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CONTRIBUIÇÃO SÓCIO-CULTURAL DO PROGRAMA CORDAS DA AMAZÔNIA1


Ulisses Wilson Vaz Farias
Licenciado em Música pela Universidade Federal do Pará
ulisseswilll@hotmail.com
Áureo DeFreitas
PhD em Educação Musical do Instituto de Ciências da Arte da UFPA
aureo_freitas@yahoo.com
Gilda Helena Gomes Maia
Mestranda em Artes pela Universidade Federal do Pará
Bolsista da FAPESPA
gildahma@hotmail.com
Resumo: Este artigo aborda sobre a contribuição sócio-cultural do Programa Cordas da
Amazônia da Escola de Música da Universidade Federal do Pará. Para isso, buscou-se
identificar a inserção do ensino em grupo e da educação inclusiva dentro do ensino
oficial de música de Belém, por intermédio da trajetória do Programa Cordas da
Amazônia, descrevendo seus princípios, objetivos e estrutura. A pesquisa foi feita
dentro de uma abordagem qualitativa. Primeiramente, realizou-se uma pesquisa
bibliográfica, a fim de fundamentar o significado da educação musical inclusiva,
rompendo os paradigmas do ensino musical tradicional. Em seguida, realizou-se a
coleta de dados, por intermédio de uma análise documental sobre o Programa Cordas da
Amazônia, e de entrevistas com o idealizador, criador e coordenador do Programa
Cordas da Amazônia – professor doutor Áureo DeFreitas – para a identificação da
contribuição sócio-cultural do Programa, compreendendo sua importância dentro do
movimento musical paraense. Verificou-se que o Programa Cordas da Amazônia – por
intermédio do ensino em grupo de instrumentos de cordas friccionadas – busca uma
educação musical de qualidade e mais humana, contribuindo sócio e culturalmente
através: (a) da inclusão de estudantes de diversos níveis de aprendizado e de diversas
faixas-etárias com e sem distúrbios de aprendizagem; (b) do fomento aos três pilares
universitários – ensino, pesquisa e extensão – promovendo a iniciação científica, a
prática pedagógica e a prática instrumental em grupo no intuito de alargar os horizontes
de seus participantes; (c) da inovação de linguagem rompendo paradigmas da educação
musical tradicional; (d) do trabalho em grupo, gerando a socialização e a interação
interdisciplinar e multidisciplinar entre graduandos, graduados, pós-graduados,
estudantes de música e de outros segmentos educacionais; (e) do estímulo à criatividade
e descontração no momento de aquisição do conhecimento musical erudito e popular;
(f) e, finalmente, de uma educação musical que visa à cidadania, promovendo a inclusão
de estudantes de diversos níveis sociais.
Palavras-Chave: Educação Musical. Inclusão. Programas Sociais.

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Este artigo tomou por base o Trabalho de Conclusão de Curso “Memorial do Programa Cordas da Amazônia e
sua Contribuição Sócio-Cultural”, de autoria de Ulisses Wilson Vaz Farias (FARIAS, 2009-c). Ulisses foi
aluno e, posteriormente, monitor do Programa Cordas da Amazônia, e reconhece-se beneficiado por este
Programa: “através do Programa Cordas da Amazônia, tive a oportunidade de conhecer culturas diferentes,
através das turnês da Orquestra Infanto-Juvenil de Violoncelistas da Amazônia, da qual fiz parte como
violoncelista e monitor. Através do curso de violoncelo, tive acesso a pessoas tanto do movimento musical,
quanto do cultural, e isso me deu oportunidades e me abriu portas. Pude adquirir, por exemplo, dois
violoncelos, instrumentos que fora do Programa não poderia comprar, pelo fato de ser muito caro. O próprio
meio me deu a possibilidade de adquiri-los. Tive oportunidade de viajar, de morar fora de Belém, de tocar em
orquestras paraenses e nacionais. Toquei como músico de orquestra, por exemplo, no Copacabana Palace (RJ),
na Sala Cecília Meireles (RJ) e no Teatro da Paz (PA). O Programa Cordas da Amazônia também me deu a
oportunidade de desenvolver minha vida acadêmica. Este ano, estou concluindo o curso de Licenciatura Plena
em Música na UFPA. Aprendi que, com disciplina, responsabilidade e estudo, se pode construir um futuro
melhor (FARIAS, 2009-c).
2

1 INTRODUÇÃO

A música é, em primeiro lugar, uma contribuição para o alargamento da


consciência e para a modificação do homem e da sociedade
(KOELLREUTTER apud BRITO, 2001).

A criação de escolas oficiais de música em Belém data do século XIX e visa o


ensino da prática solista de vários instrumentos, inclusive de instrumentos de cordas
friccionadas, um ensino pautado no modelo conservatorial, objetivando o repertório musical
erudito europeu e o preparo do músico como solista e virtuose (VIEIRA, 2001).
Apesar dessas escolas oficiais de música de Belém – Instituto Carlos Gomes e
Escola de Música da Universidade Federal do Pará – objetivarem a formação de orquestras,
viabilizando para isso vários projetos, como o Projeto Espiral e o Projeto Cordas; não
vislumbravam em seus currículos, a metodologia do ensino em grupo de instrumentos – em
voga na educação musical internacional (FARIAS, 2009-b).
DeFreitas (FARIAS, 2009-b) visualiza três gerações do Projeto Cordas dentro das
escolas de música oficiais de Belém, que se assemelha por terem o mesmo formato do Projeto
Cordas norte-americano – mentor dessa idéia. A primeira geração teria sido o Projeto Espiral
do Instituto Carlos Gomes (1977-1981), em convênio com a SECDET. A segunda geração
seria o Projeto Cordas do Instituto Carlos Gomes (1988-1990), viabilizado pela Fundação
Carlos Gomes. E a terceira geração, iniciaria com o Projeto Cordas da Amazônia: Violoncelo
em Grupo (2006-2007), idealizado e criado pelo Professor Doutor Áureo DeFreitas em
convênio com a EMUFPA, culminando no atual Programa Cordas da Amazônia (2008).
DeFreitas (FARIAS, 2009-b) ressalta que, apenas a terceira geração utiliza a metodologia do
ensino musical em grupo, preocupando-se com a educação inclusiva e, por isso, rompendo o
paradigma do ensino tradicional de música.
A metodologia do ensino musical em grupo utilizada no Programa Cordas da
Amazônia tem demonstrado resultados, como a criação da Orquestra Infanto-Juvenil de
Violoncelistas da Amazônia, a qual já se apresentou em diversos locais nacionais e
internacionais, divulgando este trabalho realizado em Belém (DEFREITAS, 2009).
Verifica-se, no entanto, que este Programa é mais conhecido internacionalmente
do que pelos próprios paraenses (Jornais e Revistas Internacionais – DeVolkskrant-Holanda;
Patek Philippe International Magazine; Classic FM; Entertainment Portfolio; Le Violoncelle;
The Strad –; Rádio Internacional: BBC Radio 4-UK; BBC World Service-UK; National Public
Radio-USA; BBC Today –; e TV Internacional: BBC TV 24-UK), existindo ainda poucos
trabalhos escritos sobre ele2.
Este artigo pretende, portanto, verificar e divulgar o desenvolvimento do
Programa Cordas da Amazônia, sistematizando sua história e descrevendo sua trajetória,
desde sua criação até os dias atuais.

1.1 Situação-Problema

A preocupação em verificar e divulgar a história e a trajetória do Programa Cordas


da Amazônia, suscita a problemática que motiva este artigo: compreender a importância deste
Programa dentro do movimento musical paraense, averiguando sua contribuição sócio-

2
TCC de Társilla Rodrigues “Educação Musical por meio de cordas friccionadas e a abrangência no ensino de
música: um estudo descritivo do Programa Cordas da Amazônia” (2008 – Licenciatura em Música/UEPA);
TCC de Társis Lopes “A Evasão no Programa Cordas da Amazônia” (2008 – Licenciatura em Música/UFPA);
TCC de Jéssica Rodrigues “Musicalização de Crianças e Adolescentes com Diagnóstico de Autismo” (2009 –
Licenciatura em Música/UEPA); e TCC de Ulisses Wilson Vaz Farias “Memorial do Programa Cordas da
Amazônia e sua Contribuição Sócio-Cultural” (2009 - Licenciatura em Música/UFPA).
3

cultural pautada na educação inclusiva e viabilizada por sua ênfase nos três pilares da
Universidade Federal do Pará: ensino, pesquisa e extensão.

1.2 Metodologia

A compreensão dos fundamentos da pesquisa e de seus significados partiu dos


conceitos apreendidos com base nos referenciais teóricos de obras e artigos que falam sobre
as contribuições sócio-culturais do ensino inclusivo de música, que visa o desenvolvimento
total do aluno e sua qualidade de vida.
Autores como Salles (2007, 1980, 1962), Vieira (2001), Barros (2004) e Maia
(2006) reconstituem a história do ensino musical de Belém, no âmbito dos instrumentos de
cordas friccionadas, desde o século XIX, apresentando os paradigmas do modelo
conservatorial, tradicionalmente utilizado dentro do ensino musical oficial. Brito (2001),
baseando-se nos ensinamentos de Koellreuter, mostra a importância de um ensino musical
mais humano, preocupado mais com a qualidade de vida e com o desenvolvimento total do
aluno, justificando a necessidade de se transformar a educação musical tradicional. E
Gonçalves (2006), Ribeiro (2004), França (2005), Ferreira (2005) e Ribas (2009) defendem a
educação inclusiva, valorizando a troca de conhecimentos entre o professor e seu aluno,
reconhecendo o aluno portador de necessidades especiais como um colaborador importante
dentro da sociedade; justificando que o ensino musical, além de auxiliar na aquisição de
conhecimentos e contribuir para o equilíbrio emocional dos alunos portadores de transtornos
do desenvolvimento e dificuldades de aprendizagem (TDDA), também trabalha sua auto-
estima, lhes inserindo dentro da sala de aula, em sua família e na sociedade.
Em busca de informações o Programa Cordas da Amazônia foram lidas
publicações, pesquisas e documentos sobre o Programa: DeFreitas (2006; 2007; 2009; 2009-
a); DeFreitas e Nobre (2008); Rodrigues (2008) e Lopes (2008). E sobre o ensino de música
em Belém e a trajetória do programa Cordas da Amazônia foram realizadas entrevistas com o
idealizador, criador e coordenador do Programa Cordas da Amazônia – Professor Doutor
Áureo DeFreitas (FARIAS, 2009-b); e com a professora mestra Helena Maia (FARIAS, 2009-
a).
Esta pesquisa utilizou o método de abordagem qualitativa, para analisar os dados
coletados – em documentos e em entrevistas – investigando o fenômeno em sua complexidade
e em seu contexto natural (DEMO, 1995).

2 BREVE RETROSPECTIVA DA TERCEIRA GERAÇÃO DO PROJETO CORDAS


EM BELÉM

O ano de 1997 é considerado um marco na história do ensino musical por


intermédio das aulas em grupo em Belém. DeFreitas idealiza, cria e coordena o Projeto
Violoncelo em Grupo – considerado, por seu idealizador, o embrião da terceira geração3 do

3
DeFreitas (FARIAS, 2009-b) delimita três gerações do Projeto Cordas dentro das escolas de música oficiais de
Belém: a primeira geração teria sido o Projeto Espiral do Instituto Carlos Gomes (1977-1981), em convênio
com a SECDET; a segunda geração seria o Projeto Cordas do Instituto Carlos Gomes (1988-1989), viabilizado
pela Fundação Carlos Gomes; e a terceira geração, iniciaria com o Projeto Cordas da Amazônia: Violoncelo
em Grupo (2006-2007), idealizado e criado pelo professor doutor Áureo DeFreitas em convênio com a
UMUFPA, culminando no atual Programa Cordas da Amazônia (2008), coordenado por DeFreitas, em
convênio com a UFPA. Segundo DeFreitas, o Projeto Violoncelo em Grupo (1997-2005) é o embrião do
ensino em grupo de cordas friccionadas em Belém, oficializado apenas 2006, com o Projeto Cordas. DeFreitas
considera ,que todas estas três gerações se assemelham ,por terem o mesmo formato do Projeto Cordas norte-
americano – que é o mentor dessa idéia (FARIAS, 2009-b).
4

Projeto Cordas na cidade –, caracterizando-se por inserir o ensino do violoncelo em grupo nas
escolas de música oficiais de Belém: Escola de Música da UFPA e Instituto Carlos Gomes.
DeFreitas inicia o Projeto Violoncelo em Grupo (1997) ensinando, primeiramente,
adultos a tocar violoncelo e, posteriormente, crianças e adolescentes das duas escolas de
música oficiais de Belém; constrói-se, assim, a primeira rede de estudantes de violoncelo
tocando em grupo na cidade, que abrange o nível fundamental e médio de formação escolar
(DEFREITAS, 2009). Essa rede de alunos de violoncelo, a partir de então, não para de crescer
e , em 1998, é montada a primeira orquestra de violoncelistas da Região Norte, composta por
crianças e adolescentes: a Orquestra Infanto-Juvenil de Violoncelistas da Amazônia – OIJVA
(DEFREITAS, 2009).
Segundo DeFreitas (2009), sua estratégia era – e continua sendo – oportunizar o
estudo do violoncelo a crianças, adolescentes e adultos – adaptando o tamanho apropriado do
instrumento4 ao tamanho do aluno – por meio de aulas em grupo descontraídas, possibilitando
ao estudante o gostar de praticar o violoncelo, a fim de proporcionar uma base técnico-
musical eficaz na formação de novos violoncelistas.
DeFreitas ressalta a versatilidade dos violoncelistas da OIJVA, que passaram a se
destacar tanto como instrumentistas solistas, quanto também como cameristas e músicos de
orquestra, verificando que:

(...) durante o período de 1998 a 2001, dezenas de crianças e adolescentes se


inscreveram no Instituto Carlos Gomes e na EMUFPA para estudar
violoncelo [no Projeto Violoncelo em Grupo]; entretanto, não se sabe ao
certo se essas crianças e adolescentes eram motivadas pela metodologia
aplicada no Projeto ou pelo sonho de ingressarem na OIJVA, com o objetivo
de se tornarem músicos profissionais (DEFREITAS, 2009).

Em 2006, DeFreitas oficializa o Projeto Cordas da Amazônia5 na Escola de


Música da UFPA, por intermédio da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do
Pará e a abarcar o Projeto Violoncelo em Grupo, direcionado a estudantes de comunidades da
cidade de Belém.
Esta nova versão do Projeto (2006) é introduzida formalmente no 33º Encontro de
Artes de Belém (2006), momento em que DeFreitas apresenta os resultados de sua pesquisa,
realizada na EMUFPA desde 1997, com um concerto no Teatro da Paz, em que dezenas de
crianças e adolescentes tocaram violoncelo (DEFREITAS, 2009).
O Projeto Cordas da Amazônia: Violoncelo em Grupo (2006) – sustentando os
três pilares da universidade: ensino, educação e pesquisa – visa contribuir para o
desenvolvimento pessoal, cultural e artístico dos participantes do projeto, e despertar novos
talentos; objetivando, ensinar em grupo e de forma descontraída, crianças, adolescentes e
adultos a tocar violoncelo, lhes oportunizando o contato com a música erudita, e também,
ensinar estudantes a serem professores de violoncelo (DEFREITAS, 2009).

2.1 Metodologia de Ensino: Violoncelo em Grupo

A metodologia utilizada por Áureo DeFreitas, no “Projeto Cordas da Amazônia:


Violoncelo em Grupo” (2006) vem se estruturando desde a fase embrionária do projeto –
Projeto Violoncelo em Grupo (1997) – se caracterizando por ser “completamente inversa à

4
Segundo DeFreitas (2009), a filosofia Suzuki (1969) sugere o ensino de violoncelo para crianças. Isso é
possível porque são vários os tamanhos do violoncelo: 1/16 (o menor), 1/8, 1/4 ; 1/2; 3/4; e 4/4 (o maior).
5
Sobre o Projeto Cordas da Amazônia: DEFREITAS (2006; 2007; 2009); FARIAS (2009-b); site do STRING
PROJECT (2009); SUZUKI (1969, apud DEFREITAS, 2009).
5

metodologia tradicional de ensino implementada por violoncelistas europeus” (DEFREITAS,


2009), metodologia tradicional introduzida em Belém desde a época da economia da borracha
no século XIX e que vinha sendo reforçada pelos professores estrangeiros contratados para
dar aulas de instrumento nas escolas oficiais de música da cidade no século XX – situação
exposta na primeira parte deste capítulo. Segundo DeFreitas (2009), a metodologia de ensino
em grupo utilizado no Projeto Cordas da Amazônia “veio para quebrar todas as regras e
preconceitos que existiam no tradicional ensino musical da cidade” – cujo objetivo era formar
músicos solistas através da prática virtuosística, ideologia que abrangia também o ensino do
violoncelo.
Querendo romper os paradigmas da educação musical tradicional de Belém – do
modelo conservatorial – DeFreitas desenvolve, no final do século XX, “um método que
fundia características do Projeto Suzuki (Japão) e do Projeto Cordas (String Project – USA)”,
adaptando essas características ao ensino do violoncelo em grupo (DEFREITAS, 2009).

• Princípio do Projeto Suzuki (Japão)

O Projeto Suzuki foi desenvolvido na década de 40 no Japão e se caracterizava


por ensinar a crianças o manuseio do violino com o auxilio dos pais (Suzuki, 19696 apud
DEFREITAS 2009), defendendo o princípio de que
(...) a aprendizagem da língua materna se dá por meio da imersão do
indivíduo em situações práticas, concretas, socialmente significativas, onde o
convívio com modelos, ouvindo-os e imitando-os, geram o domínio da
língua sem qualquer conhecimento prévio de vocábulos, regras gramaticais
ou escritas. (Suzuki, 1969, p. 59 apud DEFREITAS, 2009)

• Princípio do Projeto Cordas (String Project – USA)

O Projeto Cordas dos Estados Unidos é desenvolvido desde 1977 na Universidade


de Missouri – USA, e consiste em ensinar estudantes de graduação a serem professores
eficazes; ensinando crianças de 9 a 11 anos o manuseio dos instrumentos de cordas
friccionadas, porém, sem o apoio didático dos pais durante o ensino dos instrumentos
(DEFREITAS, 2009).

O Projeto Cordas tem uma dupla missão - preparar os estudantes de música


da Universidade para o seu futuro como professores de escolas públicas e
privadas; e introduzir alunos para o estudo da música, dando-lhes a
oportunidade de estudar o violino, viola e violoncelo. São fornecidas
instruções, através de aulas em grupo e seqüência de ensaios de orquestra de
câmera aos jovens estudantes, para realizarem seus próprios recitais ao final
de cada semestre. Os alunos de cordas se beneficiam através de aulas
animadas e cheias de energia; enquanto que os estudantes de música da
universidade, que estão aprendendo a ser professores, passam a obter uma
inestimável experiência de ensino, em um ambiente de aprendizagem
supervisionada, antes de passar para empregos em escolas públicas e/ou
particulares. Dezenas de professores do projeto adquiriram a experiência
necessária para perseguir uma carreira no ensino profissional Centenas de
jovens estudantes de cordas friccionadas começaram a sua vida musical no
Projeto Cordas, e muitos ainda tocam hoje (STRING PROJECT, 2009).

6
SUZUKI, Shinichi. Nurtured by Love: a new approach to education. Série: An Exposition – university book,
1969.
6

• Princípio do Projeto Cordas da Amazônia: Violoncelo em Grupo

O objetivo principal do coordenador do Projeto é a prática pedagógica, isto é, é


verificar a melhor maneira, a forma mais eficaz de se ensinar a prática instrumental, buscando
para isso “uma nova linguagem como meio de expressão e comunicação” (DEFREITAS,
2009). Segundo DeFreitas (FARIAS, 2009-b), o professor, visando conseguir a atenção do
aluno, deve perceber a si próprio – sua própria linguagem falada e comportamental – para
atingir de uma forma positiva e eficaz a atenção do aluno na aula de música.
O Projeto Cordas da Amazônia: Violoncelo em Grupo, partindo de um processo
pedagógico eficaz – comprometido com o real aprendizado do aluno de violoncelo – e da
vivência da prática musical em grupo – do tocar músicas ou fragmentos musicais nas aulas de
violoncelo em grupo –, se propõe a “formar violoncelistas e oportunizar a produção artística
musical, a fim de qualificar e habilitar os estudantes, ao final do curso, a ingressarem em uma
escola de música, seja ela de nível técnico ou universitário” (DEFREITAS, 2009).
Funcionando no mesmo prédio da escola de Música da UFPA – EMUFPA 7, o
Projeto Cordas da Amazônia: Violoncelo em Grupo abrange tanto alunos que queiram
prosseguir seus estudos de instrumento na EMUFPA, preparando-os para ingressarem no
curso de violoncelo da Escola; quanto os alunos que queiram estudar violoncelo, sem
necessariamente pretenderem compor futuramente o quadro de alunos da EMUFPA. Os
alunos que já estão adiantados no conhecimento prático do violoncelo – sejam alunos do
Projeto ou da EMUFPA –, se demonstrarem interesse, são direcionados para monitorar o
aprendizado dos alunos iniciantes – sejam do Projeto ou da EMUFPA –, aprendendo a serem
professores de violoncelo, sob a supervisão do Professor Doutor Áureo DeFreitas (FARIAS,
2009-b).

2.2 Inovação de Repertório

Segundo DeFreitas (FARIAS, 2009-b), sua estratégia é manter os alunos sempre


estimulados. Desta forma, DeFreitas nota que em 2007, alunos tanto do Projeto Cordas da
Amazônia, quanto da EMUFPA, começaram a se reunir para estudar arranjos para quarteto de
violoncelos, de músicas da banda norte-americana “Metálica”, feitos pelo grupo
“Apocaliptica”. Procurando aproveitar o entusiasmo desses alunos para o estudo do
violoncelo, propõe iniciar ensaios com estas músicas para uma futura apresentação (FARIAS,
2009-b).
Inicia, a partir daí, uma inovação no repertório do Projeto Cordas da Amazônia –
inovação que se estendeu aos alunos da EMUFPA. No entanto, isso não significou o
esquecimento do repertório erudito exposto nos Quadros II e III. O que houve foi uma
abertura, uma ampliação deste repertório, inserindo músicas extra-curriculares – músicas do
rock norte-americano8, do rock inglês9 e do rock paraense10, além de músicas populares de
compositores paraenses (FARIAS, 2009-b).
Como resultado desta inovação, pode-se citar a apresentação da Orquestra
Infanto-Juvenil de Violoncelistas da Amazônia – OIJVA, que ocorreu em 2007, no 33º
Encontro de Artes de Belém – ENARTE. DeFreitas “usa pela primeira vez a palavra show no
lugar de concerto” (DEFREITAS, 2009).

7
Localizado na Avenida Conselheiro Furtado, 2007, bairro: Cremação.
8
Dentre as músicas do rock norte-americano, pode-se citar músicas da Banda Metálica, com arranjos do grupo
Apocaliptica: Hope; Path; Fade to Black; Nothing of Else Matters; Master of Puppets; e The Unforgiven.
9
Dentre as músicas do rock inglês: composições da Banda Beatles.
10
Dentre as músicas populares de compositores paraenses: Bom Dia Belém, de Edir Proença; e Belém-Pará-
Brasil, de Edmar Rocha.
7

Com a finalidade de inovar, convidados especiais abrilhantaram a noite de


gala em que adolescentes mostraram que seriam a nova geração de
violoncelistas da OIJVA e da cidade de Belém do Pará. Sem receio de
dividirem o palco com a Banda Madame Saatan, Juliana Sininbú, Edmar
Rocha e Márcia Aliverti. (...) mostraram que a pouca experiência não refletiu
na atitude deles no palco durante o show musical. Enquanto apresentavam-se
em traje de gala, os jovens violoncelistas tocavam em pé e deitados,
interagiam entre eles sacudindo suas cabeças, e faziam sinais típicos de
roqueiros nunca vistos em um concerto clássico por intermédio de músicos
eruditos. (DEFREITAS, 2009)

Este “show” teve grande repercussão em Belém. Neste momento de inovação de


repertório e atitude de palco, o trabalho realizado pelo Projeto Cordas da Amazônia:
Violoncelo em Grupo e pela OIJVA chama a atenção tanto de diversos jornais e programas
televisivos da cidade – como TV Cultura, TV Liberal e pela TV Record – quanto do
“Governo do Estado do Pará [que começa a perceber] a presença da Orquestra Infanto-Juvenil
de Violoncelistas da Amazônia de Belém do Pará no contexto musical paraense”
(DEFREITAS, 2009).
Depois de nove anos da fundação da OIJVA, Áureo DeFreitas e os
violoncelistas da orquestra foram convidados pelo Governo do Estado do
Pará para apresentações de grande porte no HANGAR Centro de
Convenções e Feiras da Amazônia em 2008 (DEFREITAS, 2008).

3 O PROGRAMA CORDAS DA AMAZÔNIA

O Programa Cordas da Amazônia11, criado em 2008, na Escola de Música da


UFPA, sob a coordenação do professor doutor Áureo DeFreitas, é a ampliação do Projeto
Cordas da Amazônia (2006), abarcando o Projeto Violoncelo em Grupo e mais três outros
projetos: Projeto Violino em Grupo, Projeto Viola em Grupo e Projeto Transtornos do
Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem – TDDA. Esses projetos funcionam em
três pólos diferentes. O Projeto Violoncelo em Grupo e o Projeto Transtornos do
Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem – TDDA – são realizados no Pólo
Cremação (na EMUFPA). O Projeto Violino em Grupo acontece nos Pólos Jurunas (no
EMAÚS) e Benguí (no EMAÚS), assim como o Projeto Viola em Grupo (DEFREITAS et all,
2009-a).

3.1 Objetivos e Princípios do Programa Cordas da Amazônia

O Programa Cordas da Amazônia (2008) – versão ampliada do Projeto Cordas da


Amazônia (2006) – caracteriza-se por atender aos três pilares da Universidade Federal do
Pará12: ensino13, extensão14, e pesquisa15. Ao promover o ensino de violoncelo em grupo,

11
Sobre o Programa Cordas da Amazônia: Farias (2009-b); DEFREITAS et all (2009-a); DEFREITAS e
NOBRE (2008); RODRIGUES (2008); LOPES (2008).
12
“O artigo 207 da Constituição Federal Brasileira de 1988 dispõe que: ‘ (...) as universidades obedecerão ao
princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão’. Obrigando, com isso, que as universidades
sejam conduzidas, associando e integrando as atividades de ensino, extensão e pesquisa de maneira que se
complementem, para bem formar seus profissionais e universitários. Assim, forma-se um ciclo onde a pesquisa
aprimora e produz novos conhecimentos, os quais são difundidos pelo ensino e pela extensão, de maneira que
as três atividades tornam-se complementares e dependentes, atuando de forma sistêmica” (SILVA, 2009).
13
Ensino: “A universidade é detentora do conhecimento e o transmite, por meio do ensino, aos educandos; (...)
Pelo ensino, conduz esses aprimoramentos e os novos conhecimentos aos educandos” (SILVA, 2009).
8

inserindo, desde 2008, o ensino de violino em grupo e de viola em grupo – continua


fomentando o aprendizado musical sob o princípio de valorizar aulas descontraídas e
estimulantes aos alunos; continua também pesquisando a inovação de linguagem – em busca
da melhor maneira do professor proceder em sala de aula para conseguir a atenção do aluno e
um aprendizado musical mais eficaz. Continua fomentando também o aprendizado
pedagógico de alunos adiantados no conhecimento técnico dos instrumentos de cordas
friccionadas – orientando-os e os estimulando a dar aulas e aprenderem a ser professores de
música (FARIAS, 2009-b).
Seguindo ainda esses pilares universitários, o Programa Cordas da Amazônia, no
âmbito do ensino, pesquisa e extensão, passa a ser composto por uma equipe multidisciplinar
– estudantes de graduação de diversas áreas, tais como psicologia, educação musical,
pedagogia, e letras – fomentando a integralização do desenvolvimento acadêmico desses
estudantes, que vem realizando pesquisas – sobre transtornos do desenvolvimento e
dificuldades de aprendizagem: autismo, dislexia, déficit de atenção, e síndrome de down – se
dedicando a estudar, como alcançar a todos com a educação musical (DEFREITAS et all,
2009-a).
Com isso, Áureo DeFreitas, coordenador do Programa Cordas da Amazônia,
possui o objetivo geral de “promover uma inovação de linguagem por intermédio do
aprendizado musical, visando a inclusão social de estudantes de instrumentos de cordas
friccionadas e a iniciação científica de estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação”
(DEFREITAS et all, 2009-a).
Segundo DeFreitas (DEFREITAS et all, 2009-a), são quatro os objetivos
específicos do Programa: (a) Nos Projetos Violoncelo, Viola e Violino em Grupo: promover
uma inovação de linguagem que fomente a inclusão social de estudantes carentes por
intermédio do aprendizado musical, resgatando crianças e adolescentes em situação de risco e
oportunizando-os educação musical; (b) Nos Projetos Violoncelo, Viola e Violino em Grupo:
promover uma inovação de linguagem que fomente a inclusão social, através da intervenção
musical, em estudantes com TDDA – inicialmente com Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH) e Dislexia – por intermédio do aprendizado musical de instrumentos de cordas
friccionadas; (c) No Projeto TDDA: organizar reuniões com o grupo de cuidadores dos
estudantes diagnosticados com TDDA, para avaliar os conhecimentos que eles possuem
acerca do transtorno apresentado pela criança/adolescente sob seus cuidados; (d) No Projeto
TDDA: Promover uma inovação de linguagem por intermédio da iniciação cientifica de
estudantes de graduação e pós-graduação que compõem o grupo de pesquisa e a equipe de
intervenção do Programa Cordas da Amazônia.
A partir de 2009, o Programa Cordas da Amazônia, objetivando viabilizar suas
metas de pesquisa, ensino e extensão, tem aprovado projetos pela Pró–Reitoria de Extensão da
UFPA, pelo MEC e pelo PAPIM (DEFREITAS et all, 2009-a).

3.2 O Programa Cordas da Amazônia praticando a Inclusão Social

O Programa Cordas da Amazônia vem ganhando reconhecimento, por promover


uma inovação de linguagem por intermédio do aprendizado musical, utilizando a música
como forma de inclusão social de crianças, adolescentes, e adultos – com e sem Transtornos

14
Extensão: a universidade,“por meio da extensão, pode proceder a difusão, socialização e democratização do
conhecimento existente, bem como das novas descobertas à comunidade. A Extensão também propicia a
complementação da formação dos universitários, dada nas atividades de ensino, com a aplicação prática”
(SILVA, 2009).
15
Pesquisa: a universidade, “por meio da pesquisa aprimora os conhecimentos existentes e produz novos
conhecimentos” (SILVA, 2009).
9

do Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem16 – interessados no aprendizado do


violino, viola, e violoncelo, oportunizando a estes o contato com a música erudita e popular
(DEFREITAS E NOBRE, 2008).

• Inclusão Social e Educação Musical

O termo “Necessidades Educacionais Especiais” se torna mais abrangente com a


Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que dispõe que à escola cabe atender a qualquer
dificuldade de aprendizagem, que crianças ou jovens enfrentem no decorrer da vida, devendo
atender a todos independente de suas características físicas, intelectuais, religiosas, sociais
entre outras.
Segundo Gonçalves (2006), a atividade musical vem sendo utilizada como forma
de inclusão social, viabilizando o desenvolvimento dos indivíduos, independente de suas
características, proporcionando a valorização social dos sujeitos no meio em que vivem,
“dando-lhes condições de buscar mudanças e serem inseridos na sociedade de forma
participativa e produtiva”.
A música, segundo Ribeiro (2004), funciona como um regulador de estados
motivacionais, importante ferramenta para se trabalhar com alunos – com desenvolvimento
sem intercorrências ou com atrasos no desenvolvimento; e, segundo França (2005), “a
educação musical pode ser uma importante ferramenta para o desenvolvimento cognitivo,
afetando, principalmente a memória, comunicação, habilidades motoras e socialização”.
Ferreira (2005) salienta que a inclusão implica em celebrar a diversidade humana,
respeitando as diferenças individuais; incluindo-se tanto pessoas que apresentam algum tipo
de transtorno ou dificuldade de aprendizagem, como também aquelas que estão à margem das
instituições educacionais por diferenças culturais, ou problemas econômicos.

Nesse sentido, o processo de inclusão educacional deve atender a três


agentes: (a) alunos marginalizados por questões culturais e/ou econômicas;
(b) alunos que apresentem algum tipo de transtorno do desenvolvimento ou
dificuldades de aprendizagem; e (c) professores e graduandos que precisam
ser qualificados para desenvolver estratégias de ensino mais diversificadas,
dinâmicas, e compatíveis com o público que as instituições educacionais
recebem (FERREIRA, 2005 apud DEFREITAS et all, 2009-a).

• Programa Cordas da Amazônia e a Inclusão Social

Segundo DeFreitas (DEFREITAS et all, 2009-a), atividades que visam a inclusão


social de crianças, jovens e adultos, por meio da educação musical, desenvolvidas na
EMUFPA desde 2006 – Projeto Cordas da Amazônia – continuam sendo exercitadas pelo
Programa Cordas da Amazônia da EMUFPA a partir de 2008; o qual configura-se como um
programa único, atendendo um grande número de alunos, de diversas camadas da sociedade,
oferecendo uma educação musical de qualidade (DeFreitas & Nobre, 2008; Lopes, 2008;
Rodrigues, 2008).

16
Os transtornos do Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem – TDDA “são considerados de alta
incidência na população. De modo genérico eles podem ser definidos como quaisquer patologias ou eventos,
de origem genética ou adquiridos até os primeiros meses de vida, que comprometam o desenvolvimento do
indivíduo, podendo causar deficiências, físicas ou mentais, bem como restrições à funcionalidade e à
participação social. Exemplos destes transtornos são: (a) deficiência mental, como a síndrome de Down; (b)
transtornos de aprendizagem, envolvendo a fala, escrita, leitura, e comportamento; e (c) o autismo” (Nobre &
DeFreitas, 2009).
10

O Programa Cordas da Amazônia cria, em 2008, o grupo de pesquisa


“Transtornos do Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem” (TDDA). As pesquisas
realizadas por este grupo viabilizaram a criação, em 2009, do Departamento de Inclusão
Social da EMUFPA (DIS), o qual passa a objetivar a inclusão de alunos com Transtornos do
Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem (TDDA) – Déficit de Atenção e
Hiperatividade17 (TDAH) e Dislexia18 – em turmas regulares de educação musical nos pólos
do Programa Cordas da Amazônia; e, ainda de qualificar professores, alunos de graduação e
alunos de pós-graduação para o manejo adequado com este público (DEFREITAS e NOBRE,
2008).

Tanto o TDAH como a dislexia são condições multideterminadas, isto é, são


interações entre fatores genéticos e ambientais, e comumente ocasionam: (a)
estabelecimento de relações sociais prejudicadas; (b) sentimento de
exclusão, tanto pela criança/adolescente quanto por seus cuidadores; (c)
estigma de incapacidade funcional; e (d) comprometimento da vida
acadêmica (DEFREITAS e NOBRE, 2008)

DeFreitas (DEFREITAS et all, 2009-a), seguindo as premissas de Ferreira (2005),


salienta que a inclusão social promovida pelo Programa Cordas da Amazônia abrange: (a) a
inclusão social de estudantes interessados pelo aprendizado dos instrumentos de cordas
friccionadas; (b) a inclusão social de estudantes diagnosticados com Transtornos do
Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem – TDDA; (c) a inclusão de estudantes dos
cursos de graduação e pós-graduação de nível técnico, tecnológico e universitário interessados
pela iniciação científica e pedagógica. DeFreitas (DEFREITAS et all, 2009-a) salienta que
todos os estudantes são avaliados sistematicamente no programa Cordas da Amazônia.

O Programa Cordas da Amazônia possibilitou, em 2009, a inclusão social de


estudantes com necessidade educacional especial à formação musical
técnica, tecnológica, universitária, e acima de tudo cidadã. Essas ações,
também contemplaram os estudantes de graduação e pós-graduação visando
integralizar a grade curricular de seus respectivos cursos. Com isso,
permitiram à coordenação do programa cumprir um papel de fundamental
importância: desenvolvimento da educação musical na área de instrumentos
de cordas friccionadas por intermédio da inclusão social; e possibilidade de
uma iniciação cientifica concomitante aos cursos técnicos, tecnológicos e
universitários (DEFREITAS et all, 2009-a).

4 Contribuição Sócio-Cultural do Programa Cordas da Amazônia

O Programa Cordas da Amazônia – desde a sua implementação – utiliza-se do


ensino musical de instrumentos de cordas friccionadas, através de uma metodologia
educacional e de pesquisa científica, que viabiliza e fomenta oportunidades, contribuindo

17
O TDAH é considerado o distúrbio neuropsiquiátrico mais comum da infância e está incluído entre as doenças
crônicas mais prevalentes entre escolares. Estudos epidemiológicos dão conta que de 3% a 6% das crianças em
idade escolar apresentam TDAH (DEFREITAS et all, 2009-a).
18
A dislexia é caracterizada como transtorno da leitura e da escrita, interferindo diretamente no rendimento
escolar, o que pode causar um rendimento acadêmico abaixo do que se espera para a idade cronológica do
indivíduo, ao seu potencial intelectual e à sua escolaridade. Segundo levantamentos epidemiológicos a dislexia
acomete em torno de 5 a 10% de escolares (DEFREITAS et all, 2009-a).
11

socialmente e culturalmente para a formação, aprendizado, desenvolvimento e inclusão de


diversas classes sociais, faixas-etárias, seguimentos, performances e práticas educacionais19.

4.1 Inclusão de Estudantes de Diversos Níveis de Aprendizado e de Diversas Faixas-


Etárias

O Programa Cordas da Amazônia oportuniza estudantes de diversos níveis de


aprendizado técnico de instrumentos de cordas friccionadas a participarem de apresentações
públicas. Mesmo os iniciantes têm a oportunidade de tocar nos dias de grandes concertos da
OIJVA que ocorrem, por exemplo, no Teatro da Paz (RODRIGUES, 2008).
O Programa Cordas da Amazônia quebra o paradigma herdado pelo modelo
conservatorial (exposto no Capítulo I deste TCC), que defendia o ingresso somente de
crianças nas escolas oficiais de música, promovendo um ensino musical de longa duração, o
que gera preconceitos e distinções em decorrência do fator tempo, não oportunizando a todos
o acesso à música (VIEIRA, 2001).
A preparação dessas crianças baseava-se na idéia de que a formação musical,
adquirida desde cedo e desenvolvida durante anos de estudo e prática, produziria
melhores músicos. Daí, despontam duas noções: a da importância da longa duração
na formação musical e a da valorização da precocidade. A primeira noção está
relacionada à idéia da necessidade de tempo para o domínio do conhecimento
acumulado na teoria musical e na técnica de execução instrumental e vocal; a
segunda noção geralmente é associada à prodigialidade, ao mistério em torno da
figura do músico, cuja capacidade musical seria inata e a precocidade um sinal disso.
(VIEIRA, 2001, p. 45 e 46).

Segundo Ribas (2006 apud RODRIGUES, 2008),

(...) se tivermos ouvidos e olhos abertos para o outro, percebendo-os como


sujeitos sociais portadores e produtores de cultura (...), portanto sujeitos de
experiências musicais, uma relação de co-aprendizagem certamente se
estabelece. (...) Que o tempo possa ser amigo e não cárcere, permitindo
assim uma identidade flexível e diversificada (...) no campo da música.
(RIBAS, 2006 apud RODRIGUES, 2008)

O Programa Cordas da Amazônia abarca crianças, adolescentes e adultos em seu


quadro de estudantes. Em 2009, por exemplo, abrangeu 344 alunos de faixa etária de 6 a 45
anos (DEFREITAS et all, 2009-a). “A educação musical ao alcance de diversas faixas-etárias,
mostra-se, através do Programa Cordas da Amazônia, como uma forma de consideração a
sujeitos portadores e produtores de cultura independente das circunstâncias” (RODRIGUES,
2008, p. 30).

4.2 Inclusão de Estudantes com Dificuldade de Aprendizagem

O Programa Cordas da Amazônia e seu Projeto Transtornos do Desenvolvimento


e Dificuldade de Aprendizagem objetiva viabilizar a educação musical, através de
instrumentos de cordas friccionadas, a alunos com transtornos, tais como: déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH), autismo, dislexia e down, a fim de promover a qualidade de vida para
estes alunos (DEFREITAS et all, 2009-a).

19
Sobre a contribuição sócio-cultural do Programa Cordas da Amazônia: RODRIGUES (2008); FARIAS (2009-
b); DEFREITAS e NOBRE (2008); DEFREITAS (2009; 2009-a); DEFREITAS, CASSEB e NOBRE (2008).
12

Desenvolve, por isso, desde 2008, pesquisas que orientem uma educação musical
criteriosa e consciente, investigando os efeitos da música em comportamentos de alunos
portadores de Transtornos. E em 2009, cria o Departamento de Inclusão Social (DIS), com a
finalidade de promover intervenções pedagógicas em turmas com alunos portadores de
Transtornos, orientações aos cuidadores desses alunos, e orientações aos professores e
estagiários do Programa Cordas da Amazônia (DEFREITAS et all, 2009-a).
O Programa Cordas da Amazônia, também viabiliza recitais com esses alunos,
trabalhando sua auto-estima e estimulando o seu desenvolvimento, seu equilíbrio emocional e
sua inclusão social (FARIAS, 2009-b).

A intervenção utilizando a música como ferramenta está se consagrando


como meio de desenvolvimento de habilidades cognitivas, redução de
comportamentos impulsivos, redução na agressividade e melhora em testes
de desempenho matemático e lingüístico. (...) É necessário que o diagnóstico
destas crianças e adolescentes seja feito com precisão, a fim de se definir
estratégias de intervenção pontuais, que sejam eficazes para minimizar
comportamentos inadequados e instalar habilidades necessárias para a
aprendizagem. (DEFREITAS, CASSEB e NOBRE, 2008.)

4.3 Fomento à Iniciação Científica e Prática Pedagógica

O Programa Cordas da Amazônia fomenta a produção de pesquisas que reflitam


sobre metodologias que sejam capazes de promover uma educação musical de qualidade,
tanto para alunos com Transtornos do Desenvolvimento e Dificuldades de Aprendizagem,
quanto para alunos sem transtornos. Através da iniciação científica o Programa viabiliza o
aprendizado, desenvolvimento e amadurecimento desses pesquisadores, sujeitos com pós-
graduação e graduandos (FARIAS, 2009-b).

As metodologias de pesquisa científica servem como compreensão para uma


transformação, através de estudos que ao mesmo tempo em que visa
conhecer caminhos do processo científico, também problematiza
criticamente, no sentido de indagar os limites da ciência, seja com referência
à capacidade de conhecer, seja com referência à capacidade de intervir na
realidade (DEMO, 1995, p.11 apud RODRIGUES, 2008).

O Programa também viabiliza o aprendizado de metodologia educacional e de


prática pedagógica aos jovens instrumentistas de cordas friccionadas que desejam ser
professores de violino, viola ou violoncelo; propondo ensinar seus integrantes mais
adiantados a ministrarem aulas de instrumentos de cordas friccionadas aos alunos iniciantes;
objetivando treinar e capacitar futuros professores de música: ou para dar continuidade às
aulas no projeto, ou para se integrarem ao campo de trabalho futuramente como profissionais
habilitados e com experiência (FARIAS, 2009-b). Neste sentido, o Programa visa
conscientizar seus alunos sobre o papel do educador que, segundo Brito (2001), deve ter

(...) uma visão global e integradora do mundo, abordando o conhecimento de


uma maneira abrangente, contextualizada e relacional, atualizando conceitos
e conteúdos musicais, que devem incluir a estética da música contemporânea
e das músicas não-ocidentais, só para lembrar alguns pontos (BRITO, 2001,
p. 50).
13

4.4 Inovação de Linguagem rompendo paradigmas da educação musical tradicional

A escola oficial de musica se utiliza de uma linguagem tradicional para ministrar


suas atividades, seguindo a ideologia do modelo conservatorial, priorizando, assim, as aulas
individuais de instrumento.
O Programa Cordas da Amazônia tem como finalidade a inovação de linguagem
do professor – entendendo-se por linguagem tanto a falada quanto a musical e a
comportamental – objetivando através do ensino em grupo de instrumento, não apenas a
aprendizagem musical eficaz, mas principalmente e prioritariamente contribuir para a
qualidade de vida dos alunos que buscam o aprendizado musical, com a finalidade de interagir
de uma forma mais completa com alunos com ou sem transtornos.
Por isso o Programa Cordas da Amazônia abarca a inclusão social, com o seu
Departamento de Inclusão Social – DIS – composto por uma equipe multidisciplinar de
pedagogos, psicólogos, educadores musicais – que tem o objetivo de preparar os professores
nesta inovação e conseqüente interação com os alunos – através da sistematização desta
linguagem.

4.5 Trabalho em Grupo gerando a Socialização e a Interação Interdisciplinar e


Multidisciplinar

O Programa Cordas da Amazônia utiliza o trabalho em grupo como estratégia de


aprendizagem do instrumento, pesquisa científica e em suas apresentações (DEFREITAS et
all, 2009-a). O trabalho em grupo dos integrantes do programa gera a socialização entre eles
e, também, a socialização deles perante seu público – ex. platéia nos recitais.
Com a atividade científica, o Programa Cordas da Amazônia promove o trabalho
em grupo de pesquisadores, isto é, estimula a interação tanto interdisciplinar – entre pós-
graduados e graduandos – quanto multidisciplinar – equipe composta por psicólogos,
educadores musicais, pedagogos e licenciados em letras –, no momento do estudo, leituras,
debates e elaboração de artigos e trabalhos científicos; resultando em circunstâncias
favoráveis ao aprendizado de metodologias de pesquisa (RODRIGUES, 2008).

4.6 Estímulo à Criatividade e Descontração no momento de aquisição do Conhecimento


Musical Erudito e popular

França (2000 apud RODRIGUES, 2008) destaca a importância do repertório para


a compreensão, estímulo e desenvolvimento musical através do instrumento, sendo este um
fator comprometedor na hora da performance.
O Programa Cordas da Amazônia, apesar de seguir um repertório programado,
composto por músicas do folclore mundial e músicas de compositores eruditos europeus
(DEFREITAS, 2009 e FARIAS, 2009-b); procura sempre inovar esse repertório, “numa busca
incansável pela capacidade criadora e a evidente liberdade de expressão através da música”
(RODRIGUES, 2008).

Em sala de aula, de acordo com o professor Áureo DeFreitas, o conteúdo é


repassado sem amarras pedagógicas, o que deixa os violoncelistas mais à
vontade para ousar e inovar dentro do gênero. “Na turma, trabalho deixando
os alunos escolherem as músicas e fazerem com que elas se popularizem
entre os colegas”, explica Áureo, doutor em Educação Musical. O resultado
disto é a liberdade nos arranjos, execuções e na escolha das canções
trabalhadas pelos jovens músicos. (O LIBERAL, 2007).
14

Os integrantes do Programa Cordas da Amazônia têm a oportunidade tocar, desde


músicas populares brasileiras, até o rock internacional; e ainda dividem o palco com cantores
líricos e populares, grupos locais, maestros e instrumentistas internacionais.

Depois de passar pelas composições clássicas, [Bach, Villa Lobos e


Piazzola] com a participação de Márcia Aliverti, Bruno Valente, [Belém,
Pará, Brasil] Edmar da Rocha e [Bom Dia Belém] Juliana Sinimbú, o
espetáculo aquecerá com a performance da banda de heavy metal [Madame
Saatan] sob a enxurrada sonora dos violoncelos. No final do espetáculo, a
orquestra entoará dois clássicos, mas, dessa vez, clássicos do rock.
Inspirados no virtuosismo do grupo californiano Mettalica, os músicos
tocarão “Nothing Else Matters” e “Fade to Black”, canções pesadas que
agora tomaram forma de suaves composições harmônicas pelas cordas do
grupo. (O LIBERAL, 2007)

4.7 Educação Musical e Cidadania promovendo a inclusão de estudantes de diversos


níveis sociais

Brito (2001, apud RODRIGUES, 2008), baseando-se na teoria de Koellreuter,


considera que quando a educação musical aceita a tarefa de transformar critérios e idéias em
uma nova realidade, resultante de mudanças sociais, passa a ser um instrumento relevante
para a vida de um indivíduo.

Esse tipo de educação musical, mesmo no caso da preparação e da formação


de musicistas profissionais, vem a ser um tipo de educação para o
treinamento de musicistas que, futuramente, deverão estar capacitados a
encarar sua arte como arte funcional, isto é, como complemento estético de
vários setores da vida e da atividade do homem moderno; músicos
preparados, acima de tudo, para colocar suas atividades a serviço da
sociedade. (...) O humano, meus amigos, como objetivo da educação musical
(BRITO, 2001, apud RODRIGUES, 2008).

A contribuição da educação musical à garantia da cidadania é destacada


novamente por Brito (2001, apud RODRIGUES, 2008), ao destacar os pensamentos de
Koellreuter

(...) Educação musical como meio que tem a função de desenvolver a


personalidade [do educando] como um todo; de despertar e desenvolver
faculdades indispensáveis ao profissional de qualquer área de atividade,
como, por exemplo, as faculdades de percepção, as faculdades de
comunicação, as faculdades de concentração (autodisciplina), de trabalho em
equipe, ou seja, a subordinação dos interesses pessoais aos do grupo, as
faculdades de discernimento, análise e síntese, desembaraço e autoconfiança,
a redução do medo e da inibição causados por preconceitos, o
desenvolvimento de criatividade, do senso crítico, do senso de
responsabilidade, da sensibilidade de valores qualitativos e da memória,
principalmente, o desenvolvimento do processo de conscientização do todo,
base essencial do raciocínio e da reflexão. (BRITO, 2001, apud
RODRIGUES, 2008)

A filosofia defendida pelo Programa Cordas da Amazônia proporciona a qualquer


sujeito o acesso ao aprendizado dos instrumentos de cordas friccionadas (RODRIGUES,
15

2008; e DEFREITAS et all, 2009-a). O Programa ao colocar suas atividades a serviço da


sociedade – seja promovendo o ensino, a pesquisa ou a extensão –, leva a educação musical a
populações carentes dos bairros da periferia de Belém – Cremação, Jurunas e Benguí – e
contribui, através de seus projetos, para a função social da música e para a construção da
cidadania dessas populações.
A finalidade principal do Programa Cordas da Amazônia – antes mesmo de
viabilizar o aprendizado de um instrumento de cordas friccionadas – é oportunizar a qualidade
de vida aos seus integrantes, seja o estudante, seja sua família (FARIAS, 2009-b). Sendo
assim, o Programa relaciona o estudo musical com a realidade da vida profissional, dando
condições ao aluno de se profissionalizar e poder atuar de maneira substancial na sociedade.
Segundo RODRIGUES (2008), DeFreitas entende o Programa Cordas da
Amazônia não como uma descoberta de talentos, mas como um meio de mudança de
comportamento do aluno diante dos desafios enfrentados na vida, buscando transformar
pessoas, segundo suas características pessoais, pelo prazer e a singularidade adquiridos pela
música, sem a mera intenção de uma formação instrumental. A abordagem da psicologia da
educação musical inserida no método do Programa – a qual abrange toda a formação musical
e pessoal do aluno – atinge o participante, a família e as pessoas que o rodeiam.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para desenvolver as reflexões propostas neste artigo a respeito da trajetória do


Programa Cordas da Amazônia e sua contribuição sócio-cultural, o referencial teórico adotado
teve um papel fundamental.
As reflexões trazidas por Salles (2007, 1980, 1962), Vieira (2001), Barros (2004)
e Maia (2006) na reconstituição histórica do ensino musical de Belém, no âmbito dos
instrumentos de cordas friccionadas, desde o século XIX, trouxe a possibilidade de
identificação da trajetória de surgimento e implementação do Programa Cordas da Amazônia
dentro de uma escola oficial de música de Belém e o reconhecimento de sua contribuição
sócio-cultural, rompendo paradigmas do modelo conservatorial tradicionalmente utilizado
dentro do ensino musical oficial.
Os princípios defendidos por Brito (2001), embasados nos ensinamentos de
Koellreuter, mostram a importância de um ensino musical mais humano, preocupado mais
com a qualidade de vida e com o desenvolvimento total do aluno, do que com sua formação
performática musical, justificando a necessidade de se transformar a educação musical
tradicional.
A valorização da troca de conhecimentos entre o professor e seu aluno, justifica o
trabalho inclusivo dentro da educação atual, que valoriza o individuo diagnosticado com
necessidades especiais e o reconhece como um colaborador importante dentro da sociedade.
Segundo Gonçalves (2006), Ribeiro (2004), França (2005), Ferreira (2005) e Ribas (2009), o
ensino musical, além de auxiliar na aquisição de conhecimentos e contribuir para o equilíbrio
emocional dos alunos portadores de transtornos do desenvolvimento e dificuldades de
aprendizagem (TDDA), também trabalha a auto-estima desse alunado, lhes inserindo dentro
da sala de aula, em sua família e na sociedade.
Estes conhecimentos trouxeram a possibilidade de identificar que o Programa
Cordas da Amazônia caracteriza-se por sua postura inclusiva, utilizando métodos e
pesquisando metodologias que viabilizem uma educação musical para todos: crianças,
adolescentes e adultos portadores ou não de transtornos do desenvolvimento e dificuldades de
aprendizagem; buscando uma educação musical mais humana, eficaz e de qualidade, a fim de
contribuir para o desenvolvimento total de seu alunado.
16

A metodologia adotada para a coleta de dados – análise documental e entrevista –,


com abordagem qualitativa, foi essencial para se alcançar os objetivos propostos nesta
pesquisa. Através da análise documental, fonte das informações gerais sobre o Programa
Cordas da Amazônia, e que viabilizou a aproximação com o desenvolvimento das atividades
deste Programa, se verificou que este estende suas atividades e seus propósitos para além da
sala de aula, buscando conhecer cada aluno individualmente, aproximando-se de sua realidade
cotidiana, a fim de promover essa educação de qualidade e contribuir para uma transformação
positiva na vida de cada aluno, oferecendo oportunidades incomuns para um trabalho de
ensino musical. A entrevista feita com o idealizador, criador e coordenador do Programa
Cordas da Amazônia – Prof. Dr. Áureo DeFreitas – complementou as informações
documentais coletadas, auxiliando no entendimento da trajetória, dos projetos, dos objetivos,
métodos e metodologias utilizados, até então, pelo Programa.
Esta pesquisa oportunizou a constatação da contribuição sócio-cultural do
Programa Cordas da Amazônia – por intermédio do ensino de instrumentos de cordas
friccionadas – em busca de uma educação musical de qualidade e mais humana. A
contribuição sócio-cultural desenvolvida pelo Programa gira em torno: (a) da inclusão de
estudantes de diversos níveis de aprendizado e de diversas faixas-etárias com e sem distúrbios
de aprendizagem; (b) do fomento aos três pilares universitários – ensino, pesquisa e extensão
– promovendo a iniciação científica, a prática pedagógica e a prática instrumental no intuito
de alargar os horizontes de seus participantes; (c) da inovação de linguagem rompendo
paradigmas da educação musical tradicional; do trabalho em grupo, gerando a socialização e a
interação interdisciplinar e multidisciplinar entre graduandos, graduados, pós-graduados,
estudantes de música e de outros segmentos educacionais; (d) do estímulo à criatividade e
descontração no momento de aquisição do conhecimento musical erudito e popular; (e) e,
finalmente, de uma educação musical que visa à cidadania, promovendo a inclusão de
estudantes de diversos níveis sociais.
Verifica-se, diante das leituras realizadas e dos trabalhos observados e
desenvolvidos pelo Programa Cordas da Amazônia, que o ensino de música não pode ser
privilegiado a um determinado grupo social ou focado a uma determinada idade em especial;
e não deve enfocar apenas um determinado repertório oficial. A educação musical deve se
estender a todos, independentemente da condição econômica, da condição física ou da
condição intelectual.
O Programa Cordas da Amazônia, utilizando um método inclusivo, se
preocupando com o desenvolvimento de seu alunado enquanto ser humano e cidadão,
respeitando o indivíduo na sua capacidade de assimilação, promovendo o gosto pelo
aprendizado do instrumento musical, promovendo o gosto pela pesquisa e pelo ensino,
promovendo mudanças de comportamentos; demonstra seu compromisso com a
transformação positiva da sociedade.
17

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