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Freitas, Bianca Rodrigues; Pereira, Eliane Regina. Formando psicólogos para o trabalho com grupos
Resumo
A partir de pesquisa desenvolvida com estagiárias de psicologia da Universidade Federal de Uberlândia que
participaram de rodas de conversa na sala de espera de uma Unidade Básica de Saúde, este artigo discute
como tem sido a formação para o trabalho com grupos nessa universidade, o que se entende por grupo, se e
como essa experiência contribui para a formação dos profissionais de psicologia. Os resultados indicaram
que a graduação ainda tem sido insuficiente para a formação do profissional da saúde pública, visto que a
realidade encontrada é outra e que as práticas de promoção devem ser variadas e eficazes. As experiências
nas rodas de conversa exemplificaram uma forma de atuação no serviço público, possibilitaram
envolvimento das estagiárias e mostraram a importância da promoção de saúde.
Palavras-chave: Formação profissional. Promoção da saúde. Sala de espera. Trabalho com grupos.
Abstract
From a research developed with trainees of psychology of the Federal University of Uberlândia (UFU) that
participated in conversation wheels in the waiting room of a Basic Health Unit, this article discusses how has
been the formation for the work with groups in that university, what is understood by group, if and how this
experience contributes to the training of psychology professionals. The results indicated that graduation has
still been insufficient for the training of the public health professional, since the reality found is different and
that promotion practices should be varied and effective. The experiences in the conversation wheels
exemplified a way of acting in the public service, made possible the involvement of the trainees and showed
the importance of health promotion.
Keywords: Professional training. Health promotion. Waiting room. Work with groups.
Resumen
Palabras clave: Formación profesional. Promoción de la salud. Sala de espera. Trabajo con grupos.
1
Graduanda em Psicologia UFU
2
Professora Instituto de PsicologiaNucleo Psicologia Social e Saúde
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enquanto um processo e não enquanto uma inquietação, nelas, de alguma forma. Então,
coisa acabada. (Sabrina, 2. Entrevista) antes, quando a gente ia estudar grupo, a gente
ficava tentando diferenciar o que era grupo e
O indivíduo se constitui na relação agrupamento, porque que uma fila de pessoas
esperando o ônibus não é grupo. Quando a
social e não pode ser compreendido fora de gente vai fazer o grupo, a gente percebe que o
seus vínculos. Na relação, o sujeito se grupo ganha a sua própria dinâmica, um grupo
apropria dos saberes da sociedade e dos é muito diferente de outro, mesmo que tenha
grupos aos quais pertence e ocupa diferentes as mesmas pessoas, o grupo parece que tem
posições simbólicas, baseadas em fatores uma vida própria, naquele lugar, naquele
tempo, com aquilo que se tem conversado. Eu
culturais e históricos já determinados, mas acho que a característica principal do que é
reconstruídos a cada momento. O lugar social um grupo são essas pessoas conseguindo se
diz respeito a fatores pré-determinados e afetar juntas pelo conjunto, acho que é isso
também a sentidos novos e passíveis de serem que define grupo. (Bruna, 2. Entrevista)
construídos pelos sujeitos, na relação
(Zanella, Filho & Abella 2003). Andaló (2006) comenta Sartre dizendo
Ao mesmo tempo em que as que, para esse autor, o grupo é formado
estagiárias promovem reflexões no grupo em quando os indivíduos desenvolvem ligações
que atuam, o movimento do próprio grupo faz entre eles; grupo é totalidade, é afastar-se da
as estagiárias refletirem sobre a forma de necessidade unicamente individual e ver algo
atuação, a profissão, a promoção da saúde ou comum; por isso, a mera espera do ônibus não
sobre si mesmas. Analisando as entrevistas forma um grupo. Grupo é mediação, é ter
iniciais e finais, pode-se observar o objetivos comuns e relação de reciprocidade.
desenvolvimento das respostas e a O grupo possibilita refletir sobre diversos
importância da prática para o entendimento da assuntos cotidianos, mediando indivíduo e
própria atuação como vivência e realidade e contexto sócio-histórico. Elementos do dia a
não mais mera teoria. A princípio, as respostas dia são trabalhados e repensados nele, a partir
para “O que é grupo?” se baseavam em ser da integração proporcionada entre indivíduos
um número x de pessoas reunidas em torno de vinculados num contexto social.
algo que fosse comum e, ao fim, pode-se Outra entrevistada diz inicialmente
observar a ampliação desse olhar. Assim, que: “Quando penso em grupo, a primeira
Bruna diz, na entrevista inicial, o que é grupo ideia que me vem à cabeça é um conjunto de
para ela. pessoas reunidas em prol ou não de alguma
causa ou motivo em comum que as une de
O que é grupo pra mim? É uma palavra muito alguma forma. É estar com o outro”
ampla que pode envolver significados (Gabriela, 1. Entrevista).
diversos. Posso considerar um grupo enquanto Passado um ano de experiência na
pessoas esperando ônibus, ou duas pessoas
conversando sobre qualquer assunto.
condução de grupos, ela diz: “Grupo? Eu vejo
Pensando na atividade que signifique algo, como um encontro de pessoas que pode gerar
que represente e afete de alguma forma as muitas possibilidades, de mudança, de
pessoas, acho que grupo é um processo de questionamento, de reflexão, de identificação,
constantes trocas (afetos, experiências), de discórdia, de conflito, mas daí pode gerar
construções, aprendizados e
compartilhamentos que possibilitam aos
uma potência muito grande, independente do
sujeitos implicação e posição afetiva. (Bruna, contexto” (Gabriela, 2. Entrevista). Ela
1. Entrevista) continua acreditando que o grupo se une em
prol de algo, mas agora sabe que gera
Na entrevista final, ela tem outra reflexão, questionamento, potência.
definição de grupo. Betina fala inicialmente dos grupos
comuns e depois segue a mesma reflexão
Grupo pra mim é um espaço em que as proposta por Gabriela.
pessoas conseguem compartilhar coisas, serem
ouvidas e a partir disso gerar alguma
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Em minha opinião, grupo é um conjunto de Andaló (2006) diz que os grupos têm a
três ou mais pessoas, que compartilham algo: função de mediação. Mediar é um processo, a
seja objetivo ou uma característica ou uma própria relação, que possibilita ao sujeito
situação comum, entre outros. (Ana Luísa, 1.
Entrevista)
incorporar novos signos e repensar sua vida,
Pensava que um grupo era como um permitindo apreensão de vivências, bem como
agrupamento de pessoas, mas com o tempo e de seus significados. A partir das respostas
com as experiências fui entendendo que grupo obtidas nas entrevistas finais, observa-se que
está relacionado à ligação que as pessoas a definição de grupo para as profissionais
constroem entre si, que possibilita que um
possa constituir o outro, de alguma forma, em
passou a ser mais que um conjunto de
uma relação. (Ana Luísa, 2. Entrevista) pessoas, sendo um espaço que propicia a
criação de novas possibilidades, que viabiliza
Espinosa chama de bons encontros compartilhamentos, afetações, e que também
àqueles que potencializam o sujeito; diz que o gera inquietações. É um espaço promotor de
existir é potência e ao entrarmos em contato reflexões sobre assuntos naturalizados, que
com o outro somos afetados. Quando a faz pensar sobre questões que não são
potência é aumentada, ocorrem os bons comumente pensadas, permitindo a ampliação
encontros, que são aqueles que nos ajudam a das possibilidades, quebrando com o que é
compreender melhor o mundo e assim sermos tido como natural.
mais ativos nas nossas relações, aumentando Fica claro que as estagiárias passaram
nossa capacidade de escolha e consciência em por transformação ao longo da experiência,
relação ao que nos cerca e afeta. As pessoas que os grupos em que atuaram como
não saem as mesmas dos bons encontros, o mediadoras foram para elas próprias os
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atividades complementares, as quais nem Uma crítica minha ao curso, tá formando pra
todos os discentes têm oportunidade de entrar quê? É uma formação muito elitista, muito de
consultório particular, que eu não desmereço,
em contato, o que gera queixa quanto à mas não é pra mim também, é muita
formação. psicanálise e aí é a gente que tem que fazer
alguma coisa pra ir mudando isso, conversar
Sinceramente, pra falar de disciplina, são com a coordenação, fazer abaixo-assinado,
poucas, o que me ajudou muito mais foram as eventos, trazer outras coisas, porque eu acho
supervisões dos estágios, extensão, eventos muito limitante a nossa grade. (Gabriela, 2.
fora (simpósio, roda de conversa da Entrevista)
ABRAPSO, que por mais que levassem um Acho que na graduação, e não só aqui na
tema específico, dá pra pensar em grupo). UFU, não acho que seja uma coisa da UFU, se
Então eu acho que é mais uma vivência de não correr atrás dessa formação, ela não
fora do que da grade. (Gabriela, 2. Entrevista) acontece. [...] me incomoda quando eu vejo a
quantidade de pessoas que saem da graduação
É nesse movimento de buscar por fora e prestam concurso público e vão passar e vão
trabalhar com saúde coletiva e vão chegar lá e
do que é original e obrigatoriamente oferecido vão fazer grupos que nada mais são que a
pela universidade, e principalmente nas ampliação de uma prática clínica individual e
atividades práticas, que as discentes aí a gente tem na saúde pública atendimentos
conseguem mediar o conteúdo teórico à individuais que são prioridades ainda e não é
vivência prática, à realidade diversa, que é isso que o SUS preconiza. Acho que tudo isso
vem da formação. (Betina, 2. Entrevista)
bem diferente do que geralmente é encontrado
nos livros.
Scarcelli e Junqueira (2011) dizem
[...] agora na sala de espera não, você chega lá
que, devido à formação ser insuficiente, os
do nada, forma um grupo ali do nada e do estudantes saem da graduação não se
nada sai um monte de coisas, tinha grupo que adequando à realidade encontrada, não
durava uma hora e meia e era paulera, tinha conseguindo adaptar a parte teórica aprendida
grupo que era cinco minutos porque de à atuação, saem sem ter realizado atividades
repente o povo ia pra consulta e era um atrás
do outro. (Gabriela, 2. Entrevista)
práticas satisfatórias e muitas vezes sem
conhecimento suficiente acerca do sistema
Pensando na imprevisibilidade que público de saúde e das políticas públicas e,
contribui para a formação no ato, que faz consequentemente, incapazes de atuar nesse
pensar constantemente a atuação como âmbito. Todavia, a área da saúde é a que mais
profissionais de saúde, as estagiárias queixam tem contratado psicólogos nos últimos anos,
não se sentirem preparadas para o serviço sendo assim, é importante que as práticas
público com a formação básica oferecida pelo desenvolvidas tenham envolvimento social e
curso de Psicologia e pela universidade. Com sejam fundamentadas de acordo com o
isso, elas se sentem felizes por terem público atendido e com todo o contexto, e não
aproveitado a oportunidade de experimentar a uma mera adaptação do contexto clínico
sala de espera, que não abrange todos os (Pires & Braga, 2009).
discentes de Psicologia. O currículo é tido É interessante pensar aqui também que
como limitante por apresentar pouca variação inseguranças e medos diante do desconhecido
de conteúdos e pouca prática, o que gera são comuns e que também o é não se sentir
insegurança para atuar e faz com que se vá preparada para realizar alguma prática. Trata-
para a prática sem saber o suficiente. se de um processo contínuo de praticar,
estudar, construir conhecimento, modificar a
Fico muito preocupada com a nossa formação, prática na tentativa de aperfeiçoá-la e assim
tudo me parece muito incoerente, não seguir verificando o que pode dar certo, o que
formamos psicólogos capacitados para não dá. É um movimento dialético constante
estarem em espaços públicos, no entanto é o de construção em que se vai para a prática, se
espaço público que me parece mais oferecer
trabalho atualmente. (Ana Luísa, 2.
repensa tal prática e volta com novas ideias
Entrevista) para uma nova prática.
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Scarcelli e Junqueira (2011) ressaltam, Eu sinto muita falta de teoria, mais disciplinas.
por isso, a importância de programas como o TTG (Teorias e Técnicas de Grupo) foi muito
corrido pra mim. Não que a teoria seja
PET-Saúde, estágios que ocorram em serviços primordial, mas de algum lugar você tem que
públicos, ambientes em que a universidade se se sustentar e aí tem hora que igual eu te falei,
articule aos serviços de saúde, em que haja grupo operativo, junto com construcionismo e
trocas de saberes entre diferentes âmbitos depois na perspectiva histórico-cultural, é
para reflexões e ressignificações das práticas muita informação pra uma cabeça só e eu
fiquei muito perdida. E aí às vezes eu fazia
e políticas públicas. Esses espaços, segundo grupo operativo construcionista e nem sei o
as autoras, devem ser possibilitados não só que saía disso. (Gabriela, 2. Entrevista).
pelo governo, mas incentivados pelas próprias Dentro da grade horária obrigatória, minhas
universidades como meio de construir novas experiências foram bem limitadas, apenas uma
formas de se estar e enxergar esses ambientes disciplina restrita ao tema. Isso por si só já é
limitador, mas apesar de ter aprendido
sem perder a base teórica que as orienta. algumas correntes teóricas e ter experienciado
o lugar de coordenação de grupo, vejo que não
Se não fosse esse procurar por fora, não me preencheu tanto em termos de formação,
haveria experiência nenhuma porque eu sei de especialmente por termos aprendido apenas
muitas pessoas da minha sala que saem daqui uma forma de fazer grupo, e sua execução se
não tendo a mínima noção de como fazer restringia a poucos espaços (Ana Luísa, 2.
grupo, ou tendo uma noção que é de senso Entrevista).
comum entre aspas de tudo que já viu na
graduação, de transpor uma prática clínica, de
atendimento individual, pra uma prática
Segundo pesquisa realizada por Neto e
grupal, e não é isso, acho que grupo é um Kind (2010), a maioria dos profissionais
dispositivo que exige um estudo sobre grupos. afirma não terem sido preparados para
(Betina, 2. Entrevista) realizar atividades grupais e que esse
aprendizado se deu com a própria prática. Os
É importante que a prática grupal não autores supõem que entre os profissionais
seja uma transposição da prática clínica, pois, entrevistados o sucesso das atividades em
assim como Betina comenta, o trabalho com grupo se dá devido principalmente à
grupos exige estudo, justamente por ser um disposição deles em aprender e não tanto pela
potente dispositivo. Entre os aspectos teoria e metodologia utilizadas.
positivos do trabalho com grupos, há a
integração entre profissionais e usuários, Considerações finais: as rodas de conversas
estreitamento dos laços da instituição e e formação
comunidade que auxilia na confiança e
melhor desenvolvimento do trabalho e Os espaços de formação em Psicologia
consequente aproximação com a vida devem promover reflexões e debates sobre
cotidiana. É destaque que os grupos são saúde pública e questões sociais,
dispositivos promotores de saúde e que a possibilitando novas maneiras de se
detecção de doenças não é a única forma de estar/atuar nesses ambientes, pois é a partir
cuidado (Souza & Santos, 2012). disso que será possível a transformação
Mais especificamente quanto à desses espaços de saúde. A partir das
formação para o trabalho com grupos, existe a entrevistas realizadas, percebemos que a
queixa das entrevistadas de terem graduação ainda tem sido insuficiente para a
oportunidade em conhecer poucas variações, atuação desse profissional na saúde pública,
a maioria de forma rasa, o que em alguns visto que são poucas disciplinas obrigatórias e
momentos parece ter apenas confundido, optativas que fundamentam discussões sobre
como é dito nas falas abaixo: “saúde pública”, ou mais especificamente
sobre modos de atuação diferentes da clínica
Só que eu acho que na graduação a gente tradicional.
deveria ver esses e outros tipos de grupos [...].
(Betina, 2. Entrevista).
Em algumas falas, as estagiárias
disseram que a experiência na sala de espera,
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por ser em um ambiente imprevisível, é bem Mas, para além dos afetos produzidos
ampla e contribuiu para a formação dos nos sujeitos, nossa pesquisa identificou que as
profissionais de Psicologia. O exercício de rodas de conversa possibilitaram
atuar em um ambiente inusitado permitiu que envolvimento das estagiárias e, por ser esta
reflexões fossem feitas pelas estagiárias e, uma forma de trabalho que elas consideraram
pensando na formação, a experiência com as eficaz, mesmo que não tenham tido cem por
rodas de conversa se relaciona, na medida em cento de acertos, buscariam trabalhar com
que se mostra formadora não só para o base nessa experiência em seus âmbitos de
trabalho com grupos, mas de forma pessoal, atuação. Foi uma experiência ampla e cheia
também ajudando na superação de medos, de imprevisibilidades que serviu para mostrar
nervosismo e insegurança na realização do que elas não precisam temer inovar, sair do
trabalho na saúde pública, dando confiança na lugar, fazer diferente do que se é acostumado
execução dele e sensibilidade para conseguir a fazer.
realmente escutar o outro, para construir bons O presente trabalho se faz relevante na
relacionamentos e vínculos como profissional medida em que as rodas de conversa na sala
de Psicologia. de espera de um serviço público possibilitam
A experiência mostrou na prática outra forma de o psicólogo estar nos serviços
como a promoção da saúde é importante e públicos de maneira contextualizada e
exemplificou formas de se realizar isso no política. Como parte constituinte da formação
serviço público, sendo útil para cada uma das das respectivas profissionais de Psicologia,
estagiárias como profissionais de Psicologia. enxergamos potência por possibilitar que elas
Aprenderam também sobre a importância de próprias experienciassem e avaliassem o
se manter uma posição horizontal com os trabalho realizado, avaliando também de que
usuários sem deixar de lado todo o forma a graduação contribuiu para que a
conhecimento construído ao longo da Psicologia estivesse na rede pública de
formação, aprenderam a se utilizar desse maneira diversa da clínica individual e
conhecimento na atuação sem ser necessário privada.
se mostrar superior aos usuários do serviço, já Muitos trabalhos discutem as lacunas
que, na roda de conversa, não existe ninguém na formação em Psicologia, mas, este trabalho
a frente ou atrás de ninguém e as relações se propôs uma investigação com recém-
dão horizontalmente, fazendo com que os formados, pensando seu processo de
usuários sejam indivíduos ativos, reflexivos, formação, em uma proposta quase de
críticos e se impliquem perante a realidade. avaliação do serviço proposto. Assim, realizar
As rodas de conversa realizadas pelas o grupo durante um ano e avaliar o trabalho
entrevistadas tinham como objetivo indica um diferencial que pode ser adotado
transformar o sentido cristalizado de não apenas para pensar a formação, mas
“aguardar”, e a conversa iniciada com um também como para pensar os serviços
recurso estético tinha o intuito de despertar oferecidos à comunidade.
afetos nos sujeitos. O psicólogo buscava
instigar reflexões acerca do cotidiano com os Referências
usuários, redescobrir potências do sujeito e de
cada grupo que se forma e tornar os usuários Aguiar, W. M. J., & Ozella, S. (2006).
ativos em seus processos e na rede de saúde Núcleos de significação como
por meio de um espaço de trocas de instrumento para a apreensão da
conhecimento, ideias, experiências, constituição dos sentidos. Psicologia:
sentimentos, de escuta, um espaço em que os Ciência e Profissão, 26(2), 222-245.
usuários têm voz. Do contato com outros Andaló, C. S. A. (2006). Mediação grupal:
sujeitos, em forma de grupo, podem surgir uma leitura histórico-cultural. São
novas demandas, podem-se alcançar novos Paulo: Ágora.
espaços.
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