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09/10/2017 Folha de S.

Paulo - Opinião Econômica - Privatização de bancos públicos - 08/06/97

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São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997.

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OPINIÃO ECONÔMICA
Privatização de bancos públicos
RUBENS PENHA CYSNE
Há vários argumentos teóricos para explicar por que as
empresas públicas tendem a ser mais ineficientes do que as
empresas privadas. A inexistência do risco de falência
impediria uma tomada da administração por uma equipe
mais competente ("takeover"). A maior estabilidade no
emprego reduziria os esforços não diretamente monitoráveis
dos funcionários.
Em adição, a falta de flexibilidade administrativa levaria a
uma menor velocidade nas operações de compra e venda,
implicando maiores estoques e, portanto, maiores custos,
além de menor aproveitamento das oportunidades de
mercado.
Como argumentos teóricos podem sempre ser questionados,
ainda que algumas vezes sem muita deferência ao bom
senso, cabe apresentar algumas evidências empíricas para o
caso do setor financeiro público.
Segundo dados do IBGE, em 1995 o tamanho das
instituições financeiras públicas, medido pela participação
do PIB, foi de 3,2%, e o das instituições privadas, de 3,59%,
ou seja, aquelas representando 47%, e estas, 53% do total.
As participações percentuais da remuneração dos
assalariados das instituições financeiras privadas e públicas,
entretanto, tomadas em relação à remuneração total dos
assalariados do setor financeiro, foram de, respectivamente,
38,5% para as instituições privadas e 61,5% para as públicas.
Em adição, estudo da Fundação Getúlio Vargas (Cysne e
Soares) apresenta custos com pessoal, relativamente às
receitas geradas, de, respectivamente, 46,0%, 69,6% e
142,5%, para uma amostra de bancos privados, estaduais e
federais, no primeiro semestre de 1995. Certamente tais
diferenças não se explicam apenas por práticas diferenciadas
de terceirização.
No caso específico dos bancos públicos, entretanto, o maior
problema para o país não se situa na ineficiência
microeconômica, mas sim na ameaça à estabilidade
macroeconômica.
Sabedores de que o Banco Central do Brasil não pode passar
a operar da noite para o dia como um banco central que diz
não, governos estaduais utilizam os bancos estaduais para
taxar competitivamente os outros Estados. Tal como no caso
das guerras de redução do ICMS, a falta de uma sinalização
de coordenação centralizada leva a uma queda de bem-estar
para todo o país.
O governo federal, por outro lado, simplesmente não age
com a energia demandada pela situação, diante do
desequilíbrio dos bancos federais. Parece esquecer que o
desafio desses bancos não se encerrou com a necessidade de
adaptação a uma situação de menor inflação. Daqui para a
frente, há ainda o desafio da competição com bancos
internacionais, o que torna o horizonte das instituições
financeiras públicas ainda mais sombrio.
A ameaça à estabilidade macroeconômica fica clara quando
se observa que, entre julho de 1994 e janeiro de 1997, a
assistência financeira do Banco Central ao setor bancário
oficial aumentou de R$ 4,2 bilhões para R$ 44,1 bilhões.
Tomando-se como base o valor da base monetária de julho
de 1994, tais gastos, se não esterilizados por elevações da
dívida pública, teriam implicado uma expansão monetária da
ordem de 432%, montante bastante superior aos 100% -
140% que podem ser explicados pela remonetização da
economia.
A história pregressa de tentativas de saneamento dos bancos
estaduais deixa claro um ponto: nenhum acordo deve ser
efetuado pelo governo federal sem a garantia absoluta de que
o Estado perderá o controle de sua carteira de banco
comercial, seja por liquidação ou privatização.
Tanto o PAC (Programa de Apoio Creditício), instituído por
voto do Conselho Monetário Nacional (233/83, de 20/7/83),
visando especificamente a solucionar problemas dos bancos
estaduais do Rio de Janeiro, Ceará, Santa Catarina, Goiás,
Pará, Amazonas e Alagoas, quanto o Programa de
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi080605.htm 1/2
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Recuperação Financeira (Proref), de 1984, instituído pelo


voto CMN 446/84 de 04/04/84, são provas nesse sentido.
Tais programas previam não apenas ajustes dos bancos
estaduais (fechamento de agências, redução dos quadros de
pessoal e reavaliação das operações ativas dos bancos, bem
como sua capitalização por parte dos governos estaduais),
como contrapartida da ajuda que lhes seria prestada pelo
Banco Central, como também punições (voto CMN 232/86,
de 4/9/86) para aqueles que não cumprissem as metas
pactuadas.
Os resultados não foram nada animadores. Dentre as
instituições estaduais que se engajaram, seja no PAC ou no
Proref, poucas apresentaram melhoras significativas. A
maior parte permaneceu operando de forma semelhante
àquela que deu origem a seus problemas de liquidez. As
exigências acordadas -fechar agências deficitárias e
recuperar os créditos em atraso- simplesmente não foram
cumpridas.
Desde então, várias outras tentativas fracassadas de
programas de ajuste compõem a evidência histórica de que o
Banco Central não dispõe de poderes políticos para fazer
honrar os acordos efetuados com o Estado quando estes
continuam com o controle de seus bancos comerciais
estaduais.

Rubens Penha Cysne, 39, é diretor de pesquisa da Escola de Pós-


Graduação em Economia (EPGE) da Fundação Getúlio Vargas.
E-mail: rubens@fgv.br.

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