1,0 e 0,60 os respectivos valores da média ± 1
desvio padrão. Os valores negativos de IC eram esperados, pois, conforme já
apresentado, em muitas amostras, o solo local apresentou umidade natural superior ao
limite de liquidez.

Figura 6. 11 – Índice de Consistência (IC).

O índice de liquidez (IL=w-wP/IP) é também um parâmetro muito utilizado,


sendo que apresenta valor unitário para solos com teor de umidade natural igual ao
limite de liquidez e zero para solos que possuem umidade natural igual ao limite de
plasticidade. O índice de liquidez é indicativo de tensões experimentadas pelo solo ao
longo de sua história geológica. Argilas normalmente adensadas, em geral possuem
índices de liquidez próximos da unidade (Mitchell e Soga, 2005). Excepcionalmente o
IL pode exceder a unidade, como no caso das argilas extrassensíveis, ou pode ser
negativo, como no caso das argilas excessivamente pré-adensadas. Conforme pode ser

131
observado na Figura 6. 12, o valor médio de IL foi de 1,27 (±1,03), indicando que a
argila mole local está próxima da condição normalmente adensada. Índices de liquidez
superiores a 1 indicam ainda solos com elevada sensibilidade, contudo esse tema será
abordado em uma subseção específica no Capítulo 8.

Índice de Liquidez - IL
0 1 2 3 4
0
n° pontos = 65
-2

-4

-6

-8
Profundidade (m)

-10

-12
I L

-14

-16

-18
0.24 1.27 2.30
-20
Rio Mais Gleba F CM I
P. Panela Rio Massa P. Atletas
SESC Pontal média
Média+DP Média-DP

Figura 6. 12 – Índice de liquidez (IL).

Na Figura 6. 13 é apresenta a relação entre o IL e a tensão vertical efetiva inicial


(σ’vo) em conjunto com a faixa de variação proposta por Skempton (1970) e a relação
idealizada pela teoria dos estados críticos do solo (TEC) (ver cap. 2). A faixa de
variação proposta por Skempton (1970) foi obtida a partir de argilas com teor de matéria
orgânica menor que 5 %. Nessa perspectiva o autor comenta que solos com maiores
teores de matéria orgânica tendem a situar-se abaixo da faixa proposta e solos com

132
maiores sensibilidades, acima. A linha idealizada pela TEC para solos amolgados está
localizada, em geral, no limite inferior da faixa de variação de Skempton (1970).

Observa-se que praticamente 50% dos dados situam-se dentro da faixa de


variação sugerida por Skempton (1970) e que a maioria dos pontos localiza-se acima da
linha idealizada pela teoria dos estados críticos do solo. A grande dispersão dos dados
obtidos pode estar associada aos baixos valores de σ’vo representativos do subsolo local
e também ao elevado teor de matéria orgânica. Conclui-se portanto que as duas
correlações da literatura não se ajustaram adequadamente ao presente banco de dados.

2
σ 'v 0
= 0,063 .10 2 (1− I L ) Rio Mais
pa
Teoria dos Estados Críticos: Gleba F
1.5 IL=1; σ'v0=8 CM I
IL=0; σ'vo=800 CM II
Índice de Liquidez - IL

P. Panela
IL=1 → w = wL Rio Massa
1
Parque dos Atletas
SESC
Itanhangá
0.5
Pontal
Skempton (1970)
TEC
0 Wood (1983)
IL=0 → w = wP
Faixa de valores sugeridas por Skempton Skempton
n° pontos (1970)
= 65
(1970) para argilas com TMO < 5%.
-0.5
1 10 100 1000

pa=103,3kPa σ 'vo (kPa)

Figura 6. 13 – Índice de liquidez vs. tensão vertical efetiva.

6.6 Densidade (média) dos grãos (Gs)

A densidade dos grãos de um solo (Gs) é definida como a razão entre o peso
específico dos grãos sólidos (γs) e o peso da água destilada a 4°C. O valor de Gs,
portanto, é adimensional. Segundo Martins (2016), no caso dos solos, a rigor, tanto a
definição de peso específico dos grãos quanto a definição de densidade dos grãos

133
deveriam incluir a palavra “média”, porque um solo pode ser constituído de um ou mais
materiais.

A Figura 6. 14 apresenta a faixa de variação da densidade (média) dos grãos em


função da profundidade. Considerando todas as amostras ensaiadas, foi obtido o valor
médio de Gs igual a 2,43, sendo 2,20 e 2,66 os respectivos valores da média ± 1 desvio
padrão. Os valores de GS obtidos para os depósitos da Baixada de Jacarepaguá são
baixos, em geral, o valor típico da densidade (média) dos grãos de argilas inorgânicas é
da ordem de 2,65 (Lambe e Whitman, 1979) equivalente ao limite superior obtido.

A faixa de variação dos valores de Gs é também considerada ampla,


principalmente em profundidades próximas à superfície do terreno. Por haver maior
concentração de matéria orgânica a densidade (média) dos grãos é menor nas camadas
superficiais, que possuem maior TMO e consequentemente maior umidade. Por outro
lado, valores mais elevados de Gs são encontrados nas camadas que possuem maiores
porcentagens de areia e/ou presença de conchas, materiais que possuem um maior peso
específico. Após os 3,0 m de profundidade, a faixa de variação de valores diminui,
conforme descrito na Figura 6. 14.

Figura 6. 14 – Densidade (média) dos grãos.


134
A densidade dos solos orgânicos decresce com o aumento do teor de matéria
orgânica, variando entre a densidade do mineral (da ordem de 2,7) e a densidade da
matéria orgânica, que é da ordem de 1,4 (Coutinho, 1986). A tendência de diminuição
da densidade (média) dos grãos em função do aumento do teor de matéria orgânica é
apresentada na Figura 6. 15. A equação empírica (R2=0,77) obtida para a região em
estudo é:

Gs = −0,018 ⋅ TMO + 2,63 (6.4)

2.7
2.6
Densidade (média) dos grãos - Gs

2.5
2.4
2.3 Gs = -0,0177.TMO+2,627
2.2 R² = 0,7443
2.1
n° pontos = 26
2.0
CM I
1.9 Gleba F
1.8 SESC
1.7 Desconsiderados
Tendência
1.6
1.5
0 10 20 30 40 50 60 70
Teor de matéria orgânica - TMO (%)

Figura 6. 15 – Densidade (média) dos grãos vs. teor de matéria orgânica.

6.7 Grau de Saturação (S)

O grau de saturação (S) expressa a relação entre o volume de água e o volume de


vazios. Como esperado, na Figura 6. 16, é possível visualizar que a maioria dos sítios
apresenta saturação próxima de 100%, ou seja, é possível admitir que a região em
estudo possui subsolo saturado.

Os pontos com grau de saturação superior a 100% são provavelmente oriundos


de erros associados à execução do ensaio, considerando solos 100% saturados temos
135
S.e=Gs.w, ver equações 6.5 e 6.6. Neste caso o teor de umidade (w) precisa ser medido
ao final do ensaio. Amostras com grau de saturação inferior a 90% são justificadas pela
existência de camadas superficiais de aterro, lentes de areia em profundidade e até
mesmo pela oscilação do nível de água.

Observa-se que nas correlações (apresentadas nos próximos itens) que envolvem
a umidade do solo e o índice de vazios, serão utilizados apenas os dados em que o grau
de saturação for superior a 90% e inferior a 110%. Tal medida será adotada uma vez
que os solos situados fora desta faixa de valores são considerados não representativos
do subsolo local. Considerando o solo saturado (S=100%), é possível fazer a
simplificação apresentada nas equações 6.5 e 6.6. Como Gs possui pouca variabilidade e
γw é constante, o índice de vazios varia linearmente com a umidade do solo.

 w * Gs 
S =   (6.5)
 eo 

eo = G S * w (6.6)

Onde: S=grau de saturação; Gs=densidade (média) dos grãos; e0=índice de


vazios e w=umidade do solo.

Figura 6. 16 – Grau de Saturação do solo.


136
6.8 Índice de vazios inicial da amostra (e0)

A variação do índice de vazios inicial do solo (e0) em função da profundidade é


apresentada na Figura 6. 17. Conforme esperado, observa-se a tendência de diminuição
do e0 com o aumento da profundidade. Na camada superficial com maior teor de
matéria orgânica, foram encontrados valores de e0 de até 12,4. Em geral, após os 3,0
primeiros metros, a faixa de variação de e0 diminui, e praticamente todos os dados
situam-se dentro do intervalo corresponde ao valor da média ± 1 desvio padrão,
respectivamente e0=2,68 e e0=6,77.

Na Figura 6. 17, estão plotados todos os valores de e0 disponíveis no banco de


dados. Entretanto, são plotados em separado os pontos com grau de saturação inferior a
90% e com grau de saturação superior a 110%. A Figura 6. 17a, mostra os valores da
média ± 1 desvio padrão apenas das amostras com índice de vazios situados no intervalo
90%<S<110%. Na Figura 6. 17b foram obtidas a média e o desvio padrão de todas as
amostras. É interessante observar que valores médios calculados são muito próximos,
respectivamente e0(med)=4,68 e e0(med)=4,72. O mesmo vale para os limites inferior e
superior, oriundos da média ± 1 desvio padrão das duas análises.

Em geral, as amostras com grau de saturação inferior a 90% e com grau de


saturação superior a 110% possuem menores índices de vazios e foram retiradas em
profundidades de até 8,0 m. Estes valores podem estar relacionados com as lentes de
areia e com a qualidade das amostras utilizadas nos ensaios.

137
e0 e0
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0
0.0 0.0

-1.0 -1.0

-2.0 -2.0

-3.0 -3.0

-4.0 -4.0

-5.0 -5.0

-6.0 -6.0
CM I CM I
-7.0

Prof. (m)

Prof. (m)
-7.0
Prof. (m)

CM II CM II
Gleba F Gleba F
-8.0 -8.0
Itanhangá Itanhangá
-9.0 Lotes 5 e 6 -9.0 Lotes 5 e 6
P. Atletas P. Atletas
-10.0 -10.0 P. Panela
P. Panela
Pontal Pontal
-11.0 -11.0
Rio Mais Rio Mais
-12.0 Rio Massa -12.0 Rio Massa
SESC SESC
-13.0 -13.0 S<90%
S<90%
S>110%
-14.0 S>110% -14.0
Média-DP
Média-DP
-15.0 -15.0 Média+DP
Média+DP
Média
Média
-16.0 -16.0
S<90%, n°= 12 S<90%, n°= 12
-17.0 S>110%, n°= 7 -17.0 S>110%, n°= 7
90%<S<110%, n°=58 (b) 4.72 7.10 90%<S<110%, n°=58
(a) 2.58 4.68 6.77 2.34
-18.0 -18.0

Figura 6. 17 – Índice de vazios (a) Média e desvio padrão desconsiderando amostras


com S<90% e S>110% e (b) Média e desvio padrão considerando todas as amostras.

6.9 Peso específico natural do solo (γγn)

A Figura 6. 18 mostra a variação do peso específico natural do solo (γn) em


função da profundidade. Considerando todas as amostras disponíveis, foi obtido o valor
médio de γn=12,9 kN/m3, sendo γn=11,4 kN/m3 e γn=14,5 kN/m3 os respectivos valores
da média ± 1 desvio padrão. A maior dispersão dos dados ocorre nas camadas
superficiais do terreno, onde, em geral, os valores inferiores ao desvio padrão (γn<11,4
kN/m3) indicam a presença de argilas com elevados teores de matéria orgânica e valores
superiores ao desvio padrão (γn>14,5 kN/m3) indicam a presença de aterros. Observa-se
a tendência de aumento de γn com a profundidade, sendo essa afirmação mais nítida a
partir de cerca de 12,0 m de profundidade.

138
Figura 6. 18 – Peso especifico natural do solo (γn).

6.10 Análise da frequência dos parâmetros de caracterização do solo

Os parâmetros de caracterização do solo foram apresentados nos itens anteriores


em função da profundidade, sendo também calculados para cada parâmetro o valor
médio e seu desvio padrão. Entretanto, não foi possível visualizar a frequência com que
os valores ocorrem dentro da faixa de variação encontrada. Desta maneira, são
apresentados na Figura 6. 19 e na Figura 6. 20 os histogramas de cada um dos
parâmetros analisados. Com base nestas figuras, é possível constatar que:

• Umidade natural do solo - w (%): 84% dos valores ocorrem no intervalo


em que w é superior a 100% e inferior a 300%;
• Teor de matéria orgânica - TMO (%): Nenhuma amostra possui teor de
matéria orgânica inferior a 5%. Praticamente 58% das amostras possuem
TMO<10% e 42% TMO>10%;
• Limite de liquidez - wL (%): A maior concentração dos dados, 77% está
no intervalo em que o limite de liquidez varia entre 50% e 250%;
139
• Limite de plasticidade - wP (%): O intervalo em que o limite de
plasticidade varia entre 20% e 80% condensa a maior quantidade de dados, 77%;
• Índice de Plasticidade - IP (%): 91% dos valores de IP ocorrem no
intervalo entre 50% e 200%;
• Índice de consistência - IC: 90% dos valores do índice de consistência são
menores que 0,5;
• Índice de liquidez - IL: Praticamente 62% das amostras analisadas
possuem o índice de liquidez superior à unidade (IL>1).
• Densidade (média) dos grãos - GS: A maioria das amostras analisadas
(76%) situa-se no intervalo em que a densidade (média) dos grãos é superior a
2,2 e inferior a 2,6;
• Grau de Saturação - S (%): O grau de saturação de 83% das amostras é
superior a 90%;
• Índice de vazios inicial – e0: Apenas 22% das amostras possui índice de
vazios menor que 3. O intervalo em que o índice de vazios é maior que três e
menor que seis possui 52% das amostras. 26% das amostras possuem e0>6;
• Peso específico natural do solo − γn (kN/m3): Em torno de 72% das
amostras analisadas possuem peso específico natural superior a 11,0kN/m3 e
inferior a 14,0kN/m3.

140
Figura 6. 19 – Histogramas.
Histogramas. (a) w, (b) TMO, (c) wL, (d) wP e (e) IP.

141
Figura 6. 20 – Histogramas.
Histogramas. (a) IC, (b) IL, (c) Gs, (d) S, (e) e0 e (f) γn.

6.11 Análise conjunta γn, IP e e0

A Figura 6. 21 apresenta a análise conjunta de γn, IP e e0 em função da


profundidade. Embora o subsolo local tenha sido formado por sucessivos ciclos de
transgressão e regressão marinha, onde foram depositados diferentes sedimentos, de
maneira geral é possível indicar que existe um perfil característico para a re
região.
gião. O
subsolo local é formado por 3 camadas distintas.

142
I. 0,0 m a 4,0 m: argila com grande quantidade de matéria orgânica, que resulta
no aumento da umidade, do limite de liquidez, e do índice de plasticidade e
diminui a densidade dos grãos e a massa específica do solo;
II. 4,00 a 12,00 m: argila de deposição mais recente, com menor faixa de
variação ao longo da profundidade de umidade, peso específico, índice de
plasticidade, índice de vazios, etc;
III. 12,00 a 18,00 m: argila de deposição mais antiga, com diminuição da
umidade, índice de vazios e índice de plasticidade e aumento de peso
específico do solo em função da profundidade.

É observado que não é possível subdividir o comportamento do subsolo em


estudo em 3 camadas, conforme sugerido na Figura 6. 21. O subsolo é muito
heterogêneo e não permite uma simples subdivisão de camadas para a classificação dos
parâmetros com características semelhantes. Na superfície do terreno, existem
diferentes espessuras de argilas com elevado teor de matéria orgânica ou camadas de
aterros. Em profundidade, há ocorrência de lentes de areia que possuem diferentes
espessuras e ocorrem em diferentes profundidades, sendo ainda variável a espessura dos
depósitos de argila mole. Essa afirmativa ficará clara no item 6.13 referente à
classificação do comportamento do subsolo com base no ensaio de CPTU.

143
Peso Esp. Nat (γγ n)-kN/m3 Índice de Plasticidade- IP (%) Índice de Vazios- e0
9 10 11 12 13 14 15 16 0 50 100 150 200 250 300 0 2 4 6 8 10 12 14
0 0 0

-2 -2 -2

-4 -4 -4

-6 -6 -6

-8 -8 -8
Camadas de aterro
Prof. (m)

-10 e lentes de areia -10 -10

-12 -12 -12


Camadas de aterro
e lentes de areia
-14 -14 -14

-16 -16 -16

-18 -18 -18

n° pontos = 84 n° pontos = 74 n° pontos = 77


-20 (a) -20 (b) -20 (c)
CM I CM II P. Panela Rio Massa CM I CM II P. Panela CM I CM II P. Panela Rio Massa
P. Atletas Gleba F SESC Rio Mais Rio Massa Vila Olímpica Gleba F P. Atletas Gleba F SESC Rio Mais
Lotes 5 e 6 Olimpia SESC Rio Mais Lotes 5 e 6 Olimpia

Figura 6. 21 – Análise conjunta do γn, IP e e0.

144
6.12 Relações e correlações entre índices físicos e parâmetros do solo

Neste item, são apresentadas as relações e correlações entre os índices físicos e


os parâmetros de caracterização do solo.

6.12.1 Índice de vazios inicial em função da umidade natural do solo

A Figura 6. 22 mostra a relação entre o índice de vazios e a umidade natural do


solo. Conforme já apresentado, em solos com grau de saturação próximo a 100% a
equação física que relaciona e0 e w passa a depender basicamente de Gs. Com os valores
da média e do desvio padrão obtidos para Gs, foram traçadas 3 diferentes linhas de
tendência para o subsolo local.

20 Gs=2,66 g/cm3

15
Gs=2,43 g/cm3
Índice de vazios - eo

10 Gs=2,20 g/cm3

Turfa
5

n° pontos = 77
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800
w (%)
Rio Mais Gleba F CM I CM II
Panela Rio Massa Lotes 5 e 6 SESC
Itanhangá Olímpia P. Atletas Gs=2.20 g/cm3
Gs=2,43 g/cm3 Gs=2,66 g/cm3

Figura 6. 22 – Índice de vazios em função da umidade natural do solo.

145
Na Tabela 6. 3 são estimados os valores característicos de e0 em função de
quatro diferentes faixas de variação da umidade natural do solo.

Tabela 6. 3 – Índice de vazios inicial do solo em função de diferentes faixas de


umidade.

Índice de vazios inicial do solo - e 0


Restrição Mínimo Máximo Média D. Padrão N° ensaios
< 100.0 1.4 6.1 2.1 1.2 14
100.0 a 200.0 2.5 6.0 4.0 0.8 39
w (%)
200.0 a 300.0 4.7 11.1 6.1 1.4 16
> 300.0 7.4 12.4 9.7 1.9 8

6.12.2 Correlações entre o índice de vazios inicial e os limites de Atterberg

Na Figura 6. 23, percebe-se que o índice de vazios aumenta linearmente com o


limite de liquidez. Para a obtenção da linha de tendência média, foram excluídos os
valores de e0 que possuíam grau de saturação inferior a 90% e superior a 110%. A
equação obtida com R2=0,76 é:

e0 = 1,23 + 0,019 ⋅ wL (6.7)

Observa-se em geral (Lambe and Whitman, 1979) que tanto o índice de vazios
quanto o limite de liquidez aumentam com o aumento da umidade do solo. A tendência
de elevação de wL em função de w é comprovada com a Tabela 6. 4, na qual são
classificados os valores mínimos, máximos, médios e o desvio padrão do limite de
liquidez em função de diferentes faixas de variação da umidade natural do solo. Nesta
tabela, os resultados foram separados em 4 faixas: 1°: w<100(%); 2°:
100(%)>w>200(%); 3°: 200(%)>w>300(%) e 4°: w>300(%), sendo possível estimar
preliminarmente wL em função de diferentes porcentagens da umidade do solo. Além da
comprovação do aumento do limite de liquidez com o aumento da umidade do solo, é
visualizada uma diferença significativa entre os valores médios de wL.

146
Figura 6. 23 – Correlação entre o índice de vazios e o limite de liquidez.

Tabela 6. 4 – Limite de liquidez com diferentes faixas de variação da umidade natural.

Limite de Liquidez - wL (%)


Restrição Mínimo Máximo Média D. Padrão N° ensaios
< 100.0 28.7 144.0 76.1 32.1 12
100.0 a 200.0 29.8 520.0 160.2 94.8 37
w (%)
200.0 a 300.0 60.3 419.0 209.6 83.9 16
> 300.0 111.0 610.0 332.2 161.9 9

De maneira análoga, a umidade natural do solo e ao limite de liquidez, o


aumento do limite de plasticidade e do índice de plasticidade estão associados ao
aumento do índice de vazios inicial do solo (Lambe and Whitman, 1979). Essa
afirmação é comprovada com a Figura 6. 24 e a Figura 6. 25. A Figura 6. 24 mostra que
existe uma relação linear entre o índice de vazios inicial do solo e o limite de
plasticidade. A linha de tendência média obtida com R2=0,75 é descrita pela equação:

147
e0 = 0,048 ⋅ wP + 1,91 (6.8)

14

12

10

8
e0

6 e0 = 0,0478xwP + 1.9128
R² = 0,7496
4
n° pontos = 58
2

0
0 50 100 150 200 250 300
wP (%)
Itanhangá Pontal CM I P. Panela
Gleba F Rio Mais Rio Massa P. Atletas
SESC CM II Tendência

Figura 6. 24 – Correlação entre o índice de vazios e o limite de plasticidade.

A Figura 6. 25 comprova que solos com maiores índices de plasticidade


possuem maiores índices de vazios. A equação que representa a correlação local entre o
índice de vazios e o índice de plasticidade, com R2=0,64 é:

e0 = 2,04 + 0,023 ⋅ I P (6.9)

Na Tabela 6. 5, são resumidos os dados apresentados nas Figura 6. 23 a Figura 6.


25, contudo, é aplicada uma limitação na interpretação dos resultados. Os valores
médios de wL, wP e IP são avaliados em função de faixas de variação do índice de
vazios. Os resultados dos ensaios realizados foram separados em 3 faixas: 1°) valores
oriundos de amostras com índice de vazios menores que 3; 2°) valores oriundos de
amostras com índice de vazios maiores que 3 e menores que 6; 3°) valores oriundos de
amostras com índice de vazios maiores que 6. Embora a adoção deste critério provoque
148
uma sobreposição entre os valores mínimos e máximos de cada parâmetro apresentado
na Tabela 6. 5, é nítida a diferença entre os valores médios encontrados.

14

12

10

8
e0 = 0,0222xIP + 1,9125
e0

6 R² = 0,6897
n° pontos = 58
4

0
0 100 200 300 400 500 600
IP (%)
Itanhangá Pontal CM I P. Panela
P. Panela Gleba F Rio Mais Rio Massa
P. Atletas SESC CM II Tendência

Figura 6. 25 – Correlação entre o índice de vazios e o índice de plasticidade.

Tabela 6. 5 – Limites de Atterberg (wL, wP, IP) com restrição de e0.

wL (%)
Restrição Mínimo Máximo Média Desv. Padrão N° ensaios
< 3.0 28.7 163.0 86.1 40.6 10
e0 3.0 a 6.0 29.8 520.0 172.7 92.4 34
> 6.0 84.0 610.0 275.8 142.5 14
wP (%)
Restrição Mínimo Máximo Média Desv. Padrão N° ensaios
< 3.0 15.2 51.0 31.0 12.0 10
e0 3.0 a 6.0 18.7 161.0 52.3 26.9 34
> 6.0 26.9 212.3 96.1 57.3 14
IP (%)
Restrição Mínimo Máximo Média Desv. Padrão N° ensaios
< 3.0 10.9 113.6 55.2 29.6 10
e0 3.0 a 6.0 11.1 440.0 118.3 72.6 34
> 6.0 56.5 497.0 183.3 104.7 14
149
6.12.3 Índice de vazios inicial do solo em função do peso específico natural

O peso específico natural do solo é obtido através da relação entre seu peso total e
seu volume total. O peso total do solo é dependente da densidade (média) dos grãos, do
índice de vazios e da umidade, observando que o solo em estudo encontra-se saturado,
ou seja, os vazios do solo estão preenchidos por água, tem-se.

Gs ⋅ γ w ⋅ (1 + w)
γn = (6.10)
1 + e0

Na Figura 6. 26 é visualizado que o índice de vazios do solo diminui com o


aumento do peso específico natural. Com a utilização dos valores da média e do desvio
padrão obtidos para Gs, foram traçadas as faixas de variação mínima e máxima da
relação entre o índice de vazios e o peso específico natural do solo.

(Gs ⋅ γ w ) − γ w
e0 = (6.11)
γ n −γ w

14

12
e0 = (Gs.γ
γ w) - γ n
10 γn − γw
Gs=2,20
8 Gs=2,66
e0

0
8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
γ n (kN/m3)
Itanhangá Pontal CM I P. Panela Olimpia
Gleba F Rio Mais Rio Massa Lotes 5 e 6 P. Atletas
SESC CM II Gs=2.2 Gs=2.66

Figura 6. 26 – Índice de vazios em função do peso específico natural do solo.

150
6.12.4 Peso específico natural em função da umidade inicial do solo

A Figura 6. 27 mostra a tendência de diminuição do peso específico do solo com o


aumento da umidade. Com a utilização dos valores da média e do desvio padrão obtidos
para Gs, foram traçadas as faixas de variação mínima e máxima da relação entre o peso
específico e a umidade natural do solo.

(Gs ⋅ γ w ) ⋅ (1 + w)
γn = (6.12)
1 + (Gs ⋅ w)

19

18
γ n = (Gs.γγw) . (1+w)
17
( s.w)
1 + (G
Peso Esp. Nat - γ n - kN/m3

16

15
Gs=2,20
14 Gs=2,66
13

12

11

10

9 n° pontos = 80
8
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
w (%)
Rio Mais Gleba F CM I CM II Panela
Rio Massa P. Atletas SESC Itanhangá Lotes 5 e 6
Olimpia Gs=2.2 Gs=2.66

Figura 6. 27 – Peso específico em função da umidade natural do solo.

6.13 Caracterização do comportamento dos solos com o CPTU

6.13.1 Resultados típicos qt, fs, u1 e u2

A Figura 6. 28 mostra os resultados típicos de duas verticais de ensaios de CPTU


realizadas próximas, em uma mesma ilha de investigação no sítio do CM II. Os

151
resultados apresentam uma excelente repetibilidade, comprovando a acurácia de
medição do equipamento. Neste caso específico, é possível visualizar com o ensaio, que
o local possui uma camada superficial com maior resistência, seguida de uma camada
de argila mole, que varia entre 1,00 e 8,00 m de profundidade, seguida de uma camada
de material com maior resistência e menor poropressão. Chama a atenção o aumento de
resistência qt e do atrito lateral fS e a diminuição da poropresão nas profundidades entre
4,5 e 5,5 m. Neste caso específico constatou-se que existia no local uma camada arenosa
com conchas, fato comprovado com a análise conjunta entre CPTU, SPT e amostras
retiradas com tubo Shelby.

Uma importante desvantagem do ensaio de CPTU é justamente a não obtenção


de amostras do subsolo estudado. Usualmente, para a classificação dos resultados do
ensaio de CPTU, eles são plotados em conjunto com os ensaios de SPT ou com perfis
de resultados de ensaios de caracterização, o que melhora a amplitude e confiabilidade
das análises. No sistema desenvolvido, estão cadastrados os resultados de 69 ensaios de
CPTU realizados na região em estudo em 23 diferentes locais. De forma automática é
possível plotar e analisar os resultados de todos os ensaios de forma individual ou em
conjunto com diferentes parâmetros de outras verticais de ensaios.

152
qt (kPa) fs (kPa) u0; u1; u2 (kPa)
0 500 1000 1500 2000 0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 100 200 300 400 500 600
0.0

prof. X fs_PZ01 prof. X u1_PZ01


1.0
prof. X fs_PZ02 prof. X u2_PZ01
2.0
Prof. X u0_PZ01
3.0 prof. X u1_PZ02

4.0
Prof. X u2_PZ02
Prof. X u0_PZ02
5.0

6.0

7.0
13000 145
8.0

9.0

10.0

11.0

prof. X qT_PZ01
12.0
prof. X qT_PZ02
13.0

Figura 6. 28 – Resultados típicos do ensaio de CPTU realizado no CM II.

153
6.13.2 Gráficos Normalizados

A Figura 6. 29 e a Figura 6. 30 mostram exemplos de utilização dos ábacos


norma
normalizados
lizados por Robertson (1990) para a classificação do comportamento do solo de
dois diferentes sítios localizados na Baixada de Jacarepaguá. Observa -se que além do
conceito de normalização no ábaco, há zona
zonass que representam o comportamento
esperado do solo. Nos solos finos, a condição de penetração é geralmente não drenada,
sendo indicada a variação de OCR, idade e sensibilidade (St). Nos solos granulares,
onde a condição de penetração é geralmente drenada
drenada,, são indicadas as variações de
OCR, idade, cimentação e ângulo de atrito interno efetivo (φ’). Em resumo, Robertson
(1990) indica que os solos classificados nas zonas 6 e 7 encontram -se na condição
drenada, enquanto os solos localizados zonas 1, 2, 3 e 4 possuem condiç ão não drenada
no momento do eensaio.
nsaio. Quando classificados na
nass zonas 5, 8 e 9 os solos apresentam
condição parcialmen
parcialmente
te drenada durante a penetração do cone.

Figura 6. 29 – Sítio SESC, classificação do comportamento do solo, ábacos de


Robertson (1990).
154
Figura 6. 30 – Sítio Freedom,
Freedom, classificação do comportamento do solo, ábacos de
Robertson (1990).

Conforme pode ser visto na Figura 6. 29,, no sítio do SESC a maioria dos
resultados foi classificado na zona 3 (argila ou argila siltosa), com alguns dados
localizados nas zonas 4, 5, 6 e 7. Os dados localizados nestas zonas são referentes à
camada superficial de aterro e a camada drenada locali
localizada
zada abaixo do depósito de
argila. A classificação em geral foi condizente com a classificação realizada com os
ensaios de laboratório. A Figura 6. 31a mostra o perf
perfil
il de resistência de ponta corrigida
(qt) deste sítio.

A classificação do comportamento do solo a partir de três verticais de ensaios de


CPTU realizados do sítio Freedom foi mostrada na Figura 6. 30. Este sítio possui um
solo considerado atípico para a região em estudo. O solo possui maior resistência e a
maioria dos resultados classifica o subsolo investigado nas zonas 3 e 4, que
respectivamente indicam que o solo se comporta como uma argila, argila siltosa ou silte
argiloso. Conforme pode ser visto na Figura 6. 31b,
31b, neste sítio até em torno de 8,0 m de

155
profundidade, existe uma camada de solo com maior resistência, classificado nos ábacos
pelas zonas 5, 6, 7 e 8. No sítio Freedom, não foram retiradas amostras para realização
de ensaios de laboratório, logo não é possível comparar os resultados dos ensaios de
CPTU com ensaios de caracterização.

qt (kPa) qt (kPa)
0 500 1000 1500 0 5000 10000 15000 20000
0 0

-2

-2
-4

-4 -6

-8
Prof. (m)

-6
SESC -10
Freedom (a)

-8 -12
Freedom (b)

-14 Freedom (c)

-10
-16

(a) (b)
-12 -18

Figura 6. 31 – Variação da resistência de ponta do CPTU em função da profundidade.


(a) Sítio do SESC e (b) Sítio Freedom.

Os ábacos normalizados de Robertson (1990) fornecem, em geral, classificações


do tipo de solo coerentes com as realizadas a partir de ensaios realizados em laboratório.
Entretanto, a classificação não é obtida em função da profundidade, o que inviabiliza a
comparação direta dos resultados alcançados com os resultados obtidos com o CPTU
(e.g. qt, fs e u2) ou até mesmo com resultados de outros ensaios de campo e laboratório
realizados em verticais próximas. A classificação do comportamento do solo, levando
em conta a profundidade do ensaio, pode ser realizada com softwares comerciais, como,
por exemplo, o CPeT-IT. Com a utilização deste software, é possível obter, além do

156
comportamento do solo, outras correlações geotécnicas obtidas a partir dos resultados
do piezocone (ver Robertson e Cabal, 2015).

Devido à heterogeneidade dos depósitos da Baixada de Jacarepaguá, a


experiência com a classificação do comportamento do solo (com a utilização dos ábacos
e também do software CPeT-IT) mostra que ocorre com frequência a sobreposição em
diversas zonas de classificação. Na opinião do autor, a utilização das correlações
propostas por Robertson (1990) devem ser aplicadas com cautela e os parâmetros
obtidos devem ser utilizados apenas nas fases iniciais de projeto.

Conforme mostrado por Baroni (2010), a classificação do solo no sítio da Gleba


F apresentou boa concordância com a utilização dos ábacos que relacionam Qt vs. Fr e Qt
vs. Bq ( Figura 6. 32). Abaixo da camada superficial de solo fino sensível, há uma
diferença entre as duas classificações, justificada pela presença de uma camada pequena
de aterro existente no local. Após essa profundidade, o solo é classificado como: silte
argiloso (1,30 a 3,10 m), argila (3,10 a 16,35 m) e silte arenoso (16,36 aos 17.70 m). Em
comparação à distribuição granulométrica (Tabela 6. 6), as duas classificações
apresentaram os mesmos resultados (argila) até em torno de 13,0 m, e, após essa
profundidade, a distribuição granulométrica indica a composição do solo como sendo
um silte argiloso, diferente da argila indicada pelo CPTU.

Conforme já comentado, no banco de dados estão cadastrados todos os


resultados dos ensaios de CPTU utilizados neste trabalho. Acessando a ferramenta
desenvolvida, é possível obter de forma instantânea os valores de Qt, Fr e Bq e visualizar
a variação dos parâmetros em função da profundidade ou correlaciona-los entre si. A
caracterização do comportamento do solo local com base no CPTU não é o foco
principal desta pesquisa, sendo esse o motivo da discussão e apresentação sucinta dos
resultados neste item. O autor chama atenção, ainda, sobre as seguintes observações
realizadas por Robertson (1990, 2015):

• “os ábacos são propostos como um guia, podendo necessitar de pequenos ajustes
para se adequar às condições geológicas locais”;
• “existe a possibilidade de um dado solo ser classificado de maneiras diferentes
nos dois ábacos (Qt vs. Fr e Qt vs. Bq), neste caso torna-se necessário um
julgamento para classificar corretamente o comportamento do tipo de solo”;
157
• “frequentemente a velocidade e a maneira com que o excesso de poropressão se
dissipa durante a pausa na penetração do cone auxiliam significativamente o
julgamento para a classificação do comportamento do solo”;
• “O ábaco Qt vs. Fr fornece valores mais confiáveis em comparação ao ábaco Qt
vs. Bq”.

158
Figura 6. 32 – Classificação normalizada Robertson (1990), CPTU - Gleba F

Tabela 6. 6 – Classificação granulométrica, Gleba F


GLEBA F
Análise Granulométrica (%)
Z (m) Areia
Argila Silte
Fina Média Grossa
1,00 - 1,60 - - - - -
2,00 - 2,60 - - - - -
3,00 - 3,60 53 26 3 15 3
4,00 - 4,60 50 33 3 13 1
5,00 - 5,60 93 4 1 2 0
6,00 - 6,60 71 25 2 2 0
7,00 - 7,60 60 36 2 2 0
8,00 - 8,60 65 30 2 3 0
10,00 - 10,60 60 33 1 5 1
12,00 - 12,60 67 30 2 1 0
14,00 - 14,60 23 73 1 3 0

159
6.13.3 Correlação entre Bq e IL

O parâmetro de poropressão B q indica a razão entre o excesso de poropressão


medido na base do cone em relação à diferença entre a resistência de ponta q t e a tensão
vertical in situ, Bq=u2-u0/qt-σvo. Valores de B q maiores que 1 são indicativos de tensões
efetivas nulas, condição encontrada em solos com elevada sensibilidade. A Figura 6. 33
mostra a correlação entre Bq e IL, sendo possível constat
constatar
ar que embora praticamente
50% das amostras possuam IL>1, os valores de Bq variam em geral entre 0,0 e 0,6. O
intervalo de variação de Bq indica que os depósitos de argila mole orgânicos da Baixada
de Jacarepaguá não possuem elevada sensibilidade ou comportamento metaestável. A
sensibilidade da argila será abordada com maiores detalhes no Capítulo 8.

Figura 6. 33 – Correlação entre o parâmetro de poropressão (Bq) e o índice de liquidez


do solo.

6.13.4 Valores característicos de q t em argilas moles

Tendo por base todos os ensaios de CPTU cadastrados no banco de dados,


propõe-se para a região em estudo a classificação das faixas de variação da resistência

160
das argilas investigadas através de valores mínimos, médios e máximos de qt. Para tal,
foi realizado o tratamento estatístico dos parâmetros com a técnica denominada de
diagramas de caixa (Boxplot). Com o diagrama de caixa, é possível visualizar se em
conjuntos de dados existe ou não equivalência e a partir de quais valores os resultados
mínimos ou máximos não são representativos do solo em análise, pontos denominados
outliers.

A análise foi realizada em duas etapas. Primeiramente, foram reunidos os


resultados dos 66 ensaios de CPTU realizados em 23 diferentes áreas e plotados os
respectivos resultados da resistência de ponta corrigida em função da profundidade.
Como pode ser visualizado na Figura 6. 34, os diagramas de caixa possuem ampla faixa
de variação, não sendo possível fixar os valores característicos de qt das camadas de
argila mole. Esse fato é explicado devido à já comentada heterogeneidade do subsolo da
Baixada de Jacarepaguá. A interpretação dos valores de qt medidos nas camadas de
argila mole acaba mascarada devido à presença de aterros superficiais, lentes arenosas
que ocorrem de forma intercalada com a argila e com os resultados das medições de qt
realizados após o término da camada de argila mole em solos drenados. Além do
elevado número de outliers gerados, os valores máximos representados pelos diagramas
não são representativos dos valores característicos de qt, muitos diagramas sugeriram
que o limite máximo de qt seria maior que 3000 kPa, resistência essa superior às
resistências típicas encontradas nas investigações em argila mole (Lunne et al., 1997;
Meireles, 2002; Schnaid e Odebrecht, 2012; Robertson e Cabal, 2015).

A maneira encontrada para solucionar esse problema foi à análise individual de


todos os ensaios e a exclusão dos valores de qt que não eram representativos das
camadas de argila mole investigadas. Ou seja, foram analisados todos os gráficos de qt
vs. profundidade e excluídas as medidas referentes às camadas de aterros, lentes de
areias e medições realizadas após a camada de argila existente. As Figura 6. 35 a Figura
6. 38 mostram alguns exemplos das exclusões realizadas. Salienta-se que não foram
fixados valores máximos ou mínimos para balizar a exclusão de leituras. Encontrar
esses valores através dos diagramas de plotagem é justamente o objetivo das análises
realizadas.

161
Figura 6. 34 – Resistência de ponta corrigida do CPTU. Diagramas de caixa com todas as medições realizadas

162
qt (kPa) qt (kPa)
0 5000 10000 15000 0 500 1000 1500 2000
0 0

-1 -1

-2 -2

-3 -3

-4 -4

-5 -5

-6 -6
Leduca - Heaven(c) Leduca - Heaven(c)
-7 -7

-8 -8

Prof. (m)
Prof. (m)

-9 -9

-10 -10

-11 -11

-12 -12

-13 -13

-14 -14

-15 -15

-16 -16

-17 -17

-18 -18

-19 -19
Camadas com qt não
-20 -20
representativo da argila local.
-21 -21

Figura 6. 35 – qt versus profundidade (Leduca – Heaven). (a) Todos os valores medidos


e (b) Valores julgados representativos das camadas de argila mole.

qt (kPa) qt (kPa)
0 1000 2000 3000 4000 5000 0 200 400 600 800
0 0

CBFA(a) CBFA(a)
-1 -1

-2 -2

-3 -3

-4 -4

-5 -5
Prof. (m)
Prof. (m)

-6 -6

-7 -7

-8 -8

-9 -9

-10 -10

-11 -11

-12 -12
Camadas com qt não
-13 -13 representativo da argila
local.
-14 -14

Figura 6. 36 – qt versus profundidade (CBF). (a) Todos os valores medidos e (b)


Valores julgados representativos das camadas de argila mole.
163
qt (kPa) qt (kPa)
0 2000 4000 6000 8000 10000 0 500 1000 1500 2000
0 0

Pontal(a)
Pontal(a)
-1 -1

-2 -2

-3 -3

-4 -4
Prof. (m)

Prof. (m)
-5 -5

-6 -6

-7 -7

-8 -8

-9 -9

-10 -10

-11 -11 Camadas com qt não


representativo da argila local.
-12 -12

Figura 6. 37 – qt versus profundidade (Pontal). (a) Todos os valores medidos e (b)


Valores julgados representativos das camadas de argila mole.

qt (kPa) qt (kPa)
0 5000 10000 15000 20000 0 1000 2000 3000 4000 5000
0 0

Freedom (a) -1 Freedom (a)


-1

-2 -2

-3 Aterro -3 Aterro
superficial superficial
-4 -4

-5 -5
Prof. (m)
Prof. (m)

-6 -6

-7 -7

-8 -8

-9 -9

-10 -10

-11 -11
Camadas com qt não
-12 -12 representativo da
argila local.
-13 -13

Figura 6. 38 – qt versus profundidade (Fredoom). (a) Todos os valores medidos e (b)


Valores julgados representativos das camadas de argila mole.
164
A Figura 6. 39 e a Figura 6. 40 apresentam os diagramas de plotagem
representativos da resistência de ponta corrigida do CPTU, com as medições realizadas
somente nas camadas de argila mole. Foi necessária apresentação dos resultados em
duas figuras diferentes, pois ficou constatado que as camadas de argila existentes nos
locais listados na Figura 6. 39 (denominados “Grupo a”) possuem menores resistências
qt que os listados na Figura 6. 40 (denominados “Grupo b”).

A Tabela 6. 7 mostra, para cada ensaio, a estatística descritiva obtida para o


parâmetro qt (apenas as medidas realizadas nas camadas de argila). Na Tabela 6. 8,
foram resumidos e analisados em conjunto os resultados de todos os ensaios. Nas duas
tabelas, os resultados foram separados conforme os grupos “a” e “b” de forma análoga
ao apresentado na Figura 6. 39 e na Figura 6. 40. Analisando de forma conjunta todos os
ensaios de CPTU realizados e o respectivo tratamento estatístico, é possível listar as
seguintes constatações:

• Foram analisados 66 ensaios de CPTU na região em estudo, com um total de


31.729,00 medições de qt em camadas de argila mole;
• Em todos os perfis analisados foi necessário o tratamento dos dados, com a
exclusão de valores que não eram representativos de argilas moles. Esses
parâmetros são oriundos de camadas superficiais de aterro, lentes arenosas e
medições realizadas após o término da camada de argila mole em análise, em
solo que possuem em geral comportamento drenado;
• Analisando os valores médios e o desvio padrão das leituras de qt realizados
somente nas camadas de argila mole, foi possível prever a faixa de variação
deste valor na região em estudo. O valor médio de qt encontrado com base em
todas as leituras realizadas foi de 535 kPa sendo ±230 o desvio padrão
calculado.
• Considerando que 8 verticais realizadas apresentaram em 3 locais diferentes
resultados de qt superiores aos observados nas outras 58 verticais de ensaios
realizadas, os resultados foram separados em dois grupos , denominados “a” e
“b”. Para o grupo “a” (Figura 6. 39) foi obtido o valor médio de qt=357 kPa,
sendo 196 kPa e 518 kPa os respectivos valores da média ± 1 desvio padrão. No
grupo “b” (Figura 6. 40), o valor médio obtido foi consideravelmente superior ao

165
grupo “a”, sendo qt=1826 kPa o valor médio e 1098 kPa e 2553 kPa os
respectivos valores da média +- 1 desvio padrão.
• Para a Baixada de Jacarepaguá, o estudo realizado sugere que sejam
caracterizados como argila mole os solos que possuírem resistência de ponta
corrigida variando entre 200kPa<qt<520 kPa. Essa classificação pode ser
utilizada em complemento para a classificação oriunda do ensaio de SPT, que,
nestes casos, deverá apresentar valores de NSPT igual a 0.
• O gráfico da Figura 6. 41 apresenta os valores obtidos na forma de barras,
facilitando a visualização dos diferentes resultados médios e respectivos desvios
padrões.

166
n° pontos=29.371,00

qt(médio)=356,8 kPa

Figura 6. 39 – Resistência de ponta corrigida do CPTU. Diagramas de caixa, medições realizadas nas camadas de argila. “Grupo a”.

167
n° pontos=2358,00

qt(médio)=18250 kPa

Figura 6. 40 – Resistência de ponta corrigida do CPTU. Diagramas de caixa, medições realizadas nas camadas de argila. Grupo “b”.

168
Tabela 6. 7 – Estatística descritiva para as medições de qt nas camadas de argila mole.
GROPO (a) Local n° de dados Média (kPa) Desv. Padrão
1 Leduca - Heaven(a) 644 392.59 236.71
2 Leduca - Heaven(b) 510 385.33 66.20
3 Leduca - Heaven(c) 678 589.09 333.39
4 CBFA(a) 540 467.47 123.41
5 CBFA(b) 774 451.17 179.16
6 Pontal(a) 636 373.96 320.55
7 Pontal(b) 295 387.32 195.08
8 Pontal(c) 902 499.79 300.01
9 Barra-Bangu –Fg(a) 342 650.74 257.28
10 Barra-Bangu –Fg(b) 167 434.75 91.98
11 Olimpia(a) 350 133.97 91.40
12 Olimpia(b) 368 150.25 106.00
13 Olimpia(c) 155 88.57 94.35
14 Olimpia(d) 391 149.45 91.01
15 Obra 3 - Fg(b) 305 683.03 306.08
16 Obra 3 - Fg(c) 418 504.29 185.98
17 Rio Mais(a) 739 624.16 266.75
18 Rio Mais(b) 685 675.20 253.67
19 Rio Mais(c) 399 739.17 144.12
20 Rio Mais(d) 609 667.95 243.00
21 Rio Massa(a) 357 354.02 157.54
22 Rio Massa(b) 663 573.05 214.68
23 Lotes 5 e 6 (a) 444 220.71 189.33
24 Lotes 5 e 6 (b) 232 627.03 408.44
25 P. Atletas(a) 322 437.96 220.93
26 P. Atletas(b) 134 429.85 77.59
27 Life - Recreio(a) 504 372.09 116.72
28 Life - Recreio(b) 524 429.75 215.54
29 Life - Recreio(c) 676 198.44 114.69
30 Life - Recreio(d) 486 204.86 112.50
31 Life - Recreio(e) 416 212.82 200.33
32 Life - Recreio(f) 535 252.02 169.63
33 Via Parque (a) 673 239.01 119.14
34 Via Parque (b) 387 431.90 177.12
35 CM - Fg(a) 577 395.77 163.49
36 CM - Fg(b) 917 239.98 60.22
37 CM - Fg(c) 793 350.61 92.16
38 Selleto (ROP3)(a) 365 363.73 148.37
39 Selleto (ROP3)(b) 399 264.55 123.38
40 Vila do PAN(a) 417 185.94 151.17
41 Vila do PAN(b) 366 259.44 147.55
42 Itanhanga(a) 470 548.77 145.64
43 Itanhanga(b) 497 385.33 119.65
44 Itanhanga(c) 500 366.26 110.78
45 CM I(a) 553 355.01 115.40
46 CM(b) I 460 383.25 165.27
47 P Panela-Fg(a) 724 198.49 101.13
48 P Panela-Fg(b) 473 202.87 110.72
49 P Panela-Fg(c) 538 236.17 108.18
50 P Panela-Fg(d) 521 190.94 105.67
51 P Panela-Fg(e) 659 207.53 84.70
52 P Panela-Fg(f) 667 270.03 105.44
53 P Panela-Fg(g) 572 205.28 127.86
54 P Panela-Fg(h) 429 204.15 79.31
55 P Panela-Fg(i) 327 162.46 161.20
56 Gleba F 788 250.14 139.99
57 CM II 454 247.97 188.71
58 SESC 645 187.98 90.57
GROPO (b) Local n° de dados Média (kPa) Desv. Padrão
1 Minha Praia - Fg(a) 91 739.19 609.86
2 Minha Praia - Fg(b) 226 1226.66 414.62
3 Minha Praia - Fg(c) 154 4304.54 1473.64
4 Pontal(d) 590 1083.39 1014.80
5 Freedom (a) 302 2269.46 675.31
6 Freedom (b) 221 1295.15 432.26
7 Freedom (c) 416 1831.97 597.13
8 Freedom (d) 358 1853.78 604.37

169
Tabela 6. 8 – Resumo da estatística descritiva para as medições de qt nas camadas de
argila mole.

Valores médios Tabela 5.7(GRUPO a) Valores médios Tabela 5.7(GRUPO


5.7(GRUPO b) Valores médios de todos os resultados

Número de ensaios 58 Número de ensaios 8 Número de ensaios 66

Número de dados 29371 Número de dados 2358 Número de dados 31729

Valor Médio de qt (a) - kPa 356.8 Valor Médio de qt (b) - kPa 1825.5 Valor Médio de qt (c) - kPa 534.8

Desvio Padrão Médio 160.8 Desvio Padrão Médio 727.8 Desvio Padrão Médio 229.5

Média (qt) - Desv. Padrão (a) - kPa 196.0 Média (qt) - Desv. Padrão (b) - kPa 1097.8 Média (qt) - Desv. Padrão (c) - kPa 305.3

Média (qt) + Desv. Padrão (a) - kPa 517.6 Média (qt) + Desv. Padrão (b) -kPa 2553.3 Média (qt) + Desv. Padrão (c) -kPa 764.4

Figura 6. 41 – Valores médios de qt nas camadas de argila.

6.14 Comentários finais

Em virtude dos eventos de transgressões e regressões marinhas relatadas no


Capítulo 2, ocorreram na Baixada de Jacarepaguá deposições de sedimentos distintos,
que deram origem a depósitos com diferentes espessuras de argila, de consistência mole
a muito mole, com presença de matéria
matéria orgânica
orgânica.. Também é resultado deste processo de
deposição as lentes de solo arenoso e camadas de conchas, que ocorrem no subsolo
local em diferentes profundidades.
170
Mesmo com a heterogeneidade dos perfis e a presença de matéria orgânica, foi
possível apresentar as faixas de variação mínimas e máximas e os valores médios dos
principais parâmetros de caracterização do solo. Os histogramas desenvolvidos
mostraram os intervalos nos quais os parâmetros ocorrem com maior frequência (maior
concentração de dados). Não é possível adotar com as análises realizadas um perfil
característico do subsolo, subdivido em diferentes horizontes com comportamentos
semelhantes. Na superfície do terreno, em alguns sítios investigados existem diferentes
espessuras de argila com elevados teores de matéria orgânica, chegando a 60% ou
camadas de aterros, em diferentes profundidades, há ocorrência de lentes de areia com
espessuras diversas, sendo ainda variável a espessura dos depósitos de argila mole e
existindo lentes de conchas. Apesar do elevado teor de matéria orgânica encontrado nas
argilas próximas à superfície do terreno, nenhuma amostra ensaiada foi classificada
como turfa (TMO>80%).

Foram obtidas correlações com graus aceitáveis de confiabilidade para obtenção


do índice de vazios inicial do solo a partir dos limites de Atterberg. As correlações entre
e0 e wL (R2=0,76), e0 e wP (R2=0,75) e e0 e IP (R2=0,69) são recomendadas. Os
resultados obtidos podem ser balizados a partir dos valores médios mostrados nas
tabelas que relacionam os quatro índices supracitados em diferentes faixas de variação.

A caracterização do comportamento do solo com o ensaio de CPTU não foi o


foco principal do trabalho. Em contrapartida, foram analisados os valores médios,
mínimos e máximos da resistência de ponta corrigida (qt) das 66 verticais de CPTU que
compõem o banco de dados. Os resultados obtidos, permitem classificar como argila
mole os solos que possuem resistência de ponta corrigida variando entre 200 kPa e 520
kPa.

171
CAPITULO 7 – COMPRESSIBILIDADE, HISTÓRIA DE
TENSÕES E COEFICIENTES DE ADENSAMENTO

Este capítulo tem por objetivo analisar os parâmetros de compressibilidade, a


história de tensões e os coeficientes de adensamento dos depósitos de argila mole
existentes na Baixada de Jacarepaguá. Também é objetivo deste capítulo apontar
correlações empíricas e descrever estatisticamente a faixa de variação dos principais
parâmetros, possibilitando assim a avaliação expedita dos parâmetros de
compressibilidade, da história de tensões do solo e dos coeficientes de adensamento
vertical e horizontal. Todos os dados que serão citados foram organizados em tabelas
(templates), estão cadastrados no sistema desenvolvido e podem ser acessados seguindo
o roteiro disponibilizado no Capítulo 5.

7.1 Ensaio de adensamento edométrico

O ensaio de adensamento edométrico é essencial para o cálculo da magnitude


dos recalques e de sua evolução com o tempo. O ensaio é normatizado pela ABNT NBR
12007/1990 e consiste em submeter corpos de prova, moldados a partir de amostras
indeformadas a estágios de carga aplicados em incrementos de tensão vertical a cada 24
horas. Para a definição da curva de descarregamento-carregamento, após a aplicação do
ciclo final de carga, é realizado um ciclo de descarga, com pelo menos 2
descarregamentos. Neste item, serão apresentados e analisados os resultados oriundos
deste ensaio. Posteriormente, são apresentados e analisados os parâmetros de
compressibilidade do solo a partir da análise conjunta dos resultados dos ensaios de
laboratório e de campo que compõem o banco de dados.

172
7.1.1 Qualidade das amostras

Neste estudo, foi possível avaliar a qualidade das amostras de apenas três sítios:
CMI, CMII, Gleba F. Os parâmetros oriundos dos ensaios de adensamento realizados
nos outros 7 sítios foram obtidos através de tabelas disponibilizadas em diferentes
publicações. Contudo, todas as investigações realizadas são frutos de pesquisas
acadêmicas ou projetos de pesquisas desenvolvidos na COPPE. Salienta-se que no
sistema desenvolvido é possível inserir e plotar gráficos com a relação entre os índices
de vazios (∆e/e0), onde: ∆e=e0-e(σ’v0), sendo e(σ’v0) o índice de vazios para a σ’v0.

A Figura 7. 1 apresenta a qualidade das amostras (OCR<2), segundo os critérios


propostos por Lunne et al., (1997) e Coutinho (2007). No Brasil o método proposto por
Coutinho tem sido amplamente utilizado, segundo este critério 16 das 22 amostras que
tiveram a qualidade avaliada nesta pesquisa foram classificadas como boa a regular e
uma amostra foi classificada com qualidade muito boa a excelente.

Devido à elevada compressibilidade, umidade e plasticidade dos depósitos argila


mole da Baixada de Jacarepaguá, é necessário seguir os procedimentos relativos à coleta
de amostras e moldagem dos corpos de prova recomendados por Ladd e De Groot
(2003). É recomendado também utilizar os procedimentos complementares sugeridos
por Aguiar (2008) e Andrade (2009). Mesmo seguindo tais procedimentos, diferentes
autores encontraram dificuldades na obtenção de amostras de adequada qualidade na
região (Nascimento, 2009; Marques et al., 2010; Baroni e Almeida, 2012; Teixeira et
al., 2012).

Um novo amostrador para solos moles foi desenvolvido na COPPE, ele é dotado
de mecanismo de corte (mandíbula), o qual também suporta a amostra pela base.
Segundo Jannuzzi (2013) o novo amostrador apresenta uma série de vantagens em
relação aos amostradores tipo Shelby e mesmo os de pistão, podendo-se citar: (i) certeza
da recuperação da amostra; (ii) inexistência de tempo de espera para recuperação da
amostra, que pode ser feita ao final da cravação do amostrador; (iii) não aplicação de
vácuo na parte inferior da amostra; (iv) fornecimento de amostras de excelente
qualidade. O autor sugere que este novo amostrador seja utilizado em novas campanhas
de retirada de amostras indeformadas na Baixada de Jacarepaguá.

173
∆ e/e o ∆ e/e o
0 0.05 0.1 0.15 0 0.05 0.1 0.15
0 0
n° pontos=22 n° pontos=22

-2 -2

-4 -4

-6 -6

-8 -8
Prof. (m)

-10 -10

-12 -12

Muito Muito
-14 -14
Ruim Ruim

-16 Muito -16 Muito


Boa a Ruim Boa a Ruim
Boa à Regular Boa à Regular
Excelente (a) Excelente (b)
-18 -18
CM II CM I Gleba F CM II CM I Gleba F
∆ e/e0=0,04
De/e0=0.04 ∆ e/e0 =0,07
De/e0=0.07 ∆ e/e0=0,14
De/e0=0.14 ∆ e/e0=0,05
De/e0=0.05 De/e0=0.08
∆ e/e0=0,08 De/e0=0.14
∆ e/e0 =0,14

Figura 7. 1 – Avaliação da qualidade das amostras. (a) Lunne et al., (1997) e (b)
Coutinho (2007).

7.1.2 Parâmetros de compressibilidade

O índice de compressão (Cc) e o índice de expansão (Cs) são obtidos a partir das
curvas de compressibilidade que relacionam a tensão efetiva vertical inicial (σ’v0) com o
índice de vazios (e0), conforme já discutido no Capítulo 3.

A análise conjunta dos resultados dos ensaios mostrou que os valores do índice
de compressão (Figura 7. 2) variam na faixa entre 1,0 e 3,5, sendo 7,0 o valor máximo
encontrado na camada de argila orgânica superficial. É destacada a uniformidade da
faixa de variação proposta, sobretudo em amostras retiradas após os primeiros 4,0 m de
profundidade, salvo alguns valores atípicos. Acima dessa profundidade, o solo possui
maior teor de matéria orgânica e o índice de compressão do solo é maior. Para fins
comparativos apresenta-se na Tabela 7. 1 os valores mínimos e máximos de Cc obtidos
em diferentes depósitos de argila mole, sendo constatado que a faixa de variação obtida
para a Baixada de Jacarepaguá é característica das argilas moles brasileiras.

174
Índice de compressão - Cc
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
0
n° pontos=70

-2

-4
Camada com maior
TMO
-6
Rio Mais
Prof. (m)

-8 ? Gleba F

? CM I
-10 CM II

P. Panela
-12
Lentes Rio Massa
de areia
Lotes 5 e 6
-14
Olimpia

-16 SESC

Itanhangá
1,0 a 3,5
-18
*TMO = Teor de matéria orgânica

Figura 7. 2 – Valores de índices de compressão (Cc).

Tabela 7. 1 – Índice de compressão das argilas brasileiras.

Cc Cc
Local Referência
(Mínimo) (Máximo)
Juturnaíba / RJ 1,00 4,50 Coutinho (1986)
Sarapuí I / RJ 1,3 3,20 Almeida e Marques (2013)
Sarapuí II / RJ 1,00 3,50 Jannuzzi (2012)*
Itaípu / RJ 2,00 6,00 Almeida et al., (2008)
Uruguaiana / RJ 0,70 1,20 Almeida et al., (2008)
Baixada de Jacarepaguá / RJ 1,00 2,80 Almeida et al., (2008)
Baixada de Jacarepaguá / RJ 2,19 4,21 Teixeira (2012)
Guaratiba / RJ 0,23 2,19 Berbert (2016)
Santa Cruz / RJ 0,20 2,39 Lima (2012)
Recife / PE 1,00 2,80 Coutinho e Ferreira (1998)
Suape – Recife / PE 1,00 4,00 Coutinho e Bello (2014)
Rio Grande / RS 0,40 1,30 Hallal (2003)
POA / RS 0,50 2,50 Hallal (2003)
*Amostras de excelente qualidade
175
Os valores do índice de expansão (Cs) situam-se na faixa entre 0,1 e 0,4 (Figura
7. 3) sendo nítida, também nesta figura, a dispersão dos valores encontrados na camada
superficial do terreno com maiores teores de matéria orgânica. Já a porcentagem de Cs
em relação a Cc (Figura 7. 4) varia entre 0,05 e 0,18, sendo 0,13 (Cs=0,13*Cc) o valor
médio, que corresponde à mesma magnitude dos valores encontrados nas argilas da
Barra da Tijuca por Lacerda e Almeida (1995). Valores desta mesma ordem de grandeza
foram obtidos em diferentes depósitos de argila mole do Rio de Janeiro. A relação
média de Cs/Cc = 0,15 foi obtida por Lima e Campos (2014) em Guaratiba e por
Campos (2006) em Santa Cruz. Lima (2012) obteve o valor médio de Cs/Cc = 0,17
também em Santa Cruz. Em Sarapuí a utilização do valor médio de Cs/Cc=0,12 é
recomendada por Almeida e Marques (2013). Para argilas moles em geral a relação
Cs/Cc varia entre 0,10 e 0,20.

Índice de expansão - Cs
0 0.5 1 1.5 2
0

-2
Camada com
-4 maior TMO*

n° pontos=65
-6
CM II - Lente Rio Mais
Prof. (m)

de areia
-8 Gleba F

CM I
-10
CM II

-12 P. Panela-Fg

Rio Massa
-14
Lotes 5 e 6

SESC
-16
Itanhangá
0,1 a 0,4
-18
*TMO = Teor de matéria orgânica

Figura 7. 3 – Valores de índice de expansão (Cs).

176
Cs / Cc
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4
0

-2

-4
Camada com
maior TMO*
-6
n° pontos=65
Prof. (m)

Rio Mais
-8
Gleba F

-10 CM I

CM II

-12 P. Panela-Fg

Rio Massa
-14 Lotes 5 e 6

SESC
-16
Itanhangá

0,05 a 0,18
-18
*TMO = Teor de matéria orgânica

Figura 7. 4 – Valores de Cs/Cc.

O recalque por adensamento de uma argila mole é avaliado através da relação


CR=Cc/(1+e0), denominada razão de compressão. A análise dos dados (Figura 7. 5)
indica que o valor de CR ficou entre 0,25 e 0,55, mostrando que a argila mole de todos
os depósitos estudados é bastante compressível e que não existe nenhuma tendência de
aumento ou diminuição de CR com a profundidade. Valores de CR nesta mesma ordem
de grandeza e intervalo de variação foram obtidos por diferentes pesquisadores no
litoral brasileiro, como é possível ver na Tabela 7. 2.

A estimativa correta de CR é primordial para o cálculo dos recalques. No caso


de CR ser subestimado, os recalques calculados serão menores que os recalques reais,
resultando em uma altura de aterro menor que a necessária para a obtenção da cota de
projeto e aumentando, dessa forma, o tempo para que ocorra o recalque, exigindo
futuramente a colocação de nova camada de aterro, que ocasionará novos recalques.

177
CR=Cc/(1+e0)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9
0

-2

-4

-6
Prof. (m)

?
-8

-10

-12

-14

-16
n° pontos=70
0,25 a 0,55
-18
Rio Mais Gleba F CM I CM II
P. Panela Rio Massa Lotes 5 e 6 Olimpia
SESC Itanhang á

Figura 7. 5 – Valores de razão de Compressão, CR= Cc/(1+e0).

Tabela 7. 2 – Razão de compressão de alguns depósitos brasileiros.

Local CR=Cc/(1+e0) Referência


Baixada de Jacarepaguá / RJ 0,25 a 0,55 Presente Pesquisa
Baixada de Jacarepaguá / RJ 0,43 a 0,59 Sandroni (2006)
Baixada de Jacarepaguá / RJ 0,50 a 0,61 Teixeira (2012)
Baixada de Jacarepaguá / RJ 0,36 a 0,50 Sandroni e Deotti (2008)
Juturnaíba / RJ 0,19 a 0,43 Coutinho e Lacerda (1987)
Sarapuí / RJ 0,41 Ortigão (1980)
Sarapuí / RJ 0,46 a 0,50 Coutinho (1976)
Sarapuí II / RJ 0,51 a 0,60 Jannuzzi (2013)*
Guaratiba / RJ 0,11 a 0,51 Berbert (2016)**
Santa Cruz / RJ 0,44 Campos (2006)
Santa Cruz / RJ 0,10 a 0,55 Lima (2012)**
Santos / SP 0,29 a 0,68 Andrade (2009)
SESI, Recife / PE 0,45 Coutinho et al (2002)
Ceasa, POA / RS 0,46 Soares (1997)
*amostras de excelente qualidade.
** valor médio de 0,38, considerando somente amostras de boa qualidade.
178
7.1.3 Análise da frequência dos parâmetros de compressibilidade do solo

Os parâmetros de compressibilidade
compressibilidade do solo foram apresentados acima em
função da profundidade, sendo também estimadas para cada parâmetro o valor médio e
as faixas de variação mínima e máxima, sem a avaliação da
da frequência com que os
valores ocorrem. Desta maneira, são apresentados, na Figura 7. 6, os histogramas de C c,
Cs, Cs/Cc e CR. Com base nessas figuras, é possível constatar que:

• Índice de compressão (C c): Praticamente 76% dos valores ocorrem no


intervalo em que Cc é maior que 1 e menor que 4;
• Índice de expansão (Cs): Em torno de 59% dos valores de C s são maiores
que 0,1 e menores
menores que 0,3;
• Relação entre Cs/Cc: A maior concentração (63%) dos valores da relação
entre Cs/Cc está situada no intervalo em que Cs/Cc é superior a 0,05 e inferior a
0,15.
• Razão de compressão (CR) : 79% das amostras analisadas situam
situam-se no
intervalo em que CR é maior que 0,25 e menor que 0,50. Em torno de 14% das
amostras possuem CR>0,50 e 7% possuem CR<0,25.

Figura 7. 6 – Parâmetros de compressibilidade. (a) Cc, (b) Cs, (c) Cs/C c e (d) CR.

179
7.2 Correlações com o índice de compressão

A obtenção de parâmetros de compressibilidade representativos das argilas


moles exige uma série de procedimentos técnicos que dificultam a retirada de amostras
com qualidade, seja pela técnica necessária, o tempo de operação ou os custos
envolvidos (Ladd e DeGroot, 2003). Assim, diversas correlações empíricas têm sido
desenvolvidas na literatura para argilas com diferentes naturezas, no intuito de
correlacionar Cc com outras propriedades do solo determinadas de forma mais expedita.
O resumo apresentado na Tabela 7. 3, leva a percepção de que as correlações com a
umidade natural do solo, o limite de liquidez e o índice de vazios são as mais utilizadas.

Tabela 7. 3 – Correlações empíricas com Cc.

Correlação com w C c = a .w + b a b
1 Al Khafaji and Andersland (1992) 0,0100 0,0000
2 Bowles (1989) 0,0115 0,0000
3 Koppula (1981) 0,0100 0,0000
4 Mesri and Ajlouni (2007) (solos orgânicos) 0,0100 0,0000
5 Moran et al, (1958) 0,0150 0,0000
6 Nagaraj and Miura (2001) 0,0103 0,0000
7 Almeida et al, (2008) 0,0130 0,0000
8 Azzouz et al, (1976) 0,0100 -0,0500
9 Herrero (1980) 0,0100 -0,0755
10 Mc Cabe et al, (2014) 0,0140 -0,3178
11 Coutinho and Bello (2014); wn<200 0,0070 0,4010
12 Coutinho and Bello (2014); wn>200 0,0060 0,8040
Correlação com e0 C c = s.e0 − t s t
1 Azzouz et al, (1976) 0,4000 0,1000
2 Cozzolino (1961) 0,4300 0,1075
3 Nishida (1956) 0,5400 0,1890
4 Sowers (1970) 0,7500 0,0375
5 Hough (1957) 0,3500 0,1225
6 Dames and Moore (1983) 0,5400 0,0810
7 Chung et al, (2003) 0,4400 0,0040
8 Tan (1983) 0,3440 0,1754
9 Coutinho e Lacerda (1987) 0,6300 0,7000
10 Aragão (1975) 0,5600 0,3136
11 Bello (2011) 0,4120 0,1930

180
Tabela 7.3 (Continuação) - Correlações empíricas com Cc.
Correlação com wL Cc = m.wL − n m n
1 Azzouz et al, (1976) 0,0060 0,0540
2 Cozzolino (1961) 0,0046 0,0414
3 Mayne (1980) 0,0092 0,1196
4 Schofield and Wroth (1968) 0,0083 0,0747
5 Shouka (1964) 0,0170 0,3400
6 Skempton (1944) 0,0070 0,0700
7 Terzaghi and Peck (1967) 0,0090 0,0900
8 Yamagutshi (1959) 0,0130 0,1300
9 Mc Cabe et al, (2014) 0,0118 0,24426
10 Owaga and Matsumoto (1978) 0,0150 0,2850
11 Tanaka et al, (2003) 0,0090 0,0900
12 Chung et al, (2003) 0,0084 -0,1640

7.2.1 Correlação entre o índice de compressão e a umidade natural do solo

Pelo fato dos depósitos de argilas moles se encontrarem saturados, a umidade


natural do solo fornece correlações com graus de confiabilidade aceitáveis,
principalmente para os parâmetros de compressibilidade. Também é fator favorável ao
estudo das correlações envolvendo a umidade, a possibilidade deste parâmetro ser
obtido durante a realização do ensaio SPT, desde que cuidados adicionais sejam
tomados (Sandroni, 2006). O tratamento estatístico dos dados plotados na Figura 7. 7
mostra a correlação entre o índice de compressão e a umidade natural do solo,
evidenciando a tendência para variação de Cc com w, mesmo com o intervalo de
umidade variando de 60% a 700%. A linha de tendência média obtida para 70 pontos
(R2=0,70) resultou na seguinte equação:

C c = 0,011 .w (7.1)

A Figura 7. 8 mostra a comparação entre a correlação local (Cc vs. w) e as


equações citadas na Tabela 7. 3. Com exceção da proposta de Coutinho e Bello (2014)
para solos com w>200%, todas as correlações reportadas na literatura e, de maneira
geral os resultados dos ensaios variam ± 15% em relação à linha de tendência obtida,
inclusive para os pontos com umidade superior a 300%. A maior dispersão dos dados
ocorre na faixa em que a umidade varia entre 120% e 210%.

181
Figura 7. 7 – Correlação entre o índice de compressão e a umidade natural do solo.

Figura 7. 8 – Valores de Cc e w e correlações da literatura .

182
A Tabela 7. 4 apresenta o resumo da análise estatística realizada considerando a
variação do índice de compressão para as principais faixas de ocorrência da umidade
natural do solo.

Tabela 7. 4 – Índice de compressão para diferentes porcentagens de umidade.

Índice de compressão - Cc
Restrição
Mínimo Máximo Média D. Padrão N° ensaios
< 100.0 0.5 1.6 1.1 0.3 7
100.0 a 200.0 1.1 3.6 2.1 0.5 40
w (%)
200.0 a 300.0 2.0 3.8 2.9 0.6 16
> 300.0 3.3 6.1 4.6 1.1 7

7.2.2 Correlação entre o índice de compressão e o índice de vazios

Na Figura 7. 9, é apresenta a correlação obtida entre o índice de compressão e o


índice de vazios inicial do solo. A expressão que melhor reproduz os dados
experimentais analisados é (R2=0,81):

C c = 0 ,528 .e 0 (7.2)

A Figura 7. 10 mostra a comparação da correlação local (Cc vs. e0) com as


equações propostas pela literatura (Tabela 7. 3). A equação de Sowers (1970)
apresentou valores superiores a 20% da tendência média obtida, enquanto as propostas
de Hough (1957) e Bello (2011) apresentaram valores inferiores à mesma taxa de
variação, por esse motivo elas não foram plotadas na Figura 7. 10. As demais equações
propostas na literatura mantiveram-se no intervalo de variação de ± 20% em relação à
equação obtida. Conforme mostrado na Figura 7. 10, mesmo com índices de vazios
iniciais variando entre 1,3 e 8,8 praticamente todos os pontos analisados tiveram
dispersão máxima de ± 20% em relação à tendência média obtida.

183
Figura 7. 9 – Correlação entre o índice de compressão e o índice de vazios.

+20%
7 Dispersão constante de ± 20%
-20%
6

5
Cc

3
Cc = 0,5284.e0
2
R² = 0,81
n° pontos = 70
1

0
0 1 2 3 4 5 6 7
e0 8 9 10 11 12 13 14

Azzouz et al. (1976) Cozzolino (1961) Nishida (1956)


Hallal (2003) Coutinho e Lacerda (1987) Futai (1990)
Aragão (1975) Dames and Morre (1983) Chung et al (2003)
Presente estudo Presente estudo (+20%) Presente estudo (-20%)
Linear (Presente estudo)

Figura 7. 10 – Valores de Cc x e0 e correlações da literatura.

184
A Tabela 7. 5 mostra os valores médios do índice de compressão com restrição
das principais faixas de frequência do índice de vazios inicial do solo.

Tabela 7. 5 – Índice de compressão para diferentes faixas de índice de vazios inicial.

Índice Cc
Restrição
Mínimo Máximo Média Desv. Padrão N° ensaios
< 3.0 0.3 1.4 1.0 0.4 13
e0 3.0 a 6.0 1.1 4.8 2.3 0.7 40
> 6.0 1.4 7.7 4.3 1.7 17

7.2.3 Correlação entre o índice de compressão e o limite de liquidez

Da forma análoga à umidade, os valores do limite de liquidez não são


influenciados pela estrutura do solo, sendo então pertinente a correlação com Cc. A
Figura 7. 11 mostra a correlação proposta a partir da análise de 70 pontos (R2=0,78),
sendo a seguinte equação representativa dos dados analisados.

Cc = 0,013 ⋅ wL (7.3)

A Figura 7. 12 apresenta o comparativo entre a equação obtida e as equações


propostas na Tabela 7. 3. As equações recomendadas na literatura, que correlacionam o
índice de compressão com o limite de liquidez, apresentaram resultados heterogêneos,
sendo somente a proposta de Yamagutshi (1959), próxima à tendência média local
obtida. A equação de Shouka (1964) situa-se próxima ao limite superior médio de Cc.
As demais equações resultam em valores inferiores de Cc. A maior dispersão dos dados
ocorreu no intervalo cujo limite de liquidez variou de 60% a 180%, com pontos
apresentando compressibilidade superior a 20% da tendência média. Ainda, destaca-se
que as amostras com índice de liquidez variando entre 56% e 510% possuem a mesma
tendência média.

185
Figura 7. 11 – Correlações entre o índice de compressão e o limite de liquidez.

10

9
+20%
8
-20%
7
Região com maior
6 dispersão
60 < wL < 180
5
Cc

3
CC = 0,0125.wL
2 R² = 0,78
n° pontos = 50
1

0
0 100 200 300 400 500 600 700
wL (%)
Mayne (1980) Schofield and Wroth (1968) Shouka (1964)
Skempton (1944) Terzaghi and Peck (1967) Yamagutshi (1959)
Tanaka, et al. (2003) Chung et al (2003) Present Study
Presente estudo (+20%) Presente estudo (-20%) Linear (presente estudo)

Figura 7. 12 – Valores de Cc x wL e correlações da literatura.


186
A Tabela 7. 6 resume as faixas de variação do índice de compressão para as
principais porcentagens de variação do limite de liquidez.

Tabela 7. 6 – Índice de compressão para diferentes faixas do limite de liquidez.


Índice Cc
Restrição
Mínimo Máximo Média Desv. Padrão N° ensaios
< 100.0 0.5 1.7 1.1 0.4 11
100.0 a 150.0 1.2 3.1 2.0 0.6 8
wL (%)
150.0 a 200.0 1.4 3.2 2.3 0.5 16
>200.0 1.8 6.7 3.7 1.6 15

7.2.4 Correlação entre o índice de compressão e o índice de plasticidade

A Figura 7. 13 apresenta a correlação entre o índice de compressão e o índice de


plasticidade do solo. No mesmo gráfico, é plotada a equação sugerida por Wood (1990),
para argilas desestruturadas (solo amolgado) e com a utilização da densidade
característica dos solos (Gs=2,7) e da Gs média encontrado na presente pesquisa,
Gs=2,43. Conforme esperado, a correlação proposta por Wood (1990) situa-se próxima
aos limites inferiores de Cc.
Chama a atenção na Figura 7. 13 a linearidade da relação Cc vs. IP do sítio Pontal
com a linha formada pela equação sugerida por Wood (1990) com a utilização da
densidade média do solo local (Gs =2,43). Essa linearidade sugere que os valores de Cc
obtidos neste sítio, assim como outros pontos próximos ou abaixo desta lista linha,
sejam representativos de amostras amolgadas. Nesta correlação não foi obtido um valor
satisfatório para o coeficiente de determinação, a linha de tendência média obtida com
R2=0,36 é composta pela seguinte equação:

Cc = 0,019 ⋅ I P (7.4)

187
8
Cc=0,0187.IP
7 R² = 0,3675 Gs=2,70
n° pontos = 50
Índice de compressão - Cc
6
Gs=2,43
5 média local

3
Cc=0,5GS . (IP/100)
2
Equação sugerida por Wood
1
(1990) para solos amolgados

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700
Índice de Plasticidade - IP
Rio Mais Gleba F CM I
CM II P. Panela Rio Massa
SESC Pontal Itanhangá
Wood (1990) Wood (1990) Linear (presente estudo)
Figura 7. 13 – Correlação entre o índice de compressão e o índice de plasticidade.

7.2.5 Correlação entre a razão de compressão e a umidade natural do solo

Lambe e Whitman (1979) correlacionaram a razão de compressão com a


umidade natural do solo. Nos resultados dos ensaios apresentados, os autores obtiveram
uma faixa de variação de ± 15% para a equação proposta. Os resultados encontrados
nesta pesquisa apresentam a tendência de aumento de CR em função da umidade,
indicando ainda que o subsolo estudado possui maior compressibilidade em comparação
aos solos utilizados nas análises de Lambe e Whitman (1979), ver na Figura 7. 14.
Entretanto, não existe uma boa linearidade entre os resultados obtidos, sendo a seguinte
equação representativa, R2=0,32.

CR = 13,28 ⋅ w 0, 215 (7.5)

188
90
CR x w (%)
80
Lambe & Whitman, 1979
70 Série6
CR=[Cc/(1+e0)] *100 %

Potência (CR x w (%))


60
CR = 13,327.w 0,215
50
R² = 0,3165
40 n° pontos = 70

30
Figura original de
Lambe e Whitman
20 (1979), sugere
valores máximos de
10 w=400%.

0
10 100 1000
w (%)

Figura 7. 14 – Razão de compressão versus umidade natural do solo.

7.3 História de tensões

A tensão de sobreadensamento (σ’vm) indica a transição da “reta” de recompressão


para a “reta” virgem ou, em outras palavras, a separação dos níveis de tensões que
geram pequenas deformações (predominantemente elásticas) das tensões que geram
grandes deformações (predominantemente plásticas) e por essa razão que σ’vm tem sido
modernamente denominada de tensão de escoamento. A história de tensões de um
determinado depósito é avaliada com base na razão de sobreadensamento (OCR),
expressa por meio da razão entre σ’vm e σ’vo. A Figura 7. 15 apresenta os valores de
σ’vm obtidos nos na Baixada de Jacarepaguá e a evolução da tensão efetiva vertical com
a profundidade. Para a estimativa da tensão efetiva, foi considerado o nível de água
coincidente com o nível do terreno e adotados os valores médios extremos (mínimo e
máximo) do peso específico natural do solo, ver Figura 6.19.

189
σ 'vm (kPa)
0 20 40 60 80
0
Rio Mais
-2
Gleba F

-4 CM I

CM II
-6
Panela
-8
Prof. (m)

Rio Massa

-10 Lotes 5 e 6
σ 'vo =4,5 kN/m3 * Prof. (m)
Olimpia
-12
σ 'vo =1,4 kN/m3 * Prof. (m)
SESC
-14 Itanhangá

-16 s'vo (g=11,4


kN/m3)

-18
n° pontos = 66
-20

Figura 7. 15 – Valores de tensão de sobreadensamento.

A razão de sobreadensamento (OCR) é apresentada na Figura 7. 16. A Figura 7.


16a, contém todos os valores obtidos com a relação entre σ’vm/σ’v0, indicando que, em
diversas profundidades e diferentes ilhas de investigação, foram obtidos valores de
OCR<1 ou muito próximos de 1. O fato de encontrar valores de OCR<1 pode ser
creditado à obtenção de σ’vm com valores inferiores aos reais, devido ao amolgamento
das amostras. Ademais, pode indicar que a região possui camadas que se encontram em
adensamento ou, em outras palavras, que o carregamento atual resultante do peso
próprio do solo e eventuais aterros existentes, são superiores ao maior carregamento que
esse solo já recebeu.

Com o intuito de apresentar o real comportamento de OCR em função da


profundidade, na Figura 7. 16(b) foram excluídas as amostras com OCR<1. Observando
a figura, é possível ver claramente que a região possui uma crosta superficial com
190
valores de OCR mais elevados e valores constantes médios entre 1 e 2 ao longo da
profundidade, características estas explicadas no Capítulo 2 e decorrentes do
envelhecimento e de alterações do nível do lençol freático (Bjerrum, 1973; Parry e
Wroth, 1981).

OCR OCR
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
0 0

-2
OCR=1
-2
Faixa de
-4 -4 variação
de OCR
-6 -6
n° pontsos = 66
n° pontsos = 35
-8
Prof. (m)

-8 Rio Mais
Gleba F Rio Mais
-10 -10
CM I Gleba F
CM II CM I
-12 -12
P. da Panela
CM II
Lotes 5 e 6 -14
-14
SESC P. da Panela

-16 Rio Massa -16 Lotes 5 e 6


Olimpia SESC
OCR=1 -18
-18 Itanhangá
OCR=1 OCR=1
OCR=1 (b)
(a) -20
-20

Figura 7. 16 – Valores de razão de sobreadensamento (OCR). (a) Todos os valores de


OCR e (b) excluídos valores com OCR<1.

7.3.1 Obtenção de OCR a partir do ensaio de Palheta

No Capítulo 2 foram apresentadas as correlações propostas para a estimativa da


história de tensões do solo a partir dos resultados do ensaio de palheta. Conforme
mostrado na Figura 7. 17 (adaptada de Mayne e Mitchell, 1988 e Schnaid e Odebrecht,
2012) os valores de α decrescem com o aumento do índice de plasticidade. Conforme
demostrado por Schnaid e Odebrecht (2012) a equação 7.6 tem boa concordância com
as argilas plásticas brasileiras. É chamada a atenção para a concordância com a região
em estudo, que apresenta índice de plasticidade de até 510%.

191
α = 22 ( I P ) − 0 .48 (7.6)

Figura 7. 17 – Relação entre α e IP.

Fonte: A partir de Mayne e Mitchell (1988) e Schnaid e Odebrecht (2012) .

Os valores de OCR,
OCR, estimados com base na equação 7.6, apresentaram de forma
geral uma boa concordância com os valores de referência (ensaio de adensamento
edométrico). Como exemplo, é apresentada a Figura 7. 18, na qual os valores obtidos
são comparados aos valores de OCR obtidos em laboratório em amostras de boa
qualidade. No ssítio
ítio da Gleba F (Figura 7. 18a) foi obtido, por meio do ensaio de palheta,
o valor médio de 1,5 para OCR ao longo da profundidade, sendo que os resultados de
laboratório sugerem o valor médio de OCR em torno de 1,0. Entretanto, no sítio do CM
II (Figura 7. 18b) os valores de OCR obtidos com o ensaio de palheta foram próximos
aos valores de OCR obtidos com os ensaios de adensamento edométrico até em torno
dos 3 m de profundidade. Após
Após essa profundidade, os resultados indicam que o solo
encontra-se em adensamento, o que contradiz os resultados de laboratório. Em todos os
depósitos estudados, os valores de OCR estimados a partir dos ensaios de palheta e

192
CPTU apresentaram boa concordância com os valores de OCR obtidos a partir dos
ensaios de adensamento edométrico.

Salienta-se
-se que a aplicação principal do ensaio de palheta é a obtenção da
resistência não drenada do solo. A correlação proposta para obtenção de OCR a partir
de Su e IP é uma tentativa de obtenção de σ’vm e OCR e só deve ser utilizada em pré -
projetos e com cautela, uma vez que os resultados podem apresentar gran de
variabilidade.

Figura 7. 18 – Estimativa de OCR, ensaios de adensamento, palheta e CPTU. (a) Gleba


F; (b) CM II, (adaptado de Baroni, 2010).

7.3.2 Obtenção da tensão de sobreadensamento a partir do CPTU

Na Figura 7. 19, é apresentada a correlação para o subsolo da Baixada de


Jacarepaguá entre a tensão de sobreadensamento e a resistência de ponta corrigid a

193
líquida do CPTU (qt-σvo), sendo obtido o valor de 0,125 para o coeficiente K1, com
R2=0,85. Esse valor é semelhante (K1=0,15) ao sugerido para Sarapuí por Jannuzzi
(2009) e sensivelmente inferior ao valor sugerido por Chen e Mayne (1996) (K1=0,30) e
aos valores sugeridos para diferentes depósitos argilosos existentes na costa brasileira
(eg. Schnaid, 2009; Massad, 2009; Teixeira et al., 2012).

A Figura 7. 20 mostra a correlação entre a tensão de sobreadensamento e a


resistência de ponta corrigida do CPTU menos o excesso de poropressão gerado durante
a cravação na base do cone (qt-u2). Foi obtido o valor de 0,154 para o coeficiente K2,
com R2=0,83. Assim como K1, o valor de K2 é reconhecidamente inferior aos valores
obtidos sugeridos para os depósitos argilosos brasileiros (Soares, 1997, Jannuzzi, 2009,
Baroni, 2010). Valores de K2 obtidos com ensaios realizados em diferentes países são
apresentados por Schnaid Odebrecht (2012). Em geral os valores recomendados situam-
se próximo a K2=0,50 (Chen e Mayne, 1996; Konrad e Law, 1987; Demers e Leroueil,
2002), entretanto valores de K2 na ordem de 0,17 foram obtidos em argilas marinhas da
Correia do Sul por Lee, et al., (2003).

Os valores encontrados de K1 e K2 justificam-se devido às características


peculiares dos depósitos analisados, como, por exemplo, o elevado teor de umidade do
solo (w(médio)=175%), a plasticidade extremamente alta (IP(médio)=119%) e a existência de
matéria orgânica. Contudo, é necessário esclarecer que os valores de K1 e K2 obtidos
estão diretamente ligados à confiabilidade dos valores de σ’vm, chamando-se a atenção
para a qualidade da amostragem, pois amostras de má qualidade geram valores de σ’vm
subestimados.

194
Figura 7. 19 – Correlação entre σ’vm versus CPTU (qt-σvo).

Figura 7. 20 – Correlação entre σ’vm versus (qt-u2).

195
Embora a utilização de qt e u2 para a obtenção de σ’vm seja uma aplicação
secundária do CPTU, é possível dizer que a aplicação destas correlações já está
consolidada no meio geotécnico para a obtenção de OCR (σ’vm/σ’vo). Como pode ser
visualizado na Figura 7. 21 e na Figura 7. 22, os valores de K1 e K2 podem e devem ser
avaliados caso a caso e preferencialmente plotados em conjunto com valores de OCR
obtidos no laboratório. Mesmo em locais onde foram obtidos valores de OCR em
laboratório, as correlações como o CPTU devem ser aplicadas, pois elas mostram o
perfil contínuo de OCR com a profundidade, ao contrário dos ensaios de laboratório,
que resultam em valores pontuais.

196
OCR OCR OCR OCR
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
0 0 0 0

-1 -1 -1

-2 -2 -2

-3 -2 -3 -3

-4 -4 -4

-5 Adensamento 1 -5 -5
Adensamento 1
Adensamento 1 -4 Adensamento 2 -6 -6
-6 Adensamento 2
Profundidade (m)

OCR (CPTU) 1 Adensamento 3 -7 OCR (CPTU) 1 -7


-7
OCR (CPTU) -8 OCR (CPTU) 2 -8
-8 OCR=1
-6 OCR=1 -9 OCR=1 -9
-9
-10 -10
-10
-11 -11
-11 Adensamento 1
-8
-12 -12
-12 OCR (CPTU) 1
-13 -13 -13
OCR (CPTU) 2
-14 -14 -14
-10 OCR=1
-15 -15 -15

-16 -16 -16

-17 -17 -17


-12
-18 -18 -18
K1=0,125 K1=0,15 K1=0,25 K1=0,15
-19 (c) Sítio P. Panela -19
-19 (a) Sítio Gleba F (b) Sítio SESC (d) Sítio Rio Mais
-20 -14 -20 -20

 q −σV0 
Figura 7. 21 – Estimativa de OCR com a expressão OCR = K 1  t  . (a) Gleba F, (b) SESC, (c) Pedra da Panela e (d) Rio Mais.
 σ 'V 0 

197
OCR OCR OCR
OCR
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
0 0 0 0

-1 -1 -1

-2 -2 -2
-2 -3 -3
-3
-4 -4 -4

-5 Adensamento 1 -5 -5
-4 Adensamento 1
-6 Adensamento 1 -6 -6
Adensamento 2
Adensamento 2
OCR (CPTU) 1 -7 -7
Profundidade (m)

-7 Adensamento 3 OCR (CPTU) 1


-8 OCR=1 -8 -8
OCR (CPTU) OCR (CPTU) 2
-6
-9 OCR=1 -9 OCR=1 -9

-10 -10 -10

-11 -11 -11


-8 Adensamento 1
-12 -12 -12 OCR (CPTU) 1
-13 -13 OCR=1
-13
-14 -14 OCR (CPTU) 2
-14 -10
-15 -15
-15
-16 -16
-16
-17 -17
-17 -12
-18 -18
-18 K2=0,27
K2=0,154 K2=0,18 -19
K2=0,17
-19 (c) Sítio P. Panela -19
(a) Sítio Gleba F (b) Sítio SESC (d) Sítio Rio Mais
-20 -20
-20 -14

 q − u2 
Figura 7. 22 – Estimativa de OCR com emprego da expressão OCR = K 2  t  . (a) Gleba F, (b) SESC, (c) Pedra da Panela e (d) Rio Mais.
 σ 'V 0 

198
7.4 Coeficientes de Adensamento

7.4.1 Coeficiente de adensamento horizontal

Os valores do coeficiente de adensamento horizontal correspondentes a faixa


pré-adensada, ch(PA) foram obtidos com a equação 3.5 (Houlsby e Teh, 1988).

Foi adotado o tempo de dissipação do excesso de poropressão de 50% e o valor


de Ir=50. Valores de Ir próximos a 50 foram obtidos em diferentes depósitos de argila
mole do Rio de Janeiro (e.g. Lacerda e Almeida, 1995; Teixeira, 2012; Mello, 2013 e
Jannuzzi, 2013).

Os valores de ch pré-adensados foram transformados em ch normalmente


adensados através da multiplicação de ch(PA) pela relação entre o índice de expansão e
o índice de compressão, (Cs/Cc=0,13) obtido na Figura 7. 4.

A Figura 7. 23 apresenta os valores estimados do coeficiente de adensamento


horizontal normalmente adensado versus a profundidade de todas as dissipações
realizadas. É observado que foram excluídos os valores de ch oriundos de dissipações de
excesso de poropressão (DPP) realizados em camadas de aterro, lentes de areia e na
camada de solo drenado existente abaixo do depósito de argila mole. Para realizar a
exclusão dos valores julgados não representativos da argila mole local, foram plotados,
para todas as verticais de CPTU, gráficos compatibilizando a vertical de resistência de
ponta corrigida (qt) com a profundidade em que os ensaios de dissipações de excesso de
poropressão foram realizados, ver exemplo na Figura 7. 24. Salienta-se que todas as
verticais com as profundidades em que os ensaios de DPP foram realizados podem ser
plotadas com o sistema desenvolvido.

199
ch(NA) (m2/s)
1.00E-09 1.00E-08 1.00E-07 1.00E-06 1.00E-05
0
n° pontos = 114
-2
Sítios Freedom e Minha
-4 Praia e lentes de areia em
diferentes depósitos

-6

-8
Profundidade(m)

-10

-12 n° pontos = 8

-14

-16

-18

-20
V. Parque - Gleba F CM-I-F CBF Vila do PAN
CM I Barra-Bangu P. Panela-F Obra 3 - FG
Gleba F Lotes 5 e 6 Rio Massa Vila Olímpica
Life CM II Minha Praia Freedom

Figura 7. 23 – Coeficiente de adensamento horizontal na face e na base do cone.

qt (kPa) qt (kPa)
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 0 500 1000 1500 2000 2500
0 0
DPP-CPTU 2
DPP-CPTU 2 -1
-1 qt - CPTU 2
qt - CPTU 2
-2
-2
-3

-3 -4
Dissipações
Dissipações -5 consideradas no
-4
Profundidade (m)

consideradas no cálculo de ch
cálculo de ch -6
-5
-7
-6
-8

-7 -9

-8 -10
Dissipação
desconsiderada -11
-9
-12
-10 Dissipação
-13
desconsiderada
-11 (a) -14 (b)

Figura 7. 24 – Compatibilização entre qt e as profundidades em que os ensaios de DPP


foram realizados. (a) Vila Olímpica e (b) Vila do Pan.
200
Os resultados mostram de forma análoga à classificação da resistência de ponta
corrigida do CPTU (ver Tabela 6.7) que os resultados dos ensaios realizados nos sítios
Minha Praia e Freedom destoam dos valores representativos dos outros 14 locais
analisados. Estes dois sítios apresentam valores de ch na ordem de 1x10-5 m2/s, enquanto
os demais depósitos estudados possuem menores coeficientes de adensamento
horizontal, com valores que chegam a 1x10-8 m2/s. Em geral é observado que os valores
de ch aumentam com o aumento da profundidade, fato que pode ser correlacionado com
a tendência de diminuição de IP em função da profundidade.

Os valores mínimos, máximos e o número de ensaios de dissipação de excesso


de poropressão, considerados em cada um dos sítios estudados, estão apresentados
juntamente com os valores médios de ch(NA) na Tabela 7. 7. Com o intuito de obter
valores médios, que melhor representassem o subsolo local, foram calculadas duas
diferentes médias gerais de ch(NA). Na primeira análise, foram desconsiderados os
resultados dos sítios Minha Praia e Freedom, sendo obtido o valor médio de
ch(NA)=1,12x10-7 m2/s. Esse valor médio encontrado foi considerado elevado e superior
aos valores típicos obtidos nos depósitos de argila da Baixada de Jacarepaguá. Desta
forma, foi realizada uma nova média geral, na qual foram desconsiderados os resultados
dos seguintes locais: Vila Olímpica, Lotes 5 e 6, Rio Massa, CBF, Minha Praia e
Freedom. O novo valor médio de ch(NA) obtido foi de 4,39x10-8m2/s, considerado
representativo da argila mole local.

201
Tabela 7. 7 – Valores médios, mínimos e máximos de ch(NA).
V. Parque -
ch (NA) (m 2/s) Vila do PAN CM-I-F Barra-Bangu CM I P. Panela-F
Gleba F
Média 2.57E-08 3.42E-08 3.67E-08 3.15E-08 6.51E-08 7.28E-08
Mínimo 9.16E-09 8.87E-09 1.91E-08 9.20E-09 8.71E-09 6.29E-09
Máximo 3.48E-08 8.48E-08 5.42E-08 5.42E-08 3.15E-07 9.95E-07
n° de ensaios 5 3 2 5 24 28
2
ch (NA) (m /s) CM II Gleba F Obra 3 - FG Life Vila Olímpica Lotes 5 e 6
Média 3.85E-08 3.65E-08 4.95E-08 4.85E-08 2.04E-07 2.25E-07
Mínimo 8.87E-09 9.75E-09 9.03E-09 3.61E-08 1.15E-07 4.06E-08
Máximo 8.13E-08 8.87E-08 8.87E-08 7.80E-08 3.90E-07 5.13E-07
n° de ensaios 8 12 4 5 8 4
2 2
ch (NA) (m /s) Rio Massa CBF Minha Praia Freedom Média (m /s)* Média (m 2/s)**
Média 3.24E-07 3.80E-07 4.06E-06 3.76E-06 1.12E-07 4.39E-08
Mínimo 1.23E-07 6.97E-08 3.36E-06 8.13E-08 3.38E-08 1.25E-08
Máximo 5.42E-07 8.13E-07 4.76E-06 6.97E-06 2.95E-07 1.87E-07
n° de ensaios 5 8 2 8 Total de ensaios= 131
* Valores médios desconsiderando os resultados dos sítios Minha Praia e Freedom
** Valores médios desconsiderando os resultados dos sítios Vila Olímpica, Lotes 5 e 6, Rio Massa, CBF, Minha Praia
e Freedom

A diferença entre os valores médios de ch(NA), obtidos nos diferentes sítios, é


facilmente visualizada na Figura 7. 25. Em virtude dos valores médios dos sítios Minha
Praia e do Freedom situarem-se fora da faixa de valores considerada representativa dos
depósitos de argila mole da Baixada de Jacarepaguá, os mesmos não foram plotados
nesta figura. Os valores médios de cada sítio, já apresentados na Tabela 7. 7 são
plotados na forma de barras em conjunto com os valores médios gerais obtidos.

202
Figura 7. 25 – Valores médios de c h(NA) na face e na base do cone .

7.4.2 Coeficiente de adensamento vertical

Nesta subseção, serão correlacionados os coeficientes oriundos dos ensaios de


adensamento e piezocone. Os valores de c h(NA) oriundos do ensaio de CPTU foram
transformados em cv(NA) com a aplicação da equação 3.7. Foi adotado o valor 1,5 para
a anisotropia entre a permeabilidade horizontal e vertical, kh/kv=1,5 (Coutinho, 1976;
Berbert, 2016) .

A Figura 7. 26 mostra os valores do s coeficientes de adensamento vertica l


estimados em 4 sítios com o ensaio de adensamento edométrico. Os valores médios de
cv variaram de 1,8x10-8 m2/s a 3,0x10 -8m2/s. Em geral, os resultados provenientes dos
três ensaios apresentaram valores com a mesma magnitude, sendo 2, 3x10-8m2/s (0,7
m2/ano) o valor médio geral. Os resultados obtidos apresentam a mesma ordem de
grandeza dos valores sugeridos por Almeida e Marques (2010)
(2010) para argilas do Rio de
Janeiro, cv = 1,7x10-8 m2/s (0,5 m2/ano ).

203
cv(NA) (m2/s)
1.00E-10 1.00E-09 1.00E-08 1.00E-07 1.00E-06
0

-2

-4

-6
Profundidade(m)

-8

-10

CM I (adens)
-12 CM II (adens) cv (médio) = 2,3 E-8 (m2/s)
Gleba F (adens)
SESC (adens)
-14
cv(médio)
n° pontos = 32
-16

Figura 7. 26 – Coeficiente de adensamento vertical.

204
A

Figura 7. 27 apresenta os valores médios de cv (m2/ano), sendo possível


visualizar nos sítios CM I e CM II a tendência em aumento de cv em função da
profundidade. De forma análoga às medidas realizadas pa
para
ra ch, os valores médios de c v
obtidos a partir do ensaio de CPTU foram calculados de duas maneiras distintas. Na
primeira análise, foram desconsiderados os resultados dos sítios Minha Praia e
Freedom,, sendo obtido o valor médio de 7,5x10-8 m2/s (cv=2,4 m2/ano)).. O valor médio
Freedom
encontrado foi considerado elevado e superior aos valores típicos obtidos na argila mole
local. Diante desse resultado, foi realizada uma nova média geral, na qual foram
desconsiderados os resultados dos seguintes locais: Vila Olímpica,
Olímpica, Lotes 5 e 6, Rio
Freedom.. O novo valor médio obtido foi cv=0,9 m2/ano
Massa, CBF, Minha Praia e Freedom
(2,9x10-8m2/s), valor considerado representativo da argila mole local.

205
Figura 7. 27 – Comparação entre os valores médios de cv obtidos com o ensaio
de adensamento e com o ensaio de CPTU.

7.5 Conclusões Parciais

Neste capítulo foram resumidas as faixas de variação e de frequência dos


principais parâmetros de compressibilidade dos depósitos de argila orgânica e muito
mole existentes na Baixada de Jacarepaguá. Foram analisados os parâmetros obtidos em
10 diferentes sítios, sendo avaliada a qualidade de amostras de apenas 3 depósitos,
contudo, acredita-se que os intervalos de variação obtidos são representativos das
características do ssubsolo
ubsolo local.

A região em estudo possui elevada compressibilidade, os valores de C c variam


entre 1,0 e 3,5, o intervalo de variação de C s foi fixado entre 0,1 e 0,4 e a relação C s/Cc
possui o valor médio de 0,13. O intervalo de variação da razão de compressão foi
estimada entre 0,25 e 0,55. As análises de frequência comprovaram que as faixas de
206
variação fixadas são representativas dos intervalos com maiores quantidades de
resultados.

Foram avaliadas diversas correlações propostas na literatura para obtenção de Cc


a partir de w, e0, wL, IP. Os resultados indicam que as correlações entre Cc e w
(R2=0,70) e entre Cc e e0 (R2=0,81), possuem maior credibilidade. Essa afirmativa é
embasada no fato que ambas as correlações apresentaram valores de R2 satisfatórios, e
tendências de variação próximas às demais equações recomendadas pela literatura. Na
correlação entre Cc e wL foi obtido o valor de R2=0,78, entretanto somente a correlação
proposta por Yamagutshi (1959) apresentou resultados semelhantes aos aqui obtidos. A
correlação entre Cc e IP não apresentou bons resultados, e por esse motivo não é
recomendada. As tabelas que apresentam os valores médios de Cc para diferentes faixas
de variação de w, e0 e wL fornecem importantes informações, que podem ser utilizadas
em conjunto com as correlações propostas na obtenção destes parâmetros geotécnicos.

Diversos corpos de prova ensaiados tiveram valores de OCR menos que 1, fato
possivelmente relacionado à má qualidade das amostras que compõem o banco de
dados. Foi proposta a faixa de variação de OCR em função da profundidade, sendo
mostrado que a região possui uma crosta superficial com valores de OCR mais elevados
e valores constantes médios entre 1 e 1,5 ao longo da profundidade. Mesmo com
valores de IP de até 510%, foram obtidos boas estimativas de OCR com o ensaio de
palheta. De forma análoga, foram obtidas correlações com graus aceitáveis de
confiabilidade para as equações que relacionam σ’vm e qt-σv0 (R2=0,85) e σ’vm e qt-u2
(R2=0,83).

O coeficiente de adensamento horizontal foi obtido com o ensaio de dissipação


do excesso do poropressão do CPTU. A análise conjunta dos resultados dos ensaios
realizados em 16 sítios, mostrou que os valores de ch apresentam magnitudes distintas.
O valor de ch(NA)=4,3x10-8 m2/s, representa a média de 10 diferentes locais, sendo
considerado representativo dos depósitos de argila mole da Baixada de Jacarepaguá. O
valor médio de cv(NA)=2,3x10-8 m2/s foi obtido com o ensaio de adensamento
edométrico, sendo cv(NA)=2,9x10-8m2/s o valores médio obtido com o ensaio de CPTU.

207
CAPITULO 8 – RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DA ARGILA

Neste capítulo são analisados os resultados de 461 ensaios de palheta, realizados


em 15 diferentes sítios localizados na Baixada de Jacarepaguá. A resistência não
drenada obtida a partir do ensaio de palheta in situ é utilizada como referência. A partir
dela, são avaliadas as principais correlações propostas na literatura para a estimativa da
resistência não drenada do solo. São propostas correlações com graus aceitáveis de
confiabilidade e que podem ser utilizadas em projetos de baixo risco ou anteprojetos.

8.1 Variação da resistência não drenada em função da profundidade

Em geral, a resistência ao cisalhamento não drenada aumenta com a


profundidade (Figura 2.23). Essa tendência é visualizada na região em estudo, conforme
demonstra a Figura 8. 1. Na camada superficial do terreno, onde está localizado o solo
com maior teor de matéria orgânica, o valor de Su tende a ser maior e possuir uma maior
faixa de variação. Salienta-se que nesta camada estão localizadas as raízes da vegetação
local e muitos resultados de ensaios acabam sendo mascarados (sobrestimados) em
virtude deste fator. Com o aumento da profundidade, a faixa de variação de Su diminui.

Através do histograma apresentado na Figura 8. 2 é possível constatar que das


461 medições de Su que compõem o banco de dados, 70 ensaios realizados
apresentaram valores de Su menores que 5 kPa. É observado também que em torno de
84% dos ensaios tiveram valores de Su menores que 30 kPa. Essa faixa de variação da
resistência do solo é esperada e está de acordo com os valores encontrados em outros
depósitos brasileiros (e.g Ortigão e Collet, 1986; Lacerda e Almeida, 1995; Sandroni et
al., 1997; Oliveira e Coutinho, 2000; Almeida e Marques, 2003; Schnaid e Odebrecht,
2012; Coutinho e Bello, 2014; Jannuzzi et al., 2015).

208
Su (kPa) Su (kPa)
0 10 20 30 40 50 60 0 1 10 100 1000
0 0
-1
-2 -2
-3
-4 -4
-5
-6 -6
Prof. (m)

-7
-8 -8
-9
-10 -10
-11
-12 -12
-13
-14 -14 Faixa de
variação de Su
-15 (kPa)
Faixa de -16
-16 variação de Su
(kPa) n° pontos = 461
-17 n° pontos = 461
-18 -18
(a) (b)
Leduca V. Parque CM I Leduca V. Parque CM I
CBF Vila do PAN Pontal CBF Vila do PAN Pontal
P. Panela Olimpia Gleba F P. Panela Olimpia Gleba F
Rio Massa Lotes 5 e 6 P. Atletas Rio Massa Lotes 5 e 6 P. Atletas
SESC Life - Recreio CM II SESC Life - Recreio CM II
Lim. Inf. Lim. Sup. Lim. Inf. Lim. Sup.

Figura 8. 1 – Resistência não drenada do solo em função da profundidade. (a) Escala


aritmética e (b) Escala logarítmica.

Figura 8. 2 – Histograma da resistência não drenada do solo.


209
Terzaghi & Peck (1967) definem como “argila muito mole” aquela que tem uma
resistência não drenada inferior a 25 kPa e “argila mole” o solo que possui o mesmo
parâmetro, variando entre 25 e 50 kPa. Utilizando como base esta classificação, é
possível dizer que praticamente 76% dos resultados obtidos classificam os depósitos
estudados como argila muito mole (Su < 25kPa), Figura 8. 2.

8.2 Sensibilidade dos depósitos estudados

Os valores de sensibilidade (St) encontrados para os depósitos de argila mole em


estudo (Figura 8. 3) apresentam considerável dispersão, variando entre 1 e 20, sendo 7 o
valor médio geral. A Figura 8. 3a mostra que não existe uma tendência clara de variação
da St com a profundidade. A Figura 8. 3b apresenta a distribuição de frequência da St,
sendo possível concluir que: 18 amostras possuem sensibilidade menor que 2; 22% dos
resultados indicam que a argila em estudo possui baixa sensibilidade, 31% dos
resultados classificam a argila como de média sensibilidade e 38% das amostras foram
classificadas com sensibilidade alta. Apenas 1,5 % das amostras possuem sensibilidade
muito alta (St>16).

Mesmo com a dispersão dos dados obtidos, é possível visualizar que existem na
região em estudo depósitos com sensibilidades distintas. Na Figura 8. 4a, estão
apresentados seis sítios estudados, onde a argila possui menor sensibilidade, e na Figura
8. 4b estão plotados os resultados de quatro depósitos onde o solo possui maior
sensibilidade.

210
Figura 8. 3 – Classificação da sensibilidade da argila. (a) Em função da profundidade e
(b) Em função da frequência.
St St
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
0 0

-1 -1

-2 -2

-3 -3

-4 -4

-5 -5

-6 -6

-7 -7
Profundidade (m)

-8 -8

-9 -9

-10 -10

-11 -11

-12 -12

-13 n° pontos=93 -13


n° pontos=110
-14 -14

-15 -15
V. Parque CBF -16 Vila do PAN Gleba F
-16
Pontal CM I CM II SESC
-17 Olimpia Rio Massa -17
Série1 (b) Série2
-18 Série1 (a) Série2 -18
Série3 Série3

Figura 8. 4 – (a) Depósitos com menores valores de sensibilidade e (b) Depósitos com
maiores valores de sensibilidade

211
A Figura 8. 5a apresenta a relação entre a Su e a Sur. Mesmo com a dispersão dos
resultados, é possível visualizar a tendência de aumento da Sur com o aumento da Su. A
linha de tendência média obtida para 268 ensaios é (R2=0,58):

0 , 59
S u = 7 ,94 S ur (8.1)

Conforme mostrado na Figura 8. 5b, a relação entre a resistência ao


cisalhamento não drenada da argila e a sua sensibilidade resulta em uma “nuvem”
desordenada de pontos. Desta maneira não é possível visualizar nenhuma tendência de
aumento ou diminuição da Su com a variação da St.

70

60 Su = 7.9366xSur0.5918
R² = 0.5855
50
n° pontos=268
Su (kPa)

40

30

20

10

(a)
0
0.1 1 10 100
Sur (kPa)
70
Série6
60 n° pontos=268

50

40
Su (kPa)

30

20

10
(b)
0
0.1 1 10 100
St (kPa)

Figura 8. 5 – (a) Relação entre a Su e Sur, (b) Relação entre a Su e St.

212
Mitchell e Soga (2005) propuseram a correlação entre a sensibilidade e o índice
de liquidez para argilas marinhas norueguesas. Conforme pode ser visualizado na Figura
8. 6, os resultados (St vs. IL) obtidos na Baixada de Jacarepaguá apresentam grande
dispersão, entretanto é visualizada a tendência de aumento de St em função de IL.
Mitchell e Soga (2005) comentam ainda que índices de liquidez superiores a 1 indicam
solos com elevada sensibilidade. Esta afirmativa parece não ser representativa da região
em estudo, pois amostras com sensibilidade superior a 8 foram obtidas nas m
mesmas
esmas
profundidades de amostras com índices de liquidez que variam na faixa entre 0,3 e 1,6.
É observado novamente que na Figura 6. 33, mesmo com valores de I L superiores à
unidade, foi obtido o valor máximo de B q = 0,6, valor não indicativo de argilas
extrassensíveis.

Com base nas análises realizadas, não é possível afirmar para a região em
estudo, que os valores de IL próximos ou superiores à unidade são indi
indicativos
cativos de solos
com elevada sensibilidade.

Figura 8. 6 – Correlação entre I L e St (Mitchell e Soga, 2005 ).

213
8.3 Normalização da resistência ao cisalhamento não drenada

8.3.1 Resistência não drenada normalizada com a tensão de sobreadensamento

Conforme apresentado no Capítulo 2, com a utilização dos dados oriundos das


análises de Bjerrum (1972) e considerando o fator de segurança, Mesri (1975) propôs
que a resistência não drenada na ruptura de um aterro é independente de IP. O autor
obteve a relação Su(projeto)/σ’vm praticamente constante e igual a 0,22 com o índice de
plasticidade, ver equação 2.30.

O coeficiente 0,22 corresponde ao valor médio obtido com argilas de diferentes


plasticidades e resulta em valores de Su superestimados para argilas com baixa
plasticidade e subestimados para argilas com alta plasticidade. Com base em
retroanálises, Pinto (1992) sugere que o coeficiente pode variar entre 0,16 em solos não
plásticos a 0,29 em solos com IP=100%. Larsson (1980) percebeu que a equação
proposta por Mesri (1975) não é aplicada a todas as argilas. Segundo o autor, a equação
2.30 possui uma boa aplicação em argilas inorgânicas, porém os valores de α' a serem
aplicados em argilas orgânicas são superiores a 0,22 e não possuem um valor médio ou
uma relação com Ip representativa, como se verifica na Figura 8. 7.

214
0,4

0,3

α' 0,2

Argilas inorgânicas
Argilas orgânicas

0,1

0,0
20 40 60 80 100
IP (%)

Figura 8. 7 – Relação entre o coeficiente α' e IP para argilas orgânicas e inorgânicas


(Larsson, 1980).

Os resultados da normalização entre Su(cor)/σ’vm calculados para a Baixada de


Jacarepaguá em função da profundidade estão mostrados na Figura 8. 8a. Foi utilizado
em todas as amostras o fator de µ=0,60. Foi obtido o valor médio Su(cor)/σ’vm = 0,45,
sendo 0,58 e 0,33 os valores respectivos da média ± 1 desvio padrão. A Figura 8. 8b
mostra que os valores normalizados (Su(cor)/σ’vm) estão distribuídos de maneira
homogênea dentro da faixa de variação proposta, dos 44 pontos considerados na análise,
34 (~77%) situam-se no intervalo em que a relação Su(cor)/σ’vm é maior que 0,30 e menor
que 0,50.

215
Figura 8. 8 – Normalização da Su(cor) em função da σ’vm. (a) valores em função da
profundidade e (b) valores em função da frequência.

As observações de Larsson (1980) e Pinto (1992) em relação à magnitude do


coeficiente proposto por Mesri (1975) são limitadas a solos com IP=100%. Na falta de
dados para o índice de plasticidade superior a 100% (caso do presente estudo), é
proposta a correlação entre a Su(cor) e a tensão de sobreadensamento do solo obtida nos
ensaios de adensamento oedométrico, Figura 8. 9.
9. Para obtenção da linha de tendência
média local, foram desconsiderados os pontos julgados não representativos da argila
mole local, de forma análoga ao realizado na Figura 8. 8. A seguinte equação (R 2=0,75)
é representativa dos depósitos em estudo.

S u ( cor ) = 0,45 .σ 'vm (8.2)

216
30

25

20
Su(cor) (kPa)

Sítio Rio Mais


15

10 Su(cor) = 0,45σ
σ 'vm
R² = 0,7488
Su(cor) = 0,6*µ
µ
5
n° pontos = 44
n° pontos desconsiderados=8
0
0 20 40 60 80 100 120
σ 'vm (kPa)
Gleba F CM I CM II
P. Panela Lotes 5 e 6 Olimpia
SESC Rio Massa Pontos desconsiderados
Linear (Present Study)

Figura 8. 9 – Correlação entre a Su(cor) e a σ’vm

Conforme pode ser observado na Figura 8. 10, a equação 8.2 apresenta uma
estimativa consistente. O valor do coeficiente obtido é pouco superior ao valor proposto
por Larsson (1980) para argilas orgânicas e conforme esperado, superior ao valor de
0,22 sugerido por Mesri (1975). Salienta-se que a má qualidade das amostras tem
influência significativa na relação entre Su(cor)/σ’vm. O amolgamento da amostra (Ladd,
1973, Coutinho, 1976; Martins, 1983) afeta diretamente a forma da curva de
compressão dos ensaios oedométricos, tornando difícil a definição do ponto de menor
raio de curvatura, diminuindo o valor estimado para a σ’vm. Desta maneira os valores
elevados de Su(cor)/σ’vm podem ser representativos de amostras de má qualidade.

217
Su(cor) (kPa) Su(cor) (kPa)
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15
0 0

-1 Su=0,69*s'vm
Su=0,45*σσ 'vm
-1
-2 Su(cor)
Série6
Palheta
-3 Su=0,45*σσ 'vm
Su=0.69*s'vm -2

-4 Su(cor) Palheta
Série4
-5 -3
Prof. (m)

-6
-4
-7

-8 -5

-9
-6
-10

-11
-7
-12
Gleba F (a) CM II
-13 -8
(b)

Figura 8. 10 – Perfil de resistência ao cisalhamento não drenada corrigida. Aplicação da


correlação entre Su(cor) e σ’vm. (a) Gleba F e (b) CM II.

A Figura 8. 11 mostra a relação entre σ’vm/pa e Su/pa, sendo pa a pressão


atmosférica. Os resultados obtidos estão situados abaixo da linha formada pela equação
sugerida por Kulhawy e Mayne (1990). Entretanto, existe uma boa correlação (R2=0,65)
entre σ’vm/ pa e a Su/ pa fornecida pela equação 8.3.

σ 'vm =1,37⋅ Su (8.3)

A equação 8.3 pode ser reescrita como Su/σ’vm=0,73, que quando comparada
com a relação Su(cor)/σ’vm=0,45 (equação 8.2) resulta em um fator de correção médio de
0,61 (0,45/0,73=0,61). Conforme esperado, com a utilização da Figura 3.8 é verificado
que o valor de µ=0,61 é consistente com o valor de IP(médio)=109 obtido para a Baixada
de Jacarepaguá.

218
1.40
Pressão atmosférica (pa)=101,3 kPa
1.20

1.00
Kulhawy e Mayne (1990)
σ 'vm/pa (kPa)

σ 'vm=3,54 Su Sítio Rio Mais,


0.80
desconsideradado nas
análises. n° pontos=4
0.60

0.40

σ 'vm=1,3711 Su
0.20 R2=0,6457
n° pontos = 48
0.00
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35
Su/pa (kPa)
Gleba F CM I CM II
P. Panela Rio Massa Lotes 5 e 6
SESC Rio Mais
Kulhawy e Mayne (1990) Linear (Presente Estudo)

Figura 8. 11 – Correlação entre a Su /pa e a σ’vm/pa.

Embora se tenha obtido o valor de 0,65 para o coeficiente de determinação R2,


julga-se que o valor do coeficiente angular obtido na equação 8.3 é baixo. A aplicação
desta equação provavelmente irá conduzir a obtenção de valores subestimados de σ’vm
ou superestimados da Su. É observado que não foi possível verificar a qualidade das
amostras utilizadas para a obtenção de σ’vm.

8.3.2 Resistência não drenada normalizada com a tensão vertical efetiva

A resistência ao cisalhamento não drenada aumenta com a profundidade, com a


tensão vertical efetiva e com o OCR, sendo também dependente do teor de umidade (ver
item 2.2.4). Existe, assim, uma relação entre as curvas oriundas da correlação entre o
teor de umidade inicial do solo (w) e a tensão vertical efetiva inicial (σ’vo) e da
correlação entre w e a resistência Su (Hvorslev, 1937). A Figura 8. 12 apresenta as
correlações supracitadas plotadas para o sítio da Gleba F, mostrando que é possível
normalizar Su em função da σ’vo. A relação Su/ σ’vo é dependente também do ângulo de
219
atrito interno do solo (ou de M segundo a Teoria dos Estados Críticos) e aumenta com o
limite de liquidez (Skempton, 1948).

800
Gleba F
700
w (%) vs. σ ' vo (kPa)
dsds
600
w (%) vs. Su (kPa)
Série2
500
w (%)

400

300

200

100

0
0 5 10 15 20 25
σ 'vo; S u (kPa)

Figura 8. 12 – Variação da tensão efetiva inicial e da resistência ao cisalhamento do solo


em função da umidade.

A Figura 8. 13 mostra a variação da resistência não drenada do solo normalizada


pela tensão vertical efetiva. Na Figura 8. 13a é possível identificar que a maior faixa de
variação da relação Su/σ’vo ocorre nas camadas de solo localizadas próximas à superfície
do terreno. Essa maior amplitude é justificada pelos valores superiores da Su existentes
na crosta superficial, pelos baixos valores de σ’vo e também pela ampla faixa de
variação do limite de liquidez característico do solo em estudo. A Figura 8. 13b indica
que a faixa de variação de Su/σ’vo é elevada, com valores mínimos e máximos
respectivos de 0,25 e 1,50.

Na Figura 8. 14 são apresentados somente os valores Su menores que 30 kPa que


representam 84 % dos ensaios realizados. Nesta figura é possível visualizar com maior
nitidez a faixa de variação característica de Su/σ’vo, reforçando a afirmativa que os
valores mínimos e máximos de 0,25 a 1,50 são, respectivamente, representativos dos
depósitos de argila mole local.
220
Su / σ 'vo Su (kPa)
0 1 2 3 4 5 0 10 20 30 40 50 60
0 0

-2 -2

-4 -4

-6 -6

-8 -8
Turfa ou
-10
Prof. (m)

-10 lentes de
areia
-12 -12

-14 -14
Faixa de variação
-16 σ 'vo (kPa)
de Su/σ -16
n° pontos = 461
-18 -18
SSu (kPa)
u (kPa) SSu/s'vo=0,7
u /σ
σ'v0=0,7
-20 -20
SSu/s'vo=0,4
u /σ
σ'v0=0,25 Su /σ
σ'v0=1,5
Su/s'vo=1,4
(a) (b)
-22 -22

Figura 8. 13 – (a) resistência não drenada vs. profundidade; (b) resistência não drenada
normalizada vs. profundidade.

Su / σ 'vo Su (kPa)
0 1 2 3 4 5 0 10 20 30 40 50 60
0 0

-2 Turfa
-2

-4 -4

-6 -6 Utilizado
Su(máximo)=30 kPa
-8 Utilizado -8
Su(máximo)=30 kPa
Prof. (m)

-10 -10

-12 -12

Faixa de variação -14


-14
de Su/σ
σ 'vo (kPa)
-16 n° pontos = 367 -16

-18 -18
Su (kPa)
Su SSu/s'vo=0,7
u /σ
σ 'v0=0,7
-20 -20
Su /σ
σ 'v0=0,25
Su/s'vo=0,4 Su/s'vo=1,4
Su /σ
σ'v0=1,5
(a) (b)
-22 -22

Figura 8. 14 – (a) resistência não drenada vs. profundidade; (b) resistência não drenada
normalizada vs. profundidade - para Su(máx) = 30 kPa.
221
A frequência de variação da relação entre de Su/σ’v0 é mostrada na Figura 8. 15.
Na Figura 8. 15a
15a são analisados as 461 medições da Su realizadas, sendo concluído que
em 76% o valor da normalização da S u pela σ’vo é maior que 0,25 e menor que 1,5. A
maior amplitude de variação de Su/σ’ v0 ocorre próximo à superfície do terreno. Desta
forma, na Figura 8. 15b estão considerados apenas os ensaios realizados em
profundidades superiores a 6,0 m. Nesta nova análise, novamente o intervalo entre
0,25< Su/σ’v0 < 1,5 possui a maior frequência de dados, 85%.

Figura 8. 15 – Diagramas de frequência de S u/σ’v0. (a) Todos os valores e (b) Ensaios


realizados em profundid
profundidades
ades superiores a 6,0 m.

222
O limite inferior obtido para a relação entre de Su/σ’vo é condizente com a faixa
de valores obtidos por outros pesquisadores brasileiros, ver Tabela 8. 1. Entretanto, o
limite superior de Su/σ’vo=1,5 é extremamente elevado, sendo o valor médio de
Su/σ’vo=0,7 superior aos valores máximos apresentados na Tabela 8. 1. Salienta-se que,
em 11 dos 15 sítios onde foram realizados ensaios de palheta, foi utilizado o
equipamento da COPPE, onde a medição do torque é realizada próxima à palheta. Dos
trabalhos listados na Tabela 8. 1, apenas os resultados de Oliveira (2000) e Bello (2011)
utilizaram equipamento semelhante. Nos demais trabalhos, pode haver influência do
atrito solo/equipamento nos valores de Su apresentados.

Tabela 8. 1– Valores típicos da resistência não drenada normalizada pela tensão efetiva
(adaptado de Bello, 2011).

Local IP (médio) (%) Su(palhe ta)/σ


σ 'v0 Referência
B. Jacarepaguá - RJ 119 0,4-1,40 Presente pesquisa
Barra da Tijuca - RJ 109 0,42 Lacerda e Almeida (1995)
Juturnaíba - RJ 30-165 0,22-0,63 Coutinho (2000)
Sarapuí - RJ 60 0,35 Almeida (1986)
Itaipu - RJ 65-90 0,34-0,61 Pinto (1992)
Baixada Santísta - SP 97 0,29 Árabe (1986)
Suape - PE 95-120 0,47-0,62 Bello (2011)
Recife - PE 33-95 0,26-0,50 Oliveira (2000)
Aracajú - SE 35 0,22 Sandroni, et al (1997)
Porto Alegrete - RS 57 0,36 Soares (1997)

Na Figura 8. 16, em conjunto com os valores da Su obtidos na Baixada de


Jacarepaguá, são plotados os perfis de Su obtidos com a equação 2.29 (Schofield e
Wroth, 1968; Ladd et al., 1977). Na ausência dos valores de relação (Su/σ’vo)N.C, foi
utilizado o valor médio obtido para Su(corr)/σ’vm = 0,45 (ver Eq. 8.2). Para o coeficiente
m, foi adotado o valor típico de 0,85 (Jamiolkowski, et al., 1985).

Com o intuito de obter o perfil representativo dos valores mínimos e máximos da


resistência não drenada, foram utilizadas as faixas de variação do limite inferior e
superior de OCR (ver Figura 7.16) em conjunto com os valores da média ± 1 desvio do
peso específico natural do solo (γn), obtidos na Figura 6.19. A Tabela 8. 2 resume os
valores adotados.
223
Conforme mostrado na Figura 8. 16a, os dois perfis obtidos com a equação 2.32
podem ser considerados representativos da faixa de variação mínima e máxima da
resistência não drenada da argila local.

Na Figura 8. 16b, são comparados os valores da Su obtidos diretamente com o


equipamento da palheta no sítio da Gleba F e os valores calculados com a equação 2.32.
Nesta figura foram novamente adotados os valores de m=0,85 e K=0,45 e utilizados os
valores de σ’v0 e OCR obtidos nas mesmas profundidades em que foram realizados os
ensaios de palheta. O perfil obtido através da equação 2.29 apresentou resistência
inferior ao perfil da Su obtido com o ensaio de palheta, contudo, observa-se a mesma
tendência de aumento ou diminuição da Su com a profundidade nos 2 perfis. Esta
tendência indica preliminarmente que a equação 2.32 representa o comportamento da
resistência dos depósitos estudados, entretanto, na opinião do autor, devem ser definidos
com um maior número de amostras de adequada qualidade os valores de K e de OCR.

Su (kPa) Su (kPa)
0 10 20 30 40 50 60 0 5 10 15 20
0 0
-1 -1
-2 Utilizado -2
Sítio Gleba F
-3 Su(máximo)=30 kPa -3
-4 -4
-5
n° pontos=387 -5
-6 -6
-7 -7
Prof. (m)

-8 -8
-9 -9
-10 -10
-11 -11
-12 -12
-13 -13
-14 -14
-15 -15  Su   S 
  =  u  (OCR ) m
-16 -16  σ ' v 0  O .C  σ ' v 0  N .C
-17 -17
(a) (b)
(b)
-18 -18
SuSu (kPa)
_Palheta (kPa) Su_Palheta (kPa)
L.Limite inferior
inferior de OCR
de OCR e γ 'n (1,14 kN/m3)
e gn* Estados Críticos/ Método SHANSEP
Limite superior de OCR e γ 'n (1,45 kN/m3 )
L. superior de OCR*

Figura 8. 16 – (a) Obtenção dos limites inferior e superior da Su através da Mecânica


dos Estados Críticos/ Método SHANSEP e (b) Comparativo com o sítio da Gleba F.

224
Tabela 8. 2 – Resumo dos parâmetros utilizados na Figura 8. 16.

Limite Inferior Limite Superior


Prof. (m) 3 3 K m
γ 'n (kN/m ) OCR γ ' n (kN/m ) OCR
0.0 1.14 5.0 4.5 8.0 0.45 0.85
-0.5 1.14 3.0 4.5 6.0 0.45 0.85
-1.0 1.14 2.0 4.5 5.0 0.45 0.85
-2.0 1.14 1.2 4.5 3.5 0.45 0.85
-3.0 1.14 1.0 4.5 2.5 0.45 0.85
-4.0 1.14 1.0 4.5 2.2 0.45 0.85
-5.0 1.14 1.0 4.5 2.1 0.45 0.85
-6.0 1.14 1.0 4.5 2.0 0.45 0.85
-7.0 1.14 1.0 4.5 2.0 0.45 0.85
-8.0 1.14 1.0 4.5 2.0 0.45 0.85
-9.0 1.14 1.0 4.5 2.0 0.45 0.85
-10.0 1.14 1.0 4.5 2.0 0.45 0.85
-11.0 1.14 1.0 4.5 2.0 0.45 0.85
-12.0 1.14 1.0 4.5 2.0 0.45 0.85
-13.0 1.14 1.0 4.5 2.0 0.45 0.85
-14.0 1.14 1.0 4.5 2.0 0.45 0.85
-15.0 1.14 1.0 4.5 2.0 0.45 0.85
-16.0 1.14 1.0 4.5 2.0 0.45 0.85
-17.0 1.14 1.0 4.5 2.0 0.45 0.85
-18.0 1.14 1.0 4.5 2.0 0.45 0.85
* Limite inferior e superior de OCR obtidos a apartir dos valores apresentados no Cap. 7

8.4 Correlações para obtenção da resistência não drenada da argila

Conforme apresentado no Capítulo 2, desde as fases iniciais do desenvolvimento


da Mecânica dos Solos, diversos pesquisadores têm estudado possíveis métodos para
prever a Su a partir de parâmetros simples do solo, tais como os limites de consistência.

8.4.1 Correlações entre Su/σ’vo e o índice de plasticidade do solo

Existem diversas correlações empíricas para estimativa da relação entre Su/σ’vo e


o índice de plasticidade do solo. A correlação (equação 2.29) proposta por Skempton
(1957) a partir da análise dos resultados de argilas normalmente adensadas é uma das
mais difundidas.
225
Curvas representativas de argilas jovens (normalmente adensadas) e argilas
envelhecidas (pré-adensadas) foram propostas por Bjerrum (1973), ver Figura 8. 17.
Devido à elevada plasticidade do solo em estudo, IP(médio)=109%, foi necessário
prolongar as curvas propostas por Bjerrum (1973). É salientado que as amostras datadas
pelo método do Carbono
Carbono--14
14 indicam que os sedimentos que formam os depósitos
estudados possuem ent
entre
re 3500 e 6000 anos (Figura 2.15).

Apesar da dispersão dos dados, observa-se na Figura 8. 17 uma distribuição


regular dos pontos, situados em geral entre as faixas pr
propostas
opostas para argilas jovens e
envelhecidas. Pontos fora da faixa de variação, com IP menores que 80% podem ser
indicativos de lentes de areia ou conchas no solo. Os demais pontos indicam a presença
de uma camada superficial com maior resistência, com o mesmo
mes mo comportamento da
história de tensões apresentado no Capítulo 7 ou que podem ser fruto de valores da S u
sobrestimados devido à presença de raízes da vegetação local. Para os depósitos
estudados não é possível observar a tendência de crescimento da relação S u/σ’vo com IP,
não sendo recomendada a equação 2.2 9 sugerida por Skempton (1957).

Figura 8. 17 – Correlação entre S u/σ’vo e o índice de plasticidade (I P) do solo.


226
8.4.2 Correlações entre Su/σ’vm e os limites de consistência

A Tabela 8. 3 apresenta algumas correlações propostas na literatura para


obtenção da Su a partir do índice de plasticidade do solo e da tensão de
sobreadensamento. Estas correções são plotadas na Figura 8. 18 em conjunto com os
valores obtidos para a região em estudo. Apesar de se observar a tendência de aumento
de Su/σ’vm com IP, verifica-se grande dispersão dos resultados. Isto indica que, para o
caso presente, a relação entre de Su/σ’vm é menos influenciada pelo IP do que mostrado
na literatura. Salienta-se entretanto que os valores de índice de plasticidade das argilas
aqui estudadas são em geral superiores aos valores de IP utilizados nas correlações
propostas na literatura e que a linha de tendência obtida difere dos demais estudos
realizados, em especial no intercepto inicial. O valor obtido para o coeficiente de
determinação (R2=0,015) é extremamente baixo, indicando que não foi obtida neste
estudo uma correlação consistente entre Su/σ’vm e IP.

Tabela 8. 3 – Correlações entre Su/σ’vm e IP

Equação Tipos de Solos Referência

S u / σ 'vm = 0,0024.I P + 0,20 Argilas do Canadá, IP<60% Leroueil et al., (1983)

S u / σ 'vm = 0,003.I P + 0,14 Argilas em geral, IP<80% Lambe e Whitmann (1979)

Su / σ 'vm = 0,45.( I P / 100)1/ 2 Argilas NA Wroth e Houlsby (1985)

S u / σ 'vm = 0,00435.I P + 0,129 Argilas NA Bjerrum e Simons (1960)


Fonte: Adaptado de Kempfert e Gebreselassie, (2010).

227
1.5

1.25

1
σ 'vm

0.75
Su/σ

0.5

Su/σ
σ ' vm = 0,50+0,0017IP
0.25 R² = 0.115
n° pontos=47

0
0 100 200 300 I (%) 400 500 600
P

Rio Mais Gleba F CM I


CM II P. Panela Rio Massa
SESC Leroueil et al., (1983) Skempton (1954)
Lambe e Whitmann (1969) Wroth e Houlsby (1985) Presente estudo

Figura 8. 18 – Correlação entre Su/σ’vm e IP.

A Figura 8. 19 apresenta a relação de Su/σ’vm versus IP para os depósitos


estudados na Baixada de Jacarepaguá. Nesta figura incluem-se os dados apresentados
por Futai et al., (2008) para diferentes sítios do RJ (IP(máximo) = 100%) em conjunto com
os dados de argilas do leste do Canadá (Leroueil et al., 1983; Marques, 2001). Futai et
al (2008) comentam que o índice de plasticidade das argilas do Rio de Janeiro é
superior ao IP das argilas canadenses, e que devido à dispersão dos dados, não foi
possível a obtenção de um adquado ajuste linear. Segundo os autores, alguns valores da
relação entre Su/σ’vm obtidos são mais elevados que a relação proposta por Leroueil et
al., (1983), o que pode ser explicado pela qualidade da amostragem, valores baixos de
Su/σ’vm são indicativos de amostras de boa qualidade. De maneira análoga, a relação
entre Su/σ’vm versus IP para os depósitos aqui estudados não é clara, mesmo nos casos
onde o índice de plasticidade é inferior a 100% os resultados situam-se acima da
equação proposta para as argilas canadenses, citando-se novamente a possibilidade de

228
dados obtidos. O valor de R2=0,015 não permite que seja
subestimativa de σ’vm nos dados
proposta neste estudo a correlação entre Su/σ’vm e IP.

Figura 8. 19 – Correlação entre S u/σ’vm e IP para as argilas do RJ (adaptado de


Futai et al., 2008).

As equações 8.4 e 8.5 foram propostas respectivamente por Hansbo (1957) e


Windisch e Yong (1990) para a estimativa de relação entre Su/σ’vm e o limite de liquidez
de argilas escandinavas normalmente adensadas. Bowles (1984) propôs também a
equação 8.
8.4
4 para argilas NA com wL>40%.

S u / σ ' vm = 0 ,0045 w L (8.4)

S u / σ 'vm = − 0,18 + ( 0,0072 w L ) (8.5)

Bjerrum e Simon (1960) propuseram a equação 8.6 para a obtenção da relação


entre Su/σ’vm e o índice de liquidez do solo em argilas normalmente adensadas.

S u / σ ' vm = 0 ,18 ( I L ) 1 / 2 (8.6)

As equações 8.4 a 8.6 foram avaliadas entretanto, os resultados obtidos


apresentaram correlações muito baixas e as linhas de tendência obtidas não se
adequaram às propostas recomendadas pela literatura.
229
8.4.3 Correlações entre a resistência ao cisalhamento não drenada e o índice de
liquidez

A Figura 8. 20 apresenta a relação entre a resistência ao cisalhamento não


drenada amolgada (Sur) e o índice de liquidez do solo. Os resultados obtidos estão, em
geral, situados acima do limite superior da equação teórica dos estados críticos do solo
(equação 2.27, Wroth and Wood, 1978). A tendência de variação de Sur em função de IL
na Baixada de Jacarepaguá é melhor representada pela equação 2.28 (Leroueil et al.,
1983).

Figura 8. 20 – Correlação entre a resistência não drenada amolgada e o índice de


liquidez (adaptado de Schnaid, 2009).

230
A Figura 8. 21, extraída de Kulhawy e Mayne (1990) mostra a faixa de variação
de Su em função de IL sugerida por Wood (1983). É possível visualizar que a relação
entre Su e IL obtida para a Baixada de Jacarepaguá situa-se no limite superior de I L e
dentro da faixa proposta.

Figura 8. 21 – Resistência ao cisalhamento não drenada vs. índice de liquidez (adaptado


de Kulhawy e Mayne 1990).

8.5 Obtenção da resistência não drenada com o ensaio de CPTU

8.5.1 Fatores de cone

A resistência não drenada do solo pode ser estimada a partir de correlações entre
a resistência de ponta corrigida do CPTU (q t) e o excesso de poropressão u 2 (e.g Lunne
et al., 1985; Robertson e Campanella, 1988
al., 1988;; Lunne et al, 1997; Danziger e Schnaid,
2000; Robertson e Cabal, 2015).

231
(q t − σ v 0 )
S u ( CPTU ) = (8.7)
N kt

u2 − u0
S u ( CPTU ) = (8.8)
N ∆u

qt − u 2
S u (CPTU ) = (8.9)
N ke

Onde Nkt; N∆u; Nke são fatores empíricos obtidos, em geral, através da correlação
com o ensaio de palheta. A equação 8.7 é a mais utilizada na prática brasileira
(Danziger e Schnaid, 2000; Almeida e Marques, 2010; Schnaid e Odebrecht, 2012). A
equação 8.8 tem a vantagem da acurácia nas medidas de u2 e u0 serem superiores às
outras grandezas medidas, principalmente em argilas moles (Campanella e Robertson,
1988).

A Figura 8. 22a, mostra que o fator de cone Nkt varia de forma aleatória com a
profundidade. Na Figura 8. 22b é apresentada a distribuição de frequência de Nkt, sendo
constatado que 15% dos resultados obtidos foram de Nkt menores que 6 e 23% dos
resultados tiveram valores de Nkt maiores que 18. A faixa de variação em que Nkt é
maior que 6 e menor que 18 concentra 62% dos resultados. Na Figura 8. 23 é plotada a
relação entre a Su obtida com o ensaio de palheta e a resistência de ponta líquida do
CPTU (qt-σv0). Nesta figura é possível observar que a elevada faixa de variação de Nkt e
constatar que os valores de Nkt=6 e Nkt=18 são representativos do limite inferior e do
limite superior deste fator de cone. O intervalo de variação de outros depósitos
brasileiros também é amplo (e.g. Santa Cruz 6,5 a 19,5 - Lima, 2012; Pernambuco 6 a
14 - Coutinho e Bello, 2014; Porto Alegre 8 a 16 - Schnaid e Odebrecht, 2012). Em
geral é observado que a média de Nkt nos depósitos brasileiros varia entre 9 e 12
(Coutinho e Schnaid, 2010). Tavernas e Leroueil (1987) obtiveram a faixa de variação
entre 11 e 17 em ensaios realizados em argilas do Canadá. Em geral os valores de Nkt
variam entre 10 e 20, sendo 14 o valor médio (e.g. Lunne et al., 1997; Schnaid, 2009;
Robertson, 2009).

232
Figura 8. 22 – Fator de cone N kt. (a) Variação em função da profundidade e (b)
variação em função da frequência.

40

Nkt=6
Nkt=12
30

Nkt=18
Su (kPa)

20

10

n° pontos = 177
0
0 100 200 300 400 500
qt-σ v0 (kPa)
Gleba F CM II CM I SESC
Lotes 5 e 6 P. Panela Vila Pan Life
Nkt=6 Nkt=12 Nkt=18

Figura 8. 23 – Faixas de variação do fatore de cone Nkt.


233
A Figura 8. 24a, mostra que existe uma ten
tendência
dência de aumento de N∆u em função
da profundidade
profundidade.. O histograma apresentado na Figura 8. 24b,
24b, confirma que a faixa de
variação de N∆u pode ser fixada entre 2 e 8, pois 69% dos valores de N ∆u obtidos estão
situados dentro deste intervalo.

Figura 8. 24 – Fator de cone N ∆u. (a) Variação em função da profundidade e (b)


variação em função da frequência.

Na Figura 8. 25 é plotada a relação entre a Su obtida com o ensaio de palheta e a


relação entre a variação do excesso de poropressão (u2) em relação à poropressão
hidrostática (u0), ∆u= u2-u0, sendo observado que o intervalo em que N∆u é maior que 2 e
menor que 8 é representativo do limite inferior e do limite superior deste fator de cone.
Valores médios de N∆u para as argilas brasileiras de 7 e 9,5 foram propostos
respectivamente por Meireles (2002) e Coutinho e Schnaid (2010). Coutinho e Bello
(2014) obtiveram a faixa de variação de N ∆u entre 7,5 e 11 para depósitos de argila mole
de Recife. La Rochelle et al.,
al., (1988) obtiveram a variação de N∆u entre 7 e 9, em
depósitos de argilas canadenses,
canadenses, que possuíam σ’vm variando entre 1,2 e 50. Robertson e

234
Cabal (2015) apresentam a faixa de variação de N∆u entre 4 e 10 e Mayne (2008)
recomenda o valor de N∆u=10 para argilas de Nova Orleans, EUA. É possível dizer que
os valores obtidos de N∆u para a Baixada de Jacarepaguá são, em geral, inferiores aos
demais valores reportados na literatura.

40

N∆ u=2 N∆ u=4

30
Su (kPa)

20
N∆ u=9

10

n° pontos = 125
0
0 50 100 150 200
u2-u0 (kPa)
Valores Medidos NDu=2
N∆ u = 2 Nkt=6
N ∆u = 4
N∆ u = 9
NDu=9

Figura 8. 25 – Faixas de variação do fatore de cone N∆u.

A variação do fator Nke em função da profundidade é mostrada na Figura 8. 26a,


sendo possível observar que de forma análoga ao fator Nkt, não existe nenhuma
tendência de aumento ou diminuição de Nke com o aumento da profundidade. O
histograma apresentado na Figura 8. 26b, mostra que 68% dos valores de Nke ocorrem
no intervalo em que Nke é maior que 3 e menor que 15. Este é o fator de cone que
apresentou a maior dispersão dos resultados, Figura 8. 27. Meireles (2002) propôs o
valor médio de Nke=7 para as argilas brasileiras. Coutinho e Bello (2014) obtiveram a
faixa de variação de Nke entre 4 e 9 para depósitos de argila mole de Recife e
Hosseinpour (2015) obteve o valor médio de Nke=11 em estudo realizado em Santa
Cruz, RJ.
235
Figura 8. 26 – Fator de cone N ke. (a) Variação em função da profundidade e (b)
variação em função da frequência.

40
Nke=3 Nke=9

30

Nke=15
Su (kPa)

20

10

n° pontos = 177
0
0 100 200 300 400 500
qt-u2 (kPa)
Gleba F CM II CM I SESC
Lotes 5 e 6 P. Panela Vila Pan Life
Nke=3 Nke=9 Nke=15

Figura 8. 27 – Faixas de variação do fatore de cone N ke.


236
Observa-se nas Figura 8. 22 a Figura 8. 27 que há uma considerável dispersão
dos valores obtidos para os três fatores de cone. A dispersão dos valores pode ser
atribuída à variabilidade do solo em estudo (variação de resistência, rigidez e
plasticidade) e também a diferentes equipamentos e técnicas de ensaio (Lunne et al.
1992; Houlsby, 1988; Schnaid e Rocha Filho, 1995; Ladd e De Groot, 2003). A
experiência acumulada de mais de 25 anos na realização de ensaios de piezocone indica
que os valores dos fatores de cone devem ser obtidos para cada depósito (Lunne et al.,
1997; Coutinho e Schnaid, 2010; Almeida et al., 2010, Coutinho e Bello, 2014).

Exemplos da estimativa da resistência não drenada obtidos a partir dos fatores de


cone são apresentados na Figura 8. 28. Nesta figura é possível visualizar que o perfil do
sítio do SESC possui uma camada superficial que varia de 0 a 4 m com menor
resistência Su, seguida de uma de argila com maior resistência. Por esse motivo, foram
atribuídos diferentes valores aos fatores de cone. Salienta-se é que possível plotar com o
programa desenvolvido todos os perfis de Su obtidos a partir dos fatores de cone Nkt,
N∆u e Nke.

237
Su Nkt (kPa) Su Nke (kPa) Su N∆∆ u (kPa)
0 10 20 30 40 0 10 20 30 40 0 10 20 30 40
0 0 0

-1

-2 -2 -2

Nkt=9 Nke=7 N∆u=3


-3

-4 -4 -4
Prof. (m)

-5

-6 -6 -6

-7
Nke=8 N∆u=5
Nkt=13
-8 -8 -8

-9

-10 -10 -10

Palheta 1 Palheta 2 Palheta 3 Palheta 1 Palheta 2 Palheta 3 Palheta 1 Palheta 2 Palheta 3


Palheta 1 Su(Nkt)
-11 Palheta 1 Su(Nke) Palheta 1 Su(Ndu)

(a) (b) (c)


-12 -12 -12

Figura 8. 28 – Resistência não drenada estimada a partir dos fatores de cone (a) Nkt, (b) Nk e (c) N∆u. Sítio do SESC.

238
8.5.2 Correlação com o excesso de poropressão

Um método para a estimativa da resistência não drenada do solo a partir do


excesso de poropressão gerado durante a dissipação do CPTU foi proposto por
Mantaras et al., (2014). Levando em consideração que em solos argilosos o excesso de
poropressão (u2) e a resistência não drenada (Su) dependem das mesmas variáveis
(rigidez do solo, estado de tensão e história de tensões), utilizando a teoria de expansão
de cavidade e a teoria dos estados críticos, os autores obtiveram estimativas consistentes
de Su a partir de u2. A equação 8.10 foi proposta pelos autores.

∆ u max
S u ( DPP ) = (8.10)
4, 2 * log( I r )

Onde: Su(DPP): resistência não drenada obtida a partir do ensaio de dissipação do


excesso de poropresão; ∆umáx: poropressão normalizada máxima; e Ir (G/Su): índice de
rigidez do solo, sendo aqui novamente utilizado o valor de 50.

Com o objetivo de testar e validar a equação proposta por Mantaras et al.,


(2014), foram calculados os valores de Su(DPP) obtidos com os ensaios de dissipação do
excesso de poropresão na região em estudo. Os resultados foram então comparados com
os valores obtidos por meio do equipamento de palheta (referência) e também com o
Su(Nkt) (equação 8.7), para visualização do perfil de Su contínuo com a profundidade. A
Figura 8. 29 mostra os perfis obtidos para três diferentes sítios estudados (Lotes 5 e 6,
Recreio Life e Vila Panamericana). É possível constatar que os resultados da correlação
proposta por Mantaras et al., (2014) são próximos aos valores obtidos com o ensaio de
palheta e com a correlação com Nkt.

239
Su (kPa) Su (kPa) Su (kPa)
0 5 10 15 20 25 30 35 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35
0 0 0

-1 Recreio Life Vila Panamericana


-1 Lotes 5 e 6 -1
-2
-2 -3 -2

-3 -4 -3
-5
Prof. (m)

-4 -4
-6

-5 -7 -5
Lente de areia
-8 detectada com o
-6 ensaio de CPTU -6
-9
-7 -10 -7

-11
-8 -8
-12
-9 -9
-13

-10 -14 -10


Su(DPP)-1 Su(DPP)-2 Palheta 1 -15 Su(DPP)-1 Su(DPP)-2 Su(DPP)-3 Su(DPP)-1 Su(DPP)-2 Palheta 1
-11 -11
-16 Palheta 1 Palheta 2 Palheta 3
Palheta 2 Su(Nkt=12) (a) Palheta 2 Su(Nkt=11)
Su(Nkt=12) (b) -12 (c)
-12 -17

Figura 8. 29 – Comparativo entre a resistência Su obtida com diferentes metodologias. (a) Lotes 5 e 6, (b) Recreio Life e (c) Vila
Panamericana.

240
Na Figura 8. 30 são comparados diretamente os valores de Su(DPP) obtidos a
partir da correção proposta por Mantaras et al., (2014) e os valores de Su obtidos com o
ensaio de palheta. Nesta figura estão correlacionados 85 resultados de Su e Su(DPP),
obtidos a partir de verticais de ensaios realizados no mesmo sítio de investigação e com
profundidades semelhantes. Os valores obtidos com a equação 8.10 são em torno de
1,5% inferiores aos valores obtidos pelo ensaio de palheta, equação 8.11, R2=0,81. Os
valores obtidos são indicativos que a equação 8.10 pode ser aplicada para a estimativa
de Su nos depósitos da Baixada de Jacarepaguá.

S u ( palheta ) = S u ( DPP ) .1,015 (8.11)

40
Su(Vane)=Su(DPP-CPTU)
35

30

25
Su (palheta) kPa

Su(palheta)=1,0154*Su(DPP)
20 R² = 0,8084
n° pontos = 85
15

10 Série1

Su_Vane=Su_DPP-CPTU
5
Linear (Série1)

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Su (DPP) kPa

Figura 8. 30 – Correlação entre Su obtido com o ensaio de palheta e Su obtido com o


método de Mantaras et al., (2014).

8.6 Conclusões parciais

Neste capítulo foram apresentados os resultados de 461 ensaios de palheta


realizados em 15 diferentes sítios localizados na Baixada de Jacarepaguá. Em geral 76%
dos ensaios realizados possuem Su<25 kPa e classificam a argila local como muito
mole. Os resultados mostraram que existe a tendência de aumento da resistência não

241
drenada amolgada (Sur) com o aumento da resistência não drenada, entretanto, não
existe nenhuma tendência de aumento de St com o Su. A relação entre Sur e o índice de
liquidez do solo foi consistente com as equações sugeridas pela Teoria dos Estados
Críticos (Wroth e Wood, 1978 e Leroueil et al., 1983).

Foram obtidos valores de sensibilidade variando entre 1 e 20, sendo St=7 a


média geral. A maior concentração dos dados aqui obtidos, 69% indica que os depósitos
estudados possuem sensibilidade média e alta.

A normalização da resistência não drenada corrigida (Su(cor)) pela tensão de


sobreadensamento variou entre 0,33 e 0,58, sendo Su(cor)/σ’vm = 0,45 o valor médio
geral. Entretanto, de forma geral, as correlações envolvendo a tensão de
sobreadensamento indicaram que esse parâmetro foi subestimado, em consequência da
utilização de amostras amolgadas. Foi obtida com R2=0,65 a relação entre Su/σ’vm=0,73,
a comparação direta entre Su(cor)/σ’vm e Su/σ’vm resultou no fator de correção médio de
µ=0,61, valor este recomendado para argilas com elevada plasticidade, IP~100%. A
normalização Su/σ’vo resultou em valores superiores aos demais depósitos brasileiros,
sendo Su/σ’vo=0,70 o valor médio geral. O intervalo em que Su/σ’vo é maior que 0,25 e
menor 1,5 foi considerado representativo dos depósitos estudados.

Foram obtidas faixas amplas de variação dos fatores de cone, sendo que a maior
concentração de Nkt localiza-se no intervalo entre 6 e 18. O fator de cone N∆u foi o único
que apresentou tendência de aumento em função da profundidade, seu intervalo de
variação foi fixado entre 2 e 8. Dentre os 3 fatores analisados, o Nke foi o que apresentou
maior dispersão nos resultados, a maior porcentagem dos dados está localizada no
intervalo entre 3 e 15.

A correlação proposta por Mantaras et al., (2014) para obtenção de Su a partir do


excesso de poropressão do CPTU foi testada e validada. Foram comparados os valores
de Su obtidos em 85 ensaios de palheta com os valores de Su obtidos a partir do excesso
de poropressão, em ensaios de dissipação e palheta realizados nos mesmos sítios e
profundidades próximas. O coeficiente de determinação R2=0,80 indica que a equação
proposta pode ser utilizada para a estimativa da resistência não drenada dos depósitos de
argila mole da Baixada de Jacarepaguá.

242
CAPITULO 9 – CONCLUSÕES E SUGESTÃO PARA
PESQUISAS FUTURAS

As principais conclusões obtidas no estudo realizado e as recomendações de


pesquisas futuras são descritas a seguir.

9.1 Considerações iniciais

Visando o embasamento conceitual do tema em estudo, foi discutida a origem e


a formação dos depósitos de argila mole e orgânica existentes na Baixada de
Jacarepaguá/RJ. Em paralelo foi apresentado o embasamento teórico da tese com base
na Teoria dos Estados Críticos. De forma sintetizada, foram elencadas as principais
práticas que devem ser seguidas na programação de investigações geotécnicas, sendo
descritos os principais equipamentos e parâmetros empregados na prática brasileira de
ensaios realizados em solos moles. Para a análise do comportamento do subsolo da
Baixada de Jacarepaguá foram organizados na forma de banco de dados os resultados
obtidos em 24 diferentes sítios. Foram realizadas 20 verticais para retirada de amostras
indeformadas, 67 ensaios de CPTU e 48 verticais de palheta. O sistema SIGWeb
desenvolvido possibilitou que os dados fossem padronizados, organizados e acessados
de forma rápida e simples.

9.2 Sistema SIGWeb desenvolvido

Com o sistema SIGWeb desenvolvido é possível incluir um número ilimitado de


resultados de ensaios de campo (CPTU e palheta) e laboratório (caracterização e
adensamento edométrico). A locação de diferentes ilhas de investigação é realizada no
Google Maps a partir das coordenadas geográficas do local investigado, sendo possível
incluir informações de qualquer parte do globo terrestre e compará-las com os ensaios já
cadastrados. Todas as funções criadas para a ferramenta foram testadas e validadas,
243
todos os resultados dos ensaios utilizados nesta pesquisa estão cadastrados no sistema e
podem ser acessados de forma remota por diferentes usuários. Conclui-se que foi
desenvolvida uma importante e inovadora ferramenta, que poderá ser disponibilizada
para a comunidade geotécnica e ser utilizada em pesquisas acadêmicas ou projetos de
construções sobre argilas moles.

9.3 Índices físicos e propriedades dos solos

O subsolo da região em estudo é formado por deposições de sedimentos


distintos, que deram origem a depósitos com diferentes espessuras de argila, de
consistência mole a muito mole, elevada plasticidade e presença de matéria orgânica,
lentes de areia e conchas. Mesmo com a heterogeneidade dos perfis, foi possível
apresentar as faixas de variação mínimas e máximas, os valores médios e a frequência
de ocorrência dos principais parâmetros utilizados para caracterizar solo. Entretanto não
foi possível adotar nas análises realizadas perfis característicos, com a subdivisão dos
depósitos em camadas de comportamento semelhantes. Foram recomendadas
correlações com graus aceitáveis de confiabilidade (e.g., e0 vs. wL, R2=0,76; e0 vs. wP,
R2=0,75 e e0 vs. IP, R2=0,69) para obtenção do índice de vazios inicial do solo a partir
dos limites de Atterberg, sendo propostas tabelas com os valores médios obtidos para as
diferentes faixas de concentração destes parâmetros. Foram avaliados os valores
médios, mínimos e máximos da resistência de ponta corrigida (qt) de 66 verticais de
CPTU, sendo observado que os depósitos aqui estudados são classificados como argila
mole quando possuírem qt variando entre 200 kPa e 520 kPa.

9.4 Compressibilidade, história de tensões e coeficientes de adensamento

Os depósitos investigados possuem elevada compressibilidade, com valores de


Cc entre 1,0 e 3,5 e Cs entre 0,1 e 0,4, sendo o valor médio da relação entre Cs/Cc = 0,13.
A faixa de variação da razão de compressão foi estimada entre 0,25 e 0,55. São
recomendadas as correlações entre Cc e w (R2=0,70) e entre Cc e e0 (R2=0,81). Os sítios

244
estudados possuem camada superficial com valores de OCR mais elevados e valores
constantes médios entre 1 e 2 ao longo da profundidade. Mesmo com valores de IP de
até 510%, foram obtidas boas estimativas de OCR com o ensaio de palheta. Os
coeficientes de determinação obtidos com as correlações entre σ’vm e qt-σv0 (R2=0,85) e
σ’vm e qt-u2 (R2=0,83), as credenciam para aplicação em anteprojetos geotécnicos. A
análise conjunta dos resultados dos ensaios realizados em 16 sítios, mostrou que os
valores de ch apresentam magnitudes distintas. O valor de ch(NA)=4,3x10-8 m2/s,
representa a média de 10 diferentes locais, sendo considerado representativo dos
depósitos de argila mole da Baixada de Jacarepaguá. O valor médio de cv(NA)=2,3x10-8
m2/s foi obtido com o ensaio de adensamento edométrico, sendo cv(NA)=2,9x10-8m2/s o
valores médio obtido com o ensaio de CPTU.

9.5 Resistência não drenada da Baixada de Jacarepaguá

Os resultados de 461 ensaios de palheta realizados em 15 diferentes sítios


mostram que a maior faixa de variação da Su encontra-se próxima à superfície do
terreno, existindo após a crosta pré-adensada a tendência de aumento de Su em função
da profundidade. Em geral 76% dos ensaios realizados possuem Su<25 kPa e
classificam a argila local como muito mole. Foi obtido o valor médio de St=7, sendo
que 69% dos resultados indicam que os depósitos estudados possuem sensibilidade
média e alta. Foi obtido o valor médio de 0,45 para a normalização de Su(cor) pela σ’vm e
de 0,73 para a normalização Su/σ’vm, o fator de correção µ=0,61 é obtido com a
comparação direta entre Su(cor)/σ’vm e Su/σ’vm, valor este recomendado para argilas com
elevada plasticidade, IP~100%. De forma análoga com as normalizações com σ’vm, a
relação entre Su/σ’vo resultou em valores superiores aos demais depósitos brasileiros, o
valor médio geral de 0,70 foi obtido. As correlações para obtenção da resistência não
drenada em função dos limites de consistência não apresentaram bons resultados. Com
relação aos fatores de cone, 6<Nkt<18; 2<N∆u<8 e 3<Nke<18 são os intervalos com
maior concentração de dados. Somente o fator N∆u apresenta tendência de aumento em
função da profundidade. A correlação proposta por Mantaras et al., (2014) para

245
obtenção de Su a partir do excesso de poropressão do CPTU foi testada e validada, foi
obtido o valor de R2=0,80 com a comparação direta de 85 diferentes resultados.

9.6 Sugestões para pesquisas futuras

As seguintes sugestões visam complementar e ampliar o estudo desenvolvido


nesta pesquisa.

• Sugere-se a realização de análises mineralógicas e químicas detalhadas dos


depósitos de argila mole e orgânicos da Baixada de Jacarepaguá, deve-se obter a
quantificação dos argilominerais e componentes químicos e realizar a associação
com a história de tensões;

• Aperfeiçoar um processo da amostragem específico para a região em estudo, de


modo a obter amostragens de alta qualidade para uma detalhada campanha de
ensaios de laboratório, de compressibilidade e resistência;

• Realizar o cadastro dos parâmetros de diferentes depósitos de argila mole


existentes em diferentes regiões. Desenvolver novas funcionalidades para o
sistema SIGWeb desenvolvimento. Possibilitar que os resultados dos ensaios de
diferentes equipamentos sejam cadastrados no Banco de Dados;

• Utilizar nas análises geotécnicas ferramentais de inteligência artificial e/ou


mineração de dados objetivando encontrar e aprimorar padrões e tendências
entre os parâmetros que compõem o banco de dados. É possível utilizar os banco
de dados disponibilizado nesta pesquisa para o treinamento da rede.

246
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262
Anexo I
Artigo enviado para o Journal Proceedings of the Institution of Civil Engineers -
Geotechnical Engineering. ISSN 1353-2618

263
COMPRESSIBILITY AND STRESS HISTORY OF VERY SOFT ORGANIC CLAYS

Magnos Baroni, DSc, Federal University of Santa Maria, Santa Maria, Brazil

Marcio de Souza S. Almeida, PhD, MICE, Graduate School of Engineering (COPPE),

Federal University of Rio de Janeiro, Brazil

Corresponding author: Email: almeida@coc.ufrj.br, Tel: +55 21 999745869

Abstract: The compression index (Cc), the swelling index (Cs) and the preconsolidation
stress (σ’vm) are essential for reliable settlements calculations. However, it is a
challenge to obtain representative parameters for very soft, organic, high plasticity
clays, which are often found in Jacarepaguá Lowlands, Rio de Janeiro, Brazil. In the last
decades, several geotechnical correlations were proposed for the estimation of the
above parameters in order to check oedometer tests data. The compression index can
be estimated based on simple laboratory index tests and the preconsolidation stress
can be found by means of CPTU and vane tests. In this paper data from 24 different
investigation clusters located in the region are analysed. undisturbed samples were
collected from 20 different locations and 67 CPTU soundings and 48 verticals of vane
test were carried out, which resulted in a comprehensive data bank. Then correlations
were developed and compared with a number of equations, in order to assess their
reliability. Special emphasis was given to correlations between Cc and soil water
content, and also between σ’vm and the corrected cone resistance (qt) and shoulder
pore pressure (u2), measured in CPTU tests.

Keywords: Soft clay, Organic clay, Geological-geotechnical characterization, In situ


testing, Laboratory testing

264
List of notation

α empirical OCR factor


BP before the present
Cc compression index
CPTU piezocone test
CR compression ratio
Cs swelling or recompression index
e0 initial void ratio
γ bulk unit weight
Gs specific gravity of soil particles
IL liquidity index
IP plasticity index
OC organic content
OCR overconsolidation ratio
qt corrected tip resistance from piezocone test
σ’v0 initial effective vertical stresses
σ’v0 effective vertical stress
σ’vm preconsolidation stress
SPT standard penetration test
su undrained shear strength
sur undrained remolded strength of clay
st clay sensitivity
u2 pore pressure from piezocone test
u0 in-situ pore pressure
wL liquid limit
wn natural water content
oc overconsolidated
nc normally-consolidated

265
1. INTRODUCTION

The magnitude of settlement in soft soil is directly dependent on the compression


index Cc, the swelling index Cs and the preconsolidation stress σ’vm, found by means of
oedometer tests performed on high quality samples. However, the nature of these
high water content organic soils may prevent the obtention of reliable compressibility
and stress history parameters, in particular due to difficulties in obtaining truly
undisturbed samples. Correlations for the estimation of these parameters through
laboratory index tests or in situ CPTU and vane tests (e.g. Wroth, 1984; Nagaraj and
Murthy, 1985; Mayne and Mitchell, 1988; Hight and Leroueil, 2003; Ladd and De
Groot, 2003; Mesri and Ajlouni, 2007; Leroueil and Watabe, 2012) are thus quite
important to assess measured parameters.

Large deposits of very soft organic clays form the Jacarepaguá Lowlands subsoil,
located in the western region of the city of Rio de Janeiro. Urban real estate
occupation in the region started in the decade of 1970 and, since then, this region has
undergone growing urban development, besides government investments. Among
these investments, it is worth mentioning the infrastructure works required for the
Pan-American Games (2007), the FIFA World Cup (2014) and the Olympic and
Paralympic Games (2016). Therefore many site investigation studies have been carried
out in this region aiming to achieve a better understanding of the compressibility and
strength properties of these deposits (e.g. Almeida et al. 2007; Almeida et al. 2008;
Futai et al. 2008; Riccio et al. 2013).

By using a new local data bank the compression index (Cc) was correlated with the
natural water content (wn), the liquid limit (wL) and the initial void ratio (eo). In
addition, the preconsolidation stress (σ’vm) was estimated from piezocone (CPTU) and
vane tests data, and then compared to oedometer test values. Overall results are then
compared to literature equations. Finally, new correlations are proposed for the
preliminary estimation of the magnitude of settlements of very soft clays.

266
2. RIO DE JANEIRO SOFT CLAYS

The soft clay deposits in Brazil found all along the coastline originated in the
Quaternary period (Suguio and Martin, 1981). These deposits are generally formed by
mineral grains (inorganic components) resulting from the weathering of rocks present
in the local contribution basin and by organic matter (organic clays) resulting from the
decomposition of plants and animals. Soft clays in general have a higher
overconsolidation ratio (OCR) at the superficial soil layers which decrease with depth
to values between 1 and 2, which result from aging and water table fluctuations
(Bjerrum, 1973; Parry and Wroth, 1981). The soft clay deposits found in the city of Rio
de Janeiro (Almeida et al, 2008) follow this clear pattern of OCR decreasing with depth,
also due to aging and water level fluctuation.

2.1 General Characteristics of the Jacarepaguá Lowlands

The Jacarepaguá Lowlands, shown in Figure 1, is a coastal region formed mainly by


thick deposits of soft to very soft organic clays with high plasticity. It is limited to the
South by the Atlantic Ocean, to the West and North by the Pedra Branca Massif, and to
the East by the Tijuca Massif. Its East-West axis extends to around 22 km, as against 4
to 6km in the north-south axis, with a total area of 120 km².

The local subsoil was formed by cycles of erosion and sedimentation which occurred
during periods of marine regression and transgression (Costa Maia et al. 1984), being
characterized by the presence of alluvium, sandy and sandy-clay soils. Most sediments
were formed by granites and gneisses originating from the decomposition of materials
carried from the surrounding massifs. Figure 2 shows sedimentary deposit ages found
through Carbon 14 dating (14C), which confirm that the deposits are geologically recent
and originated from events of marine transgressions and regressions occurring
between 6000 and 3500 years before present (BP), (Costa Maia et al. 1984).

Figure 3 shows geotechnical profiles of various deposits present in this region. The
thickness of the soft soil generally varies between 7 and 20 m, but deposits with a
thickness of 28 m have already been found (Riccio et al. 2013). For the present study,
267
the results of tests performed in 24 different investigation clusters were compiled (see
Figure 1), in which undeformed samples were collected from 20 different locations,
with 67 CPTU soundings and 48 verticals of vane test.

2.2 Laboratory tests

Oedometer and index tests were carried out at 15 of the 24 sites investigated; the
number of samples collected from a single vertical borehole was a minimum of 3 and a
maximum of 8. The total number of samples collected was 110, which followed the
procedures recommended by Ladd and DeGroot (2003) adapted to the local clays.
Shelby stationary piston samplers with 100 mm diameter were using in accordance
with Brazilian ABNT recommendations (NBR 9820). Test depths varied according to the
construction needs of the studied location and the thickness of the compressible layer;
the minimum and maximum total depths of the profiles studied here were 7.0 m and
20.5 m, respectively. In the following sections different geotechnical parameters will
be presented. Only good quality test results were used, and for that reason the
number of data points analysed will be different for each parameter presented.

2.2.1 Index Tests

In general, the deposits present a superficial layer of organic clays varying from 1.0 to
4.0 meters of depth and around 50 to 60% of organic matter. These deposits have a
high water content, which may reach 1200% in the organic clays layers and 60% to
500% in the soft clay layers below the organic clays (Figure 4a). “Peat soils” have
organic matter content larger than 80% and water content up to 3000% (Landva e
Pheeney, 1980), which is not the case of any soil studied in the paper. On the other
hand “organic soils” have organic content in the range 5% - 60% and water content in
the range 100% - 500% (Landva e Pheeney, 1980). Therefore, all soils analysed here are
essentially organic soils.

268
The determination of Atterberg limits of organic soft clays in Brazil is performed
without previous sample drying; otherwise non-representative values may be found
(Almeida and Marques, 2013). The overall results in Figure 4 show values which are
more disperse and elevated at the organic clays layers but less so for the deeper
layers. In general, the plasticity index (IP = wL - wP) is higher than 80% in the deeper
clay layers, reaching 510% in the shallower clays layers, showing that the deposits are
overall of high plasticity. Nevertheless, there are sites with a plasticity index as low as
39% due to the occurrence of sand lenses. Below 3.0 m depth the average value of IP is
110% (see Figure 4b).

The typical values of soil natural water content (wn) and liquid limit (wL) below 3.0 m
depth are wn=175% and wL=150%, respectively, i.e., soil water content higher than the
liquid limit (Figure 4a). Values of water content close to or higher than the liquid limit
are usually found all along the Brazilian coast (e.g.Coutinho and Lacerda, 1987; Schnaid
et al. 2001; Almeida and Marques, 2003; Magnani et al. 2010; Coutinho and Bello,
2014; Jannuzzi et al. 2015).

As seen in Figure 4(c), in most sites analyzed, the liquidity index (IL=wn-wP/IP) is similar
to or higher than the water content, suggesting that the local soil deposits is close to
normally-consolidated condition (Mitchell and Soga, 2005). Moreover, a liquidity index
close to the water content is associated with extra-sensitive clays (Mitchell and Soga,
2005).

The clay sensitivity St is defined here as the ratio of the vane peak strength (su) to the
remolded vane strength (sur), (st=su/sur), the analysis of undrained strength values
being, however, outside the scope of this paper. The sensitivity values shown in Figure
4(d) originate from 235 vane tests and range from 2.9 to 18.3, with 7.9 being the
average value and 3.8 being the standard deviation. The clay deposits studied herein
may be classified as sensitive or extra-sensitive (Skempton and Northey, 1952;
Sandven et al. 2016a and 2016b).

Figure 5 shows the relationship between the soil plasticity index and the liquid limit.
The results are close to Casagrande's "Line A", with most values above this line for

269
liquid limits wL lower than 300% and values below this line for wL higher than 300%
(maximum value is 610%). Measurements of organic matter content were performed
in 26 samples and soils with OC higher than 20% are generally located below the Line
A. The British standard BS 5930 - BSI, 1999, classifies soils with wL higher than line B
(wL=50%) as high compressibility materials, calling them H (high plasticity) for the
range of 50% < wL<70%; V (very high plasticity) for 70% < wL< 90%; and E (extremely
high plasticity) for wL> 90%. Following this classification, the great majority of clayey
deposits studied present extremely high plasticity (E). Based on 72 data points
(R2=0.92) Eq. (1) represents the IP versus wL relationship, the angular coefficient a=0.70
being quite similar to a=0.73 originally suggested by Casagrande.

I P = 0 . 70 w L − 6 . 12 1.

2.2.2 Compressibility parameters

Compressibility parameters were obtained by standard incremental oedometer tests,


with secondary compression being outside the scope of the present paper. Figure 6(a)
shows the expected trend (Atkinson, 1981) of the decrease in the initial void ratio (e0)
with the increase in depth. In the organic clays layer (0.0 to 4.0m), the void ratio is
higher, with e0 values up to 12.4. Below the superficial layer, the void ratio e0 ranges
from 3.0 to 6.0, with values as low as 1.35 corresponding to sand lenses. The average
value of the compression index is 2.55, and Cc=1.05 and Cc=4.0 are values for mean ±1
standard deviation, with CC close to 7.0 corresponding to the high organic clays layer,
see Figure 6(b). Most swelling index (Cs) values (not shown) range from 0.1 to 0.5. The
relation Cs/Cc (Figure 6c) ranges from 0.05 to 0.18, with 0.13 (Cs=0.13.Cc) being the
average value. Figure 6(d) shows the variation of the compression ratio CR=Cc/(1+eo)
with depth. The values found range from 0.25 to 0.55, showing that the local clay has
high compressibility and that there is no particular trend of variation of CR with depth.
Values of CR of the same order of magnitude were found in the region (Lacerda and
Almeida, 1995).

270
3. CORRELATIONS WITH THE COMPRESSION INDEX

The estimation of the compressibility parameters representative of soft clays is only


possible by means of tests performed with good-quality samples (Ladd, 1973).
However, in many soft clay deposits, collecting undisturbed samples requires careful
procedures (Ladd and De Groot, 2003). In order to overcome the inherent difficulties,
several empirical correlations have been developed in the literature for clays with
different lithology aiming to correlate CC with index soil properties. A summary of the
most widely used correlations, i.e., natural water content, liquid limit and void ratio, is
presented in Table 1. These correlations have been proposed to assess test results and
may be useful for preliminary calculations, but not to substitute laboratory oedometer
tests.

3.1 Correlation between soil compression index (CC) and natural water content
(wn)
A favourable aspect in using the correlation between the soil water content and the
compression index is the possibility of obtaining the water content by means of
standard penetration test (SPT) samples, as long as adequate procedures are observed
(Sandroni, 2006). Figure 7 correlates the compression index to natural water content,
showing a clear linear trend. It may be observed the wide range interval of wn, 60% to
700%, with a few points of wn lower than 100%. The highest data dispersion occurs for
water content values ranging from 120% to 210%. With the exception of the
correlations proposed by Coutinho and Bello (2014) for soils with wn>200%, all
correlations presented in Table 1 have good representativeness. In general, results
vary ± 15% in relation to the trend line, including the points with water content above
300%. The empirical equation found for 85 points (R2=0.70) in the region studied of
organic high plasticity clays is

C c = 0.011 ⋅ wn 2.

271
3.2 Correlation between the compression index (CC) and the initial void ratio (eo)
Figure 8 presents the correlation between the compression index and the initial void
ratio and the equations proposed in the literature (see Table 1). Correlations Cc-wn and
Cc-e0 differ as perfect saturated conditions are not necessarily the case, and also
because the specific gravity of soil particles (Gs) ranges from 2.20 to 2.66 for the soils
studied here.

The equation proposed by Sowers (1970) presents values above the 20% range, while
the propositions of Hough (1957) present values below the 20% range. The other
equations in the literature present values inside the± 20% range in relation to the
equation found. As shown in Figure 8, even with initial void ratios ranging from 1.3 to
8.8, practically all points analyzed had a maximum dispersion of ± 20% in relation to
the average trend. For the local soil deposits, the expression that best reproduces the
experimental data (R2=0.81) of organic high plasticity clays is

C c = 0.5284 ⋅ e0 3.

3.3 Correlation between the compression index (CC) and the liquid limit (wL)
As with water content, the liquid limit values are not influenced by the soil structure,
therefore being a suitable correlation with CC. Figure 9 shows the proposed correlation
based on the analysis of 78 points and the comparison with the equations presented in
Table 1.

The equations recommended in the literature correlating the compression index to the
liquid limit present variable results; only the ones proposed by Yamagutshi (1959) and
McCabe et al. (2014) are close to the local average trend. Shouka (1964)’s equation is
close to the upper limit of CC. The remaining equations result in lower CC values. The
highest data dispersion occurred when the liquid limit ranged from 60% to 180%, with
points presenting compressibility values above the 20% range. It is worth mentioning
that samples with a liquidity index ranging from 56% to 510% present the same
average trend. The equation which correlates CC and wL for the present data base
(R2=0.78) of organic high plasticity clays is
272
C c = 0.0125 ⋅ wL 4.

4. STRESS HISTORY

Knowledge of soil stress history, resulting from the relation between the
preconsolidation stress (σ´vm) and the initial effective vertical stresses (σ´v0),
OCR=σ´vm/σ´v0 is essential for the overall understanding of the behaviour of soft clays.
To this end, correlations between σ´vm and CPTU test data have been proposed (e.g.
Lunne et al. 1997; Chen and Mayne, 1996), and similarly with vane test data (e.g.
Chandler, 1988; Mayne and Mitchell 1988).

4.1 Correlations with Piezocone Test data

The literature provides many correlations to obtain the preconsolidation stress based
on piezocone test results, and the most relevant correlations are (Lunne et al. 1997;
Karlsrud et al. 2005):

σ 'vm = K1 ⋅ ( qt − σ v 0 ) 5.

σ 'vm = K 2 ⋅ ( qt − u 2 ) 6.

σ 'vm = K 3 ⋅ (u 2 − u 0 )
7.

Where σvo=total initial vertical stress, qt=corrected tip resistance from piezocone test,
u2= shoulder pore pressure from piezocone test and u0= in-situ pore pressure. The
fitting coefficients K1 and K2 vary according to the characteristics of the clays studied.
Recommended values of K1 and K2 may be found in the literature (Mayne and Holtz,
1988; Chen and Mayne, 1996; Demers and Leroueil, 2002; Lee et al. 2003).

Figure 10 presents correlations between the preconsolidation stress and the net tip
resistance qt-σvo (Figure 10a) and cone resistance minus pore pressure qt-u2 (Figure
10b), resulting in correlation factors K1 = 0.125 (R2=0.85) and K2 = 0.154 (R2=0.83),
273
respectively. The values of K1 and K2 obtained here are considerably lower than those
suggested by Chen and Mayne (1996) (K1 = 0.30 and K2=0.53), and also lower than the
values suggested for other Brazilian coastline deposits (Schnaid and Odebrecht, 2012).
The lower atypical values found for the coefficients K1 and K2 result from the particular
characteristics of the deposits analyzed, the high water content of the soil
(wn(average)=175%), the extremely high plasticity (IP(average)>80%) and the presence of
organic matter. Figure 10 also shows the prediction results of the 95% range, that is,
the minimum and maximum variation ranges in which there is a 95% chance of any
result obtained in the region under study being situated.

The equation 7 that correlates the normalised excess pore pressure (u2-u0)/σ’v0 and
OCR was tested, but it did not produce good results unlike Karlsrud et al. (2005).

Values of K1 and K2 can and should be assessed case by case and should preferably be
analyzed together with OCR values obtained by oedometer tests. Even in locations
where OCR values were found by means of oedometer tests, correlations of OCR with
CPTU should be used to obtain a continuous OCR profile. OCR correlations are
discussed below.

4.2 Correlations with vane test strength

Critical State Soil Mechanics (e.g., Wood, 1990), as well as the SHANSEP Method (Ladd
et al, 1977), show that normalized undrained shear strength (su/σ’vo) increases with
the increase in OCR.

 su   s 
  =  u  ⋅ (OCR) m 8.
 σ 'v 0  oc  σ 'v 0  nc

Where: su = undrained shear strength; σ’v0 =initial effective vertical stresses; oc and nc
are the overconsolidated and normally-consolidated states, respectively, and m is the
critical state parameter obtained in laboratory tests.

Knowing the values of (su/σ’vo)nc and m for a given clay, and having determined the
values of (su/σ’vo)oc in situ with the vane test, it is possible to estimate the values of
OCR. Chandler (1988) assembled the results of su from 19 clay deposits, obtaining
274
m=0.95, Eq. 9. Tavenas and Leroueil (1987) used results from Aas et al. (1986) and
Chandler (1988) and the Bjerrum curve (1973) as reference and found, with small
dispersions, the value of m equal to 1.0.

1
  su   m
   
σ '
 v 0  oc 
(OCR ) =  9.
 s  
  u  
  σ 'v 0  nc 

Mayne and Mitchell (1988) gathered information from 96 clay deposits and assessed
the values of OCR directly measured in laboratory with the values of su obtained from
vane tests. The deposits analyzed presented OCR values ranging from 1 to 40, the
minimum plasticity index ranging from a minimum of 3% to a maximum of 300%,
undrained shear strength ranging from 1.6 kPa to 380 kPa, and minimum sensitivity of
2. The correlation proposed by the authors was as follows.

 s 
OCR = α ⋅  u  10.
 σ 'v 0 

As shown in Figure 11, α decreases as the plasticity index increases, with α being
defined by

α = 22 ⋅ ( I P ) −0.48 11.

The relationship between α and IP is shown in Figure 11. The proposed α equation
shows good agreement with Brazilian plastic clays, including the region studied with a
plasticity index up to 510%.

Figure 12 shows examples of two sites in which values of OCR computed by Eq. 10 are
compared with OCR values found in laboratory with good quality samples. For site 1
(Figure 12a), the average OCR value of 1.5 along the depth was found by means of the
vane test. Laboratory results suggest OCR values around 1.0. For site 2 (Figure 12b),
the OCR values found in the vane test were close to the OCR values found in the
oedometer tests down to a depth of around 3 m. Bellow this layer, the results indicate

275
that the soil is undergoing consolidation, which contradicts laboratory results. In all
deposits studied, the OCR values estimated from the vane tests and CPTU tests present
reasonable agreement with the OCR values found in oedometer tests.

The main application of the vane test is the determination of the soil undrained
strength. Therefore, correlations to obtain OCR value based on su and IP may be
justified for the preliminary design stage and with caution, since the results may
present great variability. In any case these correlations are also useful to assess
oedometer test data considering the challenges in obtaining good quality specimens.

5. CONCLUSIONS

This work presented index and compressibility parameters of organic soft clays of the
Jacarepaguá Lowlands, located west of the city of Rio de Janeiro. Emphasis was given
to the correlations of the compression index with soil water content, liquid limit and
void ratio. Soil stress history was estimated through correlations with CPTU tests and
vane tests. The following conclusions result from this study on high plastic organic
clays:

• The deposits studied are generally lightly overconsolidated clays with water content
values higher than the liquid limit. The compression index usually ranges from 1.0 to
3.5, with a typical organic matter content of 10%.

• The correlation (R2=0.92) between the plasticity index (IP) and the liquid limit (wL) is
very similar to the Casagrande equation for “Line A”. The plasticity index varies from
40% to 510%, and the liquid limit from 30% to 610%.

• Even with the water content values ranging from 60% to 700%, the value of R2=0.70
was found through the equation that correlates the compression index with the
water content.

• The correlation between the compression index and the initial void ratio presented
the best coefficient of determination, R2=0.81.

276
• The correlation between the compression index and the liquid limit (R2=0.78)
presented the greatest discrepancy among the correlations proposed in the
literature. Most of the proposed correlations, not for high plasticity organic clays,
presented values of Cc lower than those representative of the local subsoil.

• The correlations established between the preconsolidation stress and the net cone
resistance (qt-σvo) as well as with the cone resistance minus pore pressure (qt-u2)
resulted in K1= 0.125 (R2=0.85) and K2 = 0.154 (R2=0.82), both recommended for the
estimation of preconsolidation stress (σ'vm).

• Even for the extremely high values of IP, the α-IPOCR equation proposed by Mayne
and Mitchell (1988) proved consistent and applicable in preliminary design stages.
The OCR values found by the vane tests and CPTU tests presented results similar to
those found by oedometer tests.

Acknowledgments
The authors are indebted to COPPE-UFRJ technical staff for performing the tests and
providing most data bank information developed here, and also to all researchers and
individuals that have furnished information for the data base. Financial support for the
present study was given by Brazilian funding agencies CNPq, FAPERJ and MCT/INCT-
REAGEO.

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281
List of Tables

Table 1 - Summary listing of empirical correlations for Cc

List of Figures

Figure 1. Deposits investigated in the Jacarepaguá Lowlands, Brazil.

Figure 2. Age of the sedimentary deposits in the Jacarepaguá Lowlands.(adapted from


Costa Maia et al. 1984).

Figure 3. Types of soil and thickness of different deposits in the Jacarepaguá Lowlands
(adapted from Riccio et al. 2013).

Figure 4. (a) Liquid limit and natural water content, (b) Plasticity index, (c) Liquidity
index and (d) Clay sensitivity.

Figure 5. Casagrande Plasticity Chart for the region studied.

Figure 6. (a) Initial void radio, (b) Compression index, (c) Recompression index /
Compression index and (d) Compression ratio.

Figure 7. Correlations between the soil compression index and natural water content.

Figure 8. Correlation between the compression index and the void ratio.

Figure 9. Correlations between the compression index and the liquid limit.

Figure 10. Correlation between the preconsolidation stress (σ’vm) and piezocone data:
(a) net cone resistance (qt-σvo); (b) cone resistance minus the shoulder pore pressure
generated during penetration (qt-u2).

Figure 11. Relation between α and IP.(adapted from Mayne and Mitchell (1988) and
Schnaid and Odebrecht (2012).

Figure 12. OCR estimate, oedometer test, vane test and CPTU test (a) Site 1 and (b) Site
2.

282
Table 1 - Summary listing of empirical correlations for Cc

Correlation with wn
a b
Cc = a.wn + b
1 Al Khafaji and Andersland (1992) 0.0100 0.0000
2 Bowles (1989) 0.0115 0.0000
3 Koppula (1981) 0.0100 0.0000
4 Mesri and Ajlouni (2007) 0.0100 0.0000
5 Moran et al. (1958) 0.0150 0.0000
6 Nagaraj and Miura (2001) 0.0103 0.0000
7 Almeida et al. (2008) 0.0130 0.0000
8 Azzouz et al. (1976) 0.0100 -0.0500
9 Herrero (1980) 0.0100 -0.0755
10 Mc Cabe et al. (2014) 0.0140 -0.3178
11 Coutinho and Bello (2014); wn<200 0.0070 0.4010
12 Coutinho and Bello (2014); wn>200 0.0060 0.8040
Correlation with wL
m n
Cc = m.wL − n
1 Azzouz et al. (1976) 0.0060 0.0540
2 Cozzolino (1961) 0.0046 0.0414
3 Mayne (1980) 0.0092 0.1196
4 Schofield and Wroth (1968) 0.0083 0.0747
5 Shouka (1964) 0.0170 0.3400
6 Skempton (1944) 0.0070 0.0700
7 Terzaghi and Peck (1967) 0.0090 0.0900
8 Yamagutshi (1959) 0.0130 0.1300
9 Mc Cabe et al. (2014) 0.0118 0.24426
10 Owaga and Matsumoto (1978) 0.0150 0.2850
11 Tanaka et al. (2003) 0.0090 0.0900
12 Chung et al. (2003) 0.0084 -0.1640
Correlation with e0
s t
Cc = s.e0 − t
1 Azzouz et al. (1976) 0.4000 0.1000
2 Cozzolino (1961) 0.4300 0.1075
3 Nishida (1956) 0.5400 0.1890
4 Sowers (1970) 0.7500 0.0375
5 Hough (1957) 0.3500 0.1225
6 Dames and Moore (1983) 0.5400 0.0810
7 Chung et al. (2003) 0.4400 0.0040
8 Tan (1983) 0.3440 0.1754
9 Coutinho e Lacerda (1987) 0.6300 0.7000
10 Aragão (1975) 0.5600 0.3136

283
24 sites
ites studied
Pedra Branca
Massif. Tijuca Massif.

(a)
(c) (b)

Olympic and Paralympic Games


Atlantic Ocean (a) Olympic Park
(b) Olympic Village
(c) Rio C entro Park

Fig 1.

Fig 2.
284
Depth (m)

5
0

15
10

30
25
20
SE
SC
/SE
NA
C

Me
(A t. C

Fill
rro en
io ter
Fu
nd
o)
Me
(A t. C
rro en
io ter
Pa
vu
na
)

PA
NE
LA

At
hle
tic
sP
ark

High organic clay soil PA


Barra da Tijuca

Fig 3. PE

NS
UL
A

OU
TE
IR
O
Very soft clay
Jacarepaguá Lowlands

MA
P

CR
NE ESP
TO O
(20
04
)
Medium clay

LIF
E
Recreio


XIM
O
Sand

PA
L
285
wL; wn (%) IP (%) IL St
0 150 300 450 600 750 900 0 100 200 300 400 500 600 0 1 2 3 4 5 0 5 10 15 20
0 0 0 0
n°=233
*HOCS *HOCS
-2 -2 -2 -2
*HOCS

-4 -4 -4 -4

Sand
-6 -6 lenses -6 -6

Site 1 Site 2
-8
Depth (m)

-8 -8 -8
Natural water
content Site 3 Site 4
-10 -10 -10 -10

Site 5 Site 6
-12 -12
-12 Z>3m, -12
Z>3m, IP(average)~100 Site 7 Site 8
-14 wL(average)~150 -14 n°=74 -14 -14
I II III IV
wL: n°=74 . . Skempton and Northey, 1952 St
-16 I Low 2-4
-16 Z>3m, -16 -16 II Medium 4-8
wn(average)~175% IL=1 . III High 8 - 16
n°=74
wn: n°=87 (a) (b) (c) (c) IV Very High >16 (d)
(d)
-18 -18 -18 -18

*High organic clay soil - HOCS

Fig. 4

286
H V E H = high plasticity
600 V = very high IP = 0.7003wL- 4.29
E = extremely high plasticity R² = 0.9241
n°=72
500 wL=90

wL=70
400
B Line
wL=50
IP (%)

300

Site 1 Site 2
Site 3 Site 4
200
Site 5 Site 6
Site 7 Site 8
100 Site 9 A-Line
H V
E
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650

wL (%)

Fig 5.

287
e0 Cc 1.16 Cs / Cc CR=Cc / (1+e0)
0.86
0 2 4 6 8 10 12 14 0 1 2 3 4 5 6 7 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9
0 0 0 0

-2 -2 -2 -2
*HOCS
*HOCS
-4 -4 -4 -4
n°=71 n°=67
n°=67 n°=67
-6 -6 -6 -6
Sand
Site 1
lenses
Depth (m)

-8 -8 -8 Site 2
-8
Site 3
Site 4
-10 -10 -10 -10
Site 5
Site 6
-12 -12 -12 -12
Site 7
Site 8
-14 -14 -14 -14
Site 9
Site 10
-16 -16 -16 -16
minimo

(a) 1.05 to 4.0 (b) (c) 0.25 to 0.55 máximo


(d)
-18
0.05 to 0.18
-18 -18 -18

*High organic clay soil - HOCS

Fig 6.

288
7
+15%
6 Region with the
Compression index, Cc highest dispersion
5 120 < wn < 210 -15%

3
Cc = 0.0111wn
2 R² = 0.6988
n°=85
1

0
0 100 200 300 400 500 600 700
Water content, wn (%)
Moran, et al (1958) Nagaraj and Miura (2001)
Al Khafaji and Andersland (1992) Azzouz et al. (1976)
Bowles (1989) Herrero (1980)
Koppula (1981) Mesri and Ajlouni (2007)
Almeida et al (2008) McCabe et al. (2014)
Coutinho and Bello (2014); w<200 Present Study
Present Study (-15%) Present Study (+15%)
Linear (Present Study)

Fig 7.

Fig 8.

289
8

7
+20%

6 Region with the -20%


Compression index, Cc

highest dispersion
5 60 < wL < 180

2
Cc = 0.0125wL
R² = 0.7845
1 n°=78

0
0 100 200 300 400 500 600
Liquid limit, wL (%)
Mayne (1980) Schofield and Wroth (1968)
Shouka (1964) Skempton (1944)
Terzaghi and Peck (1967) Yamagutshi (1959)
Tanaka, et al. (2003) McCabe et al. (2014)
Chung et al (2003) Present Study
Present Study (+20%) Present Study (-20%)
Linear (Present Study)

Fig 9.

290
Fig 10.

291
Fig 11.

Fig 12.

292

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