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São notáveis as mudanças no modo de existir e pensar que vivenciamos no

mundo contemporâneo. A sociedade atual nos coloca diante de uma revolução técnica
engendrada pelo desenvolvimento de novas tecnologias da comunicação e
informação. Nos deparamos com um novo panorama sociocultural promovido por
novas técnicas cognitivas que colocam em questão os paradigmas tradicionais e seus
conceitos definidores. Entre as mudanças ocorridas no modo de produção da
humanidade atual, as tecnologias da informação e comunicação (TIC´s) têm sido a
força motriz para as mudanças no modo como se organiza e se produz conhecimento
na sociedade, caracterizando-a assim, segundo Bell (1973), “como sociedade da
informação”.
Os modos de organizar o conhecimento na história da humanidade
desenvolvem diferentes tecnologias intelectuais que passam a promover mudanças
nos agenciamentos sociais. A oralidade, a escrita, a criação do alfabeto, a invenção
do livro tal qual conhecemos hoje e as modernas tecnologias da informação se
mostram como suportes aos novos agenciamentos socioculturais. A exemplo da
palavra escrita que organizou o tempo de forma linear, dotado de passado, presente e
futuro, estabelecendo-se na sociedade ocidental como principal instrumento de poder
e ordem.

Esta segunda grande categoria de técnica cognitiva institui a


temporalidade linear e histórica e possibilita o afastamento entre os
atores da comunicação. A forma reta e consecutiva com que os signos
são dispostos estrutura o raciocínio humano e as estratégias de acesso
ao saber (SILVA, 2006, p.23).

A agricultura que se estabeleceu como uma das soluções à condição de


existência de uma sociedade não mais nômade, também trouxe em si uma nova
dinâmica social, problematizando as práticas de registro do tempo e requerendo novas
tecnologias que dessem suportes às ações de previsão, quantificação e
armazenamento. Levy (1997), a partir de uma analogia, mostra-nos que a invenção da
escrita foi sendo desenvolvida como o ato de quem lavra a terra, criando uma nova
relação da humanidade com o tempo, tendo possibilitado a recuperação da informação
produzida. A humanidade, então, passou a compor uma maneira “outra” de organizar
o conhecimento e de racionalizar o modo de produção. A oralidade e seus processos
mnemônicos de natureza dinâmica e subjetiva, não seria por si só um suporte
adequado diante de determinado modo de produção que passou a se apresentar.
É relevante enfatizar esses processos histórico-culturais para situar quanto às
evoluções das técnicas cognitivas ocorridas e perceber suas implicações nas
transformações sociais. A sociedade moderna, marcada pela negação ao teocentrismo
da idade média, pela crescente industrialização e pelo predomínio da razão cartesiana,
se estabelece num mundo ocidental deslocando-se da relação divina de mundo, para
uma visão cientificista dos fenômenos. No cerne dessa visão, a organização do
pensamento é estruturada a partir da criação de procedimentos que se sustentam numa
análise objetiva dos fatos, numa verificação da realidade por equações cientificistas
produzidas por enunciados e um arsenal argumentativo que refutam provas para
legitimar o valor de verdade científica (LYOTARD, 2002). A natureza passou a ser
interpretada através de uma visão científica que terminou por fragmentá-la em áreas
do conhecimento.
Essa nova forma de organização do pensamento permeou vários campos da
sociedade e se estabeleceu como o método lógico-racional legítimo de entendimento
do mundo: a visão cartesiana. Passou a existir uma sociedade necessitada de
tecnologias capazes de imensos cálculos numa velocidade sobre-humana, de
armazenamento de informações com rápida recuperação de dados e transmissão de
informações em larga escala.
A partir desses novos modos de produção do conhecimento assiste-se o
desenvolvimento de técnicas cognitivas e tecnologias que organizam, processam
informações, calculam, informam e comunicam: telefones, telégrafos, rádios,
calculadoras eletrônicas, computadores, satélites e sistemas telemáticos. Porém, a
partir das tecnologias modernas, principalmente com a invenção da internet, a história
nos situa diante de um paradoxo: o progresso da ciência moderna sedimenta as bases
da própria desestruturação.
A partir das modernas tecnologias da informação e comunicação
desenvolvidas no final do século XX, o mundo contemporâneo passa a incorporar
novas técnicas nas suas dinâmicas e com isso constituir uma nova sociedade,
enfraquecendo o plano cartesiano de uma realidade única e objetiva. A ciência “no
início do século XX vai propor se chegar ao ápice do sonho cartesiano e se chega à
negação desse sonho” (SERPA, 2007, p.6). Estudiosos como Jean François Lyotard
(data), Stuart Hall (data) e David Harvey (2006) apontam esse paradoxo como um
momento de ruptura da sociedade moderna para a sociedade pós-moderna.
Passamos a viver uma revolução nos processos sociais acionada pela
massificação das TIC´s, instaurando novas relações socioculturais que alteraram as
maneiras de trabalhar, viver e se organizar, delineando assim o caminho de uma nova
ordem da história, dos meios sociais, culturais e econômicos.
As TICs proporcionam a construção de espaços inventivos onde diversas
virtualidades podem ser exploradas, analisadas e discutidas. Porém, esse novo campo
de possibilidades requer um esforço sensível de análise, principalmente pelos que
pensam as práticas e abordagens pedagógicas diante dos novos paradigmas
socioculturais. Os processos presentes na experiência de produção de uma aplicação
interativa, de um material audiovisual, de fotografias digitais entre outras linguagens
digitais abrem espaço para debates de possibilidades educativas e constituem um
canal de expressão coletiva ou individual dos sujeitos. O que deixa de ocorrer quando
muitas vezes essas novas técnicas são interpretadas dentro de uma visão instrumental,
legando às práticas pedagógicas com o uso de mídia digitais as mesmas abordagens
conteudistas, sem valorizar os possíveis agenciamentos entre técnica e sujeitos
construídos por essa nova maneira de se organizar o conhecimento.
Quando tratamos as mídias digitais como suportes de informações de caráter
apenas enciclopedista em parceria com as abordagens “bancárias” das informações
ou quando interpretamos as novas mídias como um meio pronto de acesso ao
conhecimento arriscamos reproduzir análises simplistas presentes em muitos
discursos sobre tecnologias. Ora, se percebemos o professor como o mediador dessa
construção é porque acreditamos na ação dialética entre os atores do fazer educação
e que as novas técnicas carregam novas potencialidades de se construir outros
territórios de aprendizagens.
A problemática a ser vivenciada nessa pesquisa enfoca um conhecimento
presente no cotidiano das pessoas de Sobradinho-BA, a história da formação da
cidade e a obra da barragem sob o ponto de vista dos jovens que

, sendo revisitado em um suporte digital que busca dar visibilidade ao modo


como esse conhecimento é processado de se organizar e diante das novas técnicas.
Podemos considerar que o espaço educativo, habitado pelas TIC’s, tem
possibilitado diferentes práticas pedagógicas e o acesso a ferramentas digitais chega
a estabelecer novas situações de aprendizagem no cotidiano escolar. Neste sentido,
uma investigação a respeito das possibilidades de produção de conhecimentos a partir
das TIC’s é o que vem a ser o campo de problematização deste projeto, mais
especificamente promover uma análise diante das potencialidades que o CD-ROM
Tudo de Novo: uma experiência de construção da barragem de Sobradinho,
produzida pela Universidade do Estado da Bahia, teria para dar visibilidade a
expressões do pensamento de um grupo de alunos da cidade de Sobradinho-BA e o
seu modo de perceber a história da sua comunidade tantas vezes contadas pelos pais
e avós.

As organizações sociais ainda vivem a vertigem dessas mudanças,


principalmente as instituições educacionais que não conseguem produzir um novo
sentido de acordo com sua função social, e permanecem sustentadores de velhos
paradigmas. O contexto educacional, moldado por uma postura moderna, tem se
desestruturado diante de um novo paradigma científico que valoriza as relações
complexas existentes em diversas realidades, negando uma verdade objetiva que se
mostra insuficiente para analisar a realidade. Reconceituando algumas estruturas, por
muito tempo sacramentadas, Passarelli (2007) diz que a relação entre o aluno e o
conhecimento deixou de ser uma relação passiva onde o aluno era o que somente
absorvia o conhecimento, o “sem luz”, enquanto a figura do professor se estabelecia
como portador e único acesso a esse conhecimento.
O contexto antigo preza por uma relação professor/aluno hierarquizada e
dualizada. Ainda que não se assista cair por terra esses traços disciplinares do
paradigma moderno, podemos perceber que a ciência hoje tem se desenvolvido
noutras bases, sendo essas de caráter de inter-relação entre diferentes áreas. A
sociedade passa por uma mudança de paradigmas e estabelece uma nova narrativa.
Não somente as técnicas são imaginadas, fabricadas e reinterpretadas
durante seu uso pelos homens, como também é o próprio uso intensivo
de ferramentas que constitui a humanidade enquanto tal (junto com a
linguagem e as instituições sociais complexas) (LEVY, 2000, pag.21).

O conhecimento antes tido como algo pronto, acabado e sem possibilidades


de problematização, definido por Alves (1994) como conhecimento morto, e por
Freire (1987) como uma valorização à necrofilia, agora se ressignifica pela ação
dinâmica, mutável, através de uma relação complexa entre o sujeito e o mundo,
construído em rede e por agenciamentos.

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