Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
I. A primeira destas crises foi uma crise de autoridade. A autoridade da Igreja, nas
pessoas do papa e do clero, foi desafiada. Em 1302, Bonifácio VIII promulgou a bula
Unam Sanctum, onde afirmava que “todo o poder espiritual e temporal pertence a
São Pedro e aos sucessores dele, os papas; e que seria necessário submeter-se ao
papa para a salvação, porque há somente uma igreja santa, católica e apostólica, e
fora desta igreja não há salvação, e sem submissão ao papa ninguém pode estar
dentro da igreja.” Só que os acontecimentos que se seguiram lançaram a autoridade
da Igreja em descrédito.
No chamado “Cativeiro de Avignon”, o rei francês Felipe IV, o Belo, decidiu que não
mais aceitaria a autoridade do papa. Seqüestrou o papa, para soltá-lo, mas este, com
a saúde abalada, veio a morrer logo depois. O próximo papa eleito foi um francês,
Clemente V, eleito em 1305. E desde esta data, até 1377, o papado permaneceu em
Avignon, na França. Logo depois, ocorreu “O Grande Cisma”. Em 1377, o papado
voltou a Roma, com Gregório XI. Em 1378, os cardeais elegeram um papa italiano,
Urbano VI, que se mostrou por demais independente. Alguns deles elegeram um
novo papa, Clemente VII, que foi para Avignon. Espanha, França e Escócia apoiavam
Clemente VII; Itália, Inglaterra, os países escandinavos e o Sacro Império apoiaram
Urbano VI! Os cardeais elegeram então Clemente V, mas nenhum deles renunciou! O
Concílio de Constança, que condenou o pré-reformador tcheco Jan Hus (1415), os
depôs e elegeu Martinho V. O “Grande Cisma” terminou em 1423.
Mas ficou a pergunta: será que a autoridade dos concílios não seria maior que a do
papado? Em meio a estas lutas políticas, era visível a terrível corrupção do clero em
geral e dos papas em particular. A partir de 1447, o foco do papado passou a ser as
artes, o poder político e a corrupção (nepotismo, adultério, filhos ilegítimos,
indulgências). Calixto III (1455-1458) perseguiu o poder, tinha apenas interesses
seculares e praticou o nepotismo. Paulo II (1464-1471) acumulou obras de arte e teve
concubinas reconhecidas publicamente. Inocêncio VIII (1484-1492) teve diversos filhos
ilegítimos e autorizou a venda de indulgências. O ápice da corrupção papal chegou
com Alexandre VI (1492-1503). Ele teve várias concubinas e filhos ilegítimos (inclusive
César e Lucrécia Bórgia) e se envolveu em guerras de conquista. Leão X (1513-1521)
promoveu obras de arte e consolidou os avanços políticos e militares de Júlio V.
Também completou a Basílica de São Pedro, em Roma, com a venda das famosas
indulgências (que eram cartas de absolvição que garantiam o perdão dos pecados).
Sua frase famosa foi: “Agora chegamos ao papado, vamos desfrutá-lo!”.
Erasmo contra a Igreja Católica
Do diálogo de Erasmo, Julius Exclusus, quando o falecido papa Júlio se aproxima do céu.
Júlio: O que pretende o diabo? Os portões não abertos? Alguém fez alguma brincadeira
com a fechadura.
Espírito: Talvez você tenha a chave errada. Você tem a chave do poder.
Júlio: É a única que jamais tive...
Pedro: Quem é você?
Júlio: Você não vê esta chave, a tríplice coroa e o pálio cintilando de jóias?
Pedro: Não se parece com a chave que Cristo me deu. Como devo conhecer a coroa que
nenhum tirano bárbaro ousou usar? Quanto às jóias e às pedras preciosas eu as piso sob os
meus pés... Diga-me novamente, o que você fez pela Igreja?
Júlio: Encontrei a Igreja pobre. Tornei-a esplêndida com palácios reais, esplêndidos cavalos
e mulas, tropas de servos, exércitos e oficiais.
Espírito: E com prostitutas atraentes e alcoviteiros obsequiosos.
Pedro: Mas como agora? A Igreja não era assim quando foi fundada por Cristo... Paulo não
falou de cidades que havia assolado, de príncipes que havia massacrado, de reis que havia
incitado à guerra. Ele falou de naufrágios, cadeias, perigos e conspirações. Essas são as
glórias do general cristão. Eu te rogo, pastor principal da Igreja, você jamais pensou em
como a Igreja começou, aumentou e foi estabelecida? Foi por guerras, foi por riquezas, foi
por cavalos? Certamente que não. Foi pela paciência, pelo sangue dos mártires, inclusive o
meu, por prisões e por açoites. Você diz que a Igreja está crescendo, quando os sacerdotes
mergulham o mundo em tumulto. Você a considera florescente quando está embriagada
pela devassidão, tranqüila quando desfruta de vícios sem repreensão, e quando grandes
roubos e furiosos conflitos são justificados pelos príncipes e doutores como a “defesa da
Igreja.”
Em meio a tudo isto, os nobres e o clero se tornavam cada vez mais ricos, enquanto
que o povo, cada vez mais pobre, se esforçava para viver. Muito do dinheiro dos
ricos e poderosos vinha da penitência, que envolvia: a contrição de coração, a
confissão de boca e a satisfação pelas obras (atos de restituição ou auto-negação). Na
prática, o ato de satisfação se resumia na compra das indulgências. Então, quando o
rei Henrique VIII fechou os mosteiros e confiscou as propriedades da Igreja, na
Inglaterra, ninguém reclamou.
Vamos ver algumas tradições que foram adicionadas e se acumularam na Igreja antes da
Reforma, mas continuam presentes ainda hoje.
300 - Orações pelos mortos.
375 - Veneração de imagens.
593 - Doutrina do Purgatório.
600 - Reza à Maria, aos santos que já morreram e aos anjos.
1050 - Sacrifício da missa.
1079 - Doutrina do celibato obrigatório.
1190 - Venda de indulgências.
1215 - Doutrina da transubstanciação.
1414 - O cálice da eucaristia foi tirado do povo e este não mais o tomava.
Mas precisamos perguntar: qual a diferença entre estes acréscimos e aqueles que os
profetas carismáticos tem feito hoje em dia?
III. A terceira destas crises foi uma crise de salvação. As pessoas, na Idade Média,
tinham pavor da morte. Por exemplo, em 1349, a “peste negra” varreu a Europa:
cerca de 1/3 da população morreu. Para eles o mundo todo também estava
“demonizado”: em 1484 o papa Inocêncio VIII expediu a bula Summis Desiderantes –
e as fogueiras foram acesas! Pelo menos 30.000 mulheres foram mortas por bruxaria!
Idéias distorcidas sobre o juízo de Deus também proliferavam.
A doutrina católica dos sacramentos, nesta época, já era bem elaborada (envolvia
batismo, crisma, confissão, penitência, casamento, ordem e extrema-unção) mas não
proporcionava segurança nenhuma para o cristão. A resposta dos reformadores foi a
doutrina da justificação pela graça somente, recebida pela fé somente, que
respondeu efetivamente a estas questões. A teologia da Reforma, então, foi
dominada principalmente por duas perguntas: Como podemos alcançar um Deus
gracioso? E onde podemos achar a igreja verdadeira?
Este artigo é parte integrante do portal http://www.textosdareforma.net. Exerça
seu Cristianismo: se vai usar nosso material, cite o autor, a editora e o nosso
endereço.