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DEFORMAÇÕES
INTRODUÇÃO
1.2 - Histórico
No final do século XVIII e no início do século XIX, movidos pelas demandas da revolução
industrial, matemáticos e físicos conseguiram enormes avanços em suas ciências dando
origem à chamada matemática-física (ou matemática aplicada, ou física aplicada), que
permitiu a formulação da teoria da elasticidade. A grande dificuldade é que a análise
matemática se fundamentava no conceito de espaço geométrico contínuo (cálculo diferencial
e integral) e a física, fundamentada na teoria molecular Newtoniana (moléculas que se atraem
e se repelem), admitia, no limite, os materiais descontínuos. O grande segredo foi descobrir a
existência de infinitésimos de ordem superior ou de que existem pequeno e PEQUENO pois o
limite matemático, apesar de extremamente pequeno, ainda podia ser considerado contínuo,
pois continha um número grande de moléculas. Ensaios experimentais comprovaram a
hipótese.
A teoria da elasticidade foi desenvolvida em meados do século XIX pelos matemáticos e
físicos franceses Cauchy, Navier e Poisson. Nomes como Galileu, Hooke, Bernoulli e
Coulomb deram enormes contribuições a respeito da teoria da flexão de vigas e,
principalmente, Lagrange, na teoria da flexão de lajes (ambos são casos particulares da teoria
da elasticidade). Contribuições de destaque foram dadas por Lamé, Clapeyron, Saint-Venant,
Kelvin e Timoshenko, entre outros.
2
Em geral, a relação para a lei elástica não linear pode ser expressa como uma relação única
entre os estados de tensão e de deformação
σi j = f i j ε k l i, j, k=1, 2, 3 (1.2)
Ensaio à tração
A relação entre tensões e deformações, para um determinado material, fica definida por meio
de um ensaio de tração. É o ensaio mais simples de ser executado, o mais comum e o mais
importante.
Utiliza-se um corpo de prova típico do material, em geral uma barra de seção transversal
circular, como mostrado na Figura 1.1. Mede-se cuidadosamente a área da seção transversal
na parte cilíndrica central. Duas marcas são desenhadas no corpo do cilindro, separadas por
uma distância L0. O corpo de prova é levado à máquina de ensaio e submetido à tração. À
medida que o valor de P aumenta, a distância L0 entre as duas marcas também aumenta.
Leituras da carga, do comprimento entre as marcas e/ou do diâmetro são registradas. Um
extensômetro indica o valor de L, e o alongamento δ (diferença entre o comprimento final e o
inicial, em cada estágio de carregamento) é anotado para cada valor de P. Em geral, é
utilizado um outro medidor para aferir as alterações no valor do diâmetro do corpo de prova.
Para cada par de valores lidos, P e δ, a tensão nominal σn é calculada como (Beer & Johnston,
1996):
P
σn = (1.3)
A0
3
em que A0 é a área da seção transversal inicial, e a deformação específica, ε, como
(L − L 0 )
ε= (1.4)
L0
P
σn
B’ C
ΔL
B
A0 L0 L A D
P C’
O
εe ε
εp
ε
(a) (b)
Figura 1.1 – (a) Ensaio à tração; (b) Diagrama tensão vs. deformação típico
Como pode ser observado na Figura 1.1(b), a relação σn vs. ε é, inicialmente, linear. A teoria
da elasticidade é válida até o ponto A, conhecido como limite de proporcionalidade, e a Lei
de Hooke pode ser empregada.
Após o ponto A, um aumento de carga faz com que a deformação aumente não mais
linearmente com a tensão, mas, entretanto, o material permanece elástico, ou seja, com a
remoção da carga o material volta à sua configuração inicial. Esta condição permanece até
que o ponto B, conhecido como limite elástico ou limite de escoamento, seja atingido. A
tensão correspondente ao início do escoamento é chamada tensão de escoamento.
Na maioria dos materiais a diferença entre os pontos A e B é muito pequena. Podem-se
considerar, então, os pontos A e B coincidentes.
Em alguns materiais, o limite elástico ou de escoamento (ponto B) é indefinido e, neste caso,
este valor é assumido como àquele correspondente a uma deformação permanente de 0,2 %.
O valor da tensão convencional de escoamento é obtida tomando-se no eixo das abscissas a
deformação específica ε=0,002, e, por este ponto, traçar uma reta paralela ao trecho linear
inicial do diagrama até sua interseção com o diagrama.
Além do limite elástico, ocorre uma deformação permanente ou deformação plástica. No
ponto C a carga é máxima. A tensão neste ponto é a resistência à tração ou tensão última. Se
em qualquer ponto entre B (limite elástico) e C (carga máxima) a carga é removida, o
descarregamento será dado ao longo da linha paralela (B’C’) à parte elástica da curva. Nota-se
4
que parte da deformação é recuperada e parte é permanente. Portanto, a deformação total é
composta por duas parcelas: deformação elástica (εe ) e deformação plástica (εp).
ε = εe + εp (1.5)
5
σ σ
ε ε
(a) (b)
σ
(c)
Figura 1.2 – Materiais com comportamento elástico – Ciclo carregamento-descarregamento.
(a) sem histerese: material Hookeano (linearmente elástico); (b) sem histerese: material não
Hookeano; (c) com histerese
σ
C
ε
A D
Para muitos materiais, a deformação plástica atingida não depende somente da tensão máxima
a que o material foi submetido, mas também do tempo decorrido entre a aplicação e a retirada
do carregamento. A parcela de deformação dependente da tensão é denominada deformação
lenta do material, enquanto que a parcela de deformação que depende do tempo de
carregamento e da temperatura é conhecida como fluência.
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Se, após um ciclo de carregamento-descarregamento, o corpo de prova é novamente
carregado (carregamento-descarregamento-recarregamento), conforme mostrado na Figura
1.4, a curva de recarregamento praticamente coincidirá com a curva de descarregamento, até
pouco antes de atingir o ponto C, havendo aí um desvio da nova curva para a direita até
encontrar o diagrama tensão-deformação original. O ramo retilíneo do novo diagrama será
mais longo do que o do diagrama inicial e, portanto, os limites de elasticidade e
proporcionalidade terão seus valores aumentados, como conseqüência da recuperação de
resistência que ocorreu durante o carregamento inicial (Beer & Johnston, 1996).
σ C
ε
A D
7
experiência mostra que soluções da teoria da elasticidade, baseadas nas hipóteses de
homogeneidade e isotropia, podem ser aplicadas às estruturas de aço com grande precisão.
A explicação para este fato é que os cristais que constituem o aço são muito pequenos e
existem milhões deles em um cm3. Enquanto as propriedades elásticas de um único cristal
podem ser diferentes em direções diferentes, os cristais são distribuídos de forma aleatória e
as propriedades elásticas de porções maiores do metal representam médias das propriedades
dos cristais. Desde que as dimensões geométricas que definem a forma de um corpo sejam
muito grandes em comparação com a dimensão de um único cristal, a hipótese de
homogeneidade pode ser usada com grande precisão e, se os cristais forem orientados
aleatoriamente, o material pode ser tratado como isotrópico. Quando, devido a certos
processos tecnológicos, tais como laminação, uma certa orientação dos cristais no metal
predomina, as propriedades elásticas do metal tornam-se diferentes em direções diferentes e a
condição de anisotropia deve ser considerada (Desai & Siriwardane, 1984). Materiais
isotrópicos são aqueles que apresentam as mesmas propriedades em todas as direções.
Anisotropia diz respeito àqueles materiais que apresentam propriedades diferentes em cada
direção.
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CAPÍTULO 2
TENSÃO
2.1 – Introdução
Neste capítulo, será definido o conceito de tensão. Serão discutidos aspectos importantes da
tensão, como estado de tensão em um ponto e as equações que governam a variação das
componentes de tensão no espaço. Além das expressões analíticas, apresenta-se também uma
representação gráfica da transformação das componentes de tensão.
A teoria sobre tensão apresentada aplica-se a qualquer meio contínuo, isto é, sólidos elásticos
ou plásticos, fluidos viscosos, não importando as propriedades mecânicas do material.
Quando um corpo está submetido a um sistema de forças aplicadas externas, forças internas
são induzidas no corpo. O comportamento do corpo, isto é, a variação de suas dimensões ou,
em alguns casos, sua ruptura eventual, é, principalmente, uma função da distribuição das
forças internas, que por sua vez, depende do sistema de forças externas. A resposta de um
corpo a um sistema de forças externas pode ser estudada de modo mais conveniente
agrupando as forças aplicadas em duas categorias: forças de massa e forças de superfície. As
forças de massa (ou de volume) estão associadas à massa do corpo e estão distribuídas por
todo o seu volume. Estas forças não resultam do contato direto com outros corpos e são
especificadas em termos de força por unidade de volume. As forças gravitacional, magnética,
de inércia (no caso de um corpo em movimento) e de percolação, são exemplos de forças de
massa. Forças de superfície resultam do contato físico entre dois corpos e são definidas como
força por unidade de área (Chou & Pagano, 1992). A pressão de um corpo sobre outro ou a
pressão hidrostática são exemplos desta categoria de forças.
A Figura 2.1 apresenta um corpo em equilíbrio estático. Sob a ação de um sistema de forças
externas P1, P2…., Pn, forças internas serão produzidas entre as partes do corpo:
z
P1 P8
A
P7
P2
O P12
1 2
P21
P3 P6
P4 B P5
y
x
Figura 2.1 – Corpo em equilíbrio submetido à ação de forças externas
De acordo com a lei fundamental da mecânica, quando um corpo está em equilíbrio sob a
ação de forças externas, qualquer parte deste corpo deve estar em equilíbrio sob a ação das
forças externas e internas nesta parte. Portanto, na Figura 2.1, a parte 1 está em equilíbrio sob
a ação das forças externas P1, P2, P3, P4 e da força interna resultante P12, e a parte 2 está em
equilíbrio sob a ação das forças externas P5, P6, P7, P8 e da força interna resultante P21..
Considere-se agora a seção transversal AB dividida em pequenas áreas, como mostrado na
Figura 2.2.
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z
P1 ΔA
ΔP
A
P2 P12
O
1
P3 P4 B
y
x
Figura 2.2 – Seção transversal AB dividida em pequenas áreas
Qualquer que seja a distribuição de forças pela área total A, admite-se que a resultante das
forças atuantes na área elementar ΔA (devidas à ação do material da parte 2 sobre o material
da parte 1) que contém o ponto O, é ΔP. Em geral, a direção da força ΔP é inclinada em
relação à área sobre a qual atua. Considerando que o vetor unitário, n̂ , define a direção da
normal à área ΔA, a força ΔP pode ser decomposta em duas componentes: uma força normal à
área, ΔPn, e uma força de cisalhamento, ΔPc, no plano da área elementar (Figura 2.3a). A
força média por unidade de área, neste ponto será
ΔP
p med = (2.2)
ΔA
A tensão em um ponto na área ΔA é definida como o valor limite da força média por unidade
de área quando a área ΔA tende a zero ou seja,
ΔP
p = lim (2.3)
ΔA→ 0 ΔA
e, portanto,
Δ Pn
σ n = lim (2.4a)
ΔA→ 0 ΔA
Δ Pc
τ n = lim (2.4b)
ΔA→ 0 ΔA
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em que p é a tensão total em um ponto quando ΔA tende a zero no plano considerado, e σn e
τn são, respectivamente, as componentes de tensão normal e de cisalhamento no ponto. A
tensão de cisalhamento pode ser decomposta ainda em duas componentes no plano da área
elementar ΔA, segundo duas direções perpendiculares, τns e τnt, conforme mostrado na Figura
2.3b.
A tensão p deve estar referida a um determinado plano. Se um outro plano diferente, passando
pelo mesmo ponto do corpo (ponto O), tivesse sido considerado, o valor de ΔP neste plano e,
conseqüentemente, o valor de p seriam diferentes.
Conclui-se, portanto, que a tensão não é um vetor mas uma quantidade tensorial já que a
magnitude e a direção não são suficientes para definir seu valor; um plano de referência
também tem que ser estabelecido.
n̂ n̂
t
ΔPn
ΔA ΔP ΔA σn
τns s
τnt τn
ΔPc
(a) (b)
Figura 2.3 – (a) Componentes da força ΔP em ΔA. (b) Componentes da tensão total p em ΔA.
σn: tensão normal; τns e τnt: tensões de cisalhamento segundo dois eixos perpendiculares, s e t.
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Considere-se, por exemplo, que a direção da normal n̂ , mostrada na Figura 2.3a coincida com
a direção do eixo x. A tensão total neste plano pode ser decomposta em uma componente
normal, σx, e duas componentes de cisalhamento que atuam nas direções y e z,
respectivamente, τxy e τxz, conforme mostrado na Figura 2.4.
x≡ n̂
σx p τxz
z z
τxy
τx τx
y y
Como visto no item anterior, para definir cada componente de tensão é necessário definir o
plano, normalmente designado pela direção da sua normal, no qual a componente atua.
Portanto, os subscritos nas tensões definem a direção da normal ao plano e a direção da tensão
de modo que a notação para as componentes de tensão indicadas nas Figuras 2.5(a), (b) e (c) é
entendida como se segue:
σxx = σx = tensão normal na face cuja normal tem a direção do eixo x (face x).
σyy = σy = tensão normal na face cuja normal tem a direção do eixo y (face y).
σzz = σz = tensão normal na face cuja normal tem a direção do eixo z (face z).
τxz, τxy, τzx, τyxτyz,τzy = tensões cisalhantes, em que o primeiro subscrito designa a
normal ao plano em consideração e o segundo indica a direção da tensão.
Para facilitar a visualização do estado de tensão no ponto O, considera-se um cubo elementar
com centro no ponto O. Na Figura 2.5 são mostrados os sentidos positivos das componentes
de tensão que atuam nas faces do cubo, paralelas aos eixos coordenados, xyz. As forças de
massa são omitidas na figura já que, no momento, só interessa estabelecer a nomenclatura
para as tensões. As tensões atuantes nas faces do cubo diferem pouco daquelas que atuam no
ponto O, e o erro cometido é muito pequeno, desaparecendo quando o lado do cubo tende a
zero.
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z
O
dz
P y (a)
dx
x
dy
z
σz
τzy
τzx
τyz
τxz σy
τxy τyx (b)
σx y
σx
τxy
τyx
σy τxz
τyz y (c)
τzx
τzy
x σz
Figura 2.5 – (a) Sentidos positivos das componentes de tensão nas faces de um elemento
infinitesimal cúbico; (b) Tensões nas faces positivas ou visíveis; (c) Tensões nas faces
negativas ou invisíveis.
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2.4 – Tensor de tensões
a) Em coordenadas cartesianas
⎛ σx τ yx τ zx ⎞
⎜ ⎟
σ = ⎜ τ xy σy τ zy ⎟ (2.5)
⎜ ⎟
⎝ τ xz τ yz σz ⎠
∑Mx =0
⎛ dz ⎞ ⎛ dy ⎞ ⎛ dz ⎞
− σ y dx dz ⎜ ⎟ + τ yz dx dz (dy) + σ z dx dy ⎜ ⎟ − τ zy dx dy (dz) − τ xy dy dz ⎜ ⎟ +
⎝ 2⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2⎠
⎛ dy ⎞ ⎛ dz ⎞ ⎛ dy ⎞ ⎛ dz ⎞ ⎛ dy ⎞
τ xz dy dz ⎜ ⎟ + σ y dx dz ⎜ ⎟ − σ z dx dy ⎜ ⎟ + τ xy dy dz ⎜ ⎟ − τ xz dy dz ⎜ ⎟ = 0
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2⎠ ⎝ 2 ⎠
τ yz = τ zy
∑My =0
⎛ dx ⎞ ⎛ dx ⎞ dz ⎛ dz ⎞
− σ z dx dy ⎜ ⎟ + τ zx dx dy (dz) − τ yz dx dz ⎜ ⎟ + τ yx dx dz ( ) + σ x dy dz ⎜ ⎟ − τ xz dy dz dx
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ 2 ⎝ 2⎠
⎛ dz ⎞ ⎛ dx ⎞ ⎛ dz ⎞ ⎛ dx ⎞
− σ x dy dz ⎜ ⎟ + σ z dx dy ⎜ ⎟ − τ yx dx dz ⎜ ⎟ + τ yz dx dz ⎜ ⎟ = 0
⎝ 2⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2⎠ ⎝ 2 ⎠
τ zx = τ xz
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∑ Mz =0
⎛ dx ⎞ ⎛ dy ⎞ ⎛ dx ⎞ ⎛ dy ⎞
τ zy dx dy ⎜ ⎟ − τ zx dx dy ⎜ ⎟ + σ y dx dz ⎜ ⎟ − τ yx dx dz (dy) − σ x dy dz ⎜ ⎟ + τ xy dy dz dx
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
⎛ dy ⎞ ⎛ dy ⎞ ⎛ dx ⎞ ⎛ dx ⎞
+ σ x dy dz ⎜ ⎟ + τ zx dx dy ⎜ ⎟ − τ zy dx dy ⎜ ⎟ − σ y dx dz ⎜ ⎟ = 0
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
τ yx = τ xy
Em resumo,
τ yz = τ zy
τ zx = τ xz (2.6)
τ yx = τ xy
b) Em coordenadas cilíndricas:
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z
σz
τzr τθr τθr
τzθ
θ τθr y
τrθ
dθ
σθ
τθz τrz σr
x
σz
τzy
σy
τyz
P1
P2
Figura 2.7 – Tensões na superfície livre de: (a) um cubo elementar; (b) uma placa fina; (c) um
corpo cilíndrico
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Admitindo um campo de tensões bidimensional (2-D) no ponto P, dado pelas tensões σx ,σy e
τxy, referidas ao sistema coordenado xyz, deseja-se conhecer as tensões σx’ ,σy’ e τx’y’
referidas a um outro sistema de eixos x’y’ que faz um ângulo θ com o sistema xy e que passa
pelo mesmo ponto P. y
σy
y’ x’
τyx
τxy
σx σx
τxy θ
x
τyx
σy
y y
y’ y’
x’ x’
τx’y’ σy’
σx’
σx θ
τy’x’ σx
τxy τxy
O θ
x τyx x
O τ
yx
σy
σy
(a) (b)
Figura 2.8 – Mudança de eixos em elemento 2-D. (a)Componentes de tensão no plano x’; (b)
Componentes de tensão no plano y’
A x' = A
A x = A cos θ (2.7)
A y = A sin θ
Fazendo o equilíbrio de forças que atuam no elemento triangular da Figura 2.8(a) na direção
x’, determina-se a tensão σx’.
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σ x′ A − σ x A cos θ cos θ − τ yx A sin θ cos θ − σ y A sin θ sin θ − τ xy A cos θ sin θ = 0
(2.8)
σ x′ = σ x cos 2 θ + σ y sin 2 θ + τ xy sin 2θ
Da mesma forma, considerando a área da face do elemento cuja normal é y’ (Figura 2.8b)
igual a A, de modo que,
A y' = A
A x = A sin θ (2.9)
A y = A cos θ
e fazendo o equilíbrio de forças que atuam no elemento triangular da Figura 2.8(b) na direção
y’, determina-se a tensão σy’:
A tensão de cisalhamento τx’y’ pode ser obtida através do equilíbrio de forças na direção desta
componente de tensão a partir de qualquer das Figuras 2.8(a) ou 2.8(b):
τ x 'y ' A + σ x A sin θ cos θ + τ xy A sin θ sin θ − σ y A cos θ sin θ − τ yx A cos θ cos θ = 0
1 (2.11)
τ x 'y ' = ( σ y − σ x ) sin 2θ + τ xy cos 2θ
2
1
τ x 'y ' = ( σ y − σ x ) sin 2θ + τ xy cos 2θ (2.12c)
2
19
Na forma matricial, as equações 2.12 podem ser escritas como:
ou seja,
σθ
B
τxy
τθ σx
θ
O x
A τyx
σy
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Admitindo que a área da face AB é Aθ, então Ax é a área da face cuja normal é o eixo x e Ay é
a área da face cuja normal é o eixo y, de tal forma que:
A x = A θ sin θ
(2.14)
A y = A θ cos θ
1
τ θ = ( σ y − σ x ) sin 2θ + τ xy cos 2θ (2.15b)
2
⎧σ x ⎫
⎧σ θ ⎫ ⎧⎪ sin θ cos 2 θ − sin 2θ⎫⎪
2
⎪ ⎪
⎨ ⎬ = ⎨− 1 sin 2θ 1 sin 2θ cos 2θ ⎬ ⎨σ y ⎬ (2.16a)
⎩ τ θ ⎭ ⎪⎩ 2 2 ⎪⎭ ⎪τ ⎪
⎩ xy ⎭
ou seja,
{σ}θ = [R ] {σ}xy (2.16b)
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2.5.3 – Tensões principais – Tensão cisalhante máxima
∂ σθ
= − ( σ x − σ y ) sin 2θ + 2 τ xy cos 2θ = 0 (2.17)
∂θ
2 τ xy
tan 2 θ p = (2.18)
σx − σy
22
2
σx + σy ⎛ σx − σy ⎞
σ1 = σ max = + ⎜⎜ ⎟ + τ 2xy
⎟
2 ⎝ 2 ⎠
(2.20)
2
σx + σy ⎛ σx − σy ⎞
σ 2 = σ min = − ⎜⎜ ⎟ + τ 2xy
⎟
2 ⎝ 2 ⎠
∂ τθ
= ( σ y − σ x ) cos 2θ − 2τ xy sin 2θ = 0 (2.21a)
∂θ
2 τ xy − 2 τ xy
cot g 2 θ c = = (2.21b)
σy − σx σx − σy
2
⎛ σx − σy ⎞
τ max = ± ⎜⎜ ⎟ + τ 2xy
⎟ (2.22a)
⎝ 2 ⎠
σ1 − σ 2
τ max = (2.22b)
2
σx + σy
σ θc = (2.23)
2
23
σ2
σ1
σ1 45
θp
x
σ2
Figura 2.10 – Planos de tensão máxima (normal e de cisalhamento)
Uma representação gráfica simples, que fornece uma visão geral do estado de tensão em um
ponto do meio contínuo, pode ser dada às equações 2.15 e 2.20.
Um método alternativo para a solução de problemas envolvendo a transformação de tensões
planas foi desenvolvido por Mohr e o círculo da tensão 2-D é conhecido como Círculo de
Mohr.
A Figura 2.11 apresenta uma situação bidimensional de tensões no plano xy. As componentes
de tensão σx, σy e τxy são conhecidas. O círculo de Mohr consiste em:
i) Estabelecer um sistema de eixos, que deverão estar na mesma escala, no qual as
abcissas são as tensões normais, σ, e as ordenadas são as tensões de cisalhamento, τ.
ii) Definir o ponto A marcando, por exemplo, os valores σx e τxy. Admite-se σx>σy. O
sinal da tensão de cisalhamento τxy é determinado segundo a convenção indicada na Figura
2.11b: marca-se um ponto fora do plano, e verifica-se qual o sentido de rotação que a tensão
cisalhante teria ao redor deste ponto. O sentido horário é, por convenção, positivo. Esta
convenção é utilizada somente no desenho e na interpretação do círculo de Mohr. Portanto, a
tensão τxy deve ser marcada como um valor negativo no círculo de Mohr.
iii) Definir o ponto B da mesma maneira que foi feita para o ponto A. Neste caso, τyx é
marcada positivamente já que tem sentido de rotação horário.
iv) Ligar os pontos A e B localizando o centro do círculo no ponto C;
v) Desenhar o círculo de Mohr com centro em C e raio igual a CA ou CB;
O diâmetro AB do círculo representa o campo de tensão referido ao sistema de eixos
coordenados xy. Qualquer outro diâmetro do círculo tal como A’B’ representa um campo de
tensão referido a um outro par de eixos, x’y’, girados em relação aos eixos originais de um
ângulo β qualquer.
Os pontos correspondentes às tensões principais estão indicados na Figura 2.11c, nos planos
em que as tensões de cisalhamento são nulas. Os pontos que correspondem às tensões máxima
e mínima de cisalhamento também estão indicadas na mesma figura.
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y y
σθ +
τθ
τxy τxy
-
σx
θ
O x x
τyx τyx
+
σy
(a) (b)
H
σy B
A
2θp2 2β
O σ 2, G E
2δ D F, σ1 σ
2δ
C 2θp
B’
I A
σx
(c)
Figura 2.11 – (a) Estado bi-dimensional de tensões no plano xy; (b) Convenção de rotação das
tensões cisalhantes no círculo de Mohr; (c) Círculo de Mohr
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SEGUINDO O ROTEIRO:
σx + σy
OC =
2
v) raio do círculo:
raio = CA = CB = CD 2 + AD 2
em que:
OD = σ x ⎫ ED σ x − σ y
⎬ ED = σ x − σ y ⇒ CD = =
OE = σ y ⎭ 2 2
AD = − τ xy
e, portanto,
2
⎛ σx − σy ⎞
raio = CA = CB = ⎜ ⎟ + τ 2xy
⎜ 2 ⎟
⎝ ⎠
Tensões principais:
São as tensões normais máxima e mínima. Atuam nos planos em que as tensões de
cisalhamento são nulas:
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⎧σ1 = OC + raio
⎪⎪ 2
⎨ σx + σy ⎛ σx − σy ⎞
⎪σ1 = + ⎜⎜ ⎟⎟ + τ 2xy
⎪⎩ 2 ⎝ 2 ⎠
⎧σ 2 = OC − raio
⎪⎪ 2
⎨ σx + σy ⎛ σx − σy ⎞
⎪σ 2 = − ⎜ ⎟ + τ 2xy
2 ⎜ 2 ⎟
⎪⎩ ⎝ ⎠
Ângulos principais:
θ p1 e θ p 2
em que θ p 2 = θ p1 + 90 0
2
⎛ σx − σy ⎞
τ máx = raio = ± ⎜ ⎟ + τ 2xy
⎜ 2 ⎟
⎝ ⎠
ou,
σ1 − σ 2
τ máx =
2
O campo de tensões referido a um outro par de eixos x’y’, girado de um ângulo β em relação
aos eixos originais xy, representado no círculo de Mohr pelo diâmetro A’B’, é dado por:
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• ponto A’
- tensão normal
OC – centro
CA’ = CB’ = raio
2
σx + σy ⎛ σx − σy ⎞
σ A' = + ⎜ ⎟ + τ 2xy cos(2δ)
2 ⎜ 2 ⎟
⎝ ⎠
- tensão de cisalhamento
2
⎛ σx − σy ⎞
τ A' = ⎜ ⎟ + τ 2xy sin( 2δ)
⎜ 2 ⎟
⎝ ⎠
• ponto B’
- tensão normal
- tensão de cisalhamento
28
2
⎛ σx − σy ⎞
τ B' = ⎜ ⎟ + τ 2xy sin(2δ)
⎜ 2 ⎟
⎝ ⎠
σA’ e σB’ atuam em planos ortogonais e no círculo de Mohr estão defasadas de 180o.
Um método mais direto para determinar tensões representadas pelos pontos no círculo de
Mohr e seus respectivos planos é denominado método do polo (Beer & Johnston, 1996;
Ortigão, 1993).
O polo do círculo de Mohr é uma construção gráfica auxiliar que permite determinar o ponto
do círculo correspondente a um plano cuja direção seja conhecida, ou vice-versa. Este método
consiste em encontrar um único ponto no círculo de Mohr, o polo (P na Figura 2.12), tal que o
ângulo entre quaisquer duas linhas traçadas a partir do polo a qualquer um dos dois pontos
1(σx, τxy) e 3(σθ, τθ) será o mesmo que o ângulo entre as normais aos planos nos quais elas
atuam. Dito de outro modo, uma linha traçada a partir de qualquer ponto conhecido no círculo
de Mohr paralela ao plano no qual o estado de tensão atue, interceptará o círculo de Mohr no
polo.
i) Determinar a localização do polo tomando um ponto no círculo de Mohr cujo plano
correspondente tenha direção conhecida como é o caso do ponto 1 do círculo da
Figura 2.12.
ii) A partir deste ponto, traça-se uma paralela ao plano. O polo será determinado na
interseção desta paralela com o círculo de Mohr, como indicado no ponto 2.
iii) Uma vez determinado o polo, torna-se muito fácil obter, para qualquer plano, o ponto
correspondente no círculo de Mohr. Para isto, traça-se, a partir do polo, uma paralela à
face em que atuam as tensões σθ e τθ, cujos valores se desejam. Esta paralela cortará o
círculo no ponto 3, que fornece graficamente o valor das tensões σθ e τθ.
σθ
τθ
τ
σy
σx τyx
Polo P
2 τxy
σθ 3 1 (σx, τxy)
τθ
C σ
(σy, τyx)
FONTE: Ortigão, 1993
6000
4000
y 4000
16000 16000
O x
4000
4000
6000
30
Resolução
De acordo com a convenção adotada no círculo de Mohr para o sentido positivo da tensão de
cisalhamento:
⎧σ x =16000
• ponto A: ⎨
⎩τ xy = − 4000
⎪⎧σ y = 6000
• ponto B: ⎨
⎪⎩τ yx = 4000
2
⎛ 16000 − 6000 ⎞ 2
• raio do círculo: raio = ⎜ ⎟ + (4000) ∴ raio = 6403 cm
⎝ 2 ⎠
σ1 ≅ 17400 kgf / cm 2
σ 2 ≅ 4600 kgf / cm 2
θ p1 ≅ 19 o
θ p 2 ≅ 19 o + 90 ≅ 109 o
- ponto E:
31
- ponto F:
θc1 é o ângulo entre o plano em que atua σx e um plano de tensão cisalhante máxima e θc2 é
ângulo entre o plano em que atua σy e outro plano de tensão cisalhante máxima (no sentido
horário, a partir do ponto A, θc2= - 260).
τ
τθ45 σθ45
σy
τmax
τB B
τE E
2θc1
2θp2
O σ2 C σ1 σ
2θp1 2θ45
τF 2θc2
F
τA
A
σx
32
Utilizando as expressões
2
16000 + 6000 ⎛ 16000 − 6000 ⎞ 2 2
σ1 = + ⎜ ⎟ + (4000) ∴ σ1 = 17 403 kgf / cm
2 ⎝ 2 ⎠
2
16000 + 6000 ⎛ 16000 − 6000 ⎞ 2 2
σ2 = − ⎜ ⎟ + (4000) ∴ σ 2 = 4 596 kgf / cm
2 ⎝ 2 ⎠
1 ⎛ 2 x 4000 ⎞
θ p1 = arctg ⎜⎜ ⎟⎟ ∴ θ p1 = 19,3 o
2 ⎝ ( 16000 − 6000 ) ⎠
θ p 2 = θ p1 + 90 o ∴ θ p 2 = 19,3 o + 90 o ∴ θ p 2 = 109,3 o
θ p1 = 19,3o → ângulo do plano principal em que atua a tensão principal maior, σ1, com o
plano em que atua σx.
θ p 2 = 109,3 o → ângulo do plano principal em que atua a tensão principal menor, σ2, com o
plano em que atua σx.
4600
17403
19,3o
17403
4600
33
b) as tensões em um elemento girado de 45o em relação ao elemento dado. Das equações
2.12:
7000
15000
5000 45o
y’ x´ 5000
5000
5000
15000
7000
2
⎛ 16000 − 6000 ⎞ 2
τ máx = ± ⎜ ⎟ + 4000
⎝ 2 ⎠
τ máx = ± 6 403 kgf / cm 2
- ângulo que faz o plano em que atua a tensão de cisalhamento máxima com o plano
em que atua σx. Da equação 2.21b,
34
2 ( 4000)
cot g 2 θ c =
6000 − 16000
θ c1 = − 25,6 o
θ c 2 = θ c1 + 90 o = − 25,6 o + 90 o = 64,4 o
16000 + 6000
σ=
2
σ = 11 000 kgf / cm 2
11000
11000 6403
y
6403 6403
x 25,6
6403 11000
11000
θc1 é o ângulo entre o plano em que atua σx e um plano de tensão cisalhante máxima.
35
2 - No círculo de Mohr apresentado na figura abaixo, o ponto A corresponde a uma faceta
(plano) vertical. Determinar (Ortigão, 1993):
(a) o polo;
(b) as tensões atuantes na faceta horizontal;
(c) os valores de σ1 e σ2 e as direções das facetas em que atuam;
(d) τmax e τmin (iguais em módulo) e as direções das facetas em que atuam.
τ
σh
A
Resolução
τmax
σh
A
σ1
σ2
σ
σv
τmax Polo P
36
2.6 – Análise de tensões em 3 dimensões
C n̂
τyz τxz
σx
σy
τyx τxy
O y
A
τzx τzy
σz
x B
Para se obter as tensões em um plano qualquer passando por O, toma-se um plano paralelo
ABC, situado a uma pequena distância de O, de tal forma que este plano, juntamente com os
planos coordenados, isole um tetraedro muito pequeno ABCO. A tensão que atua no plano
ABC tenderá para a tensão que atua no plano paralelo passando em O, à medida que o
elemento for feito infinitesimal. O problema é o de se determinar as tensões normal e de
cisalhamento na superfície do plano ABC. Se isto puder ser feito, será possível definir, então,
as tensões normal e de cisalhamento em qualquer plano que passe pelo elemento
tridimensional.
Na consideração das condições de equilíbrio do tetraedro elementar, as forças de massa
podem ser desprezadas. O volume é um infinitésimo de 3a ordem e as forças que atuam no
tetraedro, determinadas multiplicando as componentes de tensão pelas áreas das faces, são
infinitésimos de 2a ordem.
A direção do plano ABC fica definida através dos ângulos θ, φ e ψ que a normal ao plano, n̂ ,
faz com os eixos x, y e z, conforme mostrado na Figura 2.14. Os cossenos diretores que
definem este plano são
37
l = cos θ = cos (nˆ , x )
m = cos φ = cos (nˆ , y) (2.24)
n = cos ψ = cos (nˆ , z)
n̂
C
ψ
θ φ
y
O A
B
x
Figura 2.14 – Cossenos diretores da normal ao plano ABC com os eixos xyz
Se A é a área da face ABC do tetraedro, as áreas das outras faces são obtidas pela projeção de
A sobre os outros três planos, x, y e z.
na face A x : A l σx
na face A y : A m τ yx (2.26)
na face A z : A n τ zx
Da condição de equilíbrio de forças na direção x obtém-se
A X − A l σ x − A m τ yx − A n τ zx = 0 (2.27)
38
Raciocinando de maneira análoga, as equações de equilíbrio nas direções dos eixos y e z são
dadas por:
A Y − A l τ xy − A m σ y − A n τ zy = 0 (2.28)
A Z − A l τ xz − A m τ yz − A n σ z = 0 (2.29)
ou seja,
X = l σ x + m τ yx + n τ zx
Y = l τ xy + m σ y + n τ zy (2.30a)
Z = l τ xz + m τ yz + n σ z
⎧X ⎫ ⎡ σ x τ yx τ zx ⎤ ⎧l⎫
⎪ ⎪ ⎢ ⎥ ⎪ ⎪
⎨Y ⎬ = ⎢τ xy σy τ zy ⎥ ⎨m ⎬ (2.30b)
⎪ Z ⎪ ⎢τ τ yz σ z ⎥⎦ ⎪n ⎪
⎩ ⎭ ⎣ xz ⎩ ⎭
z
C n̂
X
Y
τyx p Z σx
σy τxy τxz
O τzx y
τyz A
τzy
x B σz
39
forças aplicadas em uma superfície inclinada qualquer às tensões internas, diz-se que elas
fornecem condições de contorno.
A tensão normal no plano ABC pode ser determinada a partir das 3 componentes de
tensão neste plano, X, Y, Z
σn = X l + Y m + Z n (2.31)
A substituição das equações 2.30 na equação 2.31 fornece a seguinte expressão para a
tensão normal neste plano
σ n = ( σ x l 2 + σ y m 2 + σ z n 2 ) + 2 τ xy l m + 2 τ yz m n + 2 τ xz l n (2.32)
NOTA: Como x’ é perpendicular ao plano ABC, então y’ e z’ deverão estar no plano ABC.
A tensão normal σn, dada pela equação 2.32 corresponde exatamente à tensão normal σx’
referida ao novo sistema de eixos (x’,y’,z’):
z x’
C
n̂
y’
σx’ X
Y
z’ Z
y
O A
x B
σ x ' = σ x l12 + σ y m 12 + σ z n 12 + 2 τ xy m 1 l1 + 2 τ yz m 1 n 1 + 2 τ xz l1 n 1
σ y ' = σ x l 22 + σ y m 22 + σ z n 22 + 2 τ xy m 2 l 2 + 2 τ yz m 2 n 2 + 2 τ xz l 2 n 2
σ z ' = σ x l 32 + σ y m 32 + σ z n 32 + 2 τ xy m 3 l 3 + 2 τ yz m 3 n 3 + 2 τ xz l 3 n 3
41
τ x ' y ' = σ x l1 l 2 + σ y m 1 m 2 + σ z n 1 n 2 + τ xy (m 1 l 2 + l1 m 2 ) + τ yz (n 1 m 2 + m 1 n 2 ) + τ zx (n 1 l 2 + l 1 n 2 ) = τ y ' x '
τ x 'z ' = σ x l1 l 3 + σ y m 1 m 3 + σ z n 1 n 3 + τ xy ( m 1 l 3 + m 3 l 1 ) + τ yz (n 1 m 3 + m 1 n 3 ) + τ zx ( n 1 l 3 + l1 n 3 ) = τ z ' x '
τ y 'z ' = σ x l 2 l 3 + σ y m 2 m 3 + σ z n 2 n 3 + τ xy (m 2 l 3 + l 2 m 3 ) + τ yz (n 2 m 3 + m 2 n 3 ) + τ zx (n 2 l 3 + l 2 n 3 ) = τ z ' y '
(2.36)
As equações 2.36 podem ser escritas na forma matricial de tal modo que:
⎛ σx τ yx τ zx ⎞
⎜ ⎟
(σ) = ⎜ τ xy σy τ zy ⎟ (2.38a)
⎜τ τ yz σ z ⎟⎠
⎝ xz
⎡ l1 m1 n1 ⎤
[A] = ⎢⎢l 2 m2 n 2 ⎥⎥ (2.38c)
⎢⎣ l 3 m3 n 3 ⎥⎦
⎧l12 + m12 + n 12 = 1
⎪ 2
⎨l2 + m2 + n 2 = 1
2 2
(2.39)
⎪l2 + m2 + n 2 = 1
⎩ 3 3 3
42
Mais 3 valores podem ser eliminados através de equações mais complexas por considerações
de ortogonalidade entre os dois sistemas de eixos
⎧ l1 m 1 + l 2 m 2 + l 3 m 3 = 0
⎪
⎨m 1 n 1 + m 2 n 2 + m 3 n 3 = 0 (2.40)
⎪ l n +l n +l n = 0
⎩ 1 1 2 2 3 3
A equação da tensão normal (2.32) pode ser transformada em uma equação de uma superfície
do 2o grau. Ou seja, a variação da tensão normal, σn, com a direção da normal n̂ , pode ser
geometricamente representada como se segue (Timoshenko & Goodier, 1980).
Define-se, na direção da normal n̂ ao plano ABC, um vetor cujo módulo, r, seja inversamente
proporcional à raiz quadrada do valor absoluto da tensão σn:
k
r= (2.41a)
σn
k2
σn = ± (2.41b)
r2
⎧ x =l r → l =x r
⎪
⎨y = m r → m =y r (2.42)
⎪ z=n r → n =z r
⎩
x2 y2 z2 x y y z x z k2
σn = ( σx + σy + σz ) + 2 τ xy + 2 τ yz + 2 τ xz = 2 (2.43a)
r2 r2 r2 r r r r r r r
ou,
± k 2 = ( σ x x 2 + σ y y 2 + σ z z 2 ) + 2 τ xy x y + 2 τ yz y z + 2 τ xz x z (2.43b)
43
que é a equação de uma superfície do 2o grau denominada quádrica de Cauchy:
descrita pela extremidade do vetor r à medida que o plano ABC gira em torno do ponto O.
Da Geometria Analítica, sabe-se que, mediante uma rotação adequada de eixos é sempre
possível eliminar os termos cruzados para a superfície da equação 2.43. Ou seja, é sempre
possível encontrar um conjunto de eixos xyz em que os termos que contêm os produtos
cruzados se anulam. Quando isto acontece, os novos eixos coordenados coincidem com a
direção das normais aos planos e, deste modo, as tensões resultantes são normais aos planos
nos quais atuam. Estas tensões são denominadas tensões principais (denominadas σ1, σ2 e σ3)
no ponto considerado; suas direções são os eixos ou direções principais (denominados x1, x2 e
x3) e os planos em que atuam são os planos principais (denominados 1, 2 e 3).
O estado de tensão em um ponto fica completamente definido se as direções dos eixos
principais e os valores das tensões principais forem conhecidos. A superfície representada
pela equação 2.43b deve portanto ser a mesma, independentemente da escolha dos eixos xyz.
É possível demonstrar que as tensões principais são valores extremos (ou estacionários) das
tensões normais, sendo, no caso geral, uma das tensões principais a máxima e a outra a
mínima tensão normal no ponto (Villaça e Garcia, 1996).
⎧ X =Sl
⎪
⎨Y = S m (2.45)
⎪ Z =Sn
⎩
Substituindo (2.45) em (2.30a), fica-se com o valor da tensão normal S em termos das
componentes de tensão segundo os eixos coordenados xyz.
44
⎧ S l = l σ x + m τ yx + n τ zx
⎪
⎨S m = l τ xy + m σ y + n τ zy (2.46a)
⎪ Sn =lτ + m τ + n σ
⎩ xz yz z
ou seja,
⎧ (S − σ x ) l − τ yx m − τ zx n = 0
⎪
⎨ − τ xy l + (S − σ y ) m − τ zy n = 0 (2.46b)
⎪ − τ l − τ m + (S − σ ) n = 0
⎩ xz yz z
(σ x − S ) τ yx τ zx
τ xy (σ y − S ) τ zy =0 (2.47)
τ xz τ yz (σ z − S )
S1 = σ1 S2 = σ 2 S3 = σ 3
3 raízes distintas:
2 raízes iguais:
45
- uma direção principal será única mas as outras direções podem ser quaisquer duas
direções ortogonais à primeira.
3 raízes iguais:
- não existem direções principais únicas, quaisquer 3 direções podem ser escolhidas.
Corresponde ao estado de tensão hidrostätica.
Como a equação 2.48 não contem valores de coordenadas ou de cossenos diretores, ela é
independente dos eixos coordenados originais. Ou seja, para qualquer campo uniforme de
tensões existem 3 e somente 3 tensões principais As quantidades entre parênteses da equação
2.48 são invariantes com relação aos eixos coordenados cartesianos.
Uma vez conhecidos os valores das tensões principais, pode-se determinar a direção dos
planos principais (seus cossenos diretores) com os eixos xyz. Substituindo a equação 2.49,
para S=σ1, na equação 2.46b, determina-se a direção do plano principal 1 (seus cossenos
diretores l1, m1, n1):
⎧ (σ1 − σ x ) l1 − τ yx m1 − τ zx n 1 = 0
⎪
⎨ − τ xy l1 + (σ1 − σ y ) m1 − τ zy n 1 = 0 (2.49)
⎪ − τ l − τ m + (σ − σ ) n = 0
⎩ xz 1 yz 1 1 z 1
No sistema de equações dado pelas equações 2.49, somente duas equações são linearmente
independentes. Para determinar os valores de l1, m1 e n1, utiliza-se a relação de Euler:
l 2 + m 2 + n 2 =1 (2.50)
Resumindo
As três raízes da equação 2.48 fornecem os valores das três tensões principais, σ1, σ2, σ3.
Com a substituição do valor de cada uma destas tensões na equação 2.46b e por meio da
relação l 2 + m 2 + n 2 = 1 , é possível determinar 3 conjuntos de cossenos diretores,
correspondentes a cada uma das três direções principais.
46
Invariantes de tensão:
Dado um estado de tensão definido por tensões principais e direções principais, pode-se
representá-lo através de componentes em um sistema qualquer de eixos coordenados xyz. A
equação 2.48 deve fornecer as mesmas 3 raízes para S, qualquer que seja a orientação
escolhida para estes eixos coordenados.
3 z
1
y
x
σ x = σ1
σ y = σ2
σ z = σ3
τ xy = τ yz = τ xz = 0
⎧ I1 = σ x + σ y + σ z
⎪
⎪ = σ x ' + σ y' + σ z'
⎪ = σ + σ + σ = etc.
⎪ 1 2 3
⎪
⎪I = σ σ + σ σ + σ σ − τ 2 − τ 2 − τ 2
⎪ 2 x y y z z x xy yz xz
⎪ = σ x ' σ y ' + σ y ' σ z ' + σ z ' σ x ' − τ x ' y ' − τ y 'z ' − τ 2x 'z '
2 2
⎨ (2.51)
⎪ = σ1σ 2 + σ 2 σ 3 + σ 3 σ1 = etc.
⎪
⎪
⎪I 3 = σ x σ y σ z + 2τ xy τ yz τ xz − σ x τ yz − σ y τ xz − σ z τ xy
2 2 2
⎪
⎪ = σ x ' σ y ' σ z ' + 2 τ x ' y ' τ y 'z ' τ x 'z ' − σ x ' τ y 'z ' − σ y ' τ x ' z ' − σ z ' τ x ' y '
2 2 2
⎪ = σ1 σ 2 σ 3
⎪
⎩
47
em que I1, I2 e I3 são chamados 1o, 2o e 3o invariantes de tensões, respectivamente.
A equação 2.48 pode ser rescrita em função dos invariantes de tensão como:
S 3 − I1 S 2 + I 2 S − I 3 = 0 (2.52)
Sejam xyz os eixos principais 123 de modo que σx, σy, e σz sejam tensões principais.
Consequentemente, as tensões de cisalhamento referidas a estes eixos serão nulas (Figura
2.12).
Sejam l0, m0 e n0 os cossenos diretores de um dado plano oblíquo referido aos eixos principais
(no caso, xyz). Da equação 2.32, a tensão normal neste plano oblíquo é igual a:
σ n = σ1 l 02 + σ 2 m 02 + σ 3 n 02 (2.53)
σ 2n = (σ1 l 02 + σ 2 m 02 + σ 3 n 02 ) 2 (2.54)
z=3
σ3
C
σ1
σ2 σ2
O y=2
A
σ1
B
x=1 σ3
Figura 2.12 – Eixos coordenados coincidentes com os eixos principais
O plano ABC fica definido por seus cossenos diretores l0, m0, n0 com os eixos principais, 1, 2,
3 (Figura 2.13).
48
z=3
C p n̂ p n̂
σn
τ τ
X σn
Y Z
y=2
O A
x=1 B
As componentes de tensão total, p, paralelas aos eixos 1, 2, 3 e que atuam no plano ABC são,
a partir da equação 2.30a (lembrar que as tensões cisalhantes são nulas já que os eixos x, y, z
são principais):
X = σ1 l 0
Y = σ2 m0 (2.55)
Z = σ3 n 0
p2 = X2 + Y2 + Z2 (2.56a)
p 2 = σ12 l 02 + σ 22 m 02 + σ 32 n 02 (2.56b)
p 2 = σ 2n + τ 2 (2.57a)
τ 2 = p 2 − σ 2n (2.57b)
49
τ 2 = σ12 l 02 + σ 22 m 02 + σ 32 n 02 − (σ1 l 02 + σ 2 m 02 + σ 3 n 02 ) 2 (2.58)
n 02 = 1 − l 02 − m 02 (2.59)
τ 2 = σ12 l 02 + σ 22 m 02 − σ 32 l 02 − σ 32 m 02 − σ12 l 04 − σ 22 m 04 − σ 32 l 04 − σ 32 m 04 + 2 σ 32 l 02 + 2 σ 32 m 02 − 2 σ 32 l 02 m 02 −
2 σ1 σ 2 l 02 m 02 − 2 σ1 σ 3 l 02 + 2σ1 σ 3 l 04 + 2 σ1 σ 3 l 02 m 02 − 2 σ 2 σ 3 m 02 + 2 σ 2 σ 3 l 02 m 02 + 2 σ 2 σ 3 m 04
(2.60b)
[
⎧⎪l 0 (σ1 − σ 3 ) l 02 + (σ 2 − σ 3 ) m 02 − 1 / 2(σ1 − σ 3 ) = 0 ]
⎨
[ ]
(2.61)
⎪⎩m 0 (σ1 − σ 3 ) l 02 + (σ 2 − σ 3 ) m 02 − 1 / 2(σ 2 − σ 3 ) = 0
50
i) l0 = m0 = 0 → n0 = ± 1 (2.62)
que é um plano principal. A tensão de cisalhamento, τ, neste plano é nula (e, portanto,
mínima). Logo, trata-se do plano principal 3.
z=3
n̂
O y=2
x=1
n̂
l0 = 0 → cos(nˆ , x ) = 0 → θ = 90 o
m0 = 0 → cos(nˆ , y) = 0 → φ = 90 o
n 0 = ±1 → cos(nˆ , z) = ± 1 → ψ = 0 o , 180 o
z=3
n̂
O y=2
x=1
l0 = 0 → cos(nˆ , x ) = 0 → θ = 90 o
m 0 = ± 1/ 2 → cos(nˆ , y) = ± 1 / 2 → φ = 45 o
n 0 = ± 1/ 2 → cos(nˆ , z) = ± 1 / 2 → ψ = 45 o
51
iii) m0= 0 → l0 =± 1 / 2 → n0= ± 1 / 2 (2.64)
z=3
n̂
O y=2
x=1
l0 = ± 1/ 2 → cos(nˆ , x ) = 1 / 2 → θ = 45 o
m0 = 0 → cos(nˆ , y) = 0 → φ = 90 o
n 0 = ± 1/ 2 → cos(nˆ , z) = ± 1 / 2 → ψ = 45 o
Em geral, não há soluções em que l0 e m0 são ambos diferentes de zero, exceto no caso
especial em que σ1=σ2. No caso em que l0 e m0 são diferentes de zero, então os termos entre
colchetes nas equações 2.61 devem ser simultaneamente nulos:
[
⎧⎪ (σ1 − σ 3 ) l 02 + (σ 2 − σ 3 ) m 02 − 1 / 2(σ1 − σ 3 ) = 0]
⎨
[ ]
(2.65)
⎪⎩ (σ1 − σ 3 ) l 02 + (σ 2 − σ 3 ) m 02 − 1 / 2(σ 2 − σ 3 ) = 0
ou seja,
⎧⎪ (σ1 − σ 3 ) l 02 + (σ 2 − σ 3 ) m 02 = 1 / 2(σ1 − σ 3 )
⎨ (2.66)
⎪⎩ (σ1 − σ 3 ) l 02 + (σ 2 − σ 3 ) m 02 = 1 / 2(σ 2 − σ 3 )
52
Quadro II – Cossenos diretores para os planos onde atuam τmáx e τmín:
l0 0 0 ±1 0 ± 1/ 2 ± 1/ 2
m0 0 ±1 0 ± 1/ 2 0 ± 1/ 2
n0 ±1 0 0 ± 1/ 2 ± 1/ 2 0
l0 = 0 → cos(nˆ , x ) = 0 → θ = 90 0
Por exemplo: m0 = 0 → cos(nˆ , y) = 0 → φ = 90 0
n 0 =1 → cos(nˆ , z) =1 → ψ = 00
z=3
n̂
O
y=2
x=1
n̂
As 3 últimas colunas fornecem os planos que passam através de cada um dos eixos principais
e pelas bissetrizes dos ângulos entre os outros dois eixos principais. Nestes planos a tensão de
cisalhamento é máxima.
A tensão de cisalhamento máxima em cada plano é obtida substituindo-se os valores de l0, m0,
n0 dados no Quadro II na equação 2.58. As tensões normais nos planos de tensão cisalhante
máxima são obtidas substituindo-se na equação 2.53 os valores de l0, m0 e n0 (Quadro II)
correspondentes de modo que:
i) l0 = 0 ; m0 = ± 1 / 2 ; n0 = ± 1 / 2
σ 22 σ32 σ 2σ3
τ2 = + −
4 4 2
53
1
τ=± ( σ 2 − σ3 ) (2.68)
2
1
σn = ( σ 2 + σ3 )
2 (2.69)
1
τ max = ± (σ 2 − σ 3 )
2
ii) l0 = ± 1 / 2 ; m0 = 0; n0 = ± 1 / 2
σ12 σ 32 σ1σ 3
τ =
2
+ −
4 4 2
1
τ=± (σ1 − σ 3 ) (2.70)
2
1
σn = ( σ1 + σ 3 )
2 (2.71)
1
τ max = ± ( σ1 − σ 3 )
2
iii) l0 = ± 1 / 2 ; m0 = ± 1 / 2 ; n0 = 0
σ12 σ 22 σ1σ 2
τ =
2
+ −
4 4 2
1
τ=± (σ1 − σ 2 ) (2.72)
2
1
σn = ( σ1 + σ 2 )
2 (2.73)
1
τ max = ± ( σ1 − σ 2 )
2
1
τ max = ± (σ max − σ min ) (2.74)
2
54
2.6.4 – Planos octaédricos - Tensões octaédricas
Um outro conjunto de planos, que passa por um ponto de um corpo e que tem considerável
interesse, é formado pelos planos octaédricos. As tensões que atuam nestes planos são
denominadas tensões octaédricas e são utilizadas na formulação de alguns modelos de
comportamento tensão-deformação de materiais.
Considere-se o plano ABC da Figura 2.12. Se este plano estiver orientado com os eixos
principais de tal modo que:
OA = OB = OC
então, a normal, n̂ , a este plano faz ângulos iguais, α, com os eixos principais 1, 2, 3.
C n̂
p
τoct
σoct
α
α α
2
O A
B
1
Como a normal a este plano, n̂ , faz ângulos iguais com os eixos principais 1, 2, 3, então os
cossenos diretores são iguais:
l=m=n (2.75a)
e da equação 2.50:
3
l=m=n =± (2.75b)
3
55
3
1
2
2
1
3
Figura 2.15 – Planos octaédricos
2 2 2
⎛ 3⎞ ⎛ 3⎞ ⎛ 3⎞
σ oct = σ1 ⎜⎜ ⎟ + σ2 ⎜
⎟
⎟ + σ3 ⎜
⎜ 3 ⎟
⎟
⎜ 3 ⎟ (2.76a)
⎝ 3 ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠
σ oct =
1
(σ1 + σ 2 + σ 3 ) (2.76b)
3
σ oct = σ m (2.76c)
I1
σ oct = (2.76d)
3
De acordo com as equações 2.76c e 2.76d, verifica-se que a tensão normal em um plano
octaédrico é a média das tensões normais e que, portanto, independe do sistema de eixos
considerados.
A tensão cisalhante octaédrica é calculada em função das tensões principais pelas equações:
2
⎛ 3 ⎞ ⎛⎜ ⎛ 3 ⎞ ⎛ 3 ⎞ ⎞⎟
2 2 2 2 2 2
2⎛ 3⎞ ⎛ 3⎞ ⎛ 3⎞
τ oct
2
= σ1 ⎜⎜ ⎟ + σ2 ⎜
⎟
2 ⎟ 2 ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎜ 3 ⎟ + σ 3 ⎜ 3 ⎟ − ⎜ σ1 ⎜ 3 ⎟ + σ 2 ⎜ 3 ⎟ + σ 3 ⎜ 3 ⎟ ⎟ (2.77a)
⎝ 3 ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ⎠
56
τ oct
2
=
1 2
3
( 1
9
)
σ1 + σ 22 + σ 32 − (σ1 + σ 2 + σ 3 )
2
(2.77b)
τ oct
2
=
1
9
[
(σ1 − σ 2 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 + (σ1 − σ 3 )2 ] (2.77c)
τ oct
2
=
1
3
[
(σ1 − σ m )2 + (σ 2 − σ m )2 + (σ 3 − σ m )2 ] (2.77d)
As tensões octaédricas também podem ser escritas em termos dos invariantes de tensão ou das
componentes de tensão referidas ao sistema de eixos xyz de tal modo que
τ oct
2
=
9
(
2 2
I1 − 3 I 2 ) (2.78)
τ oct
2
=
9
[(
2 2
) ( ) (
σ x + σ 2y + σ 2z − σ x σ y + σ x σ z + σ y σ z + 3 τ 2xy + τ 2xz + τ 2yz )] (2.79)
σ = σ1 l 2 + σ 2 m 2 + σ 3 n 2 (2.80)
Considerando ainda que a soma dos quadrados dos cossenos diretores é igual a 1 (relação de
Euler, equação 2.50), obtém-se um sistema de 3 equações para resolver as incógnitas l2, m2 e
n2 cuja solução é dada por:
57
τ 2 + (σ − σ 2 )(σ − σ 3 )
l2 = (2.82a)
(σ1 − σ 2 )(σ1 − σ 3 )
τ 2 + (σ − σ 3 )(σ − σ1 )
m2 = (2.82b)
(σ 2 − σ 3 )(σ 2 − σ1 )
τ 2 + (σ − σ1 )(σ − σ 2 )
n =
2
(2.82c)
(σ 3 − σ1 )(σ 3 − σ 2 )
Sem perda de generalidade, podem-se ordenar os eixos coordenados de tal modo que
σ1>σ2>σ3. Como conseqüência da ordenação das tensões principais, as expressões (2.82)
reduzem-se a inequações.
Da equação 2.82a, como l2 é sempre ≥ 0 e o denominador é sempre ≥ 0, tem-se que:
τ 2 + (σ − σ 2 )(σ − σ 3 ) ≥ 0 (2.83)
2 2
⎛ σ + σ3 ⎞ ⎛ σ − σ3 ⎞
τ2 + ⎜ σ − 2 ⎟ ≥⎜ 2 ⎟ (2.84)
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
Considerando o sinal de igualdade (para l=0), a equação 2.84 representa um círculo no plano
⎛ σ + σ3 ⎞
σ-τ cujo centro tem coordenadas ⎜ 2 , 0 ⎟ e que cruza o eixo σ em σ=σ2 e em σ=σ3. A
⎝ 2 ⎠
região definida pela equação 2.83 é a exterior a este círculo e inclui o círculo como limite já
⎛ σ − σ3 ⎞
que ele representa círculos de raio igual ou maior do que ⎜ 2 ⎟.
⎝ 2 ⎠
NOTA: A equação de um círculo nos eixos xy, cujo centro, O, tem coordenadas (h, k) e cujo
raio é a, escreve-se como (x − h )2 + (y − k )2 = a 2 .
58
τ 2 + (σ − σ 3 )(σ − σ1 ) ≤ 0 (2.85)
ou,
2 2
⎛ σ + σ3 ⎞ ⎛ σ − σ3 ⎞
τ +⎜σ − 1
2
⎟ ≤ ⎜ 1 ⎟ (2.86)
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
A equação 2.86 representa uma família de círculos, no plano σ-τ, com centro em
⎛ σ1 + σ 3 ⎞ ⎛ σ − σ3 ⎞
⎜ , 0 ⎟ e raios igual ou menores do que ⎜ 1 ⎟.
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
Da mesma forma, da equação 2.82c, como n2 é sempre maior ou igual a zero, e como o
denominador é sempre positivo, o numerador deve ser positivo:
τ 2 + (σ − σ1 )(σ − σ 2 ) ≥ 0 (2.87)
ou,
2 2
⎛ σ + σ2 ⎞ ⎛ σ − σ2 ⎞
τ +⎜σ − 1
2
⎟ ≥ ⎜ 1 ⎟ (2.88)
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
⎛ σ + σ2 ⎞
A equação 2.88 representa a região exterior ao círculo com centro em ⎜ 1 , 0 ⎟ e raios
⎝ 2 ⎠
⎛ σ − σ2 ⎞
igual ou maiores do que ⎜ 1 ⎟.
⎝ 2 ⎠
Portanto, no caso geral de um estado múltiplo de tensões, este estado pode ser associado à
construção geométrica da Figura 2.16 em que cada ponto P, de coordenadas σ e τ, representa
uma determinada faceta (um plano qualquer obliquo em relação aos eixos principais) no
ponto. Demonstrou-se (equações 2.84, 2.86 e 2.88) que todas as facetas correspondem a
pontos P localizados na região entre as três circunferências de centros O1, O2 e O3. Ou seja, os
valores admissíveis de τ e σ que atuam em um plano oblíquo qualquer definido por seus
cossenos diretores l, m, n, estão na região sombreada mostrada na Figura 2.16, limitada pelos
círculos O1, O2, e O3:
59
ii) Círculo O2 (para m = 0):
⎛ σ1 + σ 3 ⎞
- centro: O 2 = ⎜ , 0⎟
⎝ 2 ⎠
σ1 − σ 3
- raio: r2 =
2
τ
B
σn P
p
τn
A σ
σ3 O1 σ2σ O2 O3 σ1
2
A
A tensão de cisalhamento máxima é representada na Figura 2.16 pela reta AB que é o raio do
círculo O2, cujo valor é igual a
σ1 − σ 3
τ max = (2.89)
2
60
σ1 + σ 3
σ= (2.90)
2
l 2 = n 2 =1 / 2 e m2 = 0 (2.91)
No plano qualquer representado pelo ponto P (Figura 2.16) e cuja normal tem para cossenos
diretores em relação às direções principais os valores, conforme as equações 2.24:
61
FONTE: Villaça & Garcia (1996)
É possível resolver graficamente, por meio dos círculos de Mohr 3-D, um problema geral de
análise de tensões. Ou seja, dados os valores das tensões principais, σ1, σ2 e σ3, e os cossenos
diretores, l, m e n, de um determinado plano em relação aos eixos principais 1, 2 e 3, pode-se
determinar os valores das componentes normal, σ, e de cisalhamento, τ, neste plano. O
seguinte roteiro para a construção gráfica, mostrada na Figura 2.18, foi apresentado por
Villaça & Garcia (1996):
i) desenhadas as circunferências que definem o estado de tensão no ponto, marca-se
o ângulo α a partir da vertical que passa por σ1. Deste modo, ficam definidos,
sobre as circunferências de centros O2 e O3, dois pontos pertencentes à
circunferência em que l = constante (dado do problema), com centro em O1;
ii) de modo análogo, marcam-se os ângulos β ou γ (qualquer um dos dois), obtendo-
se, na intersecção das circunferências l = constante, e m ou n = constante, o ponto
P que é a solução do problema.
Na construção gráfica, deve-se tomar 0 ≤ α, β, γ ≤ 900. No caso em que algum dos ângulos
seja maior do que 900, deve-se considerar seu suplemento para deste modo se obter o mesmo
par σ, -τ
1 - Determine:
a) as tensões principais;
b) as direções dos planos principais de tensão;
c) a tensão máxima de cisalhamento;
d) a direção do plano de tensão máxima de cisalhamento;
e) as tensões octaédricas
no ponto P, referido ao sistema de eixos xyz, se o tensor de tensão no ponto é dado por:
⎛ 4 − 2 0⎞
⎜ ⎟
σ = ⎜ − 2 4 0⎟ kN / m 2
⎜ 0 0 5 ⎟⎠
⎝
Resolução:
a) tensões principais:
I1 = σ x + σ y + σ z = 4 + 4 + 5
= 13 kN / m 2
63
• equação característica (equação 2.52):
S3 − 13 S 2 + 52 S − 60 = 0
⎧ (S − σ x ) l − τ xy m − τ xz n = 0
⎪
⎨ − τ xy l + (S − σ y ) m − τ yz n = 0
⎪ − τ l − τ m + (S − σ ) n = 0
⎩ xz yz z
e da relação 2.50,
l 2 + m 2 + n 2 =1
tem-se:
⎧ ( 6 − 4) l + 2 m = 0 (a )
⎪
⎨(2) l + (6 − 4) m = 0 ( b)
⎪ (6 − 5) n = 0
⎩ (c)
64
Das equações (a) ou (b), obtém-se que l= -m. Substituindo-se estes valores na equação 2.49,
determina-se o valor de l a partir de:
2 l 2 =1
ou seja,
2 2
l=± e m=m
2 2
2 2
l= m=− n=0
2 2
ou,
2 2
l= − m= n=0
2 2
NOTA: O segundo conjunto de valores de cossenos diretores refere-se à direção negativa das
tensões principais.
⎧− 2 l + 2 m = 0
⎪
⎨ 2 l − 2m = 0
⎪ 3n = 0
⎩
2 l 2 =1
ou seja,
2 2
l=± e m=±
2 2
65
Portanto, a direção do plano da tensão principal menor é dada por:
2 2
l= m= n=0
2 2
ou,
2 2
l= − m=− n=0
2 2
Neste caso, substituindo-se o valor da tensão principal intermediária nas equações 2.46b
obtêm-se:
⎧ l + 2m = 0
⎪
⎨2 l + m = 0
⎪0 n = 0
⎩
n 2 =1
ou,
n = ±1
l= 0 m=0 n =1
ou,
l= 0 m=0 n = −1
66
1
τ max = ± (σ1 − σ 3 )
2
1
τ max = ± (6 − 2)
2
τ max = ± 2,0 kN / m 2
6+2
σ= ∴ σ = 4 kN / m 2
2
Substituindo os valores de τmáx e σ nas equações 2.82, obtêm-se os valores dos cossenos
diretores, l, m, n, do plano em que a tensão de cisalhamento é máxima:
(2,0) 2 + (4 − 5) (4 − 2)
l2 = ∴ l 2 = 0,5 ∴ l = ± 0,707
(6 − 5) (6 − 2)
(2,0) 2 + (4 − 2) (4 − 6)
m =
2
∴ m2 = 0 ∴ m = 0
(5 − 2) (5 − 6)
(2,0) 2 + (4 − 6) (4 − 5)
n2 = ∴ n 2 = 0,5 ∴ n = ± 0,707
(2 − 6) (2 − 5)
e) as tensões octaédricas
Estas tensões atuam nos planos cuja normal faz ângulos iguais com os eixos principais 1, 2, 3.
Das equações 2.76 e 2.77:
6+5+2
σ n oct = ∴ σ n oct = 4,33 kN / m 2
3
τ oct
2
=
1
9
[
(6 − 5)2 + (5 − 2)2 + (6 − 2)2 ] ∴ τ oct
2
= 2,88 ∴ τ oct = 1,7 kN / m 2
67
2 - O estado de tensão em um ponto fica definido pelas tensões principais 100 MPa, -100 MPa
e 200 MPa. Determinar, fazendo uso dos círculos de Mohr:
a) as componentes de tensão normal e cisalhante em um plano cuja normal faz 600 com o
eixo principal 1 e 600 com o eixo principal 2;
b) os cossenos diretores do plano em que a tensão de cisalhamento é máxima.
Resolução:
i) traçar os círculos de Mohr, lembrando que, por convenção, σ1>σ2>σ3;
ii) marcar os centros lembrando que:
σ3 − σ2
O1 é o centro do círculo de raio r1 =
2
σ1 − σ 3
O2 é o centro do círculo de raio r2 =
2
σ1 − σ 2
O3 é o centro do círculo de raio r3 =
2
iii) marcar o ângulo α=600 a partir da vertical que passa por σ1 e traçar uma reta;
iv) marcar as intersecções A e B da reta com os círculos de centros O2 e O3;
v) com a ponta do compasso no centro do círculo O1, traçar um arco de círculo pelos
pontos A e B;
vi) marcar o ângulo de β=600 a partir da vertical que passa por σ2 e traçar uma reta;
vii) marcar as intersecções C e D da reta com os círculos de centro O1 e O3;
viii) com a ponta do compasso no centro do círculo O2, traçar um arco de círculo pelos
pontos C e D;
ix) determinar o ponto P na intersecção dos dois arcos de círculo;
x) a abcissa do ponto P corresponde ao valor de σn e a ordenada corresponde ao valor
de τn no plano considerado.
68
69
2.6.7 – Tensões desviadoras (desviatórias)
⎛ σx τ yx τ zx ⎞
⎜ ⎟
(σ) = ⎜ τ xy σy τ zy ⎟ = ({p ) + (S d )
{
(2.92)
⎜τ τ yz ⎟
σ z ⎠ hidrostático desviador
tensor tensor
⎝ xz
⎛σm 0 0 ⎞
⎜ ⎟
p =⎜ 0 σm 0 ⎟ (2.93)
⎜ 0 0 σ m ⎟⎠
⎝
I1
σm = (2.94)
3
É evidente que a tensão média é a mesma para qualquer orientação dos eixos coordenados e,
portanto, o nome de tensão esférica ou tensão hidrostática.
O tensor de tensão desviador (Sd) relaciona-se com a tensão de cisalhamento octaédrica, τoct,
e diz respeito à variação angular. O tensor desviador é a parcela do estado de tensão que
representa o estado de tensão de cisalhamento ou desviador e exclui o estado de tensão
hidrostático. Define-se, portanto, um tensor de tensão desviador como:
⎡( σ x − σ m ) τ yx τ zx ⎤
⎢ ⎥
S d = ⎢ τ xy (σ y − σ m ) τ yz ⎥ (2.95)
⎢ τ xz τ yz (σ z − σ m )⎥⎦
⎣
Portanto, o tensor total de tensões é decomposto em duas parcelas de tal modo que:
70
⎛ σ x τ yx τ zx ⎞ ⎛ σ m 0 0 ⎞ ⎛ ( σ x −σ m ) τ yx τ zx ⎞
⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎜ τ xy σ y τ zy ⎟ = ⎜ 0 σ m 0 ⎟ + ⎜ τ xy ( σ y −σ m ) τ zy ⎟ (2.96)
⎜τ τ yz σ z ⎟⎠ ⎜⎝ 0 0 σ m ⎟⎠ ⎜⎝ τ xz τ yz (σ z −σ m ) ⎟⎠
⎝14 xz
42443 1 4 42 44 3 144444424444443
tensor das tensões tensor hidrostático tensor desviador
Os valores principais do tensor de tensão desviador podem ser encontrados de modo análogo
ao que foi feito na determinação dos valores principais do tensor de tensão total, (σ), a partir
das equações 2.46. Reescrevendo o tensor desviador como:
⎡S11 τ yx τ zx ⎤
⎢ ⎥
S d = ⎢τ xy S 22 τ yz ⎥ (2.97)
⎢ τ xz τ yz S33 ⎥⎦
⎣
em que,
⎧S11 = σ x − σ m
⎪
⎨S 22 = σ y − σ m (2.98)
⎪
⎩S33 = σ z − σ m
⎧ (D − S11 ) l − τ yx m − τ zx n = 0
⎪
⎨ − τ xy l + (D − S 22 ) m − τ zy n = 0 (2.99)
⎪ − τ l − τ m + (D − S ) n = 0
⎩ xz yz 33
(D − S11 ) τ yx τ zx
τ xy (D − S 22 ) τ zy =0 (2.100)
τ xz τ yz (D − S33 )
D 3 − J1 D 2 + J 2 D − J 3 = 0 (2.101)
71
em que os invariantes do tensor de tensão desviador, J1, J2, J3, são dados por:
⎧ S 22 τ zy S11 τ zx S11 τ yx
⎪ = + +
⎪ τ yz S33 τ xz S33 τ xy S 22
⎪
⎪ =
1 2
3
[( ) ( )] (
σ x + σ 2y + σ 2z − σ x σ y + σ y σ z + σ x σ z + τ 2xy + τ 2xz + τ 2yz )
⎪
J2
⎪⎪
⎨ =
1
6
[( ) ( ) ](
σ x − σ y 2 + σ y − σ z 2 + (σ x − σ z )2 + τ 2xy + τ 2xz + τ 2yz ) (2.103)
⎪
⎪
⎪
1
(
= I12 − 3I 2
3
)
⎪
⎪
⎪
1
[
= (σ1 − σ 2 )2 + (σ1 − σ 3 )2 + (σ 2 − σ 3 )2
6
]
⎪⎩
2 2 3
J3 = I3 − I1 I 2 + I1 (2.104)
3 27
3 2
J 2 = τ oct (2.105)
2
z (τzx)5
(τzy)5 5
(σx)2
y (τxz)2
(τyz)4 (τyx)3 dz
x (τxy)1 1 2 (τxy)2 3
(σy)4 (σy)3
4
(τyx)4 (τyz)3
(σx)1 (τxz)1
(τzy)6 6
dx
(τzx)6
(σz)6
dy
Além das tensões mostradas na Figura 2.19, devem ser consideradas também as forças de
massa ou de volume (forças de gravidade, por exemplo). Deve-se observar que a força de
massa atuando no volume precisa ser levada em consideração por ser da mesma ordem de
grandeza que os termos devidos às variações das componentes de tensão que são agora
considerados. No caso de um campo uniforme de tensões (as tensões não variam de ponto a
ponto), a força de massa é desprezada por ser um infinitésimo de ordem superior.
Designando por Px, Py e Pz as componentes da força de massa por unidade de volume do
elemento, as equações de equilíbrio das forças no paralelepípedo elementar, em cada uma das
direções x, y e z são dadas por:
∑ Fx = 0 :
73
⎧ ( σ x )2 = σ x
⎪
⎨( σ ) = σ + ∂ σ x dx (2.107a)
⎪⎩ x 1 x
∂x
( )
⎧ τ yx 4 = τ yx
⎪ ∂ τ yx
⎨
( )
τ
⎪ yx 3 = τ yx +
∂y
dy
(2.107b)
⎩
⎧ ( τ zx )6 = τ zx
⎪
⎨( τ ) = τ + ∂ τ zx dz (2.107c)
⎪⎩ zx 5 zx
∂z
⎡⎛ ∂ σx ⎞ ⎤ ⎡⎛ ∂ τ yx ⎞ ⎤
⎢ ⎜⎜ σ x + dx ⎟⎟ − σ x ⎥ dy dz + ⎢ ⎜⎜ τ yx + dy ⎟⎟ − τ yx ⎥ dx dz
⎣⎝ ∂x ⎠ ⎦ ⎢⎣ ⎝ ∂y ⎠ ⎥⎦
(2.108)
⎡⎛ ∂τ ⎞ ⎤
+ ⎢ ⎜⎜ τ zx + zx dz ⎟⎟ − τ zx ⎥ dx dy + Px dx dy dz = 0
⎣⎝ ∂z ⎠ ⎦
ou seja:
∂ σx ∂ τ yx ∂ τ zx
+ + + Px = 0 (2.109a)
∂x ∂y ∂z
∑ Fy = 0 :
∂ τ xy ∂ σy ∂ τ zy
+ + + Py = 0 (2.109b)
∂x ∂y ∂z
∑ Fz = 0 :
∂ τ xz ∂ τ yz ∂ σ z
+ + + Pz = 0 (2.109c)
∂x ∂y ∂z
74
Resumindo, as 3 equações de equilíbrio em um elemento infinitesimal, submetido a um
campo não uniforme de tensões, são:
i) em coordenadas cartesianas:
⎧ ∂ σ x ∂ τ yx ∂ τ zx
⎪ + + + Px = 0
⎪ ∂ x ∂ y ∂ z
⎪ ∂ τ xy ∂ σ y ∂ τ zy
⎨ + + + Py = 0 (2.110)
⎪ ∂x ∂y ∂z
⎪ ∂ τ xz ∂ τ yz ∂ σ z
⎪ ∂ x + ∂ y + ∂ z + Pz = 0
⎩
⎧ ∂ σ x ∂ τ yx ∂ τ zx
⎪ + + =0
⎪ ∂x ∂y ∂z
⎪ ∂ τ xy ∂ σ y ∂ τ zy
⎨ + + =0 (2.111)
⎪ ∂x ∂y ∂z
⎪ ∂ τ xz ∂ τ yz ∂ σ z
⎪ ∂ x + ∂ y + ∂z =0
⎩
⎧ ∂ σ x ∂ τ yx
⎪ + + Px = 0
⎪ ∂x ∂y
⎨∂ τ (2.112)
∂ σy
⎪ xy + + Py = 0
⎪⎩ ∂ x ∂y
75
⎧ ∂ σ r 1 ∂ τ rθ σ r − σ θ ∂ τ rz
⎪ + + + + Fr = 0
⎪ ∂ r r ∂ θ r ∂ z
⎪ 1 ∂ σ θ ∂ τ rθ τ ∂τ
⎨ + + 2 rθ + θz + Fθ = 0 (2.113)
⎪ r ∂θ ∂r r ∂z
⎪ ∂ σ z 1 ∂ τ θz ∂ τ rz τ rz
⎪ ∂ z + r ∂ θ + ∂ r + r + Fz = 0
⎩
No caso 2-D (plano rθ), a única força de massa atuante tem direção radial:
⎧ ∂ σ r 1 ∂ τ rθ σ r − σ θ
⎪⎪ ∂ r + r ∂ θ + r
+ Fr = 0
⎨ 1 ∂σ (2.114)
∂τ τ
⎪ θ
+ rθ + 2 rθ = 0
⎩⎪ r ∂ θ ∂r r
As equações 2.110 a 2.114 devem ser satisfeitas em todos os pontos do volume do sólido. As
tensões variam no volume e, no contorno, elas devem ser tais que estejam em equilíbrio com
as forças externas na superfície.
As condições de equilíbrio na superfície podem ser obtidas a partir da equação 2.30a.
Considerando um tetraedro OABC tal que a face ABC coincida com a superfície do sólido, e
designando-se por X , Y , e Z as componentes das forças de superfície por unidade de área
neste ponto, pode-se reescrever as equações 2.30a como:
⎧ X = σ x l + τ yx m + τ zx n
⎪
⎨Y = τ xy l + σ y m + τ zy n (2.115)
⎪ Z=τ l+ τ m+ σ n
⎩ xz yz z
76
2.8 – Exemplos
⎛ 2 1 0⎞
⎜ ⎟
(σ) = ⎜ 1 3 2 ⎟ kN / m 2
⎜ 0 2 4⎟
⎝ ⎠
Determinar:
(a) o tensor de tensão hidrostático
(b) o tensor de tensão desviador e seus invariantes
Resolução
⎛2 − 3 1 0 ⎞ ⎛ −1 1 0⎞
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
(Sd ) = ⎜ 1 3 − 3 2 ⎟ = ⎜ 1 0 2 ⎟
⎜ 0 2 4 − 3 ⎟⎠ ⎜⎝ 0 2 1 ⎟⎠
⎝
J1 = − 1 + 0 + 1 ∴ J1 = 0
J2 =
3
[(
1 2
) ]
2 + 3 2 + 4 2 − (2x 3 + 3x 4 + 2 x 4) + (12 + 0 + 2 2 ) ∴ J 2 = 6 (kN / m 2 ) 2
I 3 = 2 x 3 x 4 + 0 − 2 x 2 2 − 3 x 0 − 4 x 12 ∴ I 3 = 12
77
I1 = 2 + 3 + 4 ∴ I1 = 9
I 2 = 2 x 3 + 3 x 4 + 2 x 4 −12 − 2 2 − 0 ∴ I 2 = 21
2 2
J 3 = 12 − x 9 x 21 + 9 3 ∴ J 3 = − 60
3 27
J1 =0
J2 = 6 (kN/m2)2
J3 = - 60 (kN/m2)3
78
CAPÍTULO 3
DEFORMAÇÃO E DESLOCAMENTO
3.1 – Introdução
No capítulo 2, chamou-se a atenção para o fato de que as equações de equilíbrio (para os dois
sistemas coordenados apresentados), equações 2.110 a 2.113, não são suficientes para se
determinar as componentes de tensão em um ponto de um corpo carregado externamente. Isto
se deve, no caso 3-D, ao fato de que existem 6 quantidades independentes desconhecidas, as
componentes de tensão, σx, σy, σz, τxy, τyz, τxz, e somente 3 equações que relacionam estas
quantidades.
Pode-se concluir, portanto, que as componentes de tensão dependem de outros fatores, e que
outras informações são necessárias de modo a resolver um problema através da elasticidade.
Estas informações são dadas, para um material elástico, pela lei de Hooke generalizada e
pelas relações deformação-deslocamento.
Neste capítulo, será analisada a deformação. Esta análise aplica-se a qualquer meio contínuo
que satisfaça a hipótese de pequenas deformações e que não seja influenciado pelas
propriedades do material. A análise é puramente geométrica e serve para materiais plásticos e
elásticos.
Quando a posição relativa de 2 pontos em um corpo contínuo é alterada, diz-se que o corpo
está deformado.
Se a distância entre cada par de pontos em um corpo permanece constante durante o
movimento, o corpo é dito rígido. Os deslocamentos de corpo rígido podem ser translações e
rotações.
Deslocamento de um ponto:
A
(x, y, z)
x dx
u0 u
σ
dx - Δdx
A B−A' B'
εx = (3.1)
AB
em que,
80
⎡ ∂u ⎤
A'B' = dx − Δdx = dx − [u − u 0 ] = dx − ⎢(u 0 + dx ) − (u 0 )⎥
⎣ ∂x ⎦
∂u
A'B' = dx − u 0 − dx + u 0 (3.2)
∂x
⎛ ∂u ⎞
A'B' = dx ⎜⎜1 − ⎟⎟
⎝ ∂x ⎠
então,
⎛ ∂u ⎞
dx − dx ⎜⎜1 − ⎟
⎝ ∂ x ⎟⎠
εx = (3.3a)
dx
∂u
εx = (3.3b)
∂x
u(x, y) ; v(x, y) ; w = 0
Ou seja, todos os pontos originalmente no plano xy permanecem neste plano após o corpo ter
sido deformado.
Considere-se o deslocamento do elemento infinitesimal, ABCD, para a posição final
A’B’C’D’, como mostra a Figura 3.3. O elemento infinitesimal sofre translação e deformação.
A deformação consiste de dois tipos:
81
y
(∂ u / ∂ y) dy
C’ (∂ v / ∂ y) dy
D’
x dx dy
λ
B’
C D β
(∂ v / ∂ x ) dx
θ
A’
(∂ u / ∂ x ) dx
dy
v dx
B A u
y
u
x
Figura 3.3 – Translação e deformação de um elemento 2-D
De acordo com a Figura 3.3, as componentes de deformação referentes aos eixos x e y são:
Deslocamentos do ponto A:
u, v
⎛
2
∂u ⎞ ⎛ ∂ v ⎞
2 ⎡ ∂u ⎛ ∂u ⎞ ⎛ ∂ v ⎞ ⎤
2 2
(A'B') = ⎜⎜ dx − dx ⎟⎟ + ⎜⎜ dx ⎟⎟ = dx ⎢ 1 − 2 + ⎜⎜ ⎟⎟ + ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥
2 2
(3.7)
⎝ ∂x ⎠ ⎝ ∂x ⎠ ⎢⎣ ∂x ⎝ ∂x ⎠ ⎝ ∂x ⎠ ⎥
⎦
83
⎡ ∂u ⎛ ∂u ⎞ ⎛ ∂v ⎞ ⎤
2 2
(dx − ε x dx ) 2
= (dx − 2 ε x dx
2 2
+ ε 2x dx 2 ) = dx ⎢1 − 2
2
+ ⎜ ⎟ +⎜ ⎟ ⎥ (3.9)
⎢⎣ ∂ x ⎜⎝ ∂ x ⎟⎠ ⎜⎝ ∂ x ⎟⎠ ⎥
⎦
No regime elástico linear, como são admitidos apenas pequenos deslocamentos e pequenas
derivadas de deslocamentos, os termos elevados ao quadrado na equação 3.9 são desprezíveis
(termos de segunda ordem) em presença dos outros termos, de modo que:
2 2
⎛ du ⎞ ⎛dv⎞
ε 2x ≈0 ; ⎜⎜ ⎟⎟ ≈ 0 ; ⎜⎜ ⎟⎟ ≈ 0
⎝dx ⎠ ⎝dx ⎠
e, portanto:
∂ u ( x , y)
εx = (3.10)
∂x
∂ v ( x , y)
εy = (3.11)
∂y
⎛∂v⎞ ⎛∂v⎞
⎜⎜ ⎟⎟ dx ⎜⎜ ⎟
⎝ ∂x⎠ ⎝ ∂ x ⎟⎠
θ= = (3.12a)
⎛∂u ⎞ ⎛ ∂u ⎞
dx − ⎜⎜ ⎟⎟ dx ⎜⎜1 − ⎟⎟
⎝∂x⎠ ⎝ ∂x⎠
⎛∂u ⎞ ⎛∂u ⎞
⎜⎜ ⎟⎟ dy ⎜⎜ ⎟
⎝ ∂y⎠ ⎝ ∂ y ⎟⎠
λ= = (3.12b)
⎛∂v⎞ ⎛ ∂v⎞
dy − ⎜⎜ ⎟⎟ dy ⎜⎜1 − ⎟⎟
⎝∂y⎠ ⎝ ∂y⎠
∂ u ( x , y) ∂ v ( x , y)
γ xy = + (3.14)
∂y ∂x
Obs: - as duas derivadas parciais na equação acima são positivas se AB e AD giram para
dentro do retângulo (Figura 3.3), isto é, se os deslocamentos u e v aumentam com o aumento
de x e y.
∂ u ( x , y, z )
ε x ( x , y, z ) =
∂x
∂ v ( x , y, z )
ε y ( x , y, z ) =
∂y
∂ w ( x , y, z )
ε z ( x , y, z ) =
∂z
∂ u ( x , y, z ) ∂ v ( x , y, z )
γ xy ( x , y, z) = +
∂y ∂x
∂ w ( x , y, z ) ∂ v ( x , y, z )
γ zy ( x , y, z) = +
∂y ∂z
∂ u ( x , y, z ) ∂ w ( x , y, z )
γ xz ( x , y, z) = + (3.15)
∂z ∂x
85
γ yx =γ xy ; γ yz =γ zy ; γ xz =γ zx (3.16)
NOTA: Deve-se observar que existe uma inconsistência no desenvolvimento das equações de
equilíbrio e das relações deformação-deslocamento. Como as componentes de tensão estão
distribuídas sobre um corpo deformado, as coordenadas x, y e z nas equações de equilíbrio
deveriam ser consideradas como as coordenadas no corpo deformado. Entretanto, nas relações
deformação-deslocamento, estas coordenadas referem-se à posição do corpo indeformado.
Devido à hipótese de deformações infinitesimais, a consideração de que x, y, e z representem
coordenadas indeformadas leva a erros muito pequenos em ambos os casos. Na elasticidade
finita, esta aproximação não é válida e ambos os grupos de equações devem ser expressos nas
mesmas coordenadas.
∂ u r (r, θ, z)
ε r (r, θ, z) =
∂r
u r (r, θ, z) 1 ∂ v θ (r, θ, z)
ε θ (r, θ, z) = +
r r ∂θ
∂ w (r, θ, z)
ε z (r, θ, z) =
∂z
∂ v θ (r, θ, z) 1 ∂ u r (r, θ, z) v θ (r, θ, z)
γ rθ (r, θ, z) = + −
∂r r ∂θ r
1 ∂ w (r, θ, z) ∂ v θ (r, θ, z)
γ θz (r, θ, z) = +
r ∂θ ∂z
∂ u r (r, θ, z) ∂ w (r, θ, z)
γ z r (r, θ, z) = + (3.17)
∂z ∂r
86
3.3 – Equações de compatibilidade
⎧ ∂ 2 (ε x ) ∂ 2 ⎛∂u⎞
⎪ = 2 ⎜⎜ ⎟⎟
⎪ ∂y
2
∂y ⎝ ∂ x ⎠
⎨ 2 (3.18a)
⎪ ∂ (ε y ) = ∂ ⎛∂v⎞
2
⎜⎜ ⎟⎟
⎪ ∂ x2 ∂ x2 ⎝∂y⎠
⎩
ou,
⎧∂ 2ε x ∂ 3u
⎪ 2 = 2
⎪∂y ∂y ∂x
⎨ ∂ 2ε (3.18b)
⎪ ∂3v
=
y
⎪⎩ ∂ x 2 ∂ x 2 ∂ y
∂ 2ε x ∂ 2ε y ∂ 3u ∂3v
+ = 2 + (3.19)
∂ y2 ∂ x2 ∂ y ∂ x ∂ x2 ∂ y
87
∂ ⎛ ∂ ⎞ ∂ ⎛ ∂ ⎛ ∂ u ∂ v ⎞⎞
⎜⎜ γ xy ⎟⎟ = ⎜ ⎜ ⎟⎟
∂y⎝∂x ∂ ⎜ ∂ x ⎜ ∂ y + ∂ x ⎟⎟ (3.20a)
⎠ y ⎝ ⎝ ⎠⎠
ou,
∂ 2 γ xy ∂ 3u ∂3 v
= + (3.20b)
∂ y∂ x ∂ y2∂ x ∂ x 2∂ y
∂ 2 γ xy ∂ 2ε x ∂2 εy
= + (3.21)
∂ y∂ x ∂ y2 ∂ x2
De modo análogo, cinco outras equações podem ser obtidas. Resumindo, as seis expressões,
∂ 2ε x ∂2 εy ∂ 2 γ xy
+ =
∂ y2 ∂ x2 ∂ y∂ x
∂ 2ε y ∂2 εz ∂ 2 γ yz
+ =
∂ z2 ∂ y2 ∂ y∂ z
∂ 2εz ∂2 εx ∂ 2 γ xz
+ =
∂ x2 ∂ z2 ∂x∂z
∂ 2ε x ∂ ⎛ ∂ γ yz ∂ γ xz ∂ γ xy ⎞
2 = ⎜− + + ⎟
∂ y ∂ z ∂ x ⎜⎝ ∂ x ∂y ∂z ⎟
⎠
∂ 2ε y ∂ ⎛ ∂ γ yz ∂ γ xz ∂ γ xy ⎞
2 = ⎜ − + ⎟
∂z∂x ∂ y ⎜⎝ ∂ x ∂y ∂z ⎟
⎠
∂ 2ε z ∂ ⎛ ∂ γ yz ∂ γ xz ∂ γ xy ⎞
2 = ⎜ + − ⎟ (3.22)
∂ x ∂ y ∂ z ⎜⎝ ∂ x ∂y ∂z ⎟
⎠
88
i) Diferencia-se a 1a equação duas vezes em relação a z, a 2a equação duas vezes em relação a
x e a 3a equação duas vezes em relação a y;
∂ 4ε x ∂ 4ε y ∂ 4 γ xy
+ =
∂ z2 ∂ y2 ∂ z2 ∂ x2 ∂ z2 ∂ x ∂ y
∂ 4ε y ∂ 4ε z ∂ 4 γ yz
+ = (3.23)
∂ x2 ∂ z2 ∂ x 2 ∂ y2 ∂ x2 ∂ y∂ z
∂ 4ε z ∂ 4ε x ∂ 4 γ xz
+ =
∂ x 2 ∂ y2 ∂ y2 ∂ z2 ∂ y2 ∂ z ∂ x
∂ 4ε x ∂ 4ε y ∂ 4εz ∂ 4 γ xy ∂ 4 γ yz ∂ 4 γ xz
2 +2 +2 = + + (3.24)
∂ z2 ∂ y2 ∂ x2 ∂ z2 ∂ x 2 ∂ y2 ∂ z2 ∂ x ∂ y ∂ x2 ∂ y∂ z ∂ y2 ∂ x ∂ z
∂ 4ε x ∂3 ⎛ ∂γ yz ∂γ xz ∂γ xy ⎞
2 2 = ⎜− + + ⎟
∂ z ∂ y 2 ∂ y ∂ z ∂ x ⎜⎝ ∂ x ∂y ∂z ⎟
⎠
∂ 4ε y ∂3 ⎛ ∂γ yz ∂γ xz ∂γ xy ⎞
2 = ⎜ − + ⎟ (3.25)
∂z ∂x2 2
∂ z ∂ x ∂ y ⎜⎝ ∂ x ∂y ∂z ⎟
⎠
∂ 4εz ∂3 ⎛ ∂γ yz ∂γ xz ∂γ xy ⎞
2 = ⎜ + − ⎟
∂x ∂y2 2
∂ x ∂ y ∂ z ⎜⎝ ∂ x ∂y ∂z ⎟
⎠
∂ 4ε x ∂ 4ε y ∂ 4ε z ∂ 4 γ xy ∂ 4 γ yz ∂ 4 γ xz
2 +2 +2 = + + (3.26)
∂ z2 ∂ y2 ∂ x2 ∂ z2 ∂ x 2 ∂ y2 ∂ z2 ∂ x ∂ y ∂ x2 ∂ y∂ z ∂ y2 ∂ x ∂ z
A soma das 3 equações obtidas em i), dada pela equação 3.24, é igual à soma das 3 equações
obtidas em ii), dada pela equação 3.26. Portanto, as expressões 3.24 e 3.26 são equivalentes.
89
Usualmente é mais conveniente utilizar as seis equações de segunda ordem (3.22) do que as
três equações de quarta ordem (3.23 ou 3.25) resultantes, já que a solução de equações
diferenciais de ordens mais elevadas é mais complexa.
A análise da deformação tridimensional pode ser feita de maneira análoga a que foi feita para
a tensão.
⎛ γ yx γ zx ⎞
⎜ εx ⎟
⎛ ε xx ε yx ε zx ⎞ ⎜ 2 2 ⎟
⎜ ⎟ ⎜ γ xy γ zy ⎟
ε = ⎜ ε xy ε yy ε zy ⎟ = ⎜ εy
2 ⎟⎟
(3.27)
⎜ε ε ε ⎟ ⎜ 2
γ yz
⎝14 xz
42443⎠
yz zz
⎜ γ xz ε z ⎟⎟
⎜
NOTAÇÃO TENSORIAL
⎝144
2 2
42444 3⎠
NOTAÇÃO DA ENGENHARIA
90
As componentes de deformação εxy (= εyx), εxz (= εzx), εyz (= εzy) são chamadas deformações
cisalhantes tensoriais enquanto que as componentes γxy (=γyx), γxz (=γzx), γyz (=γzy) são
chamadas deformações cisalhantes da engenharia.
As deformações, assim como as tensões, dependem de um plano de referência. Portanto, não
faz sentido falar em deformação em um ponto mas sim em estado de deformação em torno de
um plano ou deformações em planos que passem pelo ponto.
Mostrou-se que o estado de tensão em um ponto fica unicamente determinado se as
componentes de tensão em 2 planos perpendiculares, no caso bidimensional, e em 3 planos
mutuamente ortogonais, no caso tridimensional, forem conhecidas. O mesmo acontece em
relação à deformação. Isto é, o estado de deformação em um ponto fica definido pelas
componentes de deformação em 2 (caso 2-D) ou 3 (caso 3-D) planos.
y’ y
x’
α dy
x
dx
εx + εy εx − εy γ xy
ε x' = + cos 2α + sin 2α
2 2 2
εx + εy εx − εy γ xy
ε y' = − cos 2α − sin 2α (3.28)
2 2 2
γ xy ' = (ε y − ε x ) sin 2α + γ xy cos 2α
e substituindo σ por ε e τ por γ/2, as equações de tensão 2.12 são convertidas em relações de
deformações (equações 3.28).
Demonstração:
1
τ x 'y ' = ( σ y − σ x ) sin 2θ + τ xy cos 2θ
2
ou seja,
σx + σy σx − σy
σ x' = + cos 2θ + τ xy sin 2θ
2 2
σx + σy σx − σy
σ y' = − cos 2θ − τ xy sin 2θ
2 2
σy − σx
τ x 'y' = sin 2θ + τ xy cos 2θ
2
Substituindo, então σx por εx, σy por εy, τxy por ½ γxy, σx’ por εx’, σy’ por εy’, τx’y’ por ½ γx’y’ e
θ por α, obtêm-se as equações 3.28:
εx + εy εx − εy γ xy
ε x' = + cos 2α + sin 2α
2 2 2
εx + εy εx − εy γ xy
ε y' = − cos 2α − sin 2α (3.28)
2 2 2
γ xy ' = (ε y − ε x ) sin 2α + γ xy cos 2α
92
3.5.2 – Deformações principais e planos principais de deformação
As direções dos planos principais de deformação são dadas pela equação 3.30. Nestes planos,
as deformações cisalhantes são nulas.
γ xy
tg 2 α = (3.30)
εx − εy
εx + εy1
ε1 = +
(ε x − ε y ) 2 + γ 2xy
2 2 (3.31)
εx + εy 1
ε2 = − (ε x − ε y ) 2 + γ 2xy
2 2
2 2
1 ⎛ εx − εy ⎞ ⎛ γ yx ⎞
γ max = ⎜ ⎟ +⎜ ⎟ (3.32)
⎜ 2 ⎟ ⎜ 2 ⎟
2 ⎝ ⎠ ⎝ ⎠
2
1 ⎛ ε1 − ε 2 ⎞
γ max = ⎜ ⎟ (3.33a)
2 ⎝ 2 ⎠
ou seja
93
γ max = (ε1 − ε 2 ) (3.33b)
εx + εy
ε= (3.34)
2
No estudo da tensão em um ponto, verificou-se que existem pelo menos 3 planos mutuamente
ortogonais nos quais as tensões de cisalhamento são nulas. No caso das deformações, também
existem 3 planos cujas normais não mudam de orientação quando o corpo é deformado, ou
seja, não existe deformação cisalhante nestes planos. Estes planos, da mesma forma que no
caso 2-D, são os planos principais de deformação e as deformações correspondentes de
deformações principais.
A equação 3.35 tem a mesma forma da equação 2.52 quando as tensões são substituídas pelas
deformações. As raízes desta equação, ε1, ε2, ε3, são as deformações principais no ponto. Os
coeficientes I’1, I’2, e I’3 são invariantes de deformação, dados pelas equações 3.36.
Da mesma forma que para as tensões principais, considera-se que ε1>ε2>ε3.
94
Invariantes de deformação
⎧I'1 = ε x + ε y + ε z
⎪
⎪ = ε1 + ε 2 + ε 3
⎪
⎪
⎪I' 2 = ε x ε y + ε y ε z + ε x ε z − ε 2xy − ε 2yz − ε 2xz
⎪
⎪ =ε ε +ε ε +ε ε − 1 ( γ2 + γ2 + γ2 )
⎪ x y y z x z
4
xy yz xz
⎪
⎨ = ε 1ε 2 + ε 2 ε 3 + ε 1 ε 3 (3.36)
⎪
⎪
⎪I'3 = ε x ε y ε z + 2 ε xy ε yz ε xz − (ε x ε 2yz − ε y ε 2xz − ε z ε 2xy )
⎪
⎪ 1 1
⎪ = ε x ε y ε z + 4 γ xy γ yz γ xz − 4 (ε x γ yz + ε y γ xz + ε z γ xy )
2 2 2
⎪
⎪ = ε 1ε 2 ε 3
⎪
⎩
Direções principais
De modo análogo ao que foi feito para as tensões, as direções principais de deformação são
obtidas a partir do seguinte sistema de equações,
⎧(ε x − ε) l − ε xy m − ε zx n = 0
⎪
⎨− ε xy l + (ε y − ε) m − ε zy n = 0 (3.37)
⎪
⎩− ε xz l − ε yz m + (ε z − ε) n = 0
95
⎧ γ 1 = (ε1 − ε 3 )
⎪
⎨ γ 2 = (ε 2 − ε 3 ) (3.38)
⎪ γ = (ε − ε )
⎩ 3 1 2
e o mesmo quadro de cossenos diretores para as tensões cisalhantes máximas (Quadro II)
define as direções principais de deformação e as direções de deformação cisalhante máxima
(ângulos com os eixos principais).
Quadro II – Cossenos diretores para os planos onde atuam as deformações máximas e nulas
l 0 0 ±1 0 ± 1/ 2 ± 1/ 2
m 0 ±1 0 ± 1/ 2 0 ± 1/ 2
n ±1 0 0 ± 1/ 2 ± 1/ 2 0
Uma fibra octaédrica é uma fibra de material que antes da deformação está igualmente
inclinada com os 3 eixos principais de deformação.
Como já visto no caso das tensões, os planos octaédricos são aqueles igualmente inclinados
3
com os eixos principais, 1, 2 e 3. Portanto, l = m = n = ± .
3
A deformação normal octaédrica dada pelas equações 3.40:
1
ε oct = (ε1 + ε 2 + ε 3 ) (3.40a)
3
I'1
ε oct = ε m = (3.40b)
3
96
A deformação cisalhante octaédrica pode ser escrita em termos das deformações principais
como:
1 1
γ oct
2
= (ε12 + ε 22 + ε 32 ) − (ε1 + ε 2 + ε 3 ) 2 (3.41a)
3 9
γ oct
2
=
1
9
[
( ε1 − ε 2 ) 2 + ( ε 2 − ε 3 ) 2 + (ε 3 − ε1 ) 2 ] (3.41b)
2 2
γ oct
2
= ( I'1 − 3 I' 2 ) (3.41c)
9
ou, ainda, em termos das componentes de deformação referidas ao sistema xyz como:
γ oct
2
=
1
9
[
(ε x − ε y ) 2 + (ε y − ε z ) 2 + (ε z − ε x ) 2 + 6 (ε 2xy + ε 2yz + ε 2xz ) ] (3.41d)
Como no caso do tensor de tensões, o tensor de deformação também pode ser separado em 2
partes: tensor de deformação esférica ou hidrostática e tensor de deformação desviadora:
⎡ εx ε yx ε zx ⎤ ⎡ε m 0 0⎤ ⎡( ε x − ε m ) ε yx ε zx ⎤
⎢ ⎥ ⎢0 ε ⎢ ⎥
ε = ⎢ε xy εy ε zy ⎥ = ⎢ m 0 ⎥⎥ + ⎢ ε xy (ε y − ε m ) ε zy ⎥ (3.42)
⎢ε xz ε yz ε z ⎥⎦ ⎢⎣ 0 0 ε ⎥ ⎢ ε xz (ε z − ε m ) ⎥
⎣ 144244m3⎦ ⎣1444444ε2 yz
4444443⎦
Tensor esferico de deformacao Tensor desviador de deformacao
1
ε m = (ε 1 + ε 2 + ε 3 ) (3.43)
3
97
3.6.5 – Deformação volumétrica
y
a
b
x
(a) Volume inicial
c-Δc = c (1-εz)
y
a-Δa = a (1-εx)
x b-Δb = b(1-εy)
(a) Volume final
V0 = a b c (3.44)
Vf = V0 − dV0
V0 − dV0 = (a − Δa ) (b − Δb) (c − Δc) = a (1 − ε x ) b (1 − ε y ) c (1 − ε z )
V0 − dV0 = a b c − a b c (ε x + ε y + ε z ) + a b c (ε x ε y + ε y ε z + ε x ε z ) − a b c ε x ε y ε z
Obs: - uma variação dV0 positiva significa diminuição de volume, enquanto que uma variação
negativa representa um aumento de volume.
98
Desprezando os termos de produtos de deformações (ordem superior), o volume final é obtido
a partir de:
Vf = V0 − dV0 = a b c − a b c (ε x + ε y + ε z )
Vf = V0 − dV0 = V0 − V0 (ε x + ε y + ε z ) (3.45)
Vf − V0 = − dV0 = − V0 (ε x + ε y + ε z )
dV0
εv = = εx + εy + εz
V0
εv = 3εm (3.46)
ε v = I'1
ε v = 3 ε oct
Até este ponto, admitiu-se que a temperatura permanece constante durante o carregamento do
corpo. Além das tensões, mudanças na temperatura também podem provocar deformação dos
materiais. Para materiais isotrópicos e homogêneos, uma variação na temperatura de δt graus
provoca uma deformação linear uniforme em cada direção.
A deformação térmica específica é expressa por
ε T = α δt (3.47)
em que α (em unidades L/L por grau) é o coeficiente de expansão (dilatação) térmica linear
do material, determinado experimentalmente. Este valor permanece aproximadamente
constante dentro de uma faixa de variação de temperatura. Não existem tensões relacionadas
com a deformação εT.
Para materiais isotrópicos, uma mudança de temperatura não provoca deformações angulares,
isto é, γxy = γyz = γzx = 0.
A deformação térmica linear para pequenas deformações soma-se diretamente às deformações
lineares decorrentes de tensão.
99
3.8 – Deslocamentos gerais
∂v ∂u
w z0 = =− (3.48)
∂x ∂y
∂u
wz0 = −
∂y
dy
x
dx ∂v
wz0 =
∂x
Figura 3.5 – Rotação de corpo rígido de um elemento
Durante este tipo de movimento, não ocorre, é claro, nenhuma deformação. No caso em que
ocorrem tanto movimentos de corpo rígido quanto deformações, define-se:
1 ⎛∂v ∂u ⎞
wz = ⎜⎜ − ⎟⎟ (3.49)
2 ⎝∂x ∂y ⎠
1
dv = ε y dy + γ xy dx + w z dx (3.52)
2
101
As equações 3.51 e 3.52, que fornecem o valor das derivadas totais de u e de v,
respectivamente, podem ser integradas se as dadas componentes de deformação satisfazem às
equações de compatibilidade (equações 3.22). Para detalhes da integração, ver Chou e Pagano
(1992, Capítulo 10). Aqui se ressalta somente que a integração destas duas equações dá
origem a determinadas funções arbitrárias da forma:
u * = u 0 − w z0 y
(3.53)
v* = v 0 + w z0 x
As funções u* e v* são arbitrárias no sentido de não produzir deformação, como pode ser
verificado substituindo estes valores nas relações deformação-deslocamento (equações 3.15).
Deste modo, elas podem ser somadas a qualquer campo de deslocamento sem que haja
alteração na distribuição de deformação.
As equações 3.53 fornecem os deslocamentos de corpo rígido por translação (u0 e v0) e por
pequena rotação.
Se as três componentes de deformação, εx, εy, e γxy forem dadas, os deslocamentos
correspondentes (u e v) são arbitrários na razão de um deslocamento de corpo rígido adicional
expresso pelas equações 3.53.
Na equação 3.53 existem três constantes arbitrárias, u0, v0, e wz0, de modo que, se as
componentes de deslocamento, u0 e v0, em um ponto do corpo e a rotação, wz0, são
especificados, então a expressão de cada deslocamento para determinados valores de
deformação será única. Ressalta-se que wz0 é o movimento do corpo como um todo, ou seja,
uma rotação de corpo rígido, enquanto que wz é uma rotação dependente do espaço, isto é,
define a rotação de um elemento infinitesimal do corpo como uma função da posição deste
elemento.
No caso tridimensional, as equações para a derivada total dos deslocamentos são expressas
por:
1 1
du = ε x dx + γ xy dy + γ xz dz − w z dy + w y dz
2 2
1 1
dv = ε y dy + γ xy dx + γ yz dz − w x dz + w z dx (3.54)
2 2
1 1
dw = ε z dz + γ xz dx + γ yz dy − w y dx + w x dy
2 2
em que,
102
⎛∂w ∂v
1 ⎞
wx = ⎜⎜ − ⎟⎟
2⎝ ∂y ∂z ⎠
1 ⎛∂u ∂w ⎞
w y = ⎜⎜ − ⎟⎟ (3.55)
2 ⎝ ∂z ∂x ⎠
1 ⎛∂v ∂u ⎞
w z = ⎜⎜ − ⎟
2 ⎝ ∂ x ∂ y ⎟⎠
u * = u 0 − w z0 y + w y0 z
v* = v 0 − w x0 z + w z0 x (3.56)
w * = w 0 − w y0 x + w x 0 y
Deve-se observar que os movimentos de corpo rígido representados por u0, v0, e w0 e por wx0,
wy0 e wz0, não influenciam as componentes de deformação, como fica evidente ao se substituir
as equações 3.56 nas relações deformação-deslocamento (equações 3.15). Portanto, no
tratamento dos problemas em elasticidade, muito freqüentemente, negligencia-se o
deslocamento de corpo rígido.
A hipótese de deformações infinitesimais leva a um dos fundamentos básicos da teoria da
elasticidade linear chamado princípio da superposição de deslocamentos. Este princípio
estabelece que dois campos de deformação podem ser combinados por superposição direta e a
ordem de aplicação dos dois campos não influi na configuração final do corpo em questão.
103
3.9 – Exemplos
1 - Seja a barra da Figura 3.7. A barra sofre um encurtamento u1 devido a uma deformação
uniforme ε1 e um encurtamento u2 devido a uma deformação uniforme ε2, se cada deformação
é aplicada separadamente:
L
u2
σ2 ε2=u2/L
u1
σ1 ε1=u1/L
u = u 1 + ε 2 (L + u 1 )
(3.57)
u = u 1 + ε 2 ( L + ε1 L ) = u 1 + ε 2 L + ε 1ε 2 L
Desprezando o produto ε1ε2 por ser muito pequeno quando comparado a ε1 ou ε2 obtém-se:
u = u1 + u 2 (3.58)
Se, agora, a ordem de aplicação dos campos de deformação é invertida (primeiro aplica-se ε2
e em seguida aplica-se ε1), ou se ε1 e ε2 são aplicados simultaneamente, o mesmo resultado
final é obtido:
u = u1 + u 2 (3.59)
104
CAPÍTULO 4
RELAÇÕES TENSÃO-DEFORMAÇÃO
4.1 – Introdução
Dois conjuntos de equações, para o caso tridimensional, foram desenvolvidos nos dois
capítulos anteriores:
- 3 equações de equilíbrio (equações 2.110 e 2.113) baseadas na estática. As equações
de equilíbrio de momento estão satisfeitas quando se considera τxy=τyx, τyz=τzy, τxz=τzx;
- 6 relações deformação-deslocamento baseadas na continuidade de deslocamentos e
em deformações infinitesimais (equações 3.15 e 3.17).
Estes dois conjuntos de equações foram desenvolvidos independentemente, um conjunto
envolvendo somente componentes de tensão e o outro, deslocamentos e deformações.
Admitindo a hipótese de deformações infinitesimais, as equações 2.110, 2.113 e as equações
3.15, 3.17 são válidas para qualquer meio contínuo.
Incógnitas Equações
⎧ u ( x , y, z )
⎪
3 ⎨ v ( x , y, z ) 3 de equilíbrio
⎪ w ( x , y, z )
⎩14243
COMPONENTES DE
DESLOCAMENTOS
⎧ε X ( x , y, z)
⎪ε ( x , y, z)
⎪ Y
⎪⎪ε Z ( x , y, z)
6 ⎨ 6 geométricas
⎪γ XY ( x , y, z)
⎪γ XZ ( x , y, z)
⎪
⎪⎩γ YZ ( x , y, z)
142 4 43 4
COMPONENTES DE
DEFORMACOES
⎧σ X ( x , y, z)
⎪σ ( x , y, z)
⎪ Y
⎪⎪σ Z ( x , y, z)
6 ⎨
⎪τ XY ( x , y, z)
⎪τ XZ ( x , y, z)
⎪
⎪⎩τ YZ ( x , y, z)
142 4 43 4
COMPONENTES DE
TENSOES
___________________________________________________________________
Total: 15 incógnitas 9 equações
106
Como as componentes de deformação e as componentes de tensão estão relacionadas?
Esta relação depende das propriedades do sólido (meio continuo) em consideração. Aqui, será
considerada a classe específica dos sólidos elásticos, ou seja, aqueles que retornam à
configuração original com a remoção do carregamento. Mais ainda, serão considerados
somente os materiais que apresentem uma relação linear entre tensão-deformação ou seja, os
chamados materiais elásticos lineares.
O limite de tensão e deformação para o qual o comportamento do material é linearmente
elástico é chamado limite elástico (adiante será usado somente o termo elástico significando
elástico linear). A maioria dos materiais sólidos apresenta este comportamento até um certo
limite de tensão e de deformação.
As equações de equilíbrio e as relações deformação-deslocamento constituem 9 equações,
tendo sido introduzidas 15 incógnitas. Portanto, 6 equações adicionais, relacionando tensão e
deformação, serão desenvolvidas neste capitulo, de modo que o número total de equações seja
15 as quais, em conjunto com as condições de contorno prescritas representem as condições
que devem ser satisfeitas por um sólido elástico em equilíbrio.
Serão considerados somente os materiais homogêneos e isotrópicos. Como já mencionado
anteriormente, os materiais da engenharia são, do ponto de vista macroscópico, raramente
verdadeiramente isotrópicos e homogêneos.
Uma lei constitutiva representa um modelo matemático que descreve nossas idéias a respeito
do comportamento de um dado material. Portanto, o poder de um modelo constitutivo
depende da extensão que o fenômeno físico foi compreendido e simulado (Desai &
Siriwardane, 1984).
Equações constitutivas são as equações que relacionam tensão, deformação, taxa de tensão
(variação de tensão na unidade de tempo), e taxa de deformação, já que dependem das
propriedades do material do meio em discussão.
No caso dos sólidos elásticos lineares, as equações constitutivas mais simples utilizadas na
engenharia são lineares tais como a lei de Hooke generalizada que envolve somente tensão e
deformação e independe da taxa de tensão e da taxa de deformação. Estas leis são válidas
somente para uma classe limitada de materiais já que a maioria dos sistemas de engenharia é
não-linear e complexa.
A influência da resposta não linear se torna mais evidente no caso de materiais que são
influenciados por fatores tais como: o estado de tensão, tensões iniciais ou residuais,
variações de volume devidas a cisalhamento, trajetória de tensões, anisotropia (induzida ou
inerente), variação no estado físico e fluido nos poros (Desai & Siriwardane, 1984).
O estabelecimento de equações constitutivas pode-se basear em observações experimentais
em nível macroscópico ou a partir de teorias físicas de comportamento molecular (nível
microscópico).
A identificação das variáveis constitutivas relevantes para um determinado material não é
trivial. A seleção de propriedades pertinentes freqüentemente deve ser realizada com o auxílio
107
da experiência e da intuição. Uma vez identificadas as variáveis constitutivas pertinentes (ou
parâmetros), é necessário determinar a relação entre esses parâmetros (Desai & Siriwardane,
1984).
σx x
z
y
σx
σx = E εx (4.1)
σx
εx = (4.2)
E
108
Módulo de elasticidade
A constante E, denominada módulo de elasticidade longitudinal na tração ou módulo de
Young, pode ser determinada experimentalmente para um determinado material a partir de um
ensaio de tração em que são registrados simultaneamente os valores de tensão e de
deformação. O módulo de elasticidade E, específico para cada material, é o coeficiente
angular da parte linear do diagrama tensão-deformação obtido considerando-se os valores de
tensão no eixo das ordenadas e os valores de deformação no eixo das abscissas. Para a maioria
dos materiais, o módulo de elasticidade sob compressão é igual ao de tração.
Coeficiente de Poisson
Quando uma barra é tracionada, o alongamento axial é acompanhado por uma contração
lateral, isto é, a largura da barra torna-se menor e seu comprimento aumenta. Em todos os
materiais, o alongamento provocado por uma força P na direção dessa força é acompanhado
por contração em qualquer direção transversal. Assumindo que o material é homogêneo e
isotrópico, a deformação específica deverá ser a mesma para qualquer direção transversal. O
valor absoluto da relação entre as deformações específicas transversal e longitudinal é
constante na região elástica e é conhecida como coeficiente de Poisson, ν:
deformação transversal
ν= (4.3a)
deformação axial
ou,
εy εz
ν=− =− (4.3.b)
εx εx
Pela experiência sabe-se que o valor de ν varia, para diferentes materiais, numa faixa
relativamente estreita. Geralmente está na vizinhança de 0,25 a 0,35. Para muitos materiais o
coeficiente de Poisson pode ser tomado igual a 0,25. Em casos extremos ocorrem valores
baixos como 0,1 (alguns concretos) e elevados como 0,5 (borracha). Este último valor é o
maior possível para materiais isotrópicos, e é normalmente alcançado durante o escoamento
plástico significando constância de volume. O efeito de Poisson exibido pelos materiais não
causa tensões adicionais, a menos que a deformação transversal seja impedida (Popov, 1978).
Voltando ao paralelepípedo elementar, o alongamento na direção x é acompanhado por
componentes laterais de deformação (contrações) dadas por:
⎧ σx
⎪⎪ε y = − ν ε x = − ν E
⎨ (4.4)
⎪ε = − ν ε = − ν σ x
⎪⎩ z x
E
109
4.2.2 – Lei de Hooke generalizada
b) Enfoque semi-empírico
Algumas hipóteses são feitas, com base em evidências experimentais, para a maioria dos
materiais sob pequenas deformações:
i) uma tensão normal, σx, σy, ou σz, não provoca deformação cisalhante nos planos x,
y, z;
ii) uma tensão de cisalhamento, τxy, τyz ou τxz, não provoca deformação normal nos
planos x, y, z. Além disto, a componente de tensão τxy provoca somente uma componente de
deformação γxy. Analogamente, as componentes de tensão τyz e τxz provocam somente as
componentes de deformação γyz e γxz , respectivamente.
σx σx
σx
εx =
E
σx
εy = −ν
E
σx
εz = − ν
E
111
σy
σz
C
σx σx
A σ B
z
σy
Figura 4.3 - Elemento infinitesimal submetido a um estado de tensão triaxial
Δ AB Δ AB σ
ε (xσ x ) = = = Δ AB = x
AB 1 E
σx
AB' = AB + Δ AB = 1 +
E
⎛ σy ⎞
Δ AB' = AB' ⎜⎜ − ν ⎟
⎝ E ⎟⎠
⎛ σ ⎞⎛ σy ⎞
Δ AB' = ⎜1 + x ⎟ ⎜⎜ − ν ⎟
⎟
⎝ E ⎠⎝ E ⎠
112
O termo ( σ E ) é a deformação elástica normal e, por ser muito pequeno em presença da
x
⎛ σy ⎞
Δ AB' = ⎜⎜ − ν ⎟
⎟
⎝ E ⎠
σx σy
AB' ' = AB' + Δ AB' = 1 + −ν
E E
Devido à aplicação de σz, a parcela de deformação normal εx devida à ação também desta
componente de tensão é:
de modo que:
⎛ σ ⎞
Δ AB' ' = AB' ' ⎜ − ν z ⎟
⎝ E ⎠
⎛ σ σy ⎞⎛ σ
Δ AB' ' = ⎜⎜ 1 + x − ν ⎟ ⎜ − ν z ⎞⎟
⎟
E ⎠⎝ E ⎠
⎝ E
σz
Δ AB' ' = − ν
E
113
A deformação normal total εx devido à ação do estado triaxial de tensões é dada por:
εx =
1
E
[ (
σx − ν σ y + σz )] (4.6a)
As componentes de deformação normal, εy e εz, são obtidas de modo análogo de modo que:
εy =
1
E
[
σ y − ν (σ x + σ z ) ] (4.6b)
εz =
1
E
[ (
σz − ν σx + σ y )] (4.6c)
y
τxy
τxy
τxy x
τxy
Figura 4.4 – Elemento infinitesimal 2-D sob um estado de cisalhamento puro
1
γ xy = τ xy (4.7a)
G
1
γ yz = τ yz (4.7b)
G
114
1
γ xz = τ xz (4.7c)
G
E
G= (4.8)
2 (1 + ν)
y’ σy
τxy
x’
τxy
σx σx
τxy
α
τxy
σy
Figura 4.5 – Elemento infinitesimal sob estado plano de tensão definido por σ = τ = τ = 0
z xz yz
εx =
1
E
[σx − ν σy ] (a.1)
εy =
1
E
[
σy − ν σx ] (a.2)
1
γ xy = τ xy (a.3)
G
115
As componentes de tensão normal, referidas ao sistema coordenado x’y’, são obtidas a partir
das equações (2.12):
⎧ σx + σy σx − σy
⎪⎪σ x ' = + cos 2α + τ xy sin 2α
2 2
⎨ (a.4; a.5)
⎪σ = σ x + σy
−
σx − σy
cos 2α − τ xy sin 2α
⎪⎩ y ' 2 2
As equações de transformação das deformações são obtidas a partir das equações (3.28):
⎧ εx + εy εx − εy γ xy
⎪⎪ε x ' = + cos 2α + sin 2α
2 2 2
⎨ (a.6 ; a.7)
⎪ε = ε x + εy
−
εx − εy
cos 2α −
γ xy
sin 2α
⎪⎩ y ' 2 2 2
Devido à isotropia, as constantes elásticas referidas ao sistema x’y’ devem ser as mesmas que
às referidas ao sistema xy. As relações tensão-deformação em relação ao sistema x’y’ são:
ε x' =
1
E
[
σ x ' − ν σ y' ] (a.8)
ε y' =
1
E
[
σ y' − ν σ x ' ] (a .9)
1
γ x´y´ = τ xy (a.3)
G
116
(ε x − ε y )cos 2α =
1
E
[( )
σ x − σ y (1 + ν) cos 2α ] (a 11)
2 (1 + ν)
γ xy = τ xy (a 12)
E
1 2 (1 + ν )
= (a 13)
G E
ou seja,
E
G= (4.8)
2 (1 + ν)
⎧ 1
[
⎪ε x = E σ x − ν (σ y + σ z ) ]
⎪
⎪ y E y
[
⎪ε = 1 σ − ν (σ + σ )
x z ]
⎪
[
⎪ε z = 1 σ z − ν (σ x + σ y )
⎪ E
]
⎨ (4.9)
⎪γ xy = 1 τ xy
⎪ G
⎪ 1
⎪γ yz = τ yz
⎪ G
⎪ 1
⎪γ xz = τ xz
⎩ G
As equações 4.9 podem ser resolvidas para as componentes de tensão em termos das
componentes de deformação resultando em:
117
⎧σ x = 2 G ε x + λ (ε x + ε y + ε z )
⎪
⎪σ y = 2 G ε y + λ (ε x + ε y + ε z )
⎪σ = 2 G ε + λ (ε + ε + ε )
⎪ z z x y z
⎨ (4.10)
⎪τ xy = G γ xy
⎪τ = G γ
⎪ yz yz
⎪⎩τ xz = G γ xz
νE
λ= (4.11)
(1 + ν ) (1 − 2 ν)
Como definido no Capítulo 3, as direções nas quais as deformações cisalhantes são nulas são
chamadas direções principais de deformação e as deformações normais nestas direções são
chamadas deformações principais.
Se x, y e z são escolhidas como direções principais de tensões, então:
τ xy = τ yz = τ xz = 0 (4.12)
de modo que, a partir das equações 4.9, e considerando a equação 4.12, então:
γ xy = γ yz = γ xz = 0 (4.13)
118
z
p p
p p
y
dz p
dy dx
x p
σx = σ y = σz = p
(4.14)
τ xy = τ xyz = τ yz = 0
⎧
⎪ε x = E [(p) − ν (2p)] = E (1 − 2 ν ) p
1 1
⎪
⎪ε = 1 (1 − 2 ν ) p
⎪ y
⎨ E (4.15)
⎪
⎪ε z = (1 − 2 ν ) p
1
⎪ E
⎪⎩γ xy = γ yz = γ xz = 0
εv = εx + εy + εz (3.45)
119
3
εv = (1 − 2ν) p (4.16a)
E
ou,
1
εv = p (4.16b)
K
em que,
1 3
= (1 − 2 ν) (4.17a)
K E
E
K= (4.17b)
3 (1 − 2 ν)
Observa-se que K representa o valor da razão entre a pressão hidrostática, p, e a dilatância (ou
deformação volumétrica) resultante.
Se os valores de εx, εy e εz, dados pela equação 4.9, são substituídos na equação 3.46, a
deformação volumétrica para um estado de tensão qualquer é dada por:
εv =
1
E
[ ]
1
[ 1
] [
σ x − ν (σ y + σ z ) + σ y − ν (σ x + σ z ) + σ z − ν (σ x + σ y )
E E
]
εv =
1
E
[
σ x + σ y + σ z − 2 ν (σ x + σ y + σ z ) ]
1− 2ν
εv = (3 σ m ) (4.18)
E
3 (1 − 2 ν)
εv = σm
E
1
εv = σm
K
120
Obs.: Foram definidas 5 constantes elásticas mas somente duas são independentes. As
constantes E e ν são facilmente determinadas experimentalmente para um dado material. As
constantes, G, λ e K podem ser obtidas a partir das relações (4.8), (4.11) e (4.17b),
respectivamente.
Resumindo:
As 6 relações tensão-deformação 4.9 ou, equivalentemente 4.10, completam o sistema de
equações necessário para formular um problema em elasticidade.
Foram desenvolvidas 15 equações:
- 3 de equilíbrio
- 6 relações deformação-deslocamento
- 6 relações tensão-deformação
que devem ser satisfeitas pelas:
- 3 componentes de deslocamento
- 6 componentes de tensão
- 6 componentes de deformação
Nota: As condições remanescentes que devem ser satisfeitas são expressas em termos das
forças de superfície externas e/ou deslocamentos prescritos.
Como foram admitidas as hipóteses de linearidade física, traduzida pelas relações lineares
entre tensão e deformação, expressas pela lei de Hooke, e de linearidade geométrica
(pequenas mudanças de configuração do sistema, traduzidas em relações deformação-
deslocamento lineares e equações de equilíbrio escritas com base na geometria inicial) no
comportamento estrutural, é válido o princípio da superposição. Ou seja, os efeitos (tensões,
deformações, deslocamentos) de diversas solicitações agindo simultaneamente são obtidos
pela superposição dos efeitos de cada uma atuando isoladamente (Villaça & Garcia, 1996).
121
4.5 –Exemplos
L = 300 mm
P
Resolução
Deformação transversal
ΔD 0,0149
εt = = = 0,000248 mm / mm
D 60
Deformação axial
ΔL − 0,238
εa = = = − 0,000793 mm / mm
L 300
Coeficiente de Poisson
εt 0,000248
ν=− = = 0,313
ε a (−0,000793)
π (60) 2
A= = 2827,4 mm 2
4
122
Tensão normal
P − 16000
σ= = = − 5,66 kgf / mm 2
A 2827,4
Módulo de elasticidade
σ − 5,66
E= = = 7137,5 kgf / mm 2
ε a − 0,000793
123
CAPÍTULO 5
5.1 - Introdução
⎧ ∂ σ x ∂ τ yx ∂ τ zx
⎪ + + + Px = 0
⎪ ∂x ∂y ∂z
⎪ ∂ τ xy ∂ σ y ∂ τ zy
⎨ + + + Py = 0 (2.110)
⎪ ∂x ∂y ∂z
⎪ ∂ τ xz ∂ τ yz ∂ σ z
⎪ ∂ x + ∂ y + ∂ z + Pz = 0
⎩
- Relações deformação-deslocamento:
∂ u( x ,y, z)
εx =
∂x
∂v( x , y,z)
εy =
∂y
∂w ( x, y,z)
εz =
∂z
∂ u ( x, y,z) ∂v( x ,y,z)
γ xy = +
∂y ∂x
∂ w ( x ,y,z) ∂v( x, y,z)
γ zy = +
∂y ∂z
∂ u ( x , y,z) ∂w ( x , y,z)
γ xz = + (3.15)
∂z ∂x
⎧σ x = 2 G ε x + λ (ε x + ε y + ε z )
⎪
⎪σ y = 2 G ε y + λ (ε x + ε y + ε z )
⎪σ = 2 G ε + λ (ε + ε + ε )
⎪ z z x y z
⎨ (4.10)
⎪τ xy = G γ xy
⎪τ = G γ
⎪ yz yz
⎪⎩τ xz = G γ xz
em que,
νE
λ= (4.11)
(1 + ν) (1 − 2 ν)
Estas 15 equações são as equações governantes para as 15 variáveis e devem ser satisfeitas
em todos os pontos do corpo elástico em equilíbrio.
NOTA: As equações de compatibilidade (equações 3.22) são obtidas a partir das relações
deformação-deslocamento (equações 3.15) e, portanto, não são contabilizadas como equações
governantes. As equações de compatibilidade serão automaticamente satisfeitas se as 15
equações governantes forem satisfeitas.
Neste capítulo serão apresentadas várias combinações de equações governantes que podem
ser empregadas para resolver vários tipos de problemas de contorno em elasticidade.
Qualquer conjunto de funções de tensão, deformação e deslocamento que satisfaça às
equações governantes representa a solução de algum problema em elasticidade. Entretanto,
para resolver um problema específico da elasticidade, um outro conjunto de condições deve
ser satisfeito: são as condições de contorno do problema. As condições de contorno
representam limitações na tensão, deformação e deslocamento nos contornos do corpo
investigado. Por exemplo, em uma viga engastada os deslocamentos e rotações são nulos no
125
engaste. As condições de contorno são, portanto, as condições que conectam um possível
campo de tensão com um problema específico.
A solução de um problema específico em elasticidade consiste então na determinação das
funções de tensão, deformação e deslocamento que satisfaçam às equações governantes e às
condições prescritas no contorno, que podem ser forças de superfície e/ou deslocamentos. A
solução que satisfaz todas estas condições é única.
As condições de carregamento de um problema em elasticidade são expressas prescrevendo-
se tanto as componentes de tensão quanto as componentes de deslocamento, ou uma
combinação de ambos, em cada superfície do corpo.
O caso de tensão prescrita em toda a superfície é denominado 1o problema de valor de
contorno. Se o deslocamernto é prescrito em toda a superfície, o problema é denominado 2o
problema de valor de contorno. Se tanto tensões quanto deslocamentos são prescritos no
contorno, o problema é conhecido como problema misto de valor de contorno.
Considere o corpo mostrado na Figura 5.1. A distribuição das forças de superfície (forças por
unidade de área: tensão) é especificada através de suas componentes, Tx, Ty, Tz. As
coordenadas dos pontos na superfície são designadas por x0, y0, z0.
y Ty F
Tx
y0
x
x0
Isolando um tetraedro infinitesimal OABC, mostrado na Figura 5.1, com a face inclinada
coincidente com a superfície de contorno, as equações de equilíbrio de forças são dadas pelas
equações 2.30a:
126
⎧Tx = X = σ x 0 l + τ y 0 x 0 m + τ z 0 x 0 n
⎪
⎨ Ty = Y = τ x 0 y 0 l + σ y 0 m + τ z 0 y 0 n (5.1)
⎪ T = Z= τ
⎩ z x 0z 0 l + τ y0z0 m + σ z 0 n
em que Tx, Ty e Tz são as forças de superfície (por unidade de área) prescritas; σx0, σy0, σz0,
τx0y0, τx0z0, τy0z0 são as componentes de tensão determinadas a partir das equações
governantes e avaliadas no contorno no ponto (x0, y0, z0); e l, m e n são os cossenos diretores
da normal à superfície inclinada do tetraedro OABC com os eixos xyz.
Nos trechos da superfície de contorno onde a tensão é prescrita, as componentes de tensão
σx0, σy0, σz0, τx0y0, τx0z0, τy0z0 nos pontos da superfície (x0, y0, z0) devem satisfazer à equação
(5.1).
NOTA: As equações 5.1 são idênticas às equações 2.30a exceto que, neste caso, a superfície
inclinada está no contorno.
B n̂
Y X
τyz τxz σx
σy
τxy
τyx Z
O y
τzy C
τzx
σz
x A
u ( x 0 , y0 , z0 ) = u p
v ( x 0 , y0 , z0 ) = vp (5.2)
w ( x 0 , y0 , z0 ) = w p
127
em que up, vp e wp são componentes de deslocamento prescritas no contorno e u(x0,v0,z0),
v(x0,v0,z0), e w(x0,v0,z0) são as funções de deslocamento do corpo avaliadas no contorno.
Problemas que envolvam um corpo longo, cuja geometria e carregamento não variem
significativamente na direção longitudinal, são denominados problemas de deformação plana.
Alguns exemplos deste tipo de problema são:
a) um semi-espaço infinito carregado, tal como uma fundação contínua em uma massa de solo
(Figura 5.3a);
b) um cilindro longo, tal como um túnel ou um duto enterrado (Figura 5.3b);
c) um muro de contenção carregado lateralmente (Figura 5.3c);
d) uma barragem de terra longa (Figura 5.3d).
Nestes problemas, as variáveis dependentes podem ser consideradas como sendo função
somente das coordenadas x e y, desde que se considere uma seção transversal distante das
extremidades (efeito de Cauchy).
Assumindo que a componente de deslocamento na direção z (direção longitudinal, de acordo
com as figuras), w, é nula em todas as seções transversais, consequentemente, as
componentes de deformação εz, γyz e γzx serão nulas. Portanto, existe um estado de
deformação plana quando as componentes de deslocamento no corpo têm a forma:
u = u(x,y)
v = v(x,y)
w = w(x,y) = 0 (5.3)
128
espaço semi-infinito
∂ u ( x , y)
εx =
∂x
∂v ( x ,y)
εy =
∂y
∂ u ( x, y) ∂v ( x ,y)
γ xy = +
∂y ∂x
ε z = γ yz = γ xz = 0 (5.4)
129
As relações tensão-deformação no estado de deformação plana, expressas em termos das
deformações (equação 5.5), e das tensões (equação 5.6) são dadas a partir da lei de Hooke
generalizada (equações 4.9 e 4.10 ) como:
⎧ 1
[ ]
⎪ε x = ε x ( x, y) = E σ x − ν (σ y + σ z )
⎪
y [
⎪ε = ε ( x, y) = 1 σ − ν (σ + σ )
⎪ y y x z ]
⎨ E (5.5)
⎪ 1
⎪γ xy = γ xy ( x, y) = τ xy
⎪ G
⎪⎩ε z = γ yz = γ xz = 0
⎧σ x = 2 G ε x + λ (ε x + ε y )
⎪
⎪σ y = 2 G ε y + λ (ε x + ε y )
⎨ (5.6)
⎪τ xy = G γ xy
⎪τ = τ = 0
⎩ yz xz
Apesar de não existir deformação na direção longitudinal (εz=0), existe uma componente de
tensão nesta direção (σz≠0):
σ z = λ (ε x + ε y ) (5.7)
Pode-se expressar a equação 5.7 em função das tensões no plano xy, σx e σy. Para isto, é só
substituir as equações 5.4 e 4.11 em 5.7, de modo que:
130
σz =
νE 1
(1 + ν) (1 − 2ν ) E
[
σx − ν σ y − ν σz + σ y − ν σx − ν σz ]
σz =
ν
(1 + ν) (1 − 2ν)
[
(σ x + σ y ) (1 − ν) − 2 ν σ z ]
ν (1 − ν ) 2ν2
σz = (σ x + σ y ) − σz
(1 + ν ) (1 − 2ν ) (1 + ν) (1 − 2ν)
⎛ 2ν2 ⎞ ν (1 − ν)
σ z ⎜⎜1 + ⎟=
⎟ (1 + ν) (1 − 2ν) (σ x + σ y ) (5.8)
⎝ (1 + ν ) (1 − 2ν ) ⎠
⎛ (1 + ν) (1 − 2ν) + 2 ν 2 ⎞ ν (1 − ν)
σ z ⎜⎜ ⎟=
⎟ (1 + ν) (1 − 2ν) (σ x + σ y )
⎝ (1 + ν ) (1 − 2 ν ) ⎠
σ z (1 − 2ν + ν − 2 ν 2 + 2 ν 2 ) = ν (1 − ν) (σ x + σ y )
σ z (1 − ν ) = ν (1 − ν) (σ x + σ y )
σ z = ν (σ x + σ y ) (5.9)
⎧σx ⎫ ⎡ ⎤
⎢1− ν ν 0 ⎥ ⎧ εx ⎫
⎪ ⎪ E ⎪ ⎪
⎨σy ⎬ = ⎢ ν 1− ν 0 ⎥ ⎨ εy ⎬ (5.10)
⎪τ ⎪ (1 + ν) (1 − 2ν) ⎢ 0 1 − 2ν ⎥ ⎪ ⎪
⎩ xy ⎭ ⎢ 0 ⎥ γ xy
⎣ 2 ⎦⎩ ⎭
σ z = λ (ε x + ε y ) = ν (σ x + σ y ) (5.11)
Equações de equilíbrio:
Como σz não é variável independente (é calculada a partir de σx, σy ou de εx e εy), não é
necessário que seja incluída como uma quantidade desconhecida nas equações de equilíbrio,
mesmo sendo uma quantidade não nula. Portanto, para que o caso de deformação plana, as
equações de equilíbrio escrevem-se a partir das equações 2.110:
131
⎧ ∂ σ x ∂ τ yx
⎪ + + Px = 0
⎪ ∂ x ∂ y
⎪⎪ ∂ τ xy ∂ σ y
⎨ + + Py = 0 (5.12)
⎪ ∂ x ∂ y
⎪Pz = 0
⎪
⎪⎩
NOTAS:
- para que exista um estado de deformação plana não poderá existir componente de força de
massa, Pz, na direção z (longitudinal);
- além da restrição de que Pz=0, para que exista um estado de deformação plana, o corpo deve
ser longo e as forças de superfície prescritas devem ser independentes de z e não ter
componentes em z;
- os corpos cilíndricos (prismáticos) podem ter comprimento infinito ou finito com
extremidades fixas (Figura 5.3). O termo ‘fixas’ refere-se a superfícies rígidas sem atrito (de
modo que τzx = τzy = 0) normais ao eixo do cilindro.
- se o corpo tem comprimento infinito e está carregado por forças que satisfaçam às restrições
mencionadas anteriormente, todas as seções transversais são planos de simetria e, portanto, o
deslocamento w é identicamente nulo;
- se o corpo tem comprimento finito, com extremidades fixas, as condições de contorno nas
extremidades são:
⎧⎪w p = w ( x, y, 0) = w ( x , y, l) = 0
⎨ (5.13)
⎪⎩τ x 0 y 0 = τ y 0 z 0 = 0
⎧Tx = Tx ( x 0 , y 0 )
⎪
⎨Ty = Ty ( x 0 , y 0 ) (5.14)
⎪
⎩Tz = 0
Como na superfície lateral n=0, então as condições de contorno (das equações 5.1) são:
132
⎧Tx ( x 0 , y 0 ) = σ x 0 l + τ x 0 y 0 m
⎪
⎨Ty ( x 0 , y 0 ) = τ x 0 y 0 l + σ y 0 m (5.15)
⎪
⎩Tz = 0
⎧⎪u ( x 0 , y 0 ) = u p
⎨ (5.16)
⎪⎩v ( x 0 , y 0 ) = v p
As oito equações governantes necessárias para o cálculo das oito incógnitas podem ser
reduzidas a duas equações em termos das componentes de deslocamento u e v.
Substituindo as componentes de deformação (equações 5.5) nas relações tensão-deformação
dadas pelas equações 5.6 obtêm-se:
⎛∂u ∂v ⎞ ∂u
σ x = λ ⎜⎜ + ⎟⎟ + 2 G
⎝∂x ∂y ⎠ ∂x
⎛∂u ∂v ⎞ ∂v
σ y = λ ⎜⎜ + ⎟⎟ + 2 G (5.17)
⎝ ∂ x ∂y ⎠ ∂y
⎛∂u ∂v ⎞
τ xy = G ⎜⎜ + ⎟⎟
⎝∂y ∂x ⎠
Combinando as equações 5.17 com as equações de equilíbrio (em deformação plana) 5.18:
∂ ⎛∂u ∂v⎞
G ∇ 2 u + (λ + G ) ⎜ + ⎟ + Px = 0
∂ x ⎜⎝ ∂ x ∂ y ⎟⎠
(5.18)
∂ ⎛∂u ∂v⎞
G ∇ v + (λ + G )
2
⎜ + ⎟ + Py = 0
∂ y ⎜⎝ ∂ x ∂ y ⎟⎠
∂2 ∂2
em que ∇ 2 = + .
∂ x 2 ∂ y2
133
As equações 5.18 são a forma mais conveniente para as equações governantes do 20 problema
de valor de contorno em elasticidade para estado de deformação plana.
O sistema de oito equações pode também ser reduzido a três equações em termos das
componentes de tensão, σx, σy e τxy.
No estado plano de deformação (εz = 0) tem-se, da equação 5.7, que:
σ z = ν (σ x + σ y ) (5.7)
e, portanto, a lei de Hooke pode ser expressa, neste caso, em termos das deformações como:
⎧ 1
[ ( ( 1
))] [
⎪ε x = E σ x − ν σ y + ν σ x + σ y = E (1 − ν ) σ x − ν (1 + ν) σ y
2
]
⎪
⎪ 1
E
[ ( ( 1
))] [
⎨ε y = σ y − ν σ x + ν σ x + σ y = (1 − ν ) σ y − ν (1 + ν) σ x
E
2
] (5.19)
⎪
⎪ 1 2(1 + ν)
⎪γ xy = G τ xy = τ xy
⎩ E
∂ 2ε x ∂ 2ε y ∂ 2 γ xy
+ = (3.22)
∂ y2 ∂ x2 ∂x∂y
Derivando a 1a equação 5.18 duas vezes em relação a x; a 2a, duas vezes em relação a y; e a
3a, em relação a x e y, e substituindo os resultados das diferenciações em 3.22:
1 ⎡ ⎛ 2
2 ⎜ ∂ σx
∂2 σy ⎞ ⎛ 2
⎟ − ν (1 + ν) ⎜ ∂ σ x +
∂2 σy ⎞⎤ 2(1 + ν) ∂ 2 τ xy
⎟⎥ =
⎢(1 − ν ) +
E ⎢ ⎜ ∂ y2 ∂ x2 ⎟ ⎜ ∂ x2 ∂ y2 ⎟⎥ E ∂x∂y (5.20a)
⎣ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎦
134
⎛ ∂2 σ ∂2 σy ⎞ ⎛ ∂2 σ ∂2 σy ⎞ ∂ 2 τ xy
(1 − ν ) ⎜ x
+ ⎟−ν ⎜ x
+ ⎟=2 (5.20b)
⎜ ∂ y2 ∂ x2 ⎟ ⎜ ∂ x2 ∂ y2 ⎟ ∂x∂y
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
⎧∂ 2σ ∂ 2 τ xy ∂ Px
⎪ x
+ + =0
⎪ ∂x
2
∂x∂y ∂x
+⎨
⎪ ∂ τ xy ∂ σ y ∂ Py
2 2
⎪ ∂x∂y + +
∂y
=0
⎩ ∂ y2
____________________________ (5.21)
⎛ ∂ 2σ ∂ 2 σ y ∂ Px ∂ Py ⎞ ∂ 2 τ xy
− ⎜ x
+ + + ⎟=2
⎜ ∂ x2 ∂ y 2
∂ x ∂y ⎟ ∂x∂y
⎝ ⎠
⎛ ∂2 ∂2 ⎞ 1 ⎛ ∂ Px ∂ Py ⎞
⎜ + ⎟ (σ x + σ y ) = − ⎜ ⎟
⎜ ∂ x 2 ∂ y2 ⎟ − ν ⎜ ∂x + ∂y ⎟ (5.22a)
⎝ ⎠ (1 ) ⎝ ⎠
ou,
1 ⎛ ∂ Px ∂ Py ⎞
∇ 2 (σ x + σ y ) = − ⎜ + ⎟ (5.22b)
(1 − ν ) ⎜⎝ ∂ x ∂y ⎟
⎠
135
QUADRO 5.1 - Desenvovimento das equações do estado de deformação plana
⎧ ∂ σ x ∂ τ yx
⎪ + + Px = 0
⎪ ∂x ∂y
→ 2 equilíbrio (5.12) ⎨
⎪ ∂ τ xy + ∂ σ y + P = 0
⎪⎩ ∂ x ∂y
y
⎧σ x = 2 G ε x + λ (ε x + ε y )
⎪
→ 3 lei de Hooke (5.6) ⎨σ y = 2 G ε y + λ (ε x + ε y )
⎪
⎩τ xy = G γ xy
∂u ∂v ∂ u ∂v
→ 3 deformação-deslocamento (5.5) εx = ; εy = ; γ xy = +
∂x ∂y ∂y ∂x
_______________________________
Total: 8 equações
1 ⎛ ∂ Px ∂ Py ⎞ ∂ ⎛∂u ∂v⎞
∇ 2 (σ x + σ y ) = − ⎜ + ⎟⎟ G∇ 2 v + (λ + G ) ⎜ + ⎟ + Py = 0
1 − ν ⎜⎝ ∂ x ∂ y ∂ y ⎜⎝ ∂ x ∂ y ⎟⎠
⎠
136
5.3.2 – Problemas de tensão plana
Como não se admitem forças atuando nas faces externas perpendiculares ao eixo z, nem
segundo esta direção, pode-se considerar que um estado de tensão plana existe quando as
componentes de tensão têm a forma:
⎧σ x = σ x ( x, y)
⎪σ = σ ( x, y)
⎪ y y
⎨ (5.23)
⎪τ xy = τ xy ( x, y)
⎪τ = τ = σ = 0
⎩ xz yz z
137
⎧ ∂ σ x ∂ τ yx
⎪ + + Px = 0
⎪ ∂x ∂y
⎨ (5.24)
⎪ ∂ τ xy + ∂ σ y + P = 0
⎪ ∂x ∂y
y
⎩
em que as forças de massa Px e Py são funções de x e y somente, e Pz deve ser nula, para que
exista um estado de deformação plana.
As relações deformação-deslocamento (lei de Hooke) neste caso são:
⎧ 1
[
⎪ε x = ε x ( x, y) = E σ x − ν σ y ]
⎪
⎪ε = ε ( x, y) = 1 σ − ν σ
⎪ y y
E
[
y x ]
⎪
⎪ γ = γ ( x , y) = 1 τ
⎨ xy xy
G
xy (5.25)
⎪
⎪γ xz = γ yz = 0
⎪
[
⎪ε z = ε z ( x, y) = − ν σ x + σ y
⎪ E
]
⎪
⎩
Deve-se observar que, apesar de não existir componente de tensão na direção z, existe uma
componente de deformação nesta direção (εz≠0), bastando que se faça σz=0 na equação 4.9 da
lei de Hooke generalizada para se obter ε z = −
ν
E
[
σx + σy . ]
A componente de deformação εz não aparece nas equações governantes do estado plano de
tensão já que não é considerada uma incógnita.
As relações defomação-deslocamento são dadas pelas equações:
⎧ ∂ u ( x , y)
⎪ε x ( x, y) =
⎪ ∂x
⎪ ∂v ( x, y)
⎨ε y ( x, y) = (5.26)
⎪ ∂y
⎪ ∂ u ( x, y) ∂v ( x, y)
⎪γ xy ( x, y) = +
⎩ ∂y ∂x
⎧∂ 2ε 1 ⎡ ∂ 2σx ∂ 2σ y ⎤
⎪ 2 = ⎢
x
−ν ⎥
⎪∂y E ⎢⎣ ∂ y 2 ∂ y 2 ⎥⎦
⎪ 2
⎪∂ ε y 1 ⎡∂ σy ∂ 2σ x ⎤
2
⎨ 2 = ⎢ −ν ⎥ (5.27)
⎪∂x E ⎣⎢ ∂ x 2 ∂ x 2 ⎦⎥
⎪ 2
⎪ ∂ γ xy = 1 ∂ τ xy = 2 (1 + ν ) ∂ τ xy
2 2
⎪∂ x ∂ y G ∂ x ∂ y E ∂x∂y
⎩
1 ⎡ ∂ 2σ x ∂ 2σ y ∂ 2σ y ∂ 2 σ x ⎤ 2 (1 + ν) ∂ τ xy
2
⎢ − ν + − ν ⎥ =
E ⎢⎣ ∂ y 2 ∂ y2 ∂ x2 ∂ x 2 ⎥⎦ E ∂x∂y
(5.28)
∂ ∂ 2 τ xy
(σ x − ν σ y )+ ∂ 2 (σ y − ν σ x )= (1 + ν) 2
2 2
∂y 2
∂x ∂x∂y
∂ 2 τ xy ⎛ ∂ 2σ ∂ 2 σ y ∂ Px ∂ Py ⎞
2 =− ⎜ x
+ + + ⎟ (5.29)
∂x∂y ⎜ ∂ x2 ∂ y 2
∂ x ∂y ⎟
⎝ ⎠
ou seja,
⎛ ∂ P ∂ Py ⎞
∇ 2 (σ x + σ y )= − (1 + ν) ⎜⎜ x + ⎟⎟ (5.30)
⎝ ∂x ∂y ⎠
Considerando as oito equações governantes para as oito variáveis, 5.24, 5.25 e 5.26 e
eliminando as componentes de deformação das equações 5.25 e 5.26, fica-se com:
⎧ ∂u 1
⎪ = (σ x − ν σ y )
⎪ ∂ x E
⎪ ∂v 1
⎨ = (σ y − ν σ x ) (5.31)
⎪∂ y E
⎪ ∂ u ∂v 1
⎪ + = τ xy
⎩ ∂ y ∂ x G
⎧ ⎛∂u ∂v⎞
⎪σ x =
E
ε( + ν ε =) E
⎜⎜ +ν ⎟
∂ y ⎟⎠
⎝∂x
x y
⎪ 1− ν2 1− ν2
⎪ ⎛∂v ∂u⎞
⎪
⎨σ y =
E
(
εy + ν εx = ) E
⎜⎜ +ν ⎟
∂ x ⎟⎠
(5.32)
1− ν 1− ν2 ⎝∂y
2
⎪
⎪ ⎛ ⎞
⎪τ xy = G γ xy = G ⎜ ∂ u + ν ∂ v ⎟
⎜ ∂ x ⎟⎠
⎪⎩ ⎝∂y
140
A substituição das equações 5.32 em 5.24 dá origem às seguintes equações de equilíbrio em
termos de deslocamentos (equação de Navier) para tensão plana:
⎧ E ∂ ⎛∂u ∂v⎞
⎪G ∇ u +
2
⎜⎜ + ⎟⎟ + Px = 0
⎪ 2 (1 − ν) ∂ x ⎝∂x ∂y⎠
⎨ (5.33)
⎪G ∇ 2 v + E ∂ ⎛∂u ∂v⎞
⎜⎜ + ⎟⎟ + Py = 0
⎪ 2 (1 − ν) ∂ y
⎩ ⎝∂x ∂y⎠
141
Quadro 5.2 - Desenvovimento das equações do estado de tensão plana
→ 2 equilíbrio (5.24)
→ 3 deformação-deslocamento (5.26)
142
5.3.3 – Problemas axissimétricos
143
O método de solução consiste em encontrar expressões para as componentes de tensão (6
incógnitas), de deformação (6 incógnitas) e de deslocamento (3 incógnitas) que satisfaçam
estas equações e também às condições prescritas no contorno (em tensões ou em
deslocamentos).
Entretanto, este sistema de equações não é conveniente. Pode-se reduzi-lo a sistemas de
equações mais convenientes para os vários tipos de problemas de valor de contorno
(semelhante ao que foi feito para os problemas de deformação plana e tensão plana).
⎧ ∂u
⎪σ x = λ ε + 2 G ∂ x
⎪
⎪ ∂v
⎪σ y = λ ε + 2 G ∂ y
⎪
⎪ ∂w
⎪σ z = λ ε + 2 G
⎪ ∂z
⎨ ⎛∂u ∂v⎞
(5.34)
⎪τ xy = G ⎜⎜ +ν ⎟
⎪ ⎝∂y ∂ x ⎟⎠
⎪
⎪τ = G ⎛⎜ ∂ w + ν ∂ v ⎞⎟
⎪ yz ⎜ ∂y ∂ z ⎟⎠
⎪ ⎝
⎪ ⎛∂w ∂u⎞
⎪τ xz = G ⎜⎜ +ν ⎟
⎩ ⎝ ∂x ∂ z ⎟⎠
144
(λ + G ) ∂ ε + G ∇ 2 u + Px = 0
∂x
(λ + G ) ∂ ε + G ∇ 2 v + Py = 0 (5.35)
∂y
(λ + G ) ∂ ε + G ∇ 2 w + Pz = 0
∂z
em que:
∂u ∂v ∂w
ε = εx + εy + εz = + + (5.36)
∂x ∂y ∂z
⎧ ⎛ ∂u ∂u ∂u ⎞ ⎛ ∂u ∂v ∂w ⎞
⎪Tx = λ ε l + G ⎜⎜ l+ m+ n ⎟⎟ + G ⎜⎜ l+ m+ n⎟
⎪ ⎝∂x ∂y ∂z ⎠ ⎝∂x ∂x ∂ x ⎟⎠
⎪⎪ ⎛ ∂v ∂v ∂v ⎞ ⎛∂u ∂v ∂w ⎞
⎨Ty = λ ε m + G ⎜⎜ l+ m+ n ⎟⎟ + G ⎜⎜ l+ m+ n ⎟⎟
⎪ ⎝ ∂ x ∂ y ∂ z ⎠ ⎝ ∂ y ∂ y ∂ y ⎠ (5.37)
⎪ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞
⎪Tz = λ ε n + G ⎜ ∂ w l + ∂ w m + ∂ w n ⎟ + G ⎜ ∂ u l + ∂ v m + ∂ w n ⎟
⎜ ⎟ ⎜ ∂ z ⎟⎠
⎪⎩ ⎝ ∂x ∂y ∂z ⎠ ⎝ ∂z ∂z
145
1 ∂ 2Θ ν ⎡ ∂ Px ∂ Py ∂ Pz ⎤ ∂ Px
∇ 2σ x + = − ⎢ + + ⎥ − 2
1+ ν ∂ x2 1− ν ⎣ ∂ x ∂y ∂z ⎦ ∂x
1 ∂ 2Θ ν ⎡ ∂ Px ∂ Py ∂ Pz ⎤ ∂ Py
∇ 2σ y + = − ⎢ + + ⎥ − 2
1 + ν ∂ y2 1− ν ⎣ ∂ x ∂y ∂z ⎦ ∂y
1 ∂ 2Θ ν ⎡ ∂ Px ∂ Py ∂ Pz ⎤ ∂ Pz
∇ 2σz + =− ⎢ + + ⎥−2
1+ ν ∂ z 2
1− ν ⎣ ∂ x ∂y ∂z ⎦ ∂z
(5.38)
1 ∂ 2Θ ⎡ ∂ P ∂ Py ⎤
∇ 2 τ xy + =−⎢ x + ⎥
1+ ν ∂ x ∂ y ⎣ ∂y ∂x ⎦
1 ∂ 2Θ ⎡∂ P ∂ P ⎤
∇ 2 τ xz + =−⎢ x + z ⎥
1+ ν ∂ x ∂ z ⎣ ∂z ∂x ⎦
1 ∂ 2Θ ⎡ ∂ P ∂ Py ⎤
∇ τ yz +
2
=−⎢ z + ⎥
1+ ν ∂ y∂ z ⎣ ∂y ∂z ⎦
em que,
Θ = σx + σy + σz (5.39)
146
Quadro 5.3 - Desenvovimento das equações tridimensionais
→ 3 equilíbrio (2.110)
→ 6 deformação-deslocamento (3.15)
σx, σy, σz, τxy, τxz, τyz, εx, εy, εz, γxy, γxz, γyz, u, v, w
σx, σy, σz, τxy, τxz, τyz, εx, εy, εz, γxy, γxz, γyz σx, σy, σz, τxy, τxz, τyz, u, v, w
147
5.5 – Exemplos
Tx = m p Ty = Tz = 0
x
p
p
y
Nas extremidades da barra (nos planos cuja normal é o eixo x), onde l = ±1 e m = n = 0 , as
condições de contorno são, das equações 5.1:
σ x0 = p
τ x 0 y0 = τ y0 x 0 = 0
σ x ( x , y, z ) = p
τ xy ( x , y, z) = τ yx ( x , y z) = 0
Nas superfícies laterais (faces cuja normal tem a direção do eixo y ou do eixo z), as forças
prescritas são:
Tx = Ty = Tz = 0
148
Nas faces cuja normal é o eixo y, os cossenos diretores são m = ± 1 e l = n = 0 . Considerando
as equações 5.1, as condições de contorno nestes planos são:
σ y0 = τ x 0 y0 = τ z0 y0 = 0
Analogamente, nas faces cuja normal é o eixo z, onde os cossenos diretores são
n = ± 1 e l = m = 0 , tem-se, a partir das equações 5.1:
σ z0 = τ z0 x 0 = τ z0 y0 = 0
149
CAPÍTULO 6
6.1 - Introdução
As tensões nos maciços terrosos podem ser divididas em tensões virgens, existentes nos
maciços independentemente da interferência do homem, e tensões induzidas, associadas às
ações impostas pelas obras construídas sobre ou no interior dos maciços.
As tensões virgens podem ser divididas ainda em tensões de repouso ou geostáticas,
associadas ao peso próprio do material, e em tensões tectônicas, oriundas de forças que se
desenvolvem no interior da crosta terrestre e que assumem importância apenas em maciços
rochosos. Um breve texto sobre as tensões geostáticas é apresentado no Apêndice B.
A avaliação das tensões induzidas por carregamentos aplicados à superfície ou no interior de
uma massa de solo tem sido feita, em geral, admitindo o solo como um material elástico e
utilizando as soluções da Teoria da Elasticidade que melhor se apliquem a cada problema e a
cada tipo de solicitação.
O emprego da Teoria da Elasticidade aos solos é, no entanto, questionável já que o
comportamento destes materiais não satisfaz às exigências de material elástico,
principalmente no que se refere à reversibilidade das deformações no carregamento-
descarregamento. Até um determinado nível de tensões, existe certa proporcionalidade entre
tensões e deformações, de maneira que se considera um módulo de elasticidade como
representativo do material. Entretanto, é importante definir até que ponto, ou em que casos
será legítimo utilizar estas soluções na avaliação do estado de tensão. Em problemas que
envolvem carregamento essencialmente monótono de massas de solo por tensões com valores
inferiores àqueles que provocariam o colapso dessas massas, as soluções da Teoria da
Elasticidade podem ser aplicadas no cálculo do estado de tensão induzido. Resultados
experimentais sustentam que a aproximação obtida com o emprego destas soluções é razoável
(Fernandes, 1994). A justificativa para se aplicar a Teoria da Elasticidade é por não se dispor
de alternativa melhor, além do fato de que esta teoria tem apresentado uma avaliação
satisfatória das tensões atuantes no solo, pelo que se depreende da análise de comportamento
de obras (Pinto, 2000).
O estudo do efeito de cargas sobre o terreno foi iniciado pelo matemático francês Boussinesq
(Boussinesq, 1885) que determinou, através da aplicação da teoria da elasticidade, tensões,
deformações e deslocamentos no interior de uma massa elástica, homogênea e isotrópica, em
um semi-espaço infinito de superfície horizontal, induzidos pela aplicação de uma carga
pontual sobre a superfície deste semi-espaço.
A partir da solução proposta por Boussinesq, foram determinadas, por integração, soluções
para outros tipos de carregamentos tais como, linear, carga distribuída retangular, triangular,
trapezoidal, etc. (Figura 6.1).
Existem na literatura, soluções para uma grande variedade de tipos de carregamento,
apresentadas na forma de equações e ábacos. Entretanto, neste capítulo, serão apresentadas
somente algumas das aplicações mais freqüentes na prática. Estas e outras soluções podem ser
encontradas em (Pinto, 2000; Barata, 1984; Das, 1983; Vargas, 1977; Poulos & Davis, 1973;
Harr, 1966).
Integração dupla
151
À medida que se afasta horizontalmente deste ponto, ou seja, na direção em que r aumenta,
diminui a intensidade dos acréscimos de tensões, até o ponto em que o carregamento
praticamente não exerce mais influência. Na Figura 6.2b está mostrada a variação dos
acréscimos de tensão vertical com a profundidade, ao longo da linha vertical que passa pelo
eixo de aplicação da carga.
A união dos pontos na massa de solo solicitados por igual valor de tensão (um mesmo
percentual da tensão aplicada na superfície) dá origem a uma linha denominada isóbara. O
bulbo de tensões é formado pelo conjunto de isóbaras, conforme mostrado na Figura 6.3.
As tensões se propagam até grandes profundidades. Para fins práticos, costuma-se arbitrar que
o solo é efetivamente solicitado até a profundidade delimitada pela isóbara correspondente a
10% da tensão aplicada, P. Esta isóbara contém a região do terreno que recebe a parcela mais
significativa do carregamento aplicado e é, portanto, a região que está sujeita a deformações.
Em uma obra de fundação, se o bulbo atingir camadas de solo mais compressíveis, recalques
significativos poderão ser observados. Quando se projeta a fundação de um prédio ao lado de
um outro existente, ocorre uma interação entre os respectivos bulbos. Nesta situação, o
engenheiro de fundações deverá analisar as fundações dos prédios vizinhos. Se as camadas
abrangidas pelo bulbo resultante incluírem solos moles, os recalques poderão ser excessivos,
levando à exclusão desse tipo de fundação. Por estas razões, a verificação das camadas de
solo abrangidas pelo bulbo é um passo importante em qualquer projeto de fundações.
152
Fonte: Pinto, 2000
Figura 6.3 – Conjuntos de isóbaras definindo bulbos de tensão
As soluções apresentadas com base na Teoria da Elasticidade foram obtidas supondo-se o solo
como um material perfeitamente elástico, homogêneo e isotrópico. É válido, portanto, o
princípio da superposição de efeitos, segundo o qual a tensão resultante de carregamentos
distintos é a soma das tensões de cada carregamento atuando independentemente. Em outras
palavras, os efeitos não interagem (Ortigão, 1993; Das, 1983)
3 P z3
Δσ z = (6.1)
2π R 5
P ⎡3 r 2 z (1 − 2 ν) ⎤
Δσ r = ⎢ 5 − ⎥ (6.2)
2π ⎣ R R (R + z) ⎦
153
P ⎡ 1 z ⎤
Δσ θ = (1 − 2 ν) ⎢ − 3 ⎥ (6.3)
2π ⎣ R (R + z) R ⎦
3P r z2
Δτ rz = (6.4)
2π R 5
P (1 + ν) ⎡ z2 ⎤
ρz = ⎢2 (1 - ν) + 2 ⎥ (6.5)
2πER ⎣ R ⎦
P (1 + ν) ⎡ r z (1 - 2 ν) r ⎤
ρr = - (6.6)
2 π E R ⎢⎣ R 2 R + z ⎥⎦
R 2 = z2 + r2 (6.7)
em que,
Δσz – acréscimo de tensão vertical
Δσr – acréscimo de tensão radial
Δσθ – acréscimo de tensão circunferencial
Δτrz – acréscimo de tensão cisalhante no plano rz
ρz – deslocamento vertical
ρr – deslocamento radial
E – módulo de elasticidade longitudinal ou módulo de Young
ν - coeficiente de Poisson.
θ x
Δσz
Δτzr
y Δτrz
Δσr
Δσθ
P
Δσ z = N B (6.8)
z2
em que o valor de NB, chamado fator de influência de Δσz de Boussinesq, pode ser definido a
partir de ábacos como o da Figura 6.6.
P
Δσ z = NB
z2
3P z3
Δσ z = (6.9)
2πR5
155
3 P ⎧⎪ x 2 z 1 − 2ν ⎡ 1 ( 2R + z ) x 2 z ⎤ ⎫⎪
Δσ x = ⎨ 5 + ⎢ − 3 − ⎥⎬ (6.10)
2 π ⎪⎩ R 3 ⎣ R (R + z) R (R + z) 2 R 3 ⎦ ⎪⎭
3 P ⎧⎪ y 2 z 1 − 2ν ⎡ 1 ( 2R + z ) y 2 z ⎤ ⎫⎪
Δσ y = ⎨ 5 + ⎢ − 3 − ⎥⎬ (6.11)
2 π ⎪⎩ R 3 ⎣ R (R + z) R (R + z) 2 R 3 ⎦ ⎪⎭
3 P ⎡ x y z 1 − 2ν (2R + z) xy ⎤
Δτ xy = ⎢ − ⎥ (6.12)
2π ⎣ R5 3 R 3 (R + z) 2 ⎦
3P x z2
Δτ xz = (6.13)
2π R5
3P y z2
Δτ yz = (6.14)
2π R5
em que
R = z2 + r2 (6.15)
r = x 2 + y2 (6.16)
Δσz
Δτzy
Δτzx Δτxy
y Δτyx Δσx
Δτyz Δτxz
Δσy
156
2 - Carga pontual vertical em espaço infinito - Problema de Kelvin (Figura 6.8)
Para uma carga concentrada P aplicada sobre um espaço infinito, os acréscimos de tensão
resultantes e os deslocamentos em um ponto qualquer, em coordenadas cilíndricas são dados
através das seguintes expressões
P ⎡ 3z 3 (1 - 2 ν)z ⎤
Δσ z = ⎢ + ⎥ (6.17)
8π (1 - ν) ⎣ R 5 R3 ⎦
P z ⎡ 3r 2 ⎤
Δσ r = 3 ⎢ 2
- (1 - 2ν)⎥ (6.18)
8π (1 - ν) R ⎣ R ⎦
P (1 - 2 ν ) z
Δσ θ = - (6.19)
8π (1 - ν) R 3
P r ⎡ 3z 2 ⎤
Δτ rz = 3 ⎢
+ (1 - 2 ν)⎥ (6.20)
8π (1 - ν) R ⎣ R 2
⎦
P(1 + ν) ⎡ z2 ⎤
ρz = ⎢3 - 4 ν + ⎥ (6.21)
8π (1 - ν) E R ⎣ R2 ⎦
P (1 + ν) r z
ρr = - (6.22)
8π (1 - ν) E R 3
em que,
R 2 = z2 + r2 (6.23)
157
3 - Carga pontual horizontal na superfície de um semi-espaço infinito – Problema de Cerutti
(Figura 6.9).
3P x z2
Δσ z = (6.24)
2πR5
− Px ⎡ − 3x 2 1− 2ν ⎛ 2
⎜R − y2 −
2 R y2 ⎞⎤
⎟⎥
Δσ x = ⎢ 2 + ⎜ ⎟ (6.25)
3
2πR ⎢⎣ R (R + z) 2 ⎝ R+z ⎠⎥⎦
− Px ⎡ − 3y 2 1− 2ν ⎛ 2
⎜R − x2 −
2R x2 ⎞⎤
⎟⎥
Δσ y = ⎢ 2 + ⎜ ⎟ (6.26)
3
2πR ⎢⎣ R (R + z) 2 ⎝ R+z ⎠⎥⎦
− Py ⎡ − 3x 2 (1 − 2ν) ⎛ 2Rx 2 ⎞⎤
Δτ xy = + ⎜− R 2 + x2 + ⎟⎥ (6.27)
3 ⎢ ⎜
2πR ⎢⎣ R 3
(R + z) 2 ⎝ R + z ⎟⎠⎥⎦
3P x y z
Δτ yz = (6.28)
2πR5
3P x2 z
Δτ zx = (6.29)
2π R 5
P (1 + ν ) ⎡ x z (1 − 2 ν) x ⎤
ρz = + (6.30)
2π E R ⎢⎣ R 2 R + z ⎥⎦
P (1 + ν) ⎡ x 2 ⎛ R x2 ⎞⎤
ρx = ⎢1 + 2 + (1 − 2 ν)⎜⎜ − ⎟⎥
⎟ (6.31)
2π E R ⎣⎢ R ⎝ R + z (R + z)
2
⎠⎦⎥
P (1 + ν) ⎡ x y (1 − 2 ν) xy ⎤
ρy = ⎢ − ⎥ (6.32)
2π E R ⎣ R 2 (R + z) 2 ⎦
158
em que,
R = x 2 + y2 + z2 (6.33)
159
⎡ (1 − 2ν)(z − c) 3(z − c) 3 (1 − 2ν)(z − c) ⎤
⎢− − + ⎥
−P ⎢ R 13 R 15 R 32 ⎥
Δσ z = (6.36)
8π(1 − ν) 3(3 − 4ν)z(z + c) − 3c(z + c)(5z − c) 30cz(z + c) ⎥
⎢ 2 3
⎢− − ⎥
⎣⎢ R 52 R 72 ⎦⎥
⎡ (1 − 2ν)(z − c) 3r 2 (z − c) (1 − 2ν)(z + 7c) ⎤
⎢ − − + ⎥
⎢ R 13 R 15 R 32 ⎥
⎢ 2
− P ⎢ 4(1 − ν)(1 − 2ν) 30cr z(z + c) ⎥
Δσ r = − + ⎥ (6.37)
8π(1 − ν) ⎢ R 2 (R 2 + z + c) R 72 ⎥
⎢ 2 2 2
⎥
⎢ 6c(1 − 2ν)(z + c) − 6c (z + c) − 3(3 − 4ν )r (z − c) ⎥
⎢ R 52 ⎥
⎣ ⎦
⎡ (z − c) (3 − 4ν)(z + c) − 6c ⎤
⎢ R3 − R23
− ⎥
− P(1 − 2ν) ⎢ 1 ⎥
Δσ θ = (6.38)
8π(1 − ν) ⎢ 4(1 − ν) 6c(z + c) 2
6c (z + c) ⎥
2
⎢ + − ⎥
⎣⎢ R 2 (R 2 + z + c) R 52 (1 − 2ν)R 52 ⎦⎥
⎡ (1 − 2ν ) 1 − 2ν 3(z − c) 2 ⎤
⎢− + − ⎥
− Py ⎢ R 13 R 32 R 15 ⎥
Δτ yz = (6.39)
⎢
8π(1 − ν) 3(3 − 4ν)z(z + c) − 3c(3z + c) 30cz(z + c) ⎥
2
⎢− − ⎥
⎣⎢ R 52 R 72 ⎦⎥
⎡ (1 − 2ν) 1 − 2ν 3(z − c) 2 ⎤
⎢− + − ⎥
− Px ⎢ R 13 R 32 R 15 ⎥
Δτ zx = (6.40)
⎢
8π(1 − ν) 3(3 − 4ν)z(z + c) − 3c(3z + c) 30cz(z + c) ⎥
2
⎢− − ⎥
⎣⎢ R 52 R 72 ⎦⎥
⎡ 3(z − c) 3(3 − 4ν)(z − c) 4(1 − ν)(1 − 2ν) ⎤
⎢− R 5 − R 52
+ 2 *
R 2 (R 2 + z + c) ⎥⎥
− Pxy ⎢ 1
Δτ xy = (6.41)
8π(1 − ν) ⎢⎛ 1 1 ⎞ 30cz(z + c) ⎥
⎢⎜⎜ + ⎟⎟ − ⎥
⎢⎣⎝ R 2 + z + c R 2 ⎠ R 72 ⎥⎦
⎡ (1 − 2ν) 1 − 2ν 3(z − c) 2 ⎤
⎢− 3
+ 3
− 5 ⎥
− Pr ⎢ R1 R2 R1 ⎥
Δτ rz = (6.42)
⎢
8π(1 − ν) 3(3 − 4ν)z(z + c) − 3c(3z + c) 30cz(z + c) ⎥
2
⎢− − ⎥
⎢⎣ R 52 R 72 ⎥⎦
160
⎡ (3 − 4ν) 8(1 − ν) 2 − (3 − 4ν) (z − c) 2 ⎤
⎢ + + 3
+⎥
P ⎢ R 1 R 2 R 1 ⎥
ρz = ⎢ ⎥ (6.44)
16πG (1 − ν) (3 − 4ν)(z + c) − 2cz 6cz(z + c)
2 2
⎢ + ⎥
⎢⎣ R 32 R 52 ⎥⎦
em que,
r = x2 + y2 (6.45)
R 1 = r 2 + ( z − c) 2 (6.46)
R 2 = r 2 + ( z + c) 2 (6.47)
G – módulo de elasticidade transversal
161
⎡ (1 − 2ν ) 3y 2 (1 − 2ν)(3 − 4ν) 3(3 − 4ν) y 2 4(1 − ν )(1 − 2ν) ⎤
⎢ 3
− + − − *⎥
− Qx ⎢ R 1 R 15 R 32 R 52 R 2 ( R 2 + z + c) 2 ⎥
Δσ y =
8π (1 − ν ) ⎢ ⎡ y 2 (3R 2 + z + c) ⎤ 6c ⎛ 5 y 2 z ⎞⎟
⎥
⎢ ⎢1 − ⎥ + ⎜ c − (1 − 2 ν )( z + c ) + ⎥
⎢ ⎢⎣
⎣ R 22 (R 2 + z + c) ⎥⎦ R 52 ⎜⎝ R 22 ⎟⎠ ⎥
⎦
(6.49)
⎡ (1 − 2ν) (1 − 2ν ) 3(z − c) 2 3(3 − 4ν)(z + c) 2 ⎤
⎢ 3
− − − ⎥
− Qx ⎢ R 1 R 32 R 15 R 25 ⎥
Δσ z = ⎢ ⎥ (6.50)
8π (1 − ν)
⎢+ 6c ⎛⎜ c + (1 − 2ν )(z + c) + 5z(z + c) ⎞⎟
2
⎥
⎢ R 52 ⎜⎝ R 2 ⎟
⎠ ⎥
⎣ 2 ⎦
em que
r = x2 + y2 (6.57)
162
R 1 = r 2 + ( z − c) 2 (6.58)
R 2 = r 2 + ( z + c) 2 (6.59)
p/unidade de comprimento
p z ⎡ (3 − 2ν) x 2 ⎤
Δσ z = ⎢ − 2⎥ (6.60)
2π(1 − ν) R 2 ⎢ 2 R ⎥⎦
⎣
p z ⎡ (1 − 2ν) x 2 ⎤
Δσ x = ⎢− + 2⎥ (6.61)
2π(1 − ν ) R 2 ⎢ 2 R ⎥⎦
⎣
pν z
Δσ y = (6.62)
2π(1 − ν) R 2
p x ⎡ (1 − 2ν) z 2 ⎤
Δτ xz = ⎢ + 2⎥ (6.63)
2π(1 − ν ) R 2 ⎢ 2 R ⎥⎦
⎣
em que,
R = x2 + z2 (6.64)
163
7 – Carga vertical distribuída ao longo de uma linha infinita na superfície de um semi-espaço
infinito – Integração do problema de Boussinesq (Figura 6.13)
p/unidade de comprimento
Figura 6.13 - Carga vertical distribuída ao longo de uma linha infinita na superfície de um
semi-espaço infinito.
As tensões induzidas (Figura 6.14) por um carregamento deste tipo são calculadas em um
ponto, em coordenadas retangulares, através das seguintes expressões
2p z 3
Δσ z = (6.65)
π R4
2p x 2 z
Δσ x = (6.66)
π R4
2 pν z
Δσ y = (6.67)
π R2
2p xz 2
Δτ xz = (6.68)
π R4
em que,
R = x2 + z2 (6.69)
164
p/unidade de r
comprimento Δσz
Δτzx
Δτxz
Δσx
Δσy
165
8 - Carga horizontal distribuída ao longo de uma linha infinita na superfície de um semi-
espaço infinito – Integração do problema de Cerruti (Figura 6.15).
q/unidade de comprimento
Figura 6.15 - Carga horizontal distribuída ao longo de uma linha infinita na superfície de um
semi-espaço infinito
2q xz 2
Δσ z = (6.70)
π R4
2q x 3
Δσ x = (6.71)
π R4
2q xz 2
Δσ y = (6.72)
π R4
2q x 2 z
Δτ xz = (6.73)
π R4
em que,
R = x2 + z2 (6.74)
Neste caso, observa-se que o acréscimo de tensão na direção z é igual àquele na direção y.
Valores de Δσ z (q / z ) , Δσ x (q / z ) e de Δτ xz (q / z ) são mostrados no Quadro 6.2, para alguns
valores de x/z.
166
QUADRO 6.2 – Valores de Δσ z (q / z) , Δσ x (q / z) , Δτ xz (q / z) - Carga horizontal distribuída
ao longo de uma linha infinita na superfície de um semi-espaço infinito
Δσ z Δσ x Δτ xz Δσ z Δσ x Δτ xz
x/z (q / z) (q / z) (q / z) x/z (q / z) (q / z) (q / z)
x
d
p/unidade comprimento
A
P(x,z)
Figura 6.16 - Carga distribuída ao longo de uma linha infinita no interior de um semi-espaço
infinito
As tensões em um ponto P(x,z) devidas a uma carga vertical distribuída em linha, p por
unidade de comprimento, aplicada no ponto A, no interior de uma massa semi-infinita (Figura
6.16) são dadas pelas expressões
Δσz =
p ⎛⎜ 1
⎨ +
[ ]
⎧ (z − d )3 (z + d ) (z + d )2 + 2dz 8 d z(d + z) x 2 ⎫ 1 − 2ν ⎛ z − d 3z + d 4zx 2 ⎞ ⎞
− ⎬+ ⎜ 2 + − 4 ⎟⎟ ⎟
π ⎜⎝ 2 (1 − ν) ⎩ R14 ⎜ R 2 ⎠ ⎟⎠
R 42 R 62 ⎭ 4 (1 − ν) ⎝ R1 R 22
(6.75)
p ⎧⎪ 1 ⎡ (z − d ) x 2 (z + d )( x 2 + 2d 2 ) − 2dx 2 8 d z(d + z) x 2 ⎤ 1 − 2ν ⎛ d − z z + 3d 4zx 2 ⎞⎫⎪
Δσ x = ⎨ + + ⎥+ ⎜ ⎟
⎢
π ⎪⎩ 2 (1 − ν) ⎣ R14 ⎜ 2 + R 2 + R 4 ⎟⎬⎪
R 42 R 62 ⎦ 4 (1 − ν) ⎝ R1 2 2 ⎠⎭
(6.76)
p x ⎧⎪ 1 ⎡ (z − d ) 2 z 2 − 2dz − d 2 8 d z(d + z) 2 ⎤ 1 − 2ν ⎛ 1 1 4z(d + z) ⎞⎫⎪ (6.77)
Δτ xz = ⎨ ⎢ + + ⎥+ ⎜ 2− 2+ ⎟⎬
π ⎪⎩ 2 (1 − ν) ⎣ R1 ⎜ R 42 ⎟⎠⎪⎭
⎦ 4 (1 − ν) ⎝ R1 R 2
4 4 6
R2 R2
167
10 - Carga horizontal distribuída ao longo de uma linha infinita no interior de um semi-
espaço infinito – Problema de Melan (Figura 6.17).
x
d
A
q/unid.compr.
P(x,z)
Figura 6.17 - Carga horizontal distribuída ao longo de uma linha infinita no interior de um
semi-espaço infinito
As tensões em um ponto P(x,z) devidas a uma carga horizontal distribuída em linha, q por
unidade de comprimento, aplicada no ponto A, no interior de uma massa semi-infinita (ponto
A na Figura 6.17) são dadas pelas expressões
(6.80)
168
Este tipo de situação ocorre, por exemplo, em uma estaca de fundação. Os acréscimos de
tensão em um ponto qualquer, em coordenadas cilíndricas, são obtidos através das expressões
que se seguem, em que P é a carga total
⎡ m⎛m 1⎞ m 2 ⎤
⎢ 2(2 − ν) 2(2 − ν) + 2(1 − 2ν) n ⎜ n + n ⎟ (1 − 2ν)2( ) ⎥
⎢− + ⎝ ⎠− n + ⎥
⎢ A B F ⎥
⎢ 2 ⎥
⎢ 4m 2 − 4(1 + ν)( m ) 2 m 2 4m(1 + ν)(m + 1)⎛⎜ m + 1 ⎞⎟ − (4m 2 + n 2 ) ⎥
−P ⎢ n ⎝ n n⎠ ⎥
Δσ z = ⎢ + ⎥
8πD 2 (1 − ν) ⎢ F3 B3 ⎥
⎢ ⎛ 4
2 m −n
4 ⎞ ⎥
⎢ 6m ⎜⎜ ⎟ 6m(mn 2 − 1 (m + 1) 5 ⎥
2 ⎟ n2
⎢+ ⎝ n ⎠+ n2 + 3 ⎥
⎢ F 5
B 5
A ⎥
⎢ ⎥
⎣ ⎦
(6.81)
⎡ m⎛m 1⎞ ⎛ m 2⎞ ⎤
⎢ (7 − 2ν) − 12(1 − ν) n ⎜ n + n ⎟ ⎜ 4(2 − ν) − 12(1 − ν)( ) ⎟ ⎥
⎢ ⎝ ⎠ −⎜ n ⎟+ ⎥
⎢ B ⎜ F ⎟ ⎥
⎢ ⎜ ⎟ ⎥
⎝ ⎠
⎢ ⎥
⎢ 2 m 2 2 6 ⎛ m (m + 1) 4 ( m + 1 ) − m 2 n 2 ⎞ ⎥
2
⎢ 4n − 2m + 2(1 + 2ν)( n ) m ⎜ ⎟⎥
⎝ n n n ⎠
⎢ 3
+ 5 ⎥
⎢ F B ⎥
−P ⎢ ⎥
Δσ r = ⎛ m 1 ⎞
8πD 2 (1 − ν) ⎢ ⎜ 3n 2 − 2m 2 + 2(1 + 2ν) (m + 1) 2 ⎛⎜ + ⎞⎟ ⎟
m ⎥
⎢ ⎜ n ⎝ n n ⎠ ⎟ (1 − 2ν) n 2 ⎥
⎢− ⎜ 3 ⎟ + A − 3 +⎥
⎢ ⎜ B ⎟ A ⎥
⎢ ⎜⎝ ⎟
⎠ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎛ 2 2 m ⎞ ⎥
⎢ 6 ⎜⎜ n m − m 4 ( ) 2 ⎟⎟ ⎥
⎢4(1 − ν)(1 − 2ν)⎛⎜ 1 − 1 ⎞ ⎝ n ⎠ ⎥
⎟+
⎢ ⎝ F + m B + m + 1 ⎠ F 5 ⎥
⎣ ⎦
(6.82)
169
⎡ m⎛m 1⎞ ⎤
⎢ (1 − 2ν ) 6 − (1 − 2ν)(3 − 4ν ) + 6(1 − 2ν) n ⎜ n + n ⎟ ⎥
⎢ + ⎝ ⎠+ ⎥
⎢ A B ⎥
⎢ ⎥
⎢ 2(1 − 2ν) 2 − 6(1 − 2ν )( m ) 2 − 6 4νn 2 − 2m 2 − 2(1 + 2ν)( m ) 2 m 2 ⎥
⎢ n n ⎥
−P ⎢ + ⎥
Δσ θ = 2 ⎢ F F3 ⎥ (6.83)
8πD (1 − ν)
⎢ m ⎛m 1⎞ ⎥
⎢ 2m 2 − 4νn 2 + 2(1 + 2ν) (m + 1) 2 ⎜ + ⎟ ⎥
⎢+ n ⎝ n n⎠ − ⎥
⎢ B 3 ⎥
⎢ ⎥
⎢4(1 − ν)(1 − 2ν )⎛⎜ 1 − 1 ⎞
⎟ ⎥
⎢⎣ ⎝ F + m B + m + 1⎠ ⎥⎦
170
em que,
n =r/D (6.88)
m=z/D (6.89)
F = n 2 + m2 (6.90)
A = n 2 + (m − 1) 2 (6.91)
B = n 2 + (m + 1) 2 (6.92)
p/unidade de comprimento
3pz 3 a
Δσ z = (6.93)
(a 2 + z 2 ) 5
Δσ r = Δσ θ =
pza
[2(1 + ν)(a 2
+ z 2 ) − 3z 2 ] (6.94)
2 (a 2 + z 2 ) 5
Δτ rz = 0 (6.95)
⎛
p(1 + ν)a z2 ⎞
ρz = ⎜ 2(1 − ν ) + ⎟ (6.96)
2 2 ⎜ ( a 2
+ z 2 ⎟
)
E (a + z ) ⎝ ⎠
ρr = 0 (6.97)
171
13 - Carga vertical distribuída em faixa infinita na superfície de um semi-espaço infinito
(Figura 6.20).
p/unidade de área
p
Δσ z = [α + sen α cos (α + 2δ)] (6.98)
π
p
Δσ x = [α − sen α cos (α + 2δ)] (6.99)
π
2p
Δσ y = να (6.100)
π
p
Δ τ xz = sen α sen (α + 2δ) (6.101)
π
172
QUADRO 6.3 – Valores de Δσ z p , Δσ x p , Δτ xz p - Carga vertical distribuída em faixa
infinita na superfície de um semi-espaço infinito
Δσ z Δσ x Δτ xz Δσ z Δσ x Δτ xz
x/b z/b p p p x/b z/b p p p
0 0 1,000 1,000 0 2,0 0,25 0,0027 0,0987 0,0164
0,5 0,9594 0,4498 0 0,5 0,0194 0,1714 0,0552
1,0 0,8183 0,1817 0 1,0 0,0776 0,2021 0,1305
1,5 0,6678 0,0803 0 1,5 0,1458 0,1847 0,1568
2,0 0,5508 0,0410 0 2,0 0,1847 0,1456 0,1567
2,5 0,4617 0,0228 0 2,5 0,2045 0,1256 0,1442
0,5 0 1,000 1,000 0
0,25 0,9787 0,6214 0,0522 2,5 0,5 0,0068 0,1104 0,0254
0,5 0,9028 0,3920 0,1274 1,0 0,0357 0,1615 0,0739
1,0 0,7352 0,1863 0,1590 1,5 0,0771 0,1645 0,1096
1,5 0,6078 0,0994 0,1275 2,0 0,1139 0,1447 0,1258
2,0 0,5107 0,0542 0,0959 2,5 0,1409 0,1205 0,1266
2,5 0,4372 0,0334 0,0721
1,0 0,25 0,4996 0,4208 0,3134 3,0 0,5 0,0026 0,0741 0,0137
0,5 0,4969 0,3472 0,2996 1,0 0,0171 0,1221 0,0449
1,0 0,4797 0,2250 0,2546 1,5 0,427 0,1388 0,0757
1,5 0,4480 0,1424 0,2037 2,0 0,705 0,1341 0,0954
2,0 0,4095 0,0908 0,1592 2,5 0,952 0,1196 0,1036
2,5 0,3701 0,0595 0,1243 3,0 0,1139 0,1019 0,1057
1,5 0,25 0,0177 0,2079 0,0606
0,5 0,0892 0,2850 0,1466
1,0 0,2488 0,2137 0,2101
1,5 0,2704 0,1807 0,2022
2,0 0,2876 0,1268 0,1754
2,5 0,2851 0,0892 0,1469
Fonte: Jurgenson, 1934 in Das, 1983
173
Figura 6.21 – Bulbo de tensões para carregamento distribuído em faixa infinita
174
Fonte: Fernandes, 1994
Figura 6.22 – Bulbos de tensões para duas faixas infinitas uniformemente carregadas de igual
largura , e cuja distância entre os eixos é o dobro da largura da faixa.
2 p (1 − ν 2 )
ρ z ( x, 0) − ρ z (0 ,0) = {(x − b) ln x − b − (x + b) ln x + b + 2b ln b} (6.102)
πE
175
14 - Carga horizontal distribuída em faixa infinita na superfície de um semi-espaço infinito
(Figura 6.23).
q /unidade de área
R2
R1
q
Δσ z = [sen α sen (α + 2δ)] (6.103)
π
q ⎡ R 12 ⎤
Δσ x = ⎢ln 2 − sen α sen (α + 2δ)⎥ (6.104)
π ⎣⎢ R 2 ⎦⎥
q
Δ τ xz = (α − sen α cos (α + 2δ) (6.105)
π
Valores de Δσ x p são mostrados no Quadro 6.4, para alguns valores de x/b e de z/b.
A expressão para o deslocamento horizontal de um ponto na superfície, relativo ao
deslocamento no centro da faixa, é idêntica à expressão dada para o deslocamento vertical
relativo provocado por uma carga vertical uniforme em faixa infinita (equação 6.102)
2 p (1 − ν 2 )
ρ x ( x , 0) − ρ x (0 ,0) = {(x − b ) ln x − b − (x + b) ln x + b + 2b ln b} (6.106)
πE
176
QUADRO 6.4 - Valores de Δσ x p - Carga horizontal distribuída em faixa infinita na
superfície de um semi-espaço infinito
z/b
x/b 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 1,0
0,00 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0,10 0,1287 0,1252 0,1180 0,1073 0,0946 0,0814 0,0687 0,0572 0,0317
0,25 0,3253 0,3181 0,2982 0,2693 0,2357 0,02014 0,2692 0,2404 0,0780
0,50 0,6995 0,6776 0,6195 0,5421 0,4808 0,3851 0,3188 0,2629 0,1475
0,75 1,2390 1,1496 0,9655 0,7855 0,6379 0,5210 0,4283 0,3541 0,2058
1,00 - 1,5908 1,1541 0,9037 0,7312 0,6024 0,5020 0,4217 0,2577
1,25 1,3990 1,3091 1,1223 0,9384 0,7856 0,6623 0,5624 0,4804 0,3074
1,50 1,0248 1,0011 0,9377 0,8517 0,7591 0,6697 0,5881 0,5157 0,3489
1,75 0,8273 0,8170 0,7876 0,7437 0,6904 0,6328 0,5749 0,5190 0,3750
2,00 0,6995 0,6939 0,6776 0,6521 0,6195 0,5821 0,5421 0,5012 0,3851
2,50 0,5395 0,5372 0,5304 0,5194 0,5047 0,4869 0,4667 0,4446 0,3735
3,00 0,4414 0,4402 0,4366 0,4303 0,4229 0,4132 0,4017 0,3889 0,3447
4,00 0,3253 0,3248 0,3235 0,3212 0,3181 0,3143 0,3096 0,3042 0,2846
5,00 0,2582 0,2580 0,2573 0,2562 0,2547 0,2527 0,2504 0,2477 0,2375
6,00 0,2142 0,2141 0,2137 0,2131 0,2123 0,2112 0,2098 0,2083 0,2023
z/b
x/b 1,5 1,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0
0,00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0,10 0,0121 0,0051 0,0024 0,0013 0,0007 0,0004 0,0003 0,0002 0,00013 0,0001
0,25 0,0301 0,0129 0,0062 0,0033 0,00019 0,0012 0,0007 0,0005 0,00034 0,00025
0,50 0,0598 0,0269 0,0134 0,0073 0,0042 0,0026 0,0017 0,00114 0,00079 0,00057
0,75 0,0899 0,0429 0,0223 0,0124 0,0074 0,0046 0,0030 0,00205 0,00144 0,00104
1,00 0,1215 0,0615 0,0333 0,0191 0,0116 0,0074 0,0049 0,00335 0,00236 0,00171
1,25 0,1548 0,0825 0,0464 0,0275 0,0170 0,0110 0,0074 0,00510 0,00363 0,00265
1,50 0,1874 0,1049 0,0613 0,0373 0,0236 0,0155 0,0105 0,00736 0,00528 0,00387
1,75 0,2162 0,1271 0,0770 0,0483 0,0313 0,0209 0,0144 0,01013 0,00732 0,00541
2,00 0,2386 0,1475 0,0928 0,0598 0,0396 0,0269 0,0188 0,01339 0,00976 0,00272
2,50 0,2627 0,1788 0,1211 0,0826 0,0572 0,0403 0,0289 0,02112 0,01569 0,01185
3,00 0,2658 0,1962 0,1421 0,1024 0,0741 0,0541 0,0400 0,02993 0,02269 0,01742
4,00 0,2443 0,2014 0,1616 0,1276 0,0999 0,0780 0,0601 0,04789 0,03781 0,03006
5,00 0,2151 0,1888 0,1618 0,1362 0,1132 0,0934 0,0767 0,06285 0,05156 0,04239
6,00 0,1888 0,1712 0,1538 0,1352 0,1173 0,1008 0,0861 0,07320 0,06207 0,05259
Fonte: Das, 1983
177
15 – Carga vertical linearmente crescente na superfície de um semi-espaço infinito (Figura
6.24).
p/unidade de área
Esta situação pode ocorrer no caso, por exemplo, de um muro de seção triangular ou
trapezoidal, esta última, uma combinação de um carregamento vertical uniformemente
distribuído e de um carregamento vertical linearmente crescente. No último caso, os efeitos
dos dois carregamentos podem ser somados de acordo com o princípio da superposição de
efeitos.
Os acréscimos de tensões induzidos por este tipo de carregamento são dadas por
p ⎡ 2xα ⎤
Δσ z = ⎢ − sen 2δ⎥ (6.107)
2π ⎣ b ⎦
p ⎡ 2xα z R 12 ⎤
Δσ x = ⎢ − ln 2 + sen 2δ⎥ (6.108)
2π ⎣ b b R2 ⎦
p ⎡ 2zα ⎤
Δτ xz = ⎢1 + cos 2δ − (6.109)
2π ⎣ b ⎥⎦
ρ z (x,0) − ρ z (0,0 ) =
(
2p 1 − υ 2 ) ⎧⎪⎨ b 2
ln b −
x2 ⎛ x 2 b2 ⎞
ln x + ⎜⎜ −
bx ⎫
⎟ ln b − x + ⎪⎬ (6.110)
πbE ⎪⎩ 2 2 ⎝ 2 2 ⎟⎠ 2 ⎪⎭
Valores de Δσ z p foram tabelados por Scott, 1963 (in Poulos & Davis, 1973) e são
mostrados no Quadro 6.5, para alguns valores de x/b e de z/b.
178
QUADRO 6.5 - Valores de Δσ z p - Carga vertical linearmente crescente em faixa infinita na
superfície de um semi-espaço infinito
z/b
x/b 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 4,0 5,0
-3,0 0,0 0,0003 0,0018 0,00054 0,0107 0,0170 0,0235 0,0347 0,0422
-2,0 0,0 0,0008 0,0053 0,0140 0,0249 0,0356 0,0448 0,0567 0,0616
-1,0 0,0 0,0041 0,0217 0,0447 0,0643 0,0777 0,0854 0,0894 0,0858
0,0 0,0 0,0748 0,1273 0,1528 0,1592 0,1553 0,1469 0,1273 0,1098
1,0 0,5 0,4797 0,4092 0,3341 0,2749 0,2309 0,1979 0,1735 0,1241
2,0 0,5 0,4220 0,3524 0,2952 0,2500 0,2148 0,1872 0,1476 0,1211
3,0 0,0 0,0152 0,0622 0,1010 0,1206 0,1268 0,1258 0,1154 0,1026
4,0 0,0 0,0019 0,0119 0,0285 0,0457 0,0596 0,0691 0,0775 0,0776
5,0 0,0 0,0005 0,0035 0,0097 0,0182 0,0274 0,0358 0,0482 0,0546
Fonte: Das, 1983
α
R1 β x
R0 R2
z
Figura 6.25 - Carga vertical triangular assimétrica distribuída na superfície de um semi-espaço
infinito
Os acréscimos de tensões induzidos por este tipo de carregamento são dadas por
p ⎡x α a + b − x ⎤
Δσ z = + β⎥ (6.111)
π ⎢⎣ a b ⎦
p ⎡x α a + b − x 2 z R1 2 z R1 ⎤
Δσ x = ⎢ + β+ ln + ln ⎥ (6.112)
π⎣ a b a R0 b R2 ⎦
pz ⎡ α β ⎤
Δτ xz = − (6.113)
π ⎢⎣ a b ⎥⎦
179
17 - Carga vertical trapezoidal distribuída na superfície de um semi-espaço infinito (Figura
6.26)
b
a
p/unidade de área p
R1 x
α β R2
R0
z
(a) (b)
p ⎡ xα z ⎤
Δσ z = ⎢β + − 2 ( x − b) ⎥ (6.114)
π ⎢⎣ a R2 ⎥⎦
p ⎡ xα z 2 z R1 ⎤
Δσ x = ⎢β + + 2 ( x − b) + ln ⎥ (6.115)
π ⎣⎢ a R2 a R 0 ⎥⎦
p ⎡z α z2 ⎤
Δτ xz = − ⎢ − 2⎥ (6.116)
π ⎢⎣ a R 2 ⎥⎦
em que os fatores de influência, Iσ, publicados por Osterberg em 1957 (Poulos & Davis, 1973)
são dados por
1 ⎡⎛ a + b ⎞ b ⎤
Iσ = ⎢⎜ ⎟ (α 1 + α 2 ) − α 2 ⎥ (6.118)
π ⎣⎝ a ⎠ a ⎦
180
Valores do fator de influência, Iσ, para diferentes valores de a/z e b/z são dados na Figura
6.27.
Fator de Influência Iσ
Δσz
181
18 – Carga vertical uniformemente distribuída em uma área retangular (Figura 6.28).
p/unidade de área
p ⎡ ⎛ L b ⎞ L bz ⎛ 1
⎜ 1 ⎞⎤
⎟⎥
Δσ z = ⎢arctan⎜⎜ ⎟⎟ +
⎜ + 2 ⎟ (6.119)
2 π ⎢⎣ 2
⎝ z R 3 ⎠ R 3 ⎝ R1 R 2 ⎠ ⎥⎦
p ⎡ ⎛ L b ⎞ L bz ⎤
Δσ x = ⎢arctan⎜⎜ ⎟⎟ − ⎥ (6.120)
2 π ⎣⎢ ⎝ z R 3 ⎠ R 12 R 3 ⎥⎦
p ⎡ ⎛ L b ⎞ L bz ⎤
Δσ y = ⎢arctan⎜⎜ ⎟⎟ − ⎥ (6.121)
2 π ⎢⎣ 2
⎝ zR3 ⎠ R2 R3 ⎥⎦
p ⎛⎜ b z2 b ⎞
⎟
Δτ xz = − (6.122)
2 π ⎜⎝ R 2 R 12 R 3 ⎟
⎠
p ⎛⎜ L z2 L ⎞
⎟
Δτ yz = − 2 (6.123)
2 π ⎜⎝ R 1 R 2 R 3 ⎟
⎠
p ⎛ z ⎛ 1 1 ⎞ ⎞⎟
Δτ xy = ⎜1 + − z ⎜⎜ − ⎟⎟ (6.124)
2 π ⎜⎝ R3 R
⎝ 1 R 2 ⎠⎠
⎟
em que,
R 1 = L2 + z 2 (6.125)
R 2 = b2 + z2 (6.126)
R 3 = L2 + b 2 + z 2 (6.127)
182
Os valores de L e b são intercambiáveis, exceto nas equações (6.123) e (6.124).
O valor do acréscimo de tensão vertical, Δσz, em um ponto a uma profundidade z sob o
vértice de uma área uniformemente carregada, foi apresentado por Newmark em 1935 (in
(Das, 1983)) seguinte forma
Δσ z = p I σ (6.128)
em que p é a carga por unidade de área. Valores de Iσ podem ser obtidos de um ábaco em
função de m e n, conforme mostrado na Figura 6.29 em que
L b
m= n= (6.129)
z z
183
Δσz
184
Nos pontos situados abaixo da quina do retângulo, Harr em 1966 (in Poulos & Davis, 1973)
determinou a seguinte expressão para o deslocamento vertical
pb ⎛ 1 − 2ν ⎞
ρz = (1 − ν 2 ) ⎜ A − B⎟ (6.130)
E ⎝ 1− ν ⎠
em que
1 ⎛ 1 + m12 + n 12 + m1 1 + m12 + n 12 + 1 ⎞⎟
A= ⎜ ln + m 1 ln (6.131)
2π ⎜ ⎟
⎝ 1 + m12 + n 12 − m1 1 + m 12 + n 12 − 1 ⎠
n1 m1
B= tan −1 (6.132)
2π n 1 1 + m12 + n 12
m1 = L b (6.133)
n1 = z b (6.134)
Giroud, em 1968 (in Poulos & Davis, 1973), determinou equações e fatores de influência, IM,
IN, IQ, Io, para o deslocamento vertical na superfície (z=0) em quatro pontos da área retangular
carregada, como mostrado na Figura 6.30, e para o deslocamento médio (Im).
M Q
b O N
L
Figura 6.30 – Pontos da área retangular carregada: M - centro do lado maior; N - centro do
lado menor; Q – quina; O – centro do retângulo.
(1 − ν 2 )
ρz = pb I (6.135)
E
185
QUADRO 6.6 - Fatores de influência para deslocamento vertical de pontos na superfície -
Carga vertical distribuída em uma área retangular
α=L/b IQ IM IN I0 Im α=L/b IQ IM IN I0 Im
1 0,561 0,766 0,766 1,122 0,946 15 1,401 2,362 1,621 2,802 2,498
1,1 0,588 0,810 0,795 1,176 0,992 20 1,493 2,544 1,713 2,985 2,677
1,2 0,613 0,852 0,822 1,226 1,035 25 1,564 2,686 1,784 3,127 2,817
1,3 0,636 0,892 0,847 1,273 1,075 30 1,622 2,802 1,842 3,243 2,932
1,4 0,658 0,930 0,870 1,317 1,112 40 1,713 2,985 1,934 3,426 3,113
1,5 0.679 0,966 0,892 1,358 1,148 50 1,784 3,127 2,005 3,568 3,254
1,6 0,698 1,000 0,912 1,396 1,181 60 1,842 3,243 2,063 3,684 3,370
1,7 0,716 1,033 0,931 1,433 1,213 70 1,891 3,341 2,112 3,783 3,467
1,8 0,734 1,064 0,949 1,467 1,244 80 1,934 3,426 2,154 3,868 3,552
1,9 0,750 1,094 0,966 1,500 1,273 90 1,971 3,501 2,192 3,943 3,627
2 0,766 1,122 0,982 1,532 1,300 100 2,005 3,568 2,225 4,010 3,693
2,2 0,795 1,176 1,012 1,590 1,353 200 2,225 4,010 2,446 4,451 4,134
2,4 0,822 1,226 1,039 1,644 1,401 300 2,355 4,268 2,575 4,709 4,391
2,5 0,835 1,250 1,052 1,669 1,424 400 2,446 4,451 2,667 4,892 4,574
3 0,892 1,358 1,110 1,783 1,527 500 2,517 4,593 2,738 5,034 4,717
3,5 0,940 1,450 1,159 1,880 1,616 600 2,575 4,709 2,796 5,150 4,833
4 0,982 1,532 1,201 1,964 1,694 700 2,624 4,807 2,845 5,248 4,931
4,5 1,019 1,604 1,239 2,038 1,763 800 2,667 4,892 2,887 5,333 5,015
5 1,052 1,669 1,272 2,105 1,826 900 2,704 4,967 2,925 5,408 5,092
6 1,110 1,783 1,330 2,220 1,935 103 2,738 5,034 2,958 5,476 5,158
7 1,159 1,880 1,379 2,318 2,028 104 3,471 6,500 3,691 6,941 6,623
8 1,201 1,964 1,422 2,403 2,110 105 4,204 7,966 4,424 8,407 8,089
9 1,239 2,038 1,459 2,477 2,182 106 4,937 9,432 5,157 9,874 9,555
10 1,272 2,105 1,493 2,544 2,246 ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞
Fonte: Poulos & Davis, 1973
Para calcular o valor de Δσz em um ponto que não esteja situado sob o vértice da área
uniformemente carregada, deve-se adicionar e subtrair convenientemente, áreas carregadas
ao problema em questão. Uma situação deste tipo está ilustrada na Figura 6.28.
A B C
D F
E
G H R
Figura 6.31 – Esquema para cálculo de Δσz em um ponto R afastado de uma placa retangular
carregada uniformemente.
186
Como o ponto R está fora da área carregada, as equações (6.111) a (6.119) e o ábaco da
Figura 6.28 não podem ser aplicados diretamente. Entretanto, admitindo-se domínio elástico,
aplica-se o princípio da superposição de efeitos. Assim, o problema pode ser resolvido
calculando-se o incremento de tensão devido à área ACGR e deduzindo-se o incremento
devido a BCHR e DFGR. Como isto implica a dedução duas vezes da área EFHR, calcula-se
o incremento devido a essa área, que é então somado ao valor anteriormente obtido. Portanto,
o acréscimo de tensão vertical no ponto R induzido pela placa uniformemente carregada
ABDE é calculado através da expressão
Na Figura 6.32 é mostrado o bulbo de tensões para uma placa quadrada uniformemente
carregada.
187
19 – Carga vertical distribuída em uma área retangular atuando abaixo de uma superfície
semi-infinita (Figura 6.33)
p/unidade de área
Figura 6.33 - Carga vertical distribuída em uma área retangular atuando abaixo de uma
superfície semi-infinita
Este tipo de carregamento acontece, por exemplo, no caso de uma sapata retangular atuando
abaixo de uma superfície semi-infinita.
O acréscimo de tensão vertical na quina da área retangular é dado por
⎡ ⎛ ab ab ⎞ (z − h ) a R 1 a (z − h )3 ⎤
⎢(1 − υ) ⎜⎜ arctan + arctan ⎟⎟ + − + ⎥
⎢ ⎝ (z − h ) R 1 (z + h ) R 2 ⎠ 2 br12 2 br32 R 1 ⎥
Δσ z =
p
⎢
⎢ [ [
(3 − 4υ) z (z + h ) − h (5z − h )]a R 2 (3 − 4υ) z (z + h ) − h (z + h )(5z − h ) a ⎥
−
2
] ⎥
(6.137)
em que,
R 12 = a 2 + b 2 + (z − h ) ; R 22 = a 2 + b 2 + (z + h ) ;
2 2
r12 = a 2 + (z − h ) ; r22 = a 2 + (z + h ) ;
2 2
r32 = b 2 + (z − h )2 ; r42 = b 2 + (z + h ) ;
2
r52 = b 2 − (z + h )2 . (6.138)
Os acréscimos de tensão em outros pontos no interior da massa de solo podem ser obtidos
utilizando o princípio da superposição.
O deslocamento vertical na quina da área retangular é calculado através de
188
p a Iρ
ρz = (6.139)
E
( )
⎡ ⎧ ⎛ 2 ⎞ ⎫ ⎤
⎢k 1 ⎪⎨β ln ⎜ 1 + 1 + β ⎟ + ln β + 1 + β 2 ⎪⎬ + ⎥
⎢ ⎪ ⎜ β ⎟ ⎥
⎝ ⎠ ⎪⎭
⎢ ⎩ ⎥
⎢ ⎧ ⎛ ⎞ ⎫ ⎥
⎢ ⎪ ⎜
I ρ = k 0 ⎢k 2 ⎨ln
β+t ⎛
⎟ + β ln ⎜ 1 + t ⎞ ⎛
⎟⎟ − 2 α β arctan ⎜⎜
1 ⎞ ⎛
⎟⎟ + 4α β arctan ⎜
(1 − s )(β s − t ) ⎞ ⎪ ⎥
⎜ ⎟ ⎬⎥
⎜ 2 2 ⎟
⎝ βs ⎠ ⎝ 2αβ ⎠ ⎝ 2α ⎠⎪
⎢ ⎪⎩ ⎝ 1 + 4α β ⎠ ⎭⎥
⎢ 4 ⎥
⎢+ 2 α β k arctan ⎛⎜ 1 ⎞⎟ + 8α β t ⎧ 1 1⎫ ⎥
⎨2 + − ⎬
⎢
⎢⎣
1
(
⎝ 2αt ⎠ s 2 1 + 4α 2 t 2 ⎩ )4α 2 t 2 ⎭ ⎥
⎥⎦
(6.140)
1+ ν
k0 =
8π(1 − ν )
k 1 = 3 − 4ν
k 2 = 5 − 12ν + 8ν 2
α=h/b β = b/a
s = 1 + 4α 2
(6.141)
2 2
t = 1 + β (1 + 4α )
p/unidade de área
Figura 6.34 - Carga vertical distribuída sobre uma área circular na superfície de um semi-
espaço infinito.
189
Esta situação ocorre, por exemplo, no caso de um tanque cilíndrico carregado de grãos ou
água, ou de uma fundação de chaminé de seção circular, que transmitem uma carga de
distribuição uniforme, p, à superfície do terreno.
Os esforços produzidos por uma placa circular, uniformemente carregada, na vertical que
passa pelo centro da placa, podem ser calculados por meio da integração da equação de
Boussinesq, para toda a área circular. Portanto, os acréscimos de tensão e o deslocamento
vertical em pontos ao longo do eixo de axissimetria são dados por
⎡ 3
2⎤
⎢ ⎧⎪ 1
⎫
⎪ ⎥
Δσ z = p ⎢1 − ⎨ 2⎬
⎥ (6.142)
⎢ ⎪1 + a
⎢⎣ ⎩ z
( )⎪
⎭
⎥
⎥⎦
⎡ ⎤
p⎢ 2(1 + ν ) z z3
Δσ r = Δσ θ = (1 + 2ν ) − + ⎥ (6.143)
2⎢
⎣ ( 1
)
a 2 + z2 2 a2 + z2 ( ) 3 ⎥
2
⎦
ρz =
( )
2pa 1 − ν 2 ⎛
⎜ 1 + (z a )2
− z / a ⎞
⎟ *
⎡
⎢1 +
z/a ⎤
⎥ (6.144)
E ⎝ ⎠ ⎢ 2(1 − ν ) 1 + (z / a )2 ⎥
⎣ ⎦
190
a
x/a
z/a
Δσ v
p
Δσ z = p I σ (6.145)
em que
3
⎧ ⎫ 2
⎪ 1 ⎪
Iσ = 1− ⎨ 2⎬
(6.146)
⎪1 + a
⎩
( )
z
⎪
⎭
191
No Quadro 6.7 são mostrados alguns valores de Iσ para alguns valores de a/z.
QUADRO 6.7 – Fatores de influência para acréscimo de tensão vertical - Carga vertical
distribuída sobre uma área circular na superfície de um semi-espaço infinito.
___________________________________________________________________________
r/z 0,10 0,25 0,50 0,75 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00
Iσ 0,014 0,087 0,284 0,488 0,646 0,829 0,910 0,949 0,968
___________________________________________________________________________
21 – Carga vertical distribuída sobre a metade de uma superfície semi-infinita (Figura 6.36)
p/unidade de área
R R
β
β
(-x,z) (x,z)
Figura 6.36 - Carga vertical distribuída sobre a metade de uma superfície semi-infinita.
p⎛ xz ⎞
Δσ z = ⎜β + 2 ⎟ (6.147)
π⎝ R ⎠
p⎛ xz ⎞
Δσ x = ⎜β − 2 ⎟ (6.148)
π⎝ R ⎠
p
Δτ xz = − sen 2 β (6.149)
π
192
22 - Carga pontual vertical na superfície de uma camada finita (Figura 6.37)
z
h r P(x,z)
base rígida
As equações para o cálculo dos acréscimos de tensão radial, σr, circunferencial, σθ, e
tangencial, τrz, e deslocamentos vertical e radial são
P
Δσ z = I σz (6.150)
2π h 2
P
Δσ r = I σr (6.151)
2π h 2
P
Δσ θ = I σθ (6.152)
2π h 2
P
Δτ rz = I τrz (6.153)
2π h 2
P
ρ z = I ρz (6.154)
2π hE
P
ρ z = I ρr (6.155)
2π hE
em que Iσz, Iσr, Iσθ, Iτrz, Iρz e Iρr são fatores de influência para diferentes valores do coeficiente
de Poisson. Estes valores foram tabelados por Poulos & Davis (1973) e são apresentados nos
Quadros 6.8 a 6.13.
193
QUADRO 6.8 - Fatores de influência Iσz para acréscimo de tensão vertical, Δσz - Carga
vertical pontual na superfície de uma camada finita
196
QUADRO 6.11 - Fatores de influência Iτrz para acréscimo de tensão cisalhante, Δτrz - Carga
vertical pontual na superfície de uma camada finita
QUADRO 6.13 - Fatores de influência, Iρr para deslocamento radial na superfície - Carga
vertical pontual na superfície de uma camada finita
r/h 0 0,2 0,4 0,5 r/h 0 0,2 0,4 0,5
0,05 19,959 14,362 5,559 -0,041 1,25 0,292 0,150 -0,175 -0,380
0,1 9,948 7,124 2,723 -0,078 1,5 0,167 0,048 -0,163 -0,315
0,2 4,896 3,455 1,250 -0,156 1,75 0,097 0,012 -0,134 -0,250
0,3 3,183 2,184 0,716 -0,225 2,0 0,060 0,002 -0,109 -0,195
0,4 2,308 1,523 0,426 -0,288 2,5 0,027 0,003 0,070 -0,118
0,5 1,773 1,064 0,232 -0,326 3,0 0,010 -0,002 -0,038 -0,072
0,6 1,277 0,824 0,102 -0,376 3,5 0,003 -0,008 -0,022 -0,046
0,7 1,000 0,620 0,008 -0,405 4,0 0,002 -0,000 -0,014 -0,029
0,8 0,789 0,465 -0,063 -0,420 6,0 0,000 -0,000 -0,002 -0,002
0,9 0,627 0,349 -0,111 -0,421 8,0 0,000 -0,000 -0,000 -0,001
1,0 0,499 0,259 -0,141 -0,417 10,0 0,000 -0,000 -0,000 -0,000
Fonte: Poulos & Davis, 1973
p p/unidade de comprimento
z
h r P(x,z)
base rígida
198
Uma camada de solo elástico, de espessura h e sobrejacente a uma base rugosa rígida é
mostrada na Figura 6.38. Uma carga p por unidade de comprimento atua na superfície da
camada de solo. O acréscimo de tensão vertical em um ponto qualquer P(x,z) no interior da
camada de solo é expresso por
p
Δσ z = Iz (6.156)
πh
em que Iz é o fator de influência, função de z/h, x/h e do coeficiente de Poisson, ν. Valores de
Iz para diferentes valores de ν, são apresentados nos Quadros 6.14, 6.15, 6.16, 6.17.
QUADRO 6.14 – Fatores de influência, Iz para acréscimo de tensão vertical - Carga vertical
em linha na superfície de uma camada finita - ν = 0
z/h
x/h 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,4 0,2
0,0 2,634 2,787 2,980 3,249 3,641 5,157 9,891
0,1 2,573 2,713 2,885 3,118 3,443 4,516 5,946
0,2 2,400 2,505 2,627 2,774 2,948 3,251 2,341
0,3 2,144 2,203 2,261 2,311 2,335 2,099 0,918
0,4 1,840 1,855 1,857 1,830 1,751 1,301 0,407
0,5 1,525 1,504 1,465 1,391 1,265 0,803 0,205
0,6 1,223 1,179 1,117 1,024 0,889 0,497 0,110
0,7 0,954 0,898 0,827 0,733 0,611 0,308 0,062
0,8 0,721 0,661 0,592 0,508 0,408 0,185 0,032
0,9 0,536 0,479 0,417 0,345 0,267 0,108 0,015
1,0 0,357 0,306 0,254 0,199 0,144 0,045 -0,000
1,25 0,121 0,091 0,062 0,035 0,013 -0,016 -0,014
1,5 0,010 -0,005 -0,018 -0,028 -0,033 -0,035 -0,019
1,75 -0,030 -0,036 -0,040 -0,042 -0,039 -0,032 -0,017
2,0 -0,042 -0,042 -0,041 -0,039 -0,035 -0,025 -0,013
2,5 -0,025 -0,022 -0,019 -0,016 -0,013 -0,006 0,000
3,0 -0,010 -0,007 -0,005 -0,003 -0,000 0,003 0,006
4,0 0,006 0,006 -0,007 0,007 0,008 0,009 0,009
6,0 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005
8,0 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Fonte: Das, 1983
199
QUADRO 6.15 – Fatores de influência, Iz para carga vertical em linha na superfície de uma
camada finita - ν = 0,2
z/h
x/h 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,4 0,2
0,0 2,566 2,759 2,975 3,256 3,653 5,127 9,899
0,1 2,503 2,682 2,877 3,122 3,452 4,505 5,952
0,2 2,331 2,471 2,614 2,773 2,954 3,217 2,347
0,3 2,075 2,162 2,240 2,302 2,333 2,081 0,922
0,4 1,774 1,810 1,828 1,812 1,741 1,257 0,409
0,5 1,462 1,455 1,429 1,365 1,247 0,774 0,204
0,6 1,168 1,130 1,077 0,993 0,867 0,443 0,107
0,7 0,906 0,850 0,785 0,698 0,584 0,270 0,056
0,8 0,683 0,619 0,553 0,473 0,379 0,124 0,024
0,9 0,507 0,443 0,380 0,311 0,237 0,066 0,006
1,0 0,338 0,279 0,224 0,169 0,116 -0,020 -0,011
1,25 0,123 0,082 0,047 0,018 -0,005 -0,057 -0,024
1,5 0,027 0,003 -0,016 -0,031 -0,040 -0,097 -0,026
1,75 -0,006 -0,019 -0,029 -0,036 -0,038 -0,064 -0,019
2,0 -0,014 -0,019 -0,022 -0,026 -0,026 -0,131 -0,011
2,5 -0,003 -0,004 -0,004 -0,004 -0,004 -0,042 0,002
3,0 0,004 0,004 0,004 0,004 0,004 0,005 0,006
4,0 0,005 0,005 0,004 0,005 0,005 0,005 0,004
6,0 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
8,0 -0,000 -0,000 -0,001 -0,001 -0,001 -0,001 -0,001
Fonte: Das, 1983
200
QUADRO 6.16 – Fatores de influência, Iz para carga vertical em linha na superfície de uma
camada finita - ν = 0,4
z/h
x/h 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,4 0,2
0,0 2,539 2,787 3,025 3,312 3,704 5,201 9,905
0,1 2,471 2,702 2,920 3,171 3,498 4,585 5,957
0,2 2,291 2,477 2,642 2,810 2,990 3,283 2,351
0,3 2,021 2,145 2,245 2,318 2,352 2,117 0,923
0,4 1,711 1,773 1,810 1,808 1,744 1,307 0,409
0,5 1,389 1,397 1,387 1,338 1,231 0,792 0,201
0,6 1,092 1,061 1,021 0,951 0,837 0,476 0,105
0,7 0,830 0,774 0,718 0,644 0,543 0,276 0,053
0,8 0,615 0,547 0,485 0,416 0,335 0,150 0,023
0,9 0,447 0,375 0,314 0,254 0,192 0,070 0,005
1,0 0,294 0,224 0,167 0,117 0,075 0,010 -0,007
1,25 0,111 0,059 0,020 -0,010 -0,028 -0,037 -0,015
1,5 0,043 0,011 -0,014 -0,031 -0,040 -0,035 -0,011
1,75 0,024 0,005 -0,010 -0,021 -0,026 -0,021 -0,005
2,0 0,025 0,015 0,006 -0,001 -0,005 -0,005 0,002
2,5 0,027 0,022 0,018 0,014 0,011 0,007 0,006
3,0 0,022 0,019 0,017 0,014 0,012 0,008 0,005
4,0 0,008 0,006 0,005 0,004 0,003 0,001 0,000
6,0 0,000 -0,000 -0,000 -0,001 -0,001 -0,001 -0,001
8,0 -0,001 -0,001 -0,001 -0,001 -0,001 -0,001 -0,001
Fonte: Das, 1983
201
QUADRO 6.17 – Fatores de influência, Iz para carga vertical em linha na superfície de uma
camada finita - ν = 0,5
z/h
x/h 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,4 0,2
0,0 2,580 2,865 3,113 3,391 3,772 5,234 9,911
0,1 2,508 2,774 3,001 3,243 3,562 4,586 5,960
0,2 2,312 2,528 2,703 2,876 3,040 3,305 2,343
0,3 2,023 2,170 2,279 2,349 2,383 2,128 0,907
0,4 1,689 1,766 1,815 1,815 1,755 1,307 0,389
0,5 1,350 1,365 1,365 1,320 1,223 0,786 0,187
0,6 1,039 1,008 0,978 0,916 0,814 0,466 0,099
0,7 0,771 0,711 0,661 0,594 0,509 0,264 0,058
0,8 0,553 0,478 0,421 0,360 0,294 0,137 0,035
0,9 0,390 0,309 0,251 0,195 0,149 0,057 0,020
1,0 0,241 0,162 0,106 0,062 0,032 -0,005 0,005
1,25 0,079 0,020 -0,023 -0,055 -0,064 -0,057 -0,021
1,5 0,026 -0,013 -0,042 -0,064 -0,070 -0,061 -0,034
1,75 0,018 -0,006 -0,027 -0,046 -0,049 -0,047 -0,034
2,0 0,024 0,010 -0,003 -0,014 -0,020 -0,026 -0,025
2,5 0,034 0,027 0,020 0,001 0,009 -0,000 -0,006
3,0 0,032 0,028 0,023 0,015 0,015 0,008 0,003
4,0 0,019 0,017 0,015 0,013 0,011 0,008 0,007
6,0 0,006 0,005 0,004 0,004 0,004 0,003 0,002
8,0 0,001 0,000 0,000 0,000 0,000 -0,000 -0,001
Fonte: Das, 1983
O ábaco de Newmark pode ser empregado nos casos em que a configuração da área carregada
na superfície do terreno é muito irregular. Com base na solução de Love para placa circular
uniformemente carregada, Newmark desenvolveu um método gráfico que permite obter
tensões verticais induzidas por um carregamento uniforme qualquer que atue na superfície do
terreno. Este ábaco baseia-se no fato de que quando se aplica uma pressão sobre toda a
extensão da superfície de um terreno, em um ponto qualquer, a uma profundidade qualquer, o
acréscimo de tensão induzido é igual ao somatório dos efeitos provocados por carregamentos
em áreas parciais que cubram toda a superfície. Cada uma destas áreas contribui com uma
parcela do acréscimo de tensão. Deste modo, a superfície do terreno pode ser dividida em
diversas áreas em que cada uma é responsável por uma parcela do acréscimo de tensão.
Na construção do ábaco, consideram-se, inicialmente, os raios de círculo que, se carregados
na superfície do terreno, provocam, na vertical passando pelo centro do círculo e a uma dada
profundidade, acréscimos de tensão correspondentes a 10%, 20%, 30%, etc. da pressão
aplicada na superfície, definindo, deste modo, os círculos do ábaco, conforme mostra a Figura
6.39. Este procedimento divide a superfície do terreno em 10 áreas, cuja influência é de 10%
do efeito do carregamento em toda a área. Em seguida, divide-se cada anel em 20 setores
iguais. Desta maneira, o terreno ficou dividido em 200 áreas de igual influência. Deve-se
observar que o ábaco fica relacionado a uma dimensão que, em escala, representa a
202
profundidade do ponto em que se quer calcular o acréscimo de tensão induzido pelo
carregamento na superfície (Pinto, 2000).
Para construir o ábaco de Newmark, emprega-se a equação de Boussinesq para acréscimos de
tensões verticais, integrada por Love para a determinação do acréscimo de tensão em pontos
ao longo de uma vertical passando pelo centro de uma área circular uniformemente carregada,
equação 6.142, que pode ser reescrita como
3/ 2
⎡ ⎤
Δσ z 1
= Iσ = 1 − ⎢ ⎥ (6.157)
p ⎢
( )
a
⎢⎣1 + z
2⎥
⎥⎦
203
unidade de influência
0,005p
r=0,269z
r=0,400z
Suponha-se que a planta de uma edificação com formato irregular é conhecida e que se queira
determinar a influência desta edificação em um ponto do solo a uma determinada
profundidade. O procedimento consiste em desenhar a planta da edificação na mesma escala
204
em que foi construído o ábaco, de modo que o ponto em questão fique no centro do ábaco,
como exemplificado na Figura 6.14, e contar o número de “quadradinhos” do ábaco que foi
ocupado pela planta. Como cada um dos “quadradinhos” carregado provoca, no ponto em
questão, 0,005p ou 0,5% da tensão aplicada, a tensão vertical induzida pelo carregamento na
superfície no ponto é obtida multiplicando-se o número de “quadradinhos” carregados pelo
valor de influência (0,005) vezes a tensão aplicada. Na contagem, deve-se fazer uma
compensação para as frações de “quadradinhos” abrangidos pela edificação. A tensão
determinada corresponde sempre ao ponto situado na projeção do centro dos círculos, na
profundidade estabelecida pela escala do desenho. As tensões em outras profundidades
poderão ser obtidas desenhando-se outro ábaco ou outra planta de edificação de maneira a
compatibilizar as escalas (Pinto, 2000).
Muitas vezes é necessário representar a alteração de tensões sofrida por um elemento de solo
durante um certo carregamento. Se o material é admitido perfeitamente elástico e linear, o
estado final de tensões e deformações independe dos estados intermediários. Não há histerese
nem não-linearidade da curva de tensão-deformação e, conseqüentemente, cada estado
depende somente das tensões que atuam naquele momento. Em plasticidade, ao contrário, o
estado final depende de como o material se comportou durante o carregamento. Ao se
plastificar, um elemento transfere carga para os demais. O material apresenta, ainda, histerese
e não-linearidade da curva tensão-deformação. Por esta razão, é importante conhecer sua
trajetória de tensões.
As trajetórias de tensão podem ser definidas como trajetórias de tensões totais (TTT) e
trajetórias de tensões efetivas (TTE).
Uma das formas de se traçar trajetórias de tensão de um ponto é adotar um sistema de eixos
tridimensional em que as variáveis são os invariantes de tensão ou, alternativamente, podem
ser adotadas as tensões octaédricas. Estas soluções, entretanto, não são práticas, pois tanto a
representação gráfica quanto o cálculo de τoct são trabalhosos (Ortigão, 1993).
Para representar as trajetórias de tensões no caso bidimensional, têm sido empregados o
diagrama tipo MIT (Massachussetts Institute of Technology) (Lambe e Whitman, 1979), e o
diagrama tipo Cambridge (Universidade de Cambridge) (Atkinson & Bransby, 1978).
206
i) Diagrama tipo MIT
Este tipo de diagrama, também conhecido por diagrama s-t, é construído do mesmo modo que
o círculo de Mohr.
Considere-se a sucessão de estados de tensão mostrada na Figura 6.36a. Considerando o ponto
A no topo do primeiro círculo, antes do carregamento, e os pontos B, C, D, etc., nos círculos
seguintes, a trajetória de tensão correspondente será uma linha unindo os pontos A a E,
conforme mostrado na Figura 6.36b. Isto corresponde a se tomar os eixos coordenados s e t,
de modo que
σ1 + σ 3 σ1 − σ 3
s= t= (6.157)
2 2
Se as tensões principais atuam nos planos vertical e horizontal, as equações (6.157) tornam-se
σv + σh σv − σh
s= t= (6.158)
2 2
A marcação de um ponto no diagrama s-t pode ser feita também pelo método dos LGs,
traçando, a partir do eixo s, os lugares geométricos dos pontos que têm valores constantes de
tensão vertical, σv e horizontal, σh, tendo em mente que:
(a) O LG dos pontos de mesma tensão vertical, σv, é uma reta a partir da abscissa s=σv, com
inclinação de 450 , à esquerda, como mostrado na Figura 6.37a;
(b) O LG dos pontos de mesma tensão horizontal, σh, é uma reta a partir da abscissa s=σh,
com inclinação de 450 , à direita, como mostrado na Figura 6.37b;
(c) O LG dos pontos em que σv=σh, é uma reta coincidente com o eixo s, denominada eixo
hidrostático, como mostrado na Figura 6.37c;
(d) O LG dos pontos em que t/s=constante, ou σv/σh=k=constante, é uma reta inclinada, como
mostrado na Figura 6.37d;
207
τ
E
D
C
B
A
(a)
σ
E
D
C
B
A
(b)
s
208
t
1
1
(a)
σv s
1
1
(b)
h s
(c)
σv=σh s
t
k=k0
k>1
(d)
k=1 s
K<1
Figura 6.37 – (a) LG dos pontos em que s=σh; (b) LG dos pontos em que s=σv;
(c) LG dos pontos em que σv=σh; (d) LG dos pontos em que σv/σh=k=constante
209
ii) Diagrama tipo Cambridge
Como a abscissa s não leva em conta a influência da tensão principal intermediária, σ2, um
outro sistema de eixos coordenados, p-q, relacionado às tensões octaédricas, σoct e τoct, tem
sido adotado (Figura 6.38), de modo que
3
p = σ oct q= τ oct (6.160)
2
q
q = σ1 − σ 3 (6.161)
210
6.7 – Exemplos
1000 kN
4,24m 3m
=20 kN/m3
P
3m
Resolução:
• cálculo de R:
R = (3 2 + 3 2 ) 0.5
R = 4.24
3 x 1000 x 33
Δσ z = = 9,4 kPa
2 π 4,245
1000 ⎡ 3 x 32 x 3 (1 − 2 x 0,5) ⎤
Δσ r = ⎢ − ⎥ = 9,4 kPa
2π ⎣ 4,24
5
4,24 (4,24 + 3) ⎦
2 x 1000 x 3 x 32
Δτ rz = = 9,4 kPa
2 π 4,245
211
• as tensões iniciais são
σ v 0 = 3 x 20 = 60 kPa
σ h 0 = 0,5 x 60 = 30 kPa
2 – Para a situação do exemplo 1, calcular o valor de Δσz aplicando o ábaco da Figura 6.4.
Resolução:
1000
Δσ z = 0,084 = 9,3 kPa
3
212
3 - Calcular o acréscimo de pressão vertical nos pontos A e B, mostrados na figura abaixo,
transmitido ao terreno por um tanque circular de 6m de diâmetro, para uma pressão de 240
kPa. Os pontos A e B estão à profundidade de 3m, porém A está sob o centro do
carregamento e B, sob a borda.
R é o raio do tanque.
6m
240 kPA
3m
γ=16,5kN/m3
A B
Resolução:
4 - Calcular, a partir das equações (6.119) a (6.129) e do ábaco da Figura 6.29, o acréscimo de
tensão vertical Δσz a 5 m de profundidade sob a quina de uma sapata retangular de 6m x 8m,
carregada com 300 kPa.
Resolução:
R 1 = (6 2 + 5 2 ) 0,5 = 7,8 m
R 2 = (8 2 + 5 2 ) 0,5 = 9,4 m
R 3 = (6 2 + 8 2 + 5 2 ) 0,5 = 11,2 m
213
• acréscimo de tensão vertical:
300 ⎡ ⎤
Δ σz =
2π ⎣
⎛ 6x8 ⎞ 6x8x5
⎢a tan⎜⎜ ⎟⎟ + ( )
7,8 −2 + 9,4 −2 ⎥ = 62 kPa
⎝ 5 x 11,2 ⎠ 11,2 ⎦
m = l / z = 6 / 5 = 1,2
n = b / z = 8 / 5 = 1,6
• entrando no ábaco com estes valores, obtém-se o fator de influência I=0,21. O valor
de Δσz é dado por:
Δσ z = p I
Δσ z = 300 x 0,21 = 62 kPa
5 - A planta baixa apresentada na figura abaixo indica uma área retangular HECI carregada
com p=100 kPa, aplicada ao nível do terreno. Calcular o incremento de tensão vertical no
ponto A, afastado da área carregada tanto em planta quanto em profundidade, estando 10 m
abaixo do nível do terreno.
B G A
H
E F
P=100kPa
C I D
Resolução:
Como o ponto A está fora da área carregada, as equações (6.89) a (6.97) e do ábaco da Figura
6.20 não podem ser aplicados diretamente. Admitindo-se domínio elástico, aplica-se o
princípio da superposição de efeitos.
214
Área L (m) B (m) m (*) n(*) Iσ Δσz
ABCD 15 20 1,5 2,0 0,223 + 22,3
ABEF 5 20 0,5 2,0 0,135 - 13,5
AGID 15 5 1,5 0,5 0,131 - 13,1
AGHF 5 5 0,5 0,5 0,085 + 8,5
Δσz=4,2 kPa
(*) m=L/z e n=B/z
6 – Para o ponto A na figura abaixo, calcular o incremento de tensão vertical Δσz devido a
duas cargas verticais distribuídas em linha.
4m
p2 = 30 kN/m p1 = 20 kN/m
2m
A
2m
Resolução
Com o valor de x z para cada situação de carga, tem-se, a partir do Quadro 6.1, o valor de
Δσ z (p / z ) .
x 2 ⎛ Δσ z (1) ⎞
Para a carga p1, = =1 e, portanto, ⎜⎜ ⎟ = 0,159 . O acréscimo de tensão vertical é
⎟
z 2 (
⎝ 1 p / z ) ⎠
então
20
Δσ z (1) = 0,159 (p1 / z) = 0,159
2
Δσ z (1) =1,59 kN / m 2
x 6 ⎛ Δσ z ( 2) ⎞
Para a carga p2, = = 3 e, ⎜⎜ ⎟ = 0,006 . O acréscimo de tensão vertical para este
⎟
z 2 (
⎝ 2 p / z ) ⎠
carregamento é
215
30
Δσ z ( 2) = 0,006 (p 2 / z) = 0,006
2
Δσ z ( 2) = 0,09 kN / m 2
216
CAPÍTULO 7
Considere-se um elemento infinitesimal, tal como mostra a Figura 7.1, submetido a uma
tensão normal σx, gradualmente aplicada. Da lei de Hooke, sabe-se que as tensões normais σx,
σy e σz produzem as deformações εx, εy, e εz. A força que age na face direita ou esquerda
deste elemento, cuja área é dy dz, é σx dy dz. Devido a essa força, o elemento se alonga de
uma quantidade εx dx. Se o elemento é feito de um material elástico de comportamento linear,
a tensão é proporcional à deformação, ou seja, a curva tensão-deformação de σx vs. εx é linear
e o material se encontra na região de validade da lei de Hooke (Figura 7.2). Dessa forma, se o
elemento está inicialmente livre de tensões, a força que finalmente age sobre o elemento
aumenta linearmente de zero até seu valor máximo. A força média que atua sobre o elemento
enquanto ocorre a deformação é ½ σx dy dz. Essa força média multiplicada pela distância na
qual ela age é o trabalho realizado sobre o elemento. Para um corpo perfeitamente elástico,
nenhuma energia é dissipada e o trabalho realizado sobre o elemento é armazenado como
energia interna de deformação recuperável. Assim, a energia de deformação elástica interna
U para um elemento infinitesimal submetido a uma tensão uniaxial é
⎛ 0 + σx ⎞ 1 1
dU = ⎜ ⎟ dy dz (ε x dx ) = σ x ε x dx dy dz = σ x ε x dV (7.1)
⎝14242⎠443 1 23 2
distância
2
14força
4média
4424444 3
trabalho
σx
Energia complementar
y
x σx σx E
z 1
dy dz
dx
(a) (b) Energia de εx
Deformação
Figura 7.1 – (a) Elemento submetido à tensão uniaxial; (b) diagrama tensão-deformação
dU σ ε
= U0 = x x (7.2)
dV 2
A equação 7.2 pode ser interpretada graficamente como a área sob a linha inclinada do
diagrama tensão-deformação (Figura 7.1b). A área delimitada pela linha inclinada e o eixo
vertical é denominada energia complementar. Para materiais elásticos de comportamento
linear, as duas áreas são iguais. Expressões análogas à equação 7.2 aplicam-se às tensões σy
e σz e às deformações lineares correspondentes εy e εz.
Para as tensões e deformações de cisalhantes, a função de energia pode ser estabelecida para
um elemento infinitesimal sob cisalhamento puro, de modo análogo ao que foi feito para a
tensão uniaxial. Admite-se que o plano inferior do elemento, mostrado na Figura 7.2, tenha
posição fixa. Quando o elemento é deformado, a força no plano superior atinge um valor final
de τxy dx dz. O deslocamento total correspondente a esta força, para pequenas deformações do
elemento é γxy dy, conforme a Figura 7.2b. Deste modo, como o trabalho externo realizado
sobre o elemento é igual à energia de deformação elástica interna e recuperável
218
⎛ 0 + τ xy ⎞ 1 1
dU cis = ⎜⎜ ⎟ dx dz γ xy dy = τ xy γ xy dx dy dz = τ xy γ xy dV
⎟ (7.3)
⎝14242⎠443 1 23 2
distância
2
força média
y dx= γxy dy
τyx
y
γxy
x τxy dy
dy
z
dz
dx x
(a) (b)
Figura 7.2 - (a) Elemento submetido a tensões cisalhantes; (b) configuração deformada
⎛ dU ⎞ τxy γ xy
⎜ ⎟ = (7.4)
⎝ dV ⎠cis 2
dU =
1
(σ x ε x + σ y ε y + σ z ε z + τ xy γ xy + τ yz γ yz + τ zx γ zx )dx dy dz (7.5)
2
= (σ x ε x + σ y ε y + σ z ε z + τ xy γ xy + τ yz γ yz + τ zx γ zx )
dU 1
U0 = (7.6)
dV 2
219
Fazendo uso das relações tensão-deformação (equações 4.9 e 4.10), a equação 7.6 pode ser
transformada em uma equação para a energia de deformação elástica por unidade de volume
de materiais isotrópicos, expressa em termos somente das tensões
ν
U0 =
1
2E
( )
σ 2x + σ 2y + σ 2z − (σ x σ y + σ y σ z + σ z σ x ) +
E
1 2
2G
(
τ xy + τ 2yz + τ 2zx ) (7.7)
ou das deformações:
E ⎡
U0 = ⎢
ν
(ε x + ε y + ε z )2 + 1 ε 2x + ε 2y + ε 2z + 1 γ 2xy + γ 2yz + γ 2zx ⎤⎥
( ) ( )
2 ⎣ (1 + ν ) (1 − 2 ν) 1+ ν 2 (1 + ν ) ⎦
(7.8)
Nos casos em que não existem tensões de cisalhamento, o último termo do lado direito das
equações 7.7 e 7.8 desaparecem.
Em geral, para um corpo elástico sob tensão, a energia total de deformação é obtida através da
integral de volume:
∂ U0 E ⎡ ν 2 ⎤
= ⎢ 2 (ε x + ε y + ε z ) + εx ⎥ (7.10)
∂ ε x 2 ⎣ (1 + ν) (1 − 2ν ) 1+ ν ⎦
verifica-se que o resultado corresponde ao lado direito da primeira equação 4.10. Portanto,
∂ U0
= σx (7.11)
∂ εx
220
∂ U0
= σy (7.12)
∂ εy
∂ U0
= σz (7.13)
∂ εz
∂ U0
= τ xy (7.14)
∂ γ xy
∂ U0
= τ yz (7.15)
∂ γ yz
∂ U0
= τ xz (7.16)
∂ γ xz
A expressão geral para a energia interna total de deformação em um corpo elástico linear é,
integrando a equação 7.5:
1
(σ x ε x + σ y ε y + σ z ε z + τ xy γ xy + τ yz γ yz + τ zx γ zx )dx dy dz
2 ∫∫∫
U= (7.17)
1 ⎛ σ 2x ⎞
2 ∫∫∫ ⎜⎝ 2 E ⎟⎠
U= ⎜ ⎟ dx dy dz (7.18)
P
Nestes casos, σ x =
A
, e em dada seção transversal da barra, ∫∫ dy dz = A . Deste modo, se P e
A são função somente da coordenada x, então:
221
P2
U=∫ dx (7.19)
2AE
De acordo com o princípio da conservação da energia, a energia não pode ser criada ou
destruída. Este princípio pode ser adotado na determinação dos deslocamentos induzidos pela
aplicação de forças aos sistemas elásticos. De acordo com a 1a Lei da Termodinâmica, o
princípio da conservação de energia pode ser expresso como (Popov, 1978):
We = U (7.20)
Considere o corpo elástico, mostrado na Figura 7.3, submetido à ação das forças concentradas
P1 e P2. O trabalho de deformação do corpo é igual ao trabalho realizado por P1 e P2, enquanto
essas forças são aplicadas gradualmente nos pontos A e B, respectivamente. Supondo que ao
sistema possa ser aplicado o princípio da independência da ação de forças, pode-se determinar
o trabalho realizado pelas forças P1 e P2 quando aplicadas na ordem direta e inversa.
222
P1 P2
2
1
Aplicando em primeiro lugar somente a carga P1 no ponto 1, observa-se que tanto o ponto 1
quanto o ponto 2 sofrem deslocamentos e que estes deslocamentos são proporcionais à carga
P1:
δ11 = f 11 P1
(7.21)
δ 21 = f 21 P1
em que,
δ11 - deslocamento no ponto 1 na direção de P1, provocado por esta mesma força;
δ 21 - deslocamento no ponto 2 provocado pela força P1;
f 11 , f 21 - constantes denominadas fatores ou coeficientes de influência. Estas constantes
representam deslocamentos em 1 e em 2 quando a força P1 aplicada em 1 é unitária, e se
constituem em características do corpo (flexibilidade).
Aplicando somente a carga P2 no ponto 2, os deslocamentos nos pontos 1 e 2 são expressos
por:
δ12 = f 12 P2
(7.22)
δ 22 = f 22 P2
em que
δ12 - deslocamento no ponto 1 provocado pela força P2;
δ 22 - deslocamento no ponto 2 na direção de P2, provocado por esta mesma força;
f 12 , f 22 - constantes denominadas fatores ou coeficientes de influência. Estas constantes
representam deslocamentos em 1 e em 2 quando a força P2 aplicada em 2 é unitária.
Aplicando o princípio da superposição, os deslocamentos nos pontos 1 e 2, quando são
aplicadas as duas forças P1 e P2, são dados por
223
δ1 = δ11 + δ12 = f 11 P1 + f 12 P2
(7.23)
δ 2 = δ 21 + δ 22 = f 21 P1 + f 22 P2
lembrando que P2 não realiza trabalho enquanto o ponto 2 se desloca de δ21 , já que esta força
ainda não foi aplicada ao corpo. Aplicando em seguida a força P2 no ponto 2 (mantendo-se a
força P1), o trabalho da força P2 no ponto 2 é expresso por
P2 δ 22 = P2 (f 22 P2 ) = f 22 P22
1 1 1
(7.25)
2 2 2
P1 δ12 = P1 (f 12 P2 ) = f 12 P1 P2 (7.26)
O trabalho de deformação do corpo, sob a ação das forças P1 e P2 aplicadas na ordem direta,
fica determinado pela soma dos valores encontrados nas expressões 7.24, 7.25 e 7.26:
1 1
W1 = P1 δ11 + P2 δ 22 + P1 δ12 (7.27a)
2 2
ou,
W1 =
1
2
[
f 11 P12 + f 22 P22 + 2 f 12 P1 P2 ] (7.27b)
Na ordem inversa de aplicação das cargas, ou seja, se P2 tivesse sido aplicada em primeiro
lugar, seguida da aplicação de P1, a soma dos trabalhos realizados por cada força forneceria o
valor W2 para o trabalho de deformação do corpo, expresso pela equação
224
1 1
W2 = P2 δ 22 + P1 δ11 + P2 δ 21 (7.28a)
2 2
W2 =
1
2
[
f 22 P22 + f 11 P12 + 2 f 21 P1 P2 ] (7.28b)
P1 δ11 = P2 δ 21 (7.29)
δ12 = δ 21 (7.30)
Ou seja, o deslocamento do ponto 1 devido à ação de uma força aplicada no ponto 2 é igual
ao deslocamento do ponto 2, devido à ação desta mesma força, mas aplicada no ponto 1
(Teorema da reciprocidade de deslocamentos – Teorema de Maxwell).
Uma variação infinitesimal δU, da função U para uma variação infinitesimal de todas as
forças aplicadas é dada por
∂U ∂U ∂U ∂U ∂U
δU = δP1 + δP2 + δP3 + ..... + δPk + ..... + δPn (7.32)
∂ P1 ∂ P2 ∂ P3 ∂ Pk ∂ Pn
225
Pk
P1
Pn
P2
∂U
δU = δPk (7.33)
∂ Pk
Sabendo que o trabalho das reações é nulo (os deslocamentos nos pontos de sua aplicação são
nulos), a energia total de deformação, correspondente à aplicação das cargas P1, P2,
P3,…Pk,…Pn e δPk é
∂U
U' = U + δU = U + δPk (7.34)
∂ Pk
∂U
We + (δ Pk ) Δ k = U + δPk (7.36a)
∂ Pk
226
∂U
Δk = (7.36b)
∂ Pk
Portanto, de uma maneira geral, se um corpo estiver submetido a n forças P1, P2 ... Pn, o
deslocamento Δk do ponto de aplicação da força Pk, medido na direção da linha de ação de
Pk, pode ser expresso como a derivada parcial da energia de deformação do corpo em
relação à força Pk (Teorema de Castigliano).
As equações acima estabelecem a proposição descrita no início deste item. Estas equações
podem ser utilizadas na solução de um problema com um número qualquer de forças
aplicadas. A adição de uma força fictícia em um ponto em que não exista nenhuma força
aplicada possibilita o emprego destas equações em qualquer ponto de um corpo. Ao se igualar
a força fictícia a zero, é possível determinar o deslocamento efetivo no ponto considerado.
227
7.7 – Exemplos
Área A Área 2A
L 3L/4
Área A L/4
(a) (b)
Resolução:
A área da seção transversal da barra mostrada na figura (a) é uniforme e, portanto, a tensão
normal σ é constante ao longo de toda a barra. Da equação 7.2 e lembrando que, no caso
uniaxial, σx=Eεx
dU 1 σ1 ε 1 σ12
= =
dV 2 2E
σ12 σ2 σ2
U1 = ∫ dV = 1 ∫ dV = 1 A L
V
2E 2E V 2E
A área da seção transversal da barra mostrada na figura (b) é variável. Assim, se a tensão σ2
atua na parte inferior da barra, a tensão em sua parte superior é igual a σ2/2. A energia total
que essa barra absorverá em termos da tensão σ2 será
σ 22 σ2 (σ / 2) 2
U2 = ∫ dV = 2 ∫ dV + 2 ∫ dV
V
2E 2 E inf erior 2E sup erior
σ 2 ⎛ A L ⎞ (σ 2 / 2 ) ⎛ 3 L ⎞ σ 22 ⎛ 5 A L ⎞
2
= 2 ⎜ ⎟+ ⎜2A ⎟= ⎜ ⎟
2E ⎝ 4 ⎠ 2E ⎝ 4 ⎠ 2E ⎝ 8 ⎠
228
Se ambas as barras devem absorver a mesma quantidade de energia, U1=U2 e, portanto,
σ12
(A L ) = σ 2 ⎛⎜ 5 A L ⎞⎟
2
2E 2E ⎝ 8 ⎠
ou seja:
σ = 1,265 σ
2 1
2 - Achar a deflexão da extremidade livre de uma barra elástica, cuja área da seção transversal
é constante e igual a A e de comprimento L, induzida pela aplicação de uma força axial P
aplicada na extremidade livre.
Resolução:
O trabalho externo é dado por:
1
We = P d
2
P2 L
U=
2AE
P d P2 L PL
= e d=
2 2AE AE
Resolução:
A energia interna de deformação é dada por:
229
P2 L
U=
2AE
∂ U ∂ ⎛ P2L ⎞ P L
d= = ⎜ ⎟=
∂ P ∂ P ⎜⎝ 2 A E ⎟⎠ A E
4 - Duas barras (BA e BC) com a mesma seção transversal, A, e de mesmo material (mesmo
módulo de elasticidade) suportam uma força de intensidade P, conforme mostrado na figura
abaixo. Sabendo-se que a expressão para a energia de deformação de uma barra de seção
transversal uniforme submetida à carga axial é: dada por:
P2 L
U=
2A E
pede-se calcular os deslocamentos vertical e horizontal no ponto B.
C C
3 3
4 B 4 B
L L F
3 3
4 4
P P
A A
(a) (b)
Resolução:
Para o cálculo do deslocamento horizontal aplica-se, no ponto B, uma carga fictícia ou virtual,
F, na direção horizontal. Os deslocamentos uBe vB são calculados, a partir do teorema de
Castigliano como:
∂U
uB =
∂F
(1)
∂U
vB =
∂P
230
A energia de deformação das duas barras, BA e BC é:
2 2
FBA L BA FBC L BC
U= + (2)
2 AE 2 AE
em que FBA e FBC são as forças normais nas barras BA e BC, dadas por, conforme mostrado
na figura:
FBC
3
4 B
3 F
4
FBA
P
231
(−0,8P + 0,6F) 0,8L (0,6P + 0,8F) 0,6L
uB = 0,6 + 0,8
AE AE
(6)
(−0,8P + 0,6F) 0,8L (0,6P + 0,8F) 0,6 L
vB = (−0,8) + (−0,8)
AE AE
0,096 PL
uB = − (para a esquerda, no sen tido contrário de F)
AE
0,728 PL
vB = ( para baixo, no sen tido de P)
AE
232
APÊNDICE A
x 3 + a1 x 2 + a 2 x + a 3 = 0
Sejam:
3 a 2 − a12
Q= S = 3 R + Q3 + R 2
9
9 a1 a 2 − 27 a 3 − 2 a13 T = 3 R − Q3 + R 2
R=
54
Soluções:
⎧ 1
⎪ x1 = S + T − a 1
3
⎪⎪ 1 1 1
⎨x 2 = − (S + T) − a1 + i 3 (S − T)
⎪ 2 3 2
⎪ x = − 1 (S + T) − 1 a − 1 i 3 (S − T)
⎪⎩ 3 2 3
1
2
em que i = − 1 .
−R
cos θ =
− Q3
Observa-se que
x1 + x 2 + x 3 = − a1
x1 x 2 + x1 x 3 + x 2 x 3 = a 2
x1 x 2 x 3 = − a 3
235
APÊNDICE B
TENSÕES GEOSTÁTICAS
As tensões em uma massa de solo são causadas por cargas externas aplicadas ao solo e pelo
peso próprio do solo. A distribuição das tensões provocadas por carregamento aplicado é
normalmente complicada, do mesmo modo que a distribuição de tensões provocada por peso
próprio. Entretanto, há uma situação em que o peso do solo dá origem a uma distribuição de
tensões muito simples: quando a superfície do terreno é horizontal e quando a natureza do
solo varia muito pouco na direção horizontal. Esta situação ocorre freqüentemente nos solos
sedimentares. Nesta situação, as tensões são denominadas tensões geostáticas, e não existem
tensões de cisalhamento nos planos vertical e horizontal no solo, como mostra a Figura B.1
(Pinto, 2000; Fernandes, 1994; Harr, 1966).
y σv
x z
σh
z σh
z
P
Figura B.2 – Massa de solo homogêneo com nível freático na superfície do terreno
A tensão geostática vertical total no ponto P, situado a uma profundidade z na massa de solo,
é calculada considerando-se simplesmente o peso do solo acima desta profundidade.
Se o peso específico do solo, γ, é constante com a profundidade, então
σv = z γ (b.1)
u = γw z (b.2)
σ 'v = ( γ − γ w ) z (b.3)
z
σ v = ∫ γ dz (b.4)
0
n
σ v = ∑ γ i Δz i (b.5)
i =1
em que,
237
Tensão geostática horizontal:
σh
k= (b.6)
σv
Esta definição é utilizada para tensões geostáticas ou não. Mesmo quando as tensões são
geostáticas, o valor de k pode variar bastante dependendo se a massa de solo foi deformada na
direção horizontal, tanto por forças da natureza ou por obras executadas pelo homem.
Define-se coeficiente de empuxo no repouso, k0, como a razão entre a tensão geostática
efetiva horizontal e tensão geostática efetiva vertical, em cada ponto
σh '
k0 = (b.7)
σv '
σ h 0 = σ h '0 + u = k 0 ( γ − γ w ) z + γ w z (b.9)
Na Figura B.3 é apresentada a variação com a profundidade de σv, σh0, σv’, σh0’
Freqüentemente se está interessado na magnitude da tensão geostática no caso especial em
que não existe deformação lateral no terreno. Neste caso especial, trata-se do coeficiente de
tensão lateral no repouso simbolizado pó k0.
Um solo sedimentar é formado pelo acúmulo de sedimentos. Com a continuação deste
acúmulo, ocorre uma compressão vertical do solo devido ao aumento na tensão vertical.
Durante o processo de sedimentação, geralmente sobre uma grande área lateral, não existe
qualquer razão pela qual deveria ocorrer uma compressão horizontal significativa. Com base
nisto, pode-se dizer que em tal solo sedimentar a tensão horizontal total deverá ser menor do
que a tensão vertical. Para um depósito de areia formado deste modo, o valor de k0 varia
tipicamente entre 0,4 e 0,5.
238
Por outro lado há evidências de que a tensão horizontal pode exceder a tensão vertical se o
depósito foi muito pré-carregado (pré-adensado) no passado. De fato, as tensões horizontais
permanecem praticamente as mesmas quando o solo foi previamente carregado por
sobrecarga adicional, e que não desaparecem quando este carregamento é removido. Neste
caso, o valor de k0 pode chegar a 3.
Se a superfície do terreno não for horizontal e admitindo-se um talude infinito, o peso da
coluna de solo, P, deverá estar na mesma linha de ação da resultante, R, uma vez que as forças
Fe e Fd são iguais, já que estão à mesma profundidade, e têm a mesma linha de ação para que
haja equilíbrio estático.
b
i
h1
T
h1
P σv
i Fd
h N
Fe
τ
σn
R
b0
P=γbh
P = γ b 0 h cos i
N = P cos i
T = P sen i
e as tensões por
239
P γ b 0 h cos i
σv = ∴ σv = ∴ σ v = γ h cos i
b0 b0
N γ b 0 h cos 2 i
σn = ∴ σn = ∴ σ n = γ h cos 2 i
b0 b0
T γ b 0 h cos i sen i
τ= ∴ τ= ∴ τ = γ h cos i sen i
b0 b0
240
APÊNDICE C
ÁLGEBRA MATRICIAL
C.1 – Introdução
Para futura referência, serão definidas três das quantidades mais comumente utilizadas em
engenharia: escalares, vetores e tensores .
Uma quantidade escalar é aquela que pode ser completamente definida por sua magnitude
somente. Quantidades tais como distância, temperatura, e peso são escalares já que todas elas
podem ser definidas por um número ou variável.
Um vetor é uma quantidade que tem direção e magnitude. Um vetor necessita de três
quantidades para sua completa definição, por exemplo, as três componentes do vetor ao longo
dos eixos X, Y e Z, respectivamente, ou o comprimento do vetor e oi dois ângulos que o vetor
faz com quaisquer dois eixos do sistema. Força e velocidade são exemplos de quantidades
vetoriais já que ambos devem ter a direção, bem como a magnitude, especificadas para que
possam ser completamente definidos.
Um tensor é uma quantidade mais geral que um vetor já que necessita mais do que três
componentes para sua definição completa. Para o tensor de tensão, seis componentes devem
ser conhecidas para que a tensão seja definida especificamente. Três destes valores são
quantidades vetoriais, direção e magnitude, como definido acima, e os outros três são as
componentes necessárias para definir um plano de referência ao qual a tensão é referida.
C.2 – Matrizes
⎡ a 11 a 12 a 13 ... a 1n ⎤
⎢a a 22 a 23 ... a 2 n ⎥⎥
A = A m n = ⎢ 11
⎢ ... ... ... ... ... ⎥
⎢ ⎥
⎣a m1 a m2 a m3 ... a mn ⎦
Os valores aij são denominados coeficientes ou elementos da matriz. Se m=n, a matriz é dita
quadrada de ordem n.
A matriz pode consistir de somente uma linha, denominada vetor linha,
A 1n = [a 11 a 12 a 13 ... a 1n ]
ou somente uma coluna, denominada vetor coluna,
⎡ a 11 ⎤
⎢a ⎥
⎢ 21 ⎥
⎢ . ⎥
A m1 = ⎢ ⎥
⎢ . ⎥
⎢ . ⎥
⎢ ⎥
⎣⎢a m1 ⎦⎥
A notação aij refere-se ao elemento que ocupa a posição referente à linha i e à coluna j na
matriz A.
⎡1 2 9⎤
Por exemplo, na matriz ⎢⎢3 4 7 ⎥⎥ , o elemento a23 é igual a 7.
⎢⎣5 6 2⎥⎦
(b) Os elementos aii de uma matriz quadrada são os elementos da diagonal principal da
matriz. Se todos os elementos, com exceção daqueles da diagonal principal são nulos, a matriz
é denominada matriz diagonal.
⎡ 2 0 0⎤
Por exemplo, a matriz ⎢⎢0 4 0⎥⎥ , é uma matriz diagonal.
⎢⎣0 0 1⎥⎦
Uma matriz diagonal em que todos os elementos da diagonal principal são iguais é
denominada matriz escalar, isto é, aii=a para todos os valores que i tomar.
242
⎡3 0 0 0⎤
⎢0 3 0 0⎥⎥
Por exemplo, a matriz ⎢ , é uma matriz escalar.
⎢0 0 3 0⎥
⎢ ⎥
⎣0 0 0 3⎦
Uma matriz escalar em que todos os elementos da diagonal principal são iguais a 1 é
denominada matriz unitária, isto é, aii=1 para todos os valores que i tomar. Uma matriz
unitária é geralmente denominada como In, em que o subscrito n é a ordem da matriz.
⎡1 0 0 ⎤
Por exemplo, a matriz I 3 = ⎢⎢0 1 0⎥⎥ , é uma matriz unitária.
⎢⎣0 0 1⎥⎦
Se todos os elementos de uma matriz são nulos (a matriz pode ou não ser quadrada), isto é, se
todos os elementos aii=0, a matriz é denominada nula.
⎡0 0 0 ⎤
Por exemplo, a matriz O = ⎢⎢0 0 0⎥⎥ , é uma matriz nula.
⎢⎣0 0 0⎥⎦
A ± B = [aij ± bij]
⎡1 2⎤ ⎡3 5 ⎤
Por exemplo, se A = ⎢ ⎥ e B=⎢ ⎥ , então,
⎣3 4⎦ ⎣6 7 ⎦
⎡4 7 ⎤ ⎡− 2 − 3⎤
A+B =⎢ ⎥ A−B =⎢ ⎥
⎣9 11⎦ ⎣ − 3 − 3⎦
Duas matrizes são ditas iguais se A - B = 0, em que as matrizes A e B, e a matriz nula O têm
o mesmo número de linhas e de colunas.
A multiplicação escalar de matrizes pode ser entendida como sucessivas adições de
elementos.
243
⎡2 0 1 ⎤ ⎡6 0 3⎤
Por exemplo, 3 ⎢0 5 − 2⎥ = ⎢0 15 − 6⎥⎥
⎢ ⎥ ⎢
⎢⎣1 6 3 ⎥⎦ ⎢⎣3 18 9 ⎥⎦
(c) A transposta de uma matriz A, escrita AT, é obtida trocando linhas por colunas em A. Isto
é, se em A=[aij], então em AT=[aji].
Se [aij] = [aji], a matriz em A é denominada matriz simétrica, isto é, a matriz é idêntica a sua
transposta.
⎡ 3 1 − 4⎤
Por exemplo, a matriz A = ⎢⎢ 1 6 2 ⎥⎥
⎢⎣− 4 2 5 ⎥⎦
Se [aij] = [-aji], ou seja, se AT = -A, a matriz é denominada matriz anti- simétrica. Neste caso,
aii=0.
⎡ 0 − 2 4⎤
Por exemplo, a matriz D = ⎢⎢ 2 0 2⎥⎥ é uma matriz anti-simétrica.
⎢⎣− 4 − 2 0⎥⎦
C=AB
n
c ij = ∑ a ik b kj
k =1
É evidente que a matriz C terá o mesmo número de linhas de A e o mesmo número de colunas
de B. Um elemento de C, por exemplo, o elemento cij, é obtido pela soma dos produtos dos
elementos correspondentes da linha aik e da coluna bkj.
Por exemplo, c22 é definido de modo que,
244
⎡ b12 ⎤
⎢b ⎥
⎢ 22 ⎥
⎢⎣b 23 ⎥⎦
c 22 = a 21 b12 + a 22 b 22 + a 23 b 32
(e) Pode-se mostrar que a transposta do produto de duas matrizes é o produto de suas
transpostas na ordem reversa, isto é:
( A B) T = B T A T
Por exemplo:
⎡1 2⎤ ⎡3 5⎤ ⎡15 19 ⎤
AB=⎢ ⎥⎢ ⎥=⎢ ⎥
⎣3 4⎦ ⎣6 7⎦ ⎣33 43⎦
⎡15 33⎤
( A B) T = ⎢ ⎥
⎣19 43⎦
⎡15 33⎤
BT AT = ⎢ ⎥
⎣19 43⎦
245
C.3 – Vetores
(a) Um vetor a, como mostrado na Figura A.1, pode ser expresso da equação:
a = a1 i + a 2 j + a 3 k (C-3.1)
(
a = a = a 2 i + a 22 j + a 23 k
1
) 1/ 2
(C-3.2)
a
Se |a|≠ 0, a razão define um vetor unitário (que tem magnitude unitária) na direção do
|a|
vetor a.
z
a3 k
a
O a2 j
y
a1 i
Figura C-1
O cosseno do ângulo que um vetor (admite-se que todos os vetores tenham origem na origem
dos eixos coordenados x, y, z) faz com outro vetor é denominado cosseno diretor dos vetores.
Na Figura C-2, cosα, cosβ, e cosγ são os cossenos diretores do vetor r com referência a um
determinado sistema coordenado. Pode-se observar nesta figura que
x y z
cos α = ; cos β = ; cos γ =
r r r
| r | = ( x 2 + y 2 + z 2 )1 / 2
246
e, portanto,
γ
α r
y
O
x
Figura C-2
Uma notação alternativa para o cosseno diretor entre dois vetores, a e b, é cos(a,b).
a ⋅ b = a b cos θ (C-3.5)
i.j=i.k=j.k=0 (C-3.6)
Portanto, se
a = a1 i + a 2 j + a 3 k e b = b1 i + b 2 j + b 3 k
então,
a ⋅ b = a 1 b1 + a 2 b 2 + a 3 b 3 (C-3.7)
247
Observando que a ⋅a = a 21 + a 22 + a 23 , conclui-se que a = (a . a )1 / 2 .
[
a = a = (1) 2 + (2) 2 + (3) 2 ]
1/ 2
= 14
b = a = [(3) 2
+ (−4) 2 + (1) ]
2 1/ 2
= 26
Da equação C-2.7,
a ⋅b = − 2 = cos θ 14 26
a ⋅b −2
cos θ = = = − 0,1045 e θ ≅ 96 0
ab 14 26
(a) O problema a ser considerado nesta seção diz respeito a determinar o escalar S e o vetor x
(não nulo) que satisfazem à equação
A x =Sx (C-4.1a)
(A −S I ) x = 0 (C-4.1b)
248
a 11 − S a 12 a 13
a 21 a 22 − S a 23 =0 (C-4.1c)
a 31 a 32 a 33 − S
ou,
φ (S) = S3 − P1 S 2 + P2 S − P3 = 0 (C-4.1d)
em que,
P1 = a 11 + a 22 + a 33
a 22 a 23 a a 13 a a 12
P2 = + 11 + 11
a 32 a 33 a 31 a 33 a 21 a 22
a 11 a 12 a 13
P3 = a 21 a 22 a 23
a 31 a 32 a 33
⎡ 7 −2 0 ⎤
D = ⎢⎢− 2 6 − 2⎥⎥
⎢⎣ 0 − 2 5 ⎥⎦
A função característica é:
7−S −2 0
−2 6−S − 2 = S3 − 18 S 2 + 99 S − 162 = 0
0 −2 5−S
⎧(7 − S) x 1 − 2 x 2 = 0
⎪
⎨− 2 x 1 + (6 − S) x 2 − 2 x 3 = 0
⎪− 2 x + (5 − S) x = 0
⎩ 2 3
⎧4 x 1 − 2 x 2 = 0
⎪
⎨− 2 x 1 + 3 x 2 − 2 x 3 = 0
⎪− 2 x + 2 x = 0
⎩ 2 3
⎡ 4 −2 0⎤
⎢
C = ⎢− 2 3 − 2⎥⎥
⎢⎣ 0 − 2 2 ⎥⎦
i) qualquer equação pode ser multiplicada ou dividida por um escalar diferente de zero. Em
termos da matriz de coeficientes, qualquer linha pode ser multiplicada ou dividida por
qualquer constante diferente de zero. Tomando a matriz de coeficientes do exemplo,
dividindo a primeira linha por 4 e a segunda e a terceira linha por 2 não altera a solução da
equação e reduz a matriz de coeficientes a
⎡ 1 − 1 2 0⎤
C = ⎢⎢− 1 3 2 − 1⎥⎥
⎢⎣ 0 − 1 1 ⎥⎦
ii) qualquer múltiplo escalar de uma equação pode ser adicionado ou subtraído de qualquer
outra equação. Em termos da matriz de coeficientes, um múltiplo escalar de qualquer linha
pode ser adicionado ou subtraído de qualquer outra linha. Portanto, para a o sistema de
250
equações do exemplo, adicionando a primeira linha à segunda e, então, a nova segunda linha à
terceira linha, obtém-se o seguinte sistema equivalente:
⎡ 1 −1 2 0⎤ ⎧ x 1 ⎫ ⎧0⎫
⎢ 0 ⎪ ⎪ ⎪ ⎪
⎢ 1 − 1⎥⎥ ⎨x 2 ⎬ = ⎨0⎬ (C-4.2)
⎢⎣ 0 0 0⎥⎦ ⎪⎩ x 3 ⎪⎭ ⎪⎩0⎪⎭
⎧x 1 − 1 2 x 2 = 0
⎪
⎨x 2 − x 3 = 0
⎪0 = 0
⎩
cujas raízes são x1 = x2/2; x2 = x3, e x3 é arbitrário. O vetor x encontrado (dado através de suas
componentes x1, x2, e x3) é o autovetor correspondente ao autovalor S1=3, ou seja
⎧ x1 ⎫ ⎧1 2⎫
⎪ ⎪ ⎪ ⎪
x 1 = ⎨x 2 ⎬ = ⎨ 1 ⎬ x 3
⎪x ⎪ ⎪ ⎪
⎩ 3 ⎭1 ⎩ 1 ⎭
A cada autovalor, corresponde um autovetor xi. Cada autovetor é solução das equações
homogêneas C-4.1b, obtidas substituindo o valor de S encontrado em C-4.1d. Os auto-vetores
correspondentes aos dois autovalores restantes, S2=6 e S3=9 são, respectivamente,
⎧ x1 ⎫ ⎧ −1 ⎫ ⎧ x1 ⎫ ⎧ 2⎫
⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪
x 2 = ⎨ x 2 ⎬ = ⎨− 1 / 2 ⎬ x 3 x 3 = ⎨ x 2 ⎬ = ⎨− 2 ⎬ x 3
⎪x ⎪ ⎪ ⎪ ⎪x ⎪ ⎪ ⎪
⎩ 3 ⎭2 ⎩ 1 ⎭ ⎩ 3 ⎭3 ⎩ 1 ⎭
(x 1 ) 2 + (x 2 ) 2 + (x 3 ) 2 = x 3 (1 / 2) 2 + (1) 2 + (1) 2 = 1
x3 = 2/3
251
e, portanto, o vetor característico para autovalor S1=3 é
⎧1 / 3 ⎫
⎪ ⎪
x 1 = ⎨2 / 3⎬
⎪2 / 3⎪
⎩ ⎭
⎧− 2 / 3⎫ ⎧ 2/3 ⎫
⎪ ⎪ ⎪ ⎪
x 2 = ⎨ − 1/ 3⎬ x 3 = ⎨− 2 / 3⎬
⎪ 2/3 ⎪ ⎪ 1/ 3 ⎪
⎩ ⎭ ⎩ ⎭
Deve-se ressaltar que, como o produto escalar de quaisquer dois dos vetores característicos
determinados é nulo, os vetores são ortogonais. A forma reduzida mostrada na equação C-4.2
é denominada forma canônica da matriz de coeficientes.
252
ÍNDICE
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1.1 – Considerações gerais……………………………………............................ 1
1.2 – Histórico…...………………………………………………........................ 2
1.3 – Teoria da elasticidade………………………………………......…...…...... 2
1.3.1 - Experiências básicas – O teste de tração........................................... 3
1.3.2 – Comportamento elástico e comportamento plástico dos materiais 5
1.3.3 – Hipóteses da teoria da elasticidade…………………………........... 7
1.4 – Organização do texto………………………………………………............ 8
CAPÍTULO 2 – TENSÃO 9
2.1 – Introdução…………….....…………………………………………............ 9
2.2 – Definição de tensão - Tensão em um ponto………………………............ 9
2.3 – Notação para tensões e convenção de sinal……………………….............. 12
2.4 – Tensor de tensões………………………………………………………..... 15
2.5 – Análise de tensões em 2 dimensões……………………..…………........... 17
2.5.1 – Mudança de eixos coordenados……….……………………........... 17
2.5.2 – Tensões em um plano qualquer……………………………............. 20
2.5.3 – Tensões principais – Tensão de cisalhamento máxima…................. 22
2.5.4 – Círculo de Mohr …………………………………..………............. 24
2.5.5 – Polo do círculo de Mohr …………………………………..………. 29
2.5.6 – Exemplos........................…………………………………..………. 30
2.6 – Análise de tensões em 3 dimensões…………………………………........... 37
2.6.1 – Mudança de eixos………………………………………………....... 40
2.6.2 – Tensões principais…………………………………………….......... 43
2.6.3 –Tensão de cisalhamento máxima……………………………............. 48
2.6.4 – Planos octaédricos - Tensões octaédricas…………………............... 55
2.6.5 – Círculo de Mohr 3-D……………………………………………...... 57
2.6.6 – Exemplos............................................................................................ 63
2.6.7 – Tensões desviadoras (desviatórias).................................................... 70
2.7 – Equações diferenciais de equilíbrio…………....………………………........ 72
2.8 – Exemplos........................................................................................................ 77
CAPÍTULO 3 – DEFORMAÇÃO E DESLOCAMENTO 79
3.1 – Introdução....................................................................................................... 79
3.2 – Relações deformação-deslocamento.............................................................. 79
3.2.1 Relações deformação-deslocamento em coordenadas cartesianas...... 85
3.2.2 Relações deformação-deslocamento em coordenadas cilíndricas....... 86
3.3 – Equações de compatibilidade......................................................................... 87
3.4 – Estado de deformação em um ponto.............................................................. 90
3.5 – Análise de deformações em duas dimensões (2-D)....................................... 91
3.5.1 – Mudança de eixos coordenados........................................................ 91
3.5.2 – Deformações principais e planos principais de deformação............ 93
3.5.3 – Deformação cisalhante máxima....................................................... 93
3.6 – Análise de deformações em três dimensões (3-D)......................................... 94
3.6.1 – Deformações principais e planos principais de deformação –
Invariantes de deformação .............................................................. 94
3.6.2 – Deformação cisalhante máxima ...................................................... 95
3.6.3 – Deformações octaédricas.................................................................. 96
3.6.4 – Deformações desviadoras................................................................. 97
3.6.5 – Deformação volumétrica.................................................................. 98
3.7 – Deformação térmica....................................................................................... 99
3.8 – Deslocamentos gerais..................................................................................... 100
3.9 – Exemplos........................................................................................................ 104
CAPÍTULO 4 – RELAÇÕES TENSÃO-DEFORMAÇÃO 105
4.1 – Introdução....................................................................................................... 105
4.2 – Equações constitutivas................................................................................... 107
4.2.1 – Lei de Hooke ................................................................................... 108
4.2.2 – Lei de Hooke generalizada............................................................... 110
4.3 - Módulo de variação volumétrica.................................................................... 118
4.4 – Princípio da superposição............................................................................... 121
4.5 – Exemplos........................................................................................................ 122
CAPÍTULO 5 – FORMULAÇÃO DE PROBLEMAS EM ELASTICIDADE 124
5.1 – Introdução....................................................................................................... 124
5.2 – Condições de contorno................................................................................... 126
5.2.1 – Forças prescritas: 1o Problema de valor de contorno....................... 126
5.2.2 – Deslocamentos prescritos: 2o Problema de valor de contorno......... 127
5.3 – Equações governantes em problemas 2-D..................................................... 128
5.3.1 – Problemas de deformação plana........................................................ 128
5.3.1.1 – Formulação em deslocamentos do problema de estado
plano de deformação......................................................................................................... 133
5.3.1.2 – Formulação em tensões do problema de estado plano de
deformação........................................................................................................................ 134
5.3.2 – Problemas de tensão plana................................................................ 137
5.3.2.1 – Formulação em tensões do problema de estado plano de
tensão................................................................................................................................. 139
5.3.2.2 – Formulação em deslocamentos do problema de estado
plano de tensão.................................................................................................................. 140
5.3.3 – Problemas axissimétricos................................................................... 143
5.4 – Equações governantes em problemas 3-D..................................................... 143
5.4.1 – Formulação em deslocamentos......................................................... 144
5.4.2 – Formulação em tensões.................................................................... 145
5.5 – Exemplos......................................................................................................... 148
CAPÍTULO 6 – TENSÕES DEVIDAS A SOBRECARGAS 150
6.1 – Introdução..................................................................................................... 150
6.2 – Distribuição de tensões................................................................................. 151
6.3 – Soluções da teoria da elasticidade................................................................ 153
6.4 – Ábaco de Newmark...................................................................................... 202
6.5 – Algumas considerações................................................................................ 205
6.6 – Trajetórias de tensão..................................................................................... 207
6.7 – Exemplos...................................................................................................... 211
CAPÍTULO 7 – ENERGIA DE DEFORMAÇÃO ELÁSTICA 217
7.1 – Conceitos fundamentais............................................................................... 217
7.2 – Energia de deformação elástica.................................................................... 217
7.3 – Cálculo de deslocamentos pelos métodos de energia................................... 222
7.4 – Teorema de reciprocidade dos trabalhos e deslocamentos – Teorema de
Maxwell............................................................................................................................. 222
7.5 – Teorema de Castigliano................................................................................ 225
7.6 – Determinação de deflexões pelo Teorema de Castigliano........................... 227
7.7 – Exemplos...................................................................................................... 228
APÊNDICE A.................................................................................................................. 233
APÊNDICE B.................................................................................................................. 235
APÊNDICE C.................................................................................................................. 240
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 252
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