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SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO ASHBEL GREEN SIMONTON

CURSO DE TEOLOGIA

ISRAEL BERNARDO DE OLIVEIRA FARIA

PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO: A DOUTRINA BÍBLICA DO


CULTO ADOTADA PELA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

RIO DE JANEIRO

2017
ISRAEL BERNARDO DE OLIVEIRA FARIA

PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO: A DOUTRINA BÍBLICA DO


CULTO ADOTADA PELA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

Monografia apresentado ao Seminário Teológico


Presbiteriano Ashbel Green Simonton como
requisito para obtenção do título de Bacharel em
Teologia.

Orientador: Rev. Carlos Lima

RIO DE JANEIRO

2017
Faria, Israel Bernardo de Oliveira

Princípio Regulador do Culto: a doutrina Bíblica do Culto


adotada pela Igreja Presbiteriana do Brasil / Israel Bernardo de
Oliveira Faria; orientado Por Carlos Antônio Lima – Seminário
Teológico Presbiteriano Ashbel Green Simonton; 2017.

Trabalho de Conclusão de Curso - Teologia

1. Princípio Regulador do Culto 2. Doutrina Bíblica do Culto 3.


Culto Cristão 4. Culto Reformado 5. Igreja Presbiteriana do
Brasil 6. Culto Puritano.
ISRAEL BERNARDO DE OLIVEIRA FARIA

PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO: A DOUTRINA BÍBLICA DO


CULTO ADOTADA PELA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Teologia, Curso de Teologia, do Seminário Teológico Presbiteriano Ashbel
Green Simonton.

_______________________________________

Orientador: Rev. Carlos Lima

_______________________________________

Rev. Marcos Ocanha

_______________________________________
Ao meu pai (in memorian) e minha mãe pelo
amor e dedicação que me entregaram em todo
tempo. A minha amada esposa pela compreensão
e auxilio. A Maria, presente de Deus, por toda
alegria que proporciona. A meus irmãos. A minha
amada igreja pelas orações e amigos por toda a
ajuda. Muito obrigado!

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos pastores que me tutelaram e aos professores do seminário por toda dedicação

em partilhar valorosos conhecimentos. E mesmo nos momentos em que parecia haver inflexão

e cobranças compreendo que queriam o meu melhor. E me ensinaram a romper os meus

limites em busca da excelência. Agradeço por que me deram não só o preparo teológico, mas

também uma melhor capacidade para ultrapassar as dificuldades para compreender e executar

a tarefa do pastorado. E com isto percebo que em muitos momentos acreditaram mais em mim

do eu mesmo. Aos meus colegas de seminário, digo que alguns são como irmãos, e que

tornaram muitos momentos de dificuldade mais aprazíveis. A todos os meus sinceros

agradecimentos.
"Deus só é corretamente servido quando
sua lei for obedecida. Não se deixa a cada
um a liberdade de codificar um sistema de
religião ao sabor de sua própria
inclinação, senão que o padrão de piedade
deve ser tomado da Palavra de Deus.”
João Calvino
RESUMO

A atualidade apresenta uma multiplicidade de igrejas cristãs evangélicas. São muitas as

diferenças entre elas e uma delas é o culto. Os pensamentos são por vezes divergentes.

Diante deste cenário a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) tem um posicionamento

firme ao dizer que tem na Bíblia o seu Princípio Regulador do Culto (PRC). A IPB

utiliza-se dos seus símbolos de fé e também posicionou-se em 2009 por meio de uma

carta pastoral e teológica que fala sobre o Princípio Regulador do Culto. O PRC é a

doutrina reformada do culto. O reconhecimento da Palavra de Deus como reguladora de

todas as coisas surgiu na reforma. Quem trata disso é o fundamento “Somente as

Escrituras” (sola Scriptura). Neste fundamento a Palavra é declarada Inspirada por

Deus, autoridade para regular todos os aspectos da vida humana e, portanto, totalmente

suficiente. Vemos também nas Institutas e nos comentários bíblicos de Calvino que a

forma correta de adoração é por Deus, e somente por Ele, estabelecida. E através dos

puritanos esta doutrina, o Princípio Regulador do Culto, é nomeada e reconhecida de

fato. Os puritanos buscavam fazer o que a Palavra ordenava. Esta era a constatação de

que a Bíblia é quem regulava o culto e foi documentada nas confissões reformadas.

Várias tratavam da bíblia como reguladora do culto e que qualquer invenção humana ou

sugestão de satanás são, por Deus, totalmente rejeitadas. A Igreja Presbiteriana do

Brasil nasceu com toda esta herança e o PRC está dentro dos seus símbolos de fé, do

sistema presbiteriano e dos seus documentos. O PRC não é primariamente uma doutrina

presbiteriana, calvinista, puritana ou reformada. É sim uma doutrina Bíblica e

reconhecer isto é buscar a Deus em espírito e em verdade.

Palavras chave: Princípio Regulador do Culto, Doutrina Bíblica do Culto, Culto Cristão,

Culto Reformado, Igreja Presbiteriana do Brasil e Culto Puritano.


SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................................

METODOLOGIA................................................................................................................

INTRODUÇÃO...............................................................................................................14

1. CONCEITUAÇÕES CONCERNENTES AO PRC....................................................18

1.1. O PRC CONCEITUAÇÃO DE CULTO CRISTÃO .............................................. 18

1.1.1 O FENÔMENO DO CULTO CRISTÃO...............................................................18

1.1.2 DEFINIÇÃO DE CULTO CRISTÃO DE PENSADORES CRISTÃOS..............19

1.1.3 PALAVRAS CHAVE QUE DESIGNAM O CULTO CRISTÃO.........................20

1.2 O PRC NO CULTO SEGUNDO A BÍBLIA............................................................ 21

1.2.1 O CULTO NA PERSPECTIVA DO ANTIGO TESTAMENTO..........................22

1.2.1.1 OS ENCONTROS COM DEUS..........................................................................21

1.2.1.2 O CULTO ESPONTÂNEO.................................................................................22

1.2.1.3 O PRC NO CULTO DO PACTO........................................................................22

1.2.1.4 O PRC NO CULTO SACRIFICIAL...................................................................23

1.2.1.5. A GUARDA DO SÁBADO...............................................................................24

1.2.1.6 O CULTO NAS FESTAS....................................................................................24

1.2.1.7 O TABERNÁCULO E O TEMPLO................................................................... 24

1.2.1.8 OS SACERDOTES E LEVITAS........................................................................ 25

1.2.1.9 O CULTO NA SINAGOGA............................................................................... 25

1.2.1.10 CONSIDERAÇÕES SOBRE PRC NO CULTO DO ANTIGO TESTAMENTO


......................................................................................................................................... 26

1.2.2 O CULTO NA PERSPECTIVA DO NOVO TESTAMENTO..............................27


1.2.2.1 JESUS COMO CUMPRIMENTO DO CULTO DO ANTIGO TESTAMENTO
......................................................................................................................................... 27

1.2.2.2 A MUDANÇA ENTRE O CULTO DO ANTIGO PARA O NOVO


TESTAMENTO...............................................................................................................29

1.2.2.3 O PRC NAS REUNIÕES DOS CRISTÃOS.......................................................29

1.2.2.4 CONSIDERAÇÕE SOBRE O PRC NO CULTO DO NOVO TESTAMENTO 30

1.3 O PRC E A FÉ REFORMADA.................................................................................30

1.4 O PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO.............................................................32

1.4.1 DEFINIÇÃO DA PALAVRA PRINCÍPIO........................................................... 32

1.4.2 DEFINIÇÃO DA PALAVRA REGULADOR..................................................... 33

1.4.3 DEFINIÇÃO DE PRINCÍPIO REGULADOR DE CULTO................................. 33

1.4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A DEFINIÇÃO DO TEMA......................34

2. SOLA SCRIPTURA, CALVINO E OS PURITANOS – O RECONHECIMENTO


DA PALAVRA DE DEUS COMO PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO ............35

2.1 O PRC NO SOLA SCRIPTURA...............................................................................35

2.1.1 O QUE É O SOLA SCRIPTURA?.........................................................................35

2.1.1.1. ESCLARECIMENTOS DO SOLA SCRIPTUTRA.......................................... 36

2.2 O PRC NOS ATRIBUTOS DAS ESCRITURAS.....................................................36

2.2.1 A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS..................................................................37

2.2.2 A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS................................................................37

2.2.3 A SUFICIÊNCIA E PERFEIÇÃO DAS ESCRITURAS.......................................38

2.3 OS ESCRITOS DE CALVINO PRECEDEM O ENTENDIMENTO DO


PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO.......................................................................38

2.3.1 O PRC NOS COMENTÁRIOS BÍBLICOS DE CALVINO................................. 39


2.3.1.1 O COMENTÁRIO DE CALVINO DE LEVITICOS 10.1-2..............................39

2.3.1.2 COMENTÁRIO DE CALVINO DE LEVITICOS 22. 31-33.............................40

2.3.1.3 COMENTÁRIO DE CALVINO DE ISAÍAS 29.13...........................................40

2.3.1.4 COMENTÁRIO DE CALVINO DE MATEUS 15.1-9...................................... 41

2.3.1.5 COMENTÁRIO DE CALVINO DE COLOSSENSES 2.22-23.........................42

2.3.2 O PRC NAS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ..........................................43

2.3.2.1 A ESCRITURA É MESTRE E GUIA PARA SE ACHEGAR A DEUS...........43

2.3.2.2. A SUPERIODADE REVELACIONAL DA BÍBLIA SOBRE A CRIAÇÃO...44

2.3.2.3 SOMENTE DEUS É TESTEMUNHA CONFIÁVEL DE SI MESMO.............44

2.3.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ESCRITOS DE CALVINO..............................45

2.4 OS PURITANOS: RECONHECENDO A AUTORIDADE DA PALAVRA NO


CULTO............................................................................................................................46

2.4.1 EXEMPLOS DE HOMENS PURITANOS........................................................... 47

3. A INFLUÊNCIA DO PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO NAS CONFISSÕES


REFORMADAS..............................................................................................................48

3.1 CONCEITO DE CONFISSÃO................................................................................. 49

3.2 A IMPORTANCIA DAS CONFISSÕES NA TRADIÇÃO REFORMADA...........49

3.3 A CONFISSÃO BELGA (1561)............................................................................... 50

3.3.1 UM BREVE HISTÓRICO DA CONFISSÃO BELGA.........................................50

3.3.2 AS ESCRITURAS SAGRADAS NA CONFISSÃO BELGA...............................50

3.4 O CATECISMO DE HEIDELBERG (1563)............................................................ 51

3.4.1 UM BREVE HISTÓRICO DO CATECISMO DE HEIDELBERG......................51

3.4.2 O CULTO NO CATECISMO DE HEIDELBERG................................................51

3.5 SEGUNDA CONFISSÃO HELVÉTICA................................................................. 51


3.5.1 UM BREVE HISTÓRICO DA SEGUNDA CONFISSÃO HELVÉTICA............51

3.5.2 CONFISSÃO HELVÉTICA E SUA FIRMEZA NA PALAVRA.........................52

3.6 CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER (1647)..................................................52

3.6.1 UM BREVE HISTÓRICO DA CONFISSÃO DE WESTMINSTER....................52

3.6.2 A CFW E O PRC....................................................................................................53

3.6.2.1 CAPÍTULO I: DA ESCRITURA SAGRADA....................................................53

3.6.2.2 CAPÍTULO XXI: DO CULTO RELIGIOSO E DO DOMINGO...................... 54

3.7 O BREVE CATECISMO DE WESTMINSTER (1647)...........................................55

3.8 O CATECISMO MAIOR..........................................................................................56

4. IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL – HISTÓRIA, SISTEMA E


CONFESSIONALIDADE QUE APONTAM PARA O RECONHECIMENTO DO
PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO.......................................................................57

4.1 O SISTEMA PRESBITERIANO.............................................................................. 57

4.2 A HISTÓRIA DO PRESBITERIANISMO...............................................................59

4.2.1 O SURGIMENTO DO PRESBITERIANISMO COM JOHN KNOX..................59

4.2.2 A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL E O PRC.........................................60

4.2.2.1 IPB – A CHEGA DE SIMONTON, A AUTONOMIA DA IGREJA E A


ADOÇÃO DOS PADRÕES DE WESTMINSTER........................................................ 60

4.2.3 A IPB E OS SÍMBOLOS DE FÉ........................................................................... 61

4.3 O PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO NA IGREJA PRESBITERIANA DO


BRASIL...........................................................................................................................62

4.3.1 OS PRINCÍPIOS DE LITURGIA DA IPB............................................................ 63

4.3.2 O MANUAL DO CULTO DA IPB .......................................................................63

4.3.3 A CARTA PASTORAL E TEOLÓGICA SOBRE LITURGIA NA IPB..............65


4.3.4 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES DA CARTA............................................66

4.3.4.2 O TEMPLO......................................................................................................... 67

4.3.4.3 A IGREJA COMO COMUNIDADE SOCIAL...................................................67

4.3.4.4 CULTO E CULTURA.........................................................................................67

4.2.4.5 O CULTO PÚBLICO – O PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO................68

4.2.4.6 MUDANÇAS HISTÓRICAS NO CULTO.........................................................70

4.2.4.7 PRINCÍPIOS DO CULTO ACEITÁVEL A DEUS...........................................71

4.2.4.8 EXPRESSÕES CORPORAIS NO CULTO........................................................71

4.2.4.9 ORIENTAÇÕES PASTORAIS A SEREM SEGUIDAS PELAS IGREJAS


LOCAIS...........................................................................................................................73

4.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A IPB E O PRC......................................................... 73

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 74
14

INTRODUÇÃO

A Bíblia comprova que em todos os tempos ouve uma busca pelo Deus criador dos céus
e da terra, através da adoração. Nos escritos do Antigo Testamento vemos a oferta de
Abel sendo recebida por Deus e a de Caim sendo rejeitada (Gn 4.4,5). Temos o povo se
reunindo em volta do tabernáculo, e depois do Templo, onde estava a arca da Aliança e
o povo fazia sua adoração. No Novo Testamento encontramos o zelo do Senhor Jesus ao
expulsar os cambistas do Templo chamado de casa de oração (Mt 21.12). E também o
apostolo Paulo participando instruções sobre a forma correta da ministração da Ceia do
Senhor na reunião do povo de Deus. A bíblia fala da relação do povo adorador e seu
Deus. Ela fala do Culto!

O Brasil dito um país de maioria cristã. Tem dimensões continentais e uma bela e vasta
multiplicidade cultural. Cada estado tem suas peculiaridades quanto a cultura que dão
contornos únicos a culinária, as roupas, as músicas dentre outras coisas. Quando
trazemos esta multiplicidade cultural para o ambiente das igrejas cristãs evangélicas
também vemos diversidade semelhante. Tais igrejas apresentam múltiplas
configurações de elementos de culto. Algumas introduziram até a apresentação de
malabaristas e “shows” pirotécnicos aos moldes de um circo. Estes casos são extremos,
óbvio, mas é bem comum hoje vermos a introdução da dança ou mesmos ritmos que
induzem a sensualidade como o “funk gospel”. Tudo isto permitido pelas máximas “é
para a glória de Deus” e se “a bíblia não proíbe pode fazer”. Este pensamento é, sem
dúvidas, “mais prático do que teológico, sugerindo meios de tornar o culto mais
interessante e satisfatório do ponto de vista emocional, mais inteligível ou, de alguma
forma mais autentico como um encontro com Deus” (Frame, 2006, p. 15). Para muitas
igrejas a analise do coração do homem pode definir por si só se o culto é aceitável a
Deus.

Dentro deste contemporâneo cenário, a Comissão Executiva da Igreja Presbiteriana do


Brasil, recebeu uma série de pedidos de orientação sobre a inclusão de dança litúrgica
ou coreografia no culto. E a este respeito manifestou-se de forma proibitiva tendo como
base a doutrina do Princípio Regulador do Culto. Dentro de sua Carta Pastoral e
Teológica que trata do assunto. A carta diz que o Princípio Regulador do Culto é uma
doutrina bíblica e está presente nos Símbolos de Fé adotados pela IPB.
15

O autor pretende apresentar, baseado na forma de culto a Deus da tradição reformada


presbiteriana, o desenvolvimento da doutrina do principio regulador. Tendo como
fundamento o culto definido na Confissão de Fé de Westminster (CFW).

Art.7° - O culto público é um ato religioso, através do qual o povo de Deus


adora o Senhor, entrando em comunhão com ele, fazendo-lhe confissão de
pecados e buscando, pela mediação de Jesus Cristo, o perdão, a santificação
da vida e o crescimento espiritual. É a ocasião oportuna para a proclamação
da mensagem redentora do Evangelho de Cristo e para a doutrinação e
congraçamento dos crentes. Art. 8 - O culto público consta ordinariamente de
leitura da Palavra de Deus, pregação, cânticos sagrados, orações e ofertas. A
ministração dos sacramentos, quando realizada no culto público, faz parte
dele. (MARRA, 1999, p. 1)

Portanto o culto é dever do homem a Deus e existe uma doutrina que regula sua forma.
Mais especificamente, existem princípios que balizam o culto. Assim o objetivo geral
deste trabalho é servir de orientação ao seguimento cristão que adota em suas liturgias
alguma forma de culto. Também observamos que as igrejas cristãs evangélicas, em sua
maioria, têm como sua principal programação o culto público. Já pela perspectiva
histórica da igreja, percebemos que nos relatos do Novo Testamento as primeiras igrejas
eram orientadas sobre a forma de Cultuar a Deus. Mas dentre os cristãos evangélicos
existem praticas litúrgicas variadas e que por vezes se contradizem. Por isso, o autor
tem a proposta de demonstrar que existe não uma única forma litúrgica, mas que
existem princípios litúrgicos que informam os elementos do culto. Existe uma doutrina
que a conduz o culto, a reunião do povo de Deus para a adoração, a mesma é conhecida
como: O Principio Regulador do Culto.

De forma específica o objetivo deste trabalho é orientar aos membros das igrejas
presbiterianas de que o culto é instituído por Deus para que seu povo entre em
comunhão com Ele através do serviço da adoração. E sendo a IPB uma igreja de
tradição reformada objetivamos, através da visão (reformada) de que a Palavra de Deus
é a única regra de fé e prática, orientar sobre as práticas do culto e o erro de não adotar a
bíblia como instrução única e fiel do culto. Também utilizaremos de importantes
escritos da fé reformada para explicar o que é o principio regulador do Culto. E com
segurança demonstrar a validade de tal princípio ainda em nossos dias. E que a IPB os
utiliza buscando, em fidelidade ao Deus Trino e sua Palavra, apresentar o culto
agradável.
16

A apresentação deste trabalho surge da inquietação ao encontrar tantas formas


diferentes de culto entre as igrejas cristãs evangélicas. Algumas formas são simples e
seguidas a muito tempo. Outras podemos dizer que são contemporâneas e que
demonstram o que a sociedade é hoje. Assim, o Culto é, para muitos, fruto da
criatividade humana e sua aceitação passa somente por uma análise da intenção do
adorador. Segundo a Confissão de Fé de Westminster (CFW) este é um pensamento
equivocado. Por isso a necessidade de tratar sobre o assunto “Princípio Regulador do
Culto” a fim de auxiliar a compreensão de crentes em Jesus sobre como buscar a Deus
no culto público.

Cap. XXI.I. A luz da natureza mostra que há um Deus que tem domínio e
soberania sobre tudo, que é bom e faz bem a todos, e que, portanto, deve
ser temido, amado, louvado, invocado, crido e servido de todo o coração, de
toda a alma e de toda a força; mas o modo aceitável de adorar o
verdadeiro Deus é instituído por ele mesmo e tão limitado pela sua
vontade revelada, que não deve ser adorado segundo as imaginações e
invenções dos homens ou sugestões de Satanás nem sob qualquer
representação visível ou de qualquer outro modo não prescrito nas Santas
Escrituras. (CFW, p. 26, ’grifo do autor’)

A discussão se torna interessante e relevante ao cenário Cristão evangélico brasileiro


pelo de fato de que todos dias há o conhecimento de uma nova denominação evangélica.
Também porque há o acesso por meio da TV e internet de cultos das mais diversas
igrejas. É certo o crescimento do número de evangélicos. Através de uma pesquisa, no
site Google Acadêmico, tivemos a resposta de que o tema culto aparece em 559000
vezes, Culto a Deus 87800, culto protestante 885, culto reformado 141, teologia do
Culto 51 e culto presbiteriano 46. Com base nestes números corroboramos a relevância
do nosso tema para o trabalho. Vemos que o tema do culto é de forma muita vasta
abordado na academia porém os temas culto protestante e reformado necessitam de ser
mais explorados. E isto apesar de termos literatura reformada de boa quantidade e
qualidade que tratam do tema.

Com tantas igrejas diferentes e uma pluralidade de cultos, que não o reformado, sendo
abordado de muitas formas, existe um questionamento a fazer: será que dentro das
igrejas presbiterianas há o conhecimento de que o Culto é instituído por Deus e que o
Principio regulador do Culto é a doutrina que trata deste assunto? Esta pergunta não se
17

responde com facilidade pois os membros da IPB deveriam ter o conhecimento sobre o
que é o Princípio Regulador do Culto. Bem como da influencia reformada na Igreja
Presbiteriana do Brasil pelo fundamento chamado Somente as Escrituras, da Teologia de
Calvino, do pensamento puritano e dos Símbolos de Fé. Ou mesmo saber que tudo isto
contribuiu para a compreensão em nossos dias de um culto regido pelas Escrituras.

Este trabalho buscará demonstrar que o Principio Regulador do Culto é o


reconhecimento dos reformadores de uma doutrina bíblica que é hoje fundamento da
forma de culto da IPB. O mesmo nasce da inferência da Escritura como regra básica
para o culto. Isto pode ser visto de forma clara no pensamento sobre o culto a Deus de
Calvino. Ele nas Institutas da Religião Cristã, sua obra principal, e seus comentários
coloca as Escrituras como padrão da vida do homem e da igreja. Ele as coloca como
padrão do culto. Também busca provar que os puritanos reconheceram a doutrina do
PRC e a inseriram dentro dos padrões de Westminster. E que isto chegou até a Igreja
Presbiteriana do Brasil hoje através de seus fundadores.
Para o desenvolvimento deste trabalho o autor fará uso da metodologia de pesquisa
bibliográfica. Em função do imenso universo de material escrito sobre o assunto Culto.
O autor restringirá a sua pesquisa aos escritos de linha teológica calvinista reformada e
mais especificamente dos escritos que demonstrem a escritura como regulamentadora
do culto, ou que trate do Princípio Regulador do Culto o do sistema ou história da IPB.
A intenção é mapear dentro do campo reformado o conhecimento que dê sustentação ao
tema.
Não é intenção do autor apresentar uma forma litúrgica modelo ou analisar o culto de
outras igrejas que não a IPB. O objetivo do trabalho é responder por que a IPB faz uso
do PRC para as suas decisões diretoras do Culto. E também comprovar que este é o
modo bíblico de adoração.
18

1. CONCEITUAÇÕES CONCERNENTES AO PRC

O Princípio Regulador do Culto (PRC) é uma doutrina bíblica e portanto não é uma
invenção cristã ou reformada. O que ocorre tão somente é o reconhecimento da mesma
dentre as verdades bíblicas. Partindo deste princípio o PRC deve ser explicado dentro de
um contexto da Palavra. Este contexto partilha da definição das palavras que limitam e
esclarecem o tema. Com este objetivo trataremos neste capítulo sobre o panorama do
culto bíblico do Antigo e Novo Testamento, da definição de culto cristão através da
metodologia de James F. White e do significado dos vocábulos princípio e regulador
todos pertinentes e inseridos ao PRC. Depois de cumprida esta tarefa será então
explicado o que é o Princípio Regulador do Culto e porque o mesmo está inserido na
perspectiva reformada.

1.1 O PRC NA CONCEITUAÇÃO DE CULTO CRISTÃO

Quando pensamos em definir o que é “culto cristão”, de uma forma simples, podemos
dizer: “Culto é o serviço de reconhecimento e honra à grandeza de Nosso Senhor da
Aliança” (FRAME, 2006, p. 21). Mas para tal definição nos aprofundaremos usando a
metodologia de James F. White. Este, autor do Livro Introdução ao Culto Cristão, usa
uma metodologia tríplice que se compõe de: abordagem fenomenológica que é uma
descrição as praticas dos cristãos no culto, a exploração de definições de pensadores
sobre Culto Cristão e em terceiro lugar ele faz uma análise de palavras-chave as quais
os cristãos de vários lugares usam para referir-se ao Culto e o que experimentam no
mesmo (WHITE, 1997, p. 12). E veremos que esta metodologia aponta para a instrução
da Palavra, ou seja, para o Princípio Regulador do Culto.

1.1.1 O FENÔMENO DO CULTO CRISTÃO

Como parte da definição de culto cristão, verificaremos primeiramente os aspectos da


prática do Culto Cristão, aquilo que é visível. O trabalho realizado é facilitado, pois o
culto cristão utiliza-se de formas singulares, estáveis e permanentes. O autor usa dos
conceitos de estruturas e ofícios. Existem sinais da existência de um roteiro diário,
semanal e anual no Novo Testamento. Esta estrutura temporal rememorava eventos
19

como a morte e ressurreição de Cristo. Assim o domingo marca o dia mais importante
da semana pois nele Jesus ressuscitou. É o dia do Senhor! E anualmente a Páscoa é
período central e seu sentido principal é a libertação da morte e do pecado por meio da
morte vicária de Cristo (WHITE, 1997, p. 12 e 42). Toda esta estrutura temporal é
verificada como o princípio que ordena e conduz os cristãos a adoração. A este
chamamos PRC e coordena o tempo com base nas Escrituras.
Os cristãos também se preocuparam com a estrutura, o local do culto pode ser qualquer
um, mas precisa ser conhecido. Neste lugar Deus age por dois instrumentos, através de
vozes e mãos humanas. Precisa-se também de contato visual o que faz do espaço de
culto algo entre a sinagoga e um cenáculo. Pois este tipo de espaço proporciona tanto
contato visual quanto do uso das mãos nos sacramentos (WHITE, 1997, p. 13 e 69). A
estrutura do local tem papel relevante na comunicação do Culto Cristão.
Com relação aos ofícios temos poucos que são: ofício de oração publica diária com foco
na oração e louvor e o ofício liturgia da palavra com foco na leitura e pregação das
escrituras (WHITE, 1997, p. 13 e 111). A liturgia da palavra é o culto dominical da
maioria das denominações protestantes. E estes estão corretos porque não há outra base
para a liturgia do Culto além da Palavra de Deus.

1.1.2 DEFINIÇÕES DE CULTO CRISTÃO DE PENSADORES CRISTÃOS

O fundamento cristológico do Culto Cristão é sustentado por Jean-Jacques von Allmen,


autor do livro O Culto Cristão: Teologia e Prática. Em seu pensamento o culto cristão
cumpre seu papel salvífico quando proclama a Palavra de Deus. Ele enfoca Jesus como
Profeta, Sacerdote e Rei além da proclamação da Palavra.

“O culto, então, recapitula a história da salvação na medida em que for


profética, sacerdotal e real, em relação a Cristo, que é, que era e que há de
vir. O culto no qual é proclamada a palavra de Deus, recapitula e resume tudo
o que Deus fez no sentido de reconciliar consigo o mundo” (ALLMEN, 2005,
p. 37).

Através destes ofícios Jesus Cristo quebra a ignorância dos santos através da sua
revelação, restaura a comunhão através do seu sacerdócio e os santifica através do seu
poder. Para Allmen o culto só cumpre seu objetivo se proclama a Palavra de Deus. E só
20

proclama esta Palavra se atenta para o cumprimento da mesma no culto em tudo que a
mesma define como ordenança.
O culto cristão contesta os atos de justiça da humanidade e selando o fracasso dela que
só tem esperança nas promessas que vem da parte de Deus. (WHITE, 1997, p. 16). E
não crer nos próprios atos de justiça é o que busca o PRC. No livro O sistema
presbiteriano, o autor W. H. Roberts, declara que o culto é a essência da religião e que
nele os homens insistentemente e aguerridamente tentam intrometer-se na soberania de
Deus. A definição de Roberts sobre culto é:

Poderíamos definir culto como um movimento da alma humana para Deus,


em nome de Jesus Cristo, no qual se adoram as perfeições divinas, exalta-se a
bondade de Deus, imploram-se bênçãos celestiais como o perdão dos
pecados. (ROBERTS, 2003, p. 13).

O Dr. Hermisten Maia Pereira da Costa, ministro da igreja presbiteriana, em seu livro
Princípios Bíblicos de Adoração Cristã, trata sobre o tema do culto. E pela sua
declaração vemos que só ouvimos, conhecemos e somos edificados pela voz de Deus.
Esta voz que é expressa pela sua Palavra.

“O culto cristão é a expressão da alma que conhece a Deus e que deseja


dialogar com seu Criador; mesmo que este diálogo, por muitos instantes,
consista num monologo edificante no qual Deus nos fale por meio de sua
Palavra. (...) O culto é a resposta reverente e adoradora que só se torna
possível pela graça de Deus, que nos dá vida (Jo 10.10; Ef 2 2.1,5; Cl 2.13),
capacitando-nos para este evento” (COSTA, 2009, p. 49).

Assim vemos que se abandonarmos a Palavra como condutora do culto não ouvimos a
Deus. Não expressamos o nosso conhecimento de Deus, pois não existe. Assim não há
outra forma de expressão de conhecimento e não há culto cristão sem a condução da
Palavra.

1.1.3 PALAVRAS CHAVES QUE DESIGNAM O CULTO CRISTÃO


21

Dentro deste tópico White analisa as palavras que a comunidade cristã utiliza para
referir-se culto ou a adoração1. A primeira palavra é serviço que é a prestação do
mesmo para outros, neste caso especifico Deus. Uma outra palavra é ofício que também
significa serviço e é utilizado para a tarefa do culto. Mas estas palavras estão longe do
significado dado pela palavra Gottesdienst que expressa o serviço do homem no culto e
um Deus que se esvaziou a si mesmo e assumindo a condição de servo (Fp 2.7). A
palavra liturgia também significa serviço, trabalho, realizado em benefício de outros
(WHITE, 1997, p. 19). Por este entendimento se o culto é um serviço deve ser feito aos
moldes daquele que chama. É Deus quem diz qual é o serviço e como deve ser feito.
Isto é servir a Deus com a condução da sua Palavra.
No novo testamento diversas palavras são utilizadas com a conotação de Culto. A mais
comum é latreia que é o vocábulo utilizado para o culto judeu no templo. Latreia tem
como significado obrigação religiosa, adoração de uma divindade ou serviço a um
mestre. Destacaremos outras duas: proskyneln (Mt 4.10) e threskeía (At 26.5). A
primeira destaca a adoração, culto, como um ato de submissão, o ato de se prostrar,
demonstrando a atitude corporal de submissão. A outra, threskéia, é traduzida por culto
ou ofício religioso (WHITE, 1997, p. 21). Este ato de submissão não deve ser somente
corporal, mas intelectual ao receber as Escrituras como direção para esta adoração.
Após tratarmos da definição do culto trataremos a seguir do panorama bíblico do culto.

1.2 O PRC NO CULTO SEGUNDO A BÍBLIA

A Bíblia nos dá informações importantes para compreensão do que é o culto na


perspectiva do princípio regulador do culto. Trataremos nesta parte do trabalho sobre o
culto ao Deus da Aliança em dois períodos chamados: Antigo Testamento e Novo
Testamento (FRAME, 2006, p. 37). Daremos um panorama do culto sob a perspectiva
bíblica.

1.2.1 O CULTO NA PERSPECTIVA DO ANTIGO TESTAMENTO

1
O vocábulo referente à adoração, na Bíblia, é muito extenso, porém o conceito essencial, tanto no AT
como no NT, é o de “serviço”. Os termos usados no AT e no NT respectivamente, são o hebraico
´avodah e o grego latreia, cada um dos quais originalmente significa o trabalho efetuado pelos escravos
ou empregados. E, a fim de prestar essa “adoração” a Deus, os seus servos devem prostra-se – no
hebraico hishtahawah; no grego proskyneo – e assim manifestaram temor reverente e admiração e
respeito próprios da atitude de adoração. (DOUGLAS, XXX, pg.16)
22

Ao tratarmos do Culto na perspectiva do Antigo Testamento serão examinadas as


formas que o texto bíblico apresenta como Culto prestado pelo povo de Israel. Este se
dá no Antigo Testamento através de encontros com Deus, culto espontâneo, culto do
pacto, do culto sacrificial, das festas e dos sábados. Além disto temos que analisar o
significado do templo, dos sacerdotes e levitas e da sinagoga. De onde vem todo
arcabouço do culto do povo de Israel? Vem de ordenanças do Deus da aliança. É disto
que trataremos nos tópicos a seguir.

1.2.1.1 OS ENCONTROS COM DEUS

As escrituras do Antigo Testamento apresentam o encontro de Deus com algumas


pessoas. Deus encontrou-se com Adão, Noé, Abraão, Moisés, Isaías e outros de forma
que a majestade do Senhor transformava tal ocasião em culto. Moisés, por exemplo,
recebeu uma ordem para tirar as sandálias pois o local em que Deus falara com ele
tornou-se santo. E também vemos entre Deus e Isaías outro exemplo de encontro. Isaías
foi abalado por uma visão em que reconheceu a santidade de Deus sendo confrontado
por sua condição de pecador. Nestes encontros o adorador era tomado de temor ao ver a
majestade de Deus. O poder e a autoridade de Deus eram patentes e, ao ouvir a voz do
Senhor, o adorador era levado a servi-lo. A autoridade da Palavra de Deus tinha como
resposta a adoração. O adorador identificava na Palavra dirigida a ele a resposta de
serviço de adoração requerida por Deus. (FRAME, 2006, p. 37-38). A autoridade de
Deus também é reconhecida pelo PRC e a resposta a esta doutrina é uma adoração que
ouve e cumpre a ordem de Deus.

1.2.1.2 O CULTO ESPONTÂNEO

É certo que Deus estabeleceu momentos especiais de culto, mas também vemos
manifestações de adoração de forma espontânea, ou seja, sem hora e lugar
determinados. Para o povo de Israel, o culto e a adoração ao Deus da Aliança, ocorrem
de forma naturalmente espontânea. Temos como exemplo a busca particular nas orações
(Dn 6.10;Mt 6.6). No livro de Salmos encontramos orações ao Senhor em momentos de
temor e dificuldade que levam ao louvor pelo livramento obtido (FRAME, 2006, p. 39-
40). Portanto a espontaneidade se dá em questão de hora e lugar e não de forma. A
adoração se dá por orações e salmos porque é isto que as Escrituras dizem. A forma
23

espontânea de culto não abre espaço a criatividade humana em propor outros elementos
de adoração.

1.2.1.3 O PRC NO CULTO DO PACTO

Na perspectiva do pacto o povo de Israel é o povo separado por Deus. Isto fazia de
Israel um povo santo e por isso devia ser fiel ao Senhor. Esta santidade característica do
povo é um conceito litúrgico e está presente no culto. “A vida total da nação era culto,
separada por Deus. Desta forma, as Escrituras introduzem o conceito de culto no sentido
amplo” (FRAME, 2006, p. 40). Este culto em sentido amplo é regido pela Lei de
Moisés. As Escrituras regulam a relação do povo e o Deus da Aliança (Pacto). Nela
vemos princípios que determinam a oração, o sacrifício, para, em obediência, cantar
louvores a Deus e cumprir os ritos religiosos. A circuncisão, dentre os ritos religiosos,
era um sinal distintivo e aos circuncidados era garantido o acesso a adoração no templo
(FRAME, 2006, p. 40). Portanto Deus regulava tanto a forma quanto o acesso a
adoração. Portanto deve ser reconhecido o PRC nas Escrituras desde a Aliança de Deus
e o povo de Israel.

1.2.1.4 O PRC NO CULTO SACRIFICIAL

O culto sacrificial é registrado desde o momento pós queda. Temos o exemplo nas
ofertas de Caim e Abel (Gn 4.2-5) e no sacrifício de Noé ao Senhor (Gn 8.20-22).
Abraão também sacrifica animais quando Deus estabelece um pacto com ele (Gn 15).
Posteriormente, quando Deus faz uma aliança com o povo de Israel, ele determina o
sacrifício do culto como parte integrante do pacto.

“Esse pacto incluía um elaborado sistema de ofertas de animais, grãos, vinho,


óleo e incenso. Havia oferendas para toda a nação: diárias, semanais (aos
sábados), mensais (na lua nova), e durante as festas anuais (Nm 28,29). Havia
ofertas apresentadas individualmente e ofertas para a consagração ou
comunhão com Deus (Lv1-7). As ofertas para comunhão, ou “ofertas
pacificas”, eram parcialmente comidas pelo adorador e pelo sacerdote como
uma refeição de comunhão com Deus. Havia também oferendas em ocasiões
especiais, como celebração de um pacto, a consagração de sacerdote e a
dedicação do templo” (FRAME, 2006, pg. 41).
24

Os sacrifícios não tinham eficácia em si mesmos. Eles apontavam para Jesus Cristo que
é o verdadeiro cordeiro de Deus. É no sacrifício de Jesus que os pecados são de fato
perdoados (FRAME, 2006, p. 41-42). A observação dos sacrifícios era a essencial e a
fidelidade a todos os princípios que regulavam o culto sacrificial era a condição de
aceitação do sacrifício por Deus.

1.2.1.5 A GUARDA DO SÁBADO

Encontramos também dentro do chamado culto do Antigo Testamento a guarda do


sábado, de períodos ou ano. Antes da Lei já era sabido que Deus em sua atividade
criadora trabalhou seis dias e no sétimo descansou e portanto o homem deveria repetir
este padrão. Mas a Lei determinou um dia, o sábado, e nele o trabalho era suspenso.
Neste dia há santa convocação para a entrega de sacrifícios. Além do sábado, eram
guardados também outros períodos como a Páscoa e o ano do Jubileu (FRAME, 2006,
p. 42). Todos guardados por ordenança de Deus e não opção do povo. O tempo
relacionado ao culto é também entendido pelos que reconhecem na Palavra o PRC.

1.2.1.6 O CULTO NAS FESTAS

O povo de Deus, Israel, também prestava culto através das festas. O pentecostes era
celebração do encontro em que Deus, no monte Sinai, entregou as Tábuas da Lei. Já a
festa dos Tabernáculos era realizada após a colheita e trazia a lembrança de que o povo
peregrinou no deserto. No período desta festa o povo ficava em tendas para lembrar as
dificuldades do deserto. A última festa era a das Trombetas. Nela a Lei era lida para
todos e os pecados eram confessados. No Dia da Expiação o sumo sacerdote adentrava
o santo dos santos levando sangue para expiação dos pecados (FRAME, 2006, pg. 42-
43). O Dia da Expiação era o ponto alto do culto veterotestamentário; o sacrifício
oferecido naquele dia, pelos pecados do povo, prefigurava Cristo (HOEKEMA, 2011, p.
159). E qual destas festas era um ato de escolha do povo? A resposta é nenhuma! Todas
foram ordenadas por Deus. E todo o seu significado explicado por Deus.

1.2.1.7 O TABERNÁCULO E O TEMPLO

Durante a história do povo de Israel existiu dois locais separados para a “habitação de
Deus”. Eles foram o Tabernáculo e o Templo e serviam especialmente para o culto
25

sacrifical. Porém também eram locais de busca do Senhor da Aliança. Neste local o
povo suas fazia orações, juramentos e louvores. Estes locais especiais também serviam
para o ensino.
O próprio Deus determinou a construção de um tabernáculo e capacitou com seu Santo
Espírito a Bezalel e Oliabe para executarem a construção. Ela era divida em três partes:
o pátio, o lugar santo e o santo dos santos. No pátio, que ficava ao redor da estrutura,
havia um altar para as ofertas e uma bacia com água que servia para a purificação. A
tenda, tarbenáculo, era dividida por uma cortina em duas partes. Na primeira, chamada
de santo lugar, ficava o altar com incenso, os pães da proposição e o candelabro. O
santo dos santos representava a presença de Deus e nele ficava a arca da aliança e um
trono. Somente o sumo sacerdote podia entrar no santo dos santos e isto somente no Dia
da Expiação.
Outro lugar separado para a adoração, culto, do povo de Israel foi o Templo. Este tinha
uma estrutura fixa e com uma configuração semelhante a do Tabernáculo mas era maior
e com mais mobília(FRAME, 2006, p. 43-45).

1.2.1.8 OS SACERDOTES E LEVITAS

Levi era um dos filhos de Jacó e deu origem a tribo de mesmo nome. Esta Tribo,
separada por Deus para o serviço do culto, não recebeu terra como as outras mas
recebeu algo melhor. O Senhor era a herança deles e por isso tinham a tarefa exclusiva
de cuidar do santuário e do altar. O Rei Davi colocou também sob a responsabilidade
dos levitas a música. Eles eram os instrumentistas e cantores que atuavam no culto do
Templo. A responsabilidade do ensino da Lei era dos Levitas. E eles também recebiam
territórios dentro das outras tribos para cumprir esta responsabilidade em todo Israel.
Os sacerdotes também eram descendentes de Levi e foram separados dentre os filhos de
Arão. Eram os sacerdotes que ofereciam os sacrifícios e conduziam o culto. Eles
representavam, mediavam, o povo no culto a Deus. Os sacerdotes eram mestres do
ensino da Lei e responsabilizavam-se pela pureza cerimonial (FRAME, 2006, p. 45).
Deus escolheu a família e as funções executadas na manutenção e condução do culto.

1.2.1.9 O CULTO NA SINAGOGA

Na época de Jesus os serviços de culto eram realizados na sinagoga além do templo.


Nas sinagogas os sacrifícios eram proibidos, mas nela os judeus podiam orar e estudar
26

as Escrituras. As sinagogas podiam ser edificadas em qualquer lugar onde existisse um


grupo de homens judeus acima de doze anos em número de dez ou mais. Os rolos
sagrados podiam ser lidos por um judeu e o texto seria exposto e aplicado a
congregação. Existiam várias recitações, bênçãos e respostas da congregação que eram
previstas (FRAME, 2006, p. 46-47).
A orientação ou permissão para a construção e funcionamento das sinagogas não fica
claro nas Escrituras. Mas nela vemos que Jesus freqüentava a sinagoga regularmente
não sendo necessária a discussão sobre a permissão de Deus para ela. Na sinagoga
prestava-se honra ao Deus da Aliança e por este aspecto consideramos a reunião para tal
na sinagoga um Culto. Podemos na sinagoga em partes como segue:
1. Recitação do Shema (ouve) – O Shema era repetido três vezes por dia. Ele
resume-se a leitura de Dt. 6.4-9;11.13-21 e Nm. 15.37-45).
2. Recitação do Shemone Esreh (Dezoito Bênçãos) – este ato constituía-se em
uma série de louvores a Deus. Estes louvores em forma de oração também eram
recitados três vezes ao dia.
3. Entoavam-se cânticos contidos nos salmos e no saltério bem como cânticos
com composição mais nova.
4. Orações silenciosas
5. A leitura da Lei e dos Profetas seguida de um “sermão expositivo”. Este era a
parte central do culto.
6. Encerrava-se com uma benção, caso estivesse presente um membro
sacerdotal. Na ausência deste encerrava-se com uma oração (COSTA, 2009, p.
57-58).
O culto da sinagoga era constituído por elementos ainda hoje usados na adoração
apontados pelo PRC. Estes são a leitura da palavra, as orações, os cânticos e a pregação
ou sermão. Todos apresentados na Escritura como forma requerida por Deus ao seu
povo no serviço de adoração.

1.2.1.10 CONSIDERAÇÕES SOBRE PRC NO CULTO NO ANTIGO


TESTAMENTO

Vemos nos aspectos sobre o Culto do Antigo Testamento tratados acima que Deus é
quem instituiu e instruiu o povo a respeito de como adorá-lo. Para tanto Deus instruiu o
27

povo através de sua Lei e determinou que em obediência o povo permanecesse puro na
adoração. E desta forma habilitava-se a desfrutar das promessas de Deus.

“O povo pactual de Deus evidenciava que tinha se apropriado dessas


promessas pela fé ao viver conforme a Palavra de Deus e adorar somente a
ele como o Deus verdadeiro. Sendo assim, embora seja Deus quem dá início
ao seu pacto, essa administração ou esse relacionamento também requer
mutualidade. Deus vai ao encontro de seu povo em graciosa promessa e seu
povo responde pela fé, o que resulta em práticas de amor” (LUCAS, 2011, p.
122-123)

O povo de Israel reconhecia que Deus era santo e digno da adoração. No culto existiam
orações, louvores e leitura da Palavra como serviço em honra a Deus. A mudança do
tabernáculo para Templo, a introdução de Levitas no louvor do Templo e as reuniões
nas sinagogas não feriram a essência do culto determinada por Deus. No templo eram
realizados os ritos por meio do sacerdote: a entrega de ofertas, a expiação e
determinação de pureza ou contaminação no culto. Tudo com relação ao culto ocorria
segundo os princípios pelos quais Deus regulava a adoração. Assim podemos afirmar
que no Antigo testamento o culto aceitável se dava pela obediência a Palavra. Se dava
pelo reconhecimento do PRC.

1.2.2 O CULTO NA PERSPECTIVA DO NOVO TESTAMENTO

O culto no Novo Testamento descortina as práticas do Templo como representavas de


Cristo. E trás ao culto cristão similaridade com as práticas da sinagoga. Jesus é o centro
do culto e neste fato ocorrem mudanças na perspectiva da adoração. A culto da sinagoga
se torna é a referencia da reunião dos cristãos na adoração. Nesta mudança Deus segue
conduzindo seu povo no culto através da sua Palavra.

1.2.2.1 JESUS NO CUMPRIMENTO DO CULTO DO ANTIGO TESTAMENTO

Na perspectiva do Novo Testamento o culto é centralizado em Jesus. É ele quem trás


libertação dos pecados sendo o Senhor do pacto. Estar com Jesus é partilhar de um
encontro com Deus e sua obra é motivação para o louvor.
28

Jesus cumpre o culto do Antigo Testamento em todos os aspectos. Ele é o sacrifício


perfeito e último. Em Jesus tem vitória sobre o pecado e suas conseqüências e nele todo
o povo é tornado santo. O sacerdote perfeito é Jesus que faz a mediação do povo e
Deus. Segundo Frame, em Jesus temos um sacerdócio inteiramente novo, não
relacionado a tribo de Levi, não construído segundo a Lei mas com um poder
indissolúvel de vida que o estabelece para sempre. E é por este motivo que Cristo salva
todo o que se achega Deus. E na presença de Deus, Jesus, está no verdadeiro
tabernáculo, na morada do Senhor, como sacrifício perene e perfeito. E por isto tem
poder para perdoar os pecados.
O Senhor Jesus também cumpre o culto pois, na adoração ele é o tabernáculo e o Deus
que se faz presente. Ou seja, tudo aponta para o Cristo.

“O altar das ofertas queimadas nos fala do sacrifício de si mesmo apresentado


por Cristo. A bacia, como o sacramento do batismo, aponta para Cristo como
o sacerdote inteiramente puro, livre de qualquer mácula, e que purifica seu
povo. Os candelabros representam Cristo como a luz do mundo. O pão da
proposição e maná, como o sacramento da ceia do Senhor, mostram Cristo
como aquele que alimenta seu povo. O altar de incenso de Arão representam
Jesus como sacerdote, cujas orações por seu povo constantemente ascendem
ao trono do Pai. O Santo dos Santos foi aberto para nós na morte de Cristo,
no momento em que o véu se partiu ao meio. Por meio de Cristo entramos
com intrepidez (Hb 10.19-25). A arca, trono de Deus em Israel, representa
Jesus como “Deus conosco”, Emanuel. As tábuas da Lei falam de Cristo
como a Palavra eterna de Deus (FRAME, 2006, pg. 52).”

A guarda do sábado e a finalidade de todas as festividades é Jesus. O cordeiro da Páscoa


é representação dele. Ele é o verbo que se fez carne e habitou, tabernáculou, com seu
povo e é representado na festa dos tabernáculos. É Jesus quem no Pentecoste envia o
Espírito Santo o outro consolador. E no Dia da Expiação o sangue que o sacerdote
levava apontava para o sangue de Cristo e sacrifício perfeito. O sumo sacerdote, que era
um mediador na antiga aliança, era mera sombra do ofício sacerdotal de Cristo
(FRAME, 2006, pg. 52).
Os cristãos adoram ao Senhor do Pacto porque todos os que estão em Cristo são o novo
Israel que vive fielmente pela Palavra. Jesus é o remanescente fiel e o seu povo é eleito
nele. Aqueles que adoram a Deus em Espírito e que tem sua gloria em Cristo recebem a
verdadeira circuncisão. É por Cristo que se faz a separação perfeita de todos os povos.
29

No Novo Testamento não existe uma família especial para o sacerdócio como no Antigo
Testamento. Mas todos os eleitos são sacerdotes e se apresentam diante de Deus como
“sacrifícios espirituais” na forma de uma vida piedosa, de orações e louvores. Estes
sacerdotes também são o templo do Espírito Santo e por este motivo a igreja é o corpo
de Cristo. No culto cristão o povo olha para Jesus como salvador único e suficiente
meio para se achegar ao Pai. E é neste culto que Cristo deve estar em todas as
circunstâncias da adoração (FRAME, 2006, pg. 49-54).
O culto sacrificial, o templo e o sacerdócio estão em Cristo. O culto é em fidelidade a
ele que é a própria Palavra. É dele e por ele um culto que está firme as Escrituras. O
PRC aponta para a obediência a Palavra e a instrumentalidade da mesma.

1.2.2.2 A MUDANÇA ENTRE O CULTO DO ANTIGO PARA O NOVO


TESTAMENTO

As mudanças entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento influenciam diretamente


no Culto. Tudo o que Deus determinou a Israel cumprem-se em Jesus Cristo. Existe
agora em Jesus para todo cristão uma aliança, expiação, circuncisão, um tabernáculo e
festas. E por isto tanta diferença entre os dois cultos pois, na perspectiva do Novo
Testamento a redenção esperada cumpriu-se em Jesus. “Nossa vida toda é serviço
sacerdotal, nossa honra e nosso louvor ao nosso Senhor da aliança” (FRAME, 2006, pg.
55). E este serviço sacerdotal ainda se dá conforme regulação da Palavra de Deus. Não
existem mais as exigências cerimoniais do Antigo Testamento, o culto tem portanto um
sentido amplo em que há obediência a Palavra e uma vida de sacrifício à vontade de
Deus. (FRAME, 2006, pg. 54).

1.2.2.3 O PRC NAS REUNIÕES DOS CRISTÃOS

Como vimos a cima o culto é visto em sentido amplo que é a principal mudança do
culto entre os dois Testamentos. Mas também existe a ordenança para que os cristãos se
reunissem para louvar, orar e celebrar os sacramentos. Nesta ocasião Deus estava com
seu povo de forma especial. Os primeiros cristãos reuniam-se por ordenamentos
recebidos dos apóstolos. Portanto este culto era formatado, regulado, pela autoridade
apostólica.
30

O culto cristão do Novo Testamento encontrou seus elementos dentro da liturgia da


sinagoga que eram usados conforme a visão ensinada por Jesus de “adoração em
espírito e em verdade”(Jo. 4.24). A novidade neste culto eram os sacramentos, batismo
e santa ceia, instituídos por Jesus. Podemos encontrar como elementos do culto do Novo
Testamento, todos recepcionados pelo PRC, os seguintes:
1. Leitura e exposição das Escrituras
2. Orações de gratidão, intercessão e suplica
3. Cânticos
4. Celebração da Santa Ceia
5. Ofertas
6. Batismo
“A liturgia Cristã foi amadurecendo de acordo com o registro dos evangelhos”
(COSTA, 2009, pg. 57-58).

No culto do Novo Testamento havia regozijo na comunhão uns com os outros e


recebiam bênçãos especiais do Espírito Santo. E não há duvida que Deus também esteve
durante os aspectos temporários do culto do Antigo Testamento. Não existiu em
nenhum dos dois períodos a opção de não prestar o culto a Deus, mas o povo tinha o
dever reunir-se e prestar-lhe culto. Os cristãos hoje têm o dever e privilégio de cultuar
como Deus ordena que o façam. O escritor de Hebreus exorta a respeito disto dizendo:
não se deixe de congregar.
As reuniões dos cristãos eram em nome de Jesus. Isto acontece porque eles tinham em
seus propósitos ter um compromisso com Cristo. E neste compromisso o nome de Jesus
é exaltado. É no nome de Jesus que são batizados, ajudam os pobres e oram. E é nesta
maravilhosa perspectiva que o culto acontecia e a presença de Deus tornava-se real
(FRAME, 2006, p. 49-62).

1.2.2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PRC NO CULTO NO NOVO


TESTAMENTO

Tratamos até aqui sobre o que era o culto no Novo Testamento e vimos que não existe
uma ruptura com o do Antigo Testamento. Os acontecimentos como cerimônias do
templo, as festas e o sacerdócio cumprem-se plenamente em Cristo. Mas a adoração
continua um imperativo de Deus. Imperativo este que vincula à aceitação, por parte de
31

Deus, a obediência do adorador a Palavra como regente do culto. Em Jesus o nosso


culto se dá pela leitura e pregação da Palavra, pelas orações e cânticos porque isto é o
que nos revela as Escrituras. Veremos a seguir legado da tradição reformada que é o
“berço” da doutrina do PRC. Este legado é o retorno das Escrituras como norma diretiva
da igreja.

1.3 O PRC E A FÉ REFORMADA

Quando falamos do PRC dentro da fé reformada faz-se necessário a determinação do


termo “Reformado”. Historicamente o termo reformado foi dado para as igrejas e
pensadores que foram influenciados pelo monge Martinho Lutero e as 95 teses. Mas
após o Colóquio de Marburgo(1529), onde Lutero e Zuínglio divergiram sobre questões
Eucarísticas e Cristológicas, o termo reformado foi aplicado aos que divergiram de
Lutero neste evento. A partir de então os reformadores suíços Zuínglio e Calvino
ficaram conhecidos como Reformados. Estes eram mais rígidos quanto a Autoridade das
Escrituras e portanto a igreja não poderia fazer o que a bíblia condena ou mesmo não
prescreve. Este era um princípio para toda a vida! A Autoridade das Escrituras é basilar
para doutrina do Principio Regulador do Culto. Para os Reformadores a busca principal
era retorno as verdades bíblicas como padrão da vida cristã (SANTOS, 2006, pg. 124-
125).
No século XVII o desenvolvimento da Fé Reformada é denominado de Escolasticismo
Reformado retratado de forma relevante pelo movimento Puritano e o desenvolvimento
Cânones de Dort, da Confissão de fé e dos Catecismos como explicado abaixo nas
palavras do Rev. Valdeci da Silva Santos.

“Uma das principais contribuições daquele período foi à apresentação da fé


reformada sob a estrutura da teologia do pacto, que enfatiza a unidade das
Escrituras, analisa os decretos de Deus ao longo da história da redenção e
sustenta a relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana. Os
principais documentos desse período incluem os Cânones do Sínodo de Dort
(1618), e a Confissão de Fé e os Catecismos de Westminster (1647)”
(SANTOS, 2006, p127).

Com relação ao aspecto Doutrinário são reformados os seguintes princípios: A) A


Majestade de Deus é a indicação de que Ele é o supremo legislador e Dele vem a
verdade e o homem não pode por vontade própria decidir pela salvação em Jesus Cristo.
32

B) A Autoridade das Escrituras nos diz que Deus se revela de forma especial através da
Bíblia e é ela quem estabelece toda doutrina, governo e vida para o cristão e para igreja.
C) A Condição espiritual do homem como doutrina diz que o homem é totalmente
depravado e portanto está em rebelião para com Deus. Neste estado todos os atos são
pecaminosos não há no coração a intenção de glorificar a Deus. O homem não tem
como instituir um culto santo e agradável por si mesmo se fazendo necessária a
observação da doutrina da Autoridade das Escrituras. D) A Suficiência de Cristo – o
pensamento reformado sustenta que a obra redentora de Deus atinge seu ápice na vida e
obra de Jesus Cristo. Isto é apresentado de maneira mais peculiar pois a redenção é
apontada pelos seguintes ofícios de Cristo: profeta, sacerdote e rei. E) A Soberania de
Deus na Salvação é a doutrina que diz que o homem pela sua condição espiritual é
dependente da vontade soberana de Deus para que seja salvo. O homem sem Deus está
morto em seus delitos e pecados e não coopera para sua salvação (SANTOS, 2006, p.
131-143). F) Centralidade da pregação nas missões – essa doutrina entende a igreja faz
missões através pregação do evangelho de Jesus Cristo. E esta é motivada pelo “o amor
a Deus e o zelo pela sua glória, obediência ao mandamento de Cristo e ao seu desejo de
que todos ouçam a mensagem do evangelho e pelo amor ao próximo” (SANTOS, 2006,
p. 143).
Como vemos a Soberania de Deus, a Autoridade das Escrituras, e a condição espiritual
do homem cooperam para o entendimento do PRC.

1.4 O PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO

O Princípio Regulado do Culto é o reconhecimento de uma doutrina bíblica sobre o


culto cristão que ocorre dentro da tradição reformada. Esta compreende a soberania de
Deus e que Ele é o Supremo Legislador. Deus revela-se de forma especial na sua
Palavra e ela é a autoridade para a vida cristã. É a partir da compreensão de culto cristão
na visão reformada que trataremos a seguir sobre: Definição do vocábulo Princípio e
Definição do vocábulo Regulador para então tratarmos do que é da doutrina do
Princípio Regulador do Culto de forma mais explicativa.

1.4.1 DEFINIÇÃO DE PRINCÍPIO


33

A palavra princípio tem significados variados. Dentre eles podemos dizer que principio
é: idéia de começo, ponto de partida ou mesmo verdade primeira que serve de
fundamento para algo. A palavra princípio vem do latim principium e tem sua origem
em principal, primeiro, e, assim, demonstra a procedência de ação ou conhecimento. A
palavra princípio também pode significar regra ou norma, mas relativo ao tema é uma
diretriz e não uma ordem. Temos como exemplo a norma bíblica “Não matarás” que
não é absoluta. Esta norma, princípio, orienta sobre o valor da vida humana. Pois no
caso de defesa própria ou de inocente tal norma não se aplica. Assim informamos que
para o presente trabalho princípio é uma regra geral, uma diretriz de pensamento e
ações. (ERICKSON apud HENRY, 2007, p.467).

1.4.2 DEFINIÇÃO DA PALAVRA REGULADOR

Segundo o dicionário Aurélio de Português a palavra Regulador tem os seguintes


significados:
1. Instrumento ou dispositivo que serve para regular ou controlar algo.
2. Relógio de precisão pelo qual os relojoeiros regulam outros relógios.
3. Que regula ou serve para regular.
4. Diz-se de ou organismo que tem por função controlar e regular um campo de
atividade
No que diz respeito a este trabalho o autor entende o PRC tem por função regular o
campo de atividade chamado Culto Cristão. (https://dicionariodoaurelio.com/regulador
em 05/09/2017)

1.4.3 O PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO

O Principio Regulador do Culto é uma doutrina que entende que é Deus quem instrui a
igreja a respeito do Culto. Isto é, Deus através da sua Palavra, a bíblia, com
mandamentos diretos, que podem ser compreendidos por uma dedução racional, ou
originar-se através de prática histórica estabelecida. O culto, portanto, se realiza, em sua
totalidade, em atos determinados pela Palavra de Deus. (SCHWERTLEY, 2017, p.2)
34

A fim de entender o Princípio Regulador do Culto de forma adequada, deve-


se perceber a diferença entre ordenanças referentes ao culto e suas
circunstâncias, ou aspectos secundários. As ordenanças do culto são
recebidas por orientação divina. Toda ordenança do culto é prescrita por
Deus. Qualquer coisa relacionada a ele, com significado religioso e moral,
deve se basear em ordenanças divinas (explícitas ou implícitas) ou em
exemplos históricos aprovados. A igreja recebe todas as ordenanças do culto
da parte de Deus, como foram reveladas na Bíblia. Ela deve obedecer a todas
as ordenanças divinas e não possui autoridade para adicionar ou subtrair algo
ordenado por Deus. (SCHWERTLEY, 2017, p.3)

A confissão de Fé de Westminster é esclarecedora e corrobora o Princípio Regulador do


Culto ao expressar-se sobre o que é o culto aceitável a Deus:

“...o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por ele mesmo e
tão limitado pela sua vontade revelada, que não deve ser adorado segundo as
imaginações e invenções dos homens ou sugestões de Satanás nem sob
qualquer representação visível ou de qualquer outro modo não prescrito nas
Santas Escrituras”.( Confissão de Fé de Westminster)

Este trecho está ancorado em um dogma da reforma. A Sola Scriptura, Somente a


Escritura, preceitua a bíblia como regente de nossa fé e prática. Não há aspecto humano
algum que a escritura não regule. Dentre estes aspectos está o prestar culto a Deus.
Calvino, em seu comentário aos colossenses, diz que “o culto a Deus não deve ser
medido em conformidade com os nossos conceitos” (CALVINO, 2010, p. 77). A
concepção bíblica de Adoração, junto com uma soteriologia bíblica, eram basilares no
pensamento reformado. O culto deve ser criteriosamente analisado em busca da sua
pureza. Considerar o verdadeiro culto a Deus como o que há de mais importante é ter
uma compreensão Calvinista e Reformada (SCHWERTLEY, 2001, p 125). O que
também pode ser inferido do pensamento puritano quando Matthew Henry descreve a
importância do culto na fé reformado-puritana: “Religião é toda razão da nossa vida, e o
culto a Deus a Razão da nossa Religião” (HENRY apud ANGLADA, 1997, pg.7).
Quando falamos do PRC não queremos tratar o culto como uma cerimônia que envolve
somente atos externos. Mas que o culto é composto de atitudes internas e externas como
diz o teólogo sistemático Hermam Bavinck sendo todos estes atos determinados pelas
Escrituras: “O culto interno abrange os atos de fé, confiança, temor, amor, louvor, ação
de graças, etc., e o culto externo se manifesta em confissão, oração, cântico, no
35

ministério da Palavra e dos sacramentos, na dedicação de votos, jejuns, vigílias, etc”


(BAVINCK, 2012, p. 244).

1.4.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEFINIÇÃO DO TEMA

O culto como o serviço que reconhece e honra a perfeição e grandiosidade de todos os


atributos do Nosso Senhor da Aliança. Sempre foi pelo mesmo Senhor ensinado a
respeito de correta observação. Vimos isto no Antigo e Novo Testamento e que o PRC
nada mais do que o reconhecimento desta verdade. Veremos a seguir o retorno as
Escrituras, os escritos de Calvino e tradição puritana. Estes três assuntos são
fundamentais tanto para a explicação do surgimento da doutrina do PRC bem como da
sua consolidação e chegada até a Igreja Presbiteriana do Brasil nos dias de hoje.

2. SOLA SCRIPTURA, CALVINO E OS PURITANOS – A RECEPÇÃO DA


PALAVRA COMO PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO

O Princípio Regulador do Culto definido como temos hoje é sem dúvida formulação
puritana. Os puritanos com o seu amor a Palavra e intento de fazer, com relação ao
culto, só o que era ordenado na bíblia, que primeiro trataram da Palavra de Deus como
um princípio regulador. Mas veremos neste capítulo que isto foi um desenvolvimento
do fundamento da fé reformada chamado sola scriptura. E também veremos a mesma
concepção nos escritos de Calvino. Para ele a Palavra é o fundamento para o culto e que
nada além dela deve ser utilizado.

2.1 O PRC NO SOLA SCRIPTURA

A reforma buscou o retorno a fonte, Palavra, e assim “resgatou a suficiência das


Escrituras, só ela é a Palavra autoritativa e inerrante de Deus” (CANUTO, 2007, pg.4).
Ela é o princípio regulador da vida dos crentes e da igreja. A compreensão e recepção
deste fundamento reformado é o que trás luz ao PRC.

2.1.1 O QUE É O SOLA SCRIPTURA?


36

O Sola Scriptura é um dos fundamentos da reforma. E é ele quem define o PRC pois a
Escritura, Palavra de Deus, no pensamento reformado, é quem regula o culto.

“A doutrina protestante de sola scriptura ensina que a Bíblia (os 66 livros do


Velho e do Novo Testamento) é a divina Palavra inspirada de Deus, e,
portanto, infalível e absolutamente autoritativa para todos os assuntos
referentes à fé e à vida” (SCHWERTLEY, 2001, Pg.7).

A Escritura é a única e infalível autoridade para igreja. Tal doutrina afirma que com a
morte dos apóstolos as formas e revelação indireta cessaram. As autoridades e concílios
eclesiásticos estão subjugados a Escritura e nem estes ou qualquer homem pode
acrescentar ou subtrair algo.

“Agora que o cânon está fechado e a revelação direta cessou, as Escrituras


inspiradas são a única regra de doutrina e prática. Embora a Bíblia seja a
única regra que Deus nos deu para nos conduzir na maneira de O adorar e
gozar”(SCHWERTLEY, 2001, Pg.10).

As Escrituras são a regra de fé e prática que regulam a relação do cristão como filho de
Deus em todas as coisas. Os santos estão sob esta autoridade e reconhecendo-a tem
segurança no proceder requerido por Deus. Assim também o PRC reconhece a
autoridade das escrituras e de forma especifica as tratam no ambiente do culto.

2.1.1.1 ESCLARECIMENTOS DA SOLA SCRIPTURA

A doutrina tratada tem alguns aspectos a serem esclarecidos antes de prosseguirmos


com o assunto. O primeiro aspecto é que a doutrina da sola scriptura não exclui a
revelação natural. Encontramos na bíblia exemplos de que o homem pode aprender
sobre si e sobre Deus através da revelação natural. O segundo é a sola scriptura não
nega que os meios divinos de revelação anteriores ao fechamento do Canon foram
progressivos. Mas afirma que os mandamentos acrescidos antes vinham de Deus e não
do homem. E que este Deus é quem declara que a revelação escrita é suficiente para a
vida. E o terceiro aspecto é que a sola scriptura afirma que Deus é quem deu a igreja,
através das escrituras, todo o conselho que necessita.
37

“todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a


glória dEle e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente
declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela, não é
uma negação de que existiam muitas revelações e eventos históricos que não
foram incluídos no cânon” (SCHWERTLEY, 2001, Pg.10)

As coisas de Deus não são tratadas pelo reconhecimento natural. Mas somente na
observação da especial revelação de Deus é que a glória ao seu nome é dada. Somente
por dedicação a um viver em conformação com as Escrituras. E em relação ao culto a
doutrina que aponta esta conformação é o PRC.

2.2 O PRC NOS ATRIBUTOS DA ESCRITURA

Toda a verdade a ser crida e vivida a cerca da salvação foi revelada por Deus de forma
progressiva. Ele revelou de forma direta e sobrenatural através do seu Santo Espírito por
meio de anjos, sonhos, visões, teofanias, pessoas inspiradas e por Jesus Cristo, o seu
filho, o que o homem caído por si não poderia conhecer a respeito de Deus. É desta
revelação que Paulo fala em Gl 1.11-12: “Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho
que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi
de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.“ E o próprio Deus ordenou que
essa revelação fosse escrita e estivesse sempre disponível e preservada do homem e sua
natureza corrompida e da malicia de Satanás. A vida revelada na Palavra de Deus
também está na forma do culto. As verdades escritas são as palavras de instrução sobre
a salvação, sobre o culto conforme o PRC se empenha em buscar, também santificação,
o serviço e a vida do homem reconciliado com Deus (ANGLADA, 2013, pg.37).
As escrituras são o fundamento do culto e seus aspectos são garantidores de sua
confiabilidade e perfeição. Isto é explicado pelas seguintes aspectos a cerca da mesma:
inspiração, autoridade e suficiência. Temas que serão tratados a seguir.

2.2.1 INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS

A bíblia foi escrita por pessoas dirigidas pelo Espírito Santo e, portanto, é de natureza
divino-humana. É a revelação autoritativa de Deus e cada palavra dela vem Dele e,
38

portanto, é infalível e inerrante (ANGLADA, 2013, pg.73). “Só existe um único livro
que nos declara a mente e a vontade de Deus. Por ser inspirada pelo próprio Deus, a
Escritura é autoautenticada e absoluta” (SCHWERTLEY, 2001, Pg.12). A inspiração
para o culto é dada, palavra por palavra, do próprio Deus. Não cabendo ao arvorar-se
inspirado quando altera o ordenamento divino para o culto. Tal atitude fere o PRC, ele
fere a Palavra de Deus. Não há novas revelações diretivas para o culto.

2.2.2 A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS

Este atributo das sagradas Escrituras nos afirma que ela deve ser crida e obedecida. A
bíblia é a fonte suprema de autoridade sobre qualquer assunto nela tratado como, por
exemplo, o culto. Ela é a nossa única regra de fé e prática (ANGLADA, 2013, pg.76).
“A Bíblia é o único padrão absoluto e objetivo, pelo qual a ética, a doutrina, o governo
da igreja e a adoração devem ser julgados” (SCHWERTLEY, 2001, Pg.12). Esse padrão
absoluto não dá ao homem discricionariedade para formular um culto a Deus. Não pois
são as Escrituras

2.2.3 A SUFICIÊNCIA E PERFEIÇÃO DAS ESCRITURAS

Tudo que Deus requer da sua igreja pode ser encontrado em sua Palavra ou dela ser
logicamente inferido. Ela é completa e não cabe qualquer acréscimo de tradição ou nova
revelação. Por isso não é lícito ao homem ir além do que é prescrito por Deus na sua
Palavra em matéria de Culto (ANGLADA, 2013, p.91-98).

“A. A. Hodge escreveu: ―a Escritura ensina de fato um perfeito sistema de


doutrina e todos os princípios necessários à regulamentação prática das vidas
dos indivíduos, das comunidades, e das igrejas. Quanto mais diligentes forem
os homens no estudo da Bíblia, e mais freqüentemente puserem em pratica as
suas instruções, tanto menos lhes será possível crerem que, qualquer item da
regra perfeita, é incompleta quanto àquilo que o homem deve crer a respeito
de Deus, e dos deveres todos que Deus requer do homem” (HODGE apud
SCHWERTLEY, 2001, p.12-13).

Este aspecto nos faz perceber que existe que há um “Princípio Regulador das
Escrituras” de onde se infere um PRC. O homem deve, portanto, observar segundo a
bíblia, tudo o que diz respeito a sua existência no âmbito da fé e da prática. A Bíblia
39

Sagrada é portanto suficiente em instrução para o culto. O PRC aponta e acata este
atributo da Palavra.
O PRC é a aplicação do fundamento reformado sola scriptura na esfera do Culto.
Porque a Palavra de Deus apresenta-se Inspirada, Autoritativa e suficiente para conduzir
igreja ao culto verdadeiro.

2.3 OS ESCRITOS DE CALVINO PRECEDEM O ENTENDIMENTO DO


PRINCIPIO REGULADOR DO CULTO

O maior expoente da Reforma é sem dúvida João Calvino (1509-1564). Ele como
teólogo e expositor bíblico é quem mais influenciou a doutrina do culto da igreja
presbiteriana. Dentre suas preocupações, Calvino, tratou sobre o culto como se vê
abaixo:

“Calvino escreveu no livro A Necessidade de Reformar a Igreja: ‘então, se se


questionar quais são as principais razões por que a religião cristã tem uma
duradoura existência entre nós, saber-se-á que as duas seguintes, não são
apenas as principais, mas compreendem em si mesmo todas as outras partes,
e por conseguinte, toda a substancia do cristianismo, a saber: primeiro: o
conhecimento do modo pelo qual Deus é devidamente adorado; e
segundo, de qual fonte deve-se obter a salvação. Quando essas duas são
mantidas fora de perspectiva, embora possamos nos gloriar no nome de
cristão, as nossas profissões serão vazias e vãs’” (CALVINO apud
SCHUWERTLEY, 2001, p. 125). (Grifo do autor)

Ele como excelente teólogo e expositor bíblico é quem mais influenciou a doutrina do
culto da igreja presbiteriana. Para Calvino ser reformado é mais do que ter uma
soteriologia com base bíblica, é “também uma concepção bíblica da adoração”
(SCHUWERTLEY, 2001, p. 125). O entendimento doutrinário de Calvino a respeito do
culto são preservados até os dias de hoje nas suas obras. Tanto nas Institutas da Religião
Cristã como em seus comentários bíblicos ele afirma ser Deus, através da sua Palavra,
quem determina a forma de adorá-lo. Deus é que instrui de forma definitiva e
inquestionável o culto ao seu nome. Este entendimento nada mais é o que mais tarde
“viria a se chamar de Princípio Regulador do Culto” (SCHUWERTLEY, 2001, p.
125). E como trataremos a seguir veremos que o PRC não é nomeado ou definido nos
escritos de Calvino. Mas o seu entendimento é que as Escrituras dirigem o culto.
40

2.3.1 COMENTÁRIOS BÍBLICOS DE CALVINO

Os comentários de Calvino sobre as Escrituras são considerados em alta conta até os


dias de hoje. E para este trabalho o autor utilizará das interpretações deste importante
homem de Deus. Como segue abaixo.

2.3.1.1 COMENTÁRIO DE CALVINO DE LEVÍTICO 10.1-2

Lv 10.1-2 - Nadabe e Abiú, filhos de Arão, pegaram cada um o seu


incensário, nos quais acenderam fogo, acrescentaram incenso, e trouxeram
fogo profano perante o Senhor, sem que tivessem sido autorizados. Então
saiu fogo da presença do Senhor e os consumiu. Morreram perante o Senhor.

Calvino, ao comentar Levítico capítulo dez, declara que o ocorrido com Nadabe e Abiú
é um reflexo da abominação de Deus à corrupção da religião. A pureza da adoração foi
violada quando os filhos de Arão levaram fogo estranho diante do Senhor. O julgamento
de arrogantes pode pensar ser uma punição muito grande para o delito. Calvino, porém,
diz que o entendimento do texto passa, pelo quanto sagrada é a adoração a Deus e por
que “era necessário que sua religião fosse sancionada em seu próprio começo”
(CALVIN, 1998, p. 307 – tradução do autor). O pecado deles foi oferecer incenso sem
atentarem ao que a lei prescrevia. “Embora tenham errado em ignorância, ainda assim,
foram condenados pelo mandamento de Deus ao negligenciarem o que era digno de
Maior atenção” (Calvin, 1998, p. 307 - tradução do autor). O culto, a adoração a Deus, é
regulado por suas determinações e qualquer invenção humana é abominação. As
invenções humanas são “fogo estranho” corrompem a santidade do culto. (CALVIN,
1998, p. 307)

2.3.1.2 COMENTÁRIO DE CALVINO DE LEVÍTICO 22. 31-33

(Lv 22.31-33) "Obedeçam aos meus mandamentos e os coloquem em prática.


Eu sou o Senhor. Não profanem o meu santo nome. Eu serei reconhecido
como santo pelos israelitas. Eu sou o Senhor que os santifico e que os tirou
do Egito para ser o Deus de vocês. Eu sou o Senhor"

Calvino fala que a declaração de Deus quando diz “Não profanem o meu santo nome”
confirma o seu sentimento na punição de Nadabe e Abiú. A pureza e integridade do
culto deve ser mantida. Pois a santidade na adoração os leva a uma adoração legitima e
41

sincera. A imaginação no culto é superstição portanto um grave pecado contra Deus. E


por isso Ele determina pureza e se queixa das falhas do seu povo. (CALVIN, 1998, p.
262)

2.3.1.3 COMENTÁRIO DE CALVINO DE ISAÍAS 29. 13

Is 29. 13 - Senhor diz: "Esse povo se aproxima de mim com a boca e me


honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. A adoração que
me prestam só é feita de regras ensinadas por homens.

Deus está condenando o povo por sua hipocrisia e superstição que estão sempre
acompanhadas pela impiedade. Os homens maus pensam fazer tudo o que é necessário
em honra a Deus enquanto “os homens bons do sentimento mais profundo do coração,
se apresentam diante de Deus, e, enquanto cedem a sua obediência, confessam e
reconhecem o quão longe” estão da perfeição no cumprimento de todos os seus deveres
(CALVINO, 1998, p. 662-663). Calvino diz que a figura da boca e dos lábios denota o
todo e por elas a piedade é assumida. Mas o coração está longe de Deus o que
demonstra que estão inclinados a mentira e falsidade. Deus também condena a adoração
com base em invenções humanas por mais que se esforcem convencidos de uma
possível devoção. A reverencia da adoração é fundamentada e regulada por Deus em
sua Palavra e sem ela todo culto, devoção e reverencia são esvaziados e condenados.
Jesus confirma as palavras do profeta Isaías ao dizer: “Em vão me adoram; seus
ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens” (Mt15.9) (CALVINO, 1998,
pg. 663-664).

2.3.1.4 COMENTÁRIO DE CALVINO DE MATEUS 15.1-9

Mt 15.1-9 - Então alguns fariseus e mestres da lei, vindos de Jerusalém,


foram a Jesus e perguntaram: "Por que os seus discípulos transgridem a
tradição dos líderes religiosos? Pois não lavam as mãos antes de comer! "
Respondeu Jesus: "E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por
causa da tradição de vocês? Pois Deus disse: ‘Honra teu pai e tua mãe’ e
‘quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe terá que ser executado’. Mas vocês
afirmam que se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: ‘Qualquer ajuda que
vocês poderiam receber de mim é uma oferta dedicada a Deus’, ele não é
obrigado a ‘honrar seu pai’ dessa forma. Assim vocês anulam a palavra de
Deus por causa da tradição de vocês. Hipócritas! Bem profetizou Isaías
acerca de vocês, dizendo: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o seu
coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não
passam de regras ensinadas por homens’".
42

Calvino ao comentar o texto reprova a forma com os homens em sua insolência tratam
com a lei. Manter o que Deus exige era algo trivial para os fariseus e mestres da lei.
Estavam sempre buscando novas formas de culto e tratavam suas criações como algo
mais perfeito que a Palavra de Deus. “Enquanto isso, a adoração de Deus é corrompida,
da qual o princípio primeiro e principal é a obediência. A autoridade dos homens é
preferida ao comando de Deus” (CALVIN, 1997, p. 189).
Com isso a majestade da lei é desconsiderada e a reverencia é diminuída. A transgressão
é a inclusão de uma tradição cerimonial humana sendo considerada como parte do culto.
Deus deve ser adorado como estabelecido em sua Palavra, portanto sem nenhum
aditamento. Estes homens, no que diz respeito as ofertas voluntárias, asseveraram a lei
ao ponto de desconsiderarem o quarto mandamento e por suas tradições deixavam seus
pais a própria sorte. Buscavam a santidade dentro de suas criações, mas a mesma é
obtida em, por fé, cumprir esta lei sem reservas crendo que a mesma é perfeita. A
verdadeira santidade consiste na sincera retidão do coração! Para Calvino o que o
Senhor Jesus declara é que uma vez que a adoração de Deus é espiritual deve ser
acompanhada de sinceridade no interior do coração. Assim, os que fazem exibição
externa, são hipócritas. E quando Jesus cita o profeta Isaías dizendo “em vão me
adoram” é porque não há honra a verdadeira religião. A verdade é que estes tolos
“homens se permitem vagar além dos limites da Palavra de Deus, quanto mais trabalho
e ansiedade aparecem ao adorá-lo, mais pesada é a condenação que eles desencadeiam
sobre si mesmos” (CALVIN, 1997, p. 188). O temor deles para com o Senhor era
fundamentado nos mandamentos de homens.

2.3.1.5 COMENTÁRIO DE CALVINO DE COLOSSENSES 2.22-23

Cl 2.22-23 - Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se
baseiam em mandamentos e ensinos humanos. Essas regras têm, de fato,
aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e
severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos
da carne.

A questão tratada pelo Apostolo Paulo aos cristãos colossenses é a criação de filosofias
e tradições humanas. Coisas externas e falhas que são a base de sua religião, mas estas
nada tem relação com o reino espiritual de Deus. “O culto divino, a verdadeira piedade
e a santidade dos cristãos não consistem em bebida e comida e roupa, coisas essas
43

transitórias e passíveis de deterioração, e pelo mau uso perecem” (CALVINO, 1997, p.


77). São criticados o culto inventado pelos homens, a falsa humildade e a negligência
com o corpo. O primeiro tem sua falha na superstição que tem no grego um sentido de
serviço voluntário em causa própria e sem a autoridade de Deus. As tradições humanas
são alinhadas com a nossa forma de pensar e por isso são agradáveis. Em segundo lugar
estas tradições tem aparência de humildade pois “a obediência, seja a Deus seja aos
homens, é pretensa, de modo que os homens não recusam nem mesmo os fardos
irracionais” (CALVINO, 1997, p. 76-77). E terceiro para os que mortificam através da
negligencia com o corpo é uma obediencia “perversa e sacrílega que transfere aos
homens a autoridade divina; e negligenciar o corpo assim é de tão grande importância a
ponto de ser tido digno da admiração como se fosse um serviço prestado a Deus
(CALVINO, 1997, p. 77). Paulo arranca as máscaras para destes que se exibem em falsa
devoção.

2.3.2 O PRC NAS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ

A maior obra de Calvino são as chamadas Institutas da Religião Cristã. Elas são como
uma manual para os cristãos. Tem o objetivo de ensinar tudo quanto a vida piedosa. As
Institutas foram a fonte doutrinária do que veio a se chamar calvinismo. Forma de
pensamento que influencio profundamente o que veio as igrejas reformadas e como
consequencia a IPB. Calvino, nas Institutas, fez uma série de criticas a Igreja de Roma
por encontrar auoridade em outro lugar que não as Escrituras. Vemos um exemplo
abaixo:

“... Mas se, sem levar em conta as circunstânicas, vós simplesmente


reconhecem, qualquer que fosse a época, o caráter destas tradições humanas,
que deviam ser condenadas pela igreja e condenadas por todo piedoso, a
definição que demos anteriormente é clara e certa – a saber que elas incluem
todas as leis promulgadas por homens, sem a autoridade da Palvra de Deus,
com o propósito, tanto de determinar o modo como Deus deve ser adorado,
ou, de instituir uma obrigação religiosa à consciência, como de impor coisas
necessárias a salvação.” (CALVINO, 2015, IV.X.16)

Para o Dr. W. Yong, Calvino, faz declarações que libertam os homens da imposição de
Roma. Essa força libertadora corta a força de imposições de homens com relação ao
44

culto e a adoração. Pois no âmbito do culto toda instituição é de Deus. Yong diz que isto
é o Príncipio Regulador do Culto Reformado ”(YONG, 2000, p.3).

2.3.2.1 A ESCRITURA É MESTRE E GUIA PARA SE ACHEGAR A DEUS

Deus a quem quer atrair para mais perto a fim de ter intimidade, a luz de sua Palavra,
revela a sua salvação. As Escrituras dissipam as trevas de nossa mente e por elas o
conhecimento verdadeiro de Deus é obtido com clareza. É pela Palavra que Deus instrui
a igreja proclamando que deve ser adorado e como deve ser adorado. As escrituras são
“a mais direta e segura marca para reconhecê-lo” (CALVINO, 2015,I.IV.3).

Portanto, por mais que ao homem, com sério propósito, convenha volver os
olhos a considerar as obras de Deus, uma vez que foi colocado neste
esplendíssimo teatro para que fosse seu espectador, todavia, para que fruísse
maior proveito, convém-lhe, sobretudo, inclinar os ouvidos à Palavra
(CALVINO, 2015, I. IV.2).

Para que o homem viva a verdadeira religião tem de ter a doutrina celeste, a Palavra,
como o princípio fundamental de todas as coisas. Pois o reto conheceimento daquele
que é luz e perfeição em todo o seu ser, Deus, nasce da obediencia as Escrituras. É ela
quem nos protege do erro! Conquanto que a mente humana é tendenciosa ao erro, tende
a criação de novas e fantasiosas religiões. Calvino diz que “Deus proveu o subsídio da
Palavra a todos aqueles a quem quis, a qualquer tempo, instruir eficientemente, porque
antevia ser pouco eficaz sua efígie impressa na formosíssima estrutura do universo”
(CALVINO, 2015, I.IV.3). Importa que nos apeguemos a Palavra porque e é dela que a
compreensão de Deus se torna real e viva. Não temos outro modo de nos dirigirmos no
culto ao Senhor diferente da Palavra (CALVINO, 2015, I.IV.3).

2.3.2.2 A SUPERIORIDADE REVELACIONAL DA BÍBLIA SOBRE A


CRIAÇÃO

O profeta que diz que a glória de Deus é proclamada pelos céus também faz menção a
Palavra quando diz: “A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma” e também “Por elas
o teu servo é advertido; há grande recompensa em obedecer-lhes” (Sl 19.7a e 11).
Calvino ensina que Deus convida todos a contemplação dos céus mas a sua
manifestação especial é a Escritura. Pois o homem está em total ignorancia e não pode
45

achegar-se a Deus a não ser por sua Palavra. Em Jo 4.22 Jesus diz a mulher samaritana
que seu povo adora o que não conhece e somente os judeus apresentavam o culto
verdadeiro (CALVINO, 2015, I.IV.4).
A autoridade da Bíblia provem de Deus e não da Igreja. E Ele decidiu por não enviar
seus oráculos diariamente, mas nas Escrituras consagrou sua verdade e lembrança de
forma perpétua. Portanto é um erro grave imaginar que as Escrituras estão sujeitas ao
julgamento da igreja como se ela, sendo perfeita, pudesse apoiar-se no arbítrio dos
homens. É por ela, Palavra, que encontramos solida certeza da vida eterna. A igreja não
tem decisões livres para serviço a Deus!

2.3.2.3 SOMENTE DEUS É TESTEMUNHA CONFIÁVEL DE SI MESMO

E assim na lei, após haver arrogado unicamente para si a glória da Deidade,


quando visa a ensinar que gênero de adoração aprova, ou repudia, Deus
acrescenta de imediato: ‘Não farás para ti imagem esculpida, nem qualquer
semelhança” [Ex 20.4], palavras com as quais nos coíbe o desenfreamento,
para que não tentemos representá-lo por meio de qualquer figura visível
(CALVINO, 2015, I.XI.3).

Deus não admite que o limitado homem crie imagens de qualque material que
representem a Ele. O criador de todas as coisas não pode ser representado por nada
criado. Nem admite que seja adorado quaisquer das obras da criação como sol, lua ou
mesmo o homem. Toda e qualquer representação é um meio supersticioso. Tal atitude é
contradizer o ser de Deus. Calvino apoia-se nas palavras do apostolo Paulo: “Visto que
somos geração de Deus, não devemos pensar que o divino seja semelhante ao ouro, à
prata ou à pedra trabalhada pela arte ou invenção do homem” [At 17.29]. Esta proibição
de Deus segue também para imagens que tenham alusão a sua manifestação pois a
nuvem, a fumaça e a chama eram simbolos da glória celeste para o povo de Israel.
Tambem condena imagens e representações de Deus. As representações de Deus levam
a imediata adoração desta pois os homens julgam estar vendo o Senhor nas mesmas
(CALVINO, 2015, I.XI. 3-9).

Que culto Deus realmente requer se verá em seu devido lugar, em outra parte.
Ora, mediante sua lei, quis ele prescrever aos homens o que é justo e reto, e
dessa forma que eles sejam restringidos por uma norma precisa, para que a
ninguém se permita forjar qualquer expressão cultual (CALVINO, 2015,
I.XVII.3, ‘grifo do autor’)
46

A verdadeira religião, o culto com base no conhecimento de Deus, tem nas escrituras
seu fundamento. Pois sempre que frizam que há somente um Deus isto nos impõe não
transferir a nada o que compete a Deidade. E o homem que se aproxima Dele para um
culto legitimo, em obediência, deve entendê-lo único legislador da sua adoração
(CALVINO, 2015, I.XVII.1).

2.3.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ESCRITOS DE CALVINO

A exposição acima do pensamento nos demonstra que Calvino tinha um sério


compromisso Deus. Compromisso em aplicar a Palavra a vida de forma que ela fosse a
vida no culto. “Calvino sabia que o culto é a preocupação central do cristianismo e da
nossa herança reformada. Por isso ele dizia que o âmago da Reforma foi uma reforma
na adoração, uma reforma no Culto (leitura da palavra/pregação/doutrina, sacramentos,
louvor, sacramentos, ofertório) a Deus” (CANUTO, 2007, p.4). Isto era a verdadeira
religião ensinada por Calvino, contido nos seus comentários e nas Institutas, porque as
Escrituras eram o fundamento do Culto. Os puritanos também voltaram no mesmo
sentindo. Eles consideravam as Escrituras como a bússola da adoração. E “concluíam
que nós precisamos adorar a Deus de conformidade com os preceitos do Novo
Testamento” (BEEKE, 2007, p.2). Este princípio puritano nada mais era do que o
desenvolvimento das bases lançadas por Calvino. A seguir trataremos do pensamento
puritano.

2.4 O PURITANISMO: RECONHECENDO A AUTORIDADE DA PALAVRA


NO CULTO

O puritanismo foi um movimento do século XVII influenciado pela Reforma que


buscava intensamente a prática bíblica. Os puritanos tinham como caracteristica a busca
de uma vida moral elevada. E pelo desejo que tinham de pureza na doutrina, pureza na
liturgia, pureza no governo e pureza na vida foram chamados Puritanos. Eles lutaram
em sua época contra uma realidade de império da ignorancia bíblica, imoralidade,
corrupção e incredulidade. Neste momento, estes servos fiéis a Deus, cheios do Espírito
Santo, empenharam-se por uma reforma na vida da igreja. Esta reforma se daria de
forma profunda. Toda existência, o relacionamento com Deus e com o próximo seriam
regulados pelas Escrituras Sagradas. “Esse prícípio bíblico foi chamado de Princípio
47

Regulador Puritano2: tudo no culto deveria ser regulado pelas Escrituras, mas trazia em
consequencias uma grande repercussão em todas as áreas da vida”(Canuto, 2007, p.4).
O entendimento puritano da suficiência das Escrituras os fazia focar somente nas
ordenanças da Palavra. A frase a seguir explica melhor este pensamento: “Não
queremos saber daquilo que pode ser feito só porque a Bíblia não proíbe, mas queremos
fazer só que ela ordena”(CANUTO, 2007, pg.4).
Martin Lloyd-Jones destaca quatro importantes fatores que definem a maneira de ser
puritano (LLOYD-JONES,1993, p. 266).
1) O puritano tem sua “raiz” na compreensão de todas as coisas a luz do ensino das
Escrituras.
2) O puritano declara que a visão de mundo apresentada pela fé evangélica não é
apenas mais uma, mas arraigada na Palavra, é a unica que tem validade.
3) Os puritanos enfatizam à comunhão e a espiritualidade do culto. “A Igreja reunida é
o coração da idéia puritana” (LLOYD-JONES,1993, p. 266).
4) “Os puritanos criam também na extirpação do pecado e numa rígida disciplina
eclesiástica” (LLOYD-JONES, 1993, p. 266).
Em decorrencia da busca dos ordenamentos bíblicos voltaram-se para um culto simples.
Rejeitaram tudo do culto católico-romano e do anglicano que não podiam encontrar
como ordenamento bíblico. O culto puritano era composto dos seguintes elementos:
1. Leitura bíblica
2. Oração
3. Cântico dos Salmos sem acompanhamento de instrumentos
4. Pregação como o mais importante
5. Santa Ceia
6. Batismo
O que determinou este formato de culto foi o Princípio Regulador do Culto
(ANGLADA, 1997, p. 10).

2
Entenda, neste caso, o Princípio Regulador Puritano e Princípio Regulador do Culto como a mesma a
mesma doutrina. Porem “A terminologia geralmente empregada (Principio regulador Puritano) não
expressa bem o assunto. Não porque os puritanos não defendessem o princípio que estamos
considerando. Mas porque não indica o assunto, e porque a defesa deste princípio não se limita a eles”.
(ANGLADA, 1997, pg. 10).
48

2.4.1 EXEMPLOS DE HOMENS PURITANOS

William Whittingham, apresentou um elevado empenho e amor pela Palavra,


“...indubitavelmentete foi o principal responsável pela tradução da “Bíblia de Genebra”
(LLOYD-JONES,1993, p. 254-255). Ele também redigiu, para igreja inglesa, uma
ordem de culto e instituiu um sistema de disciplina em que para os que queriam se unir
a igreja deviam declarar a sua fé. “Ele designou um pastor ou superintendente,
pregadores, presbíteros e diáconos. Serviu de modelo para a igreja inglesa - a igreja dos
exilados, como era conhecida” (LLOYD-JONES,1993, p. 254-255).
George Gillespie (1613-1649) foi um dos representantes ecoceses na Assembléia de
Westminster. No ano de 1637 escreveu um tratado criticando a imposição de cerimonias
religiosas. Um trecho do livro diz o seguinte:

“A igreja é proibida de acrescentar qualquer coisa que Deus nos deu,


concernentes ao Seu culto e serviço, Deut.4:3; 12:32; Pv 30:6; pr conseguinte
ela não pode prescrever coisa alguma relacionada a prética do Culto divino,
que ultrapasse mera circunstâcia: tudo é incluído naquele tipo de coisas que
não são tratadas nas Escrituras... A Igreja Cristã não tem maior liberdade para
acrescentar (coisas) ao mandamento de Deus do que tiveram os judeus; pois o
segundo mandamento é moral e perpétuo, e nos proíbe, bem como a eles, as
adições ou invenções humanas no Culto a Deus” (GILLESPIE apud
ANGLADA, 1997, p.16-17)

John Owen (1616-1683) foi, dentre os puritanos, o de mais destaque quanto a


capacidade, respeito e conhecimento. Seu escrito mais representativo foi a exposição da
carta aos hebreus. E assim como Gillespie escreveu contra a imposição de liturgias. Um
trecho do livro diz o seguinte:

“... a invenção arbitrária de qualquer coisa imposta como necessária e


indispensável no culto público a Deus, como parte deste culto, e o uso de
qualquer coisa assim inventada e ordenada no culto é ilegal e contraria a
regra da Palavra... Portanto todo dever da igreja com Relação ao culto a
Deus, parece consistir na precisa observação daquilo que é prescrito e
ordenado por Ele (Deus)” (OWEN apud ANGLADA, 1997, p.16-17)

Em termos teológicos, o maior legado deixado pela influencia puritana foram a


Confissão de Westminster, o Catecismo maior e o Breve catecismo. Estes documentos
49

tidos hoje como símbolos de fé da IPB trazem neles o sentido do PRC. Os mesmos
serão tratados no capítulo que segue junto a outras confissões reformadas.

3. A INFLUÊNCIA DO PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO NAS


CONFISSÕES REFORMADAS

As Confissões formuladas a partir do pensamento reformado foram instrumentos


preciosos para o ensino dos cristãos. Elas tinham como objetivo tornar a igreja firme,
unanime e conhecedora das doutrinas bíblicas. Assim, dentre tudo de importante que
tratam, ensinam também sobre o culto. E este é apresentado junto ao PRC. Assim
veremos neste capítulo a influencia do PRC na forma de culto das igrejas reformadas.
Forma esta totalmente apegada aos ensinamentos bíblicos.

3.1 – CONCEITUAÇÃO DE CONFISSÃO

A Confissão é uma declaração de fé sobre verdades bíblicas. Ela busca sistematizar o


conhecimento revelado na Palavra de Deus e visa, através de um registro criterioso,
preservar a instrução dos fiéis. Seja por surgimento de uma heresia ou para melhor
definição de uma doutrina, a igreja, pelo princípio da autopreservação, é forçada a
formular uma Confissão. Segundo A. A. Hodge os “Credos e confissões são necessário
em todas as épocas e em todos os ramos da igreja” (HODGE, 1999, p. 23). As
Confissões têm os seguintes efeitos quando bem utilizadas:
1) Preservam, delimitam e disseminam o conhecimento das verdades cristãs.
2) Fazem distinção entre a verdade e os comentários de falsos mestres.
3) Desenvolvem os fundamentos da comunhão da igreja, quando permanecem na
mesma doutrina, todos podem trabalhar em harmonia.
4) É uma grande ferramenta na obra do ensino.
Segundo Hermisten Maia, a partir do quarto século, introduziu-se nos cultos de forma
regular a recitação dos credos. Estes eram declarados após a leitura da Palavra e tinham
o objetivo de ensinar os cristãos e combater a heresias (COSTA, 2004, p. 59).

3.2 A IMPORTÂNCIA DAS CONFISSÕES NA TRADIÇÃO REFORMADA


50

Com o movimento da Reforma criou-se a necessidade de apresentar formalizadamente a


interpretação bíblica que a diferenciava da igreja de Roma. Assim foram criados
Confissões de fé e catecismos refletindo a teologia reformada. Essas criações ocorreram
nos séculos 16 e 17. Também ocorreram discordâncias entre as denominações que
surgiram e por isto outras confissões foram criadas.
As declarações de fé precisavam ter duas características: ser, na medida do possível,
completas, com uma linguagem acessível aos novos na fé e que pudessem ser
confrontadas com as verdades bíblicas. Os credos reformados tinham como
características:
1) Por em evidencia a fundamentação bíblica de seu ensino.
2) Comprovar que as doutrinas apresentadas alinhavam-se com os credos da Igreja
Antiga. Como os credos Apostólico, Niceno e Constantinopolitano.
3) Balizar seu posicionamento teológico anti os desvios da igreja romana.

As Confissões dos séculos 16 e 17 podem ser dividas em Reformadas (calvinistas) e


luteranas. Para este trabalho consideraremos somente as confissões reformadas
(COSTA, 2004, p. 59-63). São elas: Confissão Belga, Catecismo de Heidelberg,
Segunda Confissão Helvética, Canones de Dort, a Confissão de Westminster e o
Catecismo maior e breve de Westminster. Todos serão trados no que diz respeito as
Escrituras como norma supre e o culto.

3.3 A CONFISSÃO BELGA (1561)


3.3.1 UM BREVE HISTÓRICO DA CONFISSÃO BELGA

Esta é a confissão reformada mais antiga e foi chamada de Belga, pois se refere a todos
os Países Baixos. Este território corresponde hoje a Holanda e Bélgica. Ela data do ano
1561 e é também chamada de Confissão Walloon ou Confissão da Holanda.
A Confissão Belga tinha como principal objetivo defender os cristãos reformados
perseguidos pelo Rei Filipe II da Espanha, adepto a igreja de Roma. O Principal autor
desta Confissão foi Guido de Brès e seu intento era comprovar que os crentes
reformados eram fiéis as verdades bíblicas. Mas isto não deu certo pois as autoridades
da Espanha continuaram a perseguir os cristãos. Em 1567, de Brés tornou-se mártir mas
a sua obra perdura até os dias de hoje.
51

O Sínodo de Dort ( 1618-1619) adotou a Confissão Belga como padrão doutrinário das
igrejas reformadas.

3.3.2 AS ESCRITURAS SAGRADAS NA CONFISSÃO BELGA

A Confissão Belga declara a Palavra como regra perfeita para servir a Deus. Ela trata
sobre o assunto das Sagradas Escritos em quatro artigos que são:
“Artigo 3” – A Palavra escrita de Deus: declara que os escritos sagrados foram
produzidos por homens santos movidos pelo Espírito Santo.
“Artigo 4” – Os livros Canônicos das Sagradas Escrituras: Afirma que crêem nos 66
livros do Antigo e Novo Testamentos e que contra estes nada pode ser alegado.
“Artigo 5” – De onde as Sagradas Escrituras derivam sua dignidade e autoridade:
Declara que as Sagradas Escrituras regulam, fundamentam e confirmam a fé. Elas são
testificadas pelo Espírito ao coração que são de Deus
“Artigo 7” – A suficiência das escrituras sagradas para serem a única regra de fé:
Declara que as Escrituras são a perfeita vontade de Deus. Nela Ele, Deus, escreve todo
o modo de servi-lo.

3.4 O CATECISMO DE HEIDELBERG (1563)


3.4.1 UM BREVE HISTÓRICO DO CATECISMO DE HEIDELBERG

Esta obra foi um pedido do príncipe do Palatinado (Província Alemã) chamado


Frederico III. O escolhido para a tarefa foi o professor de teologia Zacarias Ursino da
Universidade de Heidelberg. O catecismo é dividido em 52 partes chamadas de “Dia do
Senhor” e estas eram utilizadas para as pregação de cada domingo do ano.
O Catecismo de Heidelberg foi aceito pelos sínodos de Wesel (1568), Emden (1571),
Dort (1578), Haia (1586) e de DORT (1618-1619). E foi traduzida para países da
Europa, Ásia e da África e por ter uma forma “pacífica” é considerado um livro de
conforto. Entre os catecismos reformados é o mais usado.

3.4.2 O CULTO NO CATECISMO DE HEIDELBERG

O Catecismo de Heidelberg demonstra com clareza que a Palavra é quem dirige a forma
do culto. Ele é enfático como vemos na pergunta que segue:
52

A pergunta 96 é: O que Deus exige no segundo mandamento? Na resposta temos


“Devemos adorá-Lo somente da maneira que Ele ordenou em sua palavra”.
A adoração ao Deus da Aliança é um dever do cristão isto de forma direta não
diferencia o reformado do católico. Mas a ênfase do termo somente trás uma restrição
entre eles. O segundo mandamento só se cumpre quando Deus é adorado pela forma
determinada em sua Palavra. Aí portanto está o erro da igreja de Roma.

3.5 SEGUNDA CONFISSÃO HELVÉTICA


3.5.1 UM BREVE HISTÓRICO DA SEGUNDA CONFISSÃO HELVÉTICA

A primeira Confissão Helvética foi criada em 1536 e foi apreciada por Lutero. Mas ela
foi rejeitada por discordâncias sobre a “presença real” de Cristo na Ceia. A Segunda
Confissão Helvética surgiu como uma confissão pessoal. Heinrich Bulinguer contraiu a
peste que assolava Zurique e revisou um trabalho antigo. Mas ele não morreu e o
príncipe Frederico III o pediu que elaborasse uma confissão de fé reformada.
A Segunda Confissão Helvética é formatada como um manual de teologia. Tem como
influência a versão definitiva das Institutas e seu ponto de partida são as Escrituras.

3.5.2 CONFISSÃO HELVÉTICA E SUA FIRMEZA NA PALAVRA

Esta confissão declara: “Cremos e confessamos que as Escrituras Canônicas dos santos
profetas e apóstolos de ambos os Testamentos são a verdadeira Palavra de Deus, e têm
suficiente autoridade de si mesmas e não dos homens”. É pelas Escrituras que igreja é
instruída a respeito da verdadeira piedade e sabedoria. Por isso são rejeitadas todas as
tradições humanas. Estas tradições podem ser belas e com títulos impotentes, ou
mesmo, se apresentar com títulos atraentes e delas se dizer “são divinas e apostólicas”.
Mas se não apresentarem provas bíblicas devem ser rejeitadas.

Como deve ser o culto. Embora se permita a todos os homens lerem as


Escrituras particularmente em casa, pela instrução edificando-se mutuamente
na verdadeira religião, no entanto, para que a Palavra de Deus seja anunciada
convenientemente ao povo, e se façam publicamente orações e súplicas, bem
como sejam os sacramentos administrados de modo próprio, e se levantem
ofertas para os pobres e para o pagamento de todas as despesas da Igreja, e
para a conservação das relações sociais, é muito necessário que se
mantenham as reuniões de culto ou da Igreja. Pois, é certo que na Igreja
53

apostólica e primitiva, havia tais assembléias, freqüentadas por todos os


piedosos. (Confissão Helvética)

Este tratado também afirma em relação as “Obras de escolha humana” que os cultos não
são realizados por uma escolha, por nosso arbítrio, pois estes não são agradáveis a Deus.

3.6 CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER (1647)


3.6.1 UM BREVE HISTÓRICO DA CONFISSÃO DE WESTMINSTER

Este documento do sec. XVI é um dos mais influentes do período após a reforma da
Igreja. A Confissão de Fé de Westminster (CFW) foi produzida por teólogos de
Westminster e é uma exposição minuciosa da teologia reformada. Depois de muitos
anos de problemas com o rei Carlos I, o parlamento com majoritariamente puritano,
reuniu-se com o objetivo de uniformizar a fé praticada em todo o reino.
O Dr. William Twise foi presidente e junto aos delegados teve a tarefa de revisar os 39
artigos utilizados até então pela igreja da Inglaterra. E depois da assinatura da Solene
Liga da Aliança a assembléia direcionou-se para o enquadramento doutrinário que era
praticado na Igreja Presbiteriana da Escócia.

“A assembléia foram convidados 121 ministros (os "teólogos"), 10 membros


da Casa dos Lordes, 20 da Casa dos Comuns, mais 8 representantes da
Escócia, sem direito a voto (mas influentes), sendo que esse último país era
aliado ao parlamento inglês por um tratado, a "Liga e Aliança Solene".
Conceitos diferentes de governo eclesiástico foram representados, sendo que
o presbiterianismo foi a posição dominante” (FRAME apud ELWELL, 2009,
p 331)

O resultado prático dos documentos produzidos em Westminster foram: “A Confissão


de Fé e o Breve Catecismo influenciaram o presbiterianismo mais profundamente de
que as próprias Institutas de Calvino” (BEEKE, 1952, p. 13). A assembléia também
formulou um Diretório de Culto bem como uma forma de Governo Presbiteriano, mas
ambos foram rejeitados na Inglaterra.

“a assembléia produziu um padrão confessional que exerceu grande


influência em cada área da igreja presbiteriana, exceto aquela para a qual
54

tinha sido originalmente concebido -a igreja oficial da Inglaterra. Os Padrões


continuam a exercer essa forte influência ainda hoje” (LUCAS, 2011, p.
164).

A teologia produzida em Westminster é diretamente ligada ao pacto da Aliança. Sua


produção é notável, pois é prática e firme doutrinariamente. Ela é fruto de homens fiéis
a Palavra, com experiência na pregação e vida pastoral.

3.6.2 A CFW E O PRC


3.6.2.1 CAPÍTULO I: DA ESCRITURA SAGRADA

A confissão de Fé de Westminster (CFW) tem como ponto de partida a Palavra de Deus.


É o próprio Deus quem manifesta a sua vontade revelada na bíblia. Isto porque o
homem tem sua relação com Deus rompida pelo pecado. E embora a revelação natural
indique a natureza de Deus e das suas exigências bem como a condenação pelo pecado.
A mesma, revelação natural, não pode em nada ensinar ou mesmo auxiliar por si mesma
ao homem com relação a remissão, substituição, santificação e restauração dentre outras
coisas. Até mesmo os ritos religiosos são degradantes e imorais se não estão em
conformidade com a Palavra. “À luz do desígnio da Escritura. Ela declara que nos guia
a Deus. Tudo o que é necessário a este fim ela deve ensinar-nos” (HODGE, 1999, pg.
52-54,64). A seção VI da Confissão diz o seguinte.

“VI. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para


a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente
declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À
Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do
Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser
necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora
compreensão das coisas reveladas na palavra, e que há algumas
circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum às
ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da
natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que
sempre devem ser observadas” .

As Escrituras são de fato quem regulamentam a fé e a vida do homem e, portanto,


regulam também o Culto. A Confissão de Westminster é uma declaração deste fato.
Como ela subsiste em função disto. A seguir vamos tratar sobre o culto na CFW.
55

3.6.2.2 CAPÍTULO XXI: DO CULTO RELIGIOSO E DO DOMINGO

A parte concernente ao culto na CFW caminha concordemente junto ao fundamento do


Somente a Escritura e também com os escritos de Calvino. Todos estes documentos
dizem que Deus em sua Palavra prescreveu o modo aceitável de cultuá-lo. Assim
constitui-se uma ofensa negligenciar esta forma ou servi-lo de outra maneira. Segue a
declaração da CFW capítulo XXI.I:

“I. A luz da natureza mostra que há um Deus que tem domínio e soberania
sobre tudo, que é bom e faz bem a todos, e que, portanto, deve ser temido,
amado, louvado, invocado, crido e servido de todo o coração, de toda a alma
e de toda a força; mas o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é
instituído por ele mesmo e tão limitado pela sua vontade revelada, que
não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens ou
sugestões de Satanás nem sob qualquer representação visível ou de qualquer
outro modo não prescrito nas Santas Escrituras”. (grifo do autor)

Como vemos que a CFW declara, a luz da Palavra, que todo ensino humano relativo a
doutrinas e mandamentos são conduzidos pela revelação especial de Deus. Isto é
determinante para CFW afirmar que toda a forma de culto não pode ir além da clara
autoridade da Escritura (HODGE, 1999, p. 369).

Abaixo segue a seção em que a CFW, capítulo XXI.V, declara o que deve ser feito no
culto. O culto devido a Deus compõe-se dos seguintes elementos:

“V. A leitura das Escrituras com o temor divino, a sã pregação da palavra e a


consciente atenção a ela em obediência a Deus, com inteligência, fé e
reverência; o cantar salmos com graças no coração, bem como a devida
administração e digna recepção dos sacramentos instituídos por Cristo - são
partes do ordinário culto de Deus, além dos juramentos religiosos; votos,
jejuns solenes e ações de graças em ocasiões especiais, tudo o que, em seus
vários tempos e ocasiões próprias, deve ser usado de um modo santo e
religioso”.
56

Deus nos fala através de sua Palavra quando ela é lida e pregada de forma apropriada.
Há nas Escrituras o ordenamento para oração, cântico de salmos e da ministração dos
sacramentos. A Seção VII afirma que ouve uma mudança de dia escolhido para
adoração. Desde o princípio existiu um dia para o culto. Este dia foi o sábado como
declarado no terceiro mandamento. Mas que desde a ressurreição de Cristo, o domingo,
chamado “Dia do Senhor”, passou a ser o dia determinado para a reunião do povo de
Deus para o culto solene. O fato da mudança é explicitar “o fato da ascensão do
Redentor crucificado e seu posicionamento à destra do poder, o grande fato central da
religião de Cristo” (HODGE, 1999, p. 365).

3.7 O BREVE CATECISMO DE WESTMINSTER (1647)

A Assembléia de Westminster formulou, além da CFW, dois catecismos. O Breve


Catecismo de Westminster (BCW) é o menor dos dois e contem 107 perguntas com as
respectivas respostas. Ele segue os termos gerais da CFW, mas suas respostas teológicas
são concisas. O BCW foi desenvolvido pelos teólogos de westminster como base da
vida cristã, ou seja, aquilo que estes homens de Deus viam como lições indispensáveis.
Estas lições orientam como conhecer a vontade e Deus, a viver em Jesus e pela força do
seu Espírito seguindo todas as ordenanças reveladas nas Escrituras.
O BCW ensina nas três primeiras perguntas que o homem foi criado com a finalidade de
glorificar a Deus e gozar dele para sempre. Ensina que este Deus nos dá como regra
para dirigir esta adoração e gozo a sua Palavra. Diz também que Escritura tem contida
nela todo ensino sobre o que o homem deve crer a respeito de Deus, e o dever que Deus
requer dele.
A lei moral é tratada na maior parte do breve catecismo. Nele é ensinado que Deus é o
único verdadeiro e por isso deve-se adorá-lo e que é pecado devotar qualquer adoração
que não a Ele. No ensino do segundo mandamento é ensinado que o culto deve ser
mantido puro e integro como Deus instituiu em sua Palavra. As razões disto são a
soberania de Deus e o fato de sermos possessão dele. No terceiro mandamento o BCW
sobre o uso reverente dos nomes de Deus, seus atributos, das suas ordenanças, palavras
e obras. Já nos ensinos do quarto mandamento é apresentado o dever de guardarmos o
sábado cristão, ou seja, o domingo. Neste dia devemos santificá-lo com exercícios
particulares e públicos de adoração a Deus.
57

Concluímos que os teólogos de Westminster como lição indispensável a vida cristã um


culto que tem sua instituição e regras na Palavra de Deus. A seguir trataremos de outro
importante documento reformado o Catecismo Maior de Westminster.

3.8 O CATECISMO MAIOR DE WESTMINSTER

O Catecismo Maior de Westminster (CMW) é bem semelhante ao BCW só que com


uma teologia mais detalhada. Ele contem 196 perguntas sendo muitas de difícil
memorização. O valor dele está em ser um instrumento profundo de ensino. E o mesmo
serve como um guia muito útil para a pregação sobre temas doutrinários.
O CMW reafirma a finalidade do homem como catecismo menor. Mas é mais profundo
com relação a revelação de Deus. Lembra o fundamento do somente a escritura e
Calvino quando dizem que as obras de Deus se revelam na natureza, porém só na
Palavra e pelo Espírito é que se conhece sobre a salvação. Está revelação especial, a
Palavra de Deus, é a única regra de fé e prática. Ela também é a regra de culto.
Quanto da lei moral o CMW é muito claro sobre o dever de prestar-se culto a Deus. Ela
não difere em pensamento da CFW e BCW. Como se pode ver abaixo na pergunta 104
do CMW:

“104. Quais são os deveres exigidos no primeiro mandamento? Os


deveres exigidos no primeiro mandamento são - o conhecer e reconhecer
Deus como único verdadeiro Deus e nosso Deus, e adorá-lo e glorificá-lo
como tal; pensar e meditar nÊle, lembrar-nos dÊle, altamente apreciá-lo,
honrá-lo, adorá-lo, escolhê-lo, amá-lo, desejá-lo e temê-lo; crêr nÊle,
confiando, esperando, deleitando-nos e regozijando-nos nÊle; ter zêlo por
Ele; invocá-lo, dando-Lhe todo louvor e agradecimentos, prestando-Lhe toda
a obediência e submissão do homem todo; ter cuidado de o agradar em tudo,
e tristeza quando Ele é ofendido em qualquer coisa; e andar humildemente
com Ele”.

Já quando trata dos pecados contidos no segundo mandamento é proibido “o


estabelecer, aconselhar, mandar, usar e aprovar de qualquer maneira qualquer culto
religioso não instituído por Deus”. O CMW volta-se para o fundamento reformado do
Somente a Escritura e confirma que é Deus por si mesmo que determina a forma
aceitável de culto. A ele devemos preservar e aderis “conforme determinado nas
Escrituras, evitando e impedindo cuidadosamente todas as corrupções ou modificações
humanas naquilo que Deus determinou em sua Palavra (VOS, 1997, p.335)
58

Encerramos assim a exposição das confissões reformadas. A seguir trataremos do


presbiterianismo e suas influencias reformadas, calvinistas e confessionais.

4. IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL – HISTÓRIA, SISTEMA E


CONFESSIONALIDADE QUE APONTAM PARA O RECONHECIMENTO DO
PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO

4.1 O SISTEMA PRESBITERIANO

Quando falamos a palavra “presbiteriano” remete-se, em primeiro lugar, ao sistema


governo. Sim o presbiterianismo tem sua forma de governo eclesiástico pautado na
liderança do presbítero. Porém é muito rasa esta definição, pois não corresponde ao todo
do Sistema Presbiteriano. Este sistema “é o corpo de verdades e leis religiosas que tem
como verdade fundamental a soberania de Deus” (ROBERTS, 2003, p. 8).
O princípio central do presbiterianismo é a soberania de Deus. Todos os cristãos
dizem ser a bíblia a revelação de Deus. Mas somente o segmento evangélico afirma que
a Bíblia, a Palavra de Deus, é a infalível e única regra de fé e prática. Assim dentro do
sistema presbiteriano “a soberania de Deus implica a soberania de sua Palavra”
(ROBERTS, 2003, p. 8). O que nos inferir que a soberania de Deus por sua Palavra
também alcança a esfera do culto.

“O sistema presbiteriano aceita como objeto de consideração permanente


apenas aquelas coisas cuja origem e autoridade decorrem das Escrituras.
Poderíamos chamar à aceitação da soberania da Palavra de Deus o princípio
orgânico. Vem ele exposto no primeiro capitulo da Confissão de Fé. Os
presbiterianos iniciaram sua Confissão de Fé colocando as Sagradas
Escrituras em primeiro lugar ”(ROBERTS, 2003, p. 8).

Outro aspecto do Sistema Presbiteriano é a sua confessionalidade. Toda pessoa tem o


direito de interpretar a Palavra com o devido respeito ao Senhor que a revelou. Este
Sistema, portanto, respeita esta liberdade dos cristãos que exercendo sua liberdade
associam-se a outra denominação. E ao exercer a sua liberdade o Sistema Presbiteriano
adota o governo de presbíteros entendendo que este é bíblico. E também por meio do
direito que tem como denominação exige a subscrição “pessoal da Confissão de Fé, do
Breve Catecismo e do Catecismo Maior como a sistematização do ensino bíblico”
59

(ROBERTS, 2003, p.9) de toda a sua liderança, ou seja, dos pastores, presbíteros e
diáconos.
Com relação a sua teologia podemos dizer que o Sistema presbiteriano é caracterizado
por três grandes elementos: “no primeiro estão as doutrinas aceitas por todos os cristãos;
no segundo, doutrinas mantidas por todos os protestantes; e no terceiro, as doutrinas
caracteristicamente calvinistas” (ROBERTS, 2003, p.10).
O aspecto mais direto a este trabalho é o Culto. O Sistema Presbiteriano é aplicado a
Igreja Cristã e nela o culto é parte central. As doutrinas que direcionam o culto neste
sistema são:

a) somente Deus deve ser adorado; b) deve ser adorado pela mediação de
Cristo apenas; c) Deus aceita o culto quando tributado em espírito e em
verdade, sob a direção do Espírito Santo; d) somente no culto verdadeiro
pode O pecado ser perdoado e obtido O favor divino; e) no Evangelho, parte
alguma do culto religioso aparece subordinada a este ou aquele lugar; Í)
dentre os sete dias da semana, Deus separou um para o descanso, devendo
esse dia ser inteiramente consagrado a Deus; g) os princípios gerais do culto
estão expostos na Bíblia (ROBERTS, 2003, p.13-14) grifo do autor.

A soberania de Deus está presente em todas estas doutrinas. O culto, debaixo desta
soberania, segue a Palavra de Deus. E deve buscar atender obedientemente todas as
ordenanças quanto ao culto. Isto gera uma formatação de culto clara e simples. A
mesma foi usada no presbiterianismo desde o seu surgimento. Sobre isto veremos a
seguir na história do Presbiterianismo.

4.2 A HISTÓRIA DO PRESBITERIANISMO


4.2.1 O SURGIMENTO PRESBITERIANISMO COM JOHN KNOX

O presbiterianismo surgiu na Escócia com John Knox. Este nasceu em Handdington


entorno do ano 1513 e provavelmente na cidade de Glasgow. Knox foi influenciado por
George Wishart um dos precursores da reforma escocesa. Em St. Andrews (1547) foi
pregador por um tempo mas os franceses o capturaram e em 1549 o transferiram para
França. Quando conseguiu fugir, o que não levou muito tempo, Knox tornou-se capelão
de Eduardo VI na Inglaterra. E enquanto capelão cooperou na revisão do Livro de
60

Oração dando origem ao que se chamou de Segundo Livro de Oração. Com a chegada
de “Maria, a sanguinária”, perseguidora da fé reformada, Knox exilou-se em Genebra.
Knox tinha um profundo desejo de limpar a igreja e condenava abertamente os desvios
praticados pela igreja de Roma.

“Knox aplicou à adoração um dos solas da Reforma — sola scriptura.


Somente a Escritura deve ser o guia para a adoração. Todas as práticas e
observâncias na igreja que não têm autoridade escriturística, devem ser
abolidas. Ao apelar para o princípio do sola scriptura para a adoração, Knox
estava confirmando o que desde então se tornou conhecido como o
“Princípio Regulador do Culto”. (KLEYN, 2004. p.1) grifo do autor

A chegada de Knox em Genebra foi uma grande contribuição ao que seria o


presbiterianismo. “A Genebra de Calvino foi uma revelação para Knox: ali ele
encontrou o governo e a disciplina presbiteriana das igrejas, códigos morais aplicados
pela igreja, ordem e paz na sua direção” (LUCAS, 2011, p.160). Em 1559, quando
voltou definitivamente a Escócia, John Knox se tornou líder do Partido Reformador. No
ano que se seguiu ele escreveu a Confissão Escocesa e nela sua teologia ajudou a dar
forma ao pensamento presbiteriano. Além desta confissão Knox também escreveu o
Primeiro Livro de Disciplina (1560) e o Livro de Ordem Comum (1556-1564).
“Knox adotou as visões de Calvino sobre adoração, perfeitamente convencido de que
elas eram bíblicas e corretas. Ele entendeu que o homem por si mesmo não pode decidir
como Deus deve ser adorado” (KLEYN, 2004. p.2). E por sua insistência em despertar
na igreja da Escócia uma adoração bíblica, Knox promoveu uma reforma na adoração
do seu país. Assim “somente aqueles elementos de adoração que a Escritura prescrevia
foram admitidos, tais como oração, a leitura e pregação das Escrituras, o cântico dos
Salmos, e a administração apropriada dos sacramentos” (KLEYN, 2004. p.1)

4.2.2 A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL E O PRC (IPB)


4.2.2.1 IPB – A CHEGADA DE SIMONTON, A AUTONOMIA DA IGREJA E
ADOÇÃO DOS PADRÕES DE WESTMINSTER

A fundação da Igreja Presbiteriana do Brasil se dá com a chegada ao Brasil do


missionário da PCUSA Rev. Ashbel Green Simonton em 12 de agosto de 1859. Os
61

frutos, devido a adaptação de Simonton a língua e cultura, demoraram um pouco. Mas


logo que Simonton foi capaz de pregar aos brasileiros em português sentiu-se muito
feliz e grato a Deus. Suas primeiras realizações foram a Igreja Presbiteriana do Rio de
Janeiro (1862), O Jornal Imprensa Evangélica (1864), o Presbitério do Rio de Janeiro
(1865) e o Seminário Teológico (1867). E no final do ano da fundação do seminário,
Simonton, vítima da febre amarela, veio a morrer. Outros obreiros importantes que
auxiliaram Simonton foram o rev. Alexander L. Blackford e um pastor de origem alemã
chamado Francis C. Schneider.
A missão da PCUS, Igreja Presbiteriana do Sul, chegou ao Brasil em 1869. E os
obreiros pioneiros desta agencia missionária foram os Pastores Edward Lane e George
N. Morton. Estes fixaram-se em Campinas pois perto a este local existiam muitos
imigrantes. Uma característica muito importante destes pastores era o fato deles serem
calvinistas conservadores e valorizarem bastante as Confissões e catecismos de
Westminster.
Os missionários preocuparam-se desde a sua chegada com o preparo de pastores no
Brasil. E o primeiro pastor presbiteriano brasileiro foi José Manoel da Conceição, que
tinha sido padre, mas discordava da sua igreja de origem, que foi recebido por profissão
de fé e batismo pelo Rev. Blackford. Os primeiros pastores formados pelo Seminário do
Rio foram: Modesto Perestrello Barros de Carvalhosa, Antônio Bandeira Trajano,
Miguel Gonçalves Torres e Antônio Pedro de Cerqueira Leite, os três primeiros de
origem portuguesa. A estratégia missionária também se preocupou com o analfabetismo
pois o culto tem por base a leitura e entendimento da Palavra e do hinos cantados.

“Os protestantes têm como postulado básico de sua fé que a leitura da Bíblia,
por si só, não somente instrui os indivíduos na religião, mas é instrumento de
conversão. Além disso, o próprio culto protestante exige a leitura, pois que o
seu material litúrgico são a Bíblia e o livro de hinos” (MENDONÇA, 1984,
p.95)

A Igreja do Norte (PCUSA) concentrou seus esforços no Sudeste e sul do Brasil mais
Bahia e Sergipe. Já a missão da Igreja do Sul (PCUS) concentrou-se em Campinas e
adjacências, Nordeste e parte de Minas Gerais. E após trinta anos de trabalho
missionário estas missões decidiram que era tempo da Igreja Presbiteriana brasileira ter
autonomia. Isto aconteceu de fato com a criação do Sínodo Presbiteriano em setembro
de 1888. Nesta ocasião a Igreja Presbiteriana do Brasil “adotou como padrões
62

doutrinários a Confissão de Fé e os catecismos de Westminster” (LUCAS, 2011, p.206).


No capítulo a seguir trataremos da relação da IPB com os Padrões de Westminster.

4.2.3 A IPB E OS SÍMBOLOS DE FÉ

A Igreja Presbiteriana organizou seu primeiro presbitério no dia 16/12/1865. O


presbitério nascente contava então com três pastores: A. G. Simonton, do Presbitério de
Carlile; A. L. Blackford, do Presbitério de Washington, e F. J. C. Schneider, do
Presbitério de Ohio. Por proposta do rev. Simonton o escolhido para moderador foi rev.
Blackford. Simonton foi escolhido como secretário permanente e Schneider o secretário
temporário. O então Presbitério do Rio foi organizado e ficou sob jurisdição do Sínodo
de Baltimore (COSTA, 2004, p.67).
No mesmo dia em que o Presbitério do Rio foi organizado o ex-padre José Manoel da
Conceição foi examinado para a ordenação de Ministro do Evangelho. Após declarar os
motivos que o influenciaram ele declarou receber a Confissão de Fé de Westminster
e o Governo da Igreja Presbiteriana. No dia seguinte José Manoel da Conceição foi o
primeiro pastor ordenado. Os primeiros pastores formados pelo seminário criado por
Simonton também foram examinados quanto ao conhecimento da Confissão de Fé
(COSTA, 2004, p.67-69).
Os Padrões de Westminster foram adotados pela Igreja Presbiteriana desde o seu
começo. Por estar ligado ao Sínodo de Baltimore a igreja brasileira subscrevia seu
sistema de liturgia, disciplina e doutrina. Lembramos que em 1729 o Sínodo de
Filadelphia, constituído pelos presbitérios de Filadelphia, Newcastle e Long Island,
adotaram os Padrões de Westminster com exceção dos capítulos que se referiam ao
magistrado civil. Isto ficou conhecido como o “Ato de Adoção”. O presbiterianismo
americano era calvinista e na Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana dos Estados
Unidos, após revisões e emendas, os símbolos de Westminster foram confirmados em
1989. A visão reformada, calvinista e confessional da IPB desde os seus primórdios a
levaram ao conhecimento da função reguladora das Escrituras na vida e no culto. Esta
tradição fez com que os documentos produzidos pela IPB apresentassem este padrão
para o culto. Como veremos ao tratar dos Princípios de Liturgia, Manual do Culto e na
Carta Pastoral e Teológica sobre Liturgia na IPB como fruto do reconhecimento do
PRC.
63

4.3 O PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO NA IGREJA PRESBITERIANA


DO BRASIL

Veremos neste tópico que a IPB trata com seriedade o tema do PRC. Tem a correta
compreensão e é ciente da importância, pois se firma no ensino das Escrituras. O autor,
em sua ambiência, percebe que o ensino do PRC é negligenciado por muitas igrejas
presbiterianas. E em outras denominações é totalmente ignorado. O que é um erro grave
percebido desde muito por Calvino e pelos Puritanos. O culto não firmado na Palavra é
pecado. Por isso a IPB tem instituído documentos que ensinam o culto com base no
PRC, ou seja, um culto bíblico.
A IPB tem ordinariamente em seu culto público a leitura da Palavra de Deus, a pregação
desta Palavra, orações, o uso dos cânticos sagrados e as ofertas. Bem como a
ministração dos sacramentos (Batismo e Santa Ceia) ordenados pelo Senhor Jesus. Está
forma de culto é mais confessional e calvinista. Ela é bíblica e alterá-la sem apoio na
Palavra, única regra de fé e prática é pecado.
Segundo Hermisten Maia os elementos do culto “normalmente” usados na IPB, ou seja,
não são obrigatórios, são:

“1. Adoração: (Chamada a adoração e adoração propriamente dita)


2. Contrição: (Confissão dos pecados)
3. Louvor: (Ação de Graças, Aqui pode ser colocada a Consagração dos
Dízimos e/ou ofertas)
4. Edificação: (Prédica: Leitura e Exposição da Palavra)
5. Consagração: (Dedicação. Manifestação litúrgica da Igreja com seu
“Amém” aos ensinamentos Bíblicos; Celebração da Santa Ceia).” (COSTA,
1987, pg. 34)

No culto da IPB as Escrituras Sagradas ocupam um lugar preeminente. A Palavra é


central e disto surge a preocupação com cânticos e orações harmônicos com as
Escrituras. Bem como uma mensagem que exponha as verdades das mesmas Escrituras
(COSTA,1987, pg. 34-40). E a ocupação da Palavra do centro instrutor do culto,
conforme o PRC, se faz por obediência e temor ao Deus que era, que é e há de ser. É
temer àquele que condenou todos os que não fizeram da Palavra o PRC.
64

4.3.1 OS PRINCÍPIOS DE LITURGIA DA IPB

Os princípios de liturgia da IPB constam na Constituição. Esta Constituição data de


1950 e foi promulgada em reunião do Supremo Concílio. Objetiva “a promoção da paz,
disciplina, unidade e edificação do povo de Cristo, elaboramos, decretamos e
promulgamos para glória de Deus a seguinte Constituição da Igreja Presbiteriana do
Brasil” (Constituição da IPB).
No que diz respeito ao culto, os princípios de liturgia, declaram a importância de
guardar o domingo para que se tome parte no culto público. Também chama a atenção
para o templo. Este deve ter dedicação exclusiva ao culto pois o Senhor Jesus a declara
Casa de Oração a todas as gentes.
No que diz respeito ao culto público, os princípios de liturgia da IPB, estão em
harmonia com: a doutrina do somente as escrituras, a teologia reformada e calvinista, os
padrões de Westminster e a tradição presbiteriana. Pois todos anelam cumprir a vontade
de Deus e sabem ser condenável qualquer outra forma de adoração. Segue trecho da
Constituição da IPB com relação aos princípios de Liturgia.

“CAPÍTULO III - CULTO PÚBLICO - Art.7º - O culto público é um ato


religioso, através do qual o povo de Deus adora o Senhor, entrando em
comunhão com Ele, fazendo-lhe confissão de pecados e buscando, pela
mediação de Jesus Cristo, o perdão, a santificação da vida e o crescimento
espiritual. É ocasião oportuna para proclamação da mensagem redentora do
Evangelho de Cristo e para doutrinação e congraçamento dos crentes. Art.8º -
O culto público consta ordinariamente de leitura da Palavra de Deus,
pregação, cânticos sagrados, orações e ofertas. A ministração dos
sacramentos, quando realizada no culto público, faz parte dele. Parágrafo
Único - Não se realizarão cultos em memória de pessoas falecidas.”

Podemos perceber pela citação acima que o padrão de culto da IPB é harmônico com o
pensamento de culto de sua Confissão de Fé bem como de João Calvino e John Knox. É
um culto simples que busca seus elementos na Palavra de Deus.

4.3.2 MANUAL DO CULTO DA IPB


65

O manual do Culto da IPB foi elaborado por uma comissão nomeada pelo Supremo
Concílio. Portanto o mesmo só pode ser alterado por uma reforma constitucional. Ou
seja, de forma direta o PRC faz parte do documento maior da IPB. O Manual do Culto
apresenta a seguinte forma para o culto dominical.
1. O dirigente, ao iniciar o culto, deve convidar a igreja a oração.
2. “O hino será anunciado assim
– Cantemos em louvor ao Deus triúno o hino 8, do Novo cântico (como exemplo)”
3. A leitura das Escrituras será anunciada da semelhante forma:
- Vou ler para nossa instrução a Palavra de Deus como se acha em Is 6.1-7
-Segue-se a leitura do texto
4. Depois da leitura, o povo é convidado a orar
- Oremos
5. Em seguida procede-se à leitura bíblica
- Leiamos na Palavra de Deus o Salmo 51
6. Acabada a oração e leitura, será anunciado e cantado o hino 67 (como exemplo)
- Cantemos em louvor a Deus o hino 67 do hinário Novo Cântico
7. Depois do hino será pronunciado um Sermão
8. Acabado o pronunciamento do Sermão, far-se-á oração. O dirigente dirá:
- Oremos (pode ser em uníssono o salmo 103)
9. Terminada a oração, cantar-se-á um hino, anunciado do seguinte modo:
- Louvemos a Deus, cantando o hino 88 do hinário Novo Cântico (como exemplo)
10. Oração – Segue o exemplo abaixo

- A ti, que és poderoso para nos conservar sem pecado e para nos apresentar
ante a vista da tua glória, imaculados com exultação na vida de nosso Senhor
Jesus Cristo; a ti, único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo nosso Senhor,
seja dada glória e magnificência, império e poder, antes de todos os séculos, e
agora, e para todos os séculos dos séculos. Amém.

11. O ministro poderá convidar o povo a se pôr de pé e impetrará sobre ele a bênção.

4.3.3 CARTA PASTORAL E TEOLÓGICA SOBRE LITURGIA NA IPB


66

No ano de 2008 a Comissão Executiva do Supremo Concílio da IPB, em reunião


ordinária, pronunciou-se a respeito de alguns documentos pedindo orientação sobre
aspectos do culto como: dança litúrgica, coreografia e palmas.
A Comissão Executiva de 2008 constituiu uma comissão especial com o seguinte
objetivo:

Elaborar texto de caráter pastoral e teológico quanto à liturgia, observando


inclusive: danças, coreografias, expressões fortes e palmas, seguindo os
princípios já estabelecidos pelos Símbolos de Fé e das decisões do SC e da
sua CE, inclusa a decisão CLXXXVII – CE-SC/IPB-2007, prestando
relatório ao Supremo Concílio em sua próxima reunião ordinária.
(COMISSÃO EXECUTIVA DO SUPREMO CONCÍLIO DA IPB, 2008,
p.1) Grifo do Autor

A comissão especial não tinha como propósito estabelecer novos princípios de liturgia.
A igreja tem seus princípios de liturgia em sua regra de fé e prática conforme nos diz a
confissão. A IPB considera suficiente o que é tratado sobre Culto na Confissão de
Westminster, Catecismos e em seus princípios de liturgia. Ela limitou-se neste
documento a pronunciar-se “aos oficiais e aos membros arrolados quanto às expressões
físicas no culto, a saber, danças, coreografias, expressões fortes e palmas” (COMISSÃO
EXECUTIVA DO SUPREMO CONCÍLIO DA IPB, 2008, p.1). No que se refere ao
culto a Igreja Presbiteriana do Brasil declara de forma firme que são as Escrituras que
balizam o culto conforme compreendido pelo PRC.

“A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma federação de igrejas relacionadas


entre si hierarquicamente por meio de concílios e que adota os mesmos
Símbolos de Fé. Embora não se busque a uniformidade absoluta nos cultos
das igrejas locais, tendo em vista que as Escrituras nos dão princípios de
culto e não uma ordem litúrgica pré-estabelecida, é desejável, todavia, a
busca e a manutenção da unidade tão necessária para preservar a identidade
bíblica e denominacional. Além do mais, existe a necessidade de se
fundamentar bíblica e teologicamente as decisões nessa direção, bem
como empregar-se um tom pastoral” (COMISSÃO EXECUTIVA DO
SUPREMO CONCÍLIO DA IPB, 2008, p.2,’grifo nosso’).
67

Pela declaração a cima vemos que a IPB como igreja cristã adora a Deus, tem as
Escrituras como regra de fé e prática, mas também faz uso de sua Confissão de Fé, de
sua teologia reformada calvinista e da sua identidade denominacional que aponta para
os puritanos para formular sua decisão a respeito do culto. Qualquer prática diferente
constitui-se mais que um erro contra a IPB, é um erro contra o Senhor. Podemos
lembrar mais uma vez das palavras pronunciadas pelos puritanos: “Não queremos saber
daquilo que pode ser feito só porque a Bíblia não proíbe, mas queremos fazer só que ela
ordena” (CABUTO, 2007, p.4). Esta mesma visão conduzem os documentos sobre o
culto na IPB aida hoje.

4.3.4 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

A carta pastoral inicia com o reconhecimento de que se encontram na Palavra de Deus


diferenças entre a vida cristã quanto a forma constante de Culto a Deus, o culto
individual e o culto público solene. A própria Confissão de Westminster reconhece isto
quando diz “Deus deve ser adorado tanto em famílias, quanto em secreto, e mais
solenemente em assembléias públicas”(CFW, XXI.6.). Todos estes modos de culto tem
por propósito servir a Deus, por intermédio de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo.
Porém o Culto Público, que é o tratado aqui, “é o ajuntamento solene do povo de Deus,
convocado para reunir-se em dia, hora e local estabelecidos, com o objetivo de prestar
serviço espiritual a Deus sob a liderança de pessoas especialmente designadas para tal.”
(COMISSÃO EXECUTIVA DO SUPREMO CONCÍLIO DA IPB, 2008, p.4). E é
sobre os elementos que constam do solene culto público que a Carta trata. As atividades
da vida cristã como culto não fazem parte da analise da carta.

4.3.4.2 O TEMPLO

Seguindo o que diz na Confissão (CFW, XXI.6), o culto público pode ser prestado em
qualquer lugar. O que o caracteriza é a sua convocação pública e não o local. Não
existem locais mais sagrados a semelhança do templo de Jerusalém. Isto não significa
um lugar qualquer. O lugar escolhido para o culto deve “levar em consideração a
conveniência, propriedade, facilidade, e outras circunstâncias que devem ser analisadas
68

sempre pelos princípios gerais da Bíblia e pelo bom senso” (COMISSÃO EXECUTIVA
DO SUPREMO CONCÍLIO DA IPB, 2008, p.4).

4.3.4.3 A IGREJA COMO COMUNIDADE SOCIAL

As igrejas locais são uma viva expressão da igreja de Cristo. E, além disso, elas também
constituem-se em comunidades socialmente organizadas. E por isso admite-se que atividades
de cunho sociocultural façam parte da vida da igreja. Portanto não há erro algum em festas
relativas ao calendário público ou eventos que visam lazer e cultura. Nem mesmo atividades
que objetivam criar oportunidade de melhora profissional.

Mesmo reconhecendo que a IPB admite que se façam atividades de cunho sócio
cultural. Tais atividades “não devem ter lugar no culto, pois nem são elementos deste e
nem contribuem para que os referidos elementos sejam mais bem utilizados pelo povo
de Deus” (COMISSÃO EXECUTIVA DO SUPREMO CONCÍLIO DA IPB, 2008,
p.5).

4.3.4.4 CULTO E CULTURA


Entende-se como a cultura de um povo o conjunto de crenças, valores, costumes,
práticas, tradições, religiões e símbolos de determinado povo.

“Como tal, a cultura não deve ser percebida como algo moralmente neutro. A
queda do homem afetou profundamente todas as dimensões de sua existência.
As culturas, embora preservando valores morais e éticos bons por causa da
graça comum de Deus, refletem o atual estado do mundo caído e sem Deus,
morto em ofensas e pecados e, por natureza, debaixo de sua santa ira e
condenação. Muitos aspectos culturais são distorções da revelação natural de
Deus (Rm 1.18-31)”.

Assim, os costumes culturais de um povo não devem ser usados como orientação do
culto revelado por Deus em sua Palavra. Como, por exemplo, as danças inseridas por
algumas religiões em seu culto. A regra de fé e prática são as Escrituras, a Palavra de
Deus, e nela devemos buscar os princípios de liturgia que dão forma ao Culto a Deus.

4.2.4.5 O CULTO PÚBLICO - O PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO

Ao tratar do PRC a carta pastoral lembra, de forma semelhante à Calvino, aos puritanos
e aos fundadores do presbiterianismo, quando se volta para a Palavra para responder os
69

questionamentos sobre o culto. Mais especificamente as ordenanças dos quatro


primeiros mandamentos. Pois neles constam as ordenanças básicas sobre o cuidado com
o culto. A partir disto citam a Confissão (CFW. XXI.1) cuja a parte principal diz: “o
modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por ele mesmo e tão limitado
pela sua vontade revelada”. E segue com a seguinte definição sobre o PRC.

“O conceito refletido nesta seção da Confissão de Fé tem sido chamado na


tradição reformada de “princípio regulador do culto”. Em linhas gerais, o
princípio regulador nos ensina que o culto que é aceitável a Deus é aquele
oferecido de acordo com sua vontade revelada nas Escrituras” (COMISSÃO
EXECUTIVA DO SUPREMO CONCÍLIO DA IPB, 2008, p.6) grifo do
autor

Todas as atividades ordenadas nas Escrituras com o propósito de adorar a Deus são
chamados “elementos de culto”. Em essência o culto do Antigo Testamento e do Novo
são o mesmo culto, mas com administração diferente. As cerimônias eram uma
prefiguração de Cristo, sua vida e obra. Elas não fazem parte do culto do Novo
Testamento, mas os princípios e elementos confirmados nele são utilizados como regra
no serviço a Deus.
Assim, o próprio Deus, por sua Palavra revelou quais são os elementos do culto que lhe
são agradáveis. Os elementos de culto que devem ser observados pela IPB são os
elencados em sua Confissão (CFW):
- orações

- leitura da Palavra de Deus

- pregação da Palavra de Deus

- cantar salmos, hinos e cânticos espirituais ou sagrados

- celebração da Ceia (quando houver)

- ministração do batismo (quando houver)

- juramentos religiosos

- votos, jejuns solenes e ações de graças em ocasiões especiais


- ofertas.
Além dos elementos de culto que são prescritos na Palavra. Existem nas Escrituras
circunstancias que foram deixadas para serem decididas pelos pastores e presbíteros.
70

Sobre os elementos e circunstâncias do culto o teólogo sistemático Louis Berkhof faz a


seguinte declaração:

“A Escritura estabelece os princípios gerais do culto de Deus, Jo 4.23; 1 Co


11.17-33; 14.40; 16.2; Cl 3.16 (?); 1 Tm 3.1-13; mas, na regulamentação dos
pormenores do serviço divino, permite-se grande latitude às igrejas. Elas
podem adaptar-se às circunstâncias, sempre tendo em mente, porém, que
devem cultuar publicamente a Deus de maneira mais bem ajustada ao
propósito de edificação. Em nenhuma situação os regulamentos da igreja
poderão contrariar as leis de Cristo” (BERKHOF, 1990, p. 599) .

As circunstancias envolvem o ambiente do culto como: arrumação, mobiliário,


decoração, uso de mídia, o horário do culto etc. Já outras circunstâncias são
relacionadas ao momento do culto como: uso de instrumentos musicais, cânticos através
de coros ou grupos.
A diferença entre elemento e circunstância de culto está no fato do primeiro ser parte
essencial do culto prescrita na Palavra e o segundo “dizem respeito aos passos
envolvidos na implementação e aplicação dos elementos e são dependentes destes”
(COMISSÃO EXECUTIVA DO SUPREMO CONCÍLIO DA IPB, 2008, p.8). E a
analise do que pode ser feito ou não no culto passa pela classificação em elemento ou
circunstância. Geralmente antes desta analise gera algum tipo de debate.

“Algumas atividades exercidas historicamente durante o culto da IPB têm


sido alvo de controvérsia mais recente dentro da denominação, como a
participação de corais, o uso de instrumentos musicais, o entoar hinos e
cânticos contemporâneos em vez de exclusivamente os salmos, e a
participação de mulheres cristãs no culto público, orando ou lendo as
Escrituras. A Comissão Executiva da IPB, respondendo consulta sobre o
assunto, declarou que a proibição destas coisas não encontra amparo nos
símbolos de fé da Igreja e nem nos Princípios de Liturgia que regem seu
culto, e que, portanto, o cântico coral, o acompanhamento instrumental, os
hinos e cânticos, bem como a participação das mulheres cristãs nas orações e
leitura da Palavra podem fazer parte da liturgia presbiteriana” (COMISSÃO
EXECUTIVA DO SUPREMO CONCÍLIO DA IPB, 2008, p.8). Grifo do
Autor

4.2.4.6 MUDANÇAS HISTÓRICAS NOS CULTOS


71

O culto público no decorrer da história recebeu certas mudanças por parte das igrejas
reformadas. Podemos verificar dentre estas mudanças a introdução de instrumentos
musicais como piano, violão e guitarra ou de percussão como a bateria. Além dos
instrumentos foram incluídos o canto coral e a condução do louvor por uma banda.
Outras alterações ocorreram pelo desuso como a peruca por parte dos pregadores e o
véu por parte das mulheres. Por motivo de saúde pública o cálice único foi substituído
pelo individual. Porém todas estas alterações foram em circunstâncias do culto. Os
elementos do culto em si continuam inalterados. As mudanças que “têm ocorrido no
culto ao longo da história da IPB não justifica a inclusão de novos elementos hoje, seja
a título de modernidade, adaptação, contextualização e renovação” (Carta Pastoral). As
circunstâncias do culto são importantes pois a sua função é permitir que o culto ao
Senhor aconteça adequadamente mas não devemos depositar nas mesmas um caráter
religioso.

4.2.4.7 PRINCÍPIOS DO CULTO ACEITÁVEL A DEUS

Ao verificar as condições que devem ser observadas no culto não foge a sua tradição.
Assim como Calvino e os puritanos, toma como base o ensino das escrituras. Isto
portanto inclui elementos e atitudes prescritas nas Escrituras. Isto significa então seguir
o ensino de Jesus para que adoremos “em espírito e verdade” (Jo 4.23-24). “Os
adoradores que ele busca são aqueles que o adoram com a atitude interior aceitável e de
acordo com a verdade por ele revelada aos judeus” (Carta Pastoral). A adoração a Deus
não é permissiva quanto a liberdade de imaginação e sentimentos pois isto configura
uma distorção do ensino de Jesus.

“As Escrituras também nos falam do culto que Deus não aceita. Este é
marcado não somente pelos acréscimos e invenções humanos, mas pela
hipocrisia (Is 1), pela inimizade nos corações dos adoradores (Mt 5.23-24),
pelas divisões internas nas igrejas locais (ICo 1-4 e 11; Gl 5.14-15), pela falta
de ordem e de inteligibilidade (ICo 14), pela entrega de ofertas que
simbolizam a falta de amor e de consagração a Deus (Ml 1), pela vida imoral
do povo e dos seus líderes (Ml 2) e servir ao Senhor de maneira displicente
(Is 58.1-10; Mq 6.6-8; Gl 6.7)” (COMISSÃO EXECUTIVA DO SUPREMO
CONCÍLIO DA IPB, 2008, p.10).
72

Quando a carta pastoral trata do modo aceitável de cultuar a Deus trás a informação de que,
além de elementos e circunstâncias, o culto requer uma transformação do coração.

4.2.4.8 EXPRESSÕES CORPORAIS NO CULTO

A carta foi provocada pela ausência de decisão sobre dança litúrgica, coreografia e
palmas. E com base no Princípio Regulador do Culto entende-se que somente as
Escrituras são regra de fé e prática. Também nos padrões de Westminster e mesmo no
próprio sistema presbiteriano, desenvolvimento da fé reformada que busca a Palavra
como fundamento, estas expressões corporais foram reprovadas. A carta lembra que os
reformadores retiraram do Culto de forma definitiva as dramatizações pois o meio
eficaz de transmissão da Palavra é a pregação.
Com relação a danças e coreografias a Carta Pastoral fundamenta sua decisão da
seguinte forma:

“As danças litúrgicas e as coreografias não estão incluídas na relação dos


elementos de culto citados nos nossos símbolos de fé. Também não se pode
incluí-las nos cultos públicos a pretexto de serem meras circunstâncias. As
danças não são circunstâncias ligadas à Palavra, pregada ou cantada, como se
fossem uma encenação ou dramatização da mensagem de Deus, visto que não
contribuem para que a Palavra seja mais bem compreendida pelo povo de
Deus e têm a tendência, ao contrário, de obscurecer o seu significado e sua
mensagem, desviando o foco e a atenção da comunidade” (COMISSÃO
EXECUTIVA DO SUPREMO CONCÍLIO DA IPB, 2008, p.12).

Fundamenta também a sua decisão, por igreja confessional que é, no Catecismo Maior
Pergunta 117 quando se pronuncia a respeito do Dia do Senhor e diz: o Domingo “deve
ser santificado por meio de um santo descanso por todo aquele dia, não somente de tudo
quanto é sempre pecaminoso, mas até de todas as ocupações e recreios seculares que
são lícitos em outros dias” (CMW P.117). E a despeito das danças e coreografias serem
tomadas como pretexto de encenação ou dramatização a Carta apega-se ao ensinamento
da CFW XXI. V quando diz:
73

“A leitura das Escrituras com o temor divino, a sã pregação da palavra e a


consciente atenção a ela em obediência a Deus, com inteligência, fé e
reverência; o cantar salmos com graças no coração, bem como a devida
administração e digna recepção dos sacramentos instituídos por Cristo - são
partes do ordinário culto de Deus (...)” (CFW XXI. V.)

Dentro da mesma interpretação são inclusos as palmas e aplausos expressões corporais


como meneios do corpo e gingas. Tais expressões tem como tendência a distração dos
adoradores sendo consideradas, portanto inconvenientes pelo Supremo Concílio da IPB.

“…são inconvenientes todas as formas que possam distanciar os adoradores


desses princípios, sendo que dentre essas formas inconvenientes, conforme já
declarado pelo SCI1998, encontram-se as expressões corporais acentuadas,
podendo ser incluídas entre as quais práticas tais como danças litúrgicas e
coreografias… (CE-SC/IPB-2007 – Doc. CLXXXVII)….reafirmar a
resolução CLXXXVII – CE-SC/IPB-2007, que considera inconveniente nos
cultos presbiterianos a prática de danças litúrgicas e coreografias. (CE-
SC/IPB – 2008 – Doc. CXXXII)” (COMISSÃO EXECUTIVA DO
SUPREMO CONCÍLIO DA IPB, 2008, p.13).

4.2.4.9 ORIENTAÇÕES PASTORAIS A SEREM SEGUIDAS PELAS IGREJAS


LOCAIS

As orientações do Supremo Concílio (SC) levam em consideração evidencias bíblicas e


confessionais pertinentes ao culto. Estas orientações determinam que os pastores,
presbíteros e diáconos negligenciem o culto público (Hb10.25) e que se preparem para o
mesmo como consta nos catecismos.
O SC reconhece a dança como uma expressão cultural e que podem, como atividade
cultural, ser promovida na igreja. Mas não no culto público e não de forma sensual ou
escandalosa. Orienta que se evitem expressões fortes como meneios e gingas pois
tendem a distrair a atenção do adorador. E quanto as palmas diz:

“O Supremo Concílio determina aos seus pastores e concílios a que instruam


essas igrejas que as palmas não indicam maior liberdade espiritual no culto,
resumindo-se a mero acompanhamento rítmico, onde couber” (COMISSÃO
EXECUTIVA DO SUPREMO CONCÍLIO DA IPB, 2008, p.15)
74

O culto a Deus deve ser prestado de acordo com a Palavra. E cabe aos pastores e
concílios a orientação e “em todas as coisas, usem de sabedoria, bom senso e prudência
para evitar conflitos, divisões e contendas no meio do povo de Deus”. O SC suplica a
Deus para que a denominação em todos os regiões do nosso país goze de paz e
harmonia.

4.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A IPB E O PRC

Desde surgimento do presbiterianismo com John Knox as Escrituras tem o seu devido
lugar. Elas são a base de conhecimento que estrutura a igreja em todos os aspectos como
diz o sistema presbiteriano. Também não há de fugir desta fundamentação o culto. Os
intentos do homem não são puros e só existe segurança nos ensinamentos das
Escrituras. Isto é ensinado pela própria Palavra e por este motivo a IPB não introduz
nada além deste ensinamento. Os cânticos e hinos devem ter sua estrutura arraigada na
Palavra. A forma simples de cultuar a Deus preocupa-se em fazer tudo o que as
Escrituras mandam. Também se preocupa em não introduzir “fogo estranho” ou forçar a
consciência dos cristãos os obrigando a participar de elementos de culto estranhos a
Palavra. Como se estes puros fossem ou se mal não fizessem por serem permitidos fora
do contexto do culto como dança. A IPB entende e informa através de seus documentos
que recebe as santas Escrituras como o PRC. Reconhece estar nelas e somente nelas
tudo quanto Deus requer no culto e considera agradável. O dia do culto é dever da igreja
buscar ciência na Palavra como encontramos no hinário Novo Cântico quando diz na
primeira estrofe do hino A Igreja em adoração.
Eterno Pai, teu povo Congregado
Humilde entoa o teu louvor aqui
No dia para o culto reservado,
Com esperança olhamos para ti.
Teu santo livro, ó grande Deus, tomamos
Com fé singela e reverente amor,
E, como atentos filhos, procuramos
Ciência na palavra do Senhor
(Hinário Novo Cântico, hino 3)

Podemos afirmar que a IPB utiliza PRC por reconhecer a soberania de Deus no culto. A
IPB reconhece que só Jesus é o caminho e que só o percorremos através da Palavra. E
só pela regulação da Palavra pode o culto ser centrado em Cristo.
75

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Princípio Regulador do Culto, segundo o nosso entendimento, apresenta o zelo que


Deus tem sobre o culto, ou seja, a adoração ao seu santo nome. É Ele, o Deus da
Aliança, quem define os termos, as regras, do movimento da alma humana, que junto a
outras, volta-se para prestar culto. Através das Escrituras divinamente inspiradas,
autoritatívas e totalmente suficientes para ensinar como deve ser o culto.

Quando tratamos dos benefícios adquiridos pela reforma trazidos até nós principalmente
por Calvino, nós reconhecemos que, mesmo através de um desenvolvimento teológico
profundo, o culto continua bíblico. O culto continua atrelado às práticas das sinagogas
freqüentadas por Jesus. O culto deve continuar atrelado às práticas da igreja apostólica.
Por que a fé demonstrada pela prática da Palavra é o que garante ser a adoração em
espírito e em verdade. Isto não pode ser esquecido.

Este trabalho também é importante pois esclarece que utilizar de inovação ou


contextualização no culto de forma que acrescente ou retire o que a Palavra é pecado. O
modo aceitável de adoração é instituído por Deus. É inaceitável adorar por invenções
dos homens ou mesmo sugestões de satanás. Nada não prescrito nas Escrituras é
aceitável! A adoração é de fato limitada pela Palavra de Deus.

Em nossos dias muito é dito sobre uma nova reforma ou avivamento da igreja brasileira.
Quando vemos a introdução de elementos estranhos ao culto atrelada a falta de uma
ética cristã devemos nos lembrar que o reformador Calvino disse que a reforma passa
pela compreensão de como Deus deve ser adorado. E ele deve ser adorado conforme a
sua santa Palavra ensina. E então chegar a mesma conclusão que os puritanos fazer
somente o que a bíblia ordena fazer.

Quanto a IPB vemos sua liderança, através da carta que trata do PRC, seu empenho por
obedecer a Deus e o buscá-lo em espírito e em verdade. A IPB é confessional e é clara
quanto a sua forma de culto. Seus elementos e circunstancias de culto são claros e não
precisam de modificações. Cabe a liderança das igrejas fidelidade a própria igreja, a
nossa teologia e antes de tudo as sagradas escrituras. O assunto culto sempre foi tratado
com seriedade pelos reformadores e não pode ser negligenciado em nossos dias.
76

A importância deste trabalho se dá pela elucidação do assunto do PRC. Tal elucidação


se dá pela definição apurada do que o Princípio Regulador do Culto e comprovação de
que é uma doutrina bíblica. Também por demonstrar que encontramos o alinhamento
desta doutrina nas Institutas da Religião Cristã de Calvino. Ele coloca Escrituras no seu
lugar devido. Vemos também nos seus comentários o quão sério é negligenciar a
adoração. Ou mesmo o quão grave é utilizar elementos estranhos aos ensinamentos de
Deus. O sistema presbiteriano com seu culto simples com base na soberania de Deus
aponta para o uso do PRC. E que mesmo após nos aproximarmos dos quinhentos anos
da reforma protestante esta igreja continua fiel a Palavra e seus símbolos de fé.

Academicamente este trabalho se torna relevante por fazer um levantamento do


pensamento reformado relativo ao PRC. Levantamento este que explica o PRC nos
contextos do culto Antigo e Novo Testamento. E dá instruções de como o culto era feito
na sinagoga e na igreja apostólica. Demonstrando que o culto se dava sempre com a
orientação de Deus. Trata do pensamento de Calvinista sobre culto em seus documentos
fontes. Também do surgimento do PRC com os puritanos. Bem como de enfocar a a
relação da IPB com o PRC.

Este trabalho cumpre seu objetivo geral em tornar-se um instrumento de orientação a


todos os cristão que desejam compreender o culto cristão. Estes podem aprender sobre o
PRC em seus termos de elementos e circunstancias de culto. Verificar como era
realizado o culto na antiga e nova aliança. Bem como entender como os reformadores,
puritanos e presbiterianos entenderam e aplicaram o PRC. Atende a todo o seguimento
cristão na orientação sobre culto pois não é só um trabalho denominacional mas bíblico
e histórico.

Já em seu objetivo específico verificamos que a IPB produz conhecimento do PRC. E


produz com fidelidade a palavra a própria Confissão de Fé de Westminster quando trata
no capítulo XXI sobre culto. O que entendemos é que se faz necessário e urgente o
ensino das Escrituras como autoridade final e definitiva sobre culto. Isto corrigirá
eventuais desvios por desconhecimento. Mais do que o que não podemos fazer devemos
ensinar o que fazemos e motivos! Conhecendo a verdade bíblica sobre a adoração e
sendo fiel a esta há de se identificar os desvios com mais facilidade. Não só pelos
pastores e presbíteros mas por qualquer membro e assim refutá-los e rejeitá-los.
77

O autor também se arvora, antes de encerrar de fato este trabalho, a sugerir novas
abordagens do tema do PRC. A primeira seria um trabalho tratando de forma mais
profunda o pensamento de Calvino sobre a regulação da Palavra sobre o culto. Esta
buscaria em outros materiais e também trabalharia com mais profundidade a forma
litúrgica aplicada por Calvino a Genebra. Também seria muito interessante verificar na
história dos pré-reformadores possíveis controvérsias sobre o culto que apontem para o
retorno do mesmo as Escrituras. Outra abordagem sugerida seria a aplicação do PRC em
outras denominações reformadas ou o aprofundamento do PRC dentro do contexto
puritanos.
78

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