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CENTRO UNIVERSITÁRIO TOLEDO

Direito Constitucional I

Da disputa quanto ao sacrifício de animais em cerimônias religiosas

Trabalho orientado pela Prof. Camila Paula de Barros Gomes

Marcelo Pedón dos Reis –

Nícolas Alonso Tenório Wengrat – 55453


CENTRO UNIVERSITÁRIO TOLEDO

Trabalho apresentado à disciplina de Direito


Constitucional I, ministrados pela Professora Camila
Paula de Barros Gomes, referente à disputa acerca da
constitucionalidade dos sacrifícios de animais em
cerimônias religiosas.

Dupla de número 14, tema 2.

Marcelo Pedón dos Reis –

Nícolas Alonso Tenório Wengrat – 55453


Introdução

O presente trabalho tem como objetivo pontuar alguns aspectos da discussão em torno
do aparente conflito entre liberdade religiosa e de crença, nos termos do Art 5º, VI da
Constituição Federal e a vedação à submissão a tratamento cruel de animais, conforme
disposto no Art. 225, VII, da mesma Carta, particularmente em religiões de matriz
africana.

Pontue-se em primeiro lugar, que o disposto acima, é deliberado; há um enfoque à


discussão, tangendo à liberdade religiosa, supostamente, contraposta à pratica cruel em
certos ritos religiosos; afastando-se, de antemão das discussões concernentes a eventos
de comparável valor cultural e social mas ligados, muito mais ao entretenimento
humano e seu direito à cultura, que propriamente a liberdade de crença, à saber: farra do
boi, rinha de galo, rodeios, entre outros.

O conflito dá-se pela existência de dispositivo legal que garante simultaneamente, a


liberdade religiosa, enquanto veda a prática de crueldade aos animais, como
referenciados:

Constituição Federal:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo


assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos


culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e
incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares,


indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do
processo civilizatório nacional.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção
de espécies ou submetam os animais a crueldade.

Enquanto os dois primeiros textos parecem apontar com bastante clareza, a defesa da
liberdade religiosa; o terceiro parece complicar a condição do intérprete da lei, razão
esta que deu vazão aos “ataques” de ambientalistas aos cultos de matriz africana. A
disputa é aniversariante; ainda em abril de 2005; o Tribunal do Rio Grande do Sul
prolatou decisão favorável à prática religiosa, afastando a interpretação do dispositivo
constitucional que toma por cruéis as práticas mencionadas: (ADI 70010129690 RS –
ementa)

“1. Não é inconstitucional a Lei 12.131/04-RS, que introduziu


parágrafo único ao art. 2.° da Lei 11.915/03-RS, explicitando que não
infringe ao “Código Estadual de Proteção aos Animais” o sacrifício
ritual em cultos e liturgias das religiões de matriz africana, desde que
sem excessos ou crueldade. Na verdade, não há norma que proíba
a morte de animais, e, de toda sorte, no caso a liberdade de culto
permitiria a prática.” (grifo meu)

O tribunal pontuou um elemento interessante, ainda que óbvio; não é a mera morte de
animais nesses cultos que caracterizaria o dispositivo, mas o meio de execução dessa
morte, de modo que ficaria à cargo dos acusadores evidenciar tal alegação, já que a eles
pertence o ônus, e que, como os ministros do Supremo vieram a mencionar mais
recentemente, demonstra profundo desconhecimento dos autores da ação quanto às
práticas de que fizeram frente. Ademais, valorizou-se a liberdade religiosa, antes da
proibição de suposta crueldade.

Uma parcela substancial desse conflito parece residir na definição que dá-se ou não ao
termo crueldade. Não pode ser mero assassínio, como visto. E sua interpretação mais
cuidadosa mostra ser o dispositivo inapto a englobar as festividades e eventos culturais,
bem como as práticas religiosas; como resolvido pelo Conselho Federal de Medicina
Veterinária: (Resolução Nº1236)

“[...]Define e caracteriza crueldade, abuso e maus tratos contra


animais vertebrados, dispõe sobre a conduta de médicos veterinários
e zootecnistas e dá outras providências
[...]considerando a EC nº 96/2017 e a Lei Federal nº 13.364/2016,
que tratam o rodeio e a vaquejada, como expressões artístico-culturais
elevando-as à condição de manifestação cultural nacional e de
patrimônio cultural imaterial [...]”

No contexto; “considerando” fala de “ter em conta” ou “respeitando também”, de modo


que mesmo o Conselho Federal de Medicina e Veterinária afasta esses elementos
culturais daquilo que define-se por cruel.
A doutrina, de sua sorte; enfatiza o aspecto da práxis do culto religioso e de sua devida
liberdade e garantia constitucional, como vê-se em Nathália Masson:

“Por seu turno, a liberdade de culto é a permissáo para a


exceriorizaçáo da crença, já que a autonomia de um indivíduo em
definir sua religiáo não se esgota na mera escolha, demandando
uma prática religiosa que se expressa por intermédio dos cultos,
dos ritos, das cerimônias, das reuniões e da fidelidade aos hábitos
e tradições. Assim, náo pode o Estado embaraçar o
funcionamento de igrejas ou cultos religiosos, tampouco firmar
com seus representantes qualquer aliança ou relação de dependência,
ressalvada, na forma da lei, a colaboraçáo de interesse público”

Por fim; a Suprema Côrte decidiu por unanimidade recentemente, que o abate de
animais em cultos religiosos, é constitucional, e mencionou que as alegações de
crueldade e maus tratos são levianas e denotam certo desconhecimento de causa.
Considerou-se ainda, a impugnação do Recurso Extraordinário (RE) 494601, forma de
demonstração à sociedade, da plena legitimidade das religiões de matriz africana e um
combate ao preconceito estrutral à elas dirigido. Tendo eles – os ministros - produzido
tese de que “é constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a
liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de
matriz africana”, visto que o que pleiteava-se no referido Recurso era a
constituionalidade de Lei Estadual, porém, de conteúdo comum.

Como mencionou o Ministro Barroso, pela tradição e normas das religiões de matriz
africana, é inadmissível qualquer tipo de crueldade com o animal e são empregados
procedimentos e técnicas para que sua morte seja rápida e indolor, já que; segundo a
crença, somente quando a vida animal é extinta sem sofrimento se estabelece a
comunicação entre os mundos sagrado e temporal. Além disso, como regra, o abate não
produz desperdício de alimento, pois a proteína animal é servida como alimento tanto
para os deuses quanto para os devotos e, muitas vezes, para as famílias de baixo poder
aquisitivo localizadas no entorno dos terreiros ou casas de culto. Barroso inda assinalou
não se tratar de sacrifício para fins de entretenimento, mas que objetiva o exercício de
um direito fundamental que é a liberdade religiosa.

Segundo o Ministro Fux, este é o momento próprio para o Direito afirmar que não há
nenhuma ilegalidade no culto e liturgias. Sendo que, com esse exemplo jurisprudencial,
o Supremo Tribunal Federal vai dar um basta nessa caminhada de violência e de
atentados cometidos contra as casas de cultos de matriz africana.

Considerações

Mediante o exposto; torna-se insustentável a tese de que possa dizer-se insconstitucional


o sacrifício ou abate animal realizado em cerimônia religiosa, já que este tampouco é
cruel, quanto proibido. Ademais, tais sacrifícios tem finalidade sacralizadora e não de
intuito meramente violento. Isto posto; é exercício constitucional do direito à liberdade
religiosa e de crença, e deve ser deste mesmo modo, respeitado, sob pena de
cometimento de racismo.
Referências

Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/03/28/stf-decide-que-e-


constitucional-sacrificar-animais-em-cultos-religiosos.ghtml

Conselho Federal de Medicina - Resolução Nº1236 - http://www.in.gov.br/materia/-


/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/47542721

https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7875033/acao-direta-de-
inconstitucionalidade-adi-70010129690-rs?ref=topic_feed

http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=407159

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MANUAL-DE-DIREITO-CONSTITUCIONAL-NATHALIA-MASSON-2016.pdf

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