Sei sulla pagina 1di 18

Projeto Pós-graduação

Serviço Social: Direitos Sociais, Fundamentos da


Curso
Profissão e Competências Profissionais
Fundamentos do Serviço Social: concepções
Disciplina
contemporâneas
O movimento de reconceituração e a renovação do
Tema
Serviço Social brasileiro
Professor Melissa Ferreira Portes

Introdução
O objetivo deste estudo é entender o que representou o Movimento de
Reconceituação do Serviço Social na América Latina, assim como refletir sobre
o Movimento de Renovação do Serviço Social brasileiro.
A intenção é analisar como se constituem e se desenvolvem, no Serviço
Social brasileiro, as primeiras interpretações sobre a própria intervenção e sob
a realidade social.
Assista ao vídeo e veja que o que se busca é identificar as principais
vertentes de análise que se definem para a profissão no âmbito do Movimento
de Reconceituação.
(vídeo disponível no material on-line)

Problematização
Uma das questões mais recorrentes nos debates acerca da formação e
do exercício profissional no contexto da intenção de ruptura com o Serviço
Social Tradicional tem sido o Movimento de Reconceituação do Serviço Social
latino-americano e sua expressão no contexto brasileiro.
Embora tenhamos uma produção de conhecimento bastante provocativa
e bem-argumentada a respeito desse tema, percebemos que esse debate se
trava principalmente na academia e pouco se espraia no cotidiano profissional

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


dos assistentes sociais que atuam fora da docência.
Mas, afinal, por que é importante que os assistentes sociais entendam
esse movimento e que relação podem estabelecer com seu cotidiano
profissional?
Partimos da assertiva de que não existe uma história do Serviço Social,
mas o Serviço Social na historicidade. Se, hoje, nossa profissão é reconhecida
no mercado de trabalho e legitimada pelo Estado, isso se deve ao movimento
que, historicamente, foi construído pela categoria profissional por meio de um
esforço coletivo e político, que assegurou não só a sua profissionalização, mas
a sua legitimidade.
A busca da ruptura com o Serviço Social tradicional com viés
conservador foi alavancado por um movimento político e por um amplo debate,
construído pela categoria de forma tensa e polarizada, que reafirmou a
estrutura sincrética da profissão. Se, hoje, temos um projeto profissional
hegemônico, embora não homogêneo, isso se deve ao movimento
empreendido não só pelos assistentes sociais brasileiros, mas também pelos
latino-americanos, que congregaram no Movimento de Reconceituação o
objetivo de construir uma crítica aos pressupostos ideológicos, teóricos e
metodológicos que determinaram a profissão até os anos 1960.
Por isso, é importante para todo profissional analisar esse processo e
identificar até que ponto, na cena contemporânea, a intenção de ruptura se faz
presente. A problematização que se coloca é:
Quais foram as principais vertentes de análise que se definiram
para a profissão no âmbito do Movimento de Reconceituação?
Não precisa responder agora. Vá para o conteúdo teórico deste tema e,
ao final, retomaremos essa questão. Essa reflexão contribuirá para que os
profissionais entendam de que forma elas se reeditam e se reposicionam no
contexto atual.
(vídeo disponível no material on-line)

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


Movimento de Reconceituação e de Renovação do Serviço
Social brasileiro
O contexto econômico e político vivenciado não só no Brasil, mas na
América Latina na década de 1960, fruto das novas configurações da expansão
do capitalismo mundial e dos governos ditatoriais, provocou um
desenvolvimento excludente e subordinado desses países, acirrando cada vez
mais as expressões da questão social.
Essa década, que marca o contexto pós-Segunda Guerra Mundial,
apresentou sinais de esgotamento do Welfare State, implicando em crises,
recessão econômica, sobrando o remédio amargo para os países periféricos,
marcados pelo subdesenvolvimento e pela subordinação econômica.
Essa situação levou a um processo de questionamento do referencial
teórico que dava sustentação à formação e ao exercício profissional dos
assistentes sociais, bem como à insatisfação em relação a esse momento
histórico, iniciando um movimento de crítica ao Serviço Social tradicional. Era
preciso repensar o exercício profissional, a sua fundamentação teórica (matriz
positivista) e as respostas construídas pelos profissionais, que se
caracterizavam como sendo insuficientes e inconsistentes para lidar com as
necessidades sociais apresentadas pelos usuários. A influência norte-
americana apresentou uma metodologia que não correspondia às
necessidades latino-americanas, e esse movimento, que se forjou no interior da
profissão, procurou questionar o modo pelo qual os profissionais conheciam e
interviam na realidade social.
Esse ‘repensar’ era necessário para que o assistente social
demonstrasse
“uma profunda capacidade teórica para estabelecer os pressupostos
da ação, uma capacidade analítica para entender e explicar as
particularidades das conjunturas e situações, uma capacidade de
propor alternativas com a participação dos sujeitos na intricada trama
em que se correlacionam as forças sociais, em que se situa,
inclusive, o assistente social.” (FALEIROS, 1997, p.65).

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


É importante esclarecer que esse movimento não se deu de forma
homogênea, mas assumiu um caráter sincrético e multifacetado, que propiciou
um intenso debate teórico-metodológico no interior da profissão. Tal movimento
precisa ser reconhecido, apesar das contradições a ele inerentes, como um
esforço de recolocar questões centrais para o Serviço Social, tanto em relação
à formação dos profissionais quanto em relação ao exercício profissional.
A partir do Movimento de Reconceituação, os assistentes sociais são
conclamados a pensar sua ação profissional, com ênfase na realidade social e
para além da realizada nas organizações, buscando alternativas para o
atendimento das demandas apresentadas pelos usuários. Esse movimento
exigiu dos profissionais um posicionamento político, ideológico e, de fato,
comprometido com a classe subalterna. Também foi o marco de aproximação
da teoria marxista para o debate profissional, podendo ser considerado, ainda,
um marco na construção identitária do Serviço Social como profissão na
América Latina e no Brasil.
Para Netto (1991), o Movimento de Renovação do Serviço Social
brasileiro, no seu desenvolvimento, assumiu três direções, sendo que cada
uma delas representou o momento pelo qual o Serviço Social discutiu suas
matrizes.
Quer conhecer as características de cada uma? Então vamos lá!

Perspectiva modernizadora
Caracteriza-se pela busca da adequação do Serviço Social “enquanto
instrumento de intervenção inserido no arsenal de técnicas sociais a ser
operacionalizado no marco de estratégias de desenvolvimento capitalista, às
exigências postas pelos processos sociopolíticos emergentes no pós-64”
(NETTO, 1991, p. 154).
Nessa direção, os assistentes sociais procuraram assumir uma posição
modernizadora em sua prática, tendo por base a manutenção do sistema,
inserindo-se, portanto, na ideologia desenvolvimentista. Não há, nesse

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


momento, um questionamento às estruturas sociais e a grande preocupação
centra-se no avanço da teorização do Serviço Social, a qual deveria ajustar-se
ao contexto socioeconômico da realidade brasileira. Essa perspectiva atingiu
seu auge nos encontros ocorridos em Araxá, em 1967, e em Teresópolis, em
1970, e começou a perder sua hegemonia a partir da segunda metade dos
anos 1970, quando já não atendia mais às expectativas profissionais.
A vertente caracteriza-se, ainda, pelo esforço de tornar o Serviço Social
uma profissão capaz de contribuir para o processo de desenvolvimento do
país, entendido como superação do atraso pela busca do progresso, do
moderno. A ideologia desenvolvimentista assumida
“apresentava com característica estrutural: o dualismo, que vê o setor
atrasado como disfuncional ao setor moderno. O Serviço Social
também assume a perspectiva dualista e dirige sua prática pela ilusão
da participação popular, por meio da qual a socialização se dá na
perspectiva funcionalista, levando a sociedade a vivenciar o consenso
social”. (SILVA & SILVA, 1995, p. 46-47).

Tornar o Serviço Social um profissão moderna significa, nesse contexto,


elevar seu status de cientificidade e de eficiência técnica, capacitando o
assistente social para atuar em equipe interprofissional e capacitando sua área
de atuação do nível micro (prestação direta de serviços) para o macro (política
social e planejamento).
Em síntese, a vertente modernizadora do Serviço Social, orientando-se
pelo desenvolvimentismo, fundamenta-se, teoricamente, no estrutural-
funcionalismo e preocupa-se em repassar os programas governamentais para
as populações, sem uma crítica à ordem vigente. Pauta-se, portanto, pela
perspectiva de manutenção do social estabelecido, em que o desenvolvimento
significa superação do atraso, modernização.
“[...] o profissional não fazia nenhum tipo de indagação ao espaço em
que se inseria de forma mais imediata, ou ao Estado. Admitindo-se
como universal, nega o seu caráter de classe e parte do princípio da
possibilidade de aperfeiçoamento pela força da ciência e da técnica.
Sob essa ótica, definiu-se no sentido do alargamento do espaço
profissional de dentro do Estado, numa proposta de reforma teórico-
metodológica e numa luta pela elevação do status profissional [...] Em
síntese, pode-se afirmar que a posição do profissional brasileiro,
coerente com a sua visão de realidade, estrutura-se em aderência ao

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


projeto ideológico que se define de dentro do Estado e por um
reconhecimento da natureza ideológica de sua intervenção, mas a
ideologia é por ele percebida como ideologia em geral, o caso, a
ideologia desenvolvimentista, ao tempo inteiramente ineficaz do ponto
de vista social”. (LIMA, 1982, p. 131-132).

Perspectiva de reatualização do conservadorismo


É vista como:
“uma vertente que recupera os componentes mais estratificados da
herança histórica e conservadora da profissão, nos domínios da
(auto) representação e da prática, e os repõe sobre uma base teórico-
metodológica, que se reclama nova, repudiando simultaneamente os
padrões mais nitidamente vinculados à tradição positivista e às
referências conectadas ao pensamento crítico-dialético de raiz
marxiana”. (NETTO, 1991, p. 157).

Essa perspectiva está relacionada com a Fenomenologia, a qual destaca


dimensões da subjetividade. A reatualização do conservadorismo é, para Netto
(1991), uma volta ao passado, baseada em matrizes intelectuais mais
aprimoradas. Ao contrário da perspectiva modernizadora, essa direção não tem
muita repercussão no interior da profissão.
A representante mais ilustre dessa matriz teórica no Serviço Social é
Anna Augusta de Almeida, cuja principal obra é o livro “Possibilidades e limites
da Teoria do Serviço Social”, publicado em 1978, no apagar das luzes da
vertente modernizadora e no despontar da perspectiva de intenção de ruptura
do Serviço Social.
A intervenção profissional caracteriza-se como uma ajuda psicossocial,
enfatizando os aspectos interpessoais e psicológicos que envolvem o ser
humano. Configura-se a partir de uma análise microscópica da realidade a
partir de uma tendência de individualizar a questão social e ‘psicologizar’ as
relações sociais. Coloca-se, ainda, como alternativa ao pensamento positivista
e ao pensamento marxiano.

Intenção de ruptura com o Serviço Social tradicional


De acordo com Netto (1991), ao contrário das anteriores, essa vertente
possui como substrato nuclear uma crítica sistemática ao desempenho

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


tradicional e aos seus suportes teóricos, metodológicos e ideológicos. Há uma
oposição ao tradicionalismo do Serviço Social, passando-se a questionar sua
vinculação histórica, com os interesses do bloco no poder.
Essa vertente configurou-se em um momento de crise da ditadura
militar, quando a sociedade civil passava por um clima de efervescência
política, com grandes lutas e mobilizações dos trabalhadores. Inseridos nesse
contexto, os assistentes sociais começaram a desenvolver um intenso
processo de discussão interna, na busca, entre outros aspectos, de um novo
perfil profissional, de uma identidade com as classes trabalhadoras.
Buscou-se a construção de um Projeto Profissional, por meio de uma
aproximação com a tradição marxista, que passou a inspirar a busca da
renovação teórico-metodológica da ação profissional. O exercício profissional é
reconhecido pelo seu caráter histórico e social.
Essa direção consolidou-se na profissão principalmente na década de
1980. Os encontros em Sumaré, em 1978, e em Alto do Boa Vista, em 1984,
abriram o debate para a discussão acerca da Fenomenologia e do Marxismo.
Porém foi o último encontro que marcou o início das preocupações com o
contexto político e ideológico em que a profissão estava inserida.
Uma das experiências pioneiras que merece ser destacada no âmbito da
formação profissional, na tentativa de romper com a herança conservadora do
Serviço Social, ocorreu no início da década de 1970, na Escola de Serviço
Social da Universidade Católica de Minas Gerais, o Método Belo Horizonte
(BH). Com equívocos ou não, o Método BH, como ficou conhecido, não pode
deixar de ser considerado um marco do Projeto de Ruptura do Serviço Social
no Brasil, por ter sido uma proposta de rompimento como pensamento
conservador e com o reformismo.
A intenção de ruptura possibilitou ao Serviço Social transcender a visão
endógena da profissão por meio de uma produção de conhecimento
fundamentada na direção crítica. O significado social da profissão é apreendido
na complexidade das relações sociais, uma vez que se reconhece o caráter

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


contraditório do exercício profissional no contexto da reprodução das relações
sociais.
Tomando por base essas direções, Netto (1991) entende o Movimento
de Reconceituação como um marco no processo de renovação do Serviço
Social no Brasil, analisando esse movimento a partir da perspectiva sócio-
histórica de direção marxista.
Silva & Silva (1995) definem alguns eixos que deram sustentação ao
Projeto Profissional de ruptura. São eles:

 Esforço de superação do Serviço Social tradicional;

 Desvelamento da dimensão político-ideológica da profissão e


explicitação do caráter contraditório de sua prática;

 Vinculação da ação profissional com as classes populares e


transformação social como horizonte da prática do Serviço Social;

 Redefinição do trabalho institucional social;

 Resgate da Assistência Social como espaço do exercício profissional.

Esforço de superação do Serviço Social tradicional


A tese configurativa central que orienta o Movimento de Reconceituação
é a perspectiva de superação do denominado Serviço Social tradicional. Busca
um desatrelamento do caráter doutrinário e a construção de novos métodos e
novas técnicas a partir das necessidades dos setores populares e visa a
ruptura não só com a fundamentação teórica da profissão, marcada pelo
conservadorismo, mas também com a necessidade de superação do
pragmatismo ou a erosão do tradicionalismo.
Centraliza-se no questionamento do referencial teórico-metodológico da
profissão, cuja eficácia mostra-se diminuída em face do acirramento das
questões sociais, em decorrência do desenvolvimento urbano-industrial. A
prática passa a ter como “referencial teórico a análise da dinâmica das relações
sujeito-objeto, a interdependência dos fatores e o movimento transformador

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


inerente às relações sociais” (ABRAMIDES, 1980, p. 27).
Acompanhe o vídeo a seguir, em que a professora dá mais detalhes
sobre o esforço de superação do Serviço Social tradicional.
(vídeo disponível no material on-line)

Desvelamento da dimensão político-ideológica da profissão e


explicitação do caráter contraditório de sua prática
O desvelamento da dimensão político-ideológica da profissão situa o
Serviço Social no contexto da correlação de forças antagônicas da sociedade e
explicita a possibilidade do que os autores denominam de “vínculo político-
ideológico” da prática profissional com o projeto de uma das classes que
compõem a estrutura social capitalista. É a desmistificação da suposta
neutralidade, que, historicamente, tem orientado o Serviço Social enquanto
exigência imposta à ação profissional.
Esse processo desvela o caráter contraditório da prática profissional,
uma vez que remete, sobretudo no espaço institucional, à necessidade de
questionamento das normas institucionais, que orientam a clientela para um
processo de adaptação social, em uma perspectiva de controle e dominação,
preconizando a ruptura com essa prática.
Saiba mais sobre o desvelamento da dimensão ídeo-política, assistindo
ao próximo vídeo. Acompanhe!
(vídeo disponível no material on-line)

Vinculação da ação profissional com as classes populares e


transformação social como horizonte da prática do Serviço
Social
No que diz respeito à tese que aponta a vinculação da ação profissional
com as classes populares, a análise se dá em articulação com a transformação
social como horizonte da prática profissional, o que implica em uma prática
coletiva, estruturada pela aliança entre o profissional e a clientela.

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


Quer entender melhor como se dá a vinculação da ação profissional com
as classes populares e com a transformação social? Então confira o vídeo da
professora a seguir.
(vídeo disponível no material on-line)

Redefinição do trabalho institucional


No redimensionamento do trabalho institucional, os sujeitos
institucionais, entre os quais o assistente social, rejeitam a pretensa
neutralidade de sua ação, percebendo-a como espaço contraditório de luta, em
que a defesa do sistema e das normas é questionada e a ética da obediência,
exigida pela instituição, é revisada.
Confira, assistindo ao vídeo, que o que se preconiza é a aliança dos
sujeitos internos com a clientela e os movimentos sociais, respaldada por uma
organização profissional e por alianças com as organizações dos trabalhadores
em geral.
(vídeo disponível no material on-line)

Resgate da Assistência Social como espaço do exercício


profissional
Há uma necessidade de superação da prática assistencialista. Em um
primeiro momento, conduz à negação da assistência e, consequentemente, da
prática desenvolvida no espaço institucional.
Para Faleiros (1981, p. 50) constitui-se em uma falha do Movimento de
Reconceituação, pelo fato de “superestimar a força da crítica, sem ter em conta
as resistências ao processo de mudança institucional”, em face da dinâmica da
correlação de forças. Parte-se do entendimento de que a ação profissional dos
assistentes sociais configura-se como apresentando duas dimensões:
prestação de serviços assistenciais e trabalho socioeducativo, não sendo este
último exterior ao primeiro, mas uma de suas dimensões.
Desse modo, a prestação de serviços materiais é inerente e dá sentido e

10

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


direção à ação socioeducativa, constituindo-se em mediação para a ação
profissional interferir nas relações sociais. Sposati et al. (1985) percebem a
efetivação das políticas sociais como espaço primordial da prática profissional
do assistente social, entendidas como mecanismo de enfrentamento da
questão social, resultante do confronto capital-trabalho. Propõem-se, então,
compreender a Assistência Social na trama das relações sociais.
As autoras se propõem, ainda, à superação de uma leitura perversa do
assistencial enquanto mecanismo primordial da reiteração da subordinação e,
portanto, do assistencialismo. A Assistência Social passa a ser compreendida
como possuidora de um papel histórico no reconhecimento dos direitos sociais,
percebendo-a como fortalecimento e não esvaziamento das lutas populares e
como estratégia para a educação política.
Yasbek (1993) realça a Assistência Social como um campo concreto de
acesso a bens e a serviços, situando-a sob o ângulo de interesses diversos
enquanto estratégia de dupla face:
Como forma concreta de acesso a recursos, a serviços;

Como espaço de reconhecimento de direitos da cidadania social.

A leitura da Assistência Social sob a ótica da cidadania e do direito,


enquanto espaço de resgate do protagonismo da cidadania das classes
populares, é situada, portanto, no contexto das relações sociais e, como tal, é
espaço privilegiado da prática dos assistentes sociais.
Saiba mais sobre o resgate da Assistência Social como espaço do
exercício profissional, assistindo ao vídeo disponível a seguir.
(vídeo disponível no material on-line)

Diante do exposto, fica evidente que o Movimento de Reconceituação do


Serviço Social representou um salto qualitativo para a profissão, na medida em
que sinalizou um processo de revisão crítica da intervenção profissional em um
contexto historicamente determinado.

11

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


Revendo a problematização
Chegou o momento de retomar a pergunta feita no início deste material.
Você refletiu sobre as principais vertentes de análise que se definiram para a
profissão no âmbito do Movimento de Reconceituação?
a. A vertente de maior expressão no contexto do Movimento de
Reconceituação do Serviço Social foi a Fenomenologia, que dominou os
debates acerca da teorização do Serviço Social.

b. É possível identificar, durante o Movimento de Reconceituação, duas


vertentes: a conservadora e a crítica.

c. A vertente que se consolidou durante todo o Movimento de


Reconceituação foi a conservadora, com viés Positivista.

Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line.

Síntese
Neste tem, vimos que, a partir de 1960, foram colocadas as condições
econômicas e políticas que possibilitaram a redefinição do exercício e da
formação profissional dos assistentes sociais.
O Movimento de Reconceitução do Serviço Social latino-americano
configurou-se como um movimento de intenção de ruptura e identificaram-se
duas perspectivas de intervenção profissional: a conservadora e a crítica. Já o
Movimento de Renovação foi um movimento interno brasileiro, que externou
tendências e possibilidades para a profissão no contexto ditatorial.
As duas primeiras direções assumidas pelo Movimento de Renovação
perspectiva modernizadora e reatualização do conservadorismo, reforçaram o
traço conservador do Serviço Social.
A terceira direção (intenção) de ruptura foi considerada como o momento
oportuno de crítica, quando a profissão adquire sua maturidade intelectual ao
reconhecer a profissão como produto histórico, síntese dos processos e das
conjunturas econômicas, políticas e sociais. Essa direção caracterizou-se pela

12

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


aproximação do Serviço Social com a tradição marxista
Assista ao vídeo e veja como essa direção possibilitou colocar a
profissão ao lado das demandas da classe trabalhadora e não mais como
agente da exploração e do consenso.
(vídeo disponível no material on-line)

13

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


Referências
ABRAMIDES, M. B. et al. Repensando o trabalho social: a relação entre o
Estado, instituição e população. São Paulo: Cortez, 1980.

FALEIROS, V. P. Metodologia e ideologia do trabalho social. São Paulo:


Cortez, 1981.

FALEIROS, V. P. Estratégias em Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1998.

LIMA, S. et al. Movimentos sociais urbanos e Serviço Social. Serviço Social &
Sociedade. São Paulo, p. 117-136, mar. 1982.

NETTO, J. P. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no


Brasil pós-64. São Paulo: Cortez, 1991.

SILVA E SILVA, M. O. O Serviço Social e o popular: resgate teórico-


metodológico do projeto profissional de ruptura. São Paulo: Cortez, 1995.

SPOSATI, A. et al. A assistência na trajetória das políticas sociais


brasileiras. São Paulo: Cortez, 1985.

YASBEK, M. C. Classes Subalternas e Assistência Social. São Paulo:


Cortez, 1993.

14

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


Atividades
Segundo Netto (1991), o processo de renovação do Serviço Social
assumiu três direções. Numere por ordem cronológica essas direções e
marque a alternativa correta:

( ) Perspectiva modernizadora
( ) Perspectiva de intenção de ruptura
( ) Perspectiva de reatualização do conservadorismo

a. 3 – 2 – 1

b. 1 – 3 – 2

c. 1 – 2 – 3

d. 2 – 3 – 1

A interlocução do Serviço Social com a tradição marxista é uma


particularidade do processo de renovação da profissão no contexto
brasileiro denominada:

a. Reconceituação.

b. Perspectiva modernizadora.

c. Reatualização do conservadorismo.

d. Intenção de ruptura.

O Movimento de Reconceituação de Serviço Social no Brasil não se deu


de forma homogênea, ao contrário, ocorreu de forma sincrética e
multifacetada, assumindo tendências, quais sejam:

1. Priorização de um projeto tecnocrático-modernizador, expresso nos


documentos de Araxá e Teresópolis.

15

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


2. Fundamentação filosófica, centrada no Humanismo cristão de
orientação neotomista.
3. Perspectiva crítica de contestação política e proposta de
transformação social, inspirada no Marxismo.

Estão corretas:
a. 1, 2 e 3

b. Apenas a 3

c. 1 e 3

O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina


não se assentou na crítica:

a. Aos postulados humanistas-cristãos de intervenção da profissão, que


marcaram o Serviço Social tradicional.

b. Aos princípios positivistas do conhecimento.

c. À integração do indivíduo à ordem capitalista.

d. À visão de totalidade da vertente marxista.

Dentre as teses configurativas que orientaram a sistematização da


intervenção profissional durante o processo de construção do Projeto de
Ruptura, segundo Silva & Silva (1995), destaca-se:

a. O pressuposto da objetividade e as bases conceituais da ciência


moderna.

b. A dimensão político-ideológica da prática profissional.

c. A unicidade e a indivisibilidade da ordem estabelecida na sociedade.

d. A transformação social, com base nas determinações psicossociais do

16

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


comportamento.

A perspectiva modernizadora do Serviço Social, que se expressou nas


décadas de 1960/1970, pode ser entendida por:

a. Estratégias e táticas de ação no trato da questão social como suporte a


políticas de desenvolvimento.

b. Ação junto a indivíduos com desajustamentos familiares e sociais


atualizada, segundo o Neotomismo.

c. Eliminação dos modelos de intervenção: Serviço Social de Caso, Grupo


e Desenvolvimento de Comunidade.

d. Crítica ao padrão básico de investigação empírico-dedutiva, por meio da


negação do método científico tradicional.

A respeito da perspectiva renovadora no Serviço Social, caracterizada


por meio da direção “intenção de ruptura”, é correto afirmar:

a. Teve início nos anos 1960, com a formulação do Método Belo Horizonte,
confrontando-se com a autocracia burguesa.

b. Remete à perspectiva funcionalista, apropriada por meio das obras de


Émile Durkheim.

c. Atribuiu a responsabilidade pela transformação da sociedade e do


homem à ajuda psicossocial.

d. Percebeu o Serviço Social no processo de produção e de reprodução


das relações sociais, situando seu surgimento na transição do

O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina:

a. Foi um projeto isolado e vanguardista, desvinculado da realidade


sociopolítica.

17

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


b. Inscreve-se na dinâmica de rompimento das amarras imperialistas, de
luta pela libertação nacional e em oposição à estrutura capitalista
excludente e explorada.

c. Estabeleceu um consenso entre as tendências reformistas, de


modernização e de transformação da ordem vigente.

d. Possibilitou uma aproximação com os princípios positivistas do


conhecimento.

Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line.

18

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

Potrebbero piacerti anche