ALTERAÇÕES: Lei do orçamento de Estado 2019 – lei 71/2018, de 31 de Dezembro
Quanto ao regime das mais valias imobiliárias (imóveis) – antes previa-se (art 10º/5 CIRS) que não havia lugar a mais valias se quem alienasse um imóvel para habitação periódica permanete reinvestisse esse dinheiro para aquisição de um outro; agora, não há lugar a esse benefício se o Estado (lato sensu) tiver concedido um apoio não reembolsável, destinado a aquisição/construção/manutenção/obras no imóvel de valor superior a 30% do valor do imóvel. Decorre do problema dos incêndios Art 43º - antes, as mais valias dos imóveis apenas eram consideradas em 50% (tenho um imóvel adquirido por 50, se vendo por 100 a mais valia é 50); agora, acresce uma alínea a), em que a mais-valia é contabilizada a 100% (se estivermos numa situação do novo art 10º) Quanto a taxas liberatórias (art 71º) – os residentes não habituais (incluindo não residentes) têm regime mais favoráveis (captação de rendimentos pelo estado), estando sujeitos a uma taxa de 25%. Com o OE 2019, os nº 5 e 6 alteram-se: está isento de retenção na fonte o rendimento que tiver que ver com actividades laborais ou empresariais (leia-se, categorias A e B), até ao valor da retribuição mínima mensal garantida, desde que o sujeito passivo tenha prestado serviços a uma única entidade (lógica subjacente: alunos estrangeiros que vêm trabalhar para Portugal estavam abrangidos por isto – recebiam 500€ e 25% era logo sujeito a retenção na fonte; agora não – não está sujeito até ao valor mínimo garantido, que equivale ao salário mínimo, agora de 600€ para a generalidade das pessoas e 630€ para os funcionários públicos) Art 72º (taxas especiais) – introduz-se uma alínea d) ao art 72º, nº 12 (que já vinha resultando da jurisprudência e que fica agora expresso): as mais valias relativas a imóveis auferidas por entidades não residentes e sedeadas em paraísos fiscais estão sujeitas a uma taxa de 35%. Introduz-se o art 12º-A, que vem criar um regime de incentivo a ex-residentes, em que pessoas que, tendo sido residentes em Portugal antes de 2015 (inclusive), se decidirem voltar nos anos de 2019 e 2020, serão tributadas, no que às categorias A e B diz respeito, apenas em 50% do seu valor. Isto só vale se não usufruíram do regime de residentes não habituais (Sérgio Alves – clara violação do princípio da igualdade, e por isso inconstitucional: BOM TEMA PARA ORAL DE MELHORIA)
Estrutura do exame: igual à da frequência – 2 grupos, quase sobre a mesma coisa.
• Grupo I, relacionado com despesas relacionadas por uma empresa. Temos que ver sempre se essas são dedutíveis ou não dedutíveis, e se estão ou não sujeitas a tributação autónoma. LER SOBRE APLICAÇÃO DO ART 23º, Nº 1 (pese embora a nova redacção, havia consenso em relação à aplicação do mesmo – a despesa é dedutível se for indispensável para a actividade da empresa: despesa tem que ver com a actividade produtiva ou não produtiva da empresa, como diz o Ac. 10/07 STA). Outra questão é a dos juros (art 23º, nº 2) – gastando os juros numa outra entidade, com personalidade jurídica distinta, a despesa não tem que ver com a actividade produtiva ou não produtiva da empresa, pois que o proveito não será gasto com ela. UMA SUCURSAL NÃO TEM PERSONALIDADE JURÍDICA DISTINTA – a empresa A, abrindo uma sucursal, continua a ser a mesma empresa. DIFERENTE NO CASO DAS FILIAIS. QUESTÃO DE GASTOS COM IMÓVEIS RELATIVOS AOS GERENTES – conjugação do art 23º, nº 2 com os arts 2º e 3º do CIRS: o que é que acontece se a empresa gastar dinheiro a pagar rendas à casa onde os gerentes habitam • Grupo II – aplicação da lei fiscal no tempo. A primeira coisa a ver é se temos um facto tributário de obrigação única ou de obrigação periódica. Porquê? Porque se for de obrigação única, a lei nova nunca poderá abarcar factos tributários que já tenham tido lugar (retroactividade forte – art 103º, nº 3 CRP). Em causa estão taxas liberatórias, tributação autónoma, tributação sobre o consumo e mais valias (divergência STA vs. APD: STA – obrigação única, na data em que vendo o activo que origina a mais valia; APD – o IRS é um imposto periódico, em que o que releva é o saldo apurado ao final do ano, pelo que o facto tributário é de obrigação periódica ou sucessiva – não haverá retroactividade forte, mas antes retrospectividade, pelo que só estaremos perante inconstitucionalidade material (art 2º CRP) se houver violação do princípio da violação da confiança, QUATRO CRITÉRIOS DO AC 127/2009 TC NÃO É POR TER UM FACTO TRIBUTÁRIO DE OBRIGAÇÃO SUCESSIVA OU PERIÓDICA QUE NÃO PODE HAVER UMA SITUAÇÃO DE RETROACTIVIDADE FORTE E CONSEQUENTE INCONSTITUCIONALIDADE – os factos tributários de obrigação periódica ou sucessiva (IRS ou IRC) constituem-se no dia 1 de janeiro e extinguem-se no dia 31 de dezembro, pelo que se, hoje, criar uma lei a alterar o IRS de 2017, pese embora esse seja um facto tributário de obrigação sucessiva ou periódica, como já se extinguiu, há inconstitucionalidade material (retroactividade forte – violação do art 103º, nº 3 CRP). QUESTÕES SOBRE O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (lei ou DL autorizado, sob pena de inconstitucionalidade orgânica). Se aparecer DL simples/só DL, é porque não houve autorização legislativa. Se houver lei de autorização, temos que ver se essa está conforme com o art 165º, nº 2 O QUE É UM BENEFÍCIO FISCAL? Art 2º, nº 1 EBF; COMO É QUE PROCEDEM? Art 2º, nº 2 EBF. Constituem-se como uma excepção às normas de incidência tributária: “alguém iria pagar algo, não fosse o benefício”. São sempre uma violação do princípio da igualdade – art 13º CRP. Logo, cumpre arranjar uma finalidade EXTRAFISCAL que justifique a criação do benefício para que, no caso, essa se justifique. O benefício fiscal é sempre positivo para quem o recebe. E se eliminar, para o passado, um benefício fiscal? Há que aferir da violação do princípio da protecção da confiança (AC 127/2009 TC), caso em que não é admissível a revogação ou eliminação desse benefício. EXEMPLO: Governo cria um benefício fiscal para as empresas para que estas contratem desempregados; depois retira-o. Cumpre avaliar da violação do princípio da protecção da confiança. Ver os 4 critérios do acórdão: • Houve comportamento por parte do Estado? • É fundado em boas razões? • Houve investimento por parte dos particulares? • Há razão de interesse público que se imponha? SUBJECTIVO SE A NORMA RETROACTIVA FOR FAVORÁVEL, NUNCA HAVERÁ VIOLAÇÃO DA PROTECÇÃO DA CONFIANÇA.