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"A Geometria é a apreensão do espaço... esse espaço
em que vive, respira e se move a criança. O espaço
que a criança deve aprender a conhecer, explorar, con-
quistar, para poder viver, respirar e mover-se melhor"
(SÓ MATEMÁTICA, 2011).
1. OBJETIVOS
• Refletir e identificar sobre a importância do ensino de
Geometria nas quatro primeiras séries do Ensino Funda-
mental.
• Compreender e identificar como acontece a construção
das relações espaciais pelas crianças.
• Compreender e refletir sobre a sua prática quanto ao en-
sino da Geometria.
2. CONTEÚDOS
• Conteúdos propostos para o Ensino Fundamental, no que
diz respeito à Geometria: espaço e forma.
• Orientação espacial.
• Figuras planas e não planas.
• Conhecimentos prévios da criança sobre Geometria.
134 © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I
Arquimedes
Arquimedes (287 a.C. – 212 a.C.) foi um matemático e
inventor grego, nascido na cidade-estado grega de Sira-
cusa, na ilha da Sicília. Filho do astrônomo Fidias, foi o
maior cientista e matemático da antiguidade. Criou um
método para calcular o número π (3,1415926535...; razão
entre o perímetro de uma circunferência e seu diâmetro)
com aproximação tão grande quanto se queira.
Sua produção inclui Geometria Plana e Sólida, Astrono-
mia, Aritmética, Mecânica e Hidrostática.
Quando jovem, estudou em Alexandria, o templo do sa-
ber da época, com Cônon, um dos discípulos de Euclides.
Embora na Antiguidade não houvesse clara distinção entre matemáticos (geôme-
tras), físicos (cientistas naturais) e filósofos, Arquimedes destacou-se principal-
mente como inventor e matemático, sendo considerado um dos maiores gênios
de todos os tempos (imagem e texto disponíveis em: <http://www.saberweb.com.
br/matematicos-da-grecia/arquimedes/>. Acesso em: 30 out. 2010).
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, você estudou as quatro operações fun-
damentais da Matemática, bem como refletiu sobre como ensinar
tais operações e quais metodologias utilizar.
Nesta unidade, você terá a oportunidade de compreender e
de refletir sobre o ensino e a aprendizagem dessa parte tão impor-
tante da Matemática que é a Geometria e que, muitas vezes, fica
relegada ao segundo plano na maioria das escolas.
Embora a Geometria esteja presente nos currículos de Ma-
temática, ela, geralmente, não é abordada pelos professores com
a mesma importância dada à Aritmética e à Álgebra.
Pensando nisso é que preparamos o conteúdo desta unidade,
no qual veremos, com maiores detalhes, o ensino da Geometria.
O ensino da Geometria deve ser considerado um tipo de co-
municação matemática. Por seu caráter dinâmico, ela favorece a
participação dos alunos nas atividades, encorajando-os a explorar
várias ideias matemáticas, justificando suas soluções e registrando
seus pensamentos e, principalmente, conhecendo o espaço e as
formas do meio em que vivem.
O uso da Geometria na sala de aula é de extrema importân-
cia e fundamental para o desenvolvimento do raciocínio espacial e
intelectual do aluno. Infelizmente, ainda existem muitos educado-
res que resistem a ensinar essa disciplina, e muitos daqueles que
a ensinam continuam a usar regras exageradas e resoluções com
procedimentos padronizados, desinteressantes, empregando pro-
© U5 – Geometria: Espaço e Forma 137
5. ORIGENS DA GEOMETRIA
Não é possível afirmar nada sobre as verdadeiras origens da
Geometria, pois os registros organizados da escrita começaram há
cerca de 6 mil anos.
Qualquer informação sobre épocas anteriores à escrita só são
recuperadas por meio do estudo de objetos e de vestígios deixados
pelos povos, estudo esse feito pelos antropólogos e arqueólogos.
Vejamos o que nos diz Carl Boyer (in TOLEDO; TOLEDO, 1997,
p. 222) sobre esse assunto:
Afirmações sobre as origens da Matemática, seja da Aritmética,
seja da Geometria, são necessariamente arriscadas, pois os pri-
mórdios do assunto são mais antigos que a arte de escrever [...].
Herótodo e Aristóteles não quiseram se arriscar a propor origens
mais antigas que a civilização egípcia, mas é claro que a Geometria
que tinham em mente tinha raízes mais antigas.
Heródoto mantinha que a Geometria se originava no Egito, pois
acreditava que tinha surgido da necessidade prática de fazer novas
medidas de terra após cada inundação anual no vale do rio. Aris-
tóteles achava que a existência, no Egito, de uma classe sacerdotal
com lazeres é que tinha conduzido ao estudo da Geometria.
6. ENSINO DA GEOMETRIA
Antes de começarmos o estudo da Geometria, que tal testar
seus conhecimentos acerca do assunto? Para isso, tente responder
às questões formuladas por Machado (2003, p. 8).
Você poderá usar esse teste, também, para iniciar o trabalho
de Geometria com seus alunos; certamente, será divertido e moti-
vador! Suas respostas estão no Tópico Resultado do teste, ao final
desta unidade.
Um pouco de história––––––––––––––––––––––––––––––––––
Euclides começa sua obra Os elementos definindo ponto como sendo o elemen-
to básico de construção das figuras que formam a natureza: "ponto é algo que
não tem extensão". Os livros didáticos, tomados como objeto de nosso estudo,
apresentam, logo no início do capítulo destinado à Geometria, a definição "seca"
de ponto, reta e plano.
Quando se estuda a História da Matemática, pode-se perceber que o desenvolvi-
mento da Geometria feita pelos gregos foi o resultado de busca da racionalidade,
estética e beleza. O estudo da Geometria, observando as formas da natureza,
levou os cientistas da época a crer, através das suas observações, que todas
elas poderiam ser construídas com régua e compasso. São tão perfeitas que
somente com "bons compassos e réguas" é que se conseguem reproduzi-las.
Dedicavam-se, então, a arrancar da natureza seus mistérios e caprichos e os
resultados de suas pesquisas eram aplicados ou conferidos com os resultados
observados na natureza.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
cações eram apagadas. Quando as águas baixavam, "o rei Sesóstris mandava
ao local os medidores de terra, que tinham a tarefa de verificar em quanto cada
porção de terra havia sido diminuída pelas águas. Esses medidores foram adqui-
rindo um saber prático que continha vários princípios ou regras para a medição
de ângulos, de áreas de algumas figuras de objetos mais simples" (MIGUEL;
FUNCIA; MIORIM, 1991).
Assim, pelo fato de o trabalho com os conhecimentos geométricos oportunizar
o desenvolvimento de um tipo de pensamento que favorece a compreensão, a
descrição, a representação e a organização do mundo em que vivemos – e tendo
em vista que "o estudo da Geometria é um campo fértil para trabalhar com situa-
ções-problema e é um tema pelo qual os alunos costumam se interessar natural-
mente" (SEF/MEC, 1998, p. 51) –, o ensino e a aprendizagem da Geometria se
constituem em um campo importante dentro do currículo de Matemática. Como
aponta Sherard III (1981), a "Geometria pode servir de veículo para estimular e
exercitar habilidades de pensamento e de solução de problemas, fornecendo aos
estudantes oportunidades de olhar, medir, estimar, generalizar e abstrair" (p. 21).
Além disso, segundo esse autor, a Geometria é importante, pois tem aplicações
em problemas da vida real e em problemas envolvendo outros tópicos da Mate-
mática, como álgebra, aritmética e estatística. Também os PCNs – Matemática
(SEF/ MEC, 1998) sugerem que o enfoque dos conceitos geométricos esteja
articulado ao enfoque dos conceitos de números e medidas.
Entretanto, embora o ensino da Geometria seja defendido e justificado, aparen-
temente, existe um abandono dessa parte da Matemática em algumas escolas.
Os trabalhos de Fainguelernt (1995), Biembengut e Silva (1995), Pirola (1995) e
Lorenzato (1995), entre muitos outros, têm chamado a atenção sobre essa negli-
gência, propondo formas de otimizar esse ensino.
Isso não ocorre somente no Brasil. Mesquita (1999) também mostrou que, na
França, os programas escolares dão um lugar reduzido à Geometria. Isnardi
(1998) apontou que, na Argentina, são encontrados poucos estudos de Geo-
metria nos diferentes níveis de ensino, sendo notado que falta uma preparação
dos professores para trabalhar com atividades que conduzam às construções
geométricas.
A Geometria, assim como outros campos da Matemática, pode favorecer o de-
senvolvimento da criatividade na medida em que o professor estimula seus alu-
nos a buscar novos caminhos para a solução de problemas e cria condições para
que as crianças comuniquem suas idéias. De acordo com a Proposta Curricular
de Matemática para o CEFAM e a Habilitação Específica para o Magistério –
versão preliminar (1990) –, é importante permitir ao aluno "que as definições e
propriedades surjam de suas observações, mesmo que inicialmente imperfeitas,
para, depois, por reformulações sucessivas, obter a forma final, formal e concisa"
(p. 117).
Montar e desmontar, compor e decompor figuras, recortar, dobrar, pintar etc. são
atividades que favorecem o desenvolvimento da criatividade dos alunos, bem
como a compreensão de conceitos e princípios geométricos.
A criança quando começa seus estudos na primeira série do Ensino Fundamen-
tal traz conhecimentos geométricos construídos em seu lar, nas brincadeiras e
também nas escolas de Educação Infantil. Pelo fato de vivermos em um mundo
tridimensional, é importante que o estudo da Geometria tenha início com os polie-
dros e corpos redondos, com o objetivo de levar os alunos ao desenvolvimento da
percepção e à discriminação de formas. Explorando esses objetos tridimensionais,
a criança pode distinguir entre figuras planas e não-planas, bem como estudar os
atributos definidores das figuras geométricas e as suas propriedades.
Atividade 1–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para realizar essa atividade, o professor poderá usar a História da Matemática
em suas aulas de Geometria, contando aos seus alunos, por exemplo, sobre "Os
gregos e a Geometria"; "Como surgiu a Geometria" etc. Também poderá explorar
figuras geométricas antigas como, por exemplo, "Pirâmides do Egito", bem como
as figuras encontradas. Vale ressaltar que, na natureza, há animais, vegetais ou
minerais que apresentam formas semelhantes às de triângulos, de pentágonos,
de circunferências ou de outras figuras planas.
Nela podemos encontrar as mais diversas formas geométricas, tais como: os
anéis de Saturno, os cristais de quartzo, os favos de mel de uma colméia, um
vulcão e até uma simples teia de aranha.
Dessa forma, quando olhamos à nossa volta, podemos ver que a própria na-
tureza produz e reproduz determinadas formas com certo padrão, escolhendo
algumas formas em relação a outras também possíveis.
Assim:
• Se despejarmos algumas gotas de óleo na água, serão formados círculos e
não quadrados ou qualquer outra forma geométrica.
• As abelhas constroem os favos de mel em forma hexagonal, mas poderia ser
cilíndrica ou triangular.
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Atividades–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Atividade 1
Peça para o aluno desenhar três retângulos, especificando suas dimensões, de
modo que todos tenham área igual a 24 cm2.
Atividade 2
Peça para o aluno observar ao redor da sala de aula e dizer quais são as figu-
ras geométricas que ele consegue visualizar. Em seguida, peça para que ele as
classifique.
Atividade 3
Utilizando a massa de modelar, peça ao aluno que modele esferas e, depois,
faça cortes nas figuras, observando o que acontece (na esfera, qualquer corte
é circular). Pergunte, então, se isso acontece, também, com o cilindro e com o
cone.
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Atividades–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Atividade 1
Vamos reproduzir as figuras abaixo no Geoplano e calcular a área e o perímetro?
a) Quantos formam ?
b) Quantos formam ?
Atividade 2
Para construir polígonos, também podemos trabalhar com canudinhos, palitos de
sorvete ou varetas:
Palitos de sorvete
Os palitos têm orifícios que permitem juntar uns aos outros com o uso de perce-
vejos. Nesse caso, o professor poderá construir triângulos com três lados iguais
(observar que os ângulos também são iguais); com lados diferentes, mostrando
para o aluno que, se não nos preocuparmos com o comprimento das varetas, em
alguns casos, não conseguiríamos construir um triângulo, como mostra a Figura 3.
O professor também pode aproveitar a construção dos triângulos com varetas e
classificá-los quanto ao número de lados (equiláteros, escalenos ou isósceles).
É importante lembrar que, se analisarmos o que ocorre com as varetas nos casos
em que não podemos formar triângulos, observaremos o seguinte:
• com duas varetas iguais e uma diferente, formamos triângulos quando a vareta
diferente é menor que as outras duas juntas;
• com três varetas diferentes, formamos triângulos quando a vareta mais longa
é menor que as outras duas juntas.
Atividade 3
O professor poderá construir modelos de formas geométricas de três dimensões
usando cartolina, varetas etc.
Usando cartolina
Para construir modelos de sólidos com os polígonos de papelão, colamos as
abas das faces, formando as arestas do sólido, como mostra a Figura 4:
Tangram
Tangram é um puzzle chinês muito antigo, cujo nome significa "tábua das 7 sa-
bedorias". Ele é composto de sete peças (chamadas tans), que podem ser posi-
cionadas de maneira a formar um quadrado: 5 triângulos de vários tamanhos, 1
quadrado e 1 paralelogramo.
© U5 – Geometria: Espaço e Forma 151
Figura 6 Tangram.
Construção do Tangram
A partir de um quadrado ABCD, traça-se a sua diagonal DB, marca-se o seu pon-
to médio O e traça-se uma perpendicular a DB em O passando por A.
Marcam-se os pontos médios, M de DO e N de OB.
Marcam-se os pontos médios, P de DC e Q de CB. Traça-se o segmento PQ e
marca-se o seu ponto médio R.
Traçam-se os segmentos PM, OR e RN.
Atividade 4
Com duas peças, construa: Com três peças, construa:
Um quadrado. Um triângulo.
Um paralelogramo. Um retângulo.
Um triângulo. Um trapézio.
Um trapézio. Um paralelogramo.
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Procure responder, discutir e comentar as questões a seguir,
que tratam da importância do ensino de Geometria nos dois ciclos
do Ensino Fundamental e que têm o objetivo de ajudar você a iden-
tificar como acontece a construção das relações espaciais pelas
crianças, bem como a refletir sobre a sua futura prática quanto ao
ensino da Geometria.
Quais são os conteúdos propostos para o Ensino Fundamen-
tal no que diz respeito à Geometria: espaço e forma?
1) Embora a Geometria esteja presente nos currículos de Matemática, geral-
mente ela não é abordada pelos professores com a mesma importância
dada à Aritmética e à Álgebra. Por que será que a Geometria muitas vezes
deixa de ser ensinada nas séries iniciais?
9. CONSIDERAÇÕES
Concluímos, nesta unidade, que a criança constrói a noção
de espaço depois de uma longa preparação.
Primeiro, ela localiza os objetos usando seu corpo como re-
ferência; depois, passa a localizar os objetos a partir de relações
estabelecidas entre eles, partindo de diferentes pontos de vista,
deixando de ser, assim, o centro de todas as atenções.
Estudos mostram que o homem da Antiguidade observou o
mundo à sua volta e, assim, começou a abstrair as ideias geométri-
cas e a desenhar figuras que as representassem.
Esta é a ideia que deve permanecer para nós professores: o
envolvimento com estruturas e formas geométricas faz parte da
criação do homem e do universo.
No projeto de pesquisa descrito no livro Espaço & Forma, inicialmente nos pro-
pusemos a observar como as crianças constroem relações espaciais. Para tanto,
os professores propuseram atividades de localização e movimentação no espa-
ço. Eles relataram que, desde a primeira série, as crianças conseguem dar e
receber informações sobre sua localização em espaços como a sala de aula e a
escola (mesoespaços). No entanto, nem sempre são capazes de selecionar pon-
tos de referência adequados e, nas representações gráficas, usam elementos
bastante supérfluos para indicar posição.
Nas séries seguintes, observa-se um refinamento nas produções: procuram se-
lecionar elementos importantes e suas representações aproximam-se mais de
mapas/croquis do que os desenhos dos alunos da primeira série.
12. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 6 Tangram. Disponível em: <http://ensinarevt.com/jogos/tangram/index.html>.
Acesso em: 22 mar. 2011.
Figura 7 Construção do tangram. Disponível em: <http://ensinarevt.com/jogos/tangram/
index.html>. Acesso em: 12 jun. 2007.
Sites pesquisados
ESCOLA SECUNDÁRIA D. SANCHO II. A geometria e a sua origem. Disponível em: <http://
www.prof2000.pt/users/sancho2/Paginas_Pessoais/Grupos_Trabalho/Passatempos_
Matematica/A%20geometria%20e%20a%20sua%20origem.htm>. Acesso em: 25 jul.
2010.
PORTOWEB. O que é a Escola de Frankfurt. Disponível em: <http://pessoal.portoweb.
com.br/jzago/frankfurt.htm>. Acesso em: 18 set. 2010.