Sei sulla pagina 1di 4

As Crises da Igreja Católica Medieval

Há vários modos de se interpretar a Reforma. Os católicos, até recentemente, viam


Lutero como um monge que não podia manter seus juramentos, que queria se casar,
e destruiu a igreja no processo. Outras pessoas enfatizaram a realidade política da
época, o surgimento do nacionalismo e a maneira que os reis e príncipes usaram as
igrejas, católica e protestante, para seus próprios propósitos. Isto explica alguns
aspectos na direção da Reforma, mas não a origem da Reforma. Os historiadores
marxistas viram as revoluções sociais ocorridas no século XVI como o fator mais
importante, mas a Reforma tocou todas as classes da sociedade. Outros tentaram
ligar o surgimento de capitalismo com a Reforma, mas a maioria dos historiadores e
economistas hoje concordam que nenhuma ligação tem sido encontrada, porque não
existe nenhuma. Estes fatores exerceram influencia quando a Reforma aconteceu e
onde ela ganhou aceitação, mas não explicam por que ela aconteceu. O fator decisivo
foi a descoberta, ou, a redescoberta das verdades espirituais fundamentais que
satisfizeram as necessidades dos corações famintos no século XVI e ainda fala aos
nossos corações hoje. Na Idade Média, a Igreja começou a enfrentar algumas crises,
que prepararam o caminho para a Reforma.

I. A primeira destas crises foi uma crise de autoridade. A autoridade da Igreja, nas
pessoas do papa e do clero, foi desafiada. Em 1302, Bonifácio VIII promulgou a bula
Unam Sanctum, onde afirmava que “todo o poder espiritual e temporal pertence a
São Pedro e aos sucessores dele, os papas; e que seria necessário submeter-se ao
papa para a salvação, porque há somente uma igreja santa, católica e apostólica, e
fora desta igreja não há salvação, e sem submissão ao papa ninguém pode estar
dentro da igreja.” Só que os acontecimentos que se seguiram lançaram a autoridade
da Igreja em descrédito.

No chamado “Cativeiro de Avignon”, o rei francês Felipe IV, o Belo, decidiu que não
mais aceitaria a autoridade do papa. Seqüestrou o papa, para soltá-lo, mas este, com
a saúde abalada, veio a morrer logo depois. O próximo papa eleito foi um francês,
Clemente V, eleito em 1305. E desde esta data, até 1377, o papado permaneceu em
Avignon, na França. Logo depois, ocorreu “O Grande Cisma”. Em 1377, o papado
voltou a Roma, com Gregório XI. Em 1378, os cardeais elegeram um papa italiano,
Urbano VI, que se mostrou por demais independente. Alguns deles elegeram um
novo papa, Clemente VII, que foi para Avignon. Espanha, França e Escócia apoiavam
Clemente VII; Itália, Inglaterra, os países escandinavos e o Sacro Império apoiaram
Urbano VI! Os cardeais elegeram então Clemente V, mas nenhum deles renunciou! O
Concílio de Constança, que condenou o pré-reformador tcheco Jan Hus (1415), os
depôs e elegeu Martinho V. O “Grande Cisma” terminou em 1423.

Mas ficou a pergunta: será que a autoridade dos concílios não seria maior que a do
papado? Em meio a estas lutas políticas, era visível a terrível corrupção do clero em
geral e dos papas em particular. A partir de 1447, o foco do papado passou a ser as
artes, o poder político e a corrupção (nepotismo, adultério, filhos ilegítimos,
indulgências). Calixto III (1455-1458) perseguiu o poder, tinha apenas interesses
seculares e praticou o nepotismo. Paulo II (1464-1471) acumulou obras de arte e teve
concubinas reconhecidas publicamente. Inocêncio VIII (1484-1492) teve diversos filhos
ilegítimos e autorizou a venda de indulgências. O ápice da corrupção papal chegou
com Alexandre VI (1492-1503). Ele teve várias concubinas e filhos ilegítimos (inclusive
César e Lucrécia Bórgia) e se envolveu em guerras de conquista. Leão X (1513-1521)
promoveu obras de arte e consolidou os avanços políticos e militares de Júlio V.
Também completou a Basílica de São Pedro, em Roma, com a venda das famosas
indulgências (que eram cartas de absolvição que garantiam o perdão dos pecados).
Sua frase famosa foi: “Agora chegamos ao papado, vamos desfrutá-lo!”.
Erasmo contra a Igreja Católica
Do diálogo de Erasmo, Julius Exclusus, quando o falecido papa Júlio se aproxima do céu.
Júlio: O que pretende o diabo? Os portões não abertos? Alguém fez alguma brincadeira
com a fechadura.
Espírito: Talvez você tenha a chave errada. Você tem a chave do poder.
Júlio: É a única que jamais tive...
Pedro: Quem é você?
Júlio: Você não vê esta chave, a tríplice coroa e o pálio cintilando de jóias?
Pedro: Não se parece com a chave que Cristo me deu. Como devo conhecer a coroa que
nenhum tirano bárbaro ousou usar? Quanto às jóias e às pedras preciosas eu as piso sob os
meus pés... Diga-me novamente, o que você fez pela Igreja?
Júlio: Encontrei a Igreja pobre. Tornei-a esplêndida com palácios reais, esplêndidos cavalos
e mulas, tropas de servos, exércitos e oficiais.
Espírito: E com prostitutas atraentes e alcoviteiros obsequiosos.
Pedro: Mas como agora? A Igreja não era assim quando foi fundada por Cristo... Paulo não
falou de cidades que havia assolado, de príncipes que havia massacrado, de reis que havia
incitado à guerra. Ele falou de naufrágios, cadeias, perigos e conspirações. Essas são as
glórias do general cristão. Eu te rogo, pastor principal da Igreja, você jamais pensou em
como a Igreja começou, aumentou e foi estabelecida? Foi por guerras, foi por riquezas, foi
por cavalos? Certamente que não. Foi pela paciência, pelo sangue dos mártires, inclusive o
meu, por prisões e por açoites. Você diz que a Igreja está crescendo, quando os sacerdotes
mergulham o mundo em tumulto. Você a considera florescente quando está embriagada
pela devassidão, tranqüila quando desfruta de vícios sem repreensão, e quando grandes
roubos e furiosos conflitos são justificados pelos príncipes e doutores como a “defesa da
Igreja.”
Em meio a tudo isto, os nobres e o clero se tornavam cada vez mais ricos, enquanto
que o povo, cada vez mais pobre, se esforçava para viver. Muito do dinheiro dos
ricos e poderosos vinha da penitência, que envolvia: a contrição de coração, a
confissão de boca e a satisfação pelas obras (atos de restituição ou auto-negação). Na
prática, o ato de satisfação se resumia na compra das indulgências. Então, quando o
rei Henrique VIII fechou os mosteiros e confiscou as propriedades da Igreja, na
Inglaterra, ninguém reclamou.

Em lugar do papado corrompido, os reformadores ofereceram as Escrituras. Dois


pré-reformadores, o inglês John Wycliffe (1329-1387) e o tcheco Jan Hus (1374-1415)
condenaram a corrupção do clero e colocaram a autoridade da Bíblia acima do
papado e dos concílios. Wycliffe disse: “Nem papa nem concílio podem estabelecer
doutrina contrária à Bíblia.” O próprio Lutero se viu na mesma posição, em 1519.
Com a Reforma, a Bíblia se tornou disponível ao povo em geral, pela invenção da
imprensa e pela tradução dela na linguagem do povo.

Vamos ver algumas tradições que foram adicionadas e se acumularam na Igreja antes da
Reforma, mas continuam presentes ainda hoje.
300 - Orações pelos mortos.
375 - Veneração de imagens.
593 - Doutrina do Purgatório.
600 - Reza à Maria, aos santos que já morreram e aos anjos.
1050 - Sacrifício da missa.
1079 - Doutrina do celibato obrigatório.
1190 - Venda de indulgências.
1215 - Doutrina da transubstanciação.
1414 - O cálice da eucaristia foi tirado do povo e este não mais o tomava.
Mas precisamos perguntar: qual a diferença entre estes acréscimos e aqueles que os
profetas carismáticos tem feito hoje em dia?

II. A segunda destas crises foi uma crise de espiritualidade ou da necessidade de


uma nova visão de vida cristã. A divisão católica entre clero e laicato dominava toda
a teologia prática nesta época. Por exemplo, Bernardo de Claraval disse: “A história
de Marta e Maria no Evangelho mostra que devemos preferir a vida contemplativa.
Maria escolheu a melhor parte... Mas se nos coube a parte de Marta, devemos
carregá-la com paciência”. Então, o entendimento da Igreja, nesta época, é que a
única maneira de se viver uma vida consagrada era se tornando um membro do
clero: monge, freira ou padre! Mas houve alguns movimentos espirituais que
buscaram reformar a Igreja. O mais conhecido deles foi conhecido como “Os Irmãos
da Vida Comum”. Eles foram muito fortes na Holanda e em partes da Alemanha.
Eram grupos compostos por leigos e clérigos que buscavam a conformidade da
vontade humana com a vontade de Deus, mediante sucessivos estágios de
santificação, iluminação e contemplação. Viviam e trabalhavam juntos, e
procuravam uma íntima comunhão com Deus. Tomás de Kempis (c. 1379-1471),
membro deste grupo, escreveu o livro Imitação de Cristo, um dos grandes clássicos da
espiritualidade cristã.

III. A terceira destas crises foi uma crise de salvação. As pessoas, na Idade Média,
tinham pavor da morte. Por exemplo, em 1349, a “peste negra” varreu a Europa:
cerca de 1/3 da população morreu. Para eles o mundo todo também estava
“demonizado”: em 1484 o papa Inocêncio VIII expediu a bula Summis Desiderantes –
e as fogueiras foram acesas! Pelo menos 30.000 mulheres foram mortas por bruxaria!
Idéias distorcidas sobre o juízo de Deus também proliferavam.

Salvação na Idade Média


A doutrina da justificação da Igreja Medieval era que ela é um processo de cura. Este processo
começa com o batismo, e continua com os outros sacramentos da igreja (os meios da graça),
até que a pessoa fosse completamente curada, isto é, a natureza fosse transformada,
purificada; até que ela se torne totalmente justa. Se o processo não alcançar o fim nesta vida,
há o purgatório para completar o processo de purificação, para curar completamente.
Sem a graça de Deus, ninguém pode alcançar o fim do processo. Mas o homem pode fazer
alguma coisa para merecer a graça. Por exemplo, recebemos um tipo de graça nos
sacramentos (os católicos chamam esta graça de “graça real”). No sacramento da penitência
recebemos a graça que nos perdoa dos pecados confessados (mas somente dos pecados
confessados). Precisamos de um outro tipo de graça (a graça habitual) para transformar nossa
natureza e nos possibilitar viver uma vida realmente justa. Esta graça habitual não podemos
verdadeiramente merecer, mas, segundo a teologia de Gabriel Biel, a teologia mais aceita na
igreja, temos a promessa de Deus que ele vai dar esta graça àqueles que fizerem o melhor que
puderem (facere quod in se est). Mas quem pode lembrar e confessar todos os seus pecados?
Quem pode saber que ele fez o melhor que ele podia? Ninguém sabe; ninguém pode ter
segurança. Sob esta teologia, uma pessoa fica suspensa entre a possibilidade da graça ou do
castigo. Depende do indivíduo e de seus melhores esforços.
O sacramento da penitência e a prática da confissão visavam aliviar a culpa, mas
somente a aumentavam. Por exemplo, um antigo documento medieval trazia as
seguintes perguntas, que eram feitas àqueles que vinham confessar: “Você
questionou o poder e a bondade de Deus ao perder um jogo? Resmungou contra
Deus por causa do mau tempo, doença, pobreza, a morte de uma criança ou de um
amigo? Vestiu-se de maneira orgulhosa, cantou e dançou sensualmente, cometeu
adultério, flertou com mulheres, ou trocou olhares adulterinos na igreja ou enquanto
passeava no domingo? Você é uma mulher que abortou artificialmente uma criança,
ou matou uma criança recém-nascida e não batizada? Abortou por excesso de
trabalho, diversão ou atividade sexual? Roubou peregrinos no caminho para Roma?
Pensou em cometer adultério? Sodomia? Incesto?”

A doutrina católica dos sacramentos, nesta época, já era bem elaborada (envolvia
batismo, crisma, confissão, penitência, casamento, ordem e extrema-unção) mas não
proporcionava segurança nenhuma para o cristão. A resposta dos reformadores foi a
doutrina da justificação pela graça somente, recebida pela fé somente, que
respondeu efetivamente a estas questões. A teologia da Reforma, então, foi
dominada principalmente por duas perguntas: Como podemos alcançar um Deus
gracioso? E onde podemos achar a igreja verdadeira?
Este artigo é parte integrante do portal http://www.textosdareforma.net. Exerça
seu Cristianismo: se vai usar nosso material, cite o autor, a editora e o nosso
endereço.

Potrebbero piacerti anche