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SUMÁRIO

Introdução................................................................................................ 2

Capítulo 1:
Igreja e políticas públicas: Sinalizando
o Reino de Deus na esfera política.......................................... 7

Capítulo 2:
Como participar ativamente na formulação
e execução de políticas públicas.............................................. 17

Capítulo 3:
Princípios orientadores da nossa participação................ 33

Referências Bibliográficas............................................................ 44

Glossário................................................................................................... 45

Sobre a Aliança Evangélica Brasileira.................................... 46

Sobre Renas........................................................................................... 49
INTRODUÇÃO convulsionou. Lá estava eu, pastor de uma igreja presbiteriana
que plantei em 1992, em um bairro de classe média alta do Rio
de Janeiro, descobrindo um mundo novo e perturbador que até
Conheci o mundo das favelas em 2009, dois anos depois
então eu havia ignorado.
de ter dado início às manifestações de rua da ONG Rio de
Paz, que tinham como objetivo a redução dos homicídios no
Frei Betto relata uma experiência semelhante em seu livro A
Estado do Rio de Janeiro. Um adolescente pobre, de apenas
Mosca Azul: “A cabeça pensa onde os pés pisam”. Perguntas
15 anos, sem envolvimento com o tráfico de drogas, havia
invadiram minha mente: O que minha teologia tem a dizer sobre
sido morto com um tiro na testa desferido por um policial
essa realidade? Que leitura devo fazer da miséria desse povo?
da tropa de elite da Polícia Militar do Estado, o Batalhão de
Como essa gente veio parar aqui? O que posso fazer para
Operações Especiais (BOPE). A morte de Rafael ocorreu
libertá-los dessa condição? Como manter meu antigo modelo
durante uma operação na favela Mandela, na Zona Norte
ministerial, inspirado na vida de pregadores que amo e admiro,
do Rio.
caracterizado pela dedicação à preparação de sermões, acon-
selhamento pastoral e pregação? Como poderei me manter
Resolvi ir ao enterro munido de uma câmera de filmar, para
atrelado a um modelo de ministério pastoral que me impede
enviar as imagens à imprensa e postá-las nas redes sociais.
de viver como o próprio Cristo viveu, se fazendo presente nos
Tinha como objetivo mostrar à classe média o que o pobre
lugares onde havia mais demanda de compaixão, em busca de
sente ao enterrar um filho que teve a vida interrompida de
gente que gemia de dor sem ter ninguém para ouvi-la? É pos-
modo tão absurdo. Minha luta era para ver a sociedade se
sível conceber, à luz das Escrituras Sagradas, uma Igreja que
mobilizar no combate às mortes violentas.
não sinta o chamado para cuidar dos miseráveis da terra, aos
No domingo seguinte, me dirigi à igreja da qual sou pastor e relatei quais Cristo dedicou quase a totalidade da sua vida? Como
a experiência que tive no enterro e o compromisso firmado com os resumir o exercício do amor à evangelização e à filantropia,
moradores. Também falei da importância de sairmos de Copaca- uma vez que a ação política é imprescindível para livrar vidas
bana, onde realizávamos nossas manifestações, para dar voz ao humanas da sua condição de miséria? Como a igreja pode
pobre dentro da favela. Destaquei que era nosso dever, como cooperar para trazer saneamento básico para as favelas?
cristãos e cidadãos, participarmos das manifestações. Cerca de Como evitar que crianças levem tiros na cabeça durante um
trinta pessoas me acompanharam. Decidimos protestar dentro da tiroteio entre policiais e traficantes? Como reformar esse mar
comunidade. Conseguimos levar muitos repórteres e jornalistas de barracos? Como cuidar das doenças respiratórias e de pele
até lá, movidos pelo anseio de dar voz ao pobre e combater o de seus moradores? Como manter os jovens nas escolas a
abuso de poder. Logo que chegamos ao local, fomos informados maior parte do tempo?
de que os traficantes haviam autorizado nossa entrada na favela.
Eu não tenho dúvidas que o evangelho deve ser proclamado
Naquele dia passei pela minha segunda conversão. Assim que
por uma Igreja santa. Mas... o que é ser santo? Pode o santo
pus os pés naquela comunidade — uma verdadeira aberração
tomar conhecimento desse cenário de horror em sua própria
social, infestada de ratos, com esgoto correndo a céu aberto
cidade e permanecer indiferente? Sabemos que ninguém dá
pelas ruas e repleta de crianças vivendo em estado de miséria
ouvido às palavras ditas por cristãos arrogantes, mentirosos
aviltante, sem mencionar muitas outras coisas sobre as quais só
ou mercenários, mas o que dizer daqueles que se escandali-
poderei falar daqui a uns vinte anos, para não expor ao perigo a
zam com a omissão da Igreja face à tamanha injustiça social?
minha vida e a vida das pessoas que eu amo —, minha teologia

“Deus”, eu orei, “o amor político realmente existe?”

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Na Alemanha de Hitler, a pergunta era: como ser cristão em um reta, perturbadora para os poderosos, libertadora para o pobre
Estado totalitário regido pelo nazismo? Nos Estados Unidos e agradável àquele que escolheu permanecer ao lado dos
de Martin Luther King, o dilema tinha uma característica bem necessitados.
distinta: como viver numa nação na qual crianças negras não
podem entrar em ônibus reservados para crianças brancas? Esta Cartilha, portanto, tem o propósito de evidenciar a necessi-
O que o Espírito Santo está perguntando hoje aos cristãos dade do envolvimento político da Igreja como instituição, mas
brasileiros? O que vi aquele dia levou-me a crer que a realidade também da urgente e necessária participação consciente dos
brasileira impõe à Igreja a imperiosa necessidade de responder cristãos na vida pública e política, para que, sem perdermos de
à seguinte pergunta: o que significa ser cristão num país onde vista a esperança na eternidade, possamos fortalecer a ação
há tanta miséria e desigualdade social? presente da Igreja de Cristo, apontando aspectos práticos e
concretos para o exercício do amor político, abrindo espaço
Depois daquele dia transformador, nunca mais saí da favela. para a construção de uma sociedade mais justa, solidária e
Minha convicção de fé, aquela que me faz procurar obedecer a parecida com aquela que Deus sonhou, em todos os sentidos.
Cristo, me fez permanecer ali, assumindo todas as consequên-
cias da minha decisão. Passei a ler a Bíblia com outros olhos: No primeiro capítulo, Mauricio Cunha faz uma abordagem bíbli-
nela, vejo o pobre em toda parte. Percebi um novo princípio co-teológica abrangente acerca da Missão da Igreja na esfera
ético-missionário: o amor que antecede a evangelização e a das políticas públicas, estabelecendo o fundamento para a
luta pela justiça social. Aprofundei meu conceito de missão. ação efetiva e transformadora do Corpo de Cristo nesta área,
Hoje, entendo que a missão da Igreja é amar. Amar com amor como componente essencial da Missão. No segundo capítulo,
simétrico, harmonioso, belo e santo, no qual todas as virtudes Gustavo Góis aponta os caminhos práticos da participação,
atuam em conjunto. com ênfase nos aspectos jurídicos permitidos pelo arcabouço
legal brasileiro. Respondida a pergunta sobre o porquê da
Algo mais aconteceu. A partir do momento em que fui às ruas, participação política (fundamento da Missão), e descortinados
passei a me encantar mais ainda com o cristianismo e a perce- os caminhos práticos da incidência política, por fim, no terceiro
ber que é um erro gigantesco chamá-lo de “ópio do povo”. No capítulo, Tércio Sá Freire nos mostra o “como”, apontando os
meu caso, as passagens bíblicas que tratam de justiça social princípios que devem nortear a nossa ação, para que ela não
mobilizaram todo o meu ser, levaram-me às lágrimas e me seja feita de forma equivocada e ingênua. No decorrer do
incentivaram a ir à luta. Uma igreja capaz de compreender o texto, apresentamos também alguns testemunhos de irmãos
que a fé cristã tem a dizer sobre direito e justiça transforma-se e irmãs, entre tantos outros que têm atuado nesta área,
inevitavelmente num núcleo de resistência à opressão e serve muitas vezes de forma anônima, que como resultado da sua
de base para movimentos de reforma social, sinalizando um fé, encontraram na inserção política uma forma de glorificar
novo Reino. Estou certo de que, se ampliarmos nossas preo- a Deus. Pessoas assim nos inspiram, encorajam e fortalecem.
cupações éticas e missionárias, e não nos limitarmos à sua
dimensão privada, formaremos um forte espírito público no Antonio Carlos Costa é teólogo calvinista, jornalista
coração das pessoas, a ponto de não mais tolerarem modelos e fundador da ONG Rio de Paz (filiada ao Departamento de
de exploração social. Viveremos então uma vida mais bela e Informações Públicas da ONU).

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CAPÍTULO 1
Coordenação Editorial Ilustrações
Maurício Cunha Archiri Usagi e Felipe Gianni

Autores
IGREJA E POLÍTICAS
Editores Responsáveis
Antonio Carlos Costa Silas Marchiori Tostes, José Carlos da Silva,
Maurício Cunha Christian Theodor Gillis, Cícero Manoel
Gustavo Gois

PÚBLICAS: SINALIZANDO
Bezerra, Gerhard Fuchs, Roberto Costa de
Tércio Sá Freire de Oliveira Oliveira, Wilson Costa e Elias Zainotti Miguel
Fahur – membros do Conselho Gestor e
Equipe Executiva da Aliança Cristã Evangélica
Revisão dos Textos
Heloisa Wey N. Lima
Brasileira.
O REINO DE DEUS NA
ESFERA POLÍTICA
Projeto Gráfico Impressão
Leandro Bucatte - Linea Creativa Casa Publicadora das Assembleias de Deus

BRASIL, Setembro de 2015


1 - Política e missão do imperador e a chegada do “sóter”,
o salvador, o realizador da Paz (aqui
tiva vigilância social sobre aqueles que
exercem o poder. (Sl 14.3; 53.3; Jr 17.9)
no sentido da “Pax Romana”). Quando
os apóstolos e os primeiros cristãos Num país como o Brasil, onde ainda
A relação entre a Igreja e a Política
decidiram manter o termo “evangelho”, existe um enorme abismo entre as
(aqui compreendida de uma forma
estavam tomando emprestado da classes e uma das maiores desigual-
mais ampla, como as relações de
esfera política um termo que significava dades sociais do mundo, e que ao
poder, ou seja, a “esfera da sobera-
uma nova ordem não apenas “religiosa”, mesmo tempo impõe uma das mais
nia” ou “domínio social” relacionado
mas sociopolítica, inaugurando um altas cargas tributárias1, torna-se vital
com o exercício do poder e o Esta-
novo projeto civilizacional, o discipulado para igrejas e organizações cristãs
do, numa determinada sociedade)
das nações diante do governo de um que de fato almejam uma influência no
é um tema controverso e muitas
novo Rei, conforme anunciado pelo anjo campo da Reforma Social, o exercício da
vezes mal compreendido, mas
à Maria (Lc 1.31-33). participação cidadã e da relação crítica
que precisa ser abordado se
com a cultura, governos e sociedade.
queremos de fato ser uma
O Evangelho de Cristo nasce então, num No campo do Terceiro Setor, há muito
Igreja que exerce sua missão
contexto de abuso de poder, trazendo devemos sair do mero modelo assisten-
de manifestar os sinais do
esperança e fé para uma comunidade cialista de “entrega de serviços” para
Reino aqui na terra.
marginalizada e oprimida, anunciando a a população socialmente vulnerável
Uma das questões a serem chegada de um novo rei e de uma nova e migrar para o modelo da defesa de
superadas diz respeito à realidade espiritual e temporal. direitos, incentivando a sociedade,
compreensão da importân- especialmente os excluídos, rumo a
Sabemos que as culturas e países uma participação cidadã efetiva que
cia da participação social
que tiveram uma maior influência toque nas estruturas de perpetuação
e cidadã por parte dos
cristã histórica reformada, usufruíram das misérias e injustiças que ainda
cristãos, não apenas como
de uma tradição de instituições mais assolam o nosso país. O arcabouço
um “adendo” à “real” missão
solidamente arraigada aos princípios jurídico e institucional do Brasil, feliz-
da Igreja, mas como cerne
democráticos e um efetivo controle mente, nos permite esta participação,
e essência do chamado de Deus para Criação (Dt 15.7-11, Ez 16.49, Êx 23.10-
social. Isso não é à toa. A visão cristã fruto de uma construção histórica em
o seu povo. A inserção sociopolítica, 11, Dt 24.14-15, Dt 25.13-16, Lv 25.35, Lv
de mundo, com os seus valores de torno dos direitos civis e pela defesa
longe de ser considerada uma atividade 19.9-10, Dt 24.19-21).
justiça, equidade, solidariedade e espe- da democracia. Resta-nos tomar nosso
“mundana”, permeia toda a Escritura,
O Evangelho, por sua vez, não anulou cialmente de distribuição de poder, que lugar nesta jornada, para muito além
como parte central da proposta de
as implicações sociopolíticas do Reino considera o mal inerente à condição dos temas que historicamente mais
missão do povo de Deus. Já no Antigo
de Deus. Ao contrário, a própria palavra humana bem como a tendência para a têm impulsionado a participação cristã
Testamento, Deus estabelece uma
“evangelho” (euangelion, no grego) tem corrupção, estabelece o fundamento na arena política, como a pobreza e
ordem social a ser seguida, que, caso
profundas conotações políticas, uma para a construção de sociedades a opressão. Há espaço para atuação
fosse cumprida, traria prosperidade e
vez que se trata de um termo com alto mais participativas e com uma efe- no campo da garantia da liberdade
justiça para todos em Israel. Esta ordem
social manifesta, entre outras coisas, a significado político tomado emprestado
sinalização do reino de Deus na terra e do discurso de generais e césares
traduz os elementos do seu caráter a romanos, e não de um termo religioso. A 1 - Segundo recente pesquisa divulgada nos meios de comunicação e realizada em 30 países, o
palavra “evangelho” anunciava a vitória Brasil apresentou um dos piores desempenhos na avaliação do retorno que a população recebe
das suas plenas intenções para com a
na qualidade dos serviços públicos em comparação com o nível da carga tributária.

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religiosa, da gestão ambiental, da pro- contexto e dentro da sua geração, nos Deus, todas as dimensões de atuação em incidência política na perspectiva
teção à família, do combate à corrupção mais variados aspectos e dimensões na sociedade devem ser entendidas cristã, admite esta atividade como ação
e da reforma política, entre muitos da realidade social, glorificando a Deus como um esforço da Igreja de Jesus em determinada esfera da criação de
outros. O agir da Igreja deve ser orien- com suas vidas (I Cor 10.31). Cristo em santificar todas as coisas. Deus, que por sua vez tem levantado
tado a partir de uma cosmovisão cristã, Para o propósito de redenção de todas homens e mulheres para cooperarem
defendendo os valores do Reino de Porém, a relevância da igreja para as coisas em Jesus, todas as esferas da com Ele na redenção desta dimensão
Deus a partir de uma fé histórica e pro- a participação cidadã na América criação estão sendo reconciliadas nele da vida.
fundamente arraigada nas Escrituras. Latina de hoje, deve passar, a meu ver, mesmo (Cl 1.15-20). Assim, a atuação
Neste agir transformador, e igreja vai primeiramente por uma revisão da
revelando a peculiaridade da sua ação, sua própria teologia. É necessário
que vai muito além dos modismos, das que abracemos uma teologia de fato
estatísticas ou do que é “politicamente integral – rompendo com os diversos Enfatizando a importância da influência cristã nos espaços
correto”. É a manifestação contex- dualismos decorrentes da separação de incidência política
tualizada da Verdade refletindo quem entre o “sagrado” e o “profano”. Este
Deus é: no serviço, na proclamação, na tipo de pensamento, fruto da influência A área da assistência social, antes um ato de amor, concretizou-se
compaixão, na coragem, no amor. da cosmovisão grega, assume novos a partir de 1988 como um direito social, um campo bastante profícuo
contornos na nossa eclesiologia e
para a compreensão dos processos sociais mediante os quais vêm se
A base do sistema democrático está missiologia de forma contundente no
construindo novos sentidos para conceitos como solidariedade (amor) e
na participação popular e no controle século XX, fazendo com que a inserção
cidadania (direito).
social. Os espaços garantidos como sociopolítica seja relegada a um segun-
fóruns, conferências, conselhos, do plano, inferior, apenas tolerada pela
Acredito que nosso papel como cristãos é nos sentirmos angustiados e
audiências públicas, consultas abertas, igreja, constituindo, quando existente,
indignados com as injustiças sociais através da participação social nos
são espaços legítimos de influência uma prática isolada de alguns membros
num país democrático, onde os grupos das igrejas, desprovida de qualquer espaços de construção da Política Pública, buscar a justiça, a paz e a
podem militar por seu ideário e sua significado ligado à própria essência da equidade para todos, especialmente para os mais vulneráveis.
visão de mundo, na busca maior pelo Missão. O rompimento dessa dicotomia,
bem-estar da sociedade. Deste modo, que na verdade é a mesma dicotomia Partindo desse pressuposto, ao longo da nossa caminhada profissional
a participação cidadã deveria partir de clero X laicato, fé X obras, evangelismo desenvolvemos projetos e programas que fizeram e continuam fazendo
um compromisso do povo de Deus com X ação social, é um aspecto fundamen- diferença na vida de pessoas de diferentes segmentos e comunidades
o Reino de Cristo, com a Justiça e com tal para uma ação qualificada e signifi- de Minas Gerais. O primeiro trabalho desenvolvido por nós foi a mobili-
o próximo, e não apenas da defesa dos cativa. A compreensão da integralidade zação dos Conselhos de Assistência Social e Conselho de Direitos da
interesses da própria igreja. das intenções de Deus para a sua Criança e Adolescente para a Construção do Plano Municipal de Con-
criação coloca o evangelismo e a ação vivência Familiar e Comunitária (1º Plano Municipal publicado no Brasil
O trabalho da Igreja por uma sociedade social (aqui compreendida como “ação em junho de 2010), que resultou no desenvolvimento do Programa “De
justa, livre, solidária e próspera é uma na sociedade”, muito mais do que o cui- volta Pra Casa” beneficiando crianças e adolescentes em situação de
luta histórica e não constitui nenhuma dado direto dos pobres) como aspectos
acolhimento institucional, com 37% de retorno responsável à família de
novidade na prática missiológica. Há indissociáveis do agir redentor de Deus.
origem. Por esse trabalho, ganhamos o Prêmio Rosení Cunha de Direitos
inúmeros exemplos de cristãos que
foram agentes de transformação Para a realização de uma incidência Humanos (3º lugar nacional).
e de reforma social em seu próprio política na perspectiva do Reino de

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Na cogestão pela Coordenadoria da Mulher com o Projeto 100 Cittá “Por
uma Nova Educação entre Gêneros”, trabalhamos o 3º eixo dos ODM -
2. Advocacy: inserindo-se nas
Objetivos para o Desenvolvimento do Milênio (Igualdade entre os sexos políticas públicas
e valorização da mulher), com a participação da União Europeia, Itália e
Brasil/MG. Com objetivo de levar homens e mulheres à desconstrução
de padrões na hierarquização entre masculino e feminino; homem e
mulher como aspecto fundamental para a construção de uma socie-
dade mais justa, igualitária e menos violenta, ganhamos O prêmio dos
ODM, 4ª edição em 2012.

Portanto revelamos Deus através do trabalho de inserção em políticas


públicas, que também revela quem somos, o que cremos e em quem
cremos e adoramos.

Petrúcia de Melo Andrade,


REVTS - Rede Evangélica do Terceiro Setor de Minas Gerais

O “Advocacy” (sem tradução literal para efetivamente pela luta na defesa de


a língua portuguesa) consiste, portanto, direitos, o que significa influenciar pes-
em um conjunto de ações que visam soas, políticas, estruturas e sistemas, a
influenciar a formulação, aprovação e fim de causar mudanças e influenciar
execução de políticas públicas junto as pessoas que estão no poder a agir
aos poderes constituídos e à socie- de maneira mais ética e igualitária.
dade, por meio do trabalho em redes e
da mobilização da mídia. Esta palavra Faz parte da missão da igreja realizar
também tem sido utilizada para traduzir a defesa de direitos, clamar por
toda a ação política, realizada de forma justiça, defender a causa dos pobres,
individual ou coletiva, com o intuito de responsabilizar os que estão no poder
gerar mudanças nas políticas públicas e encorajar as pessoas a falarem por si
e sistemas de governo em prol de pes- mesmas. Seu objetivo fundamental é
soas ou grupos específicos. trazer e demonstrar as boas novas da
vinda do Reino de Deus.
Trata-se de um tema relevante para
as igrejas interessadas em provocar Vamos assumir o processo de incidên-
mudanças na sociedade a partir das cia política como aquele que busca
políticas públicas, nos diversos domíni- “influenciar”, “alterar rumos”, “gerar
os sociais na sua tarefa de discipulado impactos no processo de tomada de
da nação. Estas mudanças passam decisão” com relação à criação, ao

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desenvolvimento, à avaliação, à cor- população que podem ser decorrentes entrega legítima à sociedade, a saber, o via do poder, e não da evangelização e
reção e ao monitoramento de uma ou não da pressão/proposição de direito realizado à população. do serviço).
política pública. Por política pública, movimentos sociais e de outros setores
entendemos aquela que, muito além organizados da sociedade. Este traba- Da mesma forma, devemos evitar a A Igreja é um celeiro e uma grande
da política partidária, responde a lho de incidência em políticas públicas todo custo os problemas históricos depositária de vocações, talentos,
interesses públicos e que deve se cons- poderá gerar a criação, implementação decorrentes da relação dos evangélicos recursos e potenciais, e a vocação
tituir em política de Estado, de longo ou monitoramento de uma política, com a política: o messianismo (segundo política é uma delas, tão legítima quanto
prazo, sintonizada e fundamentada pelo ou o fortalecimento de uma política já Paul Freston, “o projeto de mudar o qualquer outra. Mas o trabalho só será
marco legal, ultrapassando as políticas existente, ou ainda o esforço em barrar homem no poder, ao invés do conceito completo se for acompanhado de
de governo de uma determinada gestão algum retrocesso numa determinada reformado de pecadores controlando oração, envio, escuta e encorajamento,
em exercício, garantindo direitos para a questão já conquistada. uns aos outros num sistema de fiscali- onde a Igreja possa ser o grupo de
zação mútua”); o triunfalismo (a crença, referência, apoio e prestação de contas
absolutamente não comprovada his- dos atores sociais evangélicos mais
3. Cumprindo a missão com toricamente, de que a simples presença envolvidos na linha de frente.
dos evangélicos na arena política trará
discernimento e sabedoria automaticamente bênçãos e transfor- Nossa tarefa consiste, portanto, na
mações na sociedade, e não o exercício aplicação da Verdade no domínio social
Para uma atuação efetiva ao tratar da Justiça — valor central no Reino de da ética cristã); e o corporativismo (a das políticas públicas, orientada pela
as questões de cunho confessional, Deus — e na aplicação da Verdade do militância política em defesa apenas cosmovisão e pela ética cristã, na busca
é preciso ter competência e não uma Evangelho na dimensão do acesso aos dos interesses dos grupos evangélicos pela sinalização do todo-abrangente
agenda proselitista nas ações da arena direitos. O exercício desta competência – e não do Evangelho - ou para impor Reino de Deus.
política. Toda abordagem de enga- não abre mão da identidade cristã como a sua visão de mundo à sociedade pela
jamento sociopolítico cristão não deve motivadora da iniciativa, mas mantém
ser operada sob a ótica do “gancho a especificidade da ação garantindo a
para o evangelismo”, ou para impor uma
Mauricio Cunha é coach de empreendedores sociais, engenheiro
moralidade, aceita por alguns, à socie-
agrônomo, administrador de empresas e professor universitário, com
dade inteira. A legitimidade de nossa
especialização em gestão de sistemas e serviços de saúde. Atuou como
ação está na natureza da realização
missionário em diversos países, tendo também trabalhado em gestão
pública como secretário municipal de saúde, ação social e governo em
Fazenda Rio Grande e Campo Largo (PR). É mestre em Antropologia
Social pela Universidade Federal do Paraná e coautor de dois livros:
“O Reino entre nós - transformação de comunidades pelo evangelho
integral” e “Cosmovisão Cristã e Transformação”, ambos pela editora
Ultimato. É fundador e presidente do CADI - Centro de Assistência e
Desenvolvimento Integral / Brasil, coalizão de 10 organizações que atuam
em 7 estados brasileiros na área do desenvolvimento social. Atuou como
Diretor Nacional de Programas da Visão Mundial para o Brasil. É assessor
da Aliança Evangélica Brasileira para o tema “Igreja e Políticas Públicas”.

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CAPÍTULO 2
COMO PARTICIPAR
ATIVAMENTE NA
FORMULAÇÃO E
EXECUÇÃO DE
POLÍTICAS PÚBLICAS
1. Introdução A “Constituição Cidadã”, também garante a participação da população na gestão
pública setorialmente:
Talvez muitas pessoas não saibam, mas ao marketing político, mas por garantir
Assistência Social: Art. 204, II 
o cidadão tem papel fundamental na dis- o respeito aos direitos individuais, como
cussão e construção das políticas públi- saúde, educação, seguridade social, bem
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão
cas e na gestão do Estado. No entanto, como determinar que a gestão da coisa
realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos
fica sempre a pergunta: “como posso pública e sua fiscalização devem ser
no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes
participar ativamente desse processo?” feitas através da abertura de espaços
diretrizes:
de participação dos cidadãos brasileiros.
Antes de qualquer outra coisa, é impor-
(...)
tante frisar que atualmente existem É o que garante a Constituição Bra-
inúmeros espaços democráticos que sileira em seu artigo 1º, parágrafo único: II - participação da população, por meio de organizações representativas,
nos permitem participar de decisões na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.
quanto a políticas públicas em diversas
áreas, como cultura, direitos das crian- Saúde: Art. 198, III
ças, adolescentes, idosos e portadores
de necessidades especiais, meio ambi- Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede
ente, orçamento público e até mesmo regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
planejamento urbano. organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

Esses espaços são garantidos pela (...)


Constituição Federal de 1988, conhe-
cida como Constituição Cidadã, não por III - participação da comunidade.
abordar questões relacionadas apenas
Seguridade Social: Art. 194, Parágrafo único, VII

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de


Art. 1º. ...
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. social.

Este item é tão importante na formação do nosso país como pátria, que foi con- Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar
stado pelo legislador constituinte no capítulo intitulado “Princípios Fundamentais” a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
e é tido pelo caput do art. 1º como sendo o fundamento da República Federativa
(...)
do Brasil.
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante
Desta forma, à população brasileira é garantido o exercício do poder através de
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos
seus representantes — deputados, senadores e governantes — ou diretamente,
empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
através de alguns espaços de discussão, conforme veremos a seguir.

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Enfim, o que podemos observar é Basicamente, a participação popular sociedade, como indústria, comércio, de Assistência Social. Já o Conselho
que a Constituição Federal garante a em políticas públicas acontece através serviços, entidades de classe, entre Municipal de Saúde funciona junto à
participação popular como pedra fun- de inúmeros Conselhos setoriais, como outros. Assim, aqueles que desejarem Secretaria da Saúde, e assim suces-
damental no exercício democrático do os Conselhos Municipais, Estaduais participar destes fóruns de discussão sivamente.
Poder, bem como para a construção do e Nacional de Assistência Social; devem fazê-lo como representantes
conceito de cidadania. Conselhos Municipais, Estaduais e de algum setor relevante, já que a As informações sobre cada Con-
Nacional dos Direitos da Criança e do representação não se dá de forma selho podem ser obtidas junto à sua
Entretanto, você, leitor talvez esteja Adolescente; Conselhos Municipais da individualizada. administração ou através de seu web-
se perguntando: – “Ótimo! Isso tudo é Saúde; Conselhos Municipais do Meio site, nas cidades onde os conselhos
muito bonito no papel, mas na prática Ambiente; Conselhos Municipais dos Restam ainda algumas perguntas sobre estão mais bem estruturados. Como
não é bem assim”. Pois eu garanto a Direitos do Idoso; Conselhos Munici- o funcionamento de tais Conselhos: já foi dito, para entender o trabalho e
você que esta participação acontece pais da Mulher; Conselhos Tutelares e existe algum regimento interno? o funcionamento desses conselhos, é
de fato! A seguir, explico como isto pode fiscalização de contas públicas, entre Como se dá o processo de tomada de recomendável que se faça uma análise
ser feito. outros. Abordaremos alguns desses decisão? De quanto tempo é o mandato da Lei que os instituiu, o que em geral
itens separadamente. dos Conselheiros? Qual é a atribuição pode ser obtido nos websites de cada
legal de cada um deles? Prefeitura, ou solicitado diretamente
a um vereador ou nas procuradorias
Em geral os Conselhos funcionam jurídicas das Câmaras de Vereadores.
junto às Prefeituras de cada cidade, nas
secretarias de cada área. Por exemplo, Se você quer participar como con-
o Conselho Municipal de Assistência selheiro, verifique na Lei que instituiu
Social e o Conselho Municipal dos Direi- cada Conselho e em seus respectivos
tos da Criança e do Adolescente têm regimentos internos, como se dá a
seu funcionamento junto à Secretaria composição de cada conselho, se é

2. Conselhos de políticas públicas


Como alguns já devem ter percebido, podem receber iniciativas e propostas
grande parte dos Conselhos é de origem dos seus eleitores. O importante na
municipal, constituído por leis elabora- lei de constituição dos Conselhos é
das pela própria cidade, que definem garantir que a sociedade seja represen-
seu funcionamento e a escolha de seus tada de forma setorial e democrática.
participantes.
Passada esta etapa, a segunda coisa a
Desta forma, a participação da socie- fazer é verificar quem pode participar
dade civil acontece desde a concepção dos Conselhos. Em geral, os Conse-
da Lei, através dos vereadores, que lhos são compostos por setores da

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paritário ou não (50% de represen- não existe remuneração pelo cargo Já participei como membro suplente ou ruins, como a definição de para onde
tantes governamentais e 50% de ocupado. e como titular em um Conselho iriam os recursos do Fundo Municipal
representantes da sociedade civil), quais Municipal de Assistência Social e pude de Assistência Social; apoio a projetos;
as entidades que podem representá-lo, Apresento abaixo alguns links de sites perceber claramente que as decisões cadastramento de novas organizações;
como se dá o processo eleitoral e quais de Conselhos Municipais, que podem tomadas em nível macro, genéricas deliberação para o fechamento de
são os requisitos necessários para se ser acessados para sua participação e aparentemente sem efeito numa entidades que não estavam atendendo
concorrer ao cargo, entre outros. nas cidades citadas ou que servem primeira análise, geravam inúmeras seus beneficiários de forma correta e
como modelo para construção de repercussões na entidade que eu digna. Percebe como tais deliberações
Lembre-se também que o trabalho canais de comunicação do Conselho de administrava à época, podendo ser boas são de extrema relevância?
nos conselhos é voluntário, ou seja, sua cidade:

CMDCA Curitiba: 3. Conselhos tutelares


http://www.fas.curitiba.pr.gov.br/conteudo.aspx?idf=127

CMAS – São Paulo:


http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/assistencia_social/comas/

Conselho Municipal de Saúde – Salvador:


http://www.saude.salvador.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=
article&id=220&Itemid=4

CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente:


http://www.sdh.gov.br/sobre/participacao-social/conselho-nacional-dos-
direitos-da-crianca-e-do-adolescente-conanda

Outra forma importante de participação Os Conselheiros Tutelares são eleitos


se dá nos Conselhos Tutelares. O con- por um prazo determinado, através de
selheiro tutelar é um cargo criado pelo processo eleitoral. É importante frisar
Estatuto da Criança e do Adolescente, aqui que se trata de cargo remunerado.
e tem como função mais relevante
a imposição de medidas que visam Procure conhecer o funcionamento
proteger crianças e adolescentes em dos Conselhos Tutelares de sua cidade
situação de vulnerabilidade social, ou fazendo uma visita a estes órgãos,
seja, menores que foram abandonados analisando a Lei Municipal que os
pelos pais ou que vivem em situações regulamenta e conhecendo o perfil e a
familiares de absoluto desequilíbrio função de cada conselheiro.
e desrespeito a todos os direitos que
lhes são conferidos pela Constituição Caso você queira se candidatar ao
Federal, em especial, pelo direito à vida cargo de conselheiro, fique atento aos
e à dignidade humana. términos dos mandatos e à publicação

22 23
do edital que regulamenta a eleição. de perigo iminente para a criança e o »
Atender e aconselhar pais ou as previstas no art. 101, de I a VI, do
Os requisitos necessários para se adolescente em situação de vulnera- responsáveis, aplicando as medidas ECA, para o adolescente autor do ato
candidatar são descritos no art. 133 do bilidade, exigindo o cumprimento da lei previstas no art.129, I a VII, do ECA; infracional;
Estatuto da Criança e do Adolescente: e requisitando os meios necessários
para que haja proteção social por parte »
Promover a execução de suas » Expedir notificações;
Art. 133 - Para a candidatura a do Estado, através de órgãos como o decisões, podendo para tanto:
membro do Conselho Tutelar, serão Poder Judiciário e Ministério Público. » Requisitar certidões de nascimento
exigidos os seguintes requisitos: - Requisitar serviços públicos nas e de óbito de criança ou adolescente,
O Conselheiro Tutelar não tem autono- áreas de saúde, educação, serviço quando necessário;
I - reconhecida idoneidade moral; mia funcional, já que o Conselho Tutelar social, previdência, trabalho e segu-
é um órgão colegiado formado por rança; » Assessorar o Poder Executivo local
II - idade superior a vinte e um anos; cinco membros. Para qualquer medida a na elaboração da proposta orçamen-
ser aplicada, é preciso que pelo menos - Representar junto à autoridade tária para planos e programas de
III - residir no município. judiciária nos casos de descum- atendimento dos direitos da criança e
três conselheiros concordem, incluindo
as relacionadas abaixo: primento injustificado de suas do adolescente;
Observe que não há nenhuma exigência deliberações;
quanto ao grau de escolaridade. Tam- » Atender crianças e adolescentes nas » Representar, em nome da pessoa e
bém não é exigido que o Conselheiro hipóteses previstas nos arts. 98 e » Encaminhar ao Ministério Público da família, contra a violação dos direi-
Tutelar tenha curso superior ou técnico 105, aplicando as medidas previstas notícia de fato que constitua infração tos previstos no art. 220, §3º, inciso
na área de ciências sociais. O que se no art. 101, I a VII, do Estatuto da administrativa ou penal contra os II, da Constituição Federal;
requer dele é uma atuação presente Criança e do Adolescente (ECA – Lei direitos da criança e do adolescente;
nos casos de violação de direitos ou 8.069.90); »
Representar o Ministério Público,
» Encaminhar à autoridade judiciária os para efeito das ações de perda ou
casos de sua competência; suspensão do pátrio poder.

» Providenciar a medida estabelecida


pela autoridade judiciária, dentre

4. Contas públicas
A participação da população no 12.527/2011, conhecida como Lei da
acompanhamento da execução do Transparência, que obriga órgãos públi-
orçamento público é algo indispensável cos da administração direta e indireta a
no Brasil, especialmente em vista dos garantir a qualquer cidadão o acesso à
escandalosos casos de corrupção que informação.
lamentavelmente temos observado nas
gestões de todos os entes federativos. A partir da entrada em vigor da citada
Lei, diversas ferramentas de controle
Esse acompanhamento se tornou mais foram implantadas, como o Portal da
fácil após a entrada em vigência da Lei Transparência do Governo Federal

24 25
(http://www.portaltransparencia.gov. foi criada a partir deste escândalo com
br/), que confere a qualquer pessoa o propósito de participar ativamente da
o direito de verificar todos os gastos gestão dos recursos públicos munici-
praticados pelos órgãos da adminis- pais.
tração federal.
Como ferramenta, foi criado o Obser-
A sociedade civil também tem aberto vatório Social de Maringá, que passou
possibilidades de acompanhamento e a se inserir no controle dos recursos
fiscalização das contas públicas, como junto à Prefeitura Municipal, indicando,
a Associação Contas Abertas (http:// inclusive, um dos seus membros para
www.contasabertas.com.br), que a par- participar ativamente na elaboração e
tir do Portal da Transparência e órgãos fiscalização de processos licitatórios,
de controle como Tribunal de Contas da entre outros.
União e Controladoria Geral da União,
analisam a execução de recursos fede- A partir deste momento, as finanças do
rais e denunciam algum uso indevido. município têm sido progressivamente
recuperadas e saneadas, sendo que,
Em nível mais local, quero mencio- em 2015, a Federação das Indústrias aulas de cidadania fiscal para crianças e com o Observatório Social de Maringá
nar a iniciativa da sociedade civil de do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN, adolescentes; utilização de voluntários, através do site http://observatorioso-
Maringá-PR, que criou a organização atestou em suas medições que a como economistas, auditores fiscais cialmaringa.org.br/, e verificar se é
SER–Sociedade Eticamente Respon- cidade de Maringá ocupa o 1º lugar em e juízes aposentados para auxiliar na possível criar um Observatório Social
sável, após escândalos de corrupção gestão fiscal no Paraná e 8º lugar no análise das contas municipais; elabo- em sua cidade.
ocorridos há mais de 20 anos, que prat- Brasil. ração de uma peça teatral intitulada
icamente destruíram a gestão pública “Auto da Barca do Fisco” (em alusão ao Alguns municípios também utilizam
daquele município, causando um pre- Entre as ações da SER e do Obser- como ferramenta para planejar suas
clássico “Auto da Barca do Inferno”, do
juízo de mais de R$ 100 milhões. A SER vatório Social de Maringá encontram-se finanças o assim chamado “orçamento
português Gil Vicente), encenada por
funcionários das Receitas Estadual e participativo”, que, através de audiências
Federal (acreditem!), visando estimu- públicas, possibilita à população debater
lar a reflexão sobre a cidadania no sobre os investimentos públicos priori-
tocante a arrecadação de tributos e tários em cada bairro ou comunidade. A
sua adequada aplicação para garantir ideia é que a Prefeitura inclua no orça-
serviços e bens públicos de qualidade; mento do ano seguinte as proposições
concursos de redação e monografias colhidas junto à população. É possível
abordando temas sobre cidadania e verificar se o orçamento participativo
correta aplicação de recursos públicos. é executado em sua cidade fazendo
contato com a Secretaria de Finanças
Eis aí uma belíssima iniciativa para (ou Fazenda em alguns lugares) e mobi-
mobilização social em prol da decência lizando os moradores de sua rua ou vizi-
e da eficiência na gestão dos gastos nhos para que compareçam às reuniões
públicos. Você pode entrar em contato e ofereçam sua contribuição.

26 27
Atuar nas políticas públicas também é atuar como missionário
5. Movimentos sociais
Não podemos deixar de mencio- um ato de cidadania, que é uma atitude
nar a importantíssima participação proativa e desvinculada de motivações
dos movimentos sociais, espaços não pessoais que cada um deve ter para
institucionalizados, que pode se dar com a sociedade ou comunidade em
de diversas formas: em associações que está inserido.
de moradores ou movimentos ligados
a determinada causa, como questões Vale lembrar que o envolvimento
fundiárias, habitação, mobilização e em movimentos sociais é garantido
fundo institucional, como no combate constitucionalmente, na medida em
à corrupção e reforma política, entre que a nossa Lei Maior trata como direito
outros. e garantia fundamental a liberdade de
expressão (art. 5º, IV), de manifestação
Jesus viu a viúva na multidão, se compadeceu dela e agiu (Lc 7.12-14). Ao Tal participação, antes de estar ligada (art. 5º, IX), de reunião (art. 5º, XVI) e de
ler os versículos de Lucas 7.12-14 me senti desafiada a fazer o mesmo. a qualquer questão legal, faz parte de associação (art. 5º, XVII).
Assim, procurei uma das escolas de Jovens Com Uma Missão (JOCUM),
em Pitangui. No momento em que a aula era ministrada, lembrei de um
filme que havia assistido recentemente chamado Tráfico Humano. O
filme conta a história de mulheres em situação de risco e apresenta
6. Advocacy
dados alarmantes em relação ao tráfico de drogas. Fiquei assustada,
De acordo com o conceito extraído da
porque não sabia o que fazer. Depois de alguns meses morando em São
Wikipedia2:
Paulo (capital) fui para Belo Horizonte, para uma das casas de JOCUM.
Concluí o curso de Serviço Social no final de 2013, pela PUC Minas. Meu Advocacy é uma prática política levada
trabalho de conclusão de curso foi sobre o tráfico de pessoas. Meu está- a cabo por indivíduo, organização
gio foi em um grupo de pesquisa sobre migração internacional, tema cor- ou grupo de pressão, no interior das
relato ao tráfico de pessoas. Durante esse tempo, participei e organizei instituições do sistema político, com a
seminários relacionados ao tema e conheci pessoas e organizações que finalidade de influenciar a formulação
se dedicavam a essa mesma causa. Tenho acompanhado o Programa de de políticas e a alocação de recursos
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de Minas Gerais desde o início, em públicos. A advocacy pode incluir
2012. No ano passado, participei do processo de eleição para compor inúmeras atividades, tais como cam-
o comitê interinstitucional desse programa como sociedade civil. Fui panhas públicas, promoção de eventos,
escolhida, junto com mais quatro instituições para participar da elabo- comissionamento e publicação de
ração de um plano estadual de enfrentamento ao tráfico de pessoas, estudos, pesquisas e documentos para
assim como de sua implementação e monitoramento. Minha oração é servir aos seus objetivos.
para que eu possa ser instrumento nas mãos do Senhor até que Seu
reino venha, um reino de justiça e transformação.
2 - ADVOCACY. In Wikipedia, 2015. Disponível
Vanessa do Carmo em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Advocacy>.
Acesso em: 17 jun. 2015, às 15h53m
Jovens Com Uma Missão – Belo Horizonte

28 29
A prática de advocacy nas instituições
da República é outra importante forma
Também é importante o acompanha-
mento das reuniões das comissões
7. Conclusão
de participação popular, mediante o permanentes, comissões especiais
Diante de tudo que vimos, podemos se faz o bem, e sim, quando se faz o mal.
acompanhamento das discussões e e sessões plenárias das casas legis-
concluir que a participação de cristãos Queres tu não temer a autoridade? Faze
projetos de Lei nas casas legislati- lativas, já que, em virtude de brechas
em instâncias como as mencionadas o bem, e terás o louvor dela; visto que
vas, como Câmara dos Vereadores, regimentais, diversos assuntos são
acima, bem como em movimentos a autoridade é ministro de Deus para
Assembleias Legislativas e Congresso deliberados sem estarem pautados e,
sociais, é de fundamental importância. teu bem. Entretanto, se fizeres o mal,
Nacional. por muitas vezes, questões polêmicas,
teme; porque não é sem motivo que ela
que violam direitos ou são imorais Os espaços e as formas de participação traz a espada; pois é ministro de Deus,
Em situações que repercutem na (mesmo que legais) são tratadas desta dos cristãos na sociedade estão à espera vingador, para castigar o que pratica o
opinião pública e alteram diretamente forma. Cabe a nós, em ato de cidadania, daqueles que desejam ocupá-los. O mal. É necessário que lhe estejais sujei-
o cotidiano das pessoas, questões acompanhar tudo detalhadamente, o Senhor nos criou e nos constituiu igreja tos, não somente por causa do temor
polêmicas e comportamentais, bem que só pode ser feito se estivermos para influenciarmos o meio em que vive- da punição, mas também por dever de
como no modus operandi de setores presentes nestas reuniões e sessões. mos como protagonistas no exercício do consciência. Por esse motivo também
econômicos e sociais, as instituições
poder de autoridades constituídas por pagais tributos; porque são ministros
acima citadas realizam audiências Por fim, muitas reivindicações que
Deus, conforme está escrito em Roma- de Deus, atendendo constantemente a
públicas e debates que, em geral, influ- demandam alteração ou criação de
nos 13.1-7: Todo homem esteja sujeito este serviço. Pagai a todos o que lhes é
enciam diretamente o entendimento leis podem ser tratadas diretamente
às autoridades superiores; porque não devido; a quem tributo, tributo; a quem
dos partidos e seus respectivos parla- com os parlamentares e mesas dire-
há autoridade que não proceda de Deus; imposto, imposto; a quem respeito,
mentares. Cabe a nós, cristãos, partici- toras das casas legislativas, através de
e as autoridades que existem foram por respeito; a quem honra, honra.
parmos desta agenda e apresentarmos articulações com líderes partidários e
ele instituídas. De modo que aquele que
nossas opiniões e posicionamentos. grupos que apoiem determinada causa.
se opõe à autoridade, resiste à orde- O que se requer de nós é que sejamos
nação de Deus; e os que resistem trarão sal e luz, não importa se individual ou
sobre si mesmos condenação. Porque os coletivamente.
magistrados não são para temor quando

Gustavo Gois é advogado atuante no Terceiro Setor e em projetos


socioambientais ligados a empresas. Atualmente é assessor jurídico
da Aliança Cristã Evangélica Brasileira, da RENAS – Rede Evangélica
Nacional de Ação Social e do CADI Brasil – Centro de Assistência e Desen-
volvimento Integral, atuando em Tribunais de Conta, Congresso nacional,
justiça nacional, estadual e federal e em órgãos da administração pública
federal direta e indireta.

30 31
CAPÍTULO 3
PRINCÍPIOS
ORIENTADORES DA
NOSSA PARTICIPAÇÃO
A Igreja deve participar das ações de A igreja pode ter duas atitudes em soluções para que todos vivam com
promoção e defesa de direitos das relação aos desafios de participação mais qualidade de vida e acessem os
pessoas na comunidade em que está social e comunitária: fugir e não se direitos estabelecidos, atuando efeti-
situada. Este é um grande desafio, se envolver nas ações comunitárias vamente nos ambientes de construção
levarmos em conta que faz parte da ou participar ativamente e construir comunitária existentes.
nossa missão ser uma agência comu-
nitária de manifestação de justiça e de
igualdade para todos. Participação qualitativa
A participação da igreja deve ser estra- discussão e encaminhamento de ações
Participação social tégica quando se fala da construção de que contemplam os direitos das pes-
uma sociedade mais justa e solidária. soas.
No sentido mais estrito e de caráter Ela é legitima nesta participação, pois
político social, participação social sig- tem personalidade jurídica e cumpre Como já foi dito anteriormente, a
nifica a democratização ou participação a legislação estabelecida para o seu Constituição Federal de 1988, conhe-
ampla dos cidadãos nos processos funcionamento. Além disto, é composta cida como CONSTITUIÇÃO CIDADÃ,
decisórios na sociedade. Participar é por pessoas e existe por causa das pes- consagrou o princípio da participação
envolver-se na vida comunitária, dis- soas, e a sua presença nestes espaços social como forma de afirmação da
cutir, propor, fiscalizar e compartilhar qualifica e fortalece a luta pela defesa democracia. Uma das formas de
ações, soluções e ideias que melhorem e promoção dos direitos da população. participação social é envolver-se nos
a vida da população. conselhos de direitos. Estes conselhos
Os espaços comunitários em que a são órgãos colegiados, permanentes,
A participação é um processo de igreja deve atuar são os constituídos paritários e deliberativos, com o obje-
conquista que exige compromisso, pela própria comunidade em que se tivo de formular, supervisionar e avaliar
envolvimento e presença em ações encontra e são próprios para a escuta, as políticas públicas.
por vezes arriscadas e até temerárias. cial que o cidadão opine efetivamente
A participação é um requisito para a sobre as políticas, ações e serviços
realização do próprio ser humano, e públicos dos quais é beneficiário.
condição para o seu desenvolvimento
social. A participação social pode ser entendida
como um processo no qual homens e
Participar nos espaços legítimos da mulheres se descobrem como sujeitos
comunidade implica entender as vari- políticos ao exercer seus direitos
adas ações que diversas forças sociais políticos, ou seja, uma prática que está
desenvolvem com o intuito de influen- diretamente relacionada à consciência
ciar a formação, execução, fiscalização dos cidadãos e cidadãs, ao exercício
e avaliação de políticas públicas na área da cidadania e às possibilidades de
social, tais como: saúde, educação, contribuir com processos de mudanças
habitação, transporte, lazer e outras. e conquistas nos direitos individuais e
Exige iniciativa e intenção, pois é essen- coletivos da comunidade.

34 35
Os conselhos de direitos são os espaços ambientes de defesa, construção e Há vários casos onde o próprio poder
legais estabelecidos em âmbito federal, monitoramento das políticas públicas, público, competente para a promoção
distrital, estadual e municipal, que têm estabelecendo com elas processos e efetivação dos direitos à população,
como principal objetivo a promoção da de avaliação e escuta periódicas para desenvolve a cooptação da socie-
defesa dos direitos da população de fortalecer, corrigir rumos e desenvolver dade civil através de processos que
referência, acolher pautas e interes- lideranças comunitárias. dificultam o andamento dos trabalhos
ses dos setores sociais que buscam ordinários dos conselhos de direitos,
a qualidade e a universalização da Estas pessoas precisam atuar redes e fóruns de defesa e outros
prestação de serviços, dialogando de nestas instâncias sociais de forma movimentos sociais.
forma legítima com os outros poderes corajosa e ativa e devem contar com
e com a sociedade em geral. uma retaguarda de encorajamento e Além disto, faltam estruturas físicas
fortalecimento onde serão acolhidas adequadas, pessoal para as áreas de
Além dos conselhos de direitos, há para o encorajamento, fortalecimento e apoio, equipamentos, recursos finan-
os fóruns e centros de defesa de capacitação. ceiros, veículos e todo o aparato
direitos individuais, coletivos e difusos, logístico previsto pela legislação, e
associações de bairros e movimentos que deveria ser implantado pelo poder No cenário comunitário local a igreja
sociais que fazem parte e são legíti- público para o bom funcionamento faz parte do segmento “sociedade civil
mos na discussão, reflexão, controle destes ambientes de cidadania. organizada”, que é composto por todos
e proposição de ações pelos direitos os movimentos sociais que não fazem
pessoais, coletivos e difusos previstos É necessário estar atento às ofertas parte do poder público. A sociedade
e, na sua maioria, negados à população. que são propostas, tais como: cargos civil carece de articulação e moderação
(O capítulo 2 dessa cartilha trata de em comissão, assessorias, promoções, para que possa cumprir o seu papel de
aspectos jurídicos desses instrumen- facilitações e até recursos financeiros, representar a comunidade nas lutas
tos de participação social). oferecidos a fim de retrair e inibir a sociais pela conquista dos direitos
atuação da sociedade civil na luta pela postos e por aqueles que ainda serão
É dever da igreja motivar, capacitar conquista e manutenção dos direitos. garantidos à população.
e enviar as pessoas da igreja ou da
comunidade que demonstrem vocação,
perfil e disposição para atuar nos Participação respeitosa,
honesta e contundente
Participação cuidadosa Nesta atuação, a igreja precisa ser re- fé. Esta atitude de cobeligerância pode
presentada por pessoas combativas e ser ideal na promoção do diálogo e na
Na atuação comunitária a igreja deve diversos interesses que participam corajosas, competentes e capacitadas busca pelo consenso entre os diversos
estar atenta, identificando as forças destes espaços comunitários e são para a construção de relações sau- atores comunitários, favorecendo o
contrárias que atuam em favor de representados por pessoas que sis- dáveis e favoráveis com associações, êxito das conquistas sociais para a
interesses individuais ou de grupos que tematicamente impõem uma agenda organizações e também outros grupos população. Esta atuação passa por
colidem com aqueles de ordem pública. contrária àquela que é a pauta da religiosos que legitimamente lutam pela atitudes de respeito e tolerância ao
A luta pelos direitos da população passa promoção e efetivação dos direitos. efetivação do bem- estar coletivo, ainda outro que é diferente em sua matriz
pelo diagnóstico e o conhecimento dos que professem outra forma de culto e ideológica ou religiosa, mas luta pelo

36 37
bem comum e tem o mesmo objetivo: Os conselheiros e pessoas que atuam a perversa prática da separação em nome da proteção. A pergunta
ver os direitos da população efetivados. na promoção de direitos e controle é: seria do interesse da criança que sofreu abuso por parte de um
social exercem as suas funções com homem conhecido, ser afastada da mãe, por esta não ter sido capaz
A igreja precisa ser propositiva nos a responsabilidade de praticar os seus de impedir tal abuso? Temos o direito de julgar uma mulher ina-
debates e buscar construir junto com atos de acordo com os princípios dequada para ser mãe e afastá-la de seu filho contra sua vontade, só
o seu segmento, por meio de delibe- constitucionais de legalidade, impes- por ela ser pobre, muito jovem ou não ter moradia fixa? Uma criança
rações e documentos formais que pos- soalidade, moralidade, publicidade e cujo pai é usuário de drogas ou traficante precisa necessariamente
sam consubstanciar projetos de leis e eficiência, orientando a conduta e a ser afastada da mãe?
leis aprovadas, as políticas públicas que ética pessoal. Vale lembrar que não
efetivam os direitos individuais e cole- cabem ações de interesses particu- Por mais bem estruturados que sejam, alguns serviços importantes,
tivos da população. Deve também atuar lares, pessoais ou de grupos religiosos, prestados por abrigos, casas-lares, repúblicas ou famílias acolhedo-
de forma ativa exercendo o controle empresariais e político-partidários. ras, mantêm a criança separada da sua mãe por um tempo (às vezes
social através do olhar atento e preciso de curta duração). Esta experiência vivida por uma criança ou grupo
nos planos municipais e orçamentos de irmãos sempre será traumática e provocará uma fragilização
públicos, fiscalizando, aprovando ou dos vínculos afetivos. Por que as políticas públicas nacionais não
denunciando desmandos tão comuns regulamentam casas de acolhimentos de mulheres acompanhadas
que atualmente são tipificados como dos filhos? Nós não sabemos a razão, mas nosso ministério tem se
corrupção ativa dos agentes públicos. dedicado a mudar isto. Primeiramente começamos a atender famílias
Nesta atuação é fundamental que a de forma contínua e mais qualificada e depois com a experiência de
igreja esteja junto, fornecendo o apoio atender mais de 600 mães e filhos encaminhadas pelos diversos
técnico e pessoal para que os proces- atores do sistema de garantia de direitos, começamos a influenciar as
sos de investigação e de denúncia dos políticas públicas locais e nacionais no financiamento e regulamen-
responsáveis sejam finalizados e todos tação de serviços similares ao nosso. Em breve, cada capital do país
os culpados sejam punidos na forma terá um serviço similar àquele que temos demonstrado ser possível e
da lei. efetivo em Curitiba.

Patrick Reason
Associação Encontro com Deus

É possível influenciar e mudar uma política pública?

A história do ministério “Encontro com Deus” é uma obra em andamento.


Este ministério tem se dedicado, nos últimos 15 anos, a elaborar respos-
tas para proteger o direito fundamental da família de se manter unida
nas mais variadas situações de violações de direitos e violências. Tudo
começou ao nos depararmos com uma situação que nos incomodou
bastante: Por que crianças que sofreram abuso ou estão em situação
de risco são separadas das suas mães, mesmo contra a vontade de
ambas? Com a experiência obtida com o trabalho em parceria com
um orfanato nos anos 80 e 90, esta pequena igreja se deparou com

38 39
Perfil do ator comunitário Neste diálogo é necessário que haja
disposição para a negociação e con-
É fundamental que, sem perder de
vista as prioridades que representam,
ciliação dos interesses que compõem não cedam às tentações de cair no
Na atuação comunitária, é importante mediar conflitos; transparência e dis- estes ambientes de discussão e jogo fácil e pouco eficaz de só cobrar
destacar algumas características ponibilidade para comunicar as ações que são representados por pes- soluções imediatistas e rápidas, assim
fundamentais do perfil dos que atuam em que está envolvido; capacidade de soas legítimas e capazes. Para que a como a de denunciar a administração
nos conselhos e em outros espaços fiscalizar e acompanhar processos e negociação seja favorável às partes, é pública federal, distrital, estadual ou
de cidadania: disponibilidade pessoal saber comunicar-se com a mídia. necessário que os representantes da municipal, fazendo o jogo político
e institucional para atuar com plena sociedade civil desfrutem da confiança partidário que se apresenta. É preciso
liberdade de ação e participação; dis- É importante e fundamental para o bom da comunidade, sejam qualificados e saber convencer e negociar para que
ponibilidade para participar de reuniões, exercício do defensor e promotor de competentes, tenham conhecimento soluções viáveis e duradouras sejam
consultas e visitas de observação direitos, a sintonia e proximidade com as da causa que defendem, desenvolvam efetivadas e garantidas, independente
e acompanhamento dos trabalhos; organizações e movimentos sociais da capacidade de argumentação, saibam do partido político vigente. Os direitos
capacidade legal para tomada de sua comunidade. Isto acontece através dialogar e construir consensos a fim de fundamentais e sociais da população
decisão; acesso às informações refe- de encontros e reuniões periódicas e pavimentar caminhos que avancem na são políticas de Estado e não estão
rentes ao órgão que representa; capaci- pela escuta constante das pessoas. efetivação da política pública. sujeitas às mudanças de governo.
dade política e técnica em relação aos É condição essencial para o diálogo a
direitos humanos, políticas públicas disposição e o preparo para ouvir. Saber
e programas de garantias de direitos ouvir é uma condição fundamental para
e do orçamento público; capacidade a convergência das ideias e propostas. Cuidados práticos
de representar uma comunidade e
É importante destacar que o diálogo No exercício da função pública de lação. O apoio jurídico é essencial na
de falar em nome dela; competência
entre sociedade civil e o poder público conselheiro de direitos, por exemplo, luta pelos direitos que, nos casos
para formular e defender propostas;
precisa ser qualificado e fortalecido é necessário examinar e encaminhar especiais, podem demandar em ações
habilidade para negociar propostas e
na busca da construção de novas ações de defesa nos casos de violação, judiciais que garantam o acesso aos
reflexões e propostas que serão fiscalizar as denúncias e vistoriar os direitos devidos aos indivíduos ou a uma
pactuadas com os representados para programas de atendimento à popu- determinada população. Os remédios
fortalecer e qualificar a efetivação das constitucionais designam espécies de
políticas públicas que garantirão os ações judiciárias que visam proteger
direitos da população. Ouvir os pares os direitos fundamentais do homem e
e estar preparado para o debate é são os meios de reclamar estes direitos
muito importante nesta atividade de violados e negados. É fundamental que
construção de direitos da população. A o conselheiro seja pessoa capacitada
escuta deve ser desprovida de precon- para exercer estas ações, conheça a
ceitos religiosos, de partidarismos, e de legislação e tenha o apoio do Ministério
distinções de gênero e classe social, Público e da Defensoria Pública.
favorecendo a melhor qualidade das
propostas a serem encaminhadas e Em algumas vistorias e fiscalizações
levadas a termo pelo poder público, que há necessidade de acompanhamento
é o poder legitimo e competente para intenso da mídia, como é o caso dos
garantir à população os seus direitos. conflitos sociais, denúncias de omis-

40 41
são e agressão a direitos individuais sendo formados, ligados a cada uma Atuando de forma qualificada: quando boas intenções não bastam
ou coletivos da população. A mídia, das áreas da ação do Estado e a cada
como um dos mecanismos de controle um dos segmentos organizados da Ao longo dos anos, as Unidades do CADI - Centro de Assistência e Desenvolvi-
social, deve acompanhar e registrar sociedade. A divisão de muitos con- mento Integral têm fortalecido sua participação na sociedade a ponto de termos
as violações mais graves aos direitos selhos de direitos, apesar de ter avan- presidido dois conselhos municipais: o CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos
humanos. çado na visibilidade das denúncias e da da Criança e do Adolescente) e o CMAS (Conselho Municipal de Assistência
necessidade de políticas de atenção a Social), em diferentes municípios onde atuamos.
Os conselheiros precisam estar determinados grupos excluídos, não
capacitados para estabelecer um bom tem, no entanto, aumentado o nível e o Apresentamos aqui um breve relato desses 21 anos de atuação e do aprendizado
relacionamento com a mídia (televisão, número da participação social. Ao con- obtido a partir desta experiência.
jornais e outros meios de comuni- trário, verificam-se superposições de
cação). As informações recebidas » A participação das igrejas ou de organizações baseadas na fé, nestes espaços,
representantes da sociedade civil e até
devem ser precisas e verdadeiras, e dar só é viável se for assumida como uma das frentes de atuação da organização,
do Estado em mais de um conselho”.
fundamento às denúncias, entrevistas, pois requer esforço, disciplina e conhecimento para ter uma participação
artigos e outras ações. Entendo, assim, que é fundamental relevante nestes ambientes;
realizar as ações de promoção e defesa
Alguns cuidados importantes que » O CADI obteve recentemente dois importantes resultados, que são conse-
de direitos de forma articulada, envol-
devem ser tomados para proteger as quência direta de seu engajamento nestes espaços: 1.)aprovação e regula-
vendo não apenas os conselhos de
pessoas envolvidas: evitar a exposição mentação do sistema de Doação Dirigida, permitindo que empresas e pessoas
direitos, mas também os fóruns e redes
da vítima, não tratar dos casos sem físicas contribuam para projetos aprovados no CMDCA com renúncia fiscal; 2.)
de defesa da cidadania, além de outros
as informações necessárias; não pro- construção de um diagnóstico da situação da infância e adolescência através
espaços legítimos existentes na comu-
mover notícias sensacionalistas ou de de um estudo inédito realizado na Fazenda Rio Grande (PR) com suporte de
nidade que podem ser parceiros nestas
interesse pessoal; não defender ideo- investimento privado.
ações. Devemos trabalhar conjunta-
logias, opiniões e crenças de grupos mente, sem usurpar a função do outro,
» Os Conselhos Municipais — e talvez qualquer outro espaço desta natureza
religiosos, políticos e empresariais. mas com vistas à complementaridade
— não devem ser compreendidos de forma ingênua. Além de constituírem o
nas atividades em defesa dos direitos
Para concluir, veja o que Teixeira e espaço prioritário de diálogo entre sociedade civil e poder público, também
individuais e coletivos.
Carvalho afirmam: “Os conselhos vêm é um “espaço de disputa”. Ali são disputados recursos, as agendas políticas
são expostas, o governo disputa a hegemonia nas tomadas de decisões e
as organizações não-governamentais e equipamentos públicos, muita vezes
Tércio Sá Freire de Oliveira, com formação jurídica e de gestão de competem por dinheiro de projetos e maior peso nas decisões.
organização sem fins lucrativos, é pastor do Ministério Vale da Bênção,
diretor de Programas Sociais da Associação Educacional Beneficente Vale Acredito que não poderíamos fazer o que estamos fazendo sem o respaldo de
da Bênção – AEBVB, membro do Grupo Coordenador da RENAS – REDE uma teologia que promova um diálogo efetivo com a esfera pública. O resultado
EVANGELICA NACIONAL DE AÇÃO SOCIAL, Presidente do CONSELHO concreto disto tudo é uma missiologia que apresenta ao mundo diversas modali-
MUNICIPAL DE ASSISTENCIA SOCIAL DE ARAÇARIGUAMA/SP – CMAS, dades de iniciativas que cooperam para o cumprimento das intenções de Deus
Presidente do CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E na garantia dos direitos. A participação de organizações cristãs nestes espaços
ADOLESCENTE DE ARAÇARIGUAMA/SP – CMDCA mandato 2009 a 2013, deve ser compreendida como resultados desta concepção de Missão.
Conselheiro do CONSELHO ESTADUAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
ESTADO SÃO PAULO – CONDECA/SP mandato 1998 a 2002. Marcel Lins Camargo
CADI Brasil

42 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: GLOSSÁRIO:
Freston, Paul. Religião e Política, sim. Igreja e Estado, não. Viçosa, MG: Ultimato. - Cobeligerância: termo utilizado por Francis Schaeffer na década de 70,
significando a capacidade de pessoas que creem em realidades diferentes de se
Cavalcanti, Robinson. Cristianismo e Política. Teoria bíblica e prática histórica. juntarem, momentaneamente, para lutarem por uma causa comum.
Viçosa, MG. Ultimato.
- Cooptação: ato ou efeito de cooptar. Agregar, associar. Atrair (alguém) para
Costa, Antônio Carlos. Convulsão Protestante. Quando a teologia foge do templo seus objetivos. Escolher ou unir-se a (alguém), como companheiro, parceiro
e abraça a rua. São Paulo, SP. Mundo Cristão. ou cúmplice, para um empreendimento ou ação conjunta (Fonte: http://www.
dicionarioinformal.com.br).
Cartilha Por Muitas Mãos. Cadernos de Cidadania Cristã – REPAS (Rede Evan-
gélica Paranaense de Ação Social). - Políticas Públicas: são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvi-
das pelo Estado diretamente ou indiretamente, com a participação de entes
SOUZA, Maria Luiza. Desenvolvimento de comunidade e participação. 3ª ed. São públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania,
Paulo: Cortez, 1991. de forma difusa ou para determinado segmento social, cultural, étnico ou
econômico (Fonte: Laboratório de Educação). A política pública é concebida
CONANDA. Parâmetros para criação e funcionamento dos Conselhos dos Direi-
como o conjunto de ações desencadeadas pelo Estado - no caso brasileiro, nas
tos - Resolução 105. Brasília: CONANDA, 2005.
escalas federal, estadual e municipal, com vistas ao atendimento a determi-
nados setores da sociedade civil. Elas podem ser desenvolvidas em parcerias
TEIXEIRA, Ana Claudia C; CARVALHO, Maria do Carmo. Como articular as ações
com organizações não governamentais e, como se verifica mais recentemente,
dos Conselhos. São Paulo: Instituto Pólis.
com a iniciativa privada. Tradicionalmente são compostas baseadas em quatro
elementos centrais: Dependem do envolvimento do governo, da percepção de
um problema, da definição de um objetivo e da configuração de um processo de
ação (DEUBEL, Andre-Noel Roth Políticas públicas: formulación, implementación
y evaluación. Bogotá, Colômbia: Ediciones Aurora, 2006.).

- Terceiro Setor: é uma terminologia sociológica que dá significado a todas as


iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil. A palavra
é uma tradução do inglês 'third sector', um vocábulo muito utilizado nos Estados
Unidos para definir as diversas organizações sem vínculos diretos com o primeiro
setor (público, o Estado) e o Segundo setor (privado, o mercado). De um modo
mais simplificado o terceiro setor é o conjunto de entidades da sociedade civil
com fins públicos e não-lucrativos, conservados pela ênfase na participação
voluntária em âmbito não-governamental.

44 45
O que fazemos
» Somos um testemunho visível de unidade e manifestação de amor e serviço ao
evangelho de Jesus Cristo.

» Incentivamos o compartilhamento de experiências, potencializamos ações e


facilitamos parcerias em diferentes áreas da vida da igreja.

» Exercemos um papel de informação e comunicação entre os participantes da


Aliança e entre estes e a sociedade brasileira.

SOBRE A ALIANÇA CRISTÃ EVANGÉLICA BRASILEIRA » Representamos nossos filiados perante a sociedade em questões relevantes à
Igreja, sempre respeitando a diversidade denominacional e a autonomia de seus
Juntos podemos fazer mais e melhor! membros.

10 MOTIVOS PARA FILIAR-SE


1. Identifique seu ministério ou organização com outros cristãos evangélicos na
Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que promoção de campanhas de oração, de testemunho público da fé evangélica,
crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam de atuações em ministérios importantes à vida e missão da Igreja, em suas
um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti que eles também estejam mais diferentes áreas.
em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.
2. Participe da construção de uma voz cristã evangélica respeitada e de bom
João 17.21, 22 senso, perante a mídia e os líderes governamentais, apresentando respostas
aos temas atuais baseados numa perspectiva bíblica.

3. Promova a cooperação e colaboração entre ministérios, aumentando a eficácia


da Igreja para que sirva mais e melhor à nação.

4. Aumente o impacto do testemunho da Igreja através de parcerias com outros


A Igreja Evangélica Brasileira representa cerca de 22,2% da população brasileira,
líderes afiliados e seus ministérios.
segundo dados do Censo IBGE 2010. No entanto, essas mais de 42 milhões de
pessoas estão dispersas em inúmeros grupos e subgrupos diferentes, com articu- 5. Enriqueça seu ministério pela troca de experiências, recursos, seminários e
lação quase nula, sem coesão e sem influência coletiva a nível nacional. workshops disponíveis.

Neste contexto, a Aliança Evangélica associa de todo o Brasil, denominações, 6. Amplie seu network: nossos afiliados incluem denominações, igrejas, organi-
igrejas, organizações, ministérios, movimentos e pessoas evangélicas (que se zações ministeriais e educacionais, redes, associações e movimentos, sempre
identificam com sua proposta, crenças e princípios) para manifestar os valores do em busca de unidade e cooperação.
Reino de Deus, na unidade do Espírito, através da vida e expressão de serviço em
missão.

46 47
7. Incremente sua tecnologia social: nossos filiados compõem um quadro enorme
de recursos, incluindo líderes de ministérios, acadêmicos e profissionais com
larga experiência em campo.

8. Conte com nossa assessoria, comprometida em promover relevância bíblica na


esfera pública e parcerias efetivas entre a comunidade evangélica.

9. Engaje-se no Corpo de Cristo ao redor do mundo: a Aliança é membro da WEA


(Aliança Evangélica Mundial), que reúne 600 milhões de cristãos evangélicos
em 129 países, com o alvo de demonstrar a unidade do Corpo de Cristo e
fortalecer o testemunho público da Igreja e os valores do Reino de Deus. SOBRE RENAS – Rede Evangélica
Nacional de Ação Social
10. Nossas decisões são colegiadas. Contamos com um grupo de líderes evan-
Apesar dos avanços em vários setores, o Brasil ainda é um país que apresenta uma
gélicos de diferentes lugares do Brasil e de diferentes igrejas e organizações,
profunda desigualdade social. Neste horizonte, as igrejas e as organizações evan-
que emprestam de sua experiência e compromisso cristão para que a Aliança
gélicas de assistência social constituem uma relevante força de transformação
Evangélica caminhe com sabedoria, discernimento e solidez.
no âmbito da participação e controle social e nas frentes de ação social. Este tra-
balho, porém, tem se desenvolvido de forma desarticulada, dispensando esforços
Junte-se a nós! e exercendo pouca influência nas políticas públicas. Além disso, há insuficiente
troca de experiências que propiciem o fortalecimento das iniciativas evangélicas,
1. Filie-se! Preencha a ficha de adesão disponível no site. bem como o acesso aos diversos recursos existentes.

2. Inscreva-se no site para receber notícias da Aliança Evangélica.


Objetivo Geral
3. Contribua com a Aliança para o cumprimento de sua missão.
Informações no site. Ser uma rede de alcance nacional, que promova o relacionamento entre as organi-
zações, redes e igrejas evangélicas que atuam na área social na promoção e
defesa dos direitos humanos, no fortalecimento de políticas públicas, no
empoderamento dos mais vulneráveis e proporcione encorajamento, capaci-
tação, articulação, mobilização, troca de experiências, informações, recursos
e tecnologia social em benefício de uma sociedade influenciada por princípios
cristãos.

Aliança Cristã Evangélica Brasileira Propósitos


Rua Bernardino de Campos, 636
1. Redes: incentivar e fortalecer a criação de redes locais, regionais e temáticas,
Centro - Campinas - SP - CEP 13010-151
marcando presença em todos os lugares em que há necessidade de ação
Telefone: (19) 2513-1483 das 8h às 14h
social.
secretaria@aliancaevangelica.org.br
www.aliancaevangelica.org.br 2. Políticas públicas: articular e mobilizar a rede em torno de ações pró-ativas
Facebook: www.facebook.com/aliancaevangelicabrasileira transformadoras no campo das políticas públicas.

48 49
3. Comunicação: promover e facilitar a comunicação com os atores sociais evan-
gélicos e com os interessados em ação social.

4. Capacitação: facilitar a capacitação dos atores sociais evangélicos.

5. Gestão: ter uma gestão que cumpra a missão da RENAS e contribua para o
trabalho em rede. faça o
6. Centro de informações: identificar a ação social evangélica no Brasil e pro- download
mover a divulgação de informações que facilitem o planejamento estratégico
da RENAS e das organizações filiadas.
desta cartilha
7. Parcerias e alianças: construir relacionamentos e alianças com pessoas/
no link:
organizações convergentes com os princípios e valores da RENAS.
www.aliancaevangelica.org.br/
8. Campanhas: organizar campanhas que mobilizem organizações, igrejas, gover- cartilhacidada2
nos e a sociedade em torno de temas importantes para a ação social.

Venha fazer parte!


1. Acompanhe a RENAS: assine gratuitamente o boletim “Atalhos”.

2. Torne-se parceiro: solicite e preencha uma ficha de adesão.

3. Inclua sua organização no MASE (Mapa da Ação Social Evangélica).

4. Participe de uma rede local ou temática.

Comunicação
Boletins quinzenais: Atalhos e Entre Nós
Site: www.renas.org.br
Redes sociais:
Facebook: facebook.com/renasbrasil;
Twitter: twitter.com/renas_br

Secretaria executiva da RENAS


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