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Direito Constitucional I
O presente trabalho tem como objetivo pontuar alguns aspectos da discussão em torno
do aparente conflito entre liberdade religiosa e de crença, nos termos do Art 5º, VI da
Constituição Federal e a vedação à submissão a tratamento cruel de animais, conforme
disposto no Art. 225, VII, da mesma Carta, particularmente em religiões de matriz
africana.
Constituição Federal:
Enquanto os dois primeiros textos parecem apontar com bastante clareza, a defesa da
liberdade religiosa; o terceiro parece complicar a condição do intérprete da lei, razão
esta que deu vazão aos “ataques” de ambientalistas aos cultos de matriz africana. A
disputa é aniversariante; ainda em abril de 2005; o Tribunal do Rio Grande do Sul
prolatou decisão favorável à prática religiosa, afastando a interpretação do dispositivo
constitucional que toma por cruéis as práticas mencionadas: (ADI 70010129690 RS –
ementa)
O tribunal pontuou um elemento interessante, ainda que óbvio; não é a mera morte de
animais nesses cultos que caracterizaria o dispositivo, mas o meio de execução dessa
morte, de modo que ficaria à cargo dos acusadores evidenciar tal alegação, já que a eles
pertence o ônus, e que, como os ministros do Supremo vieram a mencionar mais
recentemente, demonstra profundo desconhecimento dos autores da ação quanto às
práticas de que fizeram frente. Ademais, valorizou-se a liberdade religiosa, antes da
proibição de suposta crueldade.
Uma parcela substancial desse conflito parece residir na definição que dá-se ou não ao
termo crueldade. Não pode ser mero assassínio, como visto. E sua interpretação mais
cuidadosa mostra ser o dispositivo inapto a englobar as festividades e eventos culturais,
bem como as práticas religiosas; como resolvido pelo Conselho Federal de Medicina
Veterinária: (Resolução Nº1236)
Por fim; a Suprema Côrte decidiu por unanimidade recentemente, que o abate de
animais em cultos religiosos, é constitucional, e mencionou que as alegações de
crueldade e maus tratos são levianas e denotam certo desconhecimento de causa.
Considerou-se ainda, a impugnação do Recurso Extraordinário (RE) 494601, forma de
demonstração à sociedade, da plena legitimidade das religiões de matriz africana e um
combate ao preconceito estrutral à elas dirigido. Tendo eles – os ministros - produzido
tese de que “é constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a
liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de
matriz africana”, visto que o que pleiteava-se no referido Recurso era a
constituionalidade de Lei Estadual, porém, de conteúdo comum.
Como mencionou o Ministro Barroso, pela tradição e normas das religiões de matriz
africana, é inadmissível qualquer tipo de crueldade com o animal e são empregados
procedimentos e técnicas para que sua morte seja rápida e indolor, já que; segundo a
crença, somente quando a vida animal é extinta sem sofrimento se estabelece a
comunicação entre os mundos sagrado e temporal. Além disso, como regra, o abate não
produz desperdício de alimento, pois a proteína animal é servida como alimento tanto
para os deuses quanto para os devotos e, muitas vezes, para as famílias de baixo poder
aquisitivo localizadas no entorno dos terreiros ou casas de culto. Barroso inda assinalou
não se tratar de sacrifício para fins de entretenimento, mas que objetiva o exercício de
um direito fundamental que é a liberdade religiosa.
Segundo o Ministro Fux, este é o momento próprio para o Direito afirmar que não há
nenhuma ilegalidade no culto e liturgias. Sendo que, com esse exemplo jurisprudencial,
o Supremo Tribunal Federal vai dar um basta nessa caminhada de violência e de
atentados cometidos contra as casas de cultos de matriz africana.
Considerações
https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7875033/acao-direta-de-
inconstitucionalidade-adi-70010129690-rs?ref=topic_feed
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=407159
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