Introdução ao tratamento de água e efluentes

Parte I – Qualidade da água

Versão 1 – 30/9/2010
 Tópicos
• Introdução
• Frações de sólidos
• Contaminantes inorgânicos
• Contaminantes orgânicos
• Contaminantes biológicos
• Características dos mananciais
• Padrões de potabilidade
• Padrões para lançamento de efluentes
• Padrões para caldeira
• Padrões PW e UPW
• Responsabilidade técnica
 Introdução
• Água potável = 99,99% água pura
• Água de superfície = 99,95% água pura
• Esgotos = 99,9% água pura
• Água do mar = 96,4% água pura

Apenas 0,1% de impurezas são necessárias para tornar a

água imprópria para consumo humano.
 Frações de sólidos
• Sólidos dissolvidos
• Não são retidos em filtros: ex. Sais, açúcares, ferro
dissolvido, ácidos, bases, detergentes e solventes
• Análise indireta: Condutividade
• Análise direta: Filtração e gravimetria
 Frações de sólidos
• Sólidos suspensos
• São retidos em filtros: ex. Bactérias, algas, folhas,
barro, areia, cabelo e fibras
• Dois sub-grupos
• Suspensos: ação da gravidade, maiores
• Coloidais: não sedimentam ou flutuam, menores
• Análise indireta: Turbidez
• Análise direta: Filtração e gravimétrica
 Contaminantes inorgânicos

• São compostos de moléculas pequenas, sem cadeias de

carbono: ex. Cloretos, Sulfatos, Nitratos, Fluoretos,
Fosfatos, Ferro, Sílica, Ácidos e Bases fortes, Chumbo,
Carbonatos, sais e gases em geral.

• Em tratamento de água, a maioria destes compostos tem

origem natural.
Contaminantes inorgânicos - Riscos
• Sulfatos
• Indústria: Incrustação em tubulações.
• Abastecimento público: Sabor salobro, doenças intestinais

• Cloretos
• Indústria: Corrosão.
• Abastecimento público: Sabor salobro.

• Nitratos
• Indústria: Sem riscos para águas industriais.
• Abastecimento público: Causa intoxicação (bebês azuis)
• Meio ambiente: Floração de algas.
Contaminantes inorgânicos - Riscos

• Ferro
• Indústria: Precipitação em equipamentos, manchas, incrustações.
• Abastecimento público: Aspecto estético, mancha roupas.

• Fluoreto
• Abastecimento público: Danos aos ossos e dentes.

• Manganês
• Riscos à indústria: Precipitação em tanques e linhas
• Abastecimento público: Aspecto estético, mancha roupas. Gosto
metálico.
Contaminantes inorgânicos - Riscos

• Sílica
• Indústria: Incrustação em caldeiras e turbinas.

• Brometos
• Abastecimento público: Câncer.

• Bário
• Indústria: Incrustações em tubulações e caldeiras.
• Abastecimento público: Doenças no sistema circulatório.
Contaminantes inorgânicos - Riscos

• Mercúrio
• Abastecimento público: Doenças neurológicas

• Cromo
• Abastecimento público: Danos ao fígado, rins e ao sistema
circulatório

• Dureza
• Indústria: Incrustação em tubulação e caldeiras, aumento do
consumo de tensoativos.
• Abastecimento público: Aumento do consumo de sabões e
detergentes. Alteração do sabor da água.
 Contaminantes orgânicos
• Moléculas com ligações de carbono: Hidrocarbonetos,
óleos, graxas, ácidos húmicos, ácidos flúvicos,
inseticidas, herbicidas, alcoóis, fenóis, benzeno,...

• Usualmente podem ser oxidados levando à produção de

gases.

• Grandes concentrações destes contaminantes

usualmente representam poluição causada pelo homem.

• Registro CAS de substâncias disponíveis comercialmente:

44.528.492 (outubro\2010)
 Contaminantes orgânicos - Riscos
• Pesticidas, Organoclorados, Benzeno, Fenóis e
outros compostos tóxicos.
• Abastecimento público: Câncer, mutações genéticas,
alterações hormonais e danos neurológicos.

• Ácidos Húmicos e Flúvicos

• Abastecimento público: Coloração da água, cheiro e
gosto.
 Contaminantes orgânicos - Riscos
• Detergentes
• Abastecimento público: Espuma e possíveis
complicações intestinais.
• Indústria: Espuma e inibição de processos químicos.

• Óleos e graxas
• Abastecimento público: Toxicidade de acordo com o
composto.
• Meio ambiente: Prejuízos graves à vida marinha e
ecossistemas combinados.
• Indústria: Obstrução de linhas e equipamentos.
 DBO e DQO
• DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio - Consumo de O2
em uma amostra durante um determinado período (5
dias).
• DQO: Demanda Química de Oxigênio – Consumo de O2
em uma amostra na presença de oxidante forte.
• Não são contaminantes, medem apenas o consumo de
oxigênio.
• Representam indiretamente matéria orgânica
degradável.
• Falta de oxigênio na água leva a odores e morte de
peixes.
DBO
 Contaminantes biológicos

• Organismos vivos capazes de oferecer riscos à processos

ou à saúde humana: bactérias, vírus, algas protozoários,
moluscos e vermes.

• Coliformes: Bactérias indicadoras. Apresentam pouca

periculosidade aos humanos mas indicam a possibilidade
da presença de outros microorganismos.
 Contaminantes biológicos - Riscos

• Bactérias
• Indústria: Corrosão e entupimento de linhas (biofilme)
• Saúde pública: Infecções (salmonela, cólera, leptospirose,
diarréias).

• Vírus
• Indústria: Não oferecem riscos.
• Saúde pública: Pouco nocivos porém existem exceções (Hepatite
A).
 Contaminantes biológicos - Riscos

• Algas
• Indústria: Obstrução de torres de resfriamento.
• Saúde pública: Intoxicação, sabor e odor.
• Meio ambiente: Mortandade de peixes.

• Moluscos
• Indústria: Incrustação em tubulações e turbinas.
• Meio ambiente: Destruição de ecossistemas.
Contaminantes biológicos
 Características dos mananciais
A resolução do CONAMA 357 classifica os corpos
em três grandes grupos:

• Doces – Sólidos Dissolvidos Totais (TDS) < 500mg\L

• Salobras – 500mg/L < TDS < 30.000 mg/L
• Salinas – TDS > 30.000 mg/L
 Padrões de potabilidade
• Portaria n 518/2004 do Ministério da Saúde
Coliformes 0 em 100mL
Turbidez 1,0 NTU
Cloro Livre 0,5 mg/L a 5mg/L
Nitrato 10 mg/L
Cor 15 UH
Fluoreto 1,5 mg/L
Dureza 500 mg/L
Alumínio 0,2 mg/L
Cloretos 250 mg/L
Ferro 0,3 mg/L
Sódio 200 mg/L
Sólidos Dissolvidos 1000 mg/L
Manganês 0,1 mg/L
Padrões de potabilidade
• Portaria n 518 é pouco exigente quanto a:
• Vírus
• Protozoários
• Hormônios
• Trihalometanos
• Novos compostos tóxicos

• A água desmineralizada atende ao padrão de

potabilidade
• Remineralização é recomendada por questões de corrosão (OMS-
2005)
Comparação padrões internacionais
 Padrões para lançamento de
efluentes - CONAMA 357
• Proibido diluir
• Proibido lançar em corpos de classe Especial
• Proibido lançar em mananciais subterrâneos
• Proibido alterar a classe do corpo
• Proibido lançar sem tratamento (SP)
• DBO varia de acordo com a classe e com
estado. Em São Paulo (Decreto 8468) 60mg/L
ou 80%
Padrões para lançamento de efluentes
pH Entre 5 e 9

Temperatura < 40°C

Aumento da temp. < 3°C

Óleos e Graxas 20mg/L (minerais)

50mg/L (animais e vegetais)
Materiais flutuantes Ausente
Ferro Solúvel 15mg/L

Manganês 1mg/L

Amônia 5mg/L
Bário 1mg/L
 Padrões para caldeiras
• Normas Internacionais
– ABMA
– ASME
– APAVE

• Limites variam de acordo

com a pressão
 Padrões ASME – Caldeiras
Água de alimentação Água de circulação

Alcalinida Condutivi
Dureza Silica
Pressão Ferro Cobre de dade
(ppm (ppm
(psi) (ppm Fe) (ppm Cu) (ppm (micromh
CaCO3) SiO2)
CaCO3) os/cm)

0-300 0.100 0.050 0.300 150 700* 7000

301-450 0.050 0.025 0.300 90 600* 6000
451-600 0.030 0.020 0.200 40 500* 5000
601-750 0.025 0.020 0.200 30 400* 4000
751-900 0.020 0.015 0.100 20 300* 3000
901-1000 0.020 0.015 0.050 8 200* 2000
1001-1500 0.010 0.010 0.0 2 0*** 150
1501-2000 0.010 0.010 0.0 1 0*** 100
 Padrões Farmaceuticos – PW
Pure Water
• USP 23
– Condutividade < 1,3µS/cm
– TOC < 0,5mg/L
– Bactérias < 100 UFC/mL

• Farmacopéia Europeia
– Condutividade < 4,3µS/cm
– Bactérias < 100 UFC/mL

• RDC 154 - Diálise

– Condutividade < 10µS/cm
– Bactérias < 20 UFC/mL
Padrões Farmacêuticos – WFI
Water for Injection
• USP 23
– Condutividade < 1,3µS/cm
– TOC < 0,5mg/L
– Bactérias < 10 UFC/100mL

• Farmacopéia Europeia
– Condutividade < 1,1µS/cm
– Bactérias < 10 UFC/100mL
Padrão UPW
Ultra Pure Water
• Normas
– SEMI F63
– USP 27
– ASTM D-19

• Requisitos semicondutores (1µm)

– Condutividade < 0,55µS/cm
– Sílica < 0,005 mg/L
– Cloreto < 0,001 mg/L
 Responsabilidade técnica

• Saúde pública
• Fatalidades
• Riscos de interrupção e contaminação
• Lucros cessantes
• Sistemas ambientais são dinâmicos
• Valor da operação
• CONFEA/CREA 1010/2005 – Engenharia Sanitária