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IDADE
Resumo
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Pedagoga e Gerontóloga. Doutora em Educação pela Universidade de Santiago de Compostela. Professora de
Pós Graduação, Mestrado em Educação na UEPG. Coordenadora da Universidade Aberta para a Terceira idade
na UEPG.
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Introução
A expectativa de vida é outro aspecto que tem sofrido alteração se for considerada que
no Brasil, em 1950, era em média de 46 anos, atualmente a média nacional gira em torno de
73 anos (69 anos para homens e 77 anos para mulheres), com particularidades regionais,
variando também quanto ao gênero (IBGE, 2008). Essa questão é atribuída aos avanços da
medicina, as inovações tecnológicas aliadas também a uma nova visão sobre as etapas da
vida, ressaltando a necessidade de ações preventivas com relação a saúde para que, contribua
para uma longevidade, com qualidade, e participação social.
Entretanto, esse panorama incontestável se acentua a medida que se enumeram os
variados preconceitos enfrentados pelo idoso, embora estes sejam frágeis e não apresentem
consistência científica, a velhice carrega estigmas negativos entre eles o de incapacidade,
improdutividade, doença solidão, marginalização, exclusão social, acrescido do descaso geral
da sociedade com relação a essa faixa etária.
Segundo Oliveira (1999, p.127) “É fato consumado o envelhecimento populacional do
País, que sucede de maneira rápida, embora pouco se tenha feito em resposta a essa evidência,
mesmo diante do alerta silencioso e impotente da própria população idosa”.
O Brasil ainda não equacionou satisfatoriamente a situação do idoso e suas
necessidades refletidas pela baixa prioridade atribuída à terceira idade.
O idoso deve ser reconhecido com prioridade nas áreas da saúde, educação, política,
economia, previdência social, cultura, lazer, comunicação, direito, enfim, uma variedade de
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aspectos devem ser evidenciados e mais, devem ser realizadas ações práticas pela sociedade
política e civil.
O processo de envelhecimento e a velhice devem ser entendidos em toda a sua
complexidade e para tal, precisam ser considerados como fenômenos, com aspectos:
cronológico, biológico, psicológico e social, inseridos na temporalidade e na cultura que se
investiga porque “a construção social das gerações se concretiza através do estabelecimento
de valores morais e expectativas de conduta para cada uma delas, em diferentes etapas da
história (FERRIGNO, 2006, 18-19).
A velhice também possui uma caráter político e com amplitude pública, assim,
entende-se aqui por política “(...) o conjunto de objetivos que identificam determinado
programa de ação governamental e conduzem sua execução” e por público “(...) refere-se ao
bem comum, às questões de caráter coletivo, objeto de interferência do Estado; as prioridades
das ações estatais são questões que dizem respeito ao interesse geral, mesmo sendo um espaço
caracterizado por conflitos e contradições e freqüentemente sujeito à variações de ordem
econômica, social e política.” (SIMSON, 2003, p.85).
Pela valorização da criatividade e crescimento, a deterioração intelectual não é
atribuída à idade mais avançada, mas é considerada uma questão de diferenças individuais. Por
isso, as atividades e a participação social são aspectos relevantes que possibilitam a melhoria
do perfil funcional dos indivíduos dessa faixa populacional.
A Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento promovida pela ONU (Viena, outubro
de 1982) ressaltou que muitas preocupações até aquele momento atribuídas apenas à família
deveriam ser compartilhadas pelos serviços públicos e privados apoiando a velhice.
Com a velhice, existe uma modificação significativa nos papéis sociais que o
indivíduo desempenha, carecendo até certo ponto de definição mais objetiva, de propósito e
de identidade. Esses papéis precisam ser substituídos, caso contrário, o idoso interioriza uma
anomia, tornando-se alienado da sociedade e de si mesmo. Um ponto essencial para reverter
essa situação é a valorização da velhice, atribuindo aos idosos novos papéis socialmente
valorizados, talvez acompanhados de uma forma de remuneração, o que lhes garante um
complemento econômico e também porque a sociedade atualmente valoriza as atividades
vinculadas ao dinheiro, desmerecendo o trabalho gratuito.
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Para possibilitar uma visão diferenciada acerca do idoso e da velhice, a educação surge
como oportunidade de ação, tanto para a sociedade conhecer e aprender a respeitar o idoso,
como para o idoso ter novas condições de abrir-se para o mundo, conhecendo seus direitos e
vivenciando novas experiências.
A educação tem um papel político fundamental, (...) ela deve desempenhar um papel
eminentemente democrático, ser um lugar de encontro, de permanente troca de experiências.
(GADOTTI, 1984, p.157)
Percebe-se então que a educação possui um caráter de transformação, ultrapassando a
mera idéia de transmissão de informações.
Observa-se que as pessoas idosas estão começando a serem percebidas como seres
pensantes, que tem muito para ensinar, porém ainda tem muito a aprender, demonstrando o
quanto possuem a necessidade de sempre estar em contato com novos conhecimentos e novas
experiências.
O papel da educação nesta realidade torna-se fundamental, pois é através da mesma
que as heranças culturais presentes em nossa realidade poderão modificar-se no pensamento
da nossa população.
Neste âmbito, é preciso ressaltar o papel democrático que a educação possui como
todas as possibilidades de mudança que podem ocorrer através da mesma.
Hoje, a educação para a Terceira Idade volta-se para um âmbito diferenciado, não
mais sendo um meio de assistencialismo aos envolvidos. Nota-se um novo enfoque, pois se
percebe que o idoso não é apenas uma pessoa que necessita de atividades recreativas para
ocupar seu tempo, mas sim, precisa de espaço para crescer sempre.
A educação é vista como um meio de libertação e mudanças na terceira idade,
permitindo uma re-avaliação das características próprias, além de propiciar um processo de
análise e reflexão para estas pessoas.
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Considerações Finais
Embora os programas das universidades abertas para a terceira idade cada vez mais
estejam se proliferando na sociedade brasileira, ainda torna-se necessária a sensibilização da
população e do poder político para o problema da velhice que hoje está subordinado a outros
problemas sociais e que, de certa forma, a poucos interessa.
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REFERÊNCIAS
IBGE. Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade para o Período 1980-2050 -
Revisão 2008. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e
Análises da Dinâmica Demográfica. Rio de Janeiro, 2008.
______. (org). Sociologia: consensos e conflitos. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2001.
World Health Organization (WHO). Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília:
Organização Pan-Americana da Saúde, 2005.