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CENTRO DE FILOSOFIA
DAS CIÊNCIAS DA
UNIVERSIDADE DE LISBOA
Organização
Marta Filipe Alexandre
INSTITUTO DE LINGUÍSTICA TEÓRICA E COMPUTACIONAL
1
OFICINA DE FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
Índice
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OFICINA DE FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
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OFICINA DE FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
Introdução2
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OFICINA DE FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
Os textos analisados
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As perguntas
A análise linguística
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não podemos saber o que é que os cientistas fazem, porque eles não
“fazem” ou, pelos menos, “fazem” muito pouco.
Entre os restantes Actores instanciados nos textos, temos um
conjunto significativo, mais representativo até que os investigadores, o das
entidades abstractas (16,1%), como no seguinte excerto: “A escolha de
outras línguas (dialectos)-objecto é orientada por diferentes factores...”
(texto 08a). Um carácter semelhantemente abstracto é representado por
uma outra fatia de grupos nominais, igualmente significativa, a dos nomes
eventivos (14,5%), como o do seguinte exemplo: “vários contactos
nacionais e internacionais já estabelecidos deverão dar lugar, no futuro
próximo, à assinatura de protocolos de cooperação com o [nome de
instituição]” (texto 01a). À natureza abstracta daquelas entidades
acrescenta-se um segundo nível de abstracção: os nomes eventivos
representam uma autonomização semiótica daquilo que seria a
representação de um evento, ou seja, em vez de um Processo estamos
perante o seu resultado tido como entidade autónoma. Em ambos os casos,
a impessoalidade deste mundo parece uma tendência flagrante.
Por fim, os restantes Actores são entidades não-humanas concretas
(1,6%), nomes predicadores (1,6%) e nominalizações (1,6%), todos
instanciações igualmente residuais, mas com significado relevante, uma
vez que vêm adicionar ainda mais impessoalidade ao mundo
discursivamente representado.
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Referências
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Mestrado em História e Filosofia das Ciências, Universidade de Lisboa.
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descrição mental não possa ser reduzida a uma descrição física. Esta
consideração conduziu-o à defesa de que as descrições mentais não podem
figurar nas leis científicas e que não há leis científicas (dos acontecimentos
descritos como mentais) que possam ser explicados e previstos. Para
Davidson o homem é constituído por um monismo anómalo, ao contrário
do que já foi referido anteriormente no caso de Descartes em que o homem
é visto como um ser dualista. O monismo implica a não divisão entre corpo
e alma como duas entidades separadas e que comunicam entre si ao
contrário do que é referido por Descartes que fala de dualismo
antropológico, mas o Homem tem na sua constituição uma parte física e
uma mental que funciona como um todo, mas as leis físicas aplicam-se
apenas à parte física ou seja ao corpo e nunca ao mental. Este monismo
anómalo, leva-o a afirmar que as descrições mentais não podem ser
explicadas em termos de lei, pois por exemplo posso explicar uma acção
humana como um “evento” que é intencional sob alguma descrição; a
contracção de certos músculos, o movimento de uma faca, o barrar de uma
fatia de pão – todos são o mesmo acontecimento, que pode ser descrito de
maneira diferente, mas é sempre a mesma acção e não existe mais nenhuma
causa mental para essa acção. Assim todas as descrições mentais podem ser
entendidas a partir das leis naturais científicas já existentes sem
necessidade de nenhuma outra explicação. O mental pode ter as suas
próprias leis mas estas serão sempre e só normativas e nunca permitirão a
previsão. Não há leis que expliquem por exemplo o “meu desejo de ler um
livro” com uma particular actividade cerebral. Contudo para Davidson o
mental não é reduzível ao físico, mas os acontecimentos mentais podem ser
relacionados com alguns acontecimentos físicos, isto é, qualquer descrição
mental de um acontecimento pode ser relacionado com uma descrição
física do mesmo acontecimento. O monismo anómalo explica-se pela
concepção do Homem como um todo, em que as leis físicas se aplicam ao
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A resposta é dada em função da interacção que se estabelece entre a Situação e Personalidade do
Indivíduo particular e que por isso mesmo vai reagir de forma diferenciada em determinada situação.
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Antropólogo e Geógrafo Inglês.
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Psicólogo e Filósofo Alemão, doutorou-se em Medicina. Não satisfeito com a lei psicofísica de
Weber, reconhece que é preciso ir mais fundo, já que os fenómenos fisiológicos e psicológicos
aparecem como dois pontos de vista duma idêntica experiência.
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Filósofo.
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Tradução de Miguel Serras Pereira, editorial Presença, em 1975.
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O que afirma Karl Popper é aquilo que poderemos pensar que nos
leva a procurar compreender o mundo 2, “o mundo da mente”, para
entendermos o mundo 3 e o mundo 1. É esse o papel da Psicologia. Popper
diferencia a realidade e a relação que se estabelece entre o Homem e essa
realidade em 3 Mundos. O Mundo 1 é o mundo dos fenómenos existentes,
naquilo que podemos considerar a realidade física. Por outro lado o Mundo
2 é o Mundo da mente, que permite a ligação entre o mundo 1 e o mundo 3.
Este último é constituído pelas produções humanas que constituem o tal
mundo autónomo separado das realidades físicas. É neste que estão as
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BIBLIOGRAFIA
- Alves, Manuel dos Santos (1989), “História da Filosofia” (Porto Editora)
- Benkirane, Réda (2002) “A Complexidade Vertigens e Promessa” –
tradução de Maria João Batalha Rei (Instituto Piaget – 2004)
- Boorstin, Daniel J. (1995), “Os Pensadores” – tradução de Francisco
Agarez (Círculo de Leitores – 2000)
- Changeux, Jean-Pierre (2002), “A Verdade e o Cérebro – O Homem de
Verdade” – tradução de Jorge Pinheiro (Instituto Piaget)
- Damásio, António (1999), “O Sentimento de Si” (Publicações Europa-
América – 2000)
- Davidson, Donald (1984), “Actions and Events” (Oxford University Press
– Oxford)
- Davidson, Donald, “Uma Teoria Coerencial da Verdade e do
Conhecimento” in Carrilho, Manuel Maria, “Epistemologia: Posições e
Críticas”, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa - 1991
- Descartes, René (1976), “O Discurso do Método” – tradução de Newton
de Macedo (Livraria Sá da Costa Editora – Lisboa)
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0- Introdução
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Doutorando da Universidade Federal de Minas Gerais e da Faculdade de Letras da U. de Lisboa.
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1- Arcabouço Teórico
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2- O Corpus e Metodologia
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QUADRO 1
Componentes do corpus ETBRASIL
Referência Referência / No.
de palavras
AZENHA JR., João “Apresentação”. In: AZENHA JR., João
(Org.) Os caminhos da institucionalização dos Estudos da
Tradução no Brasil. Disponível em
<http://www.letras.ufmg.br/gttrad/Os%20Caminhos%20da%20Ins
titucionalização%20dos%20Estudos%20da%20Tradução%20no% CAM2
20Brasil.pdf>, 2006. Último acesso 25 fev. 2008. 482
MARTINS, Márcia A. P “Quatro décadas de tradução na PUC-Rio: 1968-
2006” In: AZENHA JR., João (Org.) Os caminhos da institucionalização
dos Estudos da Tradução no Brasil. Disponível em
<http://www.letras.ufmg.br/gttrad/Os%20Caminhos%20da%20Inst
itucionalização%20dos%20Estudos%20da%20Tradução%20no%2 CAM1
1.504
0Brasil.pdf>, 2006. último acesso 25 fev. 2008.
BREZOLIN, Adauri “A institucionalização dos Estudos da Tradução no
Brasil: o curso de Letras, Tradutores e Intérpretes do Unibero” In:
AZENHA JR., João (Org.) Os caminhos da institucionalização dos Estudos
da Tradução no Brasil. Disponível em
<http://www.letras.ufmg.br/gttrad/Os%20Caminhos%20da%20Inst
itucionalização%20dos%20Estudos%20da%20Tradução%20no%2 CAM3
1.281
0Brasil.pdf>, 2006. Último acesso 25 fev. 2008.
AZENHA JR., João “O Curso de Tradução na Universidade de São Paulo:
algumas reflexões sobre seu momento fundador”. In: AZENHA JR., João
(Org.) Os caminhos da institucionalização dos Estudos da Tradução no
Brasil. Disponível em
<http://www.letras.ufmg.br/gttrad/Os%20Caminhos%20da%20Inst
itucionalização%20dos%20Estudos%20da%20Tradução%20no%2 CAM4
4.138
0Brasil.pdf>, 2006. Último acesso 25 fev. 2008.
FROTA, Maria Paula “O GT de Tradução da ANPOLL: história e
perspectivas” In: AZENHA JR., João (Org.) Os caminhos da
institucionalização dos Estudos da Tradução no Brasil. Disponível em
<http://www.letras.ufmg.br/gttrad/Os%20Caminhos%20da%20Inst
itucionalização%20dos%20Estudos%20da%20Tradução%20no%2 CAM5
11.892
0Brasil.pdf>, 2006. Último acesso 25 fev. 2008.
FROTA, Maria Paula “Um balanço dos Estudos da Tradução no Brasil”.
In: Cadernos de Tradução v. 19 – 2007/1. Disponível em:
<http://www.cadernos.ufsc.br/online/cadernos19/maria_paula_bast CT1
os.pdf>. Último acesso 25 fev 2008. 10.074
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Exemplo 1:
PUC-Rio (76), USP (42), UFMG (30), UFRJ (28), UNIBERO (26),
UFSC (24), UNICAMP (23) e UFRGS (12) são as principais instituições
de afiliação dos atores sociais responsáveis pelo processo de
reconhecimento da disciplina. Os nomes dessas entidades são usados para
identificação da origem dos atores sociais analisados, através de posposição
(exemplo 2) ou pós-modificação (exemplo 3); como circunstância de
localização (exemplo 4); ou como forma de Objetificação, representação
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Exemplo 2:
Exemplo 3:
Exemplo 4:
Exemplo 5
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Exemplo 7:
ia Paula Frota, nós duas da PUC/RJ. Para dar uma idéia dos temas que
tais trabalhos abordaram, apresento-os a seguir, respectivamente aos
docentes (CAM5)
mais propriamente concernente ao mercado profissional, mesmo
porque os trabalhos acadêmicos, ao refletirem sobre a atividade tradutória
e (CAM5)
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Exemplo 8:
... pesquisadores brasileiros nas décadas de 1980 e 1990 – ou, como
fez Martins (2005), optar por traçar um ... (CT1)
Exemplo 9
... sugiro a leitura do trabalho de Marcia A. P. Martins (2005), em
particular a seção ‘Os Estu (CT1)
206
21%
Personalização
Impersonalização
761
79%
50
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Exemplo 10:
... o no Brasil, entendida esta releitura do passado como a tentativa de
oferecer aos pesquisadores elementos que possibilitassem uma
melhor visualização das tran... (CAM2)
Exemplo 11:
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Exemplo 12:
57 onstrar quão importante é a interpretação correta do texto
original pelo tradutor, para que o mesmo possa ser devidamente
compreendido pelo (CAM4)
Exemplo 13:
... o qual, como já era tradição, trazia a programação da reunião de
cada GT e os resumos dos trabalhos a serem apresentados, eram
esperad (CAM5)
Exemplo 14:
... ridade, de modo que o seu lançamento constituiu um êxito. Além
dela, o GT passou a ter uma secretaria com e-mail próprio, o que
também repre (CAM5)
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Exemplo 18:
... o tradutor e professor Paulo Rónai e foi, mais uma vez, organizado
pela professora Maria Candida Bordenave e demais docentes da
área de tradução (CT2)
Exemplo 19
... contando com pesquisadores de outras áreas que haviam sido
convidados pela professora Candida. Devido a uma orientação da
diretoria da Anpoll, que não (CAM5)
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Exemplo 20
... no mapeamento publicado e a fragmentação dos critérios que
cada pesquisador parece ter utilizado para fazer sua indicação
revelam ... (PAGVASC)
Exemplo 21
... avanço relativo de nossa área, pôde contar com várias dezenas de
pesquisadores que se reuniram durante três dias para discutir a
situação... (CAM5)
TABELA 1
Tipos de ação em ETBRASIL
Tipos de ação
Semiótica Material
Pesq. Prof. Pesq. Prof.
2% 4,5% 98% (50) 95,5% (64)
(1) (3)
Transacional Não Transacional Não
Transacional Transacional
70% (35) 30% (15) 76,6% (49) 23,4% (15)
Intera- Instru- Intera- Instru-
cional mental cional mental
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Exemplo 22:
... da professora Maria Cândida Bordenave, que, com sua equipe, ...,
foi coordenadora da área durante quase 30 anos, formou várias
gerações de tradutores e teve... (CAM1)
4 – Conclusões
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Espera-se que este trabalho contribua para reflexão e sirva como base
de avaliação do percurso daqueles em posição de liderança na criação da
disciplina.
5- Referências
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Carlos A. M. Gouveia16
(FLUL/ILTEC)
1. Introdução
De base discursiva, foucauldiana e faircloughiana (Foucault, 1971 e
1980; Fairclough 1992 e 2003), esta comunicação busca desconstruir
analiticamente processos de naturalização de práticas de produção de
significados hegemónicos no discurso da ciência linguística, aqui visto não
só como locus de poder e de dominação, mas também como um discurso de
silenciamento de teorias e de paradigmas de conhecimento.
O carácter histórico e material do discurso encontra-se amplamente
debatido, descrito e documentado em publicações que, por exemplo, vão
desde a sociologia até à análise do discurso, passando pela filosofia e a
psicologia sociais. Embora esta seja uma comunicação que, pessoalmente,
gostaria de classificar como de linguística, o que acabo de afirmar sobre o
objecto de estudo que a mesma convoca - o discurso - confirma que este
não é, como tal, exclusivo da linguística, sendo que, para alguns linguistas,
todavia, não será sequer objecto de estudo da ciência que praticam. Matéria
interessante esta, mas, em abono da verdade, nem a questão das relações
16
Professor assistente da FLUL, coordenador de investigação e investigador do ILTEC.
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2. A supremacia mentalista
Os regimes de verdade, no dizer foucauldiano, sistemas de poder
alimentados por mecanismos de produção e de manutenção de “verdades”,
são regimes fundamentalmente discursivos que configuram todo o discurso
como sendo um regime de verdade em si mesmo. A verdade, enquanto
produto de tal política regimental, é, para Foucault, caracterizada por cinco
traços fundamentais (Foucault, 1980: 131):
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3. Processos de naturalização
O discurso científico encontra-se abundantemente estudado e várias
são as características que lhe têm sido apontadas, desde o elevado teor de
nominalizações e de metáforas gramaticais, a elevada densidade lexical,
por vezes associada a um reduzido intrincamento gramatical, o elevado teor
de especialização terminológica, o pendor abstracto dos processos de
transitividade, até ao elevado grau de estruturas impessoais ou
impessoalizantes, como a passiva sem agente, orações não-ergativas ou
orações de sujeito indeterminado ou impessoal. São precisamente muitas
dessas estruturas, características fundamentais do registo escrito do
discurso científico, que servem muitas vezes o silenciamento de teorias e
de paradigmas de conhecimento.
Veja-se, a título de exemplo, no fragmento seguinte, retirado da
página de apresentação de uma unidade de Investigação e Desenvolvimento
da área da Línguística, o uso de duas construções com um Comentário
Tematizado nominalizado cada, isto é, com uma inversão na ordem natural,
não-marcada, dos constituintes funcionais da oração, por forma a colocar
em posição proeminente o comentário (normalmente um processo de
adjectivação, mas neste caso uma nominalização) que se pretende veicular
e que naturalmente ocorreria no final da oração:
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não tem, mas isso é o mesmo que um lisboeta dizer que quando as pessoas
do Porto se queixam do centrismo das pessoas de Lisboa tudo não passa de
despeito e de complexo de inferioridade. É preciso ser-se do Porto (e eu
não sou do Porto, frise-se) para se perceber o que está em causa na
“disputa” Lisboa vs. Porto. De facto, nessa disputa só as pessoas do Porto é
que têm sotaque, as pessoas de Lisboa não têm; só o Futebol Clube do
Porto e o Boavistas é que são regionais, isto é, do Porto, o Benfica, o
Sporting ou o Belenenses são nacionais; o magnífico dia de sol do Porto é
irrelevante face aos chuviscos de Lisboa transformados em “nacionais”
pela rádio e a televisão, cuja estações de emissão se encontram em Lisboa.
Para um Lisboeta nada disto faz sentido, porque nada disto é relevante, de
tão naturalizado que está, mas para uma pessoa do Porto isto faz parte do
seu quotidiano, da sua realidade identitária. Daí que classificar esta disputa
como “síndrome da segunda cidade do país” seja no mínimo ofensivo e que
só as pessoas de Lisboa a classifiquem como tal.
O mesmo se passa na linguística e em tantas outras ciências em que
dois pontos de vista distintos sobre o mesmo objecto de estudo possibilitem
diferentes sistemas de procedimentos ordenados para a produção,
regulação, distribuição, circulação e operação de asserções fundamentais
(Foucault, 1980). Por exemplo, dizer que o paradigma dominante nos
estudos linguísticos não nega o carácter social e material da língua não é
argumento contra uma qualquer acusação de domínio de uma visão
mentalista ou cognitivista. Dizer que o paradigma dominante nos estudos
linguísticos reconhece a validade do conhecimento produzido noutras áreas
com as quais não partilha metodologias de constituição e leitura do objecto
de estudo não é argumento contra uma qualquer acusação de discriminação.
Como em todas as relações estruturais de dominação, discriminação, poder
e controlo, o que urge trazer à luz do dia não são apenas as suas
manifestações transparentes e eventualmente assumidas como tal, são as
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4. Implicações
Repare-se que o que está aqui em causa não é a contestação ou a
negação da validade do conhecimento produzido naquele que se apresenta
como paradigma dominante nos estudos linguísticos, como não está em
causa a qualidade do trabalho dos linguistas, portugueses ou de outras
nacionalidades, que têm contribuído para o seu desenvolvimento. Como
refere John Searle num dos artigos que já citei (Searle, 1972), não há
dúvida de que o trabalho de Noam Chomsky sobre a natureza da linguagem
humana produziu um avanço ímpar no desenvolvimento do conhecimento
em linguística. Não é essa asserção e outras com ela relacionadas que está
em causa; o que está em causa é o silenciamento e a discriminação que o
trabalho nesse paradigma tem potenciado, pela imposição, ainda que não
consciente em alguns casos, mas premeditada em outros, de um regime de
verdade nas várias estruturas da vida institucional, académica e de
investigação, de que é exemplo e, nesta apresentação, exemplo final, o
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Projectos Aprovados
Analisador Morfológico Semântico
Aquisição do Português Europeu: recursos e resultados linguísticos
CARDS-Cartas Desconhecidas
Compreensão na leitura. Processamento de palavras, frases e textos.
Constituintes Silenciosos na Gramática do Português
Dicionário ortográfico e de pronúncias do português europeu
DUPLEX - Duplos e Expletivos na Sintaxe Dialectal do Português
Europeu
LEXICON - Dicionário de Grego-Português
O tempo e o modo em português
Padrões de Frequência na Fonologia do Português - Investigação e
Aplicações
Predicados complexos: tipologia e anotação de corpus (PREPLEXOS)
TAPA-PE - Teste de Avaliação da Produção Articulatória em Português
Europeu
Projectos Recusados
A Estrutura Idiomática da Língua Portuguesa
Bibliotecas e literacia, imaginários e identidades em sociedades de
fronteira: Guarda e Castelo Branco
Convergência e Divergência entre o Português Europeu e o Português
Brasileiro
Desenvolvimento de competências linguísticas e metalinguísticas em
contexto multicultural
Dicionário de Sufixos do Português (DISPOR)
Ex-votos do Alentejo: um estudo linguístico, portal para o cidadão
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Formalização do Português
Formas de tratamento em português europeu
Mudanças Linguísticas em curso em Alunos do Ensino Superior
Nomes vulgares da fauna e flora dos Açores
Observatório de Neologia do Português – ONP
Os repertórios de gestos emblemáticos nas comunidades de língua
portuguesa: Portugal e PALOP
PastiGe - Pastiche (d)e Géneros de texto
Textos, Turistas e interculturalidade na experiência turística em
Portugal
5. Conclusão
Como é óbvio, qualquer princípio de categorização tem por detrás
uma ideologia do assunto que gera essa categorização. Para alguns
linguistas, colegas meus, a enunciação da existência de uma dualidade
paradigmática no seio da linguística, assimetricamente constituída no
acesso aos sistemas de oportunidade e de poder, será algo que está longe de
corresponder a uma descrição factual da panorama da ciência linguística, e
apenas motivações ideológicas poderão explicar a insistência com que falo
deste assunto, esquecendo eles e elas que a sua própria posição sobre o
assunto também é ideologicamente motivada. Mas motivação ideológica
por motivação ideológica, eu pessoalmente prefiro a ideologia da
pluralidade e da diferença, pois considero que o conhecimento progride
mais por diferenciação e confronto do que por hegemonização de práticas e
pressupostos.
Nesse sentido, com o exemplo dos projectos de investigação, como,
aliás, com o exemplo dos cursos de licenciatura e das publicações, o que
prentendi demonstrar foi o modo como, uma vez instaurado, um regime de
verdade se encontra em constante exercício de hegemonização e de
controlo, mesmo que muitas vezes esse controlo esteja fora do seu domínio
directo. Mas aí, mais do que teórica, a questão é política, ou melhor, é do
domínio das políticas das teorias, e sobre isso já falei num outro contexto.
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Referências
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of Noam Chomsky. Journal of Pragmatics, 29: 765-803.
Chomsky, N. (1965): Aspects of the Theory of Syntax. Cambridge, Mass.: The MIT
Press.
Chomsky, N. (1968): Language and Mind. New York: Harcourt Brace Jovanovich, Inc.
Chomsky, N. (1979): Language and Responsibility. New York: Pantheon Books.
Duarte, I. (2004): O problema da unificação em Linguística: a resposta generativista.
Actas do XIX Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística,
Lisboa, 2003. Lisboa: APL, pp. 25- 44.
Fairclough, N. (1992): Discourse and Social Change. Cambridge: Polity press.
Fairclough, N. (2003): Analysing Discourse: Textual Analysis for Social Research.
London: Routledge.
Foucault, M. (1971): L’ordre du discours: Leçon inaugurale au Collège de France
prononcée de 2 décembre 1970. Paris: Gallimard.
Foucault, M. (1980): Power/Knowledge: Selected Interviews and Other Writings, 1972-
1977. Ed. by C. Gordon. New York: Pantheon Books.
Gouveia, C. A. M. (2006): A linguística e o consumidor: teoria, política e política da
teoria. Actas do XXI Encontro Nacional da Associação Portuguesa de
Linguística, Porto, 2005. Lisboa: APL, pp. 427- 433.
Searle, John R. (1972): Chomsky Revolution in Linguistics. New York Review of Books,
18 (12 ), 29 de Junho.
Searle, John R. (2002): End of the Revolution. New York Review of Books, 49 (3 ), 28
de Fevereiro.
Smith, N. & Wilson, D. (1972): Modern Linguistics The Results of Chomsky's
Revolution.
Harmondsworth: Penguin Books.
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17
Foucault, Michel; Le Pouvoir Psychiatrique; Cours au Collège de France. 1973-1974, p. 233, Paris,
ed. Seuil/Gallimard, 2003.
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uma verdade experiencial, uma prova pela qual o sujeito passa de modo a
se produzir a verdade sobre ele próprio ou o tema em apreço.19 A primeira
destas duas séries encontra-se associada ao conhecimento científico e a
segunda ao conhecimento das ciências do homem. É precisamente sobre a
função do conhecimento, e por conseguinte sobre o conteúdo de verdade do
mesmo na história do pensamento ocidental, que Foucault se distancia da
interpretação tradicional. Na série verdade-demonstração, a verdade
encontra-se por todo o lado aguardando ser descoberta ou revelada. O
factor essencial nesta tecnologia de acesso à verdade é o sujeito possuir os
instrumentos correctos para investigá-la, as categorias necessárias para
pensá-la e a linguagem adequada para enunciá-la. Possuindo o sujeito estes
requisitos, a verdade pode ser alcançada. O sujeito desta verdade é, por
conseguinte, universal e anónimo, ahistórico e totalmente racional, assim
como a verdade que aguarda em todo o lado ser descoberta. Deste modo,
nenhuma realidade, assim como nenhuma verdade sobre a mesma, se
encontra excluída a priori da investigação científica. Por conseguinte, a
principal característica do conhecimento científico, e da noção de verdade a
ele associada, na leitura de Foucault é a geografia deste ser global.
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20
“... un savoir comme celui que nous appelons scientifique, c'est un savoir qui suppose, au fond, qu'il y
a partout, en tout lieu et le temps, de la vérité... c'est que pour le savoir scientifique il y a bien sûr des
moments où la vérité se saisit plus facilement, des points de vue qui permettent d'apercevoir plus
aisément ou plus sûrement la vérité; il y a des instruments pour la découvrir là où elle se cache, là où elle
est reculée ou enfouie. Mais, de toute façon, pour la pratique scientifique en général, il y a toujours de la
vérité; la vérité est toujours présente en toute chose ou sous toute chose, à propos de tout et de n'importe
quoi l'on peut poser la question de la vérité.” Le Pouvoir..., p. 235; tradução minha
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Montrer que la démonstration scientifique n'est au fond qu'un rituel, montrer que le sujet supposé
universel de la connaissance n'est en réalité qu'un individu historiquement qualifié selon un certain
nombre de modalités, montrer que la découverte de la vérité est en réalité une certaine modalité de
production de la vérité; rebattre ainsi ce qui se donne comme vérité de constatation ou comme vérité
de démonstration, sur le socle des rituels, le socle des qualifications de l'individu connaissant, sur le
système de la vérité-événement, c'est cela que j'appellerai l'archéologie du savoir. Et puis, il y a un
autre mouvement à faire, qui serait de montrer comment précisément, au cours de notre histoire, au
cours de notre civilisation, et d'une manière de plus en plus accélérée depuis la Renaissance, la vérité-
événement, comment elle a fini par exercer sur elle un rapport de pouvoir dominant et tyrannique,
comment cette technologie de la vérité démonstrative a effectivement colonisé et exerce maintenant
un rapport de pouvoir sur cette vérité dont la technologie est liée à l'événement, à la stratégie, à la
chasse. C'est cela que l'on pourrait appeler la généalogie de la connaissance, envers historique
indispensable à l'archéologie du savoir. Le Pouvoir..., pp. 238 – 239.
82
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23
de virtudes epistémicas, como Lorraine Daston e Peter Galison denominam o treino e actividade do
cientista de modo a objectivar um conhecimento verdadeiro. vide Lorraine Daston & Peter Galison,
Objectivity, pp. 39-42. Zone Books, New York, 2007.
83
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24
Foucault, Michel, Verdade e Poder, in Microfísica do Poder; tradução de Lilian Holzmeister e
AngelaLoureiro de Souza. Organização, Introdução e Revisão Técnica de Roberto Machado, Edições
Graal, Rio de Janeiro, 1979.
84
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85
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26
Foucault, L’ordre du discours, París, Gallimard, 1986; p. 15.
27
Ibidem., pp. 20-21.
28
Ibidem., pp. 47-48.
29
Cf. Jaspers, Nietzsche, trad. castellana de Emilio Estiú, Buenos Aires, Sudamericana, 1963; pp. 257-
339.
86
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30
Nietzsche, KSA 6, 22 (Jaspers, op. cit., p. 318).
87
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88
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31
Cf. Jacques Rancière, Les noms de l’histoire: Essai de poétique du savoir, Paris, Seuil, 1992; pp. 43-
46.
32
Ibidem., p. 74.
89
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Foucault. Com efeito, o próprio Foucault assume de bom grado que na sua
vida não escreveu outra coisa que ficções. Mas com isto não pretende dizer
que tenha estado sempre fora da verdade, que tenha errado
sistematicamente, senão que fez trabalhar de certo modo a ficção na
verdade, que tratou de induzir efeitos de verdade com um discurso de
ficção, ou seja, com um discurso que não se regia pelos critérios do
verdadeiro de uma época dada.
Isto é, Foucault procura suscitar, no meio dos discursos que se
reclamam da verdade, Foucault procura ficcionar algo que não existe ainda.
Por exemplo, ficciona-se a história a partir de uma realidade política que a
torna verdadeira. Ou ficciona-se uma política que não existe ainda a partir
de uma verdade histórica. Nesta medida, mesmo fazendo história, mesmo
fazendo filosofia, Foucault sente que o que faz implica uma ruptura
fundamental, não se reconhecendo nem na tradição da história, nem na
tradição da filosofia. Foucault dizia: «não me gabo de fazer uma filosofia
verdadeira (...) eu estaria antes no simulacro da filosofia»33.
Agora, isto não significa que Foucault se considere um literato.
Digamos que pratica uma espécie de ficção-filosófica, uma espécie de
ficção-histórica ou de ficção-crítica (assim como Deleuze dizia praticar
uma espécie de ficção-científica) (cito Foucault): «De certa maneira, eu sei
muito bem que o que eu digo não é verdade. Mas o meu livro teve um
efeito sobre a maneira na qual as pessoas percebiam a loucura. E, então, o
meu livro e a tese que desenvolvi têm uma verdade na realidade de hoje”34.
33
Foucault, Langage et littérature, Conférence à l’Université Saint-Louis, Bruxelles, 1964, 23 pp. (Texto
inédito): «Or, cet épaississement, cette multiplication des actes critiques s’est accompagné d’un
phénomène qui est un phénomène presque contraire. Ce phénomène c’est, je crois, celui-ci: le personnage
du critique, de «l’homo criticus», qui a été inventé à peu près au XIX e siècle, entre Laharpe et Sainte-
Beuve, est en train de s’effacer au moment même où se multiplient les actes de critique. C’est-à-dire que
les actes de critique, en proliférant, en se dispersant, s’égaillent en quelque sorte, et vont se loger, non
plus dans des textes qui sont préposés à la critique, mais dans des romans, dans des poèmes, dans des
réflexions, éventuellement dans des philosophies. Les vrais actes de la critique, il faut les trouver de nos
jours dans des poèmes de Char, ou dans des fragments de Blanchot, dans des textes de Ponge, beaucoup
plus que dans telle ou telle parcelle de langage qui aurait été, explicitement, et par le nom de leur auteur,
destinés à être des actes critiques».
34
Foucault, Dits et Écrits III, p. 801.
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Como víamos, a verdade não era, para Nietzsche, algo dado que
bastaria descobrir, senão algo que tem que ser criado e que proporciona
nome a um processo que, em si mesmo, não tem fim. Ficcionar uma
verdade constitui, neste sentido, uma determinação activa do pensamento
(ao contrário da tomada de consciência de algo que em si mesmo seria fixo
e determinado).
E não é outro o sentido que o trabalho crítico e filosófico tem para
Foucault (cito): «Eu trato de provocar uma interferência entre a nossa
realidade e o que sabemos da nossa história passada. Se resulta, esta
interferência produzirá efeitos reais sobre a nossa história presente. A
minha esperança é que os meus livros ganhem a sua verdade uma vez
escritos, e não antes. Exemplo. «Escrevi um livro sobre as prisões. Tratei
de pôr em evidência certas tendências na história das prisões. “Uma
tendência apenas”, poderiam repreender-me: “Logo, o que diz não é
completamente verdade”. Está bem. (...) Mas faz dois anos, na França,
houve uma agitação nas prisões, os detidos revoltaram-se. Em duas destas
prisões, os prisioneiros liam o meu livro. Da sua cela, alguns detidos
gritavam o texto do meu livro aos seus camaradas. Eu sei que pode soar
pretensioso, mas isto é uma prova de verdade – de verdade política,
tangível, de uma verdade que só começou a ser tal uma vez que o livro foi
escrito»35.
35
Foucault, Dits et Écrits III, p. 807.
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36
Michel de Certeau, Histoire et psychanalyse: entre science et fiction, Paris, Gallimard, 2002; p. 60.
37
Ibidem., p. 81.
38
Ibidem., p. 107.
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39
Iser, The fictive and the Imaginary. Charting Literary Anthropology, The Johns Hopkins University
Press, Baltimore – London, 1993; p. 87
40
Ibidem., p. 111.
41
Ibidem., p. 126: “O que acontece no curso da realização é que a realidade é gradualmente substituída
pelo mundo. A realidade é dada; o mundo é feito. O mundo vem ao ser por obra das obras, numa
unidade coerente que envolve a realidade física dos corpos”.
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95
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42
Ibidem., pp. 165-166.
43
Lacan dizia que Freud era um dos poucos autores contemporâneos capazes de criar mitos. Jacques
Lacan, Séminaire sur l'«éthique de la psychanalyse», 1959-1960, Paris, Seuil, 1986.
44
Cf. Certeau, op. cit., p. 110: “Freud fala ironicamente dos seus Estudos sobre a histeria como de
histórias de doentes (Krankengeschichten) que se lêem como romances (Novellen) desprovidos do
carácter sério da cientificidade (Wissenschaftlichkeit), e designa como romance o seu Moisés (Der
Mann Moses). Cf. Sigmund Freud et Arnold Zweig, Correspondance, Paris, Gallimard, 1973, p. 162
(21 février 1936), etc.”.
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melhor, uma estrutura de ficção (isto é, ganha forma para além dos critérios
que definem o verdadeiro e o falso num momento histórico dado).
Esta ideia surge pela primeira vez no Seminário sobre «A Carta
roubada» e atravessa todos os seminários de Lacan, marcando
profundamente o seu discurso sobre a ética da psicanálise, e fazendo
balançar a oposição entre ficção e realidade (dando continuidade, nisto, à
experiência freudiana) (cito Lacan): «É em relação a esta oposição entre o
fictício e o real, que a experiência freudiana vem ocupar o seu lugar, mas
para mostrar-nos que uma vez feita esta divisão, esta separação, operada
esta clivagem, as coisas não se situam de nenhuma maneira aí onde se
poderia esperar; que a característica do prazer, a dimensão do que o
encadeia ao homem, encontra-se inteiramente do lado do fictício enquanto
o fictício não é por essência o que é enganoso, senão que é, falando
propriamente, isso a que chamamos o simbólico».
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51
PP, pp. 185/7.
52
PP, p. 188.
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105
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53
Na primeira parte, precisamente, Deleuze deixa surpreender este paralelismo com Kant : «implicação
e explicação, envolvimento e desenvolvimento: tais são as categorias de À Procura do Tempo
Perdido» (PS, p. 109).
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54
«Enquanto rege um mundo de fragmentos não totalizáveis e não totalizados, a lei torna-se potência
primeira. A lei já não diz o que é bem; mas é bem o que diz a lei. Ela adquire uma unidade
formidável : já não há leis específicas de tal ou tal maneira, mas a lei, sem outras especificações. É
verdade que essa unidade formidável é absolutamente vazia, unicamente formal, uma vez que não nos
faz conhecer nenhum objecto distinto, nenhuma totalidade, nenhum Bem de referência» (PS, p. 158).
55
«Não nos fazendo nada, ela (a lei) só nos ensina aquilo que ela é marcando a nossa carne, aplicando
desde logo em nós a sanção ; e eis o fantástico paradoxo, não sabemos o que a lei queria antes de
receber a punição, não podemos portanto obedecer à lei senão sendo culpados (...). Incognoscível, a
lei só se faz conhecer aplicando as mais duras sanções ao nosso corpo supliciado» (PS, p. 159).
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BIBLIOGRAFIA
Proust et les Signes, Paris : Minuit, 1976.
Différence et Répétition, Paris : P.U.F., 1968.
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0.
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Doutoranda da Universidade de Évora.
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66
M. MERLEAU-PONTY, «Les relations avec autrui chez l’enfant» in Parcours – 1935-1951, Lagrasse,
Éditions Verdier, 1997, p. 176.
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67
M. MERLEAU-PONTY, L’Institution. La Passivité, Paris, Éditions Belin, 2003, p. 45.
68
M. MERLEAU-PONTY, La Structure du Comportement, Paris, PUF, 2002, p. 192.
119
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preparação da vida adulta, mas uma antecipação sobre ela. Neste sentido,
Merleau-Ponty constata que «a criança é sempre [prematura] e o próprio
nascimento é prematuro, já que a criança vem ao mundo num tal estado,
que a vida independente neste meio novo não é possível para ela»69.
Lançada num mundo para o qual não possui a chave de
compreensão, a criança tem como único recurso um corpo, que, como já
vimos, se define através de um sistema que comporta uma experiência
interna e externa. No entanto, o esquema corporal infantil não consegue
ainda tirar proveito de todos os seus recursos, e não conseguirá fazê-lo
enquanto o desenvolvimento natural do seu corpo não for capaz de fundir
os dados da experiência interna com os da experiência externa. A
organização do esquema corporal depende, por isso, não apenas das
sensações interoceptivas que a criança tem do seu corpo, mas da adaptação
dos órgãos dos sentidos ao meio físico onde se situa. Dependendo da
constituição biológica do indivíduo, o desenvolvimento da
exteroceptividade é tardio relativamente aos dados da percepção interna.
Não podemos, com isto, afirmar que a percepção externa esteja ausente na
primeira fase do desenvolvimento da criança, contudo ela ainda não se
encontra suficientemente organizada para poder colaborar de forma
efectiva na experiência afectiva infantil.
Neste sentido, tendo como base o desenvolvimento privilegiado das
sensações internas nos primeiros seis meses da vida da criança, Merleau-
Ponty defende que enquanto os dados da percepção externa não puderem
ser identificados com os da interoceptividade, «o corpo interoceptivo
funciona como exteroceptivo»70. O desenvolvimento do esquema corporal,
apesar de dependente da imersão da criança no mundo, é organizado
apenas de maneira interoceptiva. Não há, por assim dizer, um verdadeiro
69
M. MERLEAU-PONTY, «Les relations avec autrui chez l’enfant» in Parcours – 1935-1951, p. 205.
70
M. MERLEAU-PONTY, «Les relations avec autrui chez l’enfant» in Parcours – 1935-1951, p. 183.
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71
M. MERLEAU-PONTY, «Les relations avec autrui chez l’enfant» in Parcours – 1935-1951, p. 181.
72
M. MERLEAU-PONTY, «Les relations avec autrui chez l’enfant» in Parcours – 1935-1951, p. 179.
121
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73
M. MERLEAU-PONTY, «Les relations avec autrui chez l’enfant» in Parcours – 1935-1951, p. 186.
122
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74
M. MERLEAU-PONTY, «Les relations avec autrui chez l’enfant» in Parcours – 1935-1951, p. 193.
75
M. MERLEAU-PONTY, «Les relations avec autrui chez l’enfant» in Parcours – 1935-1951, pp. 199-200.
123
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76
M. MERLEAU-PONTY, «Les relations avec autrui chez l’enfant» in Parcours – 1935-1951, p. 204.
77
M. MERLEAU-PONTY, «Les relations avec autrui chez l’enfant» in Parcours – 1935-1951, p. 203.
124
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82
Ibid. p.88.
128
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83
Ibid. p.89.
84
Ibid., p.90.
129
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se por não parecer trazer nada de novo, nem à metafísica nem às ciências
humanas.
Segue, nos termos de Henry, uma desconstrução da metafísica da
representação e do objectivismo que caracteriza o conhecimento que só se
baseia nela e que a psicanálise partilha porque o conceito de inconsciente
que é o dela a determinado momento resulta desta mesma metafísica. Só
que, escreve Henry, «Desconstruir não quer dizer rejeitar pura e
simplesmente e desconhecer o mundo da representação, o próprio mundo.
Desconstruir quer dizer trazer à luz um fundamento mais profundo sobre o
qual se eleva a representação e sem a qual não seria nada». E talvez a
psicanálise tenha um papel a desempenhar ao termo desta desconstrução. E
mais adiante: «o fundamento derradeiro da representação e assim do
pensamento no sentido em que habitualmente é entendido e nomeadamente
no «penso, sou», só se obtém pela exclusão e mesmo pela expulsão da
representação e assim do próprio pensamento»85. Ora, o que esta
desconstrução traz à tona, não é a recusa psicótica da vida psíquica, nem
uma detestação do pensamento, é antes o que a afectividade tem de não
erradicável. «Aquilo a que os psicólogos chamam afecto, sentimento, etc. é
sempre só a objectivação posterior daquilo que é edificado interiormente
em nós próprios, como se edifica o primeiro aparecer, a essência original
da Psique, quer dizer, a prova de si mesmo in-ekstática que encontra a sua
efectuação fenomenológica e assim a sua substancialidade fenomenológica
na afectividade de que falamos»86. Já agora permitam-me que vos leia a
maneira como Henry fala desta afectividade transcendental que desvela por
uma leitura de Descartes das duas primeiras Meditações Metafísicas e das
Paixões da Alma, a mesma leitura com que inaugura a Geneaologia da
Psicanálise: «Transcendental, a afectividade não é aquilo a que chamamos
um afecto, um sentimento, o sofrimento ou a angústia ou a alegria, mas
85
Ibid., p.95.
86
Ibid. p.98.
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aquilo que faz com que algo como o afectivo em geral seja possível e
alastre a sua essência em todo o sítio em que se cumpre, antes da ek-stase
do mundo, a primeira implosão de si da experiência, o pathos primitivo do
ser e dessa forma de tudo o que é e será»87. E essa afectividade escapa à
radicalidade da dúvida que incide sobre o conteúdo das representações e
sobre tudo aquilo que se dá no horizonte onde se ex-põe o que o espírito
pode ver, com os sentidos ou o intelecto. Resta um video videor, diz
Descartes «parece-me que vejo. Ora, continua Henry, falaciosa ou não, a
visão não deixa de existir enquanto dela se faz prova, em cada ponto do seu
ser, na sua afectividade e por ela. Sentimus nos videre diz Descartes»88. A
qualidade afectiva da vista, independentemente da verdade dos conteúdos
que são os seus e enquanto estando relacionada com os conteúdos do
mundo, é verdadeira, tão verdadeira como o horror, «intacto no seu próprio
ser, na carne da sua afectividade, mesmo que o mundo da representação se
tenha dissipado na ilusão do sonho» que a suscitou.
É precisamente a partir desta «dimensão de experiência na qual o que
deve ser entendido como Fundo da Psique se sente a si-próprio numa
imediação radical, antes da «relação a» um «ob-jecto», antes do surgimento
de um mundo e independentemente dele» que Henry vai esclarecer a
significação da hipótese do inconsciente, noutro momento da sua
elaboração. «Se a Psique se revela originalmente a si-própria na imediação
do afecto e do seu pathos, independentemente do afastamento da
objectividade e antes de qualquer representação, então toda […] [a]
problemática [de um inconsciente das representações latentes na qual se
encontra tudo aquilo que escapa à realidade psíquica] se desmorona. Por
duas razões. «Por um lado, diz Henry, o psíquico não é constituído em si-
próprio […] como ser representado, também não tem de conservar esta
estrutura, que não é a sua, quando se encontra posto fora da actualidade
87
Ibid.
88
Ibid., p.99.
131
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133
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93
Ibid., p.103.
94
Ibid.
95
Ibid., p.104.
134
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135
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103
Ibid., p.106.
104
Ibid.
105
Ibid., p.107.
106
Ibid. p.107.
107
Ibid.
137
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108
Ibid., p.108.
138